Sie sind auf Seite 1von 58

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FARMÁCIA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA

JUCELINO NERY DA CONCEIÇÃO FILHO e ADRIANA DE SOUZA PEREIRA DOMINGUES

ACESSO A MEDICAMENTOS NÃO SELECIONADOS:


IMPACTOS SOBRE A GESTÃO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA
NO MUNICÍPIO DE SALVADOR

Salvador
2007
JUCELINO NERY DA CONCEIÇÃO FILHO
e
ADRIANA DE SOUZA PEREIRA DOMINGUES

ACESSO A MEDICAMENTOS NÃO SELECIONADOS:


IMPACTOS SOBRE A GESTÃO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA
NO MUNICÍPIO DE SALVADOR

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em


Assistência Farmacêutica da Faculdade de Farmácia da
Universidade Federal da Bahia como requisito parcial para
obtenção do título de Especialista.

Orientadora: Profa. Dra. Maria do Carmo Lessa Guimarães

Salvador
2007
C744a Conceição Filho, Jucelino Nery da
Acesso a medicamentos não selecionados: impactos sobre a
gestão da assistência farmacêutica no município de Salvador /
Jucelino Nery da Conceição Filho; Adriana de Souza Pereira
Domingues. - Salvador: os autores, 2007.
56 f. 29cm.

Monografia ( Faculdade de Farmácia da Universidade Fe-


deral da Bahia) 2007.
Orientação: Profª Maria do Carmo Lessa Guimarães

1. Medicamento – distribuição – Bahia 2. Política de saúde


pública I. Domingues, Adriana de Souza Pereira II.Título

CDD: 615
CDU: 615
Agradecimentos

Agradeço e dedico este trabalho


à Rosemeire, minha esposa e companheira constante, pelo apoio nas horas difíceis
e paciência durante o tempo que a abstive da minha companhia para me dedicar a
este trabalho;
À Larissa, minha filha, que me permitiu descobrir minha maior emoção, pelo amor
que dá sentido à vida;
A meus pais, pelo apoio e incentivo, e por me terem ensinado a perseverança, a
dedicação profissional e a solidariedade;
À Profa. Maria do Carmo pelo apoio e orientação;
À Secretaria Municipal de Saúde por ter-me propiciado a realização do curso e a
execução deste trabalho;
À assistente social e colega Adriana Pereira pela ajuda na coleta dos dados;
E, por fim, ao grande “Tio” Holanda por estar sempre à disposição.

Jucelino Nery da Conceição Filho

Agradeço
A Deus por ter nos iluminado;
Ao meu marido Jayme pelo companheirismo e apoio;
Aos meus filhos Jayme, Jade e Lara pelo amor e luz na minha vida;
Ao meu pai Almir pelo incentivo;
À Denice Brito e Carlos Alberto Trindade pela confiança e credibilidade;
Ao Tio Holanda, pelo cuidado;
A orientadora Maria do Carmo e professores pelo crescimento;
À Secretaria Municipal de Saúde pelo apoio ao desenvolvimento desta
Monografia

Adriana de Souza Pereira Domingues


SUMÁRIO

SIGLAS E ABREVIATURAS...................................................................... 5
LISTAS DE ILUSTRAÇÕES...................................................................... 6
LISTA DE ANEXOS.................................................................................... 7
RESUMO ................................................................................................... 8
CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO...................................................................... 9
I.1. PRESSUPOSIÇÕES.................................................................. 14
I.2. METODOLOGIA..........................................................................14
CAPÍTULO II. LITERATURA....................................................................... 16
II.1. Políticas de Saúde no Brasil...................................................... 16
II.2. Os Princípios e Diretrizes do SUS ............................................ 16
II.3. A Política Nacional de Medicamentos....................................... 25
II.4. Medicamentos Essenciais......................................................... 28
II.5. Programa de Medicamentos de Dispensação em Caráter
Excepcional........................................................................................... 30
II.6. A Demanda de Medicamentos não Selecionados e a
Judicialização................................................................................... 31
CAPÍTULO III. RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................... 33
CAPÍTULO IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................ 42
BIBLIOGRAFIA........................................................................................... 44
ANEXOS..................................................................................................... 51
SIGLAS E ABREVIATURAS

AF............................ Assistência Farmacêutica


AIH .......................... Autorização de Internação Hospitalar
ANVISA .................. Agência Nacional de Vigilância Sanitária
APAC ...................... Autorização de Procedimentos de Alta Complexidade/Custo
ATC ......................... Anatômico, Terapêutico e Químico
CEME ...................... Central de Medicamentos
CID .......................... Classificação Internacional de Doenças
CONASEMS ........... Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde
CONASS ................ Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde
CPF ......................... Cadastro de Pessoa Física
DCB ....................... Denominações Comuns Brasileiras
DCI ......................... Denominações Comuns Internacionais
DOU ....................... Diário Oficial da União
GM .......................... Gabinete do Ministro
INAMPS .................. Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
LILACS ................... Literatura Latinoamericana e do Caribe de Informação em
Ciências da Saúde
MEC ........................ Ministério da Educação e Cultura
MP .......................... Ministério Público
MS .......................... Ministério da Saúde
NOAS .................... Norma Operacional da Assistência à Saúde
NOB ...................... Norma Operacional Básica
OPAS .................... Organização Pan-Americana de Saúde
PEMAC .............. Programa Estadual de Medicamentos de Alto Custo
PNM .................... Política Nacional de Medicamentos
REMUME .............. Relação Municipal de Medicamentos Essenciais
RENAME ............... Relação Nacional de Medicamentos Essenciais
SESAB .................... Secretaria de Saúde do Estado da Bahia
SIFAB .................... Sistema de Acompanhamento do Incentivo à Assistência
Farmacêutica Básica
SCIELO ................. Scientific Electronic Library Online
SES ....................... Secretaria Estadual de Saúde
SME .................. ... Solicitação de Medicamentos Excepcionais
SMS ....................... Secretaria Municipal de Saúde
SUS ....................... Sistema Único de Saúde
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Distribuição dos tipos de processos de pleitos de
medicamentos junto à SMS em 2006, de acordo com a sua
natureza .............................................................................. 34

Gráfico 2: Histórico do número de processos de pleito de


medicamentos no período de 2002 a 2006 na Secretaria
Municipal de Saúde de Salvador.......................................... 35

LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Freqüência de acordo com o vínculo de atendimento
entre o paciente e a unidade de saúde onde este foi
acompanhado ........................................................................ 37

LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Divisão do município de Salvador em Distritos
Sanitários................................................................................ 12

LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Distribuição da população residente de Salvador por faixa
etária ................................................................................... 10

Tabela 2: Dados e indicadores referentes ao orçamento do


município de Salvador ......................................................... 11

Tabela 3: Recursos gastos com medicamentos da Farmácia


Básica no período de 2004 a 2006 pelo município de
Salvador .............................................................................. 12
Tabela 4: Distribuição do processos de acordo com o município de
residência do pleiteante ...................................................... 35

Tabela 5: Medicamentos mais solicitados nos processos................... 36

Tabela 6: Distribuição das patologias apresentadas pelos pacientes,


de acordo com o relatório médico apresentado, que os
levaram a pleitear medicamentos ao município de
Salvador, em 2006, de acordo com o CID-10 ..................... 38

Tabela 7: Mortalidade proporcional e taxa de mortalidade (100.000


hab) por grupo de causas (CID-10) - Salvador – 2006 ....... 39

Tabela 8: As dez patologias mais freqüentes apresentadas pelo


pacientes de acordo com os relatórios médicos
apresentados ....................................................................... 40

Tabela 9: Distribuição dos processos por faixa etária.......................... 41


LISTA DE ANEXOS

Anexo 1: Questionário para o Prescritor

Anexo 2: Questionário para o Usuário

Anexo 3: Questionário para o Gerente da Assistência Farmacêutica

Anexo 4: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido


Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
8
RESUMO

Tem sido cada vez mais freqüente o número de processos administrativos e judiciais
para o fornecimento gratuito de medicamentos não selecionados, ou seja, não
contemplados pela relação de medicamentos essenciais do município de Salvador
(REMUME). Situação semelhante tem sido vivenciada pela maioria dos gestores das
três esferas de governo de todo o país.
Este trabalho tem como objetivo conhecer e analisar as características dos pleitos
jurídicos e administrativos de medicamentos não contemplados pela REMUME com
vistas a identificar as conseqüências econômicas e técnicas à gestão da assistência
farmacêutica deste município. As informações foram obtidas a partir do banco de
dados do setor de Assistência Farmacêutica da Secretaria Municipal de Saúde e
aplicação de questionário aos usuários e prescritores. Verificou-se um aumento no
número de processos de pleito de medicamentos não selecionados em 2006 de 59%
em relação ao ano anterior. Muitos prescritores e usuários desconhecem a
existência do elenco de medicamentos selecionados pelo município. Nos pleitos dos
medicamentos em questão são evocados os princípios constitucionais da
universalidade, equidade e integralidade, de maneira indiscriminada, sem serem
levadas em consideração algumas questões técnicas como disponibilidade de
medicamentos de ação farmacológica semelhante na relação de medicamentos
essenciais do município. O valor financeiro resultante da aquisição destes
medicamentos tem correspondido a um elevado percentual quando comparado com
a aquisição de medicamentos básicos, quando se considera o número de pacientes
atendidos.
Ficam evidenciados impactos financeiros e técnicos sobre a Assistência
Farmacêutica, além da necessidade de se criar mecanismos técnicos e legais com o
objetivo de normatizar o fornecimento destes medicamentos, definir a competência
do município, Estado ou União nesta questão, além de subsidiar as decisões do
Judiciário. Faz-se necessário, ainda, promover ações de conscientização dos
profissionais médicos de se observar o elenco de medicamentos disponibilizados
pelas secretarias de saúde, evitando a prescrição de medicamentos inadequados,
onerosos e com existência de similar com igual efeito terapêutico.
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
9

CAPÍTULO I . INTRODUÇÃO

Em 1975, o Ministério da Previdência e Assistência Social instituía a Relação


Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) através da Portaria nº 223, como
instrumento estratégico da Política Nacional de Medicamentos na busca de uma
Assistência Farmacêutica mais eficaz e de melhor qualidade, contemplando os
princípios da Organização Mundial da Saúde (Pereira, 2003; Travassos, 1997), a
qual define que os medicamentos essenciais “são selecionados por sua relevância
em saúde pública, evidência de eficácia e segurança e custo-efetividade favorável
comparativamente” (WHO, 2002). A RENAME, então constituída de 305 itens
considerados básicos e indispensáveis ao atendimento dos problemas de saúde da
população, possibilitando atender 99% das necessidades médicas da população,
passou a contribuir para a racionalização dos critérios e procedimentos de compra
de medicamentos no serviço público de saúde, sob a proposta de ser revisada
periodicamente.

No Brasil, o acesso da população aos medicamentos considerados essenciais


constitui um dos princípios precípuos da Política Nacional de Medicamentos. Este
acesso ainda não é regular, apesar de integrar a atenção à saúde e ser, portanto,
um direito humano fundamental. É notório que, para uma grande parcela desta
população, a única alternativa para a aquisição de medicamentos essenciais é a
rede pública. Esta situação não é diferente no resto do mundo. A OMS estima que
cerca de dois bilhões de pessoas (1/3 da população mundial) não têm acesso
regular a esses medicamentos (Marques, 2002; OPAS, 2005).

