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Drogas, por quê?

Drogas ou substâncias psicoativas1 “... são aquelas que modificam o estado de


consciência do usuário. Os efeitos podem ir desde uma estimulação suave causada
por uma xícara de café ou chá até os efeitos ...produzidos por alucinógenos tais
como o LSD...” (Seibel e Toscano Jr., 2001, p.1). Masur & Carlini (1989) definem
drogas como substâncias que interferem com o funcionamento dos
neurotransmissores, provocando alterações e distúrbios no comportamento.

Os alimentos são assimilados de modo imediato e utilizados para renovar e ampliar


nossa massa física, bem como para produzir energia. Há ainda dois tipos de substâncias
que podem ser ingeridas. Aquelas, como os plásticos e alguns metais, que o corpo não
consegue digerir, tampouco absorver, eliminado-as na sua forma intacta e aquelas que
provocam uma intensa reação. Esse segundo tipo compreende as drogas em geral.

Nos dias de palavra droga é rapidamente associada às substâncias que alteraram estados
da mente, proporcionando experiências de prazer capazes de levar parte seus usuários
ao uso contínuo e à dependência. Essas substâncias (drogas) também se tornaram
sinônimas de coisas ruins (isso é uma droga!) e de situações indesejadas (que droga!). O
que chamamos hoje de droga está muito longe daquilo que antes essa palavra designava.

A origem etimológica da palavra DROGA é incerta. A palavra pode ter derivado de


DROWA (árabe), cujo significado é bala de trigo. Droga, ainda, pode ser originária de
DROOGE VATE (holandês), cujo significado são tonéis de folhas secas. Isto porque
antigamente quase todos os medicamentos eram feitos à base de vegetais.

A primeira língua a utilizar a palavra tal como a conhecemos hoje foi o francês:
DROGUE (ingrediente, tintura ou substância química ou farmacêutica, remédio,
produto farmacêutico). Atualmente, a medicina define droga como sendo: qualquer
substância capaz de modificar o funcionamento dos organismos vivos, resultando em
mudanças fisiológicas ou de comportamento.

Portanto, nota-se que a palavra droga se refere a qualquer substância capaz de modificar
um funcionamento orgânico, seja essa modificação considerada medicinal ou nociva. Os
antigos, inclusive, não acreditavam que as drogas fossem exclusivamente boas ou más.
Os gregos, por exemplo, entendiam que qualquer droga se constitui em um veneno
potencial e um remédio potencial, dependendo da dose, do objetivo do uso, da pureza,
das condições de acesso a esse produto e dos modelos culturais de uso.

As drogas capazes de alterar o funcionamento mental ou psíquico são denominadas


drogas psicotrópicas ou simplesmente psicotrópicos. Psicotrópico advém da junção de
psico (mente) e trópico (atração por). Desse modo, drogas psicotrópicas são aquelas que
atuam sobre o nosso cérebro, alterando nossa maneira de sentir, de pensar e, muitas
vezes, de agir. Mas estas alterações do nosso psiquismo não são iguais para toda e
qualquer droga. Cada substância é capaz de causar diferentes reações.

O consumo de substâncias psicoativas existe desde os primórdios da história do


homem, em praticamente todas as culturas conhecidas. Curiosidade, desejo de
transcendência, busca da imortalidade, do prazer, da sabedoria, são alguns dos
motivos que aparecem, desde sempre, associados ao desejo por alguma droga.
As drogas estão cada vez mais presentes em nossas vidas. Amigos, parentes, colegas,
vizinhos... estamos rodeados de usuários de drogas, e no atual contexto o consumo esta
mais associado aos jovens. Segundo pesquisas, o álcool é a droga mais amplamente
utilizada pelos jovens, más porque os jovens bebem tanto?
Para analisarmos a situação dos jovens devemos primeiro analisar a situação dos
adultos, onde a incidência do consumo excessivo de bebidas alcoólicas ocorre, e isso
por si só talvez seja a possível resposta para a questão.

Os adultos exercem enorme influência na formação e no comportamento dos jovens de


forma que os exemplos dados pelos adultos de como lidar com a realidade é fator
determinante nas escolhas feitas pelos adolescentes, todavia várias dúvidas e
inquietações são próprias da idade, como conhecer seus limites e possibilidades,
principalmente no que tange as questões amorosas e profissionais. Essas dúvidas geram
inseguranças e temores frente aos quais podem tentar evadir-se, o que expõe o jovem a
formas de escape, e que pode refletir, entre outras formas, no uso excessivo da bebida.
Também podemos considerar o próprio grupo de convívio do jovem e a influência que
podem exercer sobre ele. Os jovens procuram afirmar sua identidade espelhando-se
muito no seu grupo de convívio e, nesta fase, transgredir, excedendo-se no uso de
bebidas pode parecer, para alguns, interessante no que diz respeito a status.

Ah... é só bicadinha...

.....Os primeiros goles, que há uma década aconteciam por volta dos 15 a 16 anos,
atualmente já ocorrem com 53% dos adolescentes entre 10 e 12 anos. Pesquisas
mostram ainda que a grande maioria entra em contato com a bebida em casa,
portanto é necessário que os pais estejam atentos desde cedo para iniciar a
prevenção. Limites claros devem ser colocados com maior firmeza, quanto mais
nova for a criança.

Dizer não é papel dos pais, e não apenas intransigência careta e gratuita! Não
tenha dúvida, é mais fácil acostumar os pequenos do que enfrentar a rebeldia dos
adolescentes. Isso vale inclusive para aquela bicada na sua caipirinha ou cerveja
com a desculpa de que é para acostumar com o gosto.

O cuidado e a proteção dos filhos são funções dos pais. No caso das drogas, a
proibição representa exatamente isso. Quanto mais tempo você conseguir mantê-
los longe da bebida melhor. Eles vão tentar dobrá-lo, fazer cara feia, dizer que os
pais dos amigos permitem e usar de todos os argumentos para tirar você da sua
proposta, mas é preciso ser firme, ainda que a sua cerveja esquente...

Exemplo é fundamental

Estudos comprovaram que o combate ao alcoolismo deve ser iniciado em casa. A


maioria dos jovens com alto grau de dependência começou o consumo em família.
É grande o número de filhos dependentes graves, cujos pais têm problemas de
alcoolismo. Segundo alguns estudos, há um componente genético que colabora com
o desenvolvimento da doença. Não se espante com a terminologia, pois o
alcoolismo é considerado doença pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Famílias em que esse problema é presente em avós, tios ou pais têm mais chances
de se defrontar com a dependência dos jovens. Além disso, o ambiente familiar e
social é um fator importante.
O hábito de usar a bebida para aliviar a tensão, por exemplo, é um comportamento
aprendido em casa, e é aí que as coisas se complicam. A questão não está em abrir
uma garrafa de vinho ao jantar ou na cerveja do final de semana, mas sim em
precisar de um trago nas situações estressantes, para enfrentar obstáculos ou
relaxar do dia estafante. A adolescência é uma fase complicada e o álcool não pode
assumir o papel de facilitador, no sentido de ajudar os jovens a lidar com suas
dificuldades. Se os pais fazem isso, é provável que os filhos repitam esse
comportamento.

Procure ser coerente. Discurso e ação devem combinar entre si, pois a moçada
aprende não só através das falas e conselhos formais, mas - também e
principalmente - a partir dos modelos concretos vivenciados no dia-a-dia. Exemplo
é fundamental, fique atento, inclusive, para comentários ambíguos envolvendo
questões relacionadas ao álcool: as crianças tudo registram...

Excessos e cuidados

Diante desse panorama, cabe lembrar ainda que, se é grande a quantidade de


adultos que perdem o controle após alguns goles a mais, o que dizer da moçada
com o seu metabolismo ainda em formação? Os excessos alcoólicos são
responsáveis, até, pelo alto índice de acidentes fatais no trânsito, o que é uma
ótima razão para alertar seu filho adolescente para que, de forma alguma, aceite
carona com um amigo que bebeu.

As estatísticas mostram, também, que o álcool está presente, de forma expressiva,


nos traumas físicos, brigas, mortes violentas e suicídios. Todo esse quadro, mesmo
sendo assustador, não atinge a onipotência da moçada. Sabe como é... de acordo
com eles, isso só acontece com os outros, não é verdade?

.Além do fascínio que a bebida representa para os jovens, ainda há a pressão do


grupo. Para não se sentirem por fora, acabam entrando no jogo. Com receio de
serem chamados de pirralhos, não enfrentam os companheiros. Daí para chegar de
pileque em casa falta pouco, muito pouco mesmo...

