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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTpaJepetan I

PROCESSO TC N.o 01964/07

Objeto: Prestação de Contas Anuais


Relator: Auditor Renato Sérgio Santiago Melo
Responsável: José Herculano Marinho Irmão

EMENTA: PODER EXECUTIVO MUNICIPAL - ADMINISTRAÇÃO DIRETA -


PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAIS - PREFEITO - ORDENADOR DE DESPESAS -
CONTAS DE GESTÃO - APRECIAÇÃO DA MATÉRIA PARA FINS DE JULGAMENTO -
ATRIBUIÇÃO DEFINIDA NO ART. 71, INCISO lI, DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO
DA PARAÍBA, E NO ART. 1°, INCISO I, DA LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL
°
N. 18/93 - Ausência de equilíbrio entre receitas e despesas orçamentárias -
Carência de comprovação das publicações dos Relatórios Resumidos de Execução
Orçamentária e de Gestão Fiscal do exercício - Divergência entre o valor da
despesa com pessoal apresentado no RGF do segundo semestre do período e o
apurado na prestação de contas - Encaminhamento da Lei de Diretrizes
Orçamentárias ao Tribunal fora do prazo e com inconsistências - Falta de
comprovação da realização de audiência pública para a elaboração da Lei
Orçamentária Anual - Ausência de empenhamento e contabilização de despesas
com pessoal - Demonstrativos contábeis incorretamente elaborados - Carência
de realização de diversos procedimentos de licitação - Contratação de
profissionais para serviço típico da administração pública sem a implementação
do devido concurso público - Realização de procedimento Iicitatório inadequado e
com diversas falhas - Aplicação de recursos em manutenção e desenvolvimento
do ensino em percentual abaixo do exigido na Constituição Federal -
Recolhimento a menor das contribuições previdenciárias retidas dos segurados -
Atraso na entrega de balancetes e dos comprovantes de despesas mensais do
Poder Executivo à Câmara Municipal - Pagamento de salários inferiores ao
mínimo nacionalmente estabelecido - Divergências entre as informações da frota
de veículos constantes no SAGRESe na PCA - Envio intempestivo de documentos
solicitados para a instrução da prestação de contas - Despesas acobertadas com
notas fiscais adulteradas - Dispêndios sem a devida comprovação - Gastos
antieconômicos com assessoria jurídica - Despesas irregulares com refeições -
Pagamento de diárias insuficientemente demonstradas - Transgressões a
dispositivos de natureza constitucional, infraconstitucional e regulamentar -
Desvio de finalidade - Condutas ilegítimas e antieconômicas - Eivas que
comprometem a regularidade das contas de gestão - Ações e omissões que
geraram prejuízo ao Erário - Necessidade imperiosa de ressarcimento e de
imposição de penalidade. Irregularidade. Imputação de débito. Assinação de
prazo para recolhimento. Aplicação de multa. Fixação de lapso temporal para
pagamento. Recomendações. Representações.

e discutidos os autos da PRESTAÇÃO DE CONTAS DE GESTÃO DO


Vistos, relatados
EX-ORDENADOR DE DESPESAS DO MUNICíPIO DE SANTO ANDRÉ/PB, SR. J 'É
HERCULANO MARINHO IRMÃO, relativa ao exercício financeiro de 2006, acordam,
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 01964/07

unanimidade, os Conselheiros integrantes do TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA


PARAÍBA, em sessão plenária realizada nesta data, com a declaração de impedimento do
Conselheiro José Marques Mariz, na conformidade da proposta de decisão do relator a
seguir, em:

1) Com fundamento no art. 71, inciso 11, da Constituição do Estado da Paraíba, bem como
no art. 1°, inciso I, da Lei Complementar Estadual n.O 18/93, JULGAR IRREGULARES as
referidas contas.

2) IMPUTAR ao ex-Prefeito Municipal de Santo André/PB, Sr. José Herculano Marinho Irmão,
débito no montante de R$ 50.776,52 (cinquenta mil, setecentos e setenta e seis reais e
cinquenta e dois centavos), sendo R$ 3.900,00 concernentes a despesas acobertadas com
notas fiscais adulteradas, R$ 13.637,60 referentes a dispêndios sem a devida comprovação,
R$ 22.500,00 relacionados a gastos antieconômicos com assessoria jurídica, R$ 2.159,92
atinentes a despesas irregulares com refeições e R$ 8.579,00 respeitantes a diárias
insuficientemente demonstradas.

3) ASSINAR o prazo de 60 (sessenta) dias para recolhimento voluntário aos cofres públicos
municipais do débito imputado, cabendo ao atual Prefeito Municipal, Sr. Fenelon Medeiros
Filho, no interstício máximo de 30 (trinta) dias após o término daquele período, zelar pelo
seu integral cumprimento, sob pena de responsabilidade e intervenção do Ministério Público
Estadual, na hipótese de omissão, tal como previsto no art. 71, § 4°, da Constituição do
°
Estado da Paraíba, e na Súmula n. 40 do colendo Tribunal de Justiça do Estado da
Paraíba - TJ/PB.

4) APLICAR MULTA ao EX-Chefe do Poder Executivo Municipal de Santo André/PB, Sr. José
Herculano Marinho Irmão, no valor de R$ 2.805,10 (dois mil, oitocentos e cinco reais e dez
centavos), com base no que dispõe o art. 56, incisos 11 e 111, da Lei Complementar
Estadual n. ° 18/93 - LOTCE/PB.

5) FIXAR o período de até de 60 (sessenta) dias para pagamento voluntário da penalidade


ao Fundo de Fiscalização Orçamentária e Financeira Municipal, conforme previsto no art. 3°,
alínea "a", da Lei Estadual n. ° 7.201, de 20 de dezembro de 2002, cabendo à Procuradoria
Geral do Estado da Paraíba, no interstício máximo de 30 (trinta) dias após o término daquele
período, velar pelo seu integral cumprimento, sob pena de intervenção do Ministério Público
Estadual, na hipótese de omissão, tal como previsto no art. 71, § 4°, da Constituição do
Estado da Paraíba, e na Súmula n.o 40, do ego Tribunal de Justiça do Estado da
Paraíba - TJ/PB.

6) FAZER recomendações no sentido de que o atual Prefeito Municipal, Sr. Fenelon Medeiros
Filho, não repita as irregularidades apontadas no relatório dos peritos da unidade técnica
deste Tribunal e observe, sempre, os preceitos constitucionais, legais e regulamentares
pertinentes.
PROCESSOTC N.o 01964/07

7) Com fulcro no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, cabeça, da Constituição Federal,
COMUNICAR à Delegacia da Receita Federal do Brasil, em Campina Grande/PB, acerca do
não recolhimento ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS de parte das contribuições
previdenciárias efetivamente retidas dos segurados.

8) Também com base no supracitado dispositivo, REMETER cópia das peças técnicas,
fls. 2.533/2.554 e 3.102/3.127, do parecer do Ministério Público Especial, fls. 3.129/3.143, e
desta decisão à augusta Procuradoria Geral de Justiça do Estado da Paraíba, para as
providências cabíveis.

Presente ao julgamento o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas


Publique-se, registre-se e intime-se.
TCE - Plenário Ministro João Agripino

João Pessoa, 21 de janeiro de 2009

Presente: ()~
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Represent~:te do Ministério Público Especial U
PROCESSOTC N.o 01964/07

Tratam os presentes autos da análise das Contas do Município de Santo AndréjPB, relativas
ao exercício financeiro de 2006, de responsabilidade do ex-Prefeito e ex-Ordenador de
Despesas, Sr. José Herculano Marinho Irmão, apresentada a este ego Tribunal em 27 de
março de 2007, mediante o Ofício n.O075, datado de 22 de março daquele ano, f/. 02.

Os peritos da Divisão de Auditoria da Gestão Municipal VI - DIAGM VI, com base nos
documentos insertos nos autos, emitiram o relatório inicial de fls. 2.533/2.554, constatando,
sumariamente, que: a) as contas foram apresentadas no prazo legal; b) o orçamento foi
aprovado através da Lei Municipal n.o 182/2005, estimando a receita em R$ 6.046.810,00,
fixando a despesa em igual valor e autorizando a abertura de créditos adicionais
suplementares até o limite de 30% do total orçado; c) durante o exercício, foram abertos
créditos adicionais suplementares no valor de R$ 1.155.138,70; d) a receita orçamentária
efetivamente arrecadada no período ascendeu à soma de R$ 4.261.757,50; e) a despesa
orçamentária realizada atingiu a quantia de R$ 4.296.029,51; f) a receita extra-orçamentária,
acumulada no exercício financeiro, alcançou a importância de R$ 274.020,74; g) a despesa
extra-orçamentária, executada durante o ano, compreendeu um total de R$ 204.320,04;
h) o somatório da Receita de Impostos e Transferências - RIT atingiu o patamar de
R$ 3.658.560,73; i) a Receita Corrente Líquida - RCL alcançou o montante de
R$ 4.261.757,50; e j) a cota-parte recebida do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do
Ensino Fundamental e de Valorizaçãodo Magistério- FUNDEFsomou R$ 392.019,58.

Em seguida, os técnicos da DIAGM VI destacaram que os dispêndios municipais


evidenciaram, sinteticamente, os seguintes aspectos: a) as despesas com obras e serviços
de engenharia totalizaram R$ 244.450,00 e foram totalmente pagas no exercício, sendo
R$ 120.000,00 quitados com recursos estaduais e R$ 124.450,00 liquidados com recursos
próprios; e b) os subsídios do Prefeito e da vice-Prefeita foram fixados, respectivamente, em
R$ 5.000,00 e R$ 2.500,00 mensais, através da Lei Municipal n.O 169, de 21 de maio de
2004.

