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1) Com fundamento no art. 71, inciso 11, da Constituição do Estado da Paraíba, bem como
no art. 1°, inciso I, da Lei Complementar Estadual n.O 18/93, JULGAR IRREGULARES as
referidas contas.
2) IMPUTAR ao ex-Prefeito Municipal de Santo André/PB, Sr. José Herculano Marinho Irmão,
débito no montante de R$ 50.776,52 (cinquenta mil, setecentos e setenta e seis reais e
cinquenta e dois centavos), sendo R$ 3.900,00 concernentes a despesas acobertadas com
notas fiscais adulteradas, R$ 13.637,60 referentes a dispêndios sem a devida comprovação,
R$ 22.500,00 relacionados a gastos antieconômicos com assessoria jurídica, R$ 2.159,92
atinentes a despesas irregulares com refeições e R$ 8.579,00 respeitantes a diárias
insuficientemente demonstradas.
3) ASSINAR o prazo de 60 (sessenta) dias para recolhimento voluntário aos cofres públicos
municipais do débito imputado, cabendo ao atual Prefeito Municipal, Sr. Fenelon Medeiros
Filho, no interstício máximo de 30 (trinta) dias após o término daquele período, zelar pelo
seu integral cumprimento, sob pena de responsabilidade e intervenção do Ministério Público
Estadual, na hipótese de omissão, tal como previsto no art. 71, § 4°, da Constituição do
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Estado da Paraíba, e na Súmula n. 40 do colendo Tribunal de Justiça do Estado da
Paraíba - TJ/PB.
4) APLICAR MULTA ao EX-Chefe do Poder Executivo Municipal de Santo André/PB, Sr. José
Herculano Marinho Irmão, no valor de R$ 2.805,10 (dois mil, oitocentos e cinco reais e dez
centavos), com base no que dispõe o art. 56, incisos 11 e 111, da Lei Complementar
Estadual n. ° 18/93 - LOTCE/PB.
6) FAZER recomendações no sentido de que o atual Prefeito Municipal, Sr. Fenelon Medeiros
Filho, não repita as irregularidades apontadas no relatório dos peritos da unidade técnica
deste Tribunal e observe, sempre, os preceitos constitucionais, legais e regulamentares
pertinentes.
PROCESSOTC N.o 01964/07
7) Com fulcro no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, cabeça, da Constituição Federal,
COMUNICAR à Delegacia da Receita Federal do Brasil, em Campina Grande/PB, acerca do
não recolhimento ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS de parte das contribuições
previdenciárias efetivamente retidas dos segurados.
8) Também com base no supracitado dispositivo, REMETER cópia das peças técnicas,
fls. 2.533/2.554 e 3.102/3.127, do parecer do Ministério Público Especial, fls. 3.129/3.143, e
desta decisão à augusta Procuradoria Geral de Justiça do Estado da Paraíba, para as
providências cabíveis.
Presente: ()~
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Represent~:te do Ministério Público Especial U
PROCESSOTC N.o 01964/07
Tratam os presentes autos da análise das Contas do Município de Santo AndréjPB, relativas
ao exercício financeiro de 2006, de responsabilidade do ex-Prefeito e ex-Ordenador de
Despesas, Sr. José Herculano Marinho Irmão, apresentada a este ego Tribunal em 27 de
março de 2007, mediante o Ofício n.O075, datado de 22 de março daquele ano, f/. 02.
Os peritos da Divisão de Auditoria da Gestão Municipal VI - DIAGM VI, com base nos
documentos insertos nos autos, emitiram o relatório inicial de fls. 2.533/2.554, constatando,
sumariamente, que: a) as contas foram apresentadas no prazo legal; b) o orçamento foi
aprovado através da Lei Municipal n.o 182/2005, estimando a receita em R$ 6.046.810,00,
fixando a despesa em igual valor e autorizando a abertura de créditos adicionais
suplementares até o limite de 30% do total orçado; c) durante o exercício, foram abertos
créditos adicionais suplementares no valor de R$ 1.155.138,70; d) a receita orçamentária
efetivamente arrecadada no período ascendeu à soma de R$ 4.261.757,50; e) a despesa
orçamentária realizada atingiu a quantia de R$ 4.296.029,51; f) a receita extra-orçamentária,
acumulada no exercício financeiro, alcançou a importância de R$ 274.020,74; g) a despesa
extra-orçamentária, executada durante o ano, compreendeu um total de R$ 204.320,04;
h) o somatório da Receita de Impostos e Transferências - RIT atingiu o patamar de
R$ 3.658.560,73; i) a Receita Corrente Líquida - RCL alcançou o montante de
R$ 4.261.757,50; e j) a cota-parte recebida do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do
Ensino Fundamental e de Valorizaçãodo Magistério- FUNDEFsomou R$ 392.019,58.