.Se isso acontecer, espere seu filho estar totalmente sóbrio para ter uma conversa.
Nem tente entrar num bate-boca desgastante enquanto o comportamento dele
estiver alterado. Esse papo precisa ser franco e aberto. Evite o tom moralizante e
procure passar informações consistentes a respeito dos efeitos do álcool sobre o
cérebro e o organismo em geral.

.Enquanto for possível, acompanhe a garotada até as festas, leve-os e busque-os e,


se vierem com outro pai, espere por sua chegada em casa e observe o seu
comportamento, isso vai dar pistas sobre a presença de bebidas à disposição, ou
levadas por algum convidado.

.Mais importante do que essas orientações e cuidados possam sugerir, é


fundamental manter, sempre, um canal de comunicação aberto com seu filho,
desde pequeno. Procure, sempre que possível, conversar sobre o cotidiano dele,
suas amizades, problemas na escola e outros tantos assuntos que possam surgir.
Ao invés de falar, tendência de muitos pais, procure ouvi-lo, pois somente assim
você poderá perceber suas dúvidas e angústias e se transformar no tão necessário
apoio para sua complicada e difícil passagem da infância para a vida adulta.

Alcoolismo
O que é?
O alcoolismo é o conjunto de problemas relacionados ao consumo excessivo e prolongado do
álcool; é entendido como o vício de ingestão excessiva e regular de bebidas alcoólicas, e todas
as conseqüências decorrentes. O alcoolismo é, portanto, um conjunto de diagnósticos. Dentro
do alcoolismo existe a dependência, a abstinência, o abuso (uso excessivo, porém não
continuado), intoxicação por álcool (embriaguez). Síndromes amnéstica (perdas restritas de
memória), demencial, alucinatória, delirante, de humor. Distúrbios de ansiedade, sexuais, do
sono e distúrbios inespecíficos. Por fim o delirium tremens, que pode ser fatal.
Assim o alcoolismo é um termo genérico que indica algum problema, mas medicamente para
maior precisão, é necessário apontar qual ou quais distúrbios estão presentes, pois geralmente
há mais de um.

O fenômeno da Dependência (Addiction)


O comportamento de repetição obedece a dois mecanismos básicos não patológicos: o reforço
positivo e o reforço negativo. O reforço positivo refere-se ao comportamento de busca do
prazer: quando algo é agradável a pessoa busca os mesmos estímulos para obter a mesma
satisfação. O reforço negativo refere-se ao comportamento de evitação de dor ou desprazer.
Quando algo é desagradável a pessoa procura os mesmos meios para evitar a dor ou
desprazer, causados numa dada circunstância. A fixação de uma pessoa no comportamento de
busca do álcool, obedece a esses dois mecanismos acima apresentados. No começo a busca
é pelo prazer que a bebida proporciona. Depois de um período, quando a pessoa não alcança
mais o prazer anteriormente obtido, não consegue mais parar porque sempre que isso é
tentado surgem os sintomas desagradáveis da abstinência, e para evitá-los a pessoa mantém o
uso do álcool. Os reforços positivo e negativo são mecanismos ou recursos normais que
permitem às pessoas se adaptarem ao seu ambiente.
As medicações hoje em uso atuam sobre essas fases: a naltrexona inibe o prazer dado pelo
álcool, inibindo o reforço positivo; o acamprosato diminui o mal estar causado pela abstinência,
inibindo o reforço negativo. Provavelmente, dentro de pouco tempo, teremos estudos avaliando
o benefício trazido pela combinação dessas duas medicações para os dependentes de álcool
que não obtiveram resultados satisfatórios com cada uma isoladamente.

Tolerância e Dependência
A tolerância e a dependência ao álcool são dois eventos distintos e indissociáveis. A tolerância
é a necessidade de doses maiores de álcool para a manutenção do efeito de embriaguez
obtido nas primeiras doses. Se no começo uma dose de uísque era suficiente para uma leve
sensação de tranqüilidade, depois de duas semanas (por exemplo) são necessárias duas
doses para o mesmo efeito. Nessa situação se diz que o indivíduo está desenvolvendo
tolerância ao álcool. Normalmente, à medida que se eleva a dose da bebida alcoólica para se
contornar a tolerância, ela volta em doses cada vez mais altas. Aos poucos, cinco doses de
uísque podem se tornar inócuas para o indivíduo que antes se embriagava com uma dose. Na
prática não se observa uma total tolerância, mas de forma parcial. Um indivíduo que antes se
embriagava com uma dose de uísque e passa a ter uma leve embriaguez com três doses está
tolerante apesar de ter algum grau de embriaguez. O alcoólatra não pode dizer que não está
tolerante ao álcool por apresentar sistematicamente um certo grau de embriaguez. O critério
não é a ausência ou presença de embriaguez, mas a perda relativa do efeito da bebida. A
tolerância ocorre antes da dependência. Os primeiros indícios de tolerância não significam,
necessariamente, dependência, mas é o sinal claro de que a dependência não está longe. A
dependência é simultânea à tolerância. A dependência será tanto mais intensa quanto mais
intenso for o grau de tolerância ao álcool. Dizemos que a pessoa tornou-se dependente do
álcool quando ela não tem mais forças por si própria de interromper ou diminuir o uso do álcool.

O alcoólatra de "primeira viagem" sempre tem a impressão de que pode parar quando quiser e
afirma: "quando eu quiser, eu paro". Essa frase geralmente encobre o alcoolismo incipiente e
resistente; resistente porque o paciente nega qualquer problema relacionado ao álcool, mesmo
que os outros não acreditem, ele próprio acredita na ilusão que criou. A negação do próprio
alcoolismo, quando ele não é evidente ou está começando, é uma forma de defesa da auto-
imagem (aquilo que a pessoa pensa de si mesma). O alcoolismo, como qualquer diagnóstico
psiquiátrico, é estigmatizante. Fazer com que uma pessoa reconheça o próprio estado de
dependência alcoólica, é exigir dela uma forte quebra da auto-imagem e conseqüentemente da
auto-estima. Com a auto-estima enfraquecida a pessoa já não tem a mesma disposição para
viver e, portanto, lutar contra a própria doença. É uma situação paradoxal para a qual não se
obteve uma solução satisfatória. Dependerá da arte de conduzir cada caso particularmente,
dependerá da habilidade de cada psiquiatra.

Aspectos Gerais do Alcoolismo


A identificação precoce do alcoolismo geralmente é prejudicada pela negação dos pacientes
quanto a sua condição de alcoólatras. Além disso, nos estágios iniciais é mais difícil fazer o
diagnóstico, pois os limites entre o uso "social" e a dependência nem sempre são claros.
Quando o diagnóstico é evidente e o paciente concorda em se tratar é porque já se passou
muito tempo, e diversos prejuízos foram sofridos. É mais difícil de se reverter o processo.
Como a maioria dos diagnósticos mentais, o alcoolismo possui um forte estigma social, e os
usuários tendem a evitar esse estigma. Esta defesa natural para a preservação da auto-estima
acaba trazendo atrasos na intervenção terapêutica. Para se iniciar um tratamento para o
alcoolismo é necessário que o paciente preserve em níveis elevados sua auto-estima sem,
contudo, negar sua condição de alcoólatra, fato muito difícil de se conseguir na prática. O
profissional deve estar atento a qualquer modificação do comportamento dos pacientes no
seguinte sentido: falta de diálogo com o cônjuge, freqüentes explosões temperamentais com
manifestação de raiva, atitudes hostis, perda do interesse na relação conjugal. O Álcool pode
ser procurado tanto para ficar sexualmente desinibido como para evitar a vida sexual. No
trabalho os colegas podem notar um comportamento mais irritável do que o habitual, atrasos e
mesmo faltas. Acidentes de carro passam a acontecer. Quando essas situações acontecem é
sinal de que o indivíduo já perdeu o controle da bebida: pode estar travando uma luta solitária
para diminuir o consumo do álcool, mas geralmente as iniciativas pessoais resultam em
fracassos. As manifestações corporais costumam começar por vômitos pela manhã, dores
abdominais, diarréia, gastrites, aumento do tamanho do fígado. Pequenos acidentes que
provocam contusões, e outros tipos de ferimentos se tornam mais freqüentes, bem como
esquecimentos mais intensos do que os lapsos que ocorrem naturalmente com qualquer um,
envolvendo obrigações e deveres sociais e trabalhistas. A susceptibilidade a infecções aumenta
e dependendo da predisposição de cada um, podem surgir crises convulsivas. Nos casos de
dúvidas quanto ao diagnóstico, deve-se sempre avaliar incidências familiares de alcoolismo
porque se sabe que a carga genética predispõe ao alcoolismo. É muito mais comum do que se
imagina a coexistência de alcoolismo com outros problemas psiquiátricos prévios ou mesmo
precipitante. Os transtornos de ansiedade, depressão e insônia podem levar ao alcoolismo.
Tratando-se a base do problema muitas vezes se resolve o alcoolismo. Já os transtornos de
personalidade tornam o tratamento mais difícil e prejudicam a obtenção de sucesso.