Quanto aos gastos condicionados, verificaram os analistas desta Corte que: a) a despesa
com recursos do FUNDEF na remuneração dos profissionais do magistério alcançou o
montante de R$ 245.762,90, representando 62,69% da cota-parte recebida no exercício;
b) a aplicação em manutenção e desenvolvimento do ensino atingiu o valor de
R$ 848.982,30 ou 23,21% da RIT; c) o Município despendeu com saúde a importância de
R$ 645.364,84 ou 17,64% da RIT; e d) os gastos com pessoal da municipalidade, já
incluídos os do Poder Legislativo, alcançaram o montante de R$ 1.860.952,65 ou 43,67%
da RCL.

No tocante aos aspectos relacionados à gestão fiscal, assinalaram os inspetores da unidade


técnica que: a) os Relatórios Resumidos de Execução Orçamentária - REOs, concernentes
aos seis bimestres do exercício, foram enviados ao Tribunal dentro do prazo; e b) os

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Relatóriosde Gestão Fiscal- RGFs,referentes aos dois semestres do período, também foram ,
encaminhadostempestivamente. \,

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TRIBUNALDECONTASDO ESTADO

PROCESSO TC N.O 01964/07

Ao final de seu relatório, a unidade de instrução apresentou, de forma resumida, as


irregularidades constatadas, quais sejam: a) déficit na execução orçamentária, no montante
de R$ 131.055,01; b) repasse ao Poder Legislativo em dissonância com o disposto no
art. 29-A, § 2°, inciso I, da Constituição Federal; c) ausência de publicação dos REOsdos
seis bimestres do exercício; d) carência de divulgação dos RGFs dos dois semestres do
período; e) incompatibilidade entre as informações contidas no RGFdo segundo semestre e
na prestação de contas; f) inconsistências na Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO;
g) inconformidades na Lei Orçamentária Anual - LOA; h) incorreta elaboração dos balanços
orçamentário, financeiro e patrimonial, bem como do demonstrativo da dívida flutuante;
i) despesasnão licitadas, na importância de R$ 574.139,63; j) diferença financeira na conta
do FUNDEF,na soma de R$ 11.345,10; k) não atendimento do percentual mínimo exigido
constitucionalmente na manutenção e desenvolvimento do ensino; I) ausência de
contabilizaçãode despesa com pessoaldo período, na quantia de R$ 96.783,00; m) carência
de recolhimento de parte das contribuições previdenciárias retidas dos empregados, na
importância de R$ 10.715,12; n) atraso na entrega dos balancetes e dos comprovantes de
despesasmensais do Poder Executivo ao Poder Legislativo; o) pagamento de salários abaixo
do mínimo nacionalmente estabelecido; p) gastos sem comprovação, no valor de
R$ 38.643,48; q) despesas insuficientemente comprovadas com aquisição de máquina
copiadora, na quantia de R$ 4.640,00; r) dispêndios com combustíveis sem comprovação, na
soma de R$ 152.651,52; s) inconsistências entre as informações da frota de veículos
constantes no SAGRESe na relação de veículos da PCA; t) despesas excessivas com
assessoriajurídica, na quantia de R$ 25.910,00; u) comprovação de serviços gráficos através
de documentos fiscais com o mesmo número de série, no valor de R$ 3.900,00;
v) dispêndios irregulares com fornecimento de refeições para o Prefeito, Secretários,
Assessorese outros funcionários da Comuna, na soma de R$ 4.432,52; w) concessão de
diárias insuficientemente comprovadas ao Prefeito, no montante de R$ 14.779,00; x) não
envio de parte da documentação solicitada para instruir a prestação de contas; e
y) contratação do serviço de transporte de estudantes com a existência de diversas máculas.

Processadasas devidas citações, fls. 2.555/2.559, o responsável técnico pela contabilidade


do Município no exercício financeiro, Dr. Djair Jacinto de Morais, deixou o prazo transcorrer
sem qualquer manifestação acerca das irregularidades contábeis detectadas no relatório
exordial. Já o Prefeito da Urbe à época, Sr. José Herculano Marinho Irmão, apresentou
contestação, fls. 2.560/3.099, na qual juntou documentos e argumentou, em síntese, que:
a) a enorme variação nas transferências de recursos pertencentes ao Fundo de Participação
dos Municípios- FPMocasionou a redução das receitas do município; b) o Poder Executivo
pagou o débito do Poder Legislativo junto ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, na
importância de R$ 24.992,61, entretanto, decisão judicial impediu a dedução daquela
importância quando dos repasses mensais para o Parlamento Mirim; c) os ofícios de
encaminhamento dos REOse RGFsao Tribunal informavam os locais das divulgações dos
mencionados relatórios; d) a RCL informada no RGF do 2° semestre de 2006 foi
devidamente retificada, conforme demonstrativo em anexo, todavia as despesascom pessoal
de 2006 empenhadas e pagas somente no ano de 2007 não podem ser incluídas na i

apuração do percentual daquele exercício; e) aos gastos apurados com MDE devem ',ser ~/ ... "
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 01964/07

adicionados os pagamentos indevidamente excluídos pelos técnicos do Tribunal, na quantia


de R$ 66.845,69; f) os empenhos e as guias de pagamentos comprovam a inexistência de
diferença financeira na conta do FUNDEF; g) os demonstrativos contábeis foram
corretamente elaborados, estando as despesas com pessoal classificadas de acordo com os
ditames da Lei Nacional n.o 4.320/64; h) no exercício não existiu recolhimento a menor de
contribuições previdenciárias, pois o valor arrecadado foi efetivamente recolhido; i) os
responsáveis pelo Poder Legislativo se negaram a abrir o prédio da Câmara de Vereadores
para receber os balancetes do Poder Executivo; j) os pagamentos apontados como abaixo do
mínimo estão relacionados aos serviços eventuais, que não constam nas folhas de
pagamento; k) a documentação acostada aos autos atesta as despesas apontadas como
insuficientemente comprovadas; I) os veículos informados no SAGRES são os pertencentes
ao município, enquanto que a relação apresentada na PCA incluiu as viaturas locadas; m) as
inúmeras causas judiciais tornam imprescindível o seu acompanhamento em todas as
localidades e instâncias por defensores; n) o empresário que forneceu os materiais de
expediente ao município não teve zelo pelo nome comercial de sua empresa; o) os gastos
com alimentação ocorreram nos deslocamentos para as cidades circunvizinhas que não
necessitam de pernoite; p) os afastamentos do Prefeito para os centros de decisões
motivaram as concessões de diárias; q) os documentos solicitados pelos peritos do Tribunal
foram entregues no prazo determinado; e r) a falta de interesse de transportadores de
estudantes de outras localidades levou a Secretaria Municipal de Administração a liberar os
convites para os proprietários de veículos residentes na Comuna de Santo André.

Encaminhados os autos à unidade de instrução, os seus analistas emitiram o relatório de


fls. 3.102/3.127, onde consideraram elididas as seguintes eivas: a) repasse ao Poder
Legislativo em dissonância com o disposto no art. 29-A, § 2°, inciso I, da Constituição
Federal; b) diferença financeira na conta do FUNDEF, na soma de R$ 11.345,10; c) despesas
insuficientemente comprovadas com aquisição de máquina copiadora, na quantia de
R$ 4.640,00; e d) dispêndios com combustíveis sem comprovação, na soma de
R$ 152.651,52. Em seguida, retificaram o percentual dos gastos com MDE de 23,21% para
23,54% da receita de impostos e transferências, como também diminuíram os gastos sem
comprovação de R$ 38.643,48 para R$ 14.237,60. Ao final, mantiveram in totum o seu
posicionamento exordial relativamente às demais irregularidades.

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, ao se pronunciar sobre a matéria,


fls. 3.129/3.143, opinou pelo (a): a) declaração do atendimento parcial dos requisitos de
gestão fiscal responsável; b) emissão de parecer contrário à aprovação das contas de gestão
geral; c) julgamento irregular da administração e uso de recursos relacionados a alguns itens
destacados pela instrução, com imputação de débito no valor atualizado; d) julgamento
regular com ressalvas das despesas executadas à margem da lei de licitações, sem
imputação de débito, em face da falta de indicação de danos materiais; e) julgamento
regular das demais despesas ordenadas; f) aplicação de multa ao ex-Prefeito, com
fundamento na Lei Nacional n.O 10.028/2000; g) comunicação à Receita Federal dos fatos
atrelados ao INSS; h) representação à Procuradoria Geral de Justiça para as providências a
seu cargo; e i) envio de recomendações, no sentido de prevenir a repetição das falhes
acusadas no exercício. "
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Solicitação de pauta inicialmente para a sessão do dia 17 de dezembro de 2008, conforme


fls. 3.144/3.145, e nova notificação para a presente assentada, consoante fls. 3.146/3.147
dos autos.

É o relatório.

As contas apresentadas pelo ex-Prefeito Municipal de Santo André/PB, Sr. José Herculano
Marinho Irmão, revelam diversas e graves irregularidades remanescentes. Com efeito,
conforme destacaram os peritos desta Corte, fi. 2.535, o BALANÇOORÇAMENTÁRIOda
Comuna, fi. 72, demonstra ab initio a existência de déficit no valor de R$ 34.272,01, tendo
em vista que as receitas e as despesas orçamentárias da Urbe somaram, respectivamente,
R$ 4.261.757,50 e R$ 4.296.029,51. Todavia, após a inclusão das despesas com pessoal
pertencentes ao exercício financeiro de 2006, somente empenhadas no ano de 2007, no
montante de R$ 96.783,00 (R$ 3.783,00 contabilizados como despesas de exercícios
anteriores e R$ 93.000,00 escriturados como vencimentos e vantagens fixas), o déficit
orçamentário aumenta para R$ 131.055,01, equivalendo a 3,08% da receita orçamentária
arrecadada no exercício.

