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Procuradora GeralANA TERÊSA NÓB~'
ItEPRESENTANTE DO MINISTÉRIO PÚBLICO
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Processo Te n° 01.838/05
RELATÓRIO
Após exame da documentação pertinente, o órgão de instrução desta Corte emitiu o relatório
de fls. 545/60 dos autos, com as seguintes considerações:
A Lei Complementar n" 67, de 07 de julho de 2005, que definiu a Estrutura Organizacional
Básica do Poder Executivo, organizou a Secretaria de Estado da Educação e Cultura - SEEC, com as
seguintes finalidades:
O orçamento da SEEC para o exercício sob exame foi aprovado pela Lei n" 7.519, de
O~.O 1.2004, fixando a despesa no montante de R$ 526.251.183,00, equivalendo a 14,86% da despesa
fixada na LOA. Posteriormente, através da Lei n° 7675, de 18.10.2004, o Governo do Estado realizou
um reordenamento da LOA, alterando o valor da despesa fixada da Secretaria para R$ 500.159.057,00,
representando 15,57% das despesas totais do orçamento.
Processo Te n° 01.838/05
Constatou-se também que algumas ações previstas no orçamento não foram executadas no
exercício, a saber: Reparos e Conservação de Veículos; Arte Educação; Saúde Escolar; Manutenção
dos Centros de Treinamento do Magistério; Construção de Quadras Poliesportivas para o Ensino
Médio; Construção de Centros de Educação Profissional; Capacitação de Recursos Humanos;
Administração e Manutenção da Educação Indígena e Formação Continuada de Professores.
Além desses aspectos, a Unidade Técnica constatou algumas irregularidades que ocasionaram
a notificação do responsável, tendo sido acostada defesa (fls. 569/2130 dos autos). Do exame dessa
documentação, a Unidade Técnica emitiu os relatórios, de fls. 1152/62, 1252/7, 2056/9 e 2131/4,
entendendo remanescerem as seguintes falhas:
a) Criação de cargos através dos Decretos n" 12.925/89, n° 13.160/89 e n° 13.547/90 (item 1).
Segundo a defesa os Decretos apontados dispõem tão somente sobre a estrutura organizacional
da SEEC, não constando de seu teor a criação de quaisquer cargos comissionados. O art. 4° de cada
Decreto é inequívoco ao dispor que os cargos previstos nos anexos são oriundos das Leis n" 4687/85;
4907/86; 4967/87 e 5020/88. Além do que não tem competência para Editar Decretos e estes foram
expedidos muito antes da gestão ora em análise.
A Unidade Técnica informa que já havia observado o art. 4° dos citados decretos que faziam
menção às leis acima descritas. No entanto, comparou os cargos criados pelas leis com aqueles
constantes nos anexos dos decretos, verificou, então que alguns constam das leis e outros apenas nos
decretos em questão. Corrobora com o entendimento de que os gestores não teriam competência para
editar decretos, porém tem o dever de solicitar a regularização no âmbito da SEEC.
O defendente afirma que alguns adiantamentos deixaram de ser enviados ao Tribunal porque
correspondiam a adiantamentos ainda não consumados, mas que nesta ocasião estava enviando todos
os reclamados.
Processo Te n° 01.838/05
c) Aquisição de material de consumo (R$ 877.012,67) e gás butano (R$ 287.061,20) mediante o
sistema de adiantamento, sem a realização de licitações (item 6).
O defendente alega que a medida adotada pela SEEC, frente à descentralização ordenada, visa
dar maior eficácia e economia aos atos administrativos e aos dispêndios feitos com recursos dos cofres
públicos, inexistindo qualquer prejuízo ao erário estadual. Ocorre ainda que o preço do gás butano é
regulamentado pela ANP, inclusive com tabelamento do preço, e que as compras da SEEC se situaram
no valor divulgado pela Agencia de Reguladora.
O Órgão Técnico explanou os motivos que levaram a realização de compras de materiais sem
o procedimento Iicitatório, no entanto, o gestor não pode administrar de acordo com as conveniências
administrativas, devendo sempre proceder de acordo com as leis vigentes.
