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Responsabilidade Social Empresarial

O Que, Como e Porque

Saint-Clair Cavenaghi, Jr.©

Combo Social ® 2005


Responsabilidade Social Empresarial

Os dois trinômios

As áreas da Responsabilidade Social

A Base

A Responsabilidade Social das empresas refere-se a estratégias de


sustentabilidade que, além do desempenho financeiro, consideram também
os efeitos sociais e ambientais das suas atividades.

Na base está o princípio, do Desenvolvimento Sustentável, de que o


desenvolvimento econômico, a coesão social e a proteção do ambiente são
interdependentes e indissociáveis: para garantir às futuras gerações uma
sociedade mais próspera e justa, o planeta mais limpo e qualidade de vida
melhor, é preciso, desde hoje, crescimento econômico que favoreça o
progresso social e respeite o meio ambiente.

RSE
dimensões Econômica Social Ambiental
Riqueza para Equidade e Conservação e
todos, através da participação de gestão de
produção e todos os grupos recursos
consumo sociais
duráveis

Assim, a base da RSE tem três dimensões, que definem o primeiro trinômio
que, ao nosso ver, sustenta todo o arcabouço da atuação empresarial
socialmente responsável, de maneira includente e não-seletiva. Vale dizer
que é impossível a uma empresa ter ações socialmente responsáveis
relativamente a apenas uma ou duas dessas dimensões.

Mesmo que varie a intensidade numa ou outra, nenhuma delas terá impacto
nulo, ainda que esse impacto seja não deliberado.

De outra forma, caso uma ação empresarial, dita socialmente responsável,


seja nula ou negativa numa das três dimensões, então, certamente, essa
ação será qualquer outra coisa, mas não uma de responsabilidade social.

Os três P's ou “a triple bottom line “

Na Agenda 21, o plano de sustentabilidade para o século XXI adotado na


Cúpula do Rio de Janeiro, em 1992, foram fixadas as três áreas do
Desenvolvimento Sustentável: a dimensão econômica, a dimensão
ambiental, e a dimensão social, também conhecidas pela expressão triple
bottom line ou ainda pelos 3 P's - People, Planet, Profit, como lhe chamou a
Shell, no seu relatório de sustentabilidade.

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O eixo econômico representa a criação de riqueza para todos, pelo modo
de produção e de consumo duráveis; o eixo ecológico reporta-se à
conservação e gestão de recursos e a área social reflete a eqüidade e a
participação de todos os grupos sociais.

A dimensão econômica

«Para as empresas, a economia do desenvolvimento sustentável tem a ver


com uma visão de longo prazo e abrange a área do ambiente
(“management” ambiental, transição do produto para o serviço, ecologia
industrial etc.); o social e os recursos humanos (...); e por fim o território:
desenvolvimento local e comportamento das multinacionais nos diferentes
países. »

A dimensão econômica da sustentabilidade diz respeito ao impacto das


organizações (as empresas) sobre as condições econômicas das suas
partes interessadas (acionistas, empregados, fornecedores, clientes etc) e
sobre o sistema econômico em todos os níveis.

O desempenho econômico abrange todos os aspectos das interações


econômicas que podem existir entre uma organização e as suas partes
interessadas, incluindo os resultados tradicionalmente apresentados nos
balanços contábil-financeiros. Estes balanços destacam prioritariamente os
indicadores relacionados à rentabilidade da empresa porque estão
vocacionados para informar as direções e os acionistas.

Os indicadores de Desenvolvimento Sustentável respondem a outras


prioridades e devem permitir perceber quais são as implicações da
atividade de uma organização empresarial na “saúde” econômica dos seus
stakeholders - fornecedores, governo, clientes, bancos etc.

Além disso, é oportuno referir que todas as organizações devem ser


econômicas, no sentido estrito do termo. Isto implica que uma empresa que
faz economia de recursos (matérias primas, energia, água, papel etc) não é,
só por isso, socialmente responsável mas, uma empresa que se quer
praticante da RSE, necessariamente, faz economia de recursos,”a priori”.

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RSE
dimensões Econômica Social Ambiental
Rentabilidade das Equidade e Conservação
empresas para acionistas participação e gestão de
e gestores; saúde de todos os recursos
econômica de grupos sociais
funcionários,
fornecedores e clientes.
Dimensão mais
quantificável do que
qualificável. Todas as
organizações devem ser
econômicas; devem se
manter viáveis e operar
dentro de seu contrato
social; devem prestar
contas de forma
certificada e regida por
critério acordado.