Quanto aos gastos condicionados, verificaram os analistas desta Corte que: a) a despesa
com recursos do FUNDEF na remuneração dos profissionais do magistério alcançou o
montante de R$ 245.762,90, representando 62,69% da cota-parte recebida no exercício;
b) a aplicação em manutenção e desenvolvimento do ensino atingiu o valor de
R$ 848.982,30 ou 23,21% da RIT; c) o Município despendeu com saúde a importância de
R$ 645.364,84 ou 17,64% da RIT; e d) os gastos com pessoal da municipalidade, já
incluídos os do Poder Legislativo, alcançaram o montante de R$ 1.860.952,65 ou 43,67%
da RCL.
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Relatóriosde Gestão Fiscal- RGFs,referentes aos dois semestres do período, também foram ,
encaminhadostempestivamente. \,
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TRIBUNALDECONTASDO ESTADO
apuração do percentual daquele exercício; e) aos gastos apurados com MDE devem ',ser ~/ ... "
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
É o relatório.
As contas apresentadas pelo ex-Prefeito Municipal de Santo André/PB, Sr. José Herculano
Marinho Irmão, revelam diversas e graves irregularidades remanescentes. Com efeito,
conforme destacaram os peritos desta Corte, fi. 2.535, o BALANÇOORÇAMENTÁRIOda
Comuna, fi. 72, demonstra ab initio a existência de déficit no valor de R$ 34.272,01, tendo
em vista que as receitas e as despesas orçamentárias da Urbe somaram, respectivamente,
R$ 4.261.757,50 e R$ 4.296.029,51. Todavia, após a inclusão das despesas com pessoal
pertencentes ao exercício financeiro de 2006, somente empenhadas no ano de 2007, no
montante de R$ 96.783,00 (R$ 3.783,00 contabilizados como despesas de exercícios
anteriores e R$ 93.000,00 escriturados como vencimentos e vantagens fixas), o déficit
orçamentário aumenta para R$ 131.055,01, equivalendo a 3,08% da receita orçamentária
arrecadada no exercício.
Em seguida, os técnicos deste Sinédrio de Contas, fi. 2.544, evidenciaram que o antigo
gestor não comprovou as publicações dos Relatórios Resumidos de Execução
Orçamentária - REOs e dos Relatórios de Gestão Fiscal - RGFs, relativos ao exercício
sub judice, tendo em vista que os ofícios de encaminhamento dos citados relatório~/ ao
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Tribunal, fls. 306, 315, 324, 333, 346, 355, 364 e 370, apenas informam os possívei~I~~is )-- ..
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
de suas divulgações, sem constar nos autos quaisquer declarações das autoridades
responsáveis pelas afixações dos exemplares em locais públicos.
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§ 30 - O Poder Executivo publicará, até trinta dias após encerramento de
cada bimestre, relatório resumido da execução orçamentária.
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§ 1° (...)
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PROCESSOTC N.o 01964/07
§ 1Q A infração prevista neste artigo é punida com multa de trinta por cento
dos vencimentos anuais do agente que lhe der causa, sendo o pagamento
da multa de sua responsabilidade pessoal.