O defendente diz que no final de 2002, a SEEC efetuou licitação, sob a modalidade Tomada
de Preços n" 09/2002, cuja vencedora foi a Classic Viagens e Turismo Ltda., com a qual foi firmado o
Contrato n" 049/2002, 110 valor mensal de R$ 65.524,29. O instrumento contratual teve validade até
novembro de 2003, sendo que houve um aditivo, dilatando o prazo por mais 360 dias, isto é, até
novembro de 2004.
No que se refere aos gastos com material permanente, de consumo, de expediente, limpeza c
informática, a defesa alega que esses dispêndios foram realizados com recursos federais, não estando
sujeitos ao controle do Tribunal de Contas do Estado.
e) Despesas com compra de vagas na rede privada de ensino, no montante de R$ 130.000,00, sem
atendimento às disposições legais (item 8.2).
Segundo a defesa, há uma demanda crescente por vagas, isto levou a Secretaria a avaliar como
absolutamente necessária e justificável a compra de vagas na rede privada, em caráter excepcional, por
um período de 12 meses, evitando prejuízos insanáveis para alunos da escola beneficiada que não
teriam como concluir o ano letivo.
Alegou também que ao assumir a SEEC foi detectada a existência de 58 municípios que não
ofereciam o ensino médio, até mesmo a Capital não dispunha de vagas suficientes para atender a
demanda de alunos. Encaminhou a documentação de convênio celebrado com a Arquidiocese e a
relação dos alunos beneficiados.
A Auditoria informa que não foi comprovada a inexistência de vagas no ensino médio da rede
pública de ensino da cidade de João Pessoa, conforme exigência do § lOdo artigo 213 da CF.
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Processo Te n° 01.838/05
o Interessado informa que as entradas de mercadorias são registradas no sistema pela inserção
dos dados das notas fiscais, em seguida há a conferência dos quantitativos no almoxarifado e são
confirmados no sistema. Quando os produtos saem do almoxarifado é gerada uma guia atestando a
saída. Quanto às diferenças existentes no quantitativo físico e o registrado no sistema, ocorre algumas
vezes que a mercadoria é baixada do sistema, mas a entrega não foi concluída ao setor que solicitou.
A Unidade Técnica reclama que o sistema não emite relatórios de estoque e que a qualquer
tempo pode se modificar a descrição dos produtos, sem que haja registro dessas modificações,
demonstrando não ter uma boa confiabilidade do sistema.
- Em relação à criação de cargos, verifica-se que em março de 2007, foi editada a Lei n° 8186/2007, a
qual definiu a estrutura organizacional da Administração Direta Estadual. Assim é forçoso reconhecer
a promulgação, embora três anos após o exercício em análise, da legislação adequada para dispor
sobre a criação de cargos, cabendo assim recomendações a sua estrita observância.
- No que se refere à despesa com compra de vagas no ensino privado, a não conformidade do gasto se
situa na falta de demonstração da insuficiência de vaga na rede pública, cabe determinar à Secretaria
provar o fato nos próximos aj ustes dessa natureza.
Processo Te n° 01.838/05
- Quanto às despesas não licitadas, não houve indicação de excesso de preço e não foi possível
identificar de forma concreta falta de fornecimento de bens e serviços neles noticiados, além do mais,
a SEEC realizou despesas de cerca de R$ 358,4 milhões, cujo montante não licitado representa apenas
0,63%, logo a matéria comporta recomendações, sem prejuízo da multa legal por descumprimento
parcial à lei.
Ante o exposto, opina o representante do Ministério Público Especial para que o Tribunal:
Julgue Regular, com ressalvas, as contas do Sr. Neroaldo Pontes de Azevedo, na qualidade
de Secretário de Estado da Educação e Cultura, relativamente ao exercício financeiro de 2004,
em razão das impropriedades verificadas nos relatórios de análise;
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Auditor ator
Considerando as conclusões a que chegou a equipe técnica, assim como o parecer oferecido
pelo representante do Ministério Público junto ao Tribunal, proponho aos Srs. Conselheiros membros
do Egrégio Tribunal de Contas do Estado da Paraíba:
I) Julguem REGULAR, com ressalvas, as contas do Sr. Neroaldo Pontes de Azevedo, ex-
Secretário de Estado da Educação e Cultura, relativamente ao exercício financeiro de 2004;
É a proposta!
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uditor Relator