Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
1
- Em 1886, mais um engenheiro cearense, Tristão Franklin Alencar, reativou a
idéia, mas dificuldades financeiras e viabilidades técnicas do projeto fizeram
com que ele desistisse da idéia da transposição.
- O projeto de transposição teve ainda iniciativas posteriores, sem sucesso. Em
1909 foi criada a Inspetoria de Obras Contra as Secas (IOCS), que elaborou
um mapa com o canal que interligaria o Rio São Francisco ao Rio Jaguaribe,
projeto repensado em 1919 com criação da Inspetoria Federal de Obras Contra
as Secas (IFOCS), e arquivado.
- No governo Getúlio Vargas, com a criação do Departamento de Obras
Contra as Secas (DNOCS), o assunto voltou a ser tema de estudo.
- Entre os anos de 1981 e 1985 o projeto começou a ser examinado no
DNOCS, aonde os técnicos chegaram a elaborar um projeto de transposição
em parceria com um organismo norte-americano especializado em agricultura,
irrigação, solos e recursos hídricos. A idéia era captar 15% da vazão do Velho
Chico. O projeto foi analisado por um grupo de consultores do coronel Mário
Andreazza, para atender a seus interesses políticos, já que ambicionava a
Presidência da República, na sucessão ao Presidente Figueiredo, o projeto foi
arquivado.
- Em 1993, no Governo de Itamar Franco, o Ministro da Integração Nacional,
Aluízio Alves reabriu a discussão, propondo a construção de um canal em
Cabrobó, para retirar do São Francisco até 150m³/s de água, com o propósito
de beneficiar áreas do Ceará e Rio Grande do Norte. Em 1994, o Governo
Itamar Franco chegou a anunciar que faria a licitação para que fossem feitos
os projetos básicos das obras. O projeto foi fulminado por um parecer do
Tribunal de Contas da União que alegou ser o projeto prejudicial à produção
das hidrelétricas, impedia o crescimento da irrigação em Minas Gerais e na
Bahia, não fazia parte do planejamento da administração federal e era
ignorado pelo Ministério da Agricultura.
- Em 1995, primeiro mandato do Presidente Fernando Henrique Cardoso, o
projeto esteve muito próximo de ser executado. O governo federal tinha gasto
R$ 10 milhões para a elaboração do projeto básico, feito no segundo semestre
do ano anterior. Na época, foram contratados 480 técnicos (entre engenheiros,
economistas e agrônomos) para dar parecer sobre os estudos da transposição.
Ainda nessa época, o governo federal chegou a realizar audiências públicas
para que o projeto fosse realizado e depois lançou um edital para execução das
obras. No entanto, algumas empresas entraram com uma ação na Justiça com
um pedido de suspensão para impedir que os vencedores da licitação
2
iniciassem a obra.
- Os paraibanos Cícero Lucena e Fernando Catão, quando ocuparam a
Secretaria Especial de Políticas Regionais, durante o primeiro mandato do
Presidente Fernando Henrique Cardoso, redesenharam o projeto de Aluízio
Alves. Nesse período, a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São
Francisco (CODEVASF) desenvolveu um projeto próprio para fornecer água a
toda a região do semi-árido, mas esbarrou no elevado custo da obra, US$ 20
bilhões, e no prazo para a sua conclusão, entre 25 e 30 anos.
- Com uma versão mais simplificada, onde o grande atrativo seria o baixo
custo da construção dos canais de interligação, um bilhão de dólares, o
Ministro da Integração Nacional do Governo Fernando Henrique, Senador
Fernando Bezerra, tentou mais uma vez a ressurreição do sonho da
transposição. Em seu projeto, o volume de água a ser desviado seria de 70
m3/s, e além do Ceará e Rio Grande do Norte, a Paraíba seria beneficiada com
a perenização dos rios Peixe e Piranhas-Açu. Em 2001, a crise do "apagão"
adiou os planos do governo. O projeto defendido pelo Ministro da Integração
Nacional teve licenciamento ambiental suspenso pela justiça.