Não obstante, àqueles medicamentos não contemplados na relação de


medicamentos essenciais dos serviços públicos e que possuem elevado custo tem o
seu acesso dificultado, geralmente, em decorrência dos seus preços elevados,
principalmente para as camadas da população que têm menor capacidade
econômica (Naves & Silver, 2005).

Como conseqüência desta realidade, muitos passaram a recorrerem do uso de


processos administrativos ou judiciais junto aos órgãos governamentais para fazer
10
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

frente às suas necessidades de medicamentos. Tal fato tem sido agravado em


virtude de grande parte dos prescritores não levarem em conta a padronização
existente no município.

O município de Salvador, capital do estado da Bahia, com uma população residente


estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2.714.977
habitantes distribuídos em 12 Distritos Sanitários (Figura 1), possui 48,9% da sua
população com idade entre 20 a 49 anos (Quadro 2).

Tabela 1. Distribuição da população residente de Salvador por faixa


etária
FAIXA ETÁRIA POPULAÇÃO
Menor que 1 ano 46.549
1 a 4 anos 185.063
5 a 9 anos 229.270
10 a 14 anos 248.645
15 a 19 anos 313.312
20 a 29 anos 559.198
30 a 39 anos 443.632
40 a 49 anos 324.698
50 a 59 anos 181.210
60 a 69 anos 104.290
70 a 79 anos 55.439
80 anos e mais 23.671

Total 2.714.977
Fonte: Tabnet-2006/DATASUS.

Nos últimos anos, Salvador apresentou gastos anuais com a saúde superiores a R$
41.000.000,00 e um percentual de recursos próprios aplicados em saúde acima de
10% (Quadro 3). Foram gastos, nos últimos 3 anos, mais de doze milhões de reais
com medicamentos básicos (Quadro 4).

Atualmente, a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS) tem se deparado


com um número crescente de processos administrativos e judiciais requerendo o
fornecimento de medicamentos não contemplados em sua Relação de
Medicamentos Essenciais (REMUME), que muitas vezes possuem um equivalente
11
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

farmacológico, ou que foi prescrito para uma patologia onde não se tem uma eficácia
terapêutica comprovada.

Tabela 2. Dados e indicadores referentes ao orçamento do município de Salvador.

DADOS E INDICADORES 2001 2002 2003 2004


Despesa total com saúde por habitante (R$) 37,88 49,45 55,29 78,97

Despesa com recursos próprios por habitante 22,02 33,47 35,05 53,49

Transferências SUS por habitante 15,87 15,97 20,24 23,35

% despesa com pessoal/despesa total 16,9 20,1 19,9 14,78

% despesa com investimentos/despesa total 3,7 4,0 6,1 8,74

% transferências SUS/despesa total com saúde 41,9 32,3 36,6 29,56

% de recursos próprios aplicados em saúde (EC 8,0 11,1 10,7 15,14


29)

% despesa com ser. terceiros – pessoa jurídica 15,8 27,9 52,9 57,24
/depesa total

Despesa total com saúde 94.170.694,60 124.633.038,31 141.337.613,11 204.703.555,51

Despesa com recursos próprios 54.725.261,59 84.372.183,00 89.604.574,19 138.648.909,41

Receita de impostos e transferências 687.127.434,58 762.160.209,06 836.366.189,34 916.046.401,92


constitucionais legais

Transferências SUS 39.445.433,01 40.260.855,31 51.733.038,92 60.516.295,89

Despesa com pessoal 15.927.476,51 25.101.901,62 28.152.028,00 30.265.300,01


Fonte: SIOPS

Diante desta situação, o grupo técnico da Assistência Farmacêutica sentiu a


necessidade, do ponto de vista organizacional, de criar um novo elenco denominado
de “medicamentos especiais”. A terminologia comumente empregada de
“excepcional” não foi adotada para evitar confusão com os medicamentos
contemplados pelo Programa de Medicamentos de Dispensação em Caráter
Excepcional – financiado com recursos do Ministério da Saúde e cuja aquisição e
distribuição ficam sob responsabilidade dos estados (Brasil, 2002a). Silva (2000)
ressalta, inclusive, que a expressão medicamentos excepcionais, denominação
originária da aquisição em caráter excepcional, tem sido motivo de interpretações
equivocadas do ponto de vista da farmacologia, da utilização e de programas de
governo.
12
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Esta mesma situação tem se reproduzido em diversos Estados e vem preocupando


os gestores das três esferas de governo de todo o país, não só em função do uso
irracional dos medicamentos, mas também pelo impacto financeiro.

Tabela 3. Recursos gastos com medicamentos da Farmácia Básica no


período de 2004 a 2006 pelo município de Salvador.
ANO TOTAL DE RECURSOS GASTOS (R$)
2004 5.038.490,08
2005 3.218.539,42
2006 4.522.423,63
TOTAL 12.779.453,13
Fonte: SIFAB

Fonte: SMS

Figura 1. Divisão do município de Salvador em Distritos Sanitários.


Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
13

Este fenômeno compõe o mais novo desafio da gestão farmacêutica no SUS, onde
se busca o uso de critérios na aplicação de recursos públicos, com o uso racional de
medicamentos, frente às demandas judiciais e administrativas.

Nas solicitações dos medicamentos em questão são evocados os princípios


constitucionais da universalidade, equidade e integralidade, de maneira
indiscriminada, sem serem levadas em consideração algumas questões técnicas
como disponibilidade de medicamentos de ação farmacológica semelhante,
inexistência de registro do medicamento no país, patologia apresentada pelo
paciente não constar entre aquelas de indicação terapêutica do medicamento
registradas pela ANVISA, além do custo elevado em relação a similares disponíveis.
Tal fato, por vezes, compromete o orçamento para aquisição dos medicamentos
básicos. Por outro lado, compreende-se a dificuldade dos promotores e juízes em
avaliar a questão frente a uma indicação médica e a urgência no uso do
medicamento em grande parte dos casos, não possuindo o conhecimento técnico no
âmbito do medicamento.

A parceria entre os gestores e o judiciário para padronizar os procedimentos


relativos à estas demandas de medicamentos tem sido a ferramenta encontrada
para minimizar o problema até que se regulamente o acesso a estes insumos.

Toda esta situação evidencia a necessidade de se criar mecanismos técnicos e


legais com o objetivo de disciplinar o fornecimento destes medicamentos, definir a
competência do município, Estado ou União nesta questão, além de subsidiar as
decisões do Judiciário. Faz-se necessário, ainda, realizar uma conscientização dos
profissionais médicos de se observar o elenco de medicamentos disponibilizados
pelas secretarias de saúde, evitando a prescrição de medicamentos inadequados,
onerosos e com existência de similar com igual efeito terapêutico, racionalizando o
uso destes medicamentos.

Diante deste quadro, este trabalho busca conhecer e analisar as características dos
pleitos jurídicos e administrativos de medicamentos não contemplados pela
REMUME com vistas a identificar as conseqüências econômicas e técnicas à gestão
da Assistência Farmacêutica no município de Salvador, identificando os fatores que
14
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

levaram ao aumento no número de processos, bem como a identificação dos


impactos econômicos e técnicos sobre a gestão da Assistência Farmacêutica.

I.1. Pressuposições

Este trabalho parte das seguintes pressuposições:

• O elenco de medicamentos da REMUME não é de conhecimento de grande


parte dos prescritores.
• Há um desconhecimento dos usuários e prescritores da existência do Programa
Estadual de Medicamentos Excepcionais de Alto Custo (PEMAC).
• O elenco de medicamentos da REMUME é visto pelos prescritores como
insuficiente para atender o atual perfil nosológico da população do município.
• Os processos de pedidos de medicamentos não selecionados impactam
financeira e tecnicamente sobre a gestão da Assistência Farmacêutica do
município.
• Os usuários e prescritores vêem como obrigação do SUS o fornecimento de todo
e qualquer medicamento prescrito.

I.2. Metodologia

Para se alcançar os objetivos deste trabalho, a metodologia que se mostrou mais


adequada foi a abordagem qualitativa.

Os dados relativos aos processos administrativos e judiciais de pleitos de


medicamentos referentes ao período de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2006
foram obtidos a partir do arquivo documental e também do banco de dados de
cadastro de processos, ambos existentes no Setor de Assistência Farmacêutica da
Secretaria Municipal de Saúde de Salvador.

A amostra apresentou 270 processos, correspondendo a 100,0% do universo. Os


dados coletados visaram traçar um perfil dos processos existentes.
15
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

As variáveis estudadas foram: o número de processos; os medicamentos pleiteados,


classificados com base no “Código Anatômico, Terapêutico e Químico” (código ATC)
e denominação comum brasileira (DCB); a inclusão dos medicamentos pleiteados
em alguma lista de financiamento público (para aquisição); a condição patológica do
autor pela Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados à Saúde - 10ª Revisão (CID-10); a unidade de atendimento (se
hospital universitário, federal, estadual ou privado, posto de atendimento da
Secretaria Municipal de Saúde, clínica conveniada ao SUS, clínica não conveniada
ao SUS e médico particular); o responsável pela origem do processo (defensoria
pública, instituições de saúde, familiar ou o próprio paciente) e o município de
domicílio. A análise foi realizada, inicialmente, calculando-se a freqüência simples de
todas as variáveis, com o intuito de descrever as características principais dos
processos de solicitação de medicamentos.

Para a pesquisa bibliográfica, foram utilizados os métodos de “busca das origens


bibliográficas” (a partir da utilização da bibliografia de obras, artigos ou estudos mais
recentes permite chegar a outras fontes) e “pesquisa sistemática” utilizada
principalmente em bibliotecas virtuais como o LILACS, SCIELO e a BIREME, além
de buscas em sítios eletrônicos institucionais.

Foram elaborados diferentes questionários para o usuário, o prescritor e o gerente


da assistência farmacêutica municipal, a partir dos aspectos importantes a serem
abordados no trabalho. Estes questionários foram aplicados sob consentimento livre
e esclarecido, aos atores os quais foram selecionados intencionalmente,
considerando algumas condições como: atores essenciais ao esclarecimento de
algumas questões, assuntos em foco e facilidade de acesso. Em relação aos
usuários, os questionários foram aplicados através de telefone àqueles que
mantiverem contato com o Setor de Assistência Farmacêutica da SMS, durante os
meses de abril e maio, e através de contato pessoal àqueles que se dirigirem ao
referido setor ou à unidade de saúde de referência para o recebimento do(s)
medicamento(s) pleiteado(s). Quanto aos prescritores, optou-se por comodidade
entrevistar aleatoriamente os profissionais da unidade de saúde responsável pelo
maior número de processos junto à SMS e que estivessem presentes no dia das
entrevistas.
16
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Os dados obtidos a partir dos questionários foram tabulados e analisados,


baseando-se na freqüência.

Os dados financeiros relativos aos gastos com os medicamentos não selecionados


foram obtidos a partir da análise das notas fiscais obtidas junto à Coordenação
Administrativa da SMS. Os valores referentes à Farmácia Básica foram fornecidos
pelo Setor de Assistência Farmacêutica através do sistema informatizado para
acompanhamento da execução do Incentivo à Assistência Farmacêutica na Atenção
Básica - SIFAB.

CAPÍTULO II. LITERATURA

II.1. Políticas de Saúde no Brasil

As primeiras ações sanitárias desenvolvidas no Brasil de forma organizada se deram


na época do Império, no final do século XIX, e tinha como objetivo o combate à febre
amarela. Posteriormente, com a Proclamação da República, inicia-se uma incipiente
política de saúde (COSTA, 2002).