Tratamento do Alcoolismo
O alcoolismo, essencialmente, é o desejo incontrolável de consumir bebidas alcoólicas numa
quantidade prejudicial ao bebedor. O núcleo da doença é o desejo pelo álcool; há tempos isto é
aceito, mas nunca se obteve uma substância psicoativa que inibisse tal desejo. Como prova de
que inúmeros fracassos não desanimaram os pesquisadores, temos hoje já comprovadas, ou
em fase avançada de testes, três substâncias eficazes na supressão do desejo pelo álcool, três
remédios que atingem a essência do problema, que cortam o mal pela raiz. Estamos falando
naltrexona, do acamprosato e da ondansetrona. O tratamento do alcoolismo não deve ser
confundido com o tratamento da abstinência alcoólica. Como o organismo incorpora
literalmente o álcool ao seu metabolismo, a interrupção da ingestão de álcool faz com que o
corpo se ressinta: a isto chamamos abstinência que, dependendo, do tempo e da quantidade
de álcool consumidos pode causar sérios problemas e até a morte nos casos não tratados. As
medicações acima citadas não têm finalidade de atuar nessa fase. A abstinência já tem suas
alternativas de tratamento bem estabelecidas e relativamente satisfatórias. O Dissulfiram é uma
substância que força o paciente a não beber sob a pena de intenso mal estar: se isso for feito,
não suprime o desejo e deixa o paciente num conflito psicológico amargo. Muitos alcoólatras
morreram por não conseguirem conter o desejo pelo álcool enquanto estavam sob efeito do
Dissulfiram. Mesmo sabendo o que poderia acontecer, não conseguiram evitar a combinação
do álcool com o Dissulfiram, não conseguiram sequer esperar a eliminação do Dissulfiram.
Fatos como esses servem para que os clínicos e os não-alcoólatras saibam o quanto é forte a
inclinação para o álcool sofrida pelos alcoólatras, mais forte que a própria ameaça de morte.
Serve também para medir o grau de benefício trazido pelas medicações que suprimem o
desejo pelo álcool, atualmente disponíveis. Podemos fazer uma analogia para entender essa
evolução. Com o Dissulfiram o paciente tem que fazer um esforço semelhante ao motorista que
tenta segurar um veículo ladeira abaixo, pondo-se à frente deste, tentando impedir que o
automóvel deslanche, atropelando o próprio motorista. Com as novas medicações o motorista
está dentro do carro apertando o pedal do freio até que o carro chegue no fim da ladeira. Em
ambos os casos, é possível chegar ao fim da ladeira (controle do alcoolismo). Numa o esforço
é enorme causando grande percentagem de fracassos; noutro o esforço é pequeno, permitindo
grande adesão ao tratamento. Vejamos agora algumas informações sobre as novas
medicações.

Naltrexona
A naltrexona é uma substância conhecida há vários anos; seu uso restringia-se ao bloqueio da
atividade dos opióides. É uma espécie de antídoto para a intoxicação de heroína, morfina e
similares. Recentemente verificou-se que a naltrexona possui um efeito bloqueador do prazer
proporcionado pelo álcool, cortando o ciclo de reforço positivo que leva e mantém o alcoolismo.
A naltrexona foi a primeira substância a atingir a essência do alcoolismo: o desejo pelo
consumo de álcool. Como era uma medicação conhecida quanto aos efeitos benéficos e
colaterais, sua utilização para o alcoolismo foi relativamente rápida pois já se encontrava no
mercado há muitos anos: bastou que se acrescentasse na bula uma nova indicação, o
tratamento do alcoolismo. Os principais efeitos colaterais da naltrexona, o enjôo e o vômito não
são intensos o suficiente para impedir o seu uso. Os principais efeitos da naltrexona são inibir o
desejo pelo álcool e mesmo que se beba, o prazer da sensação de estar "alto" é abolido.
Assim, a bebida para o alcoólatra em uso de naltrexona se torna sem graça. Como não há uma
interação danosa entre Álcool e naltrexona, a naltrexona exerce uma real atividade terapêutica.
Os estudos mostram que a recaída do alcoolismo é menor entre as pessoas que fazem uso de
naltrexona em relação ao placebo; o baixo índice de efeitos colaterais da naltrexona permite
que os pacientes adiram ao tratamento prolongado. Agora ficou mais fácil diferenciar o
alcoólatra impotente perante seu vício daquele que simplesmente não quer abandonar o prazer
da embriaguez. O paciente que se nega a tratar-se por perceber que a naltrexona abole o
prazer é o alcoólatra por opção; aquele que adere ao tratamento era a vítima do vício. Por fim,
não podemos esquecer que nem todos os pacientes se beneficiam da naltrexona, ou seja, há
uma parcela da população que mesmo em uso da naltrexona mantém o prazer da bebida e
nesses o tratamento é ineficaz. A naltrexona foi o primeiro e grande passo para o tratamento do
alcoolismo, mas não resolveu todo o problema sozinho.

Acamprosato
Essa substância ao contrário da naltrexona é nova e foi criada especificamente para o
tratamento do alcoolismo. Está sendo introduzida no mercado brasileiro pela Merck, mas já é
usada na Europa há alguns anos. O mecanismo do acamprosato é distinto da naltrexona
embora também diminua o desejo pelo álcool. O acamprosato atua mais na abstinência,
reduzindo o reforço negativo deixado pela supressão do álcool naqueles que se tornaram
dependentes. Podemos dizer que há basicamente dois mecanismos de manutenção da
dependência química ao álcool: inicialmente há o reforço pelo estímulo positivo, pela busca de
gratificação e prazer dadas pelo álcool. À medida que o indivíduo se torna tolerante às
primeiras doses passa a ser necessária sua elevação para voltar a ter o mesmo prazer das
primeiras doses. Nessa fase o indivíduo já é dependente e está em aprofundamento e
agravamento da dependência. A bebida não dá mais prazer algum e por outro lado trouxe uma
série de problemas pessoais e sociais; o alcoólatra está preso ao vício porque ao tentar
interromper o consumo de álcool surgem os efeitos da abstinência. Nessa fase o alcoolista
bebe não mais por prazer, mas para não sofrer os efeitos da abstinência alcoólica. É nesta fase
que o acamprosato atua. Além de inibir os efeitos agudos da abstinência como os
benzodiazepínicos fazem, o acamprosato inibe o desejo pelo álcool nessa fase, diminuindo as
taxas de recaída para os pacientes que interromperam o consumo de álcool. A principal
atividade do acamprosato é sobre os neurotransmissores gabaérgicos, taurinérgicos e
glutamatérgicos, envolvidos no mecanismo da abstinência alcoólica. O acamprosato tem
poucos efeitos colaterais: os principais indicados foram consufão mental leve, dificuldade de
concentração, alterações das sensações nos membros inferiores, dores musculares, vertigens.

Ondansetrona
Esta medicação vem sendo usada e aprovada como inibidor de vômitos, principalmente nos
pacientes que fazem uso de medicações que provocam fortes enjôos como alguns
quimioterápicos. Está em estudo a utilização na bulimia nervosa para conter os vômitos
induzidos por esses pacientes. Mais recentemente vem sendo estudado seu efeito no
tratamento do álcool. Esses estudos ainda estão em fase preliminar; uma possível aprovação
para o alcoolismo deverá levar talvez alguns anos. Essa medicação tem um efeito específico
como antagonista do receptor serotoninégico 5-HT3. Por enquanto há poucos estudos da
eficácia da Ondansetrona no alcoolismo, o que se obteve, por enquanto, é uma maior eficácia
no tratamento do alcoolismo nas fases iniciais. Alcoolistas de longa data e doses altas não
apresentaram resultado muito superior ao placebo. Se aprovada hoje, sua utilização recairia
sobre os pacientes alcoólatras há pouco tempo. A forma de ação é parecida a da naltrexona,
inibindo o reforço positivo, o prazer que o álcool dá nas fases iniciais do alcoolismo. Os
pacientes que tomam Ondansetrona tendem a beber menos que o habitual. Os autores de um
recente trabalho com a Ondansetrona (JAMA. 2000;284:963-971) consideraram-se frustrados
com o resultado clínico obtido.