A dimensão ambiental

«Na perspectiva do Desenvolvimento Sustentável, a questão ambiental é


vista no duplo aspecto dos recursos e das poluições. É essencial também a
preocupação com as "tragédias lentas", que não parecem ter forte impacto
no curto prazo, mas que podem ter conseqüências dramáticas a longo
prazo. »

Para as empresas, a dimensão ambiental está relacionada com os seus


impactos sobre os sistemas naturais vivos e não vivos ou orgânicos e
inorgânicos, incluindo ecossistemas, solos, ar e água.

Uma empresa socialmente responsável vai, assim, procurar minimizar os


impactos negativos e ampliar os positivos.

Dentro das áreas da Responsabilidade Social, esta é a mais consensual:


tem impactos muito concretos, que se podem sentir em todos os países; é
mais fácil de avaliar/medir que a dimensão social e se beneficiou da
divulgação de eventos como a Cúpula da Terra ou a Cúpula de
Joanesburgo.

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RSE
dimensões Econômica Social Ambiental
Riqueza Equidade e Conservação e gestão de
para todos, participação recursos. As organizações
através da de todos os devem operar de acordo com
produção e grupos as leis. Devem ser e estar
consumo sociais conscientes não apenas das
duráveis restrições legais, em geral e
da legislação ambiental,
especificamente, mas
também das implicações que
suas operações possam ter
no ambiente,
independentemente da
legislação. Devem ser
responsabilizadas e se auto-
responsabilizar pelos
impactos ambientais de suas
operações, produtos,
emissões, emanações e
descartes.

A dimensão social

«A componente social do Desenvolvimento Sustentável vai da


implementação da eqüidade até à valorização da identidade dos seres
humanos na sua diversidade.
A eqüidade é, em termos mundiais, a solidariedade com os países do Sul
(ajudas públicas mas, também, desenvolvimento) e a luta contra a pobreza.
O DS questiona também a eqüidade entre gerações e a nossa
responsabilidade para com as gerações futuras.
O desenvolvimento humano tem a ver com o fortalecimento das
capacidades individuais por meio da educação, da responsabilização, da
segurança etc »

A dimensão social, para as empresas, diz respeito ao seu impacto nos


sistemas sociais onde operam. O desempenho social é abordado por meio
da análise do impacto da organização sobre as suas partes interessadas -
empregados, fornecedores, consumidores/clientes, comunidade, governo e
sociedade em geral – em nível local, nacional e global.

Assim, em relação aos empregados, a empresa socialmente responsável


faz compromissos para respeitar o equilíbrio entre o trabalho e a vida
privada; incentiva a participação dos empregados em sindicatos e outros
órgãos de representação coletiva; favorece o desenvolvimento pessoal
através da formação etc.

Em relação aos fornecedores, a empresa pode lutar contra as práticas do


trabalho infantil, do trabalho forçado etc. (vale dizer que a empresa é

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responsável, também, por se suprir de insumos obtidos de maneira
socialmente responsável), como pode também desenvolver uma política de
comércio justo que garanta aos fornecedores rendimentos regulares.

As medidas contra a corrupção fazem também parte das práticas que as


empresas podem implementar.

A área social é, assim, uma área muito vasta, que toca problemáticas às
vezes dificilmente quantificáveis e altamente delicadas.

O que significa liberdade de associação ou liberdades sindicais em países


que não as reconhecem? O que significa a igualdade entre homens e
mulheres em contextos sociais ou religiosos que negam esta igualdade?

Em 1999, Kofi Annan, lançou o Global Compact, convidando as empresas a


pararem com o «dumping social», sem ficar à espera da promulgação de
leis e normas nos países do Sul.

Durante o Fórum Econômico de Davos, Kofi Annan dirigiu-se aos dirigentes


das maiores empresas mundiais dizendo que: «(...) Na maneira como
conduzem os seus negócios, podem favorecer diretamente o respeito pelos
Direitos Humanos. Não fiquem à espera que todos os países adotem leis
que garantam a liberdade de associação: vocês podem, desde já, garantir o
exercício destes direitos e liberdades a todos os seus empregados ou aos
que trabalham para os seus fornecedores. Devem ficar atentos, desde já,
para a situação do emprego direto ou indireto de crianças (...); para o não
favorecimento, nas políticas de recrutamento ou demissão, de distinções
discriminatórias baseadas na raça, no sexo, na origem étnica ou nas
opiniões. »

Desta forma, as empresas são chamadas a usar positivamente o seu poder


para ajudar a resolver problemas sociais.