Desta forma, restou caracterizado o inadimplemento da principal finalidade desejada pelo


legislador ordinário, mediante a inserção, no ordenamento jurídico tupiniquim, da festejada
Lei de ResponsabilidadeFiscal(Lei Complementar Nacional n.o 101, de 04 de maio de 2000),
qual seja, a implementação de um eficiente planejamento por parte dos gestores públicos,
com vistas à obtenção do equilíbrio das contas por eles administradas, conforme estabelece
o seu art. 10, § 1°, in verbis:

Art. 1°. (omissis)

§ 1° - A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e


transparente. em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de
afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de
resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no
que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da
seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de
crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e
inscrição em Restos a Pagar. (grifos inexistentes no texto original)

Em seguida, os técnicos deste Sinédrio de Contas, fi. 2.544, evidenciaram que o antigo
gestor não comprovou as publicações dos Relatórios Resumidos de Execução
Orçamentária - REOs e dos Relatórios de Gestão Fiscal - RGFs, relativos ao exercício
sub judice, tendo em vista que os ofícios de encaminhamento dos citados relatório~/ ao

w~
Tribunal, fls. 306, 315, 324, 333, 346, 355, 364 e 370, apenas informam os possívei~I~~is )-- ..
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de suas divulgações, sem constar nos autos quaisquer declarações das autoridades
responsáveis pelas afixações dos exemplares em locais públicos.

Assim, constata-se, em relação à falta de publicação dos REOs, desrespeito ao preconizado


no art. 165, § 30, da Constituição Federal, c/c o art. 52, cabeça, da Lei de Responsabilidade
Fiscal - LRF, como também, no tocante à carência de publicação dos RGFs, desprezo ao
estabelecido no art. 55, § 2°, da LRF, prejudicando, por conseguinte, a transparência das
contas públicas pretendida com o seu advento, respectivamente, verbum pro verbo:

Art. 165. (omissis)

§1°-( ...)

°
§ 30 - O Poder Executivo publicará, até trinta dias após encerramento de
cada bimestre, relatório resumido da execução orçamentária.

Art. 52. O relatório a que se refere o § 3º do art. 165 da Constituição


abrangerá todos os Poderes e o Ministério Público, será publicado até trinta
dias após o encerramento de cada bimestre e composto de:

...
( )

Art. 55. (omissis)

§ 1° (...)

§ 2º O relatório será publicado até trinta dias após o encerramento do


período a que corresponder, com amplo acesso ao público, inclusive por
meio eletrônico.

Especificamente, quanto ao Relatório de Gestão Fiscal - RGF, o art. 5°, inciso I,


parágrafos 10 e 20, da lei que dispõe, dentre outras, sobre as infrações contra as leis de
finanças públicas - Lei Nacional n.o 10.028, de 19 de outubro de 2000 -, prevê que a
carência de sua divulgação nos prazos e condições estabelecidos em lei constitui infração
administrativa, processada e julgada pelo Tribunal de Contas, sendo passível de punição
mediante a aplicação de multa pessoal de 30% (trinta por cento) dos vencimentos anuais ao
agente que lhe der causa, ipsis litteris.

Art. 5º Constitui infração administrativa contra as leis de finanças públicas:

I - deixar de divulgar ou de enviar ao Poder Legislativo e ao Tribunal de


Contas o relatório de gestão fiscal, nos prazos e condições estabelecidos em
lei;

...
( )
PROCESSOTC N.o 01964/07

§ 1Q A infração prevista neste artigo é punida com multa de trinta por cento
dos vencimentos anuais do agente que lhe der causa, sendo o pagamento
da multa de sua responsabilidade pessoal.

§ 2Q A infração a que se refere este artigo será processada e julgada pelo


Tribunal de Contas a que competir a fiscalização contábil, financeira e
orçamentária da pessoa jurídica de direito público envolvida.

Entretanto, apesar do disciplinado na citada norma, bem como no Parecer Normativo


PN - TC - 12/2006, onde o Tribunal já havia decidido exercer a competência que lhe fora
atribuída a partir do exercício financeiro de 2006, esta Corte, em decisões recentes, tem
deliberado pela não imposição daquela penalidade, haja vista a necessidade de uniformizar o
seu entendimento acerca da matéria.

Em relação à incompatibilidade de informações entre o RGF do segundo semestre do período


e os dados apurados na prestação de contas, notadamente em relação às despesas com
pessoal do Poder Executivo Municipal, verifica-se que os analistas do Tribunal calcularam tais
gastos no montante de R$ 1.654.458,60 ou 38,82% da Receita Corrente Líquida - RCL do
exercício, R$ 4.261.757,50, fi. 2.544, devido à inclusão de valores pertencentes ao exercício
de 2006 somente empenhados no ano de 2007 e à reclassificação de dispêndios com pessoal
incorretamente contabilizados como OUTROS SERVIÇOS DE TERCEIROS - PESSOA FÍSICA,
ao passo que o RGF informou apenas R$ 1.514.386,77 ou 35,53% da RCL retificada de
R$ 3.943.937,87 para R$ 4.261.757,50, no novo Demonstrativo das Despesas com Pessoal
apresentado pelo gestor, fi. 2.577.

Tal fato, além de demonstrar um certo desprezo da autoridade responsável aos preceitos
estabelecidos na lei instituidora de normas gerais de direto financeiro para elaboração e
controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito
Federal - Lei Nacional n.o 4.320/64 -, prejudica a transparência das contas públicas
pretendida com o advento da referida LRF, onde o RGF figura como instrumento dessa
transparência, conforme preceituam o já citado art. 1°, § 1°, bem como o art. 48 da Lei
Complementar Nacional n.o 101/2000, ad /iteram:

Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será
dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os
planos, os orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de
contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução
Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas
desses documentos. (grifamos)

No tocante à Lei Municipal n.o 178/2005, que estabeleceu as diretrizes orçamentárias para.o
exercício, os inspetores do Tribunal constataram, fi. 2.534, o envio intempestivo daq ela
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N.O 01964/07

norma, como também as seguintes eivas: a) não apresentação das prioridades do exercício
de 2005; b) falta de fixação dos valores das despesas de capital para o exercício financeiro
de 2006; c) carência de envio do Anexo de Metas Fiscais; d) ausência de apresentação, em
valores correntes e constantes, das metas fiscais, estabelecidas para o exercício de 2006 e
para os dois exercícios seguintes; e) não apresentação do Anexo de Riscos Fiscais (ARF);
f) carência de apresentação da mensagem de encaminhamento do projeto da LDO ao Poder
Legislativo; e g) ausência da comprovação da realização de audiência pública. Essas
inconformidades caracterizam transgressão ao disposto no art. 5°, § 1°, da Resolução
Normativa RN - TC - 07/04, consoante texto original vigente no período ora analisado,
senão vejamos:

Art. 5° - (omissis)

§ 10 - Cópia autêntica da LDO e seus anexos, conforme disposto no


inciso U, § 2°, art. 35 do ADCT/CF combinado com os artigos 165, § 2° da
CF, 166 da CE, e 4° da LRF, com a devida comprovação de sua publicação
no veículo de imprensa oficial do município, quando houver, ou no Diário
Oficial do Estado, deve ser enviada ao Tribunal, até o quinto dia útil do mês
de julho de cada exercício, acompanhada da correspondente mensagem de
encaminhamento ao Poder Legislativo, e da comprovacão da realização de
audiência pública prevista no artigo 48 da LRF. (nossos grifos)

No que se refere à Lei Municipal n. ° 182/2005, que dispõe sobre o orçamento para o ano de
2006, os peritos deste Pretório, fi. 2.533, detectaram a ausência de autenticação na cópia
enviada ao Tribunal e a carência de comprovação da realização de audiência pública.
Contudo, em relação à primeira eiva deve a mesma ser desconstituída, tendo em vista que o
art. 7°, § 1°, da Resolução Normativa RN - TC - 07/2004, estabelece a necessidade de
envio ao Tribunal de cópia AUTÊNTICA da Lei Orçamentária Anual - LOA e nos autos não há
evidência de falta de autenticidade dos documentos apresentados pela autoridade
responsável à época.

Destarte, permanece a irregularidade concernente à falta de comprovação da realização de


audiência pública para discussão da citada norma, constatando-se, portanto, que o
ex-Prefeito Municipal, Sr. José Herculano Marinho Irmão, não cumpriu integralmente todas
as determinações contidas no art. 70, § 10, da supracitada Resolução Normativa
RN - TC - 07/2004, na sua redação original aplicável à época, verbatim:

Art. 70 - (omissis)

§ 1° - Cópia autêntica da LOA e seus anexos, conforme disposto no art. 165,


inciso III, parágrafos 5° a 9° da CF, combinado com os art. 166, § 4°, e 167
da CE, os art. 2° a 8° e 22 a 33 da Lei 4.320/64, e o art. 50 da LRF, coma
comprovação de sua publicação no veículo de imprensa oficial do Munic' io,
quando houver, ou no Diário Oficial do Estado, deve ser enviada ao Trib
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PROCESSOTC N.o 01964/07

até o quinto dia útil do mês de janeiro do ano em que se inicia a sua
vigência, devidamente acompanhada da correspondente mensagem do seu
encaminhamento ao Poder Legislativo e da evidência de realização de
audiência pública prevista no artigo 48 da LRF.(grifos ausentes no original)

Outra irregularidade lançada pelos especialistas desta Corte, fls. 2.542/2.543, foi a ausência
de contabilização de despesas com pessoal do Poder Executivo Municipal relativas ao período
de 2006, no montante de R$ 96.783,00, somente empenhadas no ano de 2007, sem a
existência de motivos plausíveis para tal situação. Neste sentido, cabe destacar que o
Anexo XI da Prestação de Contas Anuais - PCA, fls. 52/71, demonstrou, ao final do exercício
financeiro de 2006, a existência de saldos nas dotações orçamentárias classificadas como
VENCIMENTOS E VANTAGENS FIXAS, elemento de despesa 11, na importância de
R$ 188.874,66, bem como autorizações legislativas para a abertura de créditos adicionais
suplementares acima dos valores efetivamente abertos no período.