Inicialmente, o Presidente Fernando Henrique concordou que o Ministro
Fernando Bezerra impulsionasse o plano, contudo José Carlos Carvalho, que
em 2002 assumiu o Ministério do Meio Ambiente, na última hora convenceu o
Presidente de que era um erro colossal o projeto defendido por Fernando
Bezerra.
- Entre 2003 e 2006, a comunidade científica do país vê com indignação o
Presidente Lula ressuscitar a famigerada idéia da transposição, sepultada por
tantas vezes e rejeitada amplamente por toda sociedade brasileira, delegando
plenos poderes ao então Ministro Ciro Gomes para implantar e executar obra.
Ao assumir o comando, Ciro Gomes garante que o projeto do governo passado
foi modificado radicalmente, e que o atual iria levar água a quem tem sede.
- Durante os últimos quatro anos do Governo Lula uma avalanche de ações na
Justiça contra a execução do projeto manteve paralisada a obra até dezembro
de 2006, quando o Ministro Sepúlveda Pertence, do STF, derrubou todas as
liminares que seguravam o início da obra. Desta vez, o Ministro Sepúlveda
Pertence, determinou a suspensão das liminares que impediam o
licenciamento ambiental do IBAMA para a obra, e considerou ilegítimas as
entidades civis que abriram processos no STF.
3
Fernando Souza, entrou com recurso no STF pedindo a suspensão da licença
ambiental para a obra de transposição e a cassação da licença prévia concedida
pelo IBAMA. No recurso, o procurador pede que seja cumprida a exigência de
que o Congresso Nacional e as populações indígenas afetadas pela obra sejam
consultadas sobre o aproveitamento de recursos naturais em terras indígenas.
-Apesar do IBAMA em 23 Março 2007 ter emitido seu parecer favorável
referente à licença de instalação do projeto, no momento a situação encontra-
se ―sub judice” com o recurso do Ministério Público que deverá ser apreciado
pelos 11 ministros do STF. Só então haverá uma decisão judicial definitiva
sobre a obra.
2 - OS CUSTOS DA TRANSPOSIÇÃO
4
Alencar http://www.joaosuassuna.hpg.ig.com.br
Nos últimos anos, apesar da obra não ter saído do papel, “nenhum tijolo
assentado”, a transposição do Rio São Francisco já custou aos cofres públicos
466 milhões de reais, de acordo com o Sistema de Acompanhamento dos
Gastos Federais (SIAFI). A maior parte do dinheiro foi paga ao consórcio
Logos-Concremat, que venceu licitação para administrar o projeto, a começar
pelas licenças ambientais.
5
das prefeituras e estados beneficiados.
O Governo do Presidente Lula, disse que as obras dos dois eixos, norte e leste
da Transposição do Rio São Francisco, ficariam prontas em 2,3 anos antes do
término de seu primeiro mandato. O atual Ministro da Integração Nacional,
Geddel Vieira Lima, em entrevista ao Jornal Ceará Agora (28/03/2007)
http:\\www.cearaagora.com/, afirma que só o eixo leste é que ficará pronto em
quatro anos, criando desde já um conflito federativo entre baianos e cearenses,
sendo que estes é que levaram desvantagem, ficaram sem o Ministro Ciro
Gomes e sem a água.