A partir da Revolução de 30, as políticas de saneamento básico de alcance nacional


tiveram início. Nesse período, a prática da assistência médica passaram a ser
uniformizadas e regulamentadas pelo Estado brasileiro e foram integradas ao
modelo da Previdência Social (COSTA, 2002). Assim sendo, a assistência à saúde
era vinculada às atividades previdenciárias e o caráter contributivo do sistema
existente dividia a população brasileira em dois grandes grupos: previdenciários e
não-previdenciários. Os cidadãos que integravam o primeiro grupo, ou seja, os
contribuintes da previdência, tinham um acesso mais amplo à assistência à saúde
onde dispunham de uma rede de serviços e prestadores de serviços ambulatoriais e
hospitalares providos pela previdência social através do Instituto Nacional de
Assistência Médica da Previdência Social - INAMPS, autarquia do Ministério da
Previdência e Assistência Social, mesmo com as dificuldades inerentes ao sistema.
Por sua vez, os não-previdenciários tinham um acesso bastante limitado à
assistência à saúde, a qual se restringia às ações dos poucos hospitais públicos e
17
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

às atividades filantrópicas de determinadas entidades assistenciais. Neste período, o


Ministério da Saúde (MS) e as Secretarias de Saúde dos Estados e municípios
desenvolviam, basicamente, ações de promoção da saúde e prevenção de doenças,
principalmente as campanhas de vacinação e controle de endemias (CONASS,
2003).

O INAMPS tinha caráter contributivo e, desta forma, as suas ações beneficiavam


apenas os previdenciários, ou seja, os trabalhadores da economia formal e seus
dependentes. Portanto, a sua atuação não possuía caráter universal. Este Instituto
aplicava recursos para a assistência à saúde proporcionalmente ao volume de
beneficiários.

Este modelo de assistência à saúde gerava prejuízos à população. Este fato, além
da desarticulação dos serviços prestadores então existente, gerou um movimento na
direção de uma reforma sanitária e de uma transformação dos paradigmas do
sistema, em busca da universalização pública da cobertura de saúde. Esse
movimento de reforma ocorreu simultaneamente às propostas da Organização
Mundial de Saúde (OMS) e Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) para que
fosse dado maior atenção à esta área (MEDICI apud COSTA, 2002).

Em conseqüência, o INAMPS passou a adotar uma série de medidas visando


ampliar a sua ação, em busca de uma cobertura universal. Esse processo evoluiu
com a instituição do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde – SUDS
(Decreto nº 94 657, de 20 de julho de 1987), o qual foi implementado através de
convênios entre o INAMPS e os governos estaduais. Assim sendo, a participação da
Secretaria Estadual de Saúde era opcional. Os recursos eram transferidos aos
estados e municípios que se propusessem a criar conselhos municipais ou estaduais
de saúde e elaborassem planos municipais nessa área (MELO apud COSTA, 2002;
SOUZA, 2003).

Este processo significou um grande avanço, uma vez que dava início a um sistema
de saúde de caráter universal (CONASS, 2003). Todo este processo culminou com a
criação do SUS, definido no art. 4º da Lei Federal nº 8.080/90 como sendo “O
conjunto de ações e serviços de saúde prestados por órgãos e instituições públicas
18
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

federais, estaduais e municipais, da Administração direta e indireta e das fundações


mantidas pelo Poder Público” e complementarmente pela “...iniciativa privada”. Ele é
considerado um Sistema Único por seguir a mesma doutrina e os mesmos princípios
organizacionais em todo o território nacional, sob a responsabilidade das três
esferas de governo: federal, estadual e municipal (MPF, 2005; CONASS, 2003).

O processo de implantação deste sistema tem sido orientado pelas Normas


Operacionais do SUS, as quais são instituídas através de portarias ministeriais.
Estas normas definem:

• as competências de cada esfera de governo;


• as condições necessárias para que Estados e municípios possam assumir as
novas posições no processo de implantação do SUS;
• os critérios para que Estados e municípios voluntariamente se habilitem a
receber repasses de recursos do Fundo Nacional de Saúde para seus
respectivos fundos de saúde. Esta habilitação é condicionada ao
cumprimento de uma série de requisitos e ao compromisso de assumir um
conjunto de responsabilidades referentes à gestão do sistema de saúde.

Até o momento, foram publicadas três Normas Operacionais Básicas (NOB/SUS


01/91, NOB/SUS 01/93 e NOB/SUS 01/96). Em 2001 foi publicada a primeira Norma
Operacional da Assistência a Saúde (NOAS/SUS 01/01) que foi revista e publicada
em 2002, a qual se encontra atualmente em vigor (NOAS/SUS 01/02).

Com base na regionalização e hierarquização, as ações e os serviços de saúde


devem ser organizados em níveis de atenção de complexidade tecnológica
crescente, ou seja, níveis primário, secundário, terciário e quaternário. Estes devem
estar dispostos numa área geográfica delimitada e com definição da população a ser
atendida, devendo oferecer a esta população todas as modalidades de assistência,
bem como o acesso a todo tipo de tecnologia disponível, possibilitando um grau
ótimo de resolução.

O acesso da população à rede pública de saúde deve se dar através do nível


primário de atenção, o qual deve estar qualificado para o atendimento e solução
19
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

dos principais problemas (cerca de 85%), através das Unidades Básicas de Saúde.
Os demais problemas devem ser referenciados aos serviços de maior complexidade
tecnológica. O nível secundário é responsável pela resolução de cerca de 10% da
demanda e é prestado nos centros de especialidades, como as clínicas não
incluídas no nível primário (ex.: neurologia, otorrinolaringologia, cardiologia,
dermatologia e especialidades paramédicas, como Nutrição e Fonoaudiologia, etc.).
O nível terciário, onde estão os hospitais de referência, abrangem menos de 5% das
necessidades em saúde e compreendem os serviços de média e alta complexidade
(ex.: hemodiálise, medicina nuclear, tomografia, quimioterapia, radioterapia, etc.). O
nível quaternário, por sua vez, responde por menos de 1% das necessidades
intervenções em genética, transplantes, exames hemodinâmicos, alguns
procedimentos neurológicos e cardíacos) (MP, 2005).

Atualmente, o SUS vive um processo de consolidação, embora com inúmeros


avanços ocorridos nos últimos anos, existem ainda grandes desafios a serem
enfrentados por todos os gestores do SUS, principalmente a organização de atenção
e a assistência à saúde e a ampliação do acesso aos cidadãos aos serviços
(BELTRAME, 2002).

II.2. Os Princípios e Diretrizes do SUS

Duarte (2000) salienta o avanço e a atualidade da legislação sanitária brasileira no


que diz respeito ao acesso universal e igualitário (eqüidade de oportunidade) e a
ação sobre os determinantes dos níveis de saúde (eqüidade de condições).

O SUS preconiza que todo atendimento prestado ao cidadão que dele necessitar
deve ser realizado de forma igualitária, universal e gratuita. Na sua origem, o SUS
se caracteriza por ser solidário, pois toda a população tem acesso universal. O
sistema de saúde tem entre os seus princípios, além da universalização da
prestação de serviço de saúde, a descentralização do atendimento, a regionalização
e a hierarquização dos serviços de saúde, a integralidade das ações e a participação
popular através de representantes da sociedade organizada nos conselhos e
conferências de saúde (MAYORGA, 2004).
20
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Os princípios e diretrizes do SUS foram garantidos pela Constituição Federal de


1988 e pela Lei Orgânica da Saúde, a Lei nº 8.080/90 (Brasil, 1990). A Constituição,
em seu artigo 196, conceitua a saúde como “... direito de todos e dever do Estado,
garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de
doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (grifo nosso), tendo o povo
brasileiro assim reconhecido que a saúde é um direito fundamental (Marques, 2007).

A Lei 8.080/90, por sua vez, estabelece em seu artigo 6º que é atribuição do SUS a
execução de ações de “assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica”. Em
seu artigo 7º, apresenta os princípios doutrinários do Sistema Único de Saúde
(SUS), como a “universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis
de assistência”:

“I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de


assistência;

II - integralidade de assistência, entendida como um conjunto articulado e contínuo


das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para
cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema;

III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e


moral;

IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer


espécie;

V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;

VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua


utilização pelo usuário;

VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação


de recursos e a orientação programática;

VIII - participação da comunidade;

IX - descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de


governo:

a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;

b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde.


Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
21

X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento


básico;

XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de
assistência à saúde da população;

XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e

XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para
fins idênticos.”

As discussões sobre estes princípios são muitas e perpassam por diversos campos
de atuação dos profissionais de saúde, inclusive o farmacêutico, havendo a
necessidade de se definir quem tem direito ao acesso e até que ponto cada
indivíduo pode utilizar os bens coletivos, de forma que a equidade seja mantida, pois
não se pode conceder de forma indefinida tudo para todos. Em algum momento há a
necessidade de se decidir quem tem direito a quê, uma vez que os recursos
disponíveis para investimento em saúde são escassos em relação à crescente
demanda (Brasil, 1998b; Carvalho, 2006).

A UNIVERSALIDADE consiste na garantia de acesso de todo e qualquer indivíduo


a todo e qualquer serviço de saúde, seja ele público ou contratado pelo Poder
Público. Todas as pessoas, indiscriminadamente, têm direito ao atendimento,
independentemente de sua religião, raça, local de moradia, situação de emprego ou
renda, etc. (LUCCHESE, 2003; MPF, 2005). Este é um princípio que não tem gerado
muitas discussões acerca do seu entendimento.

Por sua vez a INTEGRALIDADE tem como referência tanto o homem quanto ao
Sistema de Saúde, reconhecendo-se que cada um se constitui numa totalidade.
Desta forma, cada pessoa constitui um todo indivisível e membro de uma
comunidade: as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, da mesma
forma, constituem-se em um todo, não podendo ser divididas; as unidades
constitutivas do Sistema configuram também um todo indivisível, capaz de prestar
assistência integral (MP, 2005).

Enquanto a universalidade diz respeito aos titulares do direito à saúde, ou seja,


todos, a integralidade está relacionada ao objeto, o tudo. Assim sendo, temos a
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
22

conhecida expressão do Professor Gilson de Carvalho: “o tudo para todos”. No


entender do Ministério Público Federal, necessariamente a integralidade abrange o
tratamento completo e eficaz para todos os agravos em saúde; não se estendendo,
contudo, ao ponto de abranger todo e qualquer tratamento prescrito por qualquer
profissional médico, seja ele do SUS ou não (MP, 2005).

Os diferentes conceitos de EQÜIDADE encontrados na literatura tem como base a


definição de Whitehead (apud LUCCHESE, 2003), onde este princípio “implica que
idealmente todos deveriam ter a justa oportunidade de obter seu pleno potencial de
saúde e ninguém deveria ficar em desvantagem de alcançar o seu potencial, se isso
puder ser evitado”.

Almeida (2002) enfatiza que a sua formulação conceitual e histórica está relacionada
às noções de igualdade e liberdade, remetendo à questão da justiça, dos direitos e
deveres do homem/cidadão e do Estado. Segundo este autor, “os antecedentes
dessas discussões estão nos séculos XVII e XVIII, culminando na Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, após a Revolução Francesa e,
posteriormente, no século XX, na Declaração Universal dos Direitos do Homem, de
1948, e na Convenção Européia dos Direitos do Homem (1950), que marcam a nova
era pós-Segunda Grande Guerra Mundial e serviram de guia para todas as
constituições posteriores, dos diversos países”.