Logo, a omissão de contabilização de despesas com pessoal adotada pelo gestor na


execução orçamentária do exercício financeiro de 2006 caracteriza o descumprimento do
regime de competência para a despesa pública, conforme estabelece o art. 50, inciso lI, da
Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF, in verbis:

Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade pública, a


escrituração das contas públicas observará as seguintes:

I- (omissis)

11 - a despesa e a assunção de compromisso serão registradas segundo o


regime de competência, apurando-se, em caráter complementar, o resultado
dos fluxos financeiros pelo regime de caixa;

Quanto aos demonstrativos contábeis incorretamente elaborados, concorde destacado pelos


peritos do Tribunal, fi. 2.535, evidencia-se que a falta de contabilização de despesas com
pessoal, no montante de R$ 96.783,00, ocasionou a diminuição do déficit orçamentário do
exercício apresentado no Balanço Orçamentário, influenciou no resultado das
disponibilidades financeiras constantes no Balanço Financeiro, como também minimizou o
déficit financeiro já existente no Balanço Patrimonial. Do mesmo modo, os Demonstrativos
da Dívida Flutuante e Fundada não registraram, respectivamente, as obrigações com pessoal
a pagar em curto prazo, como também o parcelamento da dívida municipal junto ao Instituto
Nacional do Seguro Social - INSS, caracterizando a omissão de obrigações assumidas
perante terceiros.

Tais discrepâncias, além de prejudicar a análise das contas, comprometem sobremaneira a


confiabilidade dos registros contábeis do Município. Assim, evidencia-se que o proflssi nal
responsável pela contabilidade, Dr. Djair Jacinto de Morais, não registrou as informa ões ;--.'.'

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contábeis na forma prevista nos arts. 83 a 106, da Lei Nacional n.o 4.320/64, e no art. 50,
inciso 11, da LRF, como também elaborou os balanços sem observar todos os princípios
fundamentais de contabilidade previstos nos arts. 2° e 3°, da Resolução do Conselho Federal
de Contabilidade n.O 750, de 29 de dezembro de 1993, devidamente publicada no Diário
Oficial da União - DOU de 31 de dezembro do mesmo ano, verbum pro verbo:

Art. 20 - Os Princípios Fundamentais de Contabilidade representam a


essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade,
consoante o entendimento predominante nos universos científico e
profissional de nosso País. Concernem, pois, à Contabilidade no seu sentido
mais amplo de ciência social, cujo objeto é o Patrimônio das Entidades.

Art. 3° - São Princípios Fundamentais de Contabilidade:

I) o da ENTIDADE;
11) o da CONTINUIDADE;
I1I) o da OPORTUNIDADE;
IV) o do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL;
V) o da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA;
VI) o da COMPETÊNCIA e
VII) o da PRUDÊNCIA.

Relativamente ao tema licitação, onde os técnicos do Tribunal consideraram como despesas


não licitadas o montante de R$ 574.139,63, fls. 2.535/2.539, faz-se necessário alguns
comentários preliminares. Para os dispêndios com serviços de assessoria jurídica pagos ao
Dr. Bevilacqua Matias Maracajá, R$ 1.810,00, bem como aos escritórios Daniel Dalônio
Advocacia e Consultoria, R$ 15.000,00, Maia & Mariz Advogados Associados, R$ 7.500,00, e
Sólon Benevides & Walter Agra Advogados Associados, R$ 30.000,00, no montante de
R$ 54.310,00, em que pese o posicionamento dos peritos deste Sinédrio de Contas, acerca
da necessidade de licitação, entendo que o gestor deveria ter providenciado o devido
concurso público.

Neste sentido, cabe destacar que a ausência do certame público para seleção de servidores
afronta os princípios constitucionais da impessoalidade, da moralidade administrativa e da
necessidade de concurso público, devidamente estabelecidos na cabeça e no inciso 11, do
art. 37, da Carta Constitucional, verbo ad verbum:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade. moralidade. publicidade e eficiência
e, também, ao seguinte:

I -(omissis)
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PROCESSOTC N.o 01964/07

11 - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovacão


prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com
a natureza e a complexidadedo cargo ou emprego, na forma prevista em lei,
ressalvadasas nomeaçõespara cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeaçãoe exoneração;(grifos ausentes no texto original)

Abordando o tema em disceptação, o insigne Procurador do Ministério Público de Contas,


Dr. Marcílio Toscano Franca Filho, nos autos do Processo TC n.o 02791/03, epilogou de
forma bastante clara uma das facetas dessa espécie de procedimento adotado por grande
parte dos gestores municipais, ipsis /itteris.

Não bastassem tais argumentos, o expediente reiterado de certos


advogados e contadores perceberem verdadeiros "salários" mensais da
Administração Pública,travestidos em "contratos por notória especialização",
em razão de serviços jurídicos e contábeis genéricos, constitui burla ao
imperativo constitucional do concurso público. Muito fácil ser profissional
"liberal" às custas do erário público. Não descabe lembrar que o concurso
público constitui meritório instrumento de índole democrática que visa
apurar aptidões na seleção de candidatos a cargos públicos, garantindo
impessoalidade e competência. JOÃO MONTEIRO lembrara, em outras
palavras, que só menosprezamos concursos aqueles que lhes não sentiram
as glórias ou não lhes absorveram as dificuldades. (nossos grifos)

Em relação às despesas com o transporte de estudantes da Comuna, no montante de


R$ 171.355,92, fls. 583/606, constata-se que a unidade técnica de instrução desconsiderou,
como licitados, os valores empenhados para os 13 (treze) contratados através do Convite
n.o 01/2006. É importante realçar que os gastos referentes ao citado procedimento somaram
R$ 133.962,50 e estão acima do limite máximo de até R$ 80.000,00 previsto para a
°
modalidade convite, conforme art. 23, inciso 11, alínea "a", da Lei Nacional n. 8.666/93,
situação que caracteriza a necessidade de outra modalidade de licitação (Tomada de
Preços). Contudo, evidencia-se que as despesas em favor dos contratados com base na
mencionada licitação, fls. 2.316/2.329, devem ser consideradas como licitadas, restando sem
licitação a quantia de R$ 37.393,42, empenhada em favor de 03 transportadores de
estudantes que não participaram do certame (Srs. Ivanilson Barbosa de Lima, R$ 9.326,40,
Joseildo Felipe Rosendo, R$ 15.483,02, e William Leite, R$ 12.584,00).

Para as demais despesas informadas como não licitadas permanecem as constatações dos
técnicos do Tribunal. Portanto, após os devidos ajustes, evidencia-se a existência de
despesas sem a realização do devido concurso público para os serviços de assessoria
jurídica, no montante de R$ 54.310,00, a utilização de procedimento licitatório inadequado
para a contratação de transportes de estudantes, na soma de R$ 133.962,50, bem como a
realização de despesas sem licitação na elevada quantia de R$ 385.867,13, equivalendo a
9,57% da despesa orçamentária empenhada do Poder Executivo (R$ 4.032.659,6l~~ a j';:, ':'
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39,78% das licitações informadas no Sistema de Acompanhamentoda Gestão dos Recursos


da Sociedade - SAGRES MUNICIPAL como homologadas no período, R$ 969.894,43.

Acerca da matéria, é necessário realçar que a licitação é o meio formalmente vinculado que
proporciona à Administração Pública melhores vantagens nos contratos e oferece aos
administrados a oportunidade de participar dos negócios públicos. Quando não realizada,
representa séria ameaça aos princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência, bem como da própria probidade administrativa.

Nesse diapasão, traz-se à baila pronunciamento da ilustre representante do Ministério


Público junto ao Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, Ora. Sheyla Barreto Braga de
Queiroz, nos autos do Processo TC n.o 04981/00, ad literam:

A licitação é, antes de tudo, um escudo da moralidade e da ética


administrativa, pois, como certame promovido pelas entidades
governamentais a fim de escolher a proposta mais vantajosa às
conveniências públicas, procura proteger o Tesouro, evitando
favorecimentos condenáveis, combatendo o jogo de interesses escusos,
impedindo o enriquecimento ilícito custeado com o dinheiro do erário,
repelindo a promiscuidade administrativa e racionalizando os gastos e
investimentos dos recursos do Poder Público.

Com efeito, deve ser enfatizado que a não realização dos devidos procedimentos Iicitatórios
exigíveis vai, desde a origem, de encontro ao preconizado na Lei Maior, especialmente o
disciplinado no art. 37, inciso XXI, verbatim:

Art. 37. (omissis)

1-( ...)

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação. as obras. serviços.


compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação
pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com
cláusulas que estabeleçam obrigação de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as
exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações. (destaques ausentes no original)

Também é necessano salientar que as hipóteses infraconstitucionais de dispensa e


inexigibilidade de licitação são taxativas e estão disciplinadas na Lei Nacional n.o 8.666, de
21 de junho de 1993. Neste contexto, deve ser destacado que a não realização do certame,
exceto nos restritos casos prenunciados na reverenciada norma, é algo que, de tão gra\te, )--.'
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PROCESSOTC N.o 01964/07

consiste em crime previsto no art. 89, do próprio Estatuto das Licitações e dos Contratos
Administrativos, senão vejamos:

Art. 89 - Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei,


ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à
inexigibilidade:

Pena- detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.