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RSE
dimensões Econômica Social Ambiental
Riqueza Equidade: a disposição de Conservação
para todos, reconhecer o direito de cada e gestão de
através da um; o tratamento justo e com recursos
produção e retidão. Valorização da
consumo identidade dos indivíduos, na
duráveis sua diversidade, e das
coletividades, em suas
peculiaridades. Dimensão mais
qualificável que quantificável.
Todas as organizações devem
trabalhar dentro da lei e devem
ser e estar conscientes das
restrições próprias dos
ambientes sociais onde
operam. Considerações éticas,
filantrópicas, comunitárias são
essenciais no impacto social de
suas operações.

A dificuldade de medir resultados

Medir este desempenho, o impacto da atividade da empresa nestas três


áreas, é um processo-chave para a implementação efetiva de uma
estratégia e de um plano de Responsabilidade Social Empresarial (RSE).

Mas esta avaliação levanta muitas questões: como medir os desempenhos


econômicos, sociais e ambientais? Com base em quais indicadores? Como
gerir um volume e uma diversidade crescente de informação ou ainda os
riscos de enfrentar uma opinião pública crítica acerca das informações
dadas pela empresa, que podem ser consideradas ou incompletas ou
inapropriadas?

Estas questões demonstram a complexidade do trabalho de elaborar uma


matriz global que reflita a responsabilidade social, razão pela qual muitas
empresas ainda não aderiram à elaboração de um Relatório de
Responsabilidade Social e, menos ainda, a um instrumento auditável como
é a Norma Internacional SA 8000.

A Precedência

Uma discussão filosoficamente interessante mas que, ao nosso ver, tem sido
inócua na prática empresarial, diz respeito ao que precede e ao que sucede,
quando se trata de Desenvolvimento Sustentável (DS) e Responsabilidade
Social Empresarial.

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Assim, pode-se argumentar que é o DS que leva as empresas a terem RSE de
maneira deliberada, consciente. Ao contrário, pode-se também supor que a
Responsabilidade, presente “a priori”, faz com que empresas se dediquem à
sustentabilidade a médio e longo prazos.

A prática empresarial demonstra que ambas as abordagens são verdadeiras e


que, portanto, não há, necessariamente, relação fixa de causa e efeito, se não
que algumas empresas, sendo “responsáveis” de maneira geral, têm, por isso
mesmo, sensibilidade mais acurada que outras para o Desenvolvimento
Sustentável.

Outras, em função de razões como localização geográfica ou segmento de


atuação, por exemplo, têm determinadas necessidades relativas a alguma das
variáveis do DS, ambientais, por exemplo, com relação a matérias primas ou
recursos como água ou energia, ou ainda ligadas a variáveis de processo,
como efluentes ou emanações fugitivas e que, no trato do atendimento dessas
necessidades, acabam por se sensibilizar para a RSE.

As Vigas

O Segundo Trinômio

A atuação empresarial, qualquer que seja, impacta e é impactada no e pelo


entorno social onde existe e, no limite, sobre todo o mundo. No entanto, esses
impactos podem ser melhor percebidos onde maior for sua magnitude.

A geologia sismológica, por exemplo, usa de referenciais relativos para


determinar a potência de um terremoto de tal forma que a magnitude é
assumida pelo máximo impacto, mas cada pessoa e cada instrumento a
percebe cada vez menor, quanto mais afastada do epicentro. Da mesma forma,
a atuação empresarial impacta mais diretamente seus clientes, empregados,
fornecedores, acionistas e a comunidade onde ela está, e menos as pessoas,
organizações e comunidades mais afastadas dela. Isto sugere que se deva
analisar o máximo impacto que determinada atuação empresarial implique.

Da mesma forma, há que se distinguir quem é afetado por tal atuação e,


também aqui, identificamos três agentes/pacientes, interativos e
interdependentes: a Empresa, o Indivíduo e a Sociedade.

A Empresa

Organizações que se valem do trabalho humano e de recursos naturais para


gerar bens e serviços, as empresas não são, a rigor, nem virtuosas nem vilãs
“a priori”. Da mesma forma que determinados tratamentos médicos só são
possíveis caso se tolerem e/ou se corra o risco de certos efeitos colaterais, da
mesma forma, o empreendimento produtivo consome, necessariamente, certos
recursos e gera, necessariamente, alguns resíduos. Esse consumo e geração
desagradáveis ou até prejudiciais, são mais ou menos tolerados, na medida em
que as relações custo/benefício sejam favoráveis.