Ora, com todo este otimismo, a previsão acima, jamais em tempo algum, será
concretizada, pois será preciso para transpor, 26 m³/s podendo chegar a 127
m³/s das águas do Rio São Francisco, a construção de: "720 km de canais, 35
reservatórios, oito túneis com 37 km de extensão, 27 aquedutos com 4,8 km de
extensão, 4,4 km de adutoras, nove estações elevatórias de bombeamento e
duas pequenas centrais hidrelétricas, junto aos reservatórios de Jati e Atalho
no Ceará, com respectivamente, 40 Mw e 12 Mw de capacidade. A água será
distribuída ao longo de quatro eixos lineares em canais a céu aberto e nos
leitos dos seguintes rios: ―Rio Salgado, a água percorrerá 60 km; no Rio
Jaguaribe, 80 km; no Rio Apodi, 90 km; no Rio Piranhas - Açu, 130 km e no
Rio Paraíba, 150 km‖. (http://www.integracao.gov.br/)
A conta é simples. Vamos admitir a construção de 100 m de canal por dia dos
720 km de extensão dos canais que terão 25 m de largura e 5 m de
profundidade. Então, seriam necessários cerca de 7.200 (sete mil e duzentos
dias) para concluí-los, ou seja, 19,7 anos, isto sem levar em conta uma
avaliação dos prazos de construção dos reservatórios, túneis e estações
elevatórias das duas pequenas centrais hidrelétricas, além da construção do
Túnel Cuncas 2 ―de um total de 37 quilômetros de túneis‖, um túnel de 17 km
de comprimento com sete metros de diâmetro, que será cortado em uma rocha
de alta dureza como é o granito. Tudo leva a crer que a previsão mais aceitável
é que essa transposição se transforme na Transamazônica Hídrica do
Nordeste, ou seja, terá começo mais não terá fim.
6
Consta, SBPC (2005) que o Rio São Francisco tem uma vazão alocável
(aquela permitida para usos consuntivos), determinada pelo Comitê da Bacia
Hidrográfica do São Francisco, de cerca de 360 m³/s, dos quais 335 m³/s já
foram outorgados (desses, efetivamente, só estão sendo utilizados 91 m³/s), ou
seja, já há o direito adquirido de uso da maior parte desse volume, restando
portanto, um saldo de apenas 25 m³/s para o atendimento a um projeto que irá
demandar uma vazão mínima de 26 m³/s, média de 63 m³/s e máxima de 127
m³/s. Considerando a vazão efetiva de uso atual de 91 m³/s, os 269 m³/s já
com direito de outorga assegurados, a retirada de uma vazão média de 63 m³/s
e de 127 m³/s previstas no projeto significa 23,4% e 47,2%, respectivamente,
dos 269 m³/s já outorgados. Isto significa dizer que o governo será obrigado a
cassar as licenças de outorga já concedidas em detrimento dos volumes a
serem liberados para o projeto, e de novos pedidos de outorgas que por
ventura venham a acontecer.
7
bombeados os 127 m³/s para os açudes das bacias receptoras eles também
estarão cheios. As bombas deverão ser desligadas, mesmo que a barragem de
Sobradinho tenha atingido 94% de seu volume útil.
Portanto, estando os açudes cheios, e possivelmente vertendo, não terão
espaço de volume útil para receber as águas da transposição. Todo o excesso
de água do São Francisco e das bacias receptoras vai ser jogado
impreterivelmente no mar.
Para se evitar tanto desperdício de água via vertedouro, sugerimos à
construção de pequenas barragens a jusante dos grandes açudes para permitir
uma segurança hídrica mais efetiva ―sinergia hídrica‖ para garantir a
perenização dos rios, conforme recomendação do projeto do DNOCS, prevista
para uma segunda etapa após a construção das grandes barragens na década de
80. E muito mais econômico e ―ecológico‖ porque não haverá transferência
de contaminação entre bacias. A Barragem de Sobradinho já apresenta sinais
de eutrofização a exemplo do forte odor exalado de suas águas na crise do
apagão em 2001. O mais importante, é não haver mistura de biomas entre
bacias diferenciadas, que requer um levantamento prévio e preciso de seu
ecossistema, com analise criteriosa das varias questões ambientais
relacionadas a um mega-projeto desta magnitude.
8
Tabela I
Bombeamento Vazão média(m³/s) Vazão máxima(m³/s) Vazão mínima(m³/s)
9
“Ribeirinhos promovem abraço simbólico ao rio. Eles percorreram 5 km rio adentro
na região da foz, entre Sergipe e Alagoas, para chamar a atenção da degradação do
Velho Chico”. O assoreamento constante da foz do rio, já apresenta uma lamina
d´água de poucos centímetros de profundidade onde em breve surgirão alguns
pequenos deltas, formação de dunas que irão bloquear a ligação entre o rio o mar.