Tal fato, além de demonstrar um certo desprezo da autoridade responsável aos preceitos
estabelecidos na lei instituidora de normas gerais de direto financeiro para elaboração e
controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito
Federal - Lei Nacional n.o 4.320/64 -, prejudica a transparência das contas públicas
pretendida com o advento da referida LRF, onde o RGF figura como instrumento dessa
transparência, conforme preceituam o já citado art. 1°, § 1°, bem como o art. 48 da Lei
Complementar Nacional n.o 101/2000, ad /iteram:
Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será
dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os
planos, os orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de
contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução
Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas
desses documentos. (grifamos)
No tocante à Lei Municipal n.o 178/2005, que estabeleceu as diretrizes orçamentárias para.o
exercício, os inspetores do Tribunal constataram, fi. 2.534, o envio intempestivo daq ela
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
norma, como também as seguintes eivas: a) não apresentação das prioridades do exercício
de 2005; b) falta de fixação dos valores das despesas de capital para o exercício financeiro
de 2006; c) carência de envio do Anexo de Metas Fiscais; d) ausência de apresentação, em
valores correntes e constantes, das metas fiscais, estabelecidas para o exercício de 2006 e
para os dois exercícios seguintes; e) não apresentação do Anexo de Riscos Fiscais (ARF);
f) carência de apresentação da mensagem de encaminhamento do projeto da LDO ao Poder
Legislativo; e g) ausência da comprovação da realização de audiência pública. Essas
inconformidades caracterizam transgressão ao disposto no art. 5°, § 1°, da Resolução
Normativa RN - TC - 07/04, consoante texto original vigente no período ora analisado,
senão vejamos:
Art. 5° - (omissis)
No que se refere à Lei Municipal n. ° 182/2005, que dispõe sobre o orçamento para o ano de
2006, os peritos deste Pretório, fi. 2.533, detectaram a ausência de autenticação na cópia
enviada ao Tribunal e a carência de comprovação da realização de audiência pública.
Contudo, em relação à primeira eiva deve a mesma ser desconstituída, tendo em vista que o
art. 7°, § 1°, da Resolução Normativa RN - TC - 07/2004, estabelece a necessidade de
envio ao Tribunal de cópia AUTÊNTICA da Lei Orçamentária Anual - LOA e nos autos não há
evidência de falta de autenticidade dos documentos apresentados pela autoridade
responsável à época.
Art. 70 - (omissis)
até o quinto dia útil do mês de janeiro do ano em que se inicia a sua
vigência, devidamente acompanhada da correspondente mensagem do seu
encaminhamento ao Poder Legislativo e da evidência de realização de
audiência pública prevista no artigo 48 da LRF.(grifos ausentes no original)
Outra irregularidade lançada pelos especialistas desta Corte, fls. 2.542/2.543, foi a ausência
de contabilização de despesas com pessoal do Poder Executivo Municipal relativas ao período
de 2006, no montante de R$ 96.783,00, somente empenhadas no ano de 2007, sem a
existência de motivos plausíveis para tal situação. Neste sentido, cabe destacar que o
Anexo XI da Prestação de Contas Anuais - PCA, fls. 52/71, demonstrou, ao final do exercício
financeiro de 2006, a existência de saldos nas dotações orçamentárias classificadas como
VENCIMENTOS E VANTAGENS FIXAS, elemento de despesa 11, na importância de
R$ 188.874,66, bem como autorizações legislativas para a abertura de créditos adicionais
suplementares acima dos valores efetivamente abertos no período.
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
contábeis na forma prevista nos arts. 83 a 106, da Lei Nacional n.o 4.320/64, e no art. 50,
inciso 11, da LRF, como também elaborou os balanços sem observar todos os princípios
fundamentais de contabilidade previstos nos arts. 2° e 3°, da Resolução do Conselho Federal
de Contabilidade n.O 750, de 29 de dezembro de 1993, devidamente publicada no Diário
Oficial da União - DOU de 31 de dezembro do mesmo ano, verbum pro verbo:
I) o da ENTIDADE;
11) o da CONTINUIDADE;
I1I) o da OPORTUNIDADE;
IV) o do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL;
V) o da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA;
VI) o da COMPETÊNCIA e
VII) o da PRUDÊNCIA.
Neste sentido, cabe destacar que a ausência do certame público para seleção de servidores
afronta os princípios constitucionais da impessoalidade, da moralidade administrativa e da
necessidade de concurso público, devidamente estabelecidos na cabeça e no inciso 11, do
art. 37, da Carta Constitucional, verbo ad verbum:
I -(omissis)
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Para as demais despesas informadas como não licitadas permanecem as constatações dos
técnicos do Tribunal. Portanto, após os devidos ajustes, evidencia-se a existência de
despesas sem a realização do devido concurso público para os serviços de assessoria
jurídica, no montante de R$ 54.310,00, a utilização de procedimento licitatório inadequado
para a contratação de transportes de estudantes, na soma de R$ 133.962,50, bem como a
realização de despesas sem licitação na elevada quantia de R$ 385.867,13, equivalendo a
9,57% da despesa orçamentária empenhada do Poder Executivo (R$ 4.032.659,6l~~ a j';:, ':'
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Acerca da matéria, é necessário realçar que a licitação é o meio formalmente vinculado que
proporciona à Administração Pública melhores vantagens nos contratos e oferece aos
administrados a oportunidade de participar dos negócios públicos. Quando não realizada,
representa séria ameaça aos princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência, bem como da própria probidade administrativa.