Este termo pode adquirir conotações distintas ao longo do tempo e em diferentes


sociedades, sendo vários os seus significados e raro o consenso em torno de uma
definição (ALMEIDA et al., 1999; DUARTE, 2000).

É importante ressaltar que as opções conceituais, inerentes aos desenhos de


sistema de saúde, orientam a escolha dos critérios distributivos, a escolha dos
indicadores utilizados para avaliar o grau de eqüidade e a interpretação dos
resultados em relação à efetividade do sistema. A conformação de um sistema de
saúde equânime pode se modificar muito, dependendo da definição adotada para o
termo. O grau de eqüidade de um sistema de saúde é também determinado por
vários fatores; entre os mais importantes, a forma de distribuição de recursos
financeiros. É necessário considerar, ainda, a diferença entre a definição dada pela
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
23

lei e as reais condições de saúde da população. Desta forma, para declarar a


eqüidade como um princípio norteador do SUS, é fundamental saber até que ponto a
legislação e as normas que o orientam propiciam melhorias nessas condições
(DUARTE, 2000).

O Ministério Público Federal, por sua vez, entende como EQÜIDADE “a garantia de
acesso de qualquer pessoa, em igualdade de condições, aos diferentes níveis de
complexidade do Sistema, de acordo com a necessidade que o caso requeira, assim
como a garantia de que as ações coletivas serão dirigidas por prioridades amplas e
publicamente reconhecidas”. Assim sendo, todo cidadão é igual perante o Sistema
Único de Saúde e será atendido de acordo com as suas necessidades (MP, 2005).

Em nota do grupo existente no manual elaborado pelo Ministério Público Federal


entitulado “Manual de Atuação do Ministério Público Federal em defesa do Direito à
Saúde”, registra-se que, diferentemente do que ocorre com os princípios da
universalidade e da integralidade, os quais constam de forma expressa no texto da
constituição como “direito de todos”, “acesso universal” (art. 196) e “atendimento
integral” (art. 198, II), não há no mesmo texto previsão expressa do princípio da
eqüidade. Portanto, neste sentido, o termo EQÜIDADE pode ser considerado
sinônimo da expressão “igualitário” do caput do art. 196.

É ainda ressaltado no referido manual, contudo, que deve-se receber com ressalvas
o argumento da existência do princípio constitucional da eqüidade como fundamento
para “mitigar os princípios da universalidade (excluir do SUS quem pode pagar) ou
da integralidade (excluir procedimentos demasiados caros, só por esse
fundamentos)”. Apresenta-se como reforço a este entendimento a redação do texto
constitucional, que assegura o “atendimento integral, com prioridade para as
atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais” (art. 198, II), e da
Lei Orgânica da Saúde (Lei 8080/90), que inclui no campo de atuação do SUS a
execução de ações de “assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica.” (art.
6º, I, d).

Como bem lembra LUCCHESE (2003), “encontrar a interpretação do conceito de


eqüidade mais adequada ao campo de atuação em saúde para então
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
24

operacionalizá-lo em tarefas de gestão do sistema orientadas à redução de


desigualdades é um grande desafio”.

Matéria publicada pelo CONASEMS (2005) evidencia que com a atuação do


Ministério Público e a conscientização do cidadão, o direito à saúde passou a ser
freqüentemente questionado perante o Poder Judiciário, o qual passou a entender
que o direito à saúde deve ser garantido pelo Poder Público sem entraves, sendo
um direito de eficácia imediata vinculado ao direito à vida. Desta forma, isto se
constituiu em uma vitória do cidadão e de todas as pessoas que durantes décadas
lutaram por uma saúde pública integral, universal e igualitária, por outro lado, esse
reconhecimento do direito à saúde tem sido o excesso na busca destes direitos junto
à Secretarias de Saúde e através de liminares que garantem ao cidadão o acesso
aos serviços de saúde, sem observância da organização administrativa do Sistema
Único de Saúde (CONASEMS, 2005; Marques, 2005; Silva, 2005).

Marques (2005), analisando os processos decorrentes de ações judiciais no estado


de São Paulo, constatou que o Poder Judiciário não tem levado em consideração a
política pública de medicamentos, argumentando, principalmente, que questões
políticas não podem disciplinar ou condicionar o exercício desse direito. Suas
decisões têm como base, unicamente, a afirmação do direito à saúde e à assistência
farmacêutica como elemento dos direitos integrais e universais dos cidadãos
brasileiros contidos no arcabouço legal (Constituição Federal e Lei Orgânica de
Saúde). Iguais observações foram feitas por Vieira & Zucchi (2007) também com
análises de processos de São Paulo e Messeder & col. (2005), em relação às ações
judiciais contra o estado do Rio de Janeiro. Assim como Santos (2006), Marques
ressalta que a decisão jurídica do caso individual, não pode desconsiderar a política
pública destinada a garantir o mesmo direito de toda uma coletividade, sob pena de
privilegiar os interesses de uma pequena parcela da população, ou seja, aqueles
quem tiveram a oportunidade de acesso ao Judiciário, penalizando aqueles que
adentraram ao SUS voluntariamente, além de poder estar atendendo, de maneira
indireta, demanda das indústrias de medicamentos.

Em decorrência desta situação, representantes dos Três Poderes (Executivo,


Legislativo e Judiciário) têm se reunido com uma certa freqüência para discutir como
assegurar o acesso de medicamentos “excepcionais” a todos os pacientes que deles
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
25

necessitam, em cenário de orçamentos limitados e demandas judiciais por


medicamentos que, em alguns casos, sequer são registrados no Brasil ou estão em
fase experimental. Nestes eventos, o que se tem proposto é o estabelecimento de
relação direta entre os gestores do SUS, o Ministério Público e o Poder Judiciário,
através de troca de informações e esclarecimentos, promoção de seminários e
reuniões conjuntas. Além disto, regulamentar o acesso e o fluxo de atendimento à
população, por meio de Lei a ser aprovada no Congresso Nacional. Esta Lei deverá
levar em consideração a utilização de Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas
como um dos critérios de acesso, bem como a definição de responsabilidades e
competências das três esferas de gestão do SUS (CONASS, 2003; CONASS,
2004b).

II.3. A Política Nacional de Medicamentos

A Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde (NOB-SUS) nº 01/96, de


06 de novembro de 1996 (Brasil, 1997), redefiniu os papéis de cada esfera de
governo e explicitou que cabe ao gestor federal a reorientação e implementação da
assistência farmacêutica.

Em 1998 foi publicada a Portaria n° 3916, a qual aprovou a Política Nacional de


Medicamentos (PNM), resultante de amplo processo de debate (Brasil, 1998). Esta
portaria constituiu-se num guia norteador das ações no campo da assistência
farmacêutica.

A PNM tem como principal propósito garantir a necessária segurança, eficácia e


qualidade dos medicamentos, a promoção do uso racional e o acesso da população
àqueles considerados essenciais. Esta Política dispõe sobre as diretrizes,
prioridades e responsabilidades das esferas de governo no âmbito do SUS,
propondo o acompanhamento e avaliação da implantação da política. Foi
estabelecida uma estrutura básica à coordenação de atividades em assistência
farmacêutica, envolvendo setor público, setor privado e demais atores do campo
farmacêutico. Antes da sua publicação, os objetivos e responsabilidades não eram
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
26

claros, causando dificuldades na condução das questões, especialmente aos


gestores municipais que, mais próximos da população, terminavam por arcar com o
ônus dessas indefinições. Mesmo o conceito de assistência farmacêutica não era
suficientemente claro.

A definição de competências trouxe ganhos ao processo, uma vez que, até então, as
indefinições geravam dúvidas e incertezas aos gestores municipais quanto às suas
competências. Vale ressaltar, entretanto, que a definição de papéis ainda não é
completa, gerando espaço para questionamentos.

Esta Portaria definiu a assistência farmacêutica no Sistema Único de Saúde (SUS)


como um grupo de atividades relacionadas com o medicamento destinadas a apoiar
as ações de saúde demandadas por uma comunidade. Envolve também o
abastecimento de medicamentos em todas e em cada uma de suas etapas
constitutivas, a conservação e controle de qualidade, a segurança e a eficácia
terapêutica dos medicamentos, o acompanhamento e a avaliação da utilização, a
obtenção e a difusão de informação sobre medicamentos e a educação permanente
dos profissionais de saúde, do paciente e da comunidade para assegurar o uso
racional de medicamentos. Portanto, a cultura existente, focada apenas na aquisição
e distribuição de medicamentos começou a ser declarada, oficialmente, como
insuficiente para sustentar uma política de medicamentos.

A diretriz de reorientação da assistência farmacêutica, também escolhida como


prioritária, promoveu o início de mudanças em todo o país, em particular no que se
refere à forma de entender e gerenciar a assistência farmacêutica. A idéia anterior,
apenas centrada na aquisição e distribuição dos medicamentos pelos governos
federal e estadual começa, gradativamente, a se desfazer, pelo menos do ponto de
vista formal. Além disso, o governo federal passou a enviar recursos financeiros para
a compra dos medicamentos, obrigando aos gestores estaduais e municipais a rever
suas formas de gerência. Incentivos foram criados para financiar a assistência
farmacêutica, entre eles podemos citar o incentivo à Assistência Farmacêutica
Básica, que define valores a serem financiados pelas três esferas de governo,
regulamentando, pela Portaria GM nº 176 de 1999; e o incentivo destinado ao
Programa da aquisição de Medicamentos Essenciais para a área de Saúde Mental,
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
27

implantado pela Portaria GM nº 1.077 de agosto de 1999. A partir daí passou a ser
decisão dos gestores municipais e estaduais adquirir medicamentos (Brasil, 2002a;
Brasil, 2006).

Em Salvador, A aprovação do Plano Municipal de Assistência Farmacêutica no


Conselho Municipal de Saúde, em 1999, desencadeou inúmeras ações na
Secretaria Municipal de Saúde com a finalidade de adequar os serviços
farmacêuticos ao modelo descentralizado de gestão em saúde vigente em nosso
país, além de desenvolver atividades para cumprir as exigências da Portaria
3.916/98-MS que trata da “Política Nacional de Medicamentos”.

O reconhecimento legal de que a PNM é parte essencial da Política Nacional de


Saúde e que contribuirá para a consolidação do SUS e para o desenvolvimento
social do país foi extremamente importante, uma vez que a credibilidade e a
resolutividade dos serviços de saúde são afetados diretamente quando o suprimento
e a qualidade dos medicamentos não são adequados.

No que diz respeito à promoção do uso racional de medicamentos, as diferentes


instâncias de gestores vem desenvolvendo ações para capacitar os seus recursos
humanos dentro da proposta desta diretriz, como a capacitação dos agentes
comunitários de saúde e dos prescritores. Não obstante, poderia se fazer uso da
mídia para promoção do uso racional de medicamentos, visto o seu grau de
penetração junto à população.

Em 06 de maio de 2004, através da Resolução nº 338, o Conselho Nacional de


Saúde aprova a Política de Assistência Farmacêutica, definindo a Assistência
Farmacêutica como “conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e
recuperação da saúde, tanto individual como coletivo, tendo o medicamento como
insumo essencial e visando o acesso e ao seu uso racional. Este conjunto envolve a
pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, bem como
a sua seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia da
qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização,
na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de
vida da população” (Brasil, 2004; Brasil, 2006).
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
28

II.4. Medicamentos Essenciais

A Organização Mundial de Saúde define como medicamentos essenciais “aqueles


que satisfazem as necessidades prioritárias de cuidados à saúde da população”.