Problemas Clínicos
Diversos são os problemas causados pela bebida alcoólica pesada e prolongada. Fugiria ao
nosso objetivo entrar em detalhes a esse respeito, por isso abordaremos o tema
superficialmente.
Sistema Nervoso - Amnésias nos períodos de embriaguez acontecem em 30 a 40% das
pessoas no fim da adolescência e início da terceira década de vida: provavelmente o álcool
inibe algum dos sistemas de memória impedindo que a pessoa se recorde de fatos ocorridos
durante o período de embriaguez. Induz a sonolência, mas o sono sob efeito do álcool não é
natural, tendo sua estrutura registrada no eletroencefalograma alterado. Entre 5 e 15% dos
alcoólatras apresentam neuropatia periférica. Este problema consiste num permanente estado
de hipersensibilidade, dormência, formigamento nas mãos, pés ou ambos. Nas síndromes
alcoólicas pode-se encontrar quase todas as patologias psiquiátricas: estados de euforia
patológica, depressões, estados de ansiedade na abstinência, delírios e alucinações, perda de
memória e comportamento desajustado.
Sistema Gastrintestinal - Grande quantidade de álcool ingerida de uma vez pode levar a
inflamação no esôfago e estômago o que pode levar a sangramentos além de enjôo, vômitos e
perda de peso. Esses problemas costumam ser reversíveis, mas as varizes decorrentes de
cirrose hepática além de irreversíveis, são potencialmente fatais devido ao sangramento de
grande volume que pode acarretar. Pancreatites agudas e crônicas são comuns nos alcoólatras
constituindo-se uma emergência à parte. A cirrose hepática é um dos problemas mais falados
dos alcoólatras; é um problema irreversível e incompatível com a vida, levando o alcoólatra
lentamente à morte.
Câncer - Os alcoólatras estão 10 vezes mais sujeitos a qualquer forma de câncer que a
população em geral.
Sistema Cardiovascular - Doses elevadas por muito tempo provocam lesões no coração
provocando arritmias e outros problemas como trombos e derrames conseqüentes. É
relativamente comum a ocorrência de um acidente vascular cerebral após a ingestão de grande
quantidade de bebida.
Hormônios Sexuais - O metabolismo do álcool afeta o balanço dos hormônios reprodutivos no
homem e na mulher. No homem o álcool contribui para lesões testiculares o que prejudica a
produção de testosterona e a síntese de esperma. Já com cinco dias de uso contínuo de 220
gramas de álcool os efeitos acima mencionados começam a se manifestar e continua a se
aprofundar com a permanência do álcool. Essa deficiência contribui para a feminilização dos
homens, com o surgimento, por exemplo, de ginecomastia (presença de mamas no homem).
Hormônios Tireoideanos - Não há evidências de que o alcoolismo afete diretamente os níveis
dos hormônios tireoideanos. Há pacientes alcoólatras que apresentam alterações tanto para
mais como para menos nos níveis desses hormônios; presume-se que quando isso ocorre seja
de forma indireta por afetar outros sistemas do corpo.
Hormônio do crescimento - Alterações são observadas em indivíduos que abusam de álcool,
mas essas alterações não provocam problemas detectáveis como inibição do crescimento ou
baixa estatura, pelo menos até o momento.
Hormônio Antidiurético - Esse hormônio inibe a perda de água pelos rins, o álcool inibe esse
hormônio: como resultado a pessoa perde mais água que o habitual, urina mais, o que pode
levar a desidratação.
Ociticina - Esse hormônio é responsável pelas contrações do útero no parto. O álcool tanto
pode inibir um parto prematuro como atrapalhar um parto a termo, podendo tanto ser
terapêutico como danoso.
Insulina - O álcool não afeta diretamente os níveis de insulina: quando isso acontece é por
causa de uma possível pancreatite que é outro processo distinto. A diminuição do açúcar no
sangue não se deve a ação do álcool sobre a insulina ou sobre o glucagon (outro hormônio
envolvido no metabolismo do açúcar).
Gastrina - Este hormônio estimula a secreção de ácido no estômago preparando-o para a
digestão. O principal estímulo para a secreção de gastrina é a presença de alimentos no
estômago, principalmente as proteínas. É controverso o efeito do álcool sobre a gastrina,
alguns pesquisadores dizem que o álcool não provoca sua liberação, outros dizem que
provoca, o que levaria ao aumento da acidez estomacal. Podem provocar úlceras no aparelho
digestivo.

Recaída
A taxa de recaída (voltar a beber depois de ter se tornado dependente e parado com o uso de
álcool) é muito alta: aproximadamente 90% dos alcoólatras voltam a beber nos 4 anos
seguintes a interrupção, quando nenhum tratamento é feito. A semelhança com outras formas
de dependência como a nicotina, tranqüilizantes, estimulantes, etc, levam a crer que um há um
mecanismo psicológico (cognitivo) em comum. O dependente que consiga manter-se longe do
primeiro gole terá mais chances de contornar a recaída. O aspecto central da recaída é o
chamado "craving", palavra sem tradução para o português que significa uma intensa vontade
de voltar a consumir uma droga pelo prazer que ela causa. O craving é a dependência
psicológica propriamente dita.

As mulheres são mais vulneráveis ao álcool que os homens?


Aparentemente as mulheres são mais vulneráveis sim. Elas atingem concentrações
sanguíneas de álcool mais altas com as mesmas doses quando comparadas aos homens.
Parece também que sob a mesma carga de álcool os órgãos das mulheres são mais
prejudicados do que o dos homens. A idade onde se encontra a maior incidência de alcoolismo
feminino está entre 26e 34 anos, principalmente entre mulheres separadas. Se a separação foi
causa ou efeito do alcoolismo isto ainda não está claro. As conseqüências do alcoolismo sobre
os órgãos são diferentes nas mulheres: elas estão mais sujeitas a cirrose hepática do que o
homem. Alguns estudos mostram que o consumo moderado de álcool diário aumenta as
chances de câncer de mama. Um drink por dia não afeta a incidência desse câncer.

Filhos de Alcoólatras
Milhões de crianças e adolescentes convivem com algum parente alcoólatra no Brasil. As
estatísticas mostram que eles estarão mais sujeitos a problemas emocionais e psiquiátricos do
que a população desta faixa etária não exposta ao problema, o que de forma alguma significa
que todos eles serão afetados. Na verdade 59% não desenvolvem nenhum problema. O
primeiro problema que podemos citar é a baixa auto-estima e auto-imagem com conseqüentes
repercussões negativas sobre o rendimento escolar e demais áreas do funcionamento mental,
inclusive em testes de QI. Esses adolescentes e crianças tendem quando examinados a
subestimarem suas próprias capacidades e qualidades. Outros problemas comuns em filhos e
parentes de alcoólatras são persistência em mentiras, roubo, conflitos e brigas com colegas,
vadiagem e problemas com o colégio.
O alcoolismo é genético?
Esta pergunta bastante antiga vem sendo mais bem estudada nas últimas décadas através de
estudos com gêmeos, e será mais aprofundada com o projeto genoma. A influência familiar do
alcoolismo é um fato já conhecido e aceito. O que se pergunta é se o alcoolismo ocorre por
influência do convívio ou por influência genética. Para responder a essa pergunta a melhor
maneira é a verificação prática da influência, o que pode ser feito estudando os filhos dos
alcoólatras. Estudos como esses podem investigar os gêmeos monozigóticos (idênticos) e os
dizigóticos. Constatou-se que quando um dos gêmeos idênticos se torna alcoólatra o irmão se
torna mais freqüentemente alcoólatra do que os irmãos gêmeos não idênticos. Essa
constatação mostra a influência genética real, mas não explica porque, mesmo tendo os "gens
do alcoolismo," uma pessoa não se torna alcoólatra. Os estudos familiares mostraram que a
participação genética é inegável, mas apenas parcial, os demais fatores que levam ao
desenvolvimento do alcoolismo não estão suficientemente claros.

Problemas Psiquiátricos Causados pelo Alcoolismo

Abuso de Álcool
A pessoa que abusa de álcool não é necessariamente alcoólatra, ou seja, dependente e faz
uso continuado. O critério de abuso existe para caracterizar as pessoas que eventualmente,
mas recorrentemente têm problemas por causa dos exagerados consumos de álcool em curtos
períodos de tempo. Critérios: para se fazer esse diagnóstico é preciso que o paciente esteja
tendo problemas com álcool durante pelo menos 12 meses e ter pelo menos uma das
seguintes situações: a) prejuízos significativos no trabalho, escola ou família como faltas ou
negligências nos cuidados com os filhos. b) exposição a situações potencialmente perigosas
como dirigir ou manipular máquinas perigosas embriagado. c) problemas legais como desacato
a autoridades ou superiores. d) persistência no uso de álcool apesar do apelo das pessoas
próximas em que se interrompa o uso.

