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da Folha Online
Os mercados ao redor do mundo estão preocupados com o setor imobiliário nos Estados
Unidos, que atravessou um "boom" nos últimos anos. O medo principal é sobre a oferta de
crédito disponível, já que, há algumas semanas, foi detectada uma alta inadimplência do
segmento que engloba pessoas com histórico de inadimplência e que, por conseqüência,
podem oferecer menos garantia de pagamento --é o chamado crédito "subprime" (de
segunda linha).
Justamente por causa do alto volume de dinheiro disponível ultimamente, o "subprime" foi
um setor que ganhou força e cresceu muito. A atual crise, assim, é proporcional à sua
expansão.
Como os empréstimos "subprime" embutem maior risco, eles têm juros maiores, o que os
torna mais atraentes para gestores de fundos e bancos em busca de retornos melhores.
Estes gestores, assim, ao comprar tais títulos das instituições que fizeram o primeiro
empréstimo, permitem que um novo montante de dinheiro seja novamente emprestado,
antes mesmo do primeiro empréstimo ser pago.
Também interessado em lucrar, um segundo gestor pode comprar o título adquirido pelo
primeiro, e assim por diante, gerando uma cadeia de venda de títulos.
Porém, se a ponta (o tomador) não consegue pagar sua dívida inicial, ele dá início a um ciclo
de não-recebimento por parte dos compradores dos títulos. O resultado: todo o mercado
passa a ter medo de emprestar e comprar os "subprime", o que termina por gerar uma crise
de liquidez (retração de crédito).
Arte Folha
No mundo da globalização financeira, créditos gerados nos EUA podem ser convertidos em
ativos que vão render juros para investidores na Europa e outras partes do mundo, por isso o
pessimismo influencia os mercados globais.
O estopim para a tensão mundial foi justamente uma notícia vinda da Europa, de que o
banco francês BNP Paribas, um dos principais da região, havia congelado o saque de três de
seus fundos de investimentos que tinham recursos aplicados em créditos gerados a partir de
operações hipotecárias nos EUA. A instituição alegou dificuldades em contabilizar as reais
perdas desses fundos.
Para socorrer os mercados financeiros e garantir que eles tivessem dinheiro para emprestar,
os principais bancos centrais do planeta --o BCE (Banco Central Europeu), o Federal Reserve
(Fed, o BC americano) e o Banco do Japão, além de entidades da Austrália, Canadá e
Rússia-- intervieram e liberaram bilhões de dólares em recursos aos bancos. O medo é que
com menos crédito disponível, caia o consumo e diminua o crescimentos das economias.
Como a crise americana provoca aversão ao risco, os investidores em ações preferem sair
das Bolsas, sujeita a oscilações sempre, e aplicar em investimentos mais seguros. Além
disso, os estrangeiros que aplicam em mercados emergentes, como o Brasil, vendem seus
papéis para cobrir perdas lá fora. Com muita gente querendo vender --ou seja, oferta
elevada--, os preços dos papéis caem.