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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO,
PROCESSO TC N° 02283/07 \.
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
estar sendo utilizados em benefício da população do municipio, mantendo, dessa forma, o seu
entendimento inicial.
2. excesso de gastos de combustível, no montante de R$ 80.987,15
Alegações da Recorrente: declara que não existe nenhum laudo e/ou relatório da Auditoria
detalhando qual o procedimento adotado para chegar ao resultado final obtido, não se percebendo
quais os parâmetros utilizados para a determinação do excesso de combustível. Alega também que
foram usadas as mesmas entrevistas feitas com os motoristas no processo de apuração do excesso
de combustível ocorrido em 2005, percebendo-se, assim, que os cálculos foram elaborados de modo
genérico, sem a observação de peculiaridades que resultem na alteração do consumo de
combustível, que nunca é constante, podendo variar de acordo com a necessidade dos municipes.
Argumenta, ainda, que nem sempre há uma correta averiguação dos elementos capazes de influir no
consumo de combustível dos veiculos que estiveram a serviço da prefeitura, sobretudo no exercício
de 2006, e que as entrevistas deram uma maior atenção a realização de serviços de reposição de
peças, onde a quilometragem rodada por litro de combustível também pode ser díferente da
informada pelos motoristas, devido à falta de conhecimento técníco e intelectual dos mesmos.
Prossegue a Gestora, citando como falha da Auditoria, o fato de que o gasto com combustível do
veículo Tempra (Placa MND 9020), que atingiu a quantia de R$ 21.983,85, foí computado nos gastos
com combustível da Secretaria de Saúde, sem que este veículo constasse na estimativa realizada
pela Auditoria às fls. 2006 a 2009. Concluindo, a defendente afirma que a aferição realizada pela
Auditoria foi carente de qualquer parâmetro científico, não fundamentado em critérios técnicos
objetivo e que a metodologia usada beira a amostragem, sendo o excesso de combustível baseado
em conjecturas e presunções. Acosta aos autos planilhas referentes aos exercícios 2003, 2004, 2005
e 2006, indicando que a quantidade de litros de combustível utilízado no exercício de 2006 foi menor
do que nos anos de 2003, 2004 e 2005, contradizendo a afirmação de que houve excesso de gasto
com combustível no aludido exercício.
Entendimento da Auditoria: foram utilizados vários demonstrativos: o consumo realizado por
Secretaria, o consumo por veículo, bem como as informações disponíveis, tais como as notas fiscais
referentes às aquisições de combustível e entrevistas com os motoristas dos veículos, que mesmo
que possuam poucos conhecimentos técnicos e intelectuais, como afirma a Gestora, são capazes de
fornecer as informações básicas necessárias ao levantamento realizado, tais como o consumo dos
veículos que eles dirigem e a quilometragem percorrida diariamente. Ressalta, ainda, que como não
houve nenhuma anormalidade capaz de alterar a rotina do município, as necessidades foram às
mesmas, assim como as distâncias a percorrer no exercício de 2006, e que os veículos tiveram uma
razoável reposição de peças, estando, portanto, em boas condições de uso. Daí a utilização das
mesmas entrevistas realizadas em 2005. Com relação ao veículo Tempra (placa nOMND 9020), a
Auditoria, durante a inspeção, não o localizou no municipio, e por informação de alguns motoristas, o
mesmo era usado, ora, no transporte dos profissionaís dos PSF, ora ficava à disposíção do Gabinete
da Prefeita. Em face desta constatação foram incluídas as despesas do citado veículo na Secretaria
de Saúde, porque nas folhas citadas pela defesa estão as notas fiscais indicando que o referido
veículo estava alocado na Saúde. Quanto ao fato do aludido veículo não ter participado da estimativa
de consumo de combustível, em virtude da sua ausência no município, a Auditoria entende não
alterar significativamente o consumo total do mesmo. Permanece a irregularidade.