Com efeito, deve ser enfatizado que a não realização dos devidos procedimentos Iicitatórios
exigíveis vai, desde a origem, de encontro ao preconizado na Lei Maior, especialmente o
disciplinado no art. 37, inciso XXI, verbatim:
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N
PROCESSOTC N.o 01964/07
consiste em crime previsto no art. 89, do próprio Estatuto das Licitações e dos Contratos
Administrativos, senão vejamos:
Ademais, consoante previsto no art. 10, inciso VIII, da já mencionada Lei do Colarinho
Branco - Lei Nacional n.O 8.429, de 02 de junho de 1992 -, a dispensa indevida do
procedimento de licitação consiste em ato de improbidade administrativa que causa prejuízo
ao erário, in verbis.
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Já os contratos acostados aos autos, fls. 2.518/2.532, demonstram que os preços unitários
pactuados variavam de acordo com os percursos realizados por cada condutor, quando o
que deveria alterar era o valor global contratado em virtude das distâncias percorridas,
faltando, ainda, a definição do valor total contratado no período de vigência do acordo.
Art. 137. A autorização a que se refere o artigo anterior deverá ser afixada
na parte interna do veículo, em local visível, com inscrição da lotação
permitida, sendo vedada a condução de escolares em número superior à
capacidade estabelecida pelo fabricante.
Além disso, consoante destacado nos supracitados dispositivos, os veículos com essa
destinação só poderão circular com autorização emitida pelo Departamento Estadual de
Trânsito da Paraíba- DETRAN/PB,exigindo-se, para tanto, os requisitos e os equipamentos
obrigatórios ali estabelecidos, bem como no art. 3°, da Resolução n.O 82/98 do Conselho
Nacionalde Trânsito - CONTRAN,ad /íteram:
Ainda que se reconheça a precariedade das vias por onde trafegam os veículos nas zonas
rurais dos Municípios e, por conseguinte, a necessidadede utilização de modelos de tração
especial, é absolutamente indispensável a sua devida adaptação, para que eles atendam
satisfatoriamente, e com segurança, a finalidade pretendida.
I- (omissis)
III - (...)
Infração - gravíssima;
Penalidade- multa e apreensãodo veículo;
Medida Administrativa - remoção do veículo;
Referida mácula, em virtude de sua gravidade, é suficiente não só para a emissão de parecer
contrário à aprovação das contas, conforme determina o item 2.3 do Parecer Normativo
PN - TC - 52/2004 deste ego Tribunal, como também para a decretação de intervenção de
um Estado em seus Municípios, consoante preconiza o art. 35, inciso IH, da Carta Magna,
senão vejamos:
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos
Municípioslocalizadosem Território Federal, exceto quando:
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Por conseguinte, deve ser enfatizado que o não repasse das contribuições previdenciárias
retidas dos servidores da Urbe, que, no presente caso, são vinculados ao Regime Geral de
Previdência Social - RGPS, caracteriza a situação de apropriação indébita previdenciária,
consoante estabelecido no art. 168-A, do Código Penal Brasileiro, dispositivo este introduzido
pela Lei Nacional n.O 9.983, de 14 de julho de 2000, in verbts:
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Art. 48 - (omissis)
Art. 70 - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
I- (omissis)
°
Nessesentido, transcrevemos a Súmula n. 27 do colendo Tribunal de Justiça do Estado da
Paraíba - TJ/PB, que veda, de forma peremptória, o pagamento de salários abaixo do
mínimo nacionalmente unificado, ipsis /itteris.
Outrossim, cabe destacar que até mesmo para aqueles que possuem remuneração variável,
fixada por comissão, peça, tarefa ou outras modalidades, a obrigatoriedade de se pagar o
mínimo legal vigora, conforme preceitua o art. 1°, da Lei Nacional nO 8.716, de 11 de
outubro de 1993, que dispõe sobre a garantia do salário mínimo e dá outras providências,
ad /iteram: _
PROCESSOTC N.o 01964/07
Art. 7° - (omissis)
Igualmente inserido no rol das máculas detectadas encontra-se a comprovação de parte das
despesas com serviços gráficos, junto à empresa ALTAIR ARAÚJO POMBO DE SOUSA,
através de documentos fiscais adulterados. Conforme destacado pelos técnicos do Tribunal,
fi. 2.550, em alguns pagamentos realizados no exercício foram emitidas notas fiscais com o
mesmo número de série. As peças encartadas aos autos, fls. 743/750, comprovam a emissão
de 02 (duas) notas fiscais de serviços com o mesmo numeral (Nota Fiscal de Serviço n.O 86),
na quantia total de R$ 3.340,00, e também de 03 (três) notas fiscais de serviços com a
mesma numeração (Nota Fiscal de Serviços n.o 69), na soma de R$ 2.130,00.