Dependência ao Álcool
Para se fazer o diagnóstico de dependência alcoólica é necessário que o usuário venha tendo
problemas decorrentes do uso de álcool durante 12 meses seguidos e preencher pelo menos 3
dos seguintes critérios: a) apresentar tolerância ao álcool -- marcante aumento da quantidade
ingerida para produção do mesmo efeito obtido no início ou marcante diminuição dos sintomas
de embriaguez ou outros resultantes do consumo de álcool apesar da continua ingestão de
álcool. b) sinais de abstinência -- após a interrupção do consumo de álcool a pessoa passa a
apresentar os seguintes sinais: sudorese excessiva, aceleração do pulso (acima de 100),
tremores nas mãos, insônia, náuseas e vômitos, agitação psicomotora, ansiedade, convulsões,
alucinações táteis. A reversão desses sinais com a reintrodução do álcool comprova a
abstinência. Apesar do álcool "tratar" a abstinência o tratamento de fato é feito com diazepam
ou clordiazepóxido dentre outras medicações. c) o dependente de álcool geralmente bebe mais
do que planejava beber d) persistente desejo de voltar a beber ou incapacidade de interromper
o uso. e) emprego de muito tempo para obtenção de bebida ou recuperando-se do efeito. f)
persistência na bebida apesar dos problemas e prejuízos gerados como perda do emprego e
das relações familiares.

Abstinência alcoólica
A síndrome de abstinência constitui-se no conjunto de sinais e sintomas observado nas
pessoas que interrompem o uso de álcool após longo e intenso uso. As formas mais leves de
abstinência se apresentam com tremores, aumento da sudorese, aceleração do pulso, insônia,
náuseas e vômitos, ansiedade depois de 6 a 48 horas desde a última bebida. A síndrome de
abstinência leve não precisa necessariamente surgir com todos esses sintomas, na maioria das
vezes, inclusive, limita-se aos tremores, insônia e irritabilidade. A síndrome de abstinência
torna-se mais perigosa com o surgimento do delirium tremens. Nesse estado o paciente
apresenta confusão mental, alucinações, convulsões. Geralmente começa dentro de 48 a 96
horas a partir da ultima dose de bebida. Dada a potencial gravidade dos casos é recomendável
tratar preventivamente todos os pacientes dependentes de álcool para se evitar que tais
síndromes surjam. Para se fazer o diagnóstico de abstinência, é necessário que o paciente
tenha pelo menos diminuído o volume de ingestão alcoólica, ou seja, mesmo não
interrompendo completamente é possível surgir a abstinência. Alguns pesquisadores afirmam
que as abstinências tornam-se mais graves na medida em que se repetem, ou seja, um
dependente que esteja passando pela quinta ou sexta abstinência estará sofrendo os sintomas
mencionados com mais intensidade, até que surja um quadro convulsivo ou de delirium
tremens. As primeiras abstinências são menos intensas e perigosas.

Delirium Tremens
O Delirium Tremens é uma forma mais intensa e complicada da abstinência. Delirium é um
diagnóstico inespecífico em psiquiatria que designa estado de confusão mental: a pessoa não
sabe onde está, em que dia está, não consegue prestar atenção em nada, tem um
comportamento desorganizado, sua fala é desorganizada ou ininteligível, a noite pode ficar
mais agitado do que de dia. A abstinência e várias outras condições médicas não relacionadas
ao alcoolismo podem causar esse problema. Como dentro do estado de delirium da abstinência
alcoólica são comuns os tremores intensos ou mesmo convulsão, o nome ficou como Delirium
Tremens. Um traço comum no delírio tremens, mas nem sempre presente são as alucinações
táteis e visuais em que o paciente "vê" insetos ou animais asquerosos próximos ou pelo seu
corpo. Esse tipo de alucinação pode levar o paciente a um estado de agitação violenta para
tentar livrar-se dos animais que o atacam. Pode ocorrer também uma forma de alucinação
induzida, por exemplo, o entrevistador pergunta ao paciente se está vendo as formigas
andando em cima da mesa sem que nada exista e o paciente passa a ver os insetos sugeridos.
O Delirim Tremens é uma condição potencialmente fatal, principalmente nos dias quentes e nos
pacientes debilitados. A fatalidade quando ocorre é devida ao desequilíbrio hidro-eletrolítico do
corpo.

Intoxicação pelo álcool


O estado de intoxicação é simplesmente a conhecida embriaguez, que normalmente é obtida
voluntariamente. No estado de intoxicação a pessoa tem alteração da fala (fala arrastada),
descoordenação motora, instabilidade no andar, nistagmo (ficar com olhos oscilando no plano
horizontal como se estivesse lendo muito rápido), prejuízos na memória e na atenção, estupor
ou coma nos casos mais extremos. Normalmente junto a essas alterações neurológicas
apresenta-se um comportamento inadequado ou impróprio da pessoa que está intoxicada. Uma
pessoa muito embriagada geralmente encontra-se nessa situação porque quis, uma leve
intoxicação em alguém que não está habituado é aceitável por inexperiência mas não no caso
de alguém que conhece seus limites.

Wernicke-Korsakoff (síndrome amnéstica)


Os alcoólatras "pesados" em parte (10%) desenvolvem algum problema grave de memória. Há
dois desses tipos: a primeira é a chamada Síndrome Wernicke-Korsakoff (SWK) e a outra a
demência alcoólica. A SWK é caracterizada por descoordenação motora, movimentos oculares
rítmicos como se estivesse lendo (nistagmo) e paralisia de certos músculos oculares,
provocando algo parecido ao estrabismo para quem antes não tinha nada. Além desses sinais
neurológicos o paciente pode estar em confusão mental, ou se com a consciência clara, pode
apresentar prejuízos evidentes na memória recente (não consegue gravar o que o examinador
falou 5 minutos antes) e muitas vezes para preencher as lacunas da memória o paciente
inventa histórias, a isto chamamos fabulações. Este quadro deve ser considerado uma
emergência, pois requer imediata reposição da vitamina B1(tiamina) para evitar um
agravamento do quadro. Os sintomas neurológicos acima citados são rapidamente revertidos
com a reposição da tiamina, mas o déficit da memória pode se tornar permanente. Quando isso
acontece o paciente apesar de ter a mente clara e várias outras funções mentais preservadas,
torna-se uma pessoa incapaz de manter suas funções sociais e pessoais. Muitos autores
referem-se a SWK como uma forma de demência, o que não está errado, mas a demência é
um quadro mais abrangente, por isso preferimos o modelo americano que diferencia a SWK da
demência alcoólica.

Síndrome Demencial Alcoólica


Esta é semelhante a demência propriamente dita como a de Alzheimer. No uso pesado e
prolongado do álcool, mesmo sem a síndrome de Wernick-Korsakoff, o álcool pode provocar
lesões difusas no cérebro prejudicando além da memória a capacidade de julgamento, de
abstração de conceitos; a personalidade pode se alterar, o comportamento como um todo fica
prejudicado. A pessoa torna-se incapaz de sustentar-se.

Síndrome de abstinência fetal


A Síndrome de Abstinência Fetal descrita pela primeira vez em 1973 era considerada
inicialmente uma conseqüência da desnutrição da mãe, posteriormente viu-se que os bebês
das mães alcoólatras apresentavam problemas distintos dos bebês das mães desnutridas,
além de outros problemas que esses não tinham. Constatou-se assim que os recém-natos das
mães alcoólatras apresentam um problema específico, sendo então denominada Síndrome de
Abstinência Fetal (SAF). As características da SAF são: baixo peso ao nascer, atraso no
crescimento e no desenvolvimento, anormalidades neurológicas, prejuízos intelectuais, más
formações do esqueleto e sistema nervoso, comportamento perturbado, modificações na
pálpebra deixando os olhos mais abertos que o comum, lábio superior fino e alongado. O
retardo mental e a hiperatividade são os problemas mais significativos da SAF. Mesmo não
havendo retardo é comum ainda o prejuízo no aprendizado, na atenção e na memória; e
também descoordenação motora, impulsividade, problemas para falar e ouvir. O déficit de
aprendizado pode persistir até a idade adulta.