3. despesas não licitadas, no valor de R$ 312.233,00
Alegações da Recorrente: com relação à aquisição de medicamentos à Farmácia Econômica Ltda,
no valor de R$ 47.874,38, a Interessada declara que a quase totalidade dos produtos adquiridos
não integra a farmácia básica da edilidade, sendo remédios de urgência e essenciais, destinados à
população carente, o que torna impossível a realização de procedimento licitatório, sob pena de
causar prejuízos à população. A Gestora afirma que basta uma rápida análise na documentação
acostada aos autos para se verificar que as compras foram efetuadas em pequenas quantídades
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durante todo o ano. Com referência aos materiais de expediente adquiridos junto à Empresa J. Lira &
Cia Ltda, no valor de R$ 14.284,70, diz existir uma licitação, na modalidade Carta Convite nO
008/2005, no valor de R$ 24.410,20, sendo adquirido em 2005 apenas R$ 6.866,22 desses materiais,
e que o restante foi adquirido em 2006. Por fim, relativamente às despesas com transporte de
doentes, no valor de R$ 174.002,50, declara que os serviços foram efetivamente prestados, não
havendo dano ao erário, nem provas de que a Gestora tenha se beneficiado de tais valores, ficando
evidente que as falhas apontadas ancoram-se no campo da formalidade.
Entendimento da Auditoria: a Lei nO 8.666 não estabelece dispensa ou inexigibilidade de
procedimento licitatório para compras de medicamentos de urgência ou essenciais. De acordo com
as notas fiscais acostadas aos autos (fls. 7.509 a 7.572), observa-se que grande parte dos
medicamentos adquiridos é de uso comum e, dessa forma, pode e deve a Gestora realizar o devido
processo licitatório e fazer pequenas aquisições durante todo o exercício financeiro. Com relação às
compras feitas à Empresa J. Lira & Cia Ltda, entende a Auditoria que os contratos têm sua vigência
limitada aos respectivos créditos orçamentários, com observância do princípio da anualidade do
orçamento. Com referência aos transportes de doentes, a irregularidade apontada foi em relação à
ausência do Procedimento Licitatório, como exigido pela Lei 8.666/93, não havendo, por parte da
recorrente argumentos capazes de alterar o entendimento inicial. Diante do exposto, permaneceram
todas as irregularidades.
Ao final, alega a recorrente que as falhas remanescentes não têm o condão de alicerçar a permanência
de parecer desfavorável. No tocante às irregularidades constantes do Acórdão hostilizado, que não chegam a
comprometer a globalidade das contas examinadas, remanescendo imperfeições formais e, assim, pugna pela
emissão de parecer favorável à aprovação das contas. A Auditoria, em contrapartida, concluiu que permanecem
todas as irregularidades apontadas quando da análise da defesa, quais sejam: ausência de recolhimento de
obrigações patronais do INSS, gasto excessivo de combustível, no valor de R$ 80.987,15, e despesas realizadas
sem licitação, no valor de R$ 563.491,04, correspondendo a 10,86% da despesa orçamentária realizada. Quanto
a esta última irregularidade cumpre ressaltar que, a despeito do montante apontado pela Auditoria, de acordo
com o Parecer PPL TC 94/2008, restou consignado como despesas realizadas sem o devido procedimento
licitatório o valor de R$ 312.233,00.
Instado a se pronunciar, o Ministério Público junto ao TCE/PB emitiu cota às fls. 7.698, dando conta de
que o recurso é adequado, tempestivo e advindo de parte legitima e interessada. Quanto ao mérito, sob a égide
do relatório do órgão de instrução, pugnou pelo não provimento, visto que os argumentos trazidos com a peça
recursal não foram hábeis à modificação do entendimento externado pelas decisões proferidas por esta Egrégia
Corte, opinando pelo conhecimento do recurso e pelo não provimento, mantendo-se as decisões recorridas.
É o relatório, informando que os interessados foram devidamente notificados para esta sessão de
julgamento.