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Esse favorecimento se dá, em certos casos, apenas e tão somente aos
acionistas e investidores do empreendimento e, em outros, por exemplo, no
caso de determinadas organizações sem fins lucrativos, ao favorecimento
máximo das pessoas que se beneficiam do produto ou serviço gerado.

A empresa que adota e pratica a RSE faz essa análise de impactos, e procura
maximizar os benefícios e minimizar os custos não apenas financeiros e
econômicos, mas de toda ordem, envolvendo as outras duas vigas de
sustentação da RSE, Indivíduo e Sociedade.

O Indivíduo

Indivíduos, pessoas físicas, são todas as que são afetas à atividade


empresarial, com toda sua diversidade de interesses.

Então, o empregado, o consumidor, o investidor, o vizinho, podem ser, às


vezes, a mesma única pessoa.

Além dela ou delas, há que se considerar os empregados das empresas


fornecedoras, os das empresas clientes, a vizinhança dos entornos
empresariais fornecedor e consumidor; os aplicadores em fundos que investem
nas empresas e, por que não, as pessoas todas que convivem com os restos e
embalagens dos produtos, respiram o ar que recebe as emanações e utilizam a
água que recebe efluentes resultantes dos processos produtivos.

Essa consideração faz-se, também, em termos de relação custo-benefício. Por


exemplo, pode-se assumir que todo avanço tecnológico é excludente de mão-
de-obra. Os incrementos de produtividade geram levas de desempregados.

Esses indivíduos, que têm sua sobrevivência muitas vezes ameaçada, devem
ser objeto da consideração das empresas ou da sociedade? Ou de ambos?

Exemplo comum de relação custo/benefício controversa diz respeito à indústria


fumageira, que gera empregos e tributos, bem como doenças e despesas
econômico-financeiras e “custo social” pelo consumo de seus produtos. Fumar
ou não fumar é uma decisão individual? Ou social e coletiva? Ou empresarial?

De toda forma, o indivíduo deve ser, sempre, levado em conta por


organizações adeptas da RSE, em todas suas esferas de influência,
independentemente de considerações éticas de princípio ou de resultado.

Até porque, nos nossos termos, se não por outros motivos, um CNPJ é
composto por inúmeros CPFs.

A Sociedade

Mais de que mera soma ou conjunto aleatório de pessoas físicas e jurídicas, a


sociedade deve, necessariamente, estar e ter de maneira organizada as
relações entre seus membros físicos e jurídicos (pessoas e organizações), bem
como políticos.

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Regras de convivência explícitas (leis, regulamentos etc) e implícitas
(educação, costumes, cultura etc) devem ser estabelecidas e respeitadas.

Nestes termos, é preciso que as organizações, principalmente as


transnacionais, entendam quais são essas regras, no que elas se diferenciam
daquelas próprias de sua sociedade de origem e, sem julgá-las, possam adotá-
las e propor mudanças, antes de impor, depois de discutidas e achadas
apropriadas essas mudanças.

Ainda, essas organizações devem saber diferenciar “sociedades de contrato”


das “sociedades de contexto”, evitando pré-julgamentos e preconceitos,
mesmo quando considere que a prática social seja inadequada ou, de alguma
forma, menos boa que aquelas que tenham como prática usual.

Assim, em alguns países, que caracterizamos por terem sociedades de


contrato, as atitudes diante do convencionado são mantidas tal como seriam se
houvesse um contrato entre as partes, sociedade e indivíduo.
Neste sentido, por exemplo, há que se considerar que algo universal, como o
semáforo de trânsito, que tem em todo mundo as mesmas três cores, com os
mesmos significados, implicam atitudes diferentes em diferentes sociedades.

Numa “sociedade de contrato”, diante de uma luz vermelha no semáforo, os


motoristas param seus carros, independentemente da hora do dia, de haver ou
não pedestres atravessando a rua ou outros veículos passando. O “contrato”
entre motorista e sociedade diz que diante da luz vermelha, pára-se! Em outras
sociedades, o mesmo “contrato coletivo” é contextualizado, relativizado:
dependendo da situação, faz-se ou não o que se previu fazer. Assim, diante da
mesma luz vermelha, em algumas sociedades de contexto, dependendo do
horário, os motoristas param ou apenas diminuem a velocidade e, se der,
passam, se não, param.