A sua seleção deve ser feita de forma criteriosa, considerando a sua relevância em
saúde pública, evidência de eficácia e segurança e custo-efetividade e o perfil
epidemiológico da população (OMS, 2002). Como afirma Wannmacher (2006), a
seleção cuidadosa de número limitado de medicamentos essenciais permite
melhorar a qualidade de atenção à saúde, a gestão dos medicamentos, a
capacitação dos prescritores, além da educação do público.

A OMS recomenda como estratégia “que em todas as partes, as pessoas tenham


acesso aos medicamentos essenciais que necessitam; que os medicamentos sejam
seguros, efetivos e de boa qualidade; e que os medicamentos sejam prescritos e
utilizados racionalmente” (WHO, 2004), garantindo desta forma maior acesso à
população.

Em 1975, o Ministério da Previdência e Assistência Social instituía a Relação


Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) através da Portaria nº 223, como
instrumento estratégico da Política Nacional de Medicamentos na busca de uma
Assistência Farmacêutica mais eficaz e de melhor qualidade, contemplando os
princípios da Organização Mundial da Saúde (Travassos, 1997; WHO, 2001;
Pereira, 2003; Wannmacher, 2006). A RENAME, então constituída de 305 itens
considerados básicos e indispensáveis ao atendimento dos problemas de saúde da
população e que possibilita atender a 99% das suas necessidades médicas, passa a
contribuir para a racionalização dos critérios e procedimentos de compra de
medicamentos no serviço público de saúde, sob a proposta de ser revisada
periodicamente.
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
29

A revisão de 2002 aumentou o número de fármacos para 327, em 520


apresentações, considerando a disponibilidade dos produtos no mercado interno,
além da avaliação de eficácia e segurança (Cosendey, 2000; Brasil, 2002b).

Em 13 de outubro de 2006, a Portaria Ministerial nº 2.475 aprova a 4ª edição da


RENAME, a qual se apóia nas estratégias 2004-2007 da OMS, que adota a
atualização da lista modelo de medicamentos essenciais a cada dois anos. Nesta
revisão foram incluídos 36 novos fármacos, excluídos 58 e feitas 68 alterações de
apresentações e formas farmacêuticas. No caso das alterações, foram promovidas,
por exemplo, mudanças como nas formas de produtos em comprimidos, que
passarão a ser injetáveis, e comprimidos de 25 mg, que agora serão apresentados
em 50 mg. (Brasil, 2007).

A RENAME é utilizada nacionalmente como base para a organização das listas


estaduais e municipais e como instrumento racionalizador das ações no âmbito da
assistência farmacêutica.

Baseando-se no que preconizam a OMS e o MS, o município de Salvador realizou a


primeira revisão da sua Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (REMUME)
em 2000-2001, cuja Comissão de Farmácia e Terapêutica foi constituída através da
Portaria 194/2000, considerando o perfil epidemiológico da população, a eficácia,
segurança, qualidade e custo dos medicamentos selecionados. Foi utilizado como
instrumento de referência a padronização municipal de medicamentos já existente,
composta por 169 itens selecionados de acordo com os serviços oferecidos nas
Unidades Básicas e as propostas dos profissionais de saúde da rede. O processo de
revisão foi iniciado a partir da solicitação às Unidades de Saúde do Município sobre
sugestões de inclusão e/ou exclusão de medicamentos por ação farmacológica,
observando-se o perfil epidemiológico de cada Distrito Sanitário e os serviços
oferecidos na sua área de abrangência. A etapa seguinte consistiu na análise das
sugestões pelas Subcomissões da Comissão Municipal de Farmácia e Terapêutica
composta por profissionais da rede e colaboradores da Secretaria Estadual de
Saúde e entidades farmacêuticas. Foram realizados estudos bibliográficos, consulta
à legislação e protocolos elaborados pelo Ministério da Saúde, a profissionais
especialistas e à Relação Nacional de Medicamentos, respeitando-se os critérios e
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
30

sugestões na síntese dos trabalhos da padronização de medicamentos para a rede


pública de saúde municipal (Salvador, 2004).

Atualmente, o município de Salvador tem a sua REMUME composta de 389


especialidades farmacêuticas e estará sendo revisada em 2007 com a designação
da Comissão de Farmácia e Terapêutica através da Portaria nº 66/2007, publicada
no Diário Oficial do Município de 10 de maio de 2007.

II.5. Programa de Medicamentos de Dispensação em Caráter Excepcional

O Programa de Medicamentos de Dispensação em Caráter Excepcional, que existe


desde 1993, é uma das estratégias do Ministério da Saúde para efetivar o acesso da
população brasileira a medicamentos e a Assistência Farmacêutica no âmbito do
Sistema Único de Saúde – SUS.

A Portaria MPAS/MS/MEC nº 03, de 15 de dezembro de 1982 define como


medicamentos excepcionais, de dispensação em caráter excepcional ou de alto
custo “aqueles medicamentos cuja aquisição governamental é feita em caráter
excepcional, individual, e com recursos financeiros independentes daqueles
destinados aos medicamentos da RENAME, utilizando critério especial para
dispensação”. Constituem em medicamentos utilizados em patologias consideradas
de caráter individual, que requerem tratamento longo ou até permanente, com uso
de medicamentos de custo elevado.

A sua dispensação é condicionada à aplicação dos Protocolos Clínicos e Diretrizes


Terapêuticas para as condições patológicas cobertas pelo programa. Estes
protocolos tem como objetivo estabelecer claramente os critérios de diagnósticos de
cada patologia, o tratamento preconizado com os medicamentos disponíveis nas
respectivas doses corretas e os mecanismos de controle, o acompanhamento e a
verificação dos resultados, sendo um mecanismo para garantir a prescrição segura e
eficaz (Silva, 2000; CONASS, 2004).
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
31

Na Bahia, o Programa de Medicamentos de Dispensação em Caráter Excepcional,


conhecido como PEMAC (Programa Estadual de Medicamentos de Alto Custo) foi
normatizado através da Portaria 1.772, de 10 de outubro de 2002, e é gerenciado
pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB).

II.6. A Demanda de Medicamentos não Selecionados e a Judicialização

Os medicamentos não contemplados na relação de medicamentos essenciais dos


serviços públicos e que possuem elevado custo tem o seu acesso dificultado,
geralmente, em decorrência dos seus preços elevados, principalmente para as
camadas da população que têm menor capacidade econômica (Naves & Silver,
2005).

O Programa de Medicamentos de Dispensação em Caráter Excepcional não atende


a todos, uma vez que os recursos destinados não são suficientes para atender a
toda a demanda, além do fato de algumas patologias apresentadas pelos pacientes
e para a qual o médico prescreveu o medicamento não serem contempladas pelo
protocolos cínicos do programa.

A demanda por medicamentos não selecionados tem sido cada vez mais crescente.
Este aumento seria em função de maior conscientização da população quanto aos
seus direitos, não observância das listas essenciais dos serviços públicos de saúde,
mudanças nos protocolos clínicos, influência das indústrias farmacêuticas ou de um
conjunto de fatores?

O texto de Lopes & Vasconcelos (2003) publicado na Revista RADIS, nº 43 de


março de 2006, e o de Gilson Carvalho, médico pediatra e de saúde pública,
disponibilizado na internet, indicam existir suspeitas fundadas, entretanto sem
provas concretas, de que alguns laboratórios multinacionais participam de esquemas
através de ações judiciais para forçar o Sistema Único de Saúde (SUS) a fornecer
estes medicamentos muito mais caros que aqueles utilizados para as mesmas
patologias e adotados pela REMUME ou pelo PEMAC.
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
32

Barros (2004) ressalta bem a existência de vínculos entre a indústria farmacêutica e


os autores de guias ou roteiros para a prática clínica. Menciona, ainda, estudo
realizado pela Universidade de Toronto, publicado pelo JAMA (Journal of American
Medical Association), o qual indica que uma fração significativa de autores dos
mencionados guias trabalharam ou foram consultores da indústria. Muitas vezes, os
referidos guias ou roteiros são utilizados pelos médicos para respaldar decisões
diagnósticas e terapêuticas. Este tipo de publicação se propõe a sintetizar as
evidências científicas sobre determinadas patologias, apresentando uma série de
recomendações práticas.

Temos ainda a ação das indústrias farmacêuticas através das propagandas.


Entretanto, neste âmbito, a ANVISA vem desenvolvendo parcerias com
universidades brasileiras procurando discutir o tema na comunidade acadêmica e,
conseqüentemente, sensibilizar futuros profissionais, cumprindo seu papel
educacional dentro da regulação. Desta forma foi iniciado o Projeto de Monitoração
de Propaganda e Publicidade de Medicamentos abrangendo todas as regiões do
país, que teve sua primeira fase encerrada em 2004 (Custódio, 2005).

Como conseqüência desta realidade, muitos passaram a recorrerem do uso de


processos administrativos ou judiciais junto aos órgãos governamentais para fazer
frente às suas necessidades de medicamentos. Tal fato tem sido agravado em
virtude de grande parte dos prescritores não levarem em conta a padronização
existente no município.

Atualmente, a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS) tem se deparado


com um número crescente de processos administrativos e judiciais requerendo o
fornecimento de medicamentos não contemplados em sua REMUME, que muitas
vezes possuem um equivalente farmacológico, ou que foi prescrito para uma
patologia onde não se tem uma eficácia terapêutica comprovada.

O acesso aos medicamentos não selecionados, denominados especiais pela AF do


município, além da via judicial, se dá através de processo individual de solicitação
de medicamentos junto às SMS. Ao processo de solicitação são anexados diversos
documentos como: relatório com justificativa médica, receita e outros documentos
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
33

(identidade, CPF e comprovante de residência). Estes processos são analisados por


uma comissão técnica. Quando aprovados, os medicamentos são comprados e
dispensados em locais referenciados.

CAPÍTULO III. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na pesquisa de literatura, não foi encontrado nenhum estudo que tivesse como
objeto, além dos processos judiciais, os administrativos de pleitos de medicamentos
não selecionados. Desta forma, não foi possível fazer comparações da situação
vivida pelo município de Salvador em relação a outros municípios no que diz
respeito aos processos não-judiciais.

No período de janeiro a dezembro de 2006, a Secretaria Municipal de Saúde de


Salvador (SMS) recebeu 264 processos para fornecimento de medicamentos, sendo
255 (96,6%) oriundos de seus munícipes e 9 (3,4%) de pessoas residentes em
outro município (Tabela 4). De acordo com o protocolo da Assistência
Farmacêutica desta Secretaria, estes últimos eram orientados a entrar em contato
com a Secretaria de Saúde do seu município de origem ou com a SESAB para
redirecionarem o seu pedido.

O fato de o município de Salvador já possuir um fluxo definido para os pleitos de


medicamentos não selecionados, já atender aqueles munícipes que tiveram parecer
técnico favorável do seu processo e alguns pacientes do interior do Estado terem
atendimento médico em hospital da capital foram fatores que contribuíram para que
cidadãos de outros municípios viessem a requerer os seus medicamentos junto ao
município de Salvador, fatores estes presentes em 100% dos casos.
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
34

2,3%

97,7%

Processos Administrativos
Processos Judiciais

Gráfico 1. Distribuição do tipos de processos de pleitos de medicamentos


junto à SMS em 2006, de acordo com a sua natureza.