2. VOTO DO RELATOR
o Relator tem as seguintes considerações a fazer: especificamente quanto ao não recolhimento de INSS
sobre prestação de serviços por pessoa física, não é irregularidade que macula as contas prestadas, pois o
Parecer PN TC 52/04 não faz qualquer menção ao fato. Já em relação ao recolhimento de obrigações patronais
ao INSS, decorrente da folha de pagamento, consta no item 11.1, do relatório inicial da Auditoria, fls. 2571, que o
Municipio, de um total de R$ 304.712,62, deixou de recolher ao órgão previdenciário apenas R$ 60.157,57. Por
outro lado, agora de sede de recurso de reconsideração, a gestora apresentou o documento LDC - Lançamento
de Débito Confessado, fI. 6245, firmado, em 27/08/08, com a Secretaria da Receita Federal do Brasil- RFB (data
em que foi levando à apreciação pelo Tribunal Pleno o presente processo), em que reconhece o débito de R$
242.318,39, incluindo juros, referente ao período de abril a novembro de 2006. Assim, considerando que o valor
que deixou de ser recolhido representou 20% do total, e considerando, ainda, o documento firmado com RFB, na
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
data do julgamento da presente prestação de contas, o Relator entende que as justificativas apresentadas
devem ser aceitas, sanando a presente irregularidade.
No que diz respeito à realização de despesas sem a antecedência de licitação, no total de R$ 312.233,00,
o Relator entende que podem ser relevadas às relativas ao transporte de doentes, no total de R$ 174.002,50,
uma vez que foram realizadas por 11 prestadores de serviços diferentes. Não está evidente a necessidade de
licitação, por terem sido realizados ao longo do exercício, os gastos com aquisição de medicamentos, material
médico, elétrico e de expediente, alimentos e fornecimento de frutas. Permanecendo, no entanto, a juízo do
Relator, a necessidade de procedimento licitatório as despesas com locação de veículo e serviços de divulgação
(Fundaçãci Virginius da Gama e Melo), totalizando R$ 74.600,00.
Em relação ao excesso de combustível, o Relator acompanha a Auditoria e o Parquet, já que a defesa
não trouxe elementos convincentes para alterar também o seu entendimento. Os cálculos da Auditoria (fls.
2006/2009 e 2164/2169) estão lastreados em informação dos motoristas dos veículos (fls. 2010/2013 e
2170/2175), quanto ao consumo por litro, percurso diário e dias de utilização. Portanto, em informações dos
próprios usuários dos carros. É de se registrar que esta apuração decorreu de denúncia. No exercício de 2005
também foi constatado excesso de combustível e imputado débito de R$ 109.591,79, conforme Processo TC
04774//07 (Documento TC 10401/07), cujo relator do feito foi o Conselheiro Fernando Rodrigues Catão.
Ante o exposto, este Relator vota no sentido de que este colegiado, preliminarmente, tome conhecímento
do recurso de reconsideração interposto, dado ao atendimento dos pressupostos da tempestividade e da
legitimidade da impetrante, e, no mérito, conceda-lhe provimento parcial, apenas para considerar sanada a
irregularidade relativa recolhimento de obrigações patronais ao INSS, e alterar o total das despesas não
licitadas, que passou a ser de R$ 74.600,00, mantendo-se as demais decisões constantes do Parecer PPL TC
94/2008 e do Acórdão APL TC 644/2008, renovando-se o prazo de 60 dias à Prefeita, Sra. Maria Auxiliadora
Dias do Rego, para recolhimento do valor débito imputado (R$ 80.987,15) e da multa aplicada (R$ 2.805,10).
Publique-se e cumpra-se.
Sala das Sessões do TCE-PB - Plenário Ministro João Agripino.
João Pessoa, 29 de abril de 2009.
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PROCESSO TC N° 02283/07 FI. 5/5
(~-Ana Terêsa
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Nóbrega
Procuradora Geral do
Ministério Público junto ao TCEIPB