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
R$ 3.900,00, concernente aos Empenhos n.vs 370 (R$ 900,00), 3.540 (R$ 1.000,00) e 2.754
(R$ 2.000,00). Assim, fica manifesta a possível prática de diversos ilícitos, notadamente o
crime contra a ordem tributária, descrito no art. 1°, inciso 111,da Lei Nacional n.o 8.137, de
27 de dezembro de 1990, senão vejamos:
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No que diz respeito às despesas não comprovadas, os analistas deste Sinédrio apontaram,
inicialmente, o montante de R$ 38.643,48, e, após análise dos documentos apresentados na
defesa, fi. 3.114/3.116, o valor anteriormente encontrado foi reduzido para R$ 14.237,60.
Contudo, desta importância deve ser deduzida a quantia de R$ 1.600,00, tendo em vista que
o Dr. Genival Matias de Oliveira era assessor jurídico nomeado pelo Prefeito, com lotação na
Secretaria de Administração e Planejamento do Município até o dia 31 de março de 2006,
quando foi exonerado consoante Portaria n.o 050/2006, fi. 2.735.
Por outro lado, as despesas com locação do veículo FIAT UNO somaram no exercício
R$ 12.000,00, porém a documentação apresentada pelo gestor à época, empenhos e notas
fiscais avulsas emitidas pelo Poder Executivo Municipal, comprova, unicamente, os gastos
relacionados aos meses de janeiro a novembro de 2006, no montante de R$ 11.000,00,
fls. 3.048/3.099, existindo a ausência dos comprovantes de despesas referentes ao Empenho
n. ° 169, de 20 de janeiro de 2006, no valor de R$ 1.000,00, que serviu para o pagamento da
locação do veículo ocorrida no mês de dezembro de 2005.
Após os devidos ajustes, os dispêndios não comprovados, que devem ser imputados ao
Alcaide, diminuem de R$ 14.237,60 para R$ 13.637,60, sendo R$ 180,00 concernentes à
ajuda financeira à pessoa carente, R$ 1.000,00 referentes à locação de veículo, R$ 3.375,00
respeitantes ao fornecimento de óculos de grau para doação, R$ 1.810,00 atinentes a
serviços advocatícios, R$ 2.272,60 relativos ao fornecimento de refeições e R$ 5.000,00
relacionados aos serviços de consultoria e assessoria na área de planejamento e elaboração
de projetos técnicos.
destacado alhures, o cargo comissionado de assessor jurídico com lotação na Secretaria e... »:'.,
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Desta feita, como o Sr. José Herculano Marinho Irmão apenas mencionou as possíveis
causas judiciais, sem anexar quaisquer peças técnicas elaboradas pelos profissionais
contratados, a quantia de R$ 22.500,00 deve ser imputada ao referido gestor, sendo
R$ 7.500,00 pagos ao escritório MAIA & MARIZ ADVOGADOS ASSOCIADOS e R$ 15.000,00
pagos ao escritório DANIEL DALÔNIO ADVOCACIA E CONSULTORIA.
O artigo 70, parágrafo único, da Constituição Federal, dispõe que a obrigação de prestar
contas abrange toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade,
guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União, os
Estados ou os Municípios respondam, ou que, em nome destes entes, assuma obrigações de
natureza pecuniária.
Importa notar que imperativa é não só a prestação de contas, mas também a sua completa
e regular prestação, já que a ausência ou a imprecisão de documentos que inviabilizem ou
tornem embaraçoso o seu exame é tão grave quanto a omissão do próprio dever de
prestá-Ias, sendo de bom alvitre destacar que a simples indicação, em extratos, notas de
empenho, notas fiscais ou recibos, do fim a que se destina o dispêndio não é suficiente para
comprová-lo, regularizá-lo ou legitimá-lo.