O número total de processos foi significativamente superior aos anos anteriores,


conforme pode ser verificado no Gráfico 2, correspondendo a um aumento de 59%
em relação a 2005. A maioria dos pleitos (97,7%) constituiu em processos
administrativos e apenas 2,3% de ordem judicial (Gráfico 1). O número de ações
judiciais contra o município de Salvador pode ser considerado ainda pequeno e
talvez possa ser creditado ao fato de já existir uma articulação entre a Secretaria
Municipal de Saúde e o Ministério Público, através da qual a equipe técnica da SMS
subsidia os promotores e orienta quanto às alternativas terapêuticas disponíveis
para cada caso, buscando atender melhor as necessidades da população e evitar,
assim, que esta procure recorrer através de ação judicial para obter o seu
medicamento.

No período estudado, os processos totalizaram 524 itens solicitados, constituindo-se


de 185 diferentes medicamentos. Destes, estavam relacionados no PEMAC 12,5%
dos itens (de acordo com a Portaria GM 1318/2002); dos contemplados na
REMUME haviam 21,2% (com 64,1% da Farmácia Básica) e outros 64,1% não
estavam contemplados em nenhum destes grupos.
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
35

Nº de Processos 300
275
264
250
225
200 166
175
150
125
87
100
75
50
14
25 1
0
2002 2003 2004 2005 2006 Ano

Gráfico 2. Histórico do número de processos de pleito de Medicamentos


no período de 2002 a 2006 na Secretaria Municipal de Saúde de Salvador.

Município n %
Salvador 255 96,6
Feira de Santana 2 0,8
Alagoinhas 1 0,4
Cardeal da Silva 1 0,4
Camaçari 1 0,4
Simões Filho 2 0,8
Xique-Xique 1 0,4
Município não informado 1 0,4
TOTAL 264 100,0
Tabela 4. Distribuição dos processos de acordo com o município de residência
do pleiteante.

Os medicamentos mais solicitados foram o ácido ursodesoxicólico, tiotrópio e o


clopidogrel (Tabela 5), nenhum destes contemplado pela REMUME. Por outro lado,
apenas o ácido ursodesoxicólico faz parte do PEMAC e apenas para tratamento de
cirrose biliar primária. Quando se tratava de medicamento já fornecido normalmente
pelo município, o paciente era orientado a procurar uma das unidades de saúde da
rede municipal.
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
36

Medicamento n %
ácido ursodesoxicólico 47 25,5
Tiotrópio 38 20,7
Clopidogrel 29 15,8
Sinvastatina 16 8,7
Anlodipina 14 7,6
Aas 13 7,1
Metoprolol 11 6,0
Captopril 10 5,4
Losartam 8 4,3
Atorvastatina 7 3,8
Enalapril 7 3,8
formoterol + budesonida 7 3,8
Domperidona 6 3,3
Enoxaparina 6 3,3
Omeprazol 6 3,3
Prednisona 6 3,3
Tabela 5. Freqüência dos medicamentos mais solicitados nos processos.

Considerando-se a origem da condução dos processos, verificou-se que 62,9%


(166) foram feitas pelo próprio paciente; familiares ou amigos foram responsáveis
por 25,0% (66); o Ministério Público conduziu 7,2% (19); seis processos (2,3%)
foram través de Varas de Justiça; 1,5% (4 processos) foram conduzidos pela
Secretaria Estadual de Saúde (SESAB) e 1,2% (3 processos) pelo Ministério da
Saúde, Conselho Tutelar e associação de bairro.

As ações judiciais tiveram como réus as três esferas de gestores, o federal, o


estadual e o municipal, simultaneamente, baseando-se no princípio da
responsabilidade solidária. Deste modo, dos 6 processos de ordem judicial, quatro
(66,7%) foram atendidos e os outros 2 foram encaminhados para a SESAB, tendo
em vista o fato de em um deles a autora não ser munícipe de Salvador e, no
segundo, o medicamento pleiteado requerer a sua administração em unidade
hospitalar, tendo em vista a sua forma de uso (através de perfusão) e do risco de
ocorrência de reações associadas à sua administração, necessitando observação
médica durante a utilização, e o referido tratamento não fazer parte das ações
37
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

desenvolvidas pela rede municipal de saúde, a qual ainda não possui unidade
hospitalar.

Ao se analisar o tipo de unidade de saúde em que os interessados dos processos


foram acompanhados, verificou-se que 21,8% utilizavam atendimento particular ou
através de planos privados de saúde, enquanto 78,2% das unidades eram
conveniadas ao SUS. Observou-se que 29,0% dos autores eram oriundos de
clínicas particulares; 26,8% de hospital federal universitário; 13,0% de hospitais
privados conveniados com o SUS e 8,0% de consultórios médicos particulares
(Quadro 1). Analisando-se estes dados, podemos concluir que 43,5% dos pacientes
não são de baixa renda, uma vez que as prescrições são originadas de instituições
particulares e através de plano suplementar.

Quadro 1. Freqüência de acordo com o vínculo de atendimento entre o


paciente e a unidade de saúde onde este foi acompanhado.

Clínica
- particular / plano suplementar 29,0%
- através do SUS 12,3%
Hospital universitário (federal) 26,8%
Hospital privado
- particular / plano suplementar 6,5%
- através do SUS 13,0%
Consultório
- particular / plano suplementar 8,0%
Hospital estadual 2,2%
Unidade básica de saúde (municipal) 2,2%

Constatou-se, através das entrevistas aos usuários, que 53,6% dos pacientes foram
orientados pelo prescritor a pleitear os medicamentos junto ao Ministério Público ou
diretamente à Secretaria de Saúde.

Estas situações corroboram a idéia de que os usuários com menor renda e/ou baixo
nível de esclarecimento são menos beneficiados nesta busca de medicamentos não
selecionados.

A Tabela 6 mostra os grupos de doenças mais freqüentes que levaram ao pleito dos
medicamentos junto à SMS, de acordo com a classificação do Código
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
38

Internacional de Doenças – 10ª. Revisão (CID10), onde se observa o predomínio de


doenças dos aparelhos circulatório (32,6%), digestivo (21,2%) e respiratório (17,4%),

Patologia (CID) n %
Doenças do aparelho circulatório (I00-I99) 86 32,6
Doenças do aparelho digestivo (K00-K93) 56 21,2
Doenças do aparelho respiratório (J00-J99) 46 17,4
Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas (E00-E90) 37 14,0
Patologias Associadas 25 9,5
Doenças do sistema nervoso (G00-G99) 21 8,0
Doenças do olho e anexos (H00-H59) 13 4,9
Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo (M00-M99) 9 3,4
Transtornos mentais e comportamentais (F00-F99) 7 2,7
Doenças do aparelho geniturinário (N00-N99) 6 2,3
Algumas doenças infecciosas e parasitárias (A00-B99) 4 1,5
Doenças da pele e do tecido subcutâneo (L00-L99) 4 1,5
Doenças do sangue e dos órgãos hematopoéticos e alguns transtornos 2 0,8
imunitários (D50-D89)
Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas 2 0,8
(Q00-Q99)
Neoplasias [tumores] (C00-D48) 2 0,8
Outras 6 2,3
Tabela 6. Distribuição das patologias apresentadas pelos pacientes, de acordo com o
relatório médico apresentado, que os levaram a pleitear medicamentos ao município de
Salvador, em 2006, de acordo com o CID-10.

destacando-se a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), a hipertensão arterial


severa e a colangite esclerosante primária (Tabela 8). Setenta e sete pacientes
(29,2%) tinham em seu relatório médico mais de uma patologia associada. Vale
ressaltar que as doenças do Aparelho Circulatório e Respiratório encontram-se entre
os grupos de patologias de maior taxa de mortalidade em Salvador (Tabela 7).

A entrevista com os solicitantes dos medicamentos foi obtida com 28 pessoas


(10,6%) do total de 264. Constatou-se que 67,9% utilizam o SUS para atendimento
médico, enquanto 53,6% possuem plano privado de saúde.

O conhecimento da existência de uma relação de medicamentos selecionados, os


quais são fornecidos gratuitamente nas farmácias dos centros de saúde do
município, foi referido por apenas 28,6% dos entrevistados.
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
39

Apenas 14,3% dos pacientes entrevistados referiram conhecer o Programa Estadual


de Dispensação de Medicamentos Excepcionais (PEMAC), enquanto apenas 7,1%
afirmou saber que a SESAB é a responsável pelo Programa no Estado.

Causa (CID10 CAP) N° óbitos % Taxa


I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias 807 6,0 29,7
II. Neoplasias (tumores) 2.004 14,9 73,8
III. Doenças sangue órgãos hemat e transt imunitár 102 0,8 3,8
IV. Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas 880 6,5 32,4
V. Transtornos mentais e comportamentais 93 0,7 3,4
VI. Doenças do sistema nervoso 191 1,4 7,0
VII. Doenças do olho e anexos 2 0,0 0,1
VIII.Doenças do ouvido e da apófise mastóide 5 0,0 0,2
IX. Doenças do aparelho circulatório 3.421 25,4 126,0
X. Doenças do aparelho respiratório 1.642 12,2 60,5
XI. Doenças do aparelho digestivo 651 4,8 24,0
XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo 75 0,6 2,8
XIII.Doenças sist osteomuscular e tec conjuntivo 80 0,6 2,9
XIV. Doenças do aparelho geniturinário 332 2,5 12,2
XV. Gravidez parto e puerpério 18 0,1 0,7
XVI. Algumas afec originadas no período perinatal 1.173 8,7 43,2
XVII. Malf cong deformid e anomalias cromossômicas 114 0,8 4,2
XVIII.Sint sinais e achad anorm ex clín e laborat 267 2,0 9,8
XIX. Lesões enven e alg out conseq causas externas 6 0,0 0,2
XX. Causas externas de morbidade e mortalidade 1.613 12,0 59,4
XXI. Contatos com serviços de saúde - - -
Total 13.476 100,0 496,4
Fonte: CRA\SUIS\SIM
Dados sujeitos a retificações posterior
Tabela 7. Mortalidade proporcional e taxa de mortalidade (100.000 hab) por grupo de
causas (CID 10) - Salvador – 2006.

Na opinião da maioria dos solicitantes (60,7%), a Secretaria Municipal de Saúde


deve fornecer qualquer que seja o medicamento prescrito.

Analisando-se a faixa etária dos pacientes, houve um predomínio de pacientes com


idade compreendida entre 40 a 49 anos (20,4%) e 60 a 69 anos (18,1%), como pode
ser observado na Tabela 9.

Foram entrevistados 20 prescritores, equivalente a 20% do quadro de médicos de


uma das Unidades de Saúde que mais prescreveu dentre os processos de pleito de
medicamentos junto à SMS. Deste total, 60% referiram conhecer a existência da
REMUME, entretanto, apenas 2 (10%) disseram conhecê-la totalmente e 5 (25%)
conhecê-la em parte. Apesar de 35% dizer conhecê-la, 10 prescritores (50%)
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
40

disseram que o seu elenco de medicamentos não é suficiente para atender as


patologias mais freqüentes no município, e 2 outros (10%) disse atender em
parte.

PATOLOGIA FREQUÊNCIA

Doença Obstrutiva Pulmonar Crônica (DPOC) 36

Hipertensão Arterial Severa 32

Colangite esclerosante primária 15

Cardiopatia isquêmica 14

Dislipidemia 13

Glaucoma 10

Doença coronária obstrutiva 08

Insuficiência cardíaca 07

Cirrose 07

Diabetes 06

Tabela 8. As dez patologias mais freqüentes apresentadas pelos pacientes


de acordo com os relatórios médicos apresentados.