10
Veja que no texto acima o PISF pede que seja reservada a vazão de 26,4 m³/s
para consumo humano e dessedentação animal e 0,98 m³/s, para
atendimento a demanda humana difusa em 2025. Então, esta água tem um
destino especifico não podendo ser usada para outros fins que não seja para
consumo humano e dessedentação animal . Parece já existir um desvio neste
sentido, desde que Ministério da Integração garante que dos 26,4 m³/s já
outorgado 70% vai para irrigação, 26% para uso urbano-industrial e apenas
4% para população difusa. Há também um erro fatal de projeção para o ano
2025 cometido pelo PISF no pedido de outorga, quando reserva 0,98 m³/s,
(que corresponde a 84.672.000 l/dia) para atender uma população de 705.600
habitantes. O correto seria reservar uma vazão de 1,66 m³/s (141.120.000
l/dia) que é a quantidade de água necessária para atender essa população,
calculada a base de uma taxa de 200 l/pessoa/dia recomendada OMS. A
vazão de 0,98 m³/s só dá para abastecer uma população de 423.360
habitantes.
Para 31%, de toda a demanda rural avaliada pela ANA, corresponde uma
população de 1.770.769 habitantes. Esta população deverá consumir
354.153.920 l/dia, um volume bem superior ao estimado pela ANA que foi de
3,17 m³/s (273.888.000 l/dia).
Toda esta discussão e a analise feita no texto anterior, perde sua validade em
função de que as vazões destinadas para usos múltiplos em cada estado
deverão ser redimensionadas a partir da vazão real efetiva de 21,8 m³/s
que constitui efetivamente o volume que vai chegar ao destino final da
transposição para ser consumido. Esta vazão 21,8 m³/s é o resultado do
desconto de 4,6 m³/s admitidos como sendo perdas de água por evaporação
ao longo dos canais.
Neste sentido, se o projeto reservar 70% (15,26 m³/s) desta vazão para
irrigação, restam apenas 6,54 m³/s para atender ao consumo humano,
dessedentação animal, e ao consumo industrial. Já existe nesta avaliação uma
redistribuição razoável das vazões estimadas no pedido de outorga em
detrimento da nova vazão de 21,8 m³/s a qual o Ministério da Integração
deverá se pronunciar .
11
empresa irá vender a água bruta aos estados receptores a um custo de R$ 0,13
por m³. A água bruta não contempla o custo do bombeamento desde a fonte
exportadora até as propriedades. Especialistas da Faculdade de Economia e
Administração (FEA-RB) de Ribeirão Preto, em estudos chegaram a valores
entre US$ 0,155 a US$ 0,312 por m³, dependendo de o ano ser úmido ou seco,
Folha de S. Paulo, Nov./2005 (http://www.folha.com.br).
Quanto ao custo ao consumidor final, o ministério estima um subsídio
correspondente a 4% de alta na conta do consumidor residencial. Outros
estudos indicam impactos três a nove vezes maiores
(http://www.cbhsaofrancisco.org.br/).
Equipe do Projeto Manuelzão (2004) comenta: ―Os valores cobrados pela
CODEVASF, da ordem de R$ 0,023 por m³, já computado o custo do
bombeamento da água posta nas propriedades. Deve-se observar ainda que o
valor estimado da água na transposição (R$ 0,11/m³) não contempla o custo
do bombeamento desde a fonte exportadora até as propriedades existentes nas
bacias receptoras, o que elevará ainda mais esse valor, tornando-o proibitivo
para fins de irrigação. Os juros a uma taxa de 6% ao ano, sobre o montante de
5,5 bilhões de dólares que previram para a transposição, precisam ser
contabilizados no custo do hectare irrigado, que seremos obrigados a
subsidiar.‖ (www.cbhsaofrancisco.org.br/).