O estresse pode provocar alcoolismo?


O estresse não determina o alcoolismo, mas estudos mostraram que pessoas submetidas a
situações estressantes para as quais não encontra alternativa, tornam-se mais freqüentemente
alcoólatras. O álcool possui efeito relaxante e tranqüilizante semelhante ao dos ansiolíticos. O
problema é que o álcool tem muito mais efeitos colaterais que os ansiolíticos. Numa situação
dessas o uso de ansiolíticos poderia prevenir o surgimento de alcoolismo. Na verdade o que se
encontra é a vontade de abolir as preocupações com a embriaguez e isso os ansiolíticos não
proporcionam, ou o fazem em doses que levariam ao sono. O homem quando submetido a
estresse tende a procurar não a tranqüilidade, mas o prazer. Daí que a vida sexualmente
promíscua muitas vezes é acompanhada de abuso de álcool e drogas. O fato de uma pessoa
não encontrar uma solução para seu estresse não significa que a solução não exista. A
Logoterapia, por exemplo, ajuda o paciente a encontrar um significado na sua angústia. Não
suprime a fonte da angústia, mas a torna mais suportável. Quando uma dor adquire um
sentido, torna-se possível contorná-la, continuar a vida com um sorriso, desde que ela não seja
incapacitante. Sob esse aspecto a logoterapia pode ajudar a vencer o alcoolismo nas suas
etapas iniciais, quando ainda não surgiu dependência química. Uma situação de estresse real
que passamos atualmente é o desemprego. Este problema social é de difícil resolução e
geralmente faz com que as pessoas se ajustem às custas de elevação da tensão emocional
prolongada, que é a mesma coisa de estresse.

Alcoolismo e desnutrição
As principais funções do processo alimentar são a manutenção da estrutura corporal e das
necessidades energéticas diárias. Uma alimentação equilibrada proporciona o que precisamos.
O álcool é uma substância bastante energética, em épocas passadas, chegou a ser usado em
pacientes após cirurgias para uma reposição mais rápida da energia perdida na cirurgia.
Apesar de altamente calórico o álcool não é armazenável. Não fossem os efeitos prejudiciais
ao longo do tempo, o álcool seria um excelente meio de perder peso. Para que se possa
entender como o álcool fornece energia e ao mesmo tempo não é armazenável é necessário
entender seu mecanismo metabólico o que não será abordado aqui. Pelo fato do usuário de
álcool possuir suas necessidades energéticas supridas ele não sente muita ou nenhuma fome,
assim não há vontade de comer. A diminuição da oferta das substâncias (proteínas, açucares,
gorduras, vitaminas e minerais) usadas na constante reconstrução dos tecidos, não interrompe
o processo de destruição natural das células que estão sendo substituídas constantemente.
Assim o corpo do alcoólatra começa a se consumir. Esse processo leva a desnutrição.

Testes Neuropsicológicos
Os pacientes alcoólatras confirmados ao se submeterem a testes de inteligência apresentam
45 a 70% normais. Contudo, esses mesmos ao fazerem testes mais específicos em
determinadas áreas do funcionamento mental, como a capacidade de resolver problemas,
pensamento abstrato, desempenho psicomotor, memória e capacidade de lidar com novidades,
costumam apresentar problemas. Os testes normalmente representam atividades
desempenhadas diariamente e não situações especiais ou raras. Este resultado mostra que os
testes superficiais deixam passar comprometimentos significativos. Os testes neuropsicológicos
são mais adequados e precisos na medição de capacidades mentais comprometidas pelo
álcool. Tem sido observado também que no cérebro dos alcoólatras ocorrem modificações na
estrutura apresentada nos exames de tomografia ou ressonância, além de comprometimento
na vascularização e nos padrões elétricos. Como esses achados são recentes, não houve
tempo para se estudar a relação entre essas alterações laboratoriais e os prejuízos
psicológicos que eles representam.

Efeitos do Álcool sobre o Cérebro


Os resultados de exames pos-mortem (necropsia) mostram que pacientes com história de
consumo prolongado e excessivo de álcool têm o cérebro menor, mais leve e encolhido do que
o cérebro de pessoas sem história de alcoolismo. Esses achados continuam sendo
confirmados pelos exames de imagem como a tomografia, a ressonância magnética e a
tomografia por emissão de fótons. O dano físico direto do álcool sobre o cérebro é um fato já
inquestionavelmente confirmado. A parte do cérebro mais afetada costumam ser o córtex pré-
frontal, a região responsável pelas funções intelectuais superiores como o raciocínio,
capacidade de abstração de conceitos e lógica. Os mesmos estudos que investigam as
imagens do cérebro identificam uma correspondência linear entre a quantidade de álcool
consumida ao longo do tempo e a extensão do dano cortical. Quanto mais álcool mais dano.
Depois do córtex, regiões profundas seguem na lista de mais acometidas pelo álcool: as áreas
envolvidas com a memória e o cerebelo que é a parte responsável pela coordenação motora.

O Processo Metabólico do Álcool


Quando o álcool é consumido passa pelo estômago e começa a ser absorvido no intestino
caindo na corrente sanguínea. Ao passar pelo fígado começa a ser metabolizado, ou seja, a ser
transformado em substâncias diferentes do álcool e que não possuem os seus efeitos. A
primeira substancia formada pelo álcool chama-se acetaldeído, que é depois convertido em
acetado por outras enzimas, essas substâncias assim com o álcool excedente são eliminados
pelos rins; as que eventualmente voltam ao fígado acabam sendo transformadas em água e
gás carbônico expelido pelos pulmões. A passagem do intestino para o sangue se dá de acordo
com a velocidade com que o álcool é ingerido, já o processo de degradação do álcool pelo
fígado obedece a um ritmo fixo podendo ser ultrapassado pela quantidade consumida. Quando
isso acontece temos a intoxicação pelo álcool, o estado de embriaguez. Isto significa que há
muito álcool circulando e agindo sobre o sistema nervoso além dos outros órgãos. Como a
quantidade de enzimas é regulável, um indivíduo com uso contínuo de álcool acima das
necessidades estará produzindo mais enzimas metabolizadoras do álcool, tornando-se assim
mais "resistente" ao álcool. A presença de alimentos no intestino lentifica a absorção do álcool.
Quanto mais gordura houver no intestino mais lenta se tornará a absorção do álcool. Apesar do
álcool ser altamente calórico (um grama de álcool tem 7,1 calorias; o açúcar tem 4,5), ele não
fornece material estocável; assim a energia oferecida pelo álcool é utilizada enquanto ele
circula ou é perdida. A famosa "barriga de chop" é dada mais pelos aperitivos que
acompanham a bebida.

Consequências corporais do alcoolismo


À medida que o alcoolismo avança, as repercussões sobre o corpo se agravam. Os órgãos
mais atingidos são: o cérebro, trato digestivo, coração, músculos, sangue, glândulas
hormonais. Como o álcool dissolve o mucus do trato digestivo, provoca irritação na camada
externa de revestimento que pode acabar provocando sangramentos. A maioria dos casos de
pancreatite aguda (75%) são provocados por alcoolismo. As afecções sobre o fígado podem ir
de uma simples degeneração gordurosa à cirrose que é um processo irreversível e
incompatível com a vida. O desenvolvimento de patologias cardíacas pode levar 10 anos por
abusos de álcool e ao contrário da cirrose pode ser revertida com a interrupção do vício. Os
alcoólatras tornam-se mais susceptíveis a infecções porque suas células de defesas são em
menor número. O álcool interfere diretamente com a função sexual masculina, com infertilidade
por atrofia das células produtoras de testosterona, e diminuição dos hormônios masculinos. O
predomínio dos hormônios femininos nos alcoólatras do sexo masculino leva ao surgimento de
características físicas femininas como o aumento da mama (ginecomastia). O álcool pode
afetar o desejo sexual e levar a impotência por danos causados nos nervos ligados a ereção.
Nas mulheres o álcool pode afetar a produção hormonal feminina, levando diminuição da
menstruação, infertilidade e afetando as características sexuais femininas.

A Busca pela cura


Reconhecer que a bebida se converteu em um problema e que não consegue mais beber
normalmente é uma das grandes dificuldades de um alcoolista e também o primeiro
passo para a cura.