Ainda em relação aos prescritores, 13 (65%) relataram conhecer o PEMAC mas,


apenas 9 (45%) sabiam que este é gerido pela SESAB. Dos 20 profissionais, 55%
acha que o serviço público deve fornecer qualquer medicamento, desde que o
cidadão não disponha de recursos financeiros para adquiri-lo.

Os processos de solicitações de medicamentos não selecionados envolve 60% da


equipe técnica do setor de Assistência Farmacêutica da SMS, desde o cadastro do
processo até a dispensação dos medicamentos aos pleiteantes.

De acordo com o desfecho dos processos, 85,9% tiveram o pleito deferido (sendo 6
deles de ordem judicial). Dentre os pedidos indeferidos (14%), nove (6,3%) foram
encaminhados à Secretaria Estadual de Saúde por terem os medicamentos
pleiteados e as patologias contempladas pelo PEMAC, seis outros (4,2%) foram
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
41

encaminhados à SES por serem os pleiteantes residentes de outros municípios e


3,5% foram orientados à procurarem as Unidades de Saúde da rede municipal,
tendo em vista o fato dos medicamentos já serem dispensados normalmente nestas
Unidades de Saúde.

n Faixa Etaria %
< 1 ano 1 0,4
01 a 04 anos 9 3,3
05 a 09 anos 5 1,9
10 a 14 anos 9 3,3
15 a 19 anos 5 1,9
20 a 29 anos 19 7,0
30 a 39 anos 19 7,0
40 a 49 anos 55 20,4
50 a 59 anos 37 13,7
60 a 69 anos 49 18,1
70 a 79 anos 35 13,0
80 e + anos 10 3,7
Ign 17 6,3
TOTAL 270 100,0
Tabela 9. Distribuição dos processos por faixa etária.

Foram gastos pela Secretaria Municipal de Saúde para atender os processos de


solicitação de medicamentos não selecionados, um montante de R$ 235.419,60,
valor este equivalente a 5,21% do total gasto com itens da Farmácia Básica.
Daquele valor, as ações judiciais foram responsáveis por 34,4% do total.
Considerando que foram apenas seis ações judiciais e somente 4 delas foram
atendidas, o montante é de valor considerável. Vale ressaltar que o valor gasto com
medicamentos não selecionados não corresponde ao fornecimento para 12 meses,
uma vez que os pleitos foram ocorrendo ao longo do ano e não foram de pronto
atendidos.

Considerando-se que o valor gasto para aquisição de medicamentos da farmácia


básica (R$ 4.522.423,63) objetivou atender 2.714.977 habitantes (fonte:
SMS/CRA/SUIS/SIM) do município durante todo o ano de 2006, e que foram gastos
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
42

o equivalente a 5,21% (235.419,60) deste valor com medicamentos não


selecionados, podemos afirmar que o recurso utilizado para atender estes 227
pacientes no mesmo período seriam suficientes para atender 141.450 habitantes
com medicamentos básicos, o que demonstra que essas solicitações são bastante
onerosas para o SUS, prejudicando a coletividade.

Vale ressaltar que os recursos que deixam de ser utilizados na atenção primária
muitas vezes podem levar à complicações decorrentes de determinadas patologias
tais como hipertensão e diabetes, como AVC e amputações, respectivamente,
aumentando a demando do nível de atenção secundária e terciária, com custos
muito mais elevados ao SUS e, principalmente, à qualidade de vida do paciente.

CAPÍTULO IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O número de ações judiciais no município de Salvador pode ser considerado


pequeno, quando comparado em relação ao número total de pleitos realizados
através de processos. Este quadro difere do que se tem verificado na literatura
acerca do assunto, apesar de escassa, e que geralmente se refere às secretarias
estaduais. Contudo, este fato pode ser explicado pela articulação entre a Assistência
Farmacêutica municipal e o Ministério Público, o que é evidenciado pelo número de
processos demandados por este junto à SMS. Por outro lado, o valor gasto com as
ações judiciais é de vulto considerável quando comparado com o total gasto com
processos administrativos, haja visto que atende um número muito limitado de
munícipes.

Os resultados verificados evidenciam a necessidade de revisar a REMUME; diante


do perfil nosológico atual da população; estabelecer a competência do município,
Estado ou União quanto ao fornecimento destes medicamentos; regulamentar o
acesso e o fluxo de atendimento à população através de Portaria, a qual deverá
levar em consideração a utilização de Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas
como um dos critérios de acesso; buscar subsidiar o sistema judiciário de
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador 43 .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Informações técnicas para as decisões referentes às ações judiciais, além de


promover a ampla divulgação da REMUME junto aos prescritores.

Faz-se necessário, ainda, realizar uma conscientização dos profissionais médicos da


necessidade de se observar o elenco de medicamentos disponibilizados pelas
secretarias de saúde, quando o paciente pretende obter o que lhe foi prescrito junto
ao SUS, evitando a prescrição de medicamentos inadequados, onerosos e com
existência de similar com igual efeito terapêutico.

Estas ações têm, portanto, o objetivo de evitar comprometer as Políticas Municipal,


Estadual e Nacional de Medicamentos, a eqüidade no acesso e o uso racional de
medicamentos no Sistema Único de Saúde.
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
44

BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, C. Eqüidade e reforma setorial na América Latina: um debate


necessário. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 18, p. 23-36, 2002. Suplemento.

ALMEIDA, C. et al. Reforma do estado e reforma de sistemas de saúde:


Experiências internacionais e tendências de mudança. Ciência & Saúde Coletiva,
vol. 4, b. 2, p. 263-286, 1999.

BAHIA. Secretaria de Saúde do Estado da Bahia. Portaria nº 1.772 de 10 Outubro


de 2002.

BARROS, J. A. C. Políticas farmacêuticas: a serviço dos interesses da saúde?


Brasília: UNESCO, 2004. 264 p.

BELTRAME, A. Ampliação do acesso a medicamentos de alto custo: uma análise da


política brasileira. Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, Instituto de Medicina Social. 2002. 103p.

BRASIL. Lei nº 8.080. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e


recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União; 20 set. 1990.

______. Ministério da Saúde. Norma Operacional Básica do Sistema Único de


Saúde/NOB-SUS 96. Brasília: Ministério da Saúde; 1997.

______. Ministério da Saúde. Portaria MS nº 3.916, de 30 de outubro de 1998.


Aprova a Política Nacional de Medicamentos. Brasília, DF: Diário Oficial (da)
República Federativa do Brasil, nº 215 de 10 de nov. de 1998.

______. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Texto para Discussão Nº


687: Princípios de Justiça na Alocação de Recursos em Saúde. Rio de Janeiro:
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 1998.
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
45

______. Ministério da Saúde. Política Federal de Assistência Farmacêutica 1990 a


2002. / Ministério da Saúde. 44 p. Elaborado por Barjas Negri. – Brasília: Ministério
da Saúde, 2002.

______. Ministério da Saúde. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais :


RENAME – 2002. Gerência Técnica de Assistência Farmacêutica. Brasília: Ministério
da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde. 96p. 2002

______. Conselho Nacional de Saúde. Resolução 338 de 06 de maio de 2004.


aprova a Política Nacional de Assistência Farmacêutica. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, nº de 20 de maio de 2004.

______. Ministério da Saúde. Portaria 2.084/GM de 28/10/05 – Normas,


responsabilidades e recursos a serem aplicados no financiamento de Assistência
Farmacêutica na Atenção Básica. 2005.

______. Ministério da Saúde - Gerência Técnica de Assistência Farmacêutica.


Assistência Farmacêutica na Atenção Básica: instruções técnicas para sua
organização. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.

______. Portaria 2.475, de 13 de outubro de 2006. Aprova a 4ª edição da Relação


Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename). Diário Oficial da União, 2006.

______. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Denominações Comuns


Brasileiras (DCB). http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/dcb/2006. (Acessado em
04/07/2007).

______. Ministério da Saúde - Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos


Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos.
Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: Rename. 5ª ed. Brasília: Ed. MS,
2007.

CARVALHO, G. Os governos trincam e truncam o conceito da integralidade. Radis,


49, p.16, set. 2006.
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
46

______. SAÚDE: O tudo para todos que sonhamos e o tudo que nos impingem os
que lucram com ela. (Citado em 13 dez 2005, 23:58 H). Disponível na internet
(http://www.opas.org.br/observatório/Arquivos/Destaque92.doc)

CONASEMS. Judicialização de Saúde. Rev. Conasems, Ed. junho/julho, nº 06.


2004.

CONASS. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Para entender a gestão do


SUS. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Brasília : CONASS, 2003.

______. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Medicamentos Excepcionais.


CONASS. Consensus, Ed agosto, nº 5. 2004 p. 6-9.

______. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Assistência Farmacêutica:


Medicamentos de Dispensação em Caráter Excepcional. CONASS. Ed. dezembro,
nº 5, 64p, 2004.

COSENDEY, M. A. E. et al. Assistência farmacêutica na atenção básica de saúde: a


experiência de três estados brasileiros. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, vol. 16,
n. 1, p. 171-182, jan-mar, 2000.

COSTA, R. C. R. Descentralização, Financiamento e Regulação: A reforma do


sistema público de saúde no Brasil durante a década de 1990. Revista de Sociologia
e Política. n. 18, p. 49-71, jun, 2002.

CUSTÓDIO, B. B., VARGAS, S. L. Z. PROPAGANDA DE MEDICAMENTOS -


Medicamento e lucro: uma associação pouco saudável. Monografia apresentada à
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), Rio de Janeiro.
2005.

DUARTE, M. C. R. Eqüidade na legislação: um princípio do sistema de saúde


brasileiro. Ciência & Saúde Coletiva, v.5, nº 2, p.443-463, 2000.
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
47

GARCIA, M. et al. Vigilância em Saúde. Rio de Janeiro : Escola de Governo em


Saúde – Coleção Escola de Governo. Série Trabalhos de Alunos. Vigilância em
Saúde ; n. 1. 2004. 136 p.

LOPES, C. R., VASCONCELOS, W. Quando o Remédio Pode Virar Veneno. Radis,


43, p.10-13, mar. 2003.

LUCCHESE, P. T. R. Eqüidade na gestão descentralizada do SUS: desafios para a


redução de desigualdades em saúde. Cien. Saúde Coletiva, v. 8, n. 2, p. 439-448,
2003.

MARQUES, M. B. Acessibilidade aos medicamentos: o desafio de vincular ciência,


tecnologia, inovação e saúde no Brasil. Brasília : CGEE, 2002.

MARQUES, S. B. A relação do sistema jurídico e do sistema político na garantia do


direito social à assistência farmacêutica: o caso do Estado de São Paulo. Tese
apresentada a Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública. São Paulo;
s.n; [230]. 2005.

MARQUES, S. B., DALLARI, S. G. Garantia do direito social à assistência


farmacêutica no Estado de São Paulo. Rev. Saúde Pública. v. 41, n. 1. São
Paulo, fev. 2007.

MAYORGA, P. et al. Serviços farmacêuticos no sus: quando se efetivará? In:


MISOCZKY, M. C., BORDIN, R. Gestão local em saúde: práticas e reflexões. Porto
Alegre : Dacasa, p. 196-205. 2004.