12
condições impostas para vencer a altura geométrica correspondente ao eixo
Leste o impacto no custo de produção seria ainda mais expressivo,
representando percentuais de 40, 53, 53, 65 e 136 %, para as culturas de citros,
melão, banana, feijão e milho, respectivamente. É importante frisar que estes
custos são apenas para garantir a elevação da água para vencer os desníveis
existentes e não consideram os custos de implantação do projeto, de bilhões de
dólares, além de também não estar se considerando o pagamento pelo uso da
água propriamente dito e para as obras de infra-estrutura necessárias para a
sua distribuição.
7- PÚBLICO ALVO
13
pelo projeto, que é de 9,075 milhões de pessoas. Lembramos que as cidades de
médio a grande porte, inclusas na área de atuação do projeto já têm o seu
sistema urbano de abastecimento de água regularizado.
A região semi-árida dos quatro estados CE, RN, PB, PE, (357.485 km²), tem
uma precipitação média de 700 mm caindo 250,2 bilhões m³ de água de chuva
ao ano. Destes, 150,1 bilhões m³ (60%) se perdem por evapotranspiração,
restando 100 bilhões de m³ para o escoamento superficial e infiltração de água
nos seus aqüíferos. É chuva que cai do céu de graça, que, se bem aproveitada,
dá para fazer a grande festa do povo nordestino, não vai faltar água.
14
pessoas), com uma taxa de 200 litros/pessoa/dia e ainda irrigar dois milhões
de hectares com uma taxa de 7.000 ha./ano.
15
Nesta pesquisa de Carisio (2005) a taxa de evaporação encontrada para os
açudes do nordeste foi de 3,4%. Este percentual é o resultado da relação de
toda a água evaporada (1,26*109) dos 37 bilhões de m³ do espelho d´água da
superfície dos 70 mil açudes.
Queremos chamar atenção para o fato de que uma taxa de 3,4% de evaporação
para a região do nordeste, esta bem abaixo dos índices que normalmente são
aplicados para o calculo da evaporação. Eles variam em um intervalo muito
amplo que vai de 20% a 60%. Este resultado mostra que a escolha de um dos
índices para calculo da evaporação fica a critério, havendo necessidade de
estudos estatísticos mais completos em toda a região do nordeste para permitir
que o resultado seja fidedigno e satisfatório.
Apesar da controvérsia na escolha da aplicação do índice, vamos aplicar os 37
bilhões de m³ armazenados nos açudes dos quatro estados a taxa máxima
de 60% de evaporação tradicionalmente usada. O resultado é uma perda 22,2
bilhões de m³/ano restando 14,8 bilhões de m³/ano. Adicionado as reservas
subterrâneas explotáveis de 2,4 bilhões de m³/ano restam um volume de água
de 17,2 bilhões de m³/ano em disponibilidade.
A uma taxa de 200 litros/pessoa/dia dá para atender à população dos quatro
estados (21.569.612 habitantes), com um consumo de 1,57 bilhões m³/ ano,
e ainda irrigar a uma taxa de 7.000 m³/ha./ano a área de 98.828 ha. ao
consumo de 691,79 milhões m³/ano, correspondentes as áreas irrigáveis das
bacias receptoras: (55.624 ha. na bacia do Jaguaribe, 7.209 ha. no Apodi,
22.538 na bacia do Piranhas - Açu e 13.457 ha. na bacia Oriental da Paraíba,
Albuquerque -2005).
O consumo de água per capita varia de país para país e de lugar para lugar.
Alguns exemplos abaixo, conforme Pedro Jacobi (http://www.geologo.com.br).
16
PAÍS CONSUMO DE ÁGUA PER
CAPITA
Escócia 410 litros/pessoa/dia
Estados 300 litros/pessoa/dia
Unidos/Canadá
Austrália 270 litros/pessoa/dia
17
(DNAEE, 1985) e população (IBGE, 1991), verifica-se que, mesmo naqueles
que compõem a região Nordeste, os valores são relativamente importantes.
