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AC – Devido a esse espírito tão inovador, você sempre realizou sua arte
quase à margem da grande mídia, muitas vezes às vezes indiferente a
galerias e museus. Isso é algo que lhe incomoda?
PB – Não. A minha função é criar. Se eu não fizer arte, eu enlouqueço. Me
expresso independente do público apreciar ou não. E a gente sabe que o
público agora está tendo uma formação em relação mais conceitual com a
arte, algo mais reflexivo. Então, se eu me preocupasse com a reação do
público, eu tinha parado de fazer o que eu faço há muito tempo.
AC – E a mais difícil?
PB – Toda obra pra mim sempre tem uma dificuldade. Eu tenho até uma
pasta de projetos que considero irrealizáveis, por conta do custo e da
dimensão. Ultimamente tenho sido convidado para realizar projetos que eu
nunca havia feito antes. Eu passei um período viajando pelo mundo todo
quando eu ganhei a Bolsa Guggenheim de Artes Visuais, e eu gravei o som
de fontes de vários lugares do mundo, porque não se repete o som. E a
minha idéia era fazer um concerto com esses sons. Há dois anos, o Centro
Cultural Banco do Brasil, sob a curadoria de Felipe Chaimovich, bancou toda
a produção desse concerto. Existem sempre dificuldades quando a questão
do patrocínio para grandes projetos, principalmente quando envolvem
tecnologia de ponta.
AC – Vamos falar agora sobre seus próximos trabalhos. Como será a sua
participação no 7º Festival Recifense de Literatura?
PB – Vou participar de uma mesa que trata sobre o livro sem palavras: o
livro-objeto. O livro de artista, deslocado, desmaterializado, visual, onde o
leitor tem uma participação, podendo até alterar a sequência da leitura. Eu
achei extraordinária a abertura para este tema, já que essa é uma
oportunidade de discutir com o leitor uma outra faceta do livro, e sendo
dentro de uma livraria, isso é ainda mais genial. Geralmente esses livros são
bem servidos na área de fotografia, e há poucos na área de artes plásticas.