MESSEDER, A. M., OSORIO-DE-CASTRO, C. G. S., LUIZA, V. L.. Mandados


judiciais como ferramenta para garantia do acesso a medicamentos no setor público:
a experiência do Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de
Janeiro, v. 21, n. 2, p. 525-534, mar-abr, 2005.
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
48

MPF. Ministério Público Federal. Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão –


Grupo de Saúde. Manual de Atuação do Ministério Público Federal em Defesa do
Direito à Saúde. Brasília, 2005. 109 p.

NAVES, J. O. S. & SILVER, L. D. Avaliação da assistência farmacêutica na atenção


primária no Distrito Federal. Rev. Saúde Pública, Rio de Janeiro. v. 39, n. 2, p. 223-
30. 2005.

OLIVEIRA, M. J. L. Assistência Farmacêutica: a percepção dos gestores e


profissionais de saúde de São Luís (MA). Dissertação apresentada ao Programa de
Pós Graduação em Ciências Farmacêuticas, em nível de Mestrado
Profissionalizante Gestão da Assistência Farmacêutica da Faculdade de Farmácia
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 2004. 134 p.

OPAS. Organização Pan-Americana da Saúde. Avaliação da Assistência


Farmacêutica no Brasil. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, BRASIL.
Ministério da Saúde. 2005. 260p.

OMS. Organización Mundial de la Salud. Funciones públicas y privadas en el sector


farmacéutico: Consecuencias para el acceso equitativo y el uso racional de los
medicamentos - Serie ''Economía de la salud y medicamentos'', No. 5 OMS/EDM;
1997; 116 p.

PEREIRA, L. S. P. et al. As ações e serviços de saúde nos municípios do estado de


Minas Gerais: uma análise preliminar do SIOPS. monografia apresentada no Curso
de Especialização em Gestão e Sistemas e Serviços de Saúde. Departamento de
Medicina Preventiva e Social/FM/UFMG e OPAS/MS/SESMG/COSEMS-MG. 2003.

SALVADOR, Secretaria Municipal de Saúde / Comissão de Farmácia e Terapêutica.


Relação Municipal de Medicamentos Essenciais. 2004. 22 p.

SANTOS, L. O SUS e os contornos jurídicos da integralidade da atenção à saúde.


Radis, 49, p.35, set. 2006.
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
49

SANTOS, S. C. M. Melhoria da equidade no acesso aos medicamentos no Brasil: os


desafios impostos pela dinâmica de competição extra-preço. Tese apresentada a
Escola Nacional de Saúde Pública para obtenção do grau de Mestre. Rio de Janeiro;
s.n; 8 out. 2001. 180 p.

SILVA, R. C. S. Medicamentos excepcionais no âmbito da assistência farmacêutica


no Brasil. Dissertação de Mestrado apresentada à Escola Nacional de Saúde
Pública. Rio de Janeiro : s.n., 2000. 215p.

SILVA, F. V. N. Considerações Sobre a Judicialização do Acesso à Saúde.


Monografia submetida à Comissão Julgadora do Prêmio Ajuris – Direito Humanos.
Pelotas, 2005.

SOUZA, R. R. Redução das desigualdades regionais na alocação dos recursos


federais para a saúde. Cien. Saúde Coletiva, v. 8, n. 2, p. 449-460, 2003.

TRAVASSOS, C. Eqüidade e o Sistema Único de Saúde: uma contribuição para


debate. Cad. Saúde Pública, v.13, n.2, Rio de Janeiro; abr./jun. 1997.

VIEIRA F.S. & ZUCCHI, P. Distorções causadas pelas ações judiciais à política de
medicamentos no Brasil. Rev Saúde Pública. V. 41, n. 2, p. 214-22. 2007.

WANNMACHER, L. Medicamentos essenciais: vantagens de trabalhar com este


contexto. Uso Racional de Medicamentos: Temas Selecionados. Organização Pan-
Americana da Saúde, Brasília, v. 3, n. 2, janeiro. 2006.

WHO. World Health Organization. Globalization, TRIPS and access to


pharmaceuticals. WHO Policy Perspectives on Medicines. Geneva, World Health
Organization, n.3, 2001.

______. Collaborating Centre for Drugs Statistics Methodology. Anatomical


Therapeutic Chemical Classification (ATC code). (Citado em 07 jul 2007) Disponível
na internet (http://www.whocc.no/atcddd/).
Acesso a Medicamentos não Selecionados: Impactos Sobre a Gestão da Assistência Farmacêutica no Município de Salvador .
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
50

______. World Health Organization. The Selection of Essential Medicines. WHO


Policy Perspectives on Medicines. Geneva, World Health Organization, n. 4, 2002.

______. World Health Organization. Equitable access to essential medicines: a


framework for collective action. WHO Policy Perspectives on Medicines. Geneva,
World Health Organization, n. 8, 2004.

2º Encontro Nacional de Farmacêuticos do SUS. Debate: judicialização de


medicamentos. (Citado em 14 dez 2005, 00:40 H). Disponível na internet (http://
www.crfmg.org.br /CongressoVIII / Atual / áreas / saúde / saude_220905_2.html).

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Site: www.ibge.org.br

O Direito ao Fornecimento Estatal de Medicamentos. (Citado em 13 dez 2005, 11:40


H). Disponível na internet (http://www.mp.rs.gov.br/dirhum/doutrina/id238.htm).
ANEXO I

QUESTIONÁRIO PARA
O PRESCRITOR

1 - O(a) Sr.(a.) sabia que o município possui uma relação de


medicamentos selecionados como Medicamentos Essenciais (REMUME)?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro

2 – O(a) Sr.(a.) conhece os medicamentos que fazem parte desta


Relação?

( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte

3 – Conhecendo a REMUME, o(a) Sr.(a.) acha que o seu elenco de


medicamentos é suficiente para atender as patologias mais freqüentes no
município?

( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte ( ) Não sei

4 – O(a) Sr.(a.) conhece o Programa de Medicamentos de Dispensação


Excepcional, também conhecido como PEMAC?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro

5 – O(a) Sr.(a.) sabe qual a instância responsável por este Programa


(PEMAC)?

( ) O Município ( ) O Estado ( ) Não sei

6 – Na sua opinião, o SUS deve fornecer qualquer que seja o


medicamento que o cidadão necessite?

( ) Sim ( )Sim, desde quando ele não disponha de recursos financeiros.

( ) Não, apenas os padronizados!

( ) Além dos padronizados, apenas se for de uso crônico

( ) Além dos padronizados, apenas se for de custo elevado

( ) Além dos padronizados, apenas se houver risco de morte para o paciente


ANEXO II

QUESTIONÁRIO PARA
O USUÁRIO

1 - O(a) Sr.(a.) utiliza o SUS para atendimento médico?

( ) Sim ( ) Não

2 - O(a) Sr.(a.) possue plano de saúde além do SUS?

( ) Sim ( ) Não

3 - O(a) Sr.(a.) já ouviu falar que o município possui uma relação de


medicamentos padronizados?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro

4 - O(a) Sr.(a.) sabia que a Secretaria de Saúde de Salvador fornece nos


Postos de Saúde apenas os medicamentos que fazem parte desta
padronização?

( ) Sim ( ) Não

5 – O(a) Sr.(a.) conhece o Programa de Medicamentos de Dispensação


Excepcional, também conhecido como PEMAC?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro

6 – O(a) Sr.(a.) sabe quem é responsável por este Programa (PEMAC)?

( ) O Município ( ) O Estado ( ) Os dois ( ) Não sei

7 - O(a) Sr.(a.) acha que o SUS deve fornecer qualquer que seja o
medicamento que o cidadão necessite?

( ) Sim ( )Sim, desde quando ele não disponha de recursos financeiros.

( ) Não, apenas os padronizados.

( ) Além dos padronizados, apenas se for de uso crônico.

( ) Além dos padronizados, apenas se for de custo elevado.

( ) Além dos padronizados, apenas se houver risco de morte para o paciente.


8 – O que levou o(a) Sr.(a.) a solicitar o fornecimento do(s)
medicamento(s) à Secretaria Municipal de Saúde?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

9 – Como o(a) Sr.(a.) ficou sabendo sobre esta possibilidade de aquisição


através da Secretaria Municipal de Saúde?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________
ANEXO III

QUESTIONÁRIO PARA
O GERENTE DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA

1 – Foi realizada divulgação da existência da REMUME?

Sim:
( ) Amplamente para os prescritores.
( ) Amplamente para os usuários.
( ) Amplamente para os prescritores e usuários.
( ) Apenas nas Unidades de Saúde da Rede Municipal.
( ) Apenas nas Unidades de Saúde da Rede Municipal e conveniadas
ao SUS.
( ) Parcialmente, para os prescritores.
( ) Parcialmente, para os usuários.
( ) Parcialmente, para os prescritores e usuários.

( ) Não foi realizada.

2 – Qual o número de técnicos disponíveis no setor de AF?

____________________________

3 – Qual o número de técnicos envolvidos com os processos de pleitos


de medicamentos (análise e acompanhamento)?

____________________________
ANEXO IV

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Estão sendo fornecidas as informações para sua participação voluntária em


pesquisa intitulada “ACESSO A MEDICAMENTOS NÃO SELECIONADOS:
IMPACTOS SOBRE A GESTÃO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NO MUNICÍPIO
DE SALVADOR”, para a qual temos o prazer de convidá-lo(a) para participar como
nosso entrevistado.
O objetivo deste estudo é conhecer e analisar as características dos pleitos
jurídicos e administrativos de medicamentos não contemplados pela Relação
Municipal de Medicamentos Essenciais com vistas a identificar as consequências
econômicas e técnicas à gestão da assistência farmacêutica no município de
Salvador.
O presente estudo é orientado pela Profa. Dra. Maria do Carmo Lessa
Guimarães que faz parte do Núcleo de Estudo e Pesquisa em Assistência
Farmacêutica (NEPAF), do Núcleo de Pós Graduação em Administração da
Universidade Federal da Bahia, e tem como autores os farmacêuticos Jucelino Nery
da Conceição Filho e Adriana de Souza Pereira Domingues, da Secretaria Municipal
de Saúde de Salvador, alunos do curso de Especialização em Assistência
Farmacêutica da Faculdade de Farmácia da UFBA.
A metodologia adotada prevê a aplicação de entrevistas a prescritores e
pacientes envolvidos no pleito de medicamentos não selecionados pelo município de
Salvador e pesquisa documental nos arquivos do município.
Os pesquisadores asseguram que não há riscos de qualquer natureza para os
participantes desta pesquisa, assim como é garantido que, em qualquer etapa do
estudo, terá acesso aos pesquisadores responsáveis para esclarecimento de
eventuais dúvidas. É garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer
momento do estudo. As informações obtidas serão analisadas em conjunto as dos
demais participantes, não sendo divulgada a identificação dos mesmos sem o seu
consentimento e dos demais. Não há despesas pessoais para o participante em
qualquer fase do estudo. Também na há compensação financeira relacionada a sua
participação. Os pesquisadores se comprometem a utilizar os dados coletados
somente para esta pesquisa.

Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que
foram lidas para mim, descrevendo o estudo. Ficaram claros para mim quais são os
propósitos do estudo, a garantia de confidencialidade e de esclarecimentos.

Concordo voluntariamente em participar desta pesquisa e poderei retirar o meu


consentimento a qualquer momento, antes ou durante a mesma, sem penalidade ou
prejuízo.

Data: ___________________, _____ de _______________ de 2007

Nome completo ______________________________________________________

___________________________________________________________
Assinatura do participante

Das könnte Ihnen auch gefallen