Por exemplo, um pernambucano dispõe, em média, de mais água (1.320
m³/hab/ano) do que um alemão (1.160 m³/hab/ano); o baiano (3.028
m³/hab/ano) tem potencial equivalente ao francês (3.030 m3/hab/ano); um
piauiense (9.608 m³/hab/ano) dispõe de tanta água quanto um norte-americano
(9.940 m³/hab/ano). Por outro lado, enquanto o consumo total per capita na
maioria dos países relativamente mais desenvolvidos já fica entre 500 e pouco
acima de 1000 m³/ano, ou seja, entre 24 e 92% dos respectivos potenciais, na
maioria dos estados da região Nordeste os consumos per capita são inferiores
10% dos seus potenciais de água nos rios”.
9- ENERGIA
Nestes termos, já existe um déficit hídrico para geração de energia nas Usinas
18
de Itaparica, que engole 2.744 m³/s em seu potencial instalado, e na de Xingó,
que engole 3.000 m³/s, com previsão para implantação de mais quatro turbinas
com capacidade para engolimento de mais 2.000 m³/s. Então, como podemos
constatar nesta simples conta, já existe hoje um conflito entre a demanda e a
oferta de água para geração de energia no parque da CHESF, pois só a Usina
de Xingó, necessitaria de uma vazão de 5.000 m³/s para colocar sua ampliação
em pleno funcionamento.
Ora, sabe-se que a vazão média do Rio São Francisco de longo período é de
2.850 m³/s e a sua vazão mínima regularizada é de 2.060 m³/s. Estamos
antecipando verdadeiros apagões para infernizar a vida de 47 milhões de
nordestinos nos próximos seis anos.
Segundo Albuquerque ―para cada 1m³/s de água retirado do rio deixa de ser
gerado 2,731 Mw. Esta é a chamada ―produtividade de geração de energia‖ do
rio São Francisco no trecho considerado.‖ Então, para a vazão máxima a ser
retirada de 127 m³/s, considerando que será destinado para o eixo norte uma
vazão de 84,79 m³/s (66,77%) e para o eixo leste 44,18 m³/s (33,32%) teremos
uma perda de 346 Mw que deixam de ser gerados. Considerando agora que
para recalcar uma diferença de cota de cerca de 160 m, cada 1m3/s de água
consumiria 1,6 Mw de energia gerada, (dados da CHESF) a energia requerida
para o recalque nos dois eixos da transposição é de 263 Mw. Junte-se a 346
Mw que deixam de ser gerados teremos um total de 609 Mw.
10- IRRIGAÇÃO
19
previsto, de cerca de 8 milhões de hectares, julgando necessário o aporte
volumétrico, oriundo de outras bacias, para suprir essa deficiência no São
Francisco.
Suassuna (1996), alerta: "O São Francisco já está com as suas águas
comprometidas na geração de energia e na irrigação. A explicação é a
seguinte: a vazão média do rio é de 2800 m³/seg. Para gerar energia, levando
em conta todo o potencial gerador da CHESF, são necessários, desse total,
cerca de 2100 m³/seg. Portanto, restam 700 m³/seg. O potencial de áreas
irrigáveis do São Francisco é de 3.000.000 ha. Se considerarmos 0,5
litro/seg./ha. como um número razoável para fins de cálculo da irrigação que é
praticada atualmente no vale do São Francisco seriam necessários 1.500
m³/seg. para irrigar aquela área potencial. Ocorre que não temos esse volume
disponível no rio. Temos, conforme mencionado anteriormente, apenas 700
m³/seg. Apesar de termos uma área potencialmente irrigável de 3.000.000 ha.,
só é possível irrigar, com o volume de água disponível no rio (700 m³/seg.),
cerca de 1.000.000 ha. Já nos parece existir, nessa contabilidade, um sério
conflito quanto ao uso das águas do São Francisco. Certamente não iremos ter
água suficiente para gerar energia, irrigar e abastecer as cidades do Semi-árido
nordestino conforme se está pretendendo".