Parágrafo Único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo


comprovadamente concorrido para a consumação da ilegalidade,
beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ilegal, para celebrar contrato
com o Poder Público.

Ademais, consoante previsto no art. 10, inciso VIII, da já mencionada Lei do Colarinho
Branco - Lei Nacional n.O 8.429, de 02 de junho de 1992 -, a dispensa indevida do
procedimento de licitação consiste em ato de improbidade administrativa que causa prejuízo
ao erário, in verbis.

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao


erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda
patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens
ou haveres das entidades referidas no art. 10 desta lei, e notadamente:

1-( ...)

VIII - frustrar a licitude de processo Iicitatório ou dispensá-lo


indevidamente; (grifo inexistente no texto original)

Corroborando com o supracitado entendimento, reportamo-nos, desta feita, à manifestação


do eminente representante do Parquet especializado, Dr. Marcílio Toscano Franca Filho, nos
autos do Processo TC n.O 04588/97, verbum pro verbo:

Cumpre recordar que a licitação é procedimento vinculado, formalmente


ligado à lei (Lei 8.666/93), não comportando discricionariedades em sua
realizaçãoou dispensa. A não realizaçãode procedimento Iicitatório, fora das
hipóteses legalmente previstas, constitui grave infração à norma legal,
podendo dar ensejo até mesmo à conduta tipificada como crime.
(grifamos)
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No tocante às despesas com contratação de transporte de estudantes, os analistas do


Tribunal apontaram, além do descumprimento ao disposto no art. 23, inciso II, alínea "b", da
Lei Nacional n.o 8.666/93, diversas outras irregularidades no Convite n.o 01/2006, nos
contratos firmados com os condutores dos transportes, além do fato de que os veículos
locados eram inadequados para a condução de alunos, fls. 2.551/2.552. Em relação ao
procedimento de licitação, constata-se a falta de diversas informações necessárias para o
julgamento das propostas, como a indicação dos trajetos e das distâncias a serem
percorridas diária e mensalmente, a quantidade de estudantes beneficiados, além do preço
global contratado para cada licitante.

Já os contratos acostados aos autos, fls. 2.518/2.532, demonstram que os preços unitários
pactuados variavam de acordo com os percursos realizados por cada condutor, quando o
que deveria alterar era o valor global contratado em virtude das distâncias percorridas,
faltando, ainda, a definição do valor total contratado no período de vigência do acordo.

Por fim, evidencia-se a carência de documentos comprobatórios da adequação dos


caminhões e caminhonetes locados para o transporte de discentes às normas contidas no
Código de Trânsito Brasileiro - Lei Nacional n.O 9.503, de 23 de setembro de 1997 -, em
seus arts. 136 e 137, ipsis htteris:

Art. 136. Os veículos especialmente destinados à condução coletiva de


escolares somente poderão circular nas vias com autorização emitida pelo
órgão ou entidade executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal,
exigindo-se, para tanto:

I - registro como veículo de passageiros;

II - inspeção semestral para verificação dos equipamentos obrigatórios e de


segurança;

III - pintura de faixa horizontal na cor amarela, com quarenta centímetros


de largura, à meia altura, em toda a extensão das partes laterais e traseira
da carroçaria, com o dístico ESCOLAR, em preto, sendo que, em caso de
veículo de carroçaria pintada na cor amarela, as cores aqui indicadas devem
ser invertidas;

IV - equipamento registrador instantâneo inalterável de velocidade e tempo;

V - lanternas de luz branca, fosca ou amarela dispostas nas extremidades da


parte superior dianteira e lanternas de luz vermelha dispostas na
extremidade superior da parte traseira;

VI - cintos de segurança em número igual à lotação;

VII - outros requisitos e equipamentos obrigatórios estabelecidos


CONTRAN.
PROCESSOTC N.o 01964/07

Art. 137. A autorização a que se refere o artigo anterior deverá ser afixada
na parte interna do veículo, em local visível, com inscrição da lotação
permitida, sendo vedada a condução de escolares em número superior à
capacidade estabelecida pelo fabricante.

Além disso, consoante destacado nos supracitados dispositivos, os veículos com essa
destinação só poderão circular com autorização emitida pelo Departamento Estadual de
Trânsito da Paraíba- DETRAN/PB,exigindo-se, para tanto, os requisitos e os equipamentos
obrigatórios ali estabelecidos, bem como no art. 3°, da Resolução n.O 82/98 do Conselho
Nacionalde Trânsito - CONTRAN,ad /íteram:

Art. 30 São condições mínimas para concessão de autorização que os


veículos estejam adaptados com:

I - bancos com encosto, fixados na estrutura da carroceria;

11 - carroceria, com guardas altas em todo o seu perímetro, em material de


boa qualidade e resistência estrutural;

11I - cobertura com estrutura em material de resistência adequada;

Parágrafo único. Os veículos referidos neste artigo só poderão ser utilizados


após vistoria da autoridade competente para conceder a autorização de
trânsito.

Ainda que se reconheça a precariedade das vias por onde trafegam os veículos nas zonas
rurais dos Municípios e, por conseguinte, a necessidadede utilização de modelos de tração
especial, é absolutamente indispensável a sua devida adaptação, para que eles atendam
satisfatoriamente, e com segurança, a finalidade pretendida.

Demais, na implementação do sistema de transporte de estudantes, os gestores públicos


devem observar, também, os requisitos mínimos em relação ao perfil profissional dos
condutores dos veículos locados. Portanto, o cumprimento destes requisitos e daquelas
exigênciasdeve constar obrigatoriamente do edital do certame como elemento indispensável
à participação dos disputantes, não se admitindo entre estes ninguém que desatenda
àquelas necessidades.

Neste sentido, é importante ressaltar que o transporte de pessoas em compartimento de


carga pode configurar fato típico descrito no art. 230, inciso lI, do Código de Transito
Brasileiro - CTB, exceto quando houver motivo de força maior, com o consentimento da
autoridade competente e na forma determinada pelo CONTRAN,senão vejamos:
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Art. 230. Conduzir veículo:

I- (omissis)

II - transportando passageiros em compartimento de carga, salvo por


motivo de força maior, com permissãoda autoridade competente e na forma
estabelecida pelo CONTRAN;

III - (...)

Infração - gravíssima;
Penalidade- multa e apreensãodo veículo;
Medida Administrativa - remoção do veículo;

Em referência às aplicações de recursos na Manutenção e Desenvolvimento do


Ensino - MDE, os inspetores desta Corte calcularam, inicialmente, o montante de
R$ 848.982,30 ou 23,21% da Receita de Impostos e Transferências - RIT
(R$ 3.658.560,73), fls. 2.540/2.541, e, após a análise dos documentos e argumentos
apresentados pelo gestor na sua defesa, fls. 2.563/2.565 e 2.583/2.698, retificaram os
gastos para R$ 861.405,84 ou 23,54% da RIT, devido à inclusão da importância de
R$ 12.423,54.

Todavia, evidencia-se a quitação, no primeiro trimestre de 2007, de restos a pagar de 2006,


pertencentes à função 12 - EDUCAÇÃO, na importância de R$ 33.816,89. Deste valor,
R$ 18.401,26 foram pagos com recursos do Fundo de Participação dos Municípios - FPM e
R$ 1.132,20 com valores provenientes do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Prestação de Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal de Comunicação - ICMS,
devendo, portanto, ser incluída no cálculo com MDE, apenas, a quantia de R$ 5.846,56
(R$ 4.714,36 pagos com recursos do FPM e R$ 1.132,20 liquidados com recursos do ICMS),
tendo em vista que os saldos existentes nas contas específicas eram, respectivamente, de
R$ 4.714,36 (FPM) e R$ 1.182,81 (ICMS).

Também deve ser adicionada a proporcionalidade do Programa de Formação do Patrimônio


do Servidor - PASEP, calculada com base no percentual de 4,61%, resultante da divisão do
valor total das folhas de pagamento dos funcionários da Secretaria Municipal de Educação,
que foram liquidadas com recursos de receitas de impostos e transferências constitucionais,
R$ 54.035,70, pela totalidade das folhas de remunerações do Poder Executivo calculada
pelos especialistas do Tribunal, R$ 1.171.831,97, fi. 2.542. Após a incidência deste
percentual sobre o montante dos citados encargos, R$ 30.268,38, chega-se ao valor a ser
apropriado de R$ 1.395.37.

Processados os mencionados ajustes, os gastos com MDE aumentam de R$ 861.405,84 para


R$ 868.647,77, representado 23,74% da totalidade das receitas de impostos e das
transferências constitucionais (R$ 3.658.560,73), não atendendo, consequentemente,
instituído no art. 212, da Constituição Federal, bem como ao estabelecido no art. 69, d Lei 7;~.
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de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Nacional n.O 9.394, de 20 de dezembro de


1996), que determinam a aplicação de pelo menos 25%, verbatim:

Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os


Estados,o Distrito Federal e os Municípios. vinte e cinco por cento, ou o que
consta nas respectivas Constituiçõesou Leis Orgânicas, da receita resultante
de impostos, compreendidas as transferências constitucionais, na
manutenção e desenvolvimento do ensino público. (grifo inexistente no
original)

Referida mácula, em virtude de sua gravidade, é suficiente não só para a emissão de parecer
contrário à aprovação das contas, conforme determina o item 2.3 do Parecer Normativo
PN - TC - 52/2004 deste ego Tribunal, como também para a decretação de intervenção de
um Estado em seus Municípios, consoante preconiza o art. 35, inciso IH, da Carta Magna,
senão vejamos:

Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos
Municípioslocalizadosem Território Federal, exceto quando:

1-(...)