Apesar de existir uma enorme variedade de explicações teóricas para as causas da


dependência de álcool, nicotina e outras drogas, há um conceito unânime: dependência
é uma relação alterada entre um indivíduo e seu modo de consumir uma
substância. Essa relação alterada é capaz de trazer problemas para o seu usuário.
Muitos indivíduos, porém, não apresentam problemas relacionados ao seu consumo.
Outros apresentam problemas, mas não podem ser considerados dependentes. Por
último, mesmo entre os dependentes, há diferentes níveis de gravidade.
Não é preciso ser dependente para ter problemas
Portanto, buscar um conceito sobre dependência a substâncias psicoativas não se
completa pela constatação de sua presença ou ausência. Mais do que saber se ela está lá,
é preciso identificar e determinar seu grau de desenvolvimento. Além disso, é preciso
entender como os sintomas observados são moldados pela personalidade dos indivíduos
e pelas influências sócio-culturais.

O conceito atual dos transtornos relacionados ao uso de álcool e outras drogas rejeitou a
idéia da existência apenas do dependente e do não-dependente. Existem, ao invés disso,
padrões individuais de consumo que variam de intensidade e gravidade ao longo
de uma linha contínua (figura 3).

Não existe um consumo absolutamente isento de riscos. Quando este é comedido e


cercado de precauções preventivas, é denominado consumo de baixo risco. Quando o
indivíduo apresenta problemas sociais (brigas, faltas no emprego), físicos (acidentes) e
psicológicos (heteroagressividade) relacionados estritamente àquele episódio de
consumo, diz-se que tais indivíduos fazem uso nocivo da substância.
Por fim, quando o consumo se mostra compulsivo e destinado à evitação de sintomas de
abstinência e cuja intensidade é capaz de ocasionar problemas sociais, físicos e ou
psicológicos, fala-se em dependência.
:: Critérios diagnósticos de uso nocivo
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uso nocivo é "um padrão de uso de
substâncias psicoativas que está causando dano à saúde", podendo ser esse de natureza
física ou mental (quadro 1). A intoxicação aguda ou 'ressaca', dependendo de sua
intensidade, por si só, não é considerada dano à saúde. A presença da síndrome de
abstinência ou de transtornos mentais relacionados ao consumo (p.e. demência
alcoólica) exclui esse diagnóstico.

:: Quadro 1 - Critérios do CID-10 para uso nocivo (abuso) de substância


O diagnóstico requer que um dano real deva ter sido causado à saúde física e
mental do usuário.
Padrões nocivos de uso são freqüentemente criticados por outras pessoas e estão
associados a conseqüências sociais diversas de vários tipos. O fato de um padrão de
uso ou uma substância em particular não seja aprovado por outra pessoa, pela
cultura ou possa ter levado a conseqüências socialmente negativas, tais como prisão
ou brigas conjugais, não é por si mesmo evidência de uso nocivo.
A intoxicação aguda ou a "ressaca" não é por si mesma evidência suficiente do
dano à saúde requerido para codificar uso nocivo.
O uso nocivo não deve ser diagnosticado se a síndrome de dependência, um
transtorno psicótico ou outra forma específica de transtorno relacionado ao uso de
drogas ou álcool está presente.

Indivíduos que fazem uso nocivo não desenvolveram síndrome de abstinência,


tampouco tem um padrão diário de consumo, visando a evitar sintomas de mal-estar e
desconforto. No entanto, quando usam drogas se comprometem socialmente (acidentes
automobilísticos ou de trabalho, brigas, faltas no emprego ou escola no dia seguinte).
:: Critérios diagnósticos da dependência
A dependência possui sinais e sintomas específicos. Portanto não se fala em intuição,
tampouco em achismos quando se identifica alguém com problemas de dependência. De
modo geral, há alguma perda do controle sobre o uso, associado com sintomas de
abstinência e tolerância. Para evitar o surgimento de tais sintomas, os usuários passam a
consumir a substância constantemente e a privilegiar o consumo a outras coisas que
antes valorizava. Os sinais e sintomas da dependência serão discutidos de maneira mais
detalhada nesta mesma sessão (Dependência), dentro do texto Sinais e sintomas da
dependência química (quadro 2).
:: Quadro 2 - Critérios diagnósticos da dependência de substâncias psicoativas
A experiência de um desejo incontrolável de consumir uma
:: Compulsão para
substância. O indivíduo imagina-se incapaz de colocar
o consumo
barreiras a tal desejo e sempre acaba consumindo.
A necessidade de doses crescentes de uma determinada
:: Aumento da
substância psicoativa para alcançar efeitos originalmente
tolerância
obtidos com doses mais baixas.
O surgimento de sinais e sintomas de intensidade variável
:: Síndrome de
quando o consumo de substância psicoativa cessou ou foi
abstinência
reduzido.
:: Alívio ou O consumo de substâncias psicoativas visando ao alívio dos
evitação da sintomas de abstinência. Como o indivíduo aprende a detectar
abstinência pelo os intervalos que separam a manifestação de tais sintomas,
aumento do passa a consumir a substância preventivamente, a fim de
consumo evitá-los.
O consumo de uma substância torna-se prioridade, mais
:: Relevância do
importante do que coisas que outrora eram valorizadas pelo
consumo
indivíduo.
A perda das referências internas e externas que norteiam o
consumo. À medida que a dependência avança, as referências
:: Estreitamento
voltam-se exclusivamente para o alívio dos sintomas de
ou
abstinência, em detrimento do consumo ligado a eventos
empobrecimento
sociais. Além disso passa a ocorrer em locais onde sua
do repertório
presença é incompatível, como por exemplo o local de
trabalho.
O ressurgimento dos comportamentos relacionados ao
:: Reinstalação da consumo e dos sintomas de abstinência após um período de
síndrome de abstinência. Uma síndrome que levou anos para se
dependência desenvolver pode se reinstalar em poucos dias, mesmo o
indivíduo tendo atravessado um longo período de abstinência.
Baseada nos critérios da dependência química, a Organização Mundial da Saúde
(OMS) elaborou suas diretrizes diagnósticas para a síndrome de dependência de
substâncias psicoativas (quadro 3).
:: Quadro 3 - Critérios do CID-10 para dependência de substâncias
Um diagnóstico definitivo de dependência deve usualmente ser feito somente se
três ou mais dos seguintes requisitos tenham sido experenciados ou exibidos em
algum momento do ano anterior:

A. um forte desejo ou senso de compulsão para consumir a substância;

B. dificuldades em controlar o comportamento de consumir a substância em


termos de seu início, término e níveis de consumo;

C. um estado de abstinência fisiológico quando o uso da substância cessou ou foi


reduzido, como evidenciado por: síndrome de abstinência para a substância ou o
uso da mesma substância (ou de uma intimamente relacionada) com a intenção
de aliviar ou evitar sintomas de abstinência;

D. evidência de tolerância, de tal forma que doses crescentes da substância


psicoativa são requeridas para alcançar efeitos originalmente produzidos por
doses mais baixas;

E. abandono progressivo de prazeres e interesses alternativos em favor do uso da


substância psicoativa, aumento da quantidade de tempo necessária para se
recuperar de seus efeitos;

F. persistência no uso da substância, a despeito de evidência clara de


conseqüências manifestamente nocivas. Deve-se fazer esforços claros para
determinar se o usuário estava realmente consciente da natureza e extensão do
dano.

:: Critérios de gravidade da dependência química


Os critérios diagnósticos de dependência possuem níveis de gravidade distintos para
cada caso. Dessa forma, após identificar a presença destes critérios no padrão de
consumo de um indivíduo, o segundo passo é determinar sua gravidade. Esta análise é
fundamental para individualizar o diagnóstico e coletar subsídios para o tratamento.

É importante ressaltar que qualquer diagnóstico deve ser feito por profissional
especializado.

Sintomas do Alcoolismo

A décima versão da Classificação Internacional das Doenças (CID-10)3 estabeleceu


diretrizes diagnósticas para a dependência.

O conceito de dependência envolve os seguintes critérios:


1. desejo intenso ou compulsão para ingerir bebidas alcoólicas.
2. tolerância: necessidade de doses crescentes de álcool para atingir o mesmo efeito
obtido com doses anteriormente inferiores ou efeito cada vez menor com uma mesma
dose da substância;
3. abstinência: síndrome típica e de duração limitada que ocorre quando o uso do
álcool é interrompido ou reduzido drasticamente.
4. aumento do tempo empregado em conseguir, consumir ou recuperar-se dos efeitos
da substância; abandono progressivo de outros prazeres ou interesses devido ao
consumo.
5. desejo de reduzir ou controlar o consumo do álcool com repetidos insucessos.
6. persistência no consumo de álcool mesmo em situações em que o consumo é contra-
indicado ou apesar de provas evidentes de prejuízos, tais como, lesões hepáticas
causadas pelo consumo excessivo de álcool, humor deprimido ou perturbação das
funções cognitivas relacionada ao consumo do álcool.