O potencial de irrigação da bacia do rio São Francisco cuja área tende a
crescer cerca de 4% ao ano não deve ser esquecido.
Veja o que diz Suassuna (2007). ―Como justificar, com as águas do rio São
Francisco, a irrigação de áreas do Nordeste setentrional, portanto a 500 km de
distância das margens do rio, existindo projetos em sua bacia que estão
parados por falta de recursos financeiros, a exemplo do Irecê e Salitre na
Bahia, os quais somados totalizam 90 mil ha., do Pontal em Pernambuco, com
10 mil ha., e do projeto Jaíba, em Minas Gerais, com área total superior a 100
mil ha., cuja primeira fase, de 18.500 ha., está sendo implantada com muita
dificuldade? Seria muito mais lógica a solução, em primeiro lugar, dos
problemas financeiros existentes nos projetos pertencentes a bacia do rio, do
que se partir para a implantação de novos projetos de irrigação em regiões fora
dela‖.
11- CONCLUSÕES
Queremos deixar claro que não somos contra a transposição, desde que ela
esteja comprometida para levar água para dessedentação animal e para as
pequenas populações dispersas do sertão (prioridade número um, sem
discussão de custos e benefícios). Caso contrário, foi demonstrado aqui que os
20
dados técnicos e os números disponíveis levantados e analisados inviabilizam
totalmente a execução do projeto.
O Ministério da Integração alega para justificar a transposição que existe falta
de água na Região Setentrional do Nordeste. Cremos que existe uma
desinformação total por parte do Presidente Lula quanto as divergências
existentes entre os números, quando colocados em confronto aos dados
levantados nos estudos realizados na Região do Nordeste e àqueles
apresentados pelo Projeto de Integração do Rio São Francisco, assunto por
demais já conhecido e debatido por toda comunidade de cientistas e técnicos
deste país.
O Presidente Lula precisa de uma acessória técnica que demonstre com
clareza estas contradições, aí com certeza os números e as informações
técnicas analisadas são indicativas contra a implantação do projeto. Mostre
também, que a solução para minimizar a falta de água nas áreas mais
dispersas de toda a Região do Nordeste do Brasil, só vai apresentar resultados
satisfatórios, no momento que se optar decisivamente pela exploração do
fabuloso potencial de águas subterrâneas armazenadas em seu subsolo, além
da construção das barragens subterrâneas e das cisternas, independente se o
projeto de transposição vai ou não vai ser concluído.
21
Garante resultados satisfatórios já comprovados pelas experiências adquiridas
em projetos atuais e em desenvolvimento nos quatro estados nordestinos, que
além de oferecer vantagens no custo-benefício das obras que serão
implantadas, elimina as incertezas do sucesso das soluções alternativas, dando
garantia e segurança ao empreendimento, fator este, que não acontece no
Projeto de Integração do Rio São Francisco, que deixa suspeitas em
detrimento das ações que os programas delineados para o projeto venham a
oferecer com retorno duvidoso.
22
Seja mais um, junte-se a nós. Não permita que esta beleza seja degradada.
Foz do Rio São Francisco Fotos: João Zinclar
O leito do Rio São Francisco recebe hoje das cidades ribeirinhas efluentes
produzidos por indústrias e esgotos domésticos urbanos principalmente do
seu principal afluente o Rio das Velhas, que carrega hoje mais poluentes
líquidos de esgotos do que água.
23
Fotos I OFICINA DE ARTICULAÇÃO – CBHSF & CBH’S AFLUENTES
Não deixe que esta beleza exuberante seja maculada. Diga não a Transposição Rio
São Francisco.
24
http://www.manuelzao.ufmg.br/
http://www.joaosuassuna.hpg.ig.com.br
http://www.umavidapelavida.com.br/
http://www.vidadefarra.com.br/
http://www.sindisan.org.br/
http://www.sinodonto.org.br/
http://www.crose.com.br/
http://www.ecodebate.com.br/ ( Em busca, digite dilermando para o acesso )
25