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Visando aclarar o tema em disceptação, vejamos parte do voto do ilustre Ministro M eira I
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PROCESSOTC N.o 01964/07
Sendo assim, por ter havido transgressão aos ditames estabelecidos na resolução que
regulamenta a verificação das despesas com diárias, tais despesas deverão ser consideradas
irregulares, cabendo ao gestor devolver os recursos recebidos aos cofres da municipalidade,
em consonância com o definido no art. 5° do supracitado instrumento normativo, in verbis:
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deslocamento, duração exata, meio de transporte utilizado, recibos rr' .
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
2.1. (omissis);
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contábeis, apresentados em meios físico e magnético ao Tribunal;
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2.12. não publicação e não encaminhamento ao Tribunal dos Relatórios
Resumidos de Execução Orçamentária (REO) e dos Relatórios de Gestão
Fiscal (RGF), nos termos da legislação vigente; (nossos grifos)
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PROCESSOTC N.o 01964/07
I - (omissis)
1) Com base no art. 71, inciso I, c/c o art. 31, § 10, da Constituição Federal, no art. 13, § 1°,
da Constituição do Estado da Paraíba" e no art. 1°, inciso IV, da Lei Complementar Estadual
n.o 18/93, EMITA PARECER CONTRARIO à aprovação das contas de governo do ex-Prefeito
Municipal de Santo André/PB, Sr. José Herculano Marinho Irmão, relativas ao exercício
financeiro de 2006, encaminhando-o à consideração da ego Câmara de Vereadores do
Município para julgamento político da referida autoridade.
2) Com fundamento no art. 71, inciso 11, da Constituição do Estado da Paraíba, bem como
no art. 1°, inciso I, da Lei Complementar Estadual n. ° 18/93, JULGUE IRREGULARES as
contas de gestão do ex-Ordenador de Despesas da Comuna no exercício financeiro de 2006,
Sr. José Herculano Marinho Irmão.
3) IMPUTE ao ex-Prefeito Municipal de Santo André/PB, Sr. José Herculano Marinho Irmão,
débito no montante de R$ 50.776,52 (cinquenta mil, setecentos e setenta e seis reais e
cinquenta e dois centavos), sendo R$ 3.900,00 concernentes a despesas acobertadas com
notas fiscais adulteradas, R$ 13.637,60 referentes a dispêndios sem a devida comprovação,
R$ 22.500,00 relacionados a gastos antieconômicos com assessoria jurídica, R$ 2.159,92
atinentes a despesas irregulares com refeições e R$ 8.579,00 respeitantes a diárias
insuficientemente demonstradas.
4) ASSINE o prazo de 60 (sessenta) dias para recolhimento voluntário aos cofres públicos
municipais do débito imputado, cabendo ao atual Prefeito Municipal, Sr. Fenelon Medeiros
Filho, no interstício máximo de 30 (trinta) dias após o término daquele período, zelar pelo
seu integral cumprimento, sob pena de responsabilidade e intervenção do Ministério Público
Estadual, na hipótese de omissão, tal como previsto no art. 71, § 4°, da Constituição do
°
Estado da Paraíba, e na Súmula n. 40 do colendo Tribunal de Justiça do Estado da
Paraíba - TJ/PB.
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
5) APLIQUE MULTA ao ex-Chefe do Poder Executivo, Sr. José Herculano Marinho Irmão, no
valor de R$ 2.805,10 (dois mil, oitocentos e cinco reais e dez centavos), com base no que
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dispõe o art. 56, incisos H e IH, da Lei Complementar Estadual n. 18/93 - LOTCE/PB.
7) FAÇA recomendações no sentido de que o atual Prefeito Municipal, Sr. Fenelon Medeiros
Filho, não repita as irregularidades apontadas no relatório dos peritos da unidade técnica
deste Tribunal e observe, sempre, os preceitos constitucionais, legais e regulamentares
pertinentes.
8) Com fulcro no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, cabeça, da Constituição Federal,
COMUNIQUE à Delegacia da Receita Federal do Brasil, em Campina Grande/PB, acerca do
não recolhimento ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS de parte das contribuições
previdenciárias efetivamente retidas dos segurados.
9) Também com base no supracitado dispositivo, REMETA cópia das peças técnicas,
fls. 2.533/2.554 e 3.102/3.127, do parecer do Ministério Público Especial, fls. 3.129/3.143, e
desta decisão àpugusta Procuradoria Geral de Justiça do Estado da Paraíba, para as
providências caqi\Íeis. ~ '.
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