As organizações praticantes da RSE necessitam entender essas


características e conformarem-se. Isto não significa que não devam tentar
mudar para melhor determinadas práticas, mas que isto deva ser feito com
determinados cuidados, sem os quais o custo da mudança pode ser muito
maior do que os benefícios dela esperados.

A Matriz dos dois trinômios

indivíduo trabalho educação higidez


empresa retorno profissionais insumos
sociedade tributos cidadania perenidade
econômico social ambiental

Em termos simples temos, nas intersecções dos elementos de cada trinômio,


das bases e das vigas que sustentam a RSE, que Indivíduo, Empresa e

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Sociedades têm esses “ganhos” ou “vantagens” apontados, nas vertentes
Econômica, Social e Ambiental:

- o Indivíduo tem, em termos econômicos, trabalho; em termos sociais,


educação e, em termos ambientais, higidez ou saúde; e assim por diante.

De novo, isto se coloca em termos simples. É claro que quando dizemos que o
indivíduo tem “trabalho”, ele pode tê-lo numa organização adepta da RSE como
pode tê-lo de uma que seja completamente avessa a esses princípios e
práticas.

A questão não se resume, portanto, a “ter trabalho”, mas à qualidade do


trabalho que se tem, à forma de tratamento, ao respeito ao trabalhador, à
remuneração, às condições de trabalho e de qualidade de vida no trabalho e
assim por diante ou, se quisermos, aos preceitos todos da SA 8000, por
exemplo, e/ou à legislação específica e/ou às convenções internacionais da
OIT e, até, à eqüidade, quando se tratar de empresas multinacionais, das
práticas, pela mesma organização, em diferentes sociedades.

Da mesma forma, os “profissionais” para a Empresa não são quaisquer


pessoas, mas pessoas educadas, qualificadas, convictas do valor do trabalho,
capazes de agir como profissionais competentes e não mera “mão-de-obra”, o
que se consegue se o indivíduo tiver educação e condições de seguridade
social necessárias e suficientes para tanto, o que garantirá, para a Sociedade,
“cidadãos” na melhor acepção.

Vale dizer, tais vantagens ou benefícios não são mutuamente excludentes,


senão, ao contrário, reforçadores e apoiadores uns dos outros.

Assim, a RSE se sustenta, gerando benefícios que sustentam as empresas que


sustentam as pessoas que formam sociedades onde as empresas têm
sustentação e assim por diante.

Ainda em termos simples e objetivamente, um programa de reciclagem de


embalagens (metálicas, plásticas, de papel), por exemplo, pode ser apontado
na matriz acima, como identificável nas vertentes de:

Trabalho para indivíduos ocupados na coleta, separação e reciclagem;


Retorno para empresas recicladoras e consumidoras de materiais
reciclados;
Tributos para a sociedade, gerados pela comercialização dos recicláveis
e reciclados;
Seguridade/Educação para os indivíduos, graças ao rendimento do
trabalho de coleta e de reciclagem;
Profissionais para as empresas, capacitados para distinguir matérias
primas virgens ou recicladas, sua seleção e aplicação com as melhores
economias e resultados;

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Cidadania, dada pela conscientização das pessoas em separar e
recuperar materiais, reduzindo ou eliminando poluição/contaminação,
riscos ambientais e de segurança;
Higidez para os indivíduos, pelas mesmas razões de redução de
oportunidades de contaminação ambiental e de riscos físicos;
Insumos para as empresas, que têm a possibilidade de utilizar total ou
parcialmente, matérias-primas não virgens, a custos menores e/ou com
menos utilização de outros insumos de transformação, tempo e
desgaste de equipamentos;
Perenidade de atividades socialmente relevantes, quer pela reutilização
seguida de recursos finitos, quer pela manutenção de estoques de
recursos estratégicos ou, ainda, pela não utilização de recursos
escassos em atividades de recuperação da saúde e/ou do ambiente.

No entanto, nem todas as atividades ou programas ditos de “RSE” têm essa


simplicidade, ou essa abrangência ou identidade.

Tomemos, outro exemplo, um “programa de voluntariado” em que são


voluntários os empregados de determinada organização, patrocinados por ela,
quer pelo tempo cedido, quer por recursos financeiros ou ambos. Será que um
programa dessa ordem traz, automaticamente, todos aqueles retornos e
vantagens, apontados em nossa matriz?