UI - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na


manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de
saúde; (grifamos)

No que concerne à contribuição previdenciária retida quando dos pagamentos de salários


dos servidores municipais, os peritos deste Pretório, fi. 2.547, apontaram a ausência de
recolhimento ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS de parte valores descontados
durante o período, pois o BALANÇO FINANCEIRO, fls. 73/74, informou que foram
efetivamente descontados dos vencimentos dos segurados o montante de R$ 104.311,25,
enquanto que os repasses à autarquia previdenciária federal somaram apenas R$ 93.596,13,
evidenciando, prima facie, que o Município deixou de repassar ao INSS a soma de
R$ 10.715,12.

Por conseguinte, deve ser enfatizado que o não repasse das contribuições previdenciárias
retidas dos servidores da Urbe, que, no presente caso, são vinculados ao Regime Geral de
Previdência Social - RGPS, caracteriza a situação de apropriação indébita previdenciária,
consoante estabelecido no art. 168-A, do Código Penal Brasileiro, dispositivo este introduzido
pela Lei Nacional n.O 9.983, de 14 de julho de 2000, in verbts:
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Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições


recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

§ 10 - Nas mesmas penas incorre quem deixar de:

I - recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à


previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a
segurados, a terceiros ou arrecadada do público;

Logo depois, os técnicos do Tribunal, quando da realização de diligência in loco na Câmara


Municipal de Santo André, no mês de fevereiro de 2007, com o intuito de apurar denúncia
em face do Presidente do Poder Legislativo, fi. 2.547, verificaram que os balancetes dos
meses de novembro e dezembro de 2006, com os respectivos comprovantes de despesas,
não se encontravam no arquivo do Parlamento Mirim, comprometendo a regular fiscalização
dos recursos municipais a ser exercida pelos Edis. Na verdade, o Prefeito Municipal
descumpriu o disciplinado no art. 48, § 3°, da Lei Complementar Estadual n.O 18/93
(Lei Orgânica do TCE/PB), que, em virtude de sua gravidade, pode acarretar o bloqueio da
movimentação das contas bancárias do Município e de suas respectivas entidades da
administração indireta, nos termos dos seus parágrafos 3° e 4°, verbo ad verbum:

Art. 48 - (omissis)

§ 1° - Para habilitar o Tribunal a acompanhar e julgar suas contas, os


Municípios lhe enviarão, mensalmente, até o último dia do mês subseqüente
ao vencido e na forma prevista em instruções específicas, os balancetes
acompanhados de cópia dos devidos comprovantes de despesas a que se
refiram, tais, como recibos, faturas, documentos fiscais e outros
demonstrativos necessários.

§ 2° - O atraso na remessa dos balancetes mensais dos Municípios ao


Tribunal de Contas autoriza este último a determinar às instituições
financeiras depositárias, enquanto persistir o atraso, o bloqueio da
movimentação das contas bancárias do Município e respectivas entidades da
administração indireta.

§ 3° - Os balancetes. acompanhados de cópias dos devidos comprovantes


de despesas. de que trata o § 10 deste artigo. serão enviados também à
Câmara Municipal competente até o último dia útil do mês subseqüente ao
vencido.

§ 40 - No caso de não cumprimento do parágrafo anterior. o Tribunal de


Contas do Estado tomará providências para que sejam adotadas medidas de
que trata o § 20 deste artigo. (destaques ausentes no original)
PROCESSOTC N,o 01964/07

Em relação ao pagamento de remuneração com valores abaixo do mínimo a alguns


servidores contratados sem a realizaçãode prévio concurso público para atividades típicas da
administração pública, conforme documentação de fls. 495, 499, 501, 502, 505/508 e 510,
em que pese os argumentos do Chefe do Poder Executivo, alegando que os serviços são
eventuais, constata-se, na verdade, a realização de tarefas de natureza contínua, fato que
demonstra o descumprimento ao estabelecido no art. 7°, inciso IV, c/c o art. 39, § 3°,
ambos da Constituição Federal, verbum pro verbo:

Art. 70 - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:

I- (omissis)

IV - salário rmrumo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de


atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia,
alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e
previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;

Art. 39. ( ... )

§ 30 Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no


art. 7°, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX,
podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a
natureza do cargo o exigir. (nosso grifo)

°
Nessesentido, transcrevemos a Súmula n. 27 do colendo Tribunal de Justiça do Estado da
Paraíba - TJ/PB, que veda, de forma peremptória, o pagamento de salários abaixo do
mínimo nacionalmente unificado, ipsis /itteris.

Súmula 27 do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba: É obrigação


constitucional do Poder Público remunerar seus servidores, ativos e inativos,
com piso nunca inferior ao salário mínimo nacional unificado, instituído por
Lei Federal.

Outrossim, cabe destacar que até mesmo para aqueles que possuem remuneração variável,
fixada por comissão, peça, tarefa ou outras modalidades, a obrigatoriedade de se pagar o
mínimo legal vigora, conforme preceitua o art. 1°, da Lei Nacional nO 8.716, de 11 de
outubro de 1993, que dispõe sobre a garantia do salário mínimo e dá outras providências,
ad /iteram: _
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Art. 1° - Aos trabalhadores que perceberem remuneração variável, fixada


por comissão, peça, tarefa ou outras modalidades, será garantido um salário
mensal nunca inferior ao salário mínimo.

Quanto às inconsistências detectadas pelos especialistas da Corte nas informações da frota


de veículos da Urbe, fi. 2.549, verifica-se que a listagem apresentada pelo Chefe de
Transportes do Poder Executivo, Sr. Valdir Antônio da Silva, fi. 94, destaca que, no exercício
de 2006, existiam 18 (dezoito) veículos a serviço da Comuna, sendo 06 (seis) próprios
(incluindo 01 motocicleta, placa MNZ 1929) e 12 (doze) locados. Já o SAGRES ON UNE,
fi. 2.434, também demonstra 18 (dezoito) veículos, existindo, todavia, a permuta da moto
pertencente à Comuna por um trator ano 2000, MASSEY FERGUSON. Finalmente, os dados
enviados ao Tribunal nos balancetes mensais através do SAGRES MUNICIPAL, fi. 2.433,
apresentam apenas 07 (sete) veículos, sendo 06 (seis) automóveis e 01 (uma) motocicleta.

No tocante ao encaminhamento intempestivo de documentos solicitados pelos inspetores do


Tribunal para subsidiar a análise das contas, fica evidente que no dia 28 de janeiro de 2008
foram requisitados, através de fax, diversos documentos ao gestor, concorde fls. 414/419.
Entretanto, os analistas da unidade de instrução informaram que nem todas as peças foram
efetivamente entregues no prazo estipulado, sendo apresentada a documentação faltante
apenas na fase de defesa. Assim, a situação descrita caracteriza embaraço à fiscalização,
punível com a aplicação de multa, consoante preceitua o art. 7°, parágrafo único, da
°
Resolução Normativa TC n. 04/2004, verbatim:

Art. 7° - (omissis)

Parágrafo único - A não apresentação, no prazo fixado, dos documentos


relacionados nos incisos I a XII, quando solicitados, constituirá embaraço à
fiscalização, estando o responsável sujeito às penalidades previstas no
Art. 56 da lei Complementar n.O18 de 13 de julho de 1993.

Igualmente inserido no rol das máculas detectadas encontra-se a comprovação de parte das
despesas com serviços gráficos, junto à empresa ALTAIR ARAÚJO POMBO DE SOUSA,
através de documentos fiscais adulterados. Conforme destacado pelos técnicos do Tribunal,
fi. 2.550, em alguns pagamentos realizados no exercício foram emitidas notas fiscais com o
mesmo número de série. As peças encartadas aos autos, fls. 743/750, comprovam a emissão
de 02 (duas) notas fiscais de serviços com o mesmo numeral (Nota Fiscal de Serviço n.O 86),
na quantia total de R$ 3.340,00, e também de 03 (três) notas fiscais de serviços com a
mesma numeração (Nota Fiscal de Serviços n.o 69), na soma de R$ 2.130,00.

Todavia, como os técnicos do Tribunal acataram os valores referentes aos primeiros


empenhos, ou seja, R$ 1.340,00 (Empenho n.O 83) para a Nota Fiscal n.o 86 e de R$ 230,00
(Empenho n.O 369) para a Nota Fiscal n.o 69, evidencia-se a apresentação de documen s.~.
inidôneos para comprovar possíveis dispêndios com impressos gráficos no montant <!~" } ~

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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

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R$ 3.900,00, concernente aos Empenhos n.vs 370 (R$ 900,00), 3.540 (R$ 1.000,00) e 2.754
(R$ 2.000,00). Assim, fica manifesta a possível prática de diversos ilícitos, notadamente o
crime contra a ordem tributária, descrito no art. 1°, inciso 111,da Lei Nacional n.o 8.137, de
27 de dezembro de 1990, senão vejamos:

Art. 10 Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo,


ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes
condutas:

1-( ...)

III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou


qualquer outro documento relativo à operação tributável;

No que diz respeito às despesas não comprovadas, os analistas deste Sinédrio apontaram,
inicialmente, o montante de R$ 38.643,48, e, após análise dos documentos apresentados na
defesa, fi. 3.114/3.116, o valor anteriormente encontrado foi reduzido para R$ 14.237,60.
Contudo, desta importância deve ser deduzida a quantia de R$ 1.600,00, tendo em vista que
o Dr. Genival Matias de Oliveira era assessor jurídico nomeado pelo Prefeito, com lotação na
Secretaria de Administração e Planejamento do Município até o dia 31 de março de 2006,
quando foi exonerado consoante Portaria n.o 050/2006, fi. 2.735.

