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A ciência espírita e o crivo da razão – Allan Kardec, em 1859, em meio à obra O que é o
espiritismo, definia a doutrina como sendo uma ciência que trata da natureza, origem e
destino dos espíritos, bem como de sua relação com o mundo corporal. Essa é a chamada
Ciência Espírita, propriamente dita, que cuida especificamente de tudo aquilo que se refere
ao intercâmbio mediúnico entre encarnados e desencarnados, que configura a influência dos
espíritos sobre a humanidade. Ao assumir as rédeas da chamada codificação espírita, que
consiste na reunião em livros de ensinamentos dados pela equipe do Espírito Verdade, Kardec
implementou determinados procedimentos racionais, que lhe permitiram assegurar a
legitimidade das comunicações recebidas. Podemos dizer que Kardec adotou algumas
diretrizes principais, no intuito de nortear o seu trabalho e chegar ao fim com resultado ao
nível de excelência.
Para isso, Kardec escolheu colaboradores insuspeitos. E assim o fez tanto do ponto de
vista moral quanto da pureza das faculdades, por entender que a mediunidade em si, como
manifestação dos espíritos desencarnados, não dependeria exclusivamente do aspecto moral
do médium; mas esse aspecto certamente definiria, como persiste definindo, as companhias
espirituais vinculadas ao sensitivo, que o estariam influenciando no decurso das mensagens
canalizadas e registrando no papel as suas idéias.
Kardec fez então uma análise rigorosa das comunicações recebidas. Todas elas,
independente da assinatura que identificava o espírito comunicante, eram criteriosamente
confrontadas com os avanços científicos da época. Tanto assim que em 1863, ao fazer um
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balanço das comunicações até então recebidas, chegou ao número de 3.600 mensagens, das
quais 3.000 tinham moralidade irretocável, mas somente 300 delas foram consideradas dignas
de publicação pelo conteúdo apresentado.
O codificador não parou aí, buscou nas mensagens um “consenso universal”, por
assim dizer, outros médiuns e outros espíritos externado um mesmo pensamento evoluído. E
somente adotou como princípio doutrinário as informações sobre as quais havia obtido um
amplo consenso. Assim o fez repetindo os questionamentos através de correspondências com
diversos médiuns, espalhados por toda a Europa, que jamais tinham entrado em contato entre
si. Fez um rigoroso controle dos espíritos comunicantes e de suas mensagens. Não se deixou
iludir pelos nomes famosos que subscreviam as mensagens, mas verificava, essencialmente, o
teor intrínseco das comunicações, ou seja, se o conteúdo era digno de crédito para divulgá-lo.
Tais critérios, elaborados de modo científico, ditaram a tônica de seu trabalho.
Constantemente, Kardec afirmava que os espíritos, desde o mais simples até o maior, tinham
sido para ele meios de informação, e não os reveladores predestinados da verdade oculta.
Hoje, esses critérios racionais, adotados de modo científico, são aplicados nas
instituições espíritas, com o fim de não se aceitar comunicações pseudo-sábias, absurdos
espirituais ou frutos de crenças infundadas do médium, mensagens destituídas de lógica, de
bom senso e de racionalidade. Os registros de médiuns imprevidentes, que se deixam dominar
por forças espirituais inferiores, são rejeitados quando em confronto com os postulados
espíritas. E não é incomum que tal procedimento seletivo faça aflorar no médium alguns
melindres, como a vaidade ferida pela indignação de ter sua mensagem rejeitada ao crivo do
método kardecista. Como registrara Erasto: “Melhor rejeitar dez verdades do que aceitar
uma só mentira”. É que a verdade firma-se por si só, a qualquer tempo, mas a mentira
derruba o divulgador e lança sua obra ao ridículo. Mesmo que aflore no médium os melindres
da vaidade, para dar crédito aos seus registros é preciso usar o crivo de Kardec.
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Isso significa dizer que além da ciência espírita, propriamente dita, pertinente aos
fenômenos mediúnicos, o espiritismo submete-se ao progresso que o mundo, lenta e
gradualmente, venha a alcançar através da ciência acadêmica. Os espíritos usaram a ciência
para doutrinar, porque tinham de falar das coisas terrenas, mas se a ciência terrestre muda, a
doutrina relativa a ela também muda, porque o espiritismo avança conforme os achados
científicos. Se a Astronomia, na época da codificação, considerava os anéis de Saturno como
matéria sólida, mas hoje com as novas técnicas de observação os considera de modo
diferente, o espiritismo acompanha aquela ciência e se rejuvenesce com ela, conforme a
diretriz dada pelos espíritos codificadores a Kardec.
É que a Doutrina Espírita nos conduz à fé raciocinada, aquela que pode encarar a razão
face a face, em todas as épocas da humanidade, conforme registrou Kardec nas obras da
codificação. Sem dúvida, o espiritismo veio lançar novas luzes sobre uma série de questões,
antes obscuras ou mal compreendidas, e contou para isso com o trabalho eficaz de renomados
cientistas, que depois de exaustivas pesquisas vieram a público para dar seus testemunhos de
crédito aos princípios espíritas, em razão do resultado de seus trabalhos.
DADOS PESSOAIS:
Endereço: Av. Comissário Otávio de Queiroz, 245/303, Jardim da Penha, Vitória, ES, CEP: 29060-270, Vitória, ES
BIBLIOGRAFIA ADOTADA:
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KARDEC, Allan. Obras Póstumas, ed. 1998, Segunda Parte. (1)
KARDEC, Allan. A Gênese, ed. 1998, Capítulo I. (1)
KARDEC, Allan. O Que é o Espiritismo, ed. 1998, p. 130. (1)
(1)
CONTEÚDO DO CD "A CODIFICAÇÃO" (FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA)
DELANNE, Gabriel. O Fenômeno Espírita, Ed. FEB, 1988.
REVISTA PLANETA ESPECIAL, Reencarnação, SP. Ed. Três.
BANERJEE, H. Nath. Vida pretérita e futura, RJ. Ed. Nórdica, 1979.
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XAVIER, Francisco C. Novas mensagens, Espírito Humberto de Campos, Ed. FEB, 1940.
XAVIER, Francisco C. Cartas de uma Morta, Espírito Maria João de Deus Ed. LAKE, 1984.
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WAMBACH, Helen. Reliving past lives. Ed. Bantam Books, NY, 1978
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MOODY. JR, Raymond. A luz do além, SP, Ed. Nórdica, 1988.
MOSS, Thelma. O corpo elétrico, SP, Ed. Cultrix, 1979.
STEVENSON, Ian. Reincarnation and biology: a contribution to the etiology of birthmarks and birth defects, Praeger Publishers,
NY, 1997.