Impossível dizer “a priori”! Depende das ações empreendidas. Dizer-se


“voluntário” não basta, é preciso que se tenha, com clareza, o atendimento de
determinados pré-requisitos, para se ter um programa de Responsabilidade
Social Empresarial, verdadeiramente, mais do que um programa de “marketing
social” ou de filantropia ou de planejamento fiscal ou outros, que acabam
passando por RSE, (sendo os piores os de mera hipocrisia empresarial).

A Prática

Construir um projeto de Responsabilidade Social

Desenvolver um projeto de Responsabilidade Social na empresa não difere muito


do desenvolvimento de um outro qualquer projeto que a empresa tenha levado a
efeito, como por exemplo, um relativo à qualidade. Aliás, trata-se aqui também de
qualidade, só que vista de uma forma ainda mais ampla.

Os passos fundamentais:

1. Formar uma equipe

Ninguém começa sozinho um projeto com implicações em todos os níveis de uma


empresa. É preciso sensibilizar e envolver as pessoas necessárias (as que têm
poder e influência), como, por exemplo, a administração e as chefias; deve-se ser
capaz de ultrapassar todas as resistências e ceticismos eventualmente existentes
e, depois, criar uma equipe de trabalho.

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2. Fazer um levantamento

Listar as diversas áreas da empresa, cruzá-las com os indicadores de


Responsabilidade Social, ver o que existe e o que há a fazer.
Nesta fase, é conveniente recorrer ao apoio de especialistas, como o Combo
Social ®. É fundamental, também, não esquecer a parte social e tomar o pulso,
ouvindo as partes envolvidas, principalmente os empregados, consumidores,
clientes, para saber qual a imagem e expectativas que têm da empresa.
Este levantamento, além de permitir uma visão clara da situação da empresa,
permite também tomar conhecimento e inventariar aspectos positivos e negativos
para o projeto.

3. Comunicar internamente sobre os resultados do levantamento

Comunicar é tornar visível que as pessoas foram ouvidas e que a sua opinião foi
levada em conta. Significa também, nesta fase, tornar mais claro que há um
projeto em andamento e anunciar as próximas fases.

4. Definir objetivos e metas

Uma vez feito o levantamento, com uma idéia clara do cenário, é possível definir
os objetivos e as metas, ou seja, os objetivos de curto e médio prazo. Estes,
naturalmente, terão de ser sujeitos a uma regular reavaliação.
Paralelamente à definição de objetivos e metas, deverão ser igualmente definidos
os indicadores de sucesso e as metodologias de avaliação que permitirão verificar
se o que se pretendeu foi atingido e em que medida.

5. Fazer um plano

É importante que este plano seja global. Não tem de ser demasiado ambicioso,
mas é fundamental que as áreas social, ambiental e econômica estejam nele
consideradas. Muitas empresas tendem para começar por uma área (regra geral,
a ambiental), mas esta abordagem revela uma perspectiva muito limitada da
Responsabilidade Social Empresarial e, sobretudo, muito distante, às vezes, das
preocupações cotidianas dos empregados, supostos de participação ativa no
projeto.

6. Comunicar sobre os objetivos e o plano

Uma vez que este projeto vai envolver muitas áreas dentro da empresa e
eventualmente mudar procedimentos e metodologias de trabalho, é importante
que ele seja comunicado a todas as partes envolvidas e que sejam divulgados os
objetivos que a empresa se comprometeu a atingir.

7. Pôr o plano em ação

8. Fazer balanços regulares e comunicar

Face aos resultados medidos pelos indicadores inicialmente definidos, é


importante fazer balanços periódicos e comunicar sobre eles para que todas as

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partes envolvidas estejam a par e sintam a importância real do projeto para a
empresa.

As características da empresa socialmente responsável

Forte envolvimento, baseado em valores;

Vontade de progresso contínuo e atitude baseada na


humildade;

Compreensão e aceitação da interdependência da empresa


com os seus meios envolventes;

Visão de longo prazo, baseada na responsabilidade face às


gerações futuras;

O princípio de precaução como regra de decisão;

Prática regular de diálogo e de consulta de todas as partes


envolvidas, inclusive sobre os temas mais delicados;

Vontade de informação e transparência;

Capacidade de responder pelos seus atos e de prestar


contas sobre as conseqüências diretas e indiretas da sua
atividade.

Fontes primárias e secundárias:


SDC – Sair da Casca Comunicação e Responsabilidade Social
OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico;
CEEPA - SA8000 – Social Accountability International;
Revisão crítica e colaboração:
Membros do Combo Social, especialmente Regina Roveri

Saint-Clair Cavenaghi, Jr. – Combo Social ®


outono 2005

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