Por outro lado, as despesas com locação do veículo FIAT UNO somaram no exercício
R$ 12.000,00, porém a documentação apresentada pelo gestor à época, empenhos e notas
fiscais avulsas emitidas pelo Poder Executivo Municipal, comprova, unicamente, os gastos
relacionados aos meses de janeiro a novembro de 2006, no montante de R$ 11.000,00,
fls. 3.048/3.099, existindo a ausência dos comprovantes de despesas referentes ao Empenho
n. ° 169, de 20 de janeiro de 2006, no valor de R$ 1.000,00, que serviu para o pagamento da
locação do veículo ocorrida no mês de dezembro de 2005.

Após os devidos ajustes, os dispêndios não comprovados, que devem ser imputados ao
Alcaide, diminuem de R$ 14.237,60 para R$ 13.637,60, sendo R$ 180,00 concernentes à
ajuda financeira à pessoa carente, R$ 1.000,00 referentes à locação de veículo, R$ 3.375,00
respeitantes ao fornecimento de óculos de grau para doação, R$ 1.810,00 atinentes a
serviços advocatícios, R$ 2.272,60 relativos ao fornecimento de refeições e R$ 5.000,00
relacionados aos serviços de consultoria e assessoria na área de planejamento e elaboração
de projetos técnicos.

Especificamente em relação aos serviços de assessoria jurídica, os peritos do Tribunal


consideraram como excessivos os pagamentos na soma de R$ 25.910,00, realizados a
04 (quatro) beneficiários, fls. 2.549/2.550. No entanto, daquele montante devem ser
subtraídos os valores de R$ 1.600,00 pagos ao Dr. Genival Matias de Oliveira e R$ 1.810,00
em favor do Dr. Bevilacqua Matias Maracajá, haja vista que o primeiro exerceu, co~" i

destacado alhures, o cargo comissionado de assessor jurídico com lotação na Secretaria e... »:'.,

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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

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Administração e Planejamento da Urbe, enquanto que os dispêndios em favor do segundo já


foram considerados como não comprovados anteriormente.

Desta feita, como o Sr. José Herculano Marinho Irmão apenas mencionou as possíveis
causas judiciais, sem anexar quaisquer peças técnicas elaboradas pelos profissionais
contratados, a quantia de R$ 22.500,00 deve ser imputada ao referido gestor, sendo
R$ 7.500,00 pagos ao escritório MAIA & MARIZ ADVOGADOS ASSOCIADOS e R$ 15.000,00
pagos ao escritório DANIEL DALÔNIO ADVOCACIA E CONSULTORIA.

Em relação às despesas com refeições pagas ao Prefeito, Secretários, Assessores e


Funcionários do Poder Executivo, na importância de R$ 4.432,52, apontadas como
irregulares pelos analistas da unidade de instrução, fi. 2.550, verifica-se a necessidade da
dedução dos dispêndios com alimentação na quantia de R$ 2.272,60, tendo em vista que
este valor já foi considerado como despesas não comprovadas, restando, por conseguinte, a
importância de R$ 2.159,92, que também deve ser imputada ao Sr. José Herculano Marinho
Irmão.

Os casos acima citados consistem em dispêndios efetivamente pagos, entretanto, em


flagrante desrespeito aos princípios básicos da pública administração, haja vista que não
constam nos autos os elementos comprobatórios da efetiva realização de seus objetos.
Concorde entendimento uníssono da doutrina e jurisprudência pertinentes, a carência de
documentos que comprovem a despesa pública consiste em fato suficiente à imputação do
débito, além das demais penalidades aplicáveis à espécie.

O artigo 70, parágrafo único, da Constituição Federal, dispõe que a obrigação de prestar
contas abrange toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade,
guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União, os
Estados ou os Municípios respondam, ou que, em nome destes entes, assuma obrigações de
natureza pecuniária.

Importa notar que imperativa é não só a prestação de contas, mas também a sua completa
e regular prestação, já que a ausência ou a imprecisão de documentos que inviabilizem ou
tornem embaraçoso o seu exame é tão grave quanto a omissão do próprio dever de
prestá-Ias, sendo de bom alvitre destacar que a simples indicação, em extratos, notas de
empenho, notas fiscais ou recibos, do fim a que se destina o dispêndio não é suficiente para
comprová-lo, regularizá-lo ou legitimá-lo.

Nesse contexto, merece transcrição o disposto no artigo 113, da Lei de Licitações e


Contratos Administrativos - Lei Nacional n.O 8.666/93 -, que estabelece a necessidade do
administrador público comprovar a legalidade, a regularidade e a execução da despesa,
in verbts:
TRIBUNALDECONTASDO ESTADO

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Art. 113. O controle das despesas decorrentes dos contratos e demais


instrumentos regidos por esta Lei será feito pelo Tribunal de Contas
competente, na forma da legislação pertinente, ficando os órgãos
interessados da Administração responsáveis pela demonstracão da
legalidade e regularidade da despesa e execução, nos termos da
Constituição e sem prejuízo do sistema de controle interno nela previsto.
(grifo ausente no original)

Nesse sentido, dignos de referência são os ensinamentos dos festejados doutrinadores


J. Teixeira Machado Júnior e Heraldo da Costa Reis, in Lei 4.320 Comentada, 28 ed, Rio de
Janeiro: IBAM, 1997, p. 125, verbum pro verbo:

Os comprovantes da entrega do bem ou da prestação do serviço não


devem, pois, limitar-se a dizer que foi fornecido o material, foi prestado o
serviço, mas referir-se à realidade de um e de outro, segundo as
especificações constantes do contrato, ajuste ou acordo, ou da própria lei
que determina a despesa.

Ademais, os princípios da legalidade, da moralidade e da publicidade administrativas,


estabelecidos no artigo 37, caput, da Lei Maior, demandam, além da comprovação da
despesa, a efetiva divulgação de todos os atos e fatos relacionados à gestão pública.
Portanto, cabe ao ordenador de despesas, e não ao órgão responsável pela fiscalização,
provar que não é responsável pelas infrações, que lhe são imputadas, das leis e
regulamentos na aplicação do dinheiro público, consoante entendimento do ego Supremo
Tribunal Federal- STF, verbo ad verbum:

MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA O TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO.


CONTAS JULGADAS IRREGULARES. APLICAÇÃO DA MULTA PREVISTA NO
ARTIGO 53 DO DECRETO-LEI 199/67. A MULTA PREVISTA NO ARTIGO 53
DO DECRETO-LEI 199/67 NÃO TEM NATUREZA DE SANÇÃO DISCIPLINAR.
IMPROCEDÊNCIA DAS ALEGAÇÕES RELATIVAS A CERCEAMENTO DE
DEFESA. EM DIREITO FINANCEIRO, CABE AO ORDENADOR DE DESPESAS
PROVAR QUE NÃO É RESPONSÁVEL PELAS INFRAÇÕES, QUE LHE SÃO
IMPUTADAS, DAS LEIS E REGULAMENTOS NA APLICAÇÃO DO DINHEIRO
PÚBLICO. COINCIDÊNCIA, AO CONTRÁRIO DO QUE FOI ALEGADO, ENTRE
A ACUSAÇÃO E A CONDENAÇÃO, NO TOCANTE À IRREGULARIDADE DA
LICITAÇÃO. MANDADO DE SEGURANÇA INDEFERIDO. (STF - Pleno - MS
20.335jDF, ReI. Ministro Moreira Alves, Diário da Justiça, 25 fev. 1983, p. 8)
(grifamos)

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Visando aclarar o tema em disceptação, vejamos parte do voto do ilustre Ministro M eira I

Alves, relator do supracitado Mandado de Segurança, ad literam: ~


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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 01964/07

Vê-se, pois, que em tema de Direito Financeiro, mais particularmente, em


tema de controle da aplicação dos dinheiros públicos, a responsabilidade do
Ordenador de Despesas pelas irregularidades apuradas se presume, até
prova em contrário, por ele subministrada.

A afirmação do impetrante de que constitui heresia jurídica presumir-se a


culpa do Ordenador de despesaspelas irregularidades de que se cogita, não
procede, portanto, parecendo decorrer, quiçá, do desconhecimento das
normas de Direito Financeiroque regem a espécie. (grifo nosso)

Já o eminente Ministro Marco Aurélio, relator na Segunda Turma do STF do Recurso


Extraordinário n,o 160.381/SP, publicado no Diário da Justiça de 12 de agosto de 1994,
página n.O 20.052, destaca, em seu voto, o seguinte entendimento: "O agente público não
só tem que ser honesto e probo, mas tem que mostrar que possui tal qualidade. Como a
mulher de César."

Em total consonância com aludida conclusão, reproduzimos a lição do insigne representante


do Ministério Público de Contas do Estado da Paraíba, Dr. Marcílio Toscano Franca Filho, nos
autos do Processo TC n.O 04588/97, verbatim:

Há menção nos autos de processamento irregular da despesa pública sob a


forma de realização de dispêndios sem hábil comprovação documental.
Acerca de tal expediente merece destaque o fato de que despesa pública
passa obrigatoriamente pelas fases de empenho, liquidação e pagamento.
Após o empenho, vem a liquidação da despesa, ocasião em que, do
montante empenhado, deverá ser quantificado com exatidão o crédito do
fornecedor através da documentação hábil (nota fiscal, recibo, atesto etc).
Por fim, tem-se o efetivo pagamento. Sublinho que a insuficiência
documental na comprovação de despesa pública é bastante para a
imputação do débito referente à despesa irregular, além das demais
penalidadesaplicáveis à espécie. (destaque ausente no original)

Por fim, conforme destacado na instrução do feito, em todos os meses do exerceo


financeiro de 2006 o Prefeito Municipal, Sr. José Herculano Marinho Irmão, recebeu quantias
elevadas a título de diárias CR$ 14.779,00). Entrementes, em que pese o entendimento dos
peritos da Corte, cabe destacar que apenas a importância de R$ 8.579,00, relacionada aos
Empenhos n.Os 148, 541, 653, 750, 829, 1.116, 1.405, 1.436, 1.529, 3.183 e 3.410, foi
concedida sem a apresentação do devido requerimento do interessado, indicando o objetivo
do deslocamento, a duração deste último, a quantidade, o valor total de diárias solicitado, o
dispositivo legal em que se apóia o pedido, bem como o meio de transporte a ser utiliz ,
Assim, parte das diárias concedidas está em total desconformidade com o disposto no a . 2°7;.\ ,'.
da Resolução Normativa TC n.o 09/2001, vejamos: .' ~
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Art. 20. - Deverão ser formalizados processos em relação ao objetivo de


cada concessão de diárias, instruídos, pelo menos, com os documentos e
informações a seguir indicados:

I - requerimento do agente interessado, indicando o objetivo do


deslocamento, a duração deste último, a quantidade e o valor total de
diárias solicitado e, finalmente, o dispositivo legal em que se apóia o pedido;

11- indicaçãodo meio de transporte a ser utilizado;

III - deferimento do pedido, confirmando ou retificando expressamente a


quantidade de diárias e o respectivo valor;

IV - nota ou comprovante de empenho ou de subempenho da despesa e


recibo do interessado;

V - declaração do interessado confirmando a realização da viagem, sempre


que possível acompanhada de comprovantes de despesas de transporte e
hospedagem pertinentes.

Sendo assim, por ter havido transgressão aos ditames estabelecidos na resolução que
regulamenta a verificação das despesas com diárias, tais despesas deverão ser consideradas
irregulares, cabendo ao gestor devolver os recursos recebidos aos cofres da municipalidade,
em consonância com o definido no art. 5° do supracitado instrumento normativo, in verbis:

Art. 5°. - Serão considerados como despesas irregulares os pagamentos de


diárias feitos em desacordo com o disposto nesta Resolução.

Nesse diapasão, traz-se à baila pronunciamento da ilustre Procuradora do Ministério Público


Especial, Dra. Shey/a Barreto Braga de Queiroz, nos autos do Processo Te n.o 02855/01,
verbum pro verbo:

Todavia, a concessão desse benefício não se realizará de forma aleatória,


visando apenas à mitigação da robustez das fases da despesa pública
previsto na Lei Federal n.o 4.320/64, mas sim através de processos
específicosinstruídos com documentação comprobatória do direito adquirido
do credor (requerimento próprio, descrição minudente do objetivo do

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deslocamento, duração exata, meio de transporte utilizado, recibos rr' .
à hospedagem e alimentação), (... ) . ). ,.

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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

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Diante do contexto, merece destaque o fato de que, dentre as irregularidades e ilegalidades,


inclusive práticas danosas ao Erário, pelo menos seis (06) das máculas encontradas nos
presentes autos constitui motivo de emissão, pelo Tribunal, de parecer contrário à aprovação
das contas do Prefeito Municipal de Santo André, conforme estabelece os itens "2", "2.2",
"2.3", "2.5", "2.9", "2.10" e "2.12" do Parecer Normativo PN - TC - 52/2004, ipsis litteris.

2. Constituirá motivo de emissão, pelo Tribunal, de PARECER CONTRÁRIO à


aprovação de contas de Prefeitos Municipais, independentemente de
imputação de débito ou multa, se couber, a ocorrência de uma ou mais das
irregularidades a seguir enumeradas:

2.1. (omissis);

2.2. não pagamento efetivo do salário mínimo nacionalmente unificado;

2.3. não aplicação dos percentuais mínimos de receita em MANUTENÇÃO E


DESENVOLVIMENTO DO ENSINO (art. 212, CF) e em AÇÕES E SERVIÇOS
PÚBUCOS DE SAÚDE (art. 198, CF);

2.4. ( ...)

2.5. não retenção e/ou recolhimento das contribuições previdenciárias aos


órgãos competentes (INSS ou órgão do regime próprio de previdência,
conforme o caso), devidas por empregado e empregador, incidentes sobre
remunerações pagas pelo Município;

( ) ...
2.9 incompatibilidade não justificada entre os demonstrativos, inclusive
contábeis, apresentados em meios físico e magnético ao Tribunal;

2.10. não realização de procedimentos Iicitatórios quando legalmente


exigidos;

( ...)
2.12. não publicação e não encaminhamento ao Tribunal dos Relatórios
Resumidos de Execução Orçamentária (REO) e dos Relatórios de Gestão
Fiscal (RGF), nos termos da legislação vigente; (nossos grifos)

Ante as transgressões a disposições normativas do direito objetivo pátrio, decorrentes da


conduta implementada pelo ex-Chefe do Poder Executivo da Comuna de Santo André,
Sr. José Herculano Marinho Irmão, resta configurada, também, a necessidade imperiosa de
aplicação da multa de R$ 2.805,10 - valor atualizado pela Portaria n.o 039/06 do TCE/PB , "
prevista no art. 56, incisos 11 e 111, da Lei Orgânica do TCE/PB - Lei Complementar Esta ual 2
n.O 18, de 13 de julho de 1993, ad literam: y-;~\
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Art. 56 - O Tribunal poderá também aplicar multa de até Cr$ 50.000.000,00


(cinqüenta milhões de cruzeiros) aos responsáveis por:

I - (omissis)

11 - infração grave a norma legal ou regulamentar de natureza contábil,


financeira, orçamentária, operacional e patrimonial;

III- ato de gestão ilegítimo ou antieconômico de que resulte injustificado


dano ao Erário;

Ex positis, proponho que o Tribunal de Contas do Estado da Paraíba:

1) Com base no art. 71, inciso I, c/c o art. 31, § 10, da Constituição Federal, no art. 13, § 1°,
da Constituição do Estado da Paraíba" e no art. 1°, inciso IV, da Lei Complementar Estadual
n.o 18/93, EMITA PARECER CONTRARIO à aprovação das contas de governo do ex-Prefeito
Municipal de Santo André/PB, Sr. José Herculano Marinho Irmão, relativas ao exercício
financeiro de 2006, encaminhando-o à consideração da ego Câmara de Vereadores do
Município para julgamento político da referida autoridade.

2) Com fundamento no art. 71, inciso 11, da Constituição do Estado da Paraíba, bem como
no art. 1°, inciso I, da Lei Complementar Estadual n. ° 18/93, JULGUE IRREGULARES as
contas de gestão do ex-Ordenador de Despesas da Comuna no exercício financeiro de 2006,
Sr. José Herculano Marinho Irmão.

3) IMPUTE ao ex-Prefeito Municipal de Santo André/PB, Sr. José Herculano Marinho Irmão,
débito no montante de R$ 50.776,52 (cinquenta mil, setecentos e setenta e seis reais e
cinquenta e dois centavos), sendo R$ 3.900,00 concernentes a despesas acobertadas com
notas fiscais adulteradas, R$ 13.637,60 referentes a dispêndios sem a devida comprovação,
R$ 22.500,00 relacionados a gastos antieconômicos com assessoria jurídica, R$ 2.159,92
atinentes a despesas irregulares com refeições e R$ 8.579,00 respeitantes a diárias
insuficientemente demonstradas.

4) ASSINE o prazo de 60 (sessenta) dias para recolhimento voluntário aos cofres públicos
municipais do débito imputado, cabendo ao atual Prefeito Municipal, Sr. Fenelon Medeiros
Filho, no interstício máximo de 30 (trinta) dias após o término daquele período, zelar pelo
seu integral cumprimento, sob pena de responsabilidade e intervenção do Ministério Público
Estadual, na hipótese de omissão, tal como previsto no art. 71, § 4°, da Constituição do
°
Estado da Paraíba, e na Súmula n. 40 do colendo Tribunal de Justiça do Estado da
Paraíba - TJ/PB.
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

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5) APLIQUE MULTA ao ex-Chefe do Poder Executivo, Sr. José Herculano Marinho Irmão, no
valor de R$ 2.805,10 (dois mil, oitocentos e cinco reais e dez centavos), com base no que
°
dispõe o art. 56, incisos H e IH, da Lei Complementar Estadual n. 18/93 - LOTCE/PB.

6) FIXE o período de até de 60 (sessenta) dias para pagamento voluntário da penalidade ao


Fundo de Fiscalização Orçamentária e Financeira Municipal, conforme previsto no art. 30,
alínea "a", da Lei Estadual n.o 7.201, de 20 de dezembro de 2002, cabendo à Procuradoria
Geral do Estado da Paraíba, no interstício máximo de 30 (trinta) dias após o término daquele
período, velar pelo seu integral cumprimento, sob pena de intervenção do Ministério Público
Estadual, na hipótese de omissão, tal como previsto no art. 71, § 4°, da Constituição do
Estado da Paraíba, e na Súmula n.o 40, do ego Tribunal de Justiça do Estado da
Paraíba - TJ/PB.

7) FAÇA recomendações no sentido de que o atual Prefeito Municipal, Sr. Fenelon Medeiros
Filho, não repita as irregularidades apontadas no relatório dos peritos da unidade técnica
deste Tribunal e observe, sempre, os preceitos constitucionais, legais e regulamentares
pertinentes.

8) Com fulcro no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, cabeça, da Constituição Federal,
COMUNIQUE à Delegacia da Receita Federal do Brasil, em Campina Grande/PB, acerca do
não recolhimento ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS de parte das contribuições
previdenciárias efetivamente retidas dos segurados.

9) Também com base no supracitado dispositivo, REMETA cópia das peças técnicas,
fls. 2.533/2.554 e 3.102/3.127, do parecer do Ministério Público Especial, fls. 3.129/3.143, e
desta decisão àpugusta Procuradoria Geral de Justiça do Estado da Paraíba, para as
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