De acordo com o CID-10, para que se caracterize dependência, pelo menos três critérios
devem estar presentes em qualquer momento durante o ano anterior.

Entre os indivíduos dependentes, há diferentes níveis de gravidade que dependerão da


presença de sintomas de abstinência e da quantidade e impacto das perdas e prejuízos
advindos do uso da substância.

Você é a única pessoa que poderá dizer, com certeza, se deve ou não procurar um grupo
de ajuda ou um tratamento especializado. Se a resposta for SIM, existem diversas
vias, que serão citadas mais adiante que teram satisfação em mostrar-lhe como
conseguir parar de beber.

A internação
Mesmo que o paciente seja contrário à internação, que pode durar de cinco a 14 dias, a
desintoxicação costuma ser completada. Em seguida, vem o período mais determinante:
a pós-internação.

Segundo especialistas, são necessários pelo menos dois anos de acompanhamento até
atingir a estabilidade do quadro. Porém, quando não há vontade do próprio paciente
nessa etapa, a desintoxicação pode se tornar inócua.

– A efetividade é muito maior quando existe um desejo do paciente. Quando isso não
ocorre, o ideal é fazer um trabalho junto à família para que, a partir dela, se produzam
mudanças no comportamento e o usuário perceba a necessidade de tratamento e procure
ajuda por livre vontade – acredita a psicóloga Loiva De Boni Santos.

Uma das estratégias é fazer com que os familiares aprendam a responsabilizar o


alcoolista. Hábitos como a superproteção para ajudá-lo na recuperação de uma ressaca,
por exemplo, devem ser abolidos.

– No caso de um jovem, os pais podem proibi-lo de dirigir o carro. Trata-se de uma


forma de responsabilizá-lo pelas suas escolhas que poderá levá-lo a repensar a situação.
Porém, é muito importante fazer isso com acompanhamento de profissionais
especializados– exemplifica.
Loiva também ressalta que a doença se instala no núcleo familiar, portanto, toda a
família precisa de ajuda.

Mas, afinal, quando alguém realmente deve ser internado contra a vontade? Para o
psiquiatra Pedro Eugênio Ferreira, coordenador do Ambulatório de Dependências
Químicas do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul (PUCRS), somente em casos bem específicos: risco de suicídio ou de homicídio, de
dano significativo ao patrimônio material ou moral. Também é indicado nos casos de
psicose alcoólica ou risco de morte por causa da condição.

– Em cerca de 75% dos acidentes de trânsito com vítimas fatais e em 80% dos abusos
sexuais cometidos por familiares, a motivação é a embriaguez. São casos dramáticos
que comprovam que a internação involuntária ou compulsória é necessária e inadiável –
diz o psiquiatra.

Alcoólicos Anônimos (AA)


ALCOÓLICOS ANÔNIMOS é uma irmandade de homens e mulheres que
compartilham suas experiências, forças e esperanças, a fim de resolver seu problema
comum e ajudar outros a se recuperarem do alcoolismo.

O único requisito para tornar-se membro é o desejo de parar de beber.


Para ser membro de A.A. não há taxas ou mensalidades; somos auto-suficientes, graças
às nossas próprias contribuições.

A.A. não está ligada a nenhuma seita ou religião, nenhum movimento político, nenhuma
organização ou instituição; não deseja entrar em qualquer controvérsia; não apóia nem
combate quaisquer causas.

Nosso propósito primordial é mantermo-nos sóbrios e ajudar outros alcoólicos a


alcançar a sobriedade.

Contato: Telefone: (11) 3315-9333 -Telefone Nacional Plantão 24h-


Site: http://www.alcoolicosanonimos.org.br

Narcóticos Anônimos (NA)


Narcóticos Anônimos é uma associação comunitária de adictos a drogas em
recuperação. Iniciado em meados de1953, o movimento de NA é um dos maiores e mais
antigos deste tipo, com aproximadamente quarenta mil reuniões semanais em 130
países. Através das informações disponíveis nas páginas a seguir, pretendemos explicar
o que é Narcóticos Anônimos e o que seu programa de recuperação oferece a adictos a
drogas.
Vamos descrever como os serviços de NA estão organizados nacional e
internacionalmente, falaremos como Narcóticos Anônimos coopera com outros no que
diz respeito a abuso de drogas em suas comunidades e, finalmente, vamos fornecer
informações sobre afiliação à NA e indicadores do sucesso de Narcóticos Anônimos.
Para ter acesso a estas informações clique nos links abaixo.

Contato:

TELEFONE MG - BELO HORIZONTE (31) 9684-3223

Email:info@na.org.br

Site: http://www.na.org.br

Depoimentos

Ex-Alcoólatra
"Sandro Fernandes Poleto"

Olá, meu nome é Sandro Fernandes Poleto, atualmente moro no Municipio de Cajamar.

Minha decadencia com o alcoolismo começou com a idade de 13 anos, quando meu pai
faleceu;

Meu pai sendo velado e eu sendo tragado pelo vício, ele no caixão e eu com o copo na
mão, começou ai meu martírio.

Minha mãe, que sempre tentava me aconselhar, não via caminho pra eu sair do vício,
mas um dia quando muito alterado, briguei com ela e com meu irmão mais velho, vim
parar na cidade de Cajamar.

Três meses após eu estar aqui, ela veio pra cá também; minha mãe é evangélica (prefiro
não relatar qual igreja) e me convidou pra congregar com ela, no decorrer do culto, na
exortação da palavra, eu me senti muito bem, senti que Deus, através da palavra que era
lida e exortada, falava com minha alma.

Passados os dias eu senti uma diferença na minha vida e nas minhas atitudes, ja não era
mais dominado pelo alcool, podia passar na porta de um bar sem precisar entrar ou
"molhar o bico".

Desse dia pra cá, me dedico a congregar sempre que posso, e posso dizer:

DEUS ME RESGATOU.
Saudades e Felicidade
"Jana"

Meu marido está nesse momento numa clinica de recuperação. Estou me sentindo muito
só muita saudade, mas muito feliz. Pois tenho a certeza que as coisas vão melhorar
muito, já estão melhores.

Ultimamente meu filho de onze anos, tinha medo da presença do pai, não porque
houvesse agressão, e sim por sua aparência,ele só chorava,pedia ajuda, estava em total
depressão, sua aparência estava horrível...

Meu pai, meu herói

"Bruna"

Essa é a história de um homem que venceu na vida! Meu pai veio de família humilde,
trabalhou desde os 8 anos de idade como engraxate na praça da Sé para sustentar sua
família de 4 irmãos, o pai e a mãe.

Sua infância foi simplória, nunca teve brinquedos, nem muitos amigos, sempre foi
muito introspectivo. Os anos de escola se passaram e ele começou a trabalhar na polícia
e estudar para passar no vestibular.

Dependente escreve depoimento para ajudar seu amigo internado em uma clínica
de recuperação. Conheça a Carta de Resgate.

Caro amigo(a) em recuperação,


Fico imensamente feliz em poder compartilhar o que foi o álcool e as drogas em minha
vida. Como entrei nesse mundo, o que vivi e como consegui me recuperar. Deixo aqui
um depoimento do que foi minha trajetória diante do álcool e demais drogas.

Nunca sabemos quem será um dependente, muitas são as causas do uso freqüente e
indiscriminado do álcool: por carências, por falta de auto-estima, por decepções, por
falta de coragem em enfrentar o duvidoso; o que pode levar ao vicio, à dependência.
Um fator que faz fatalmente a diferença é a existência da carga genética.
Vanessa namorada de um dependente químico em recuperação escreve esse
depoimento como forma de apoio às famílias que muitas vezes se desesperam no
meio do caminho e não sabem como agir.

Carta de Amor e Esperança


No mundo não há culpados. Há escolhas, e o livre arbítrio. Mas buscar a sabedoria e a
sensatez em um mundo esdrúxulo e sem valores é tarefa árdua.

Muitos jovens são vencidos pelo vício, derrotados pelo medo, pela falta de
possibilidades, por falta de valores e de fé. Por falta de amor, por falta de escolhas.

De repente as verdades em que acreditamos se escoam. Mas quais são as verdades que
não podem ser transformadas, quais caminhos não podem ser mudados? Eu acredito na
vida, no amor, e acredito na esperança.

E é acreditando no ser humano e no amor, que venho superando todas as adversidades,


todas as dúvidas, meus medos, e a solidão.

"R" Americana - SP
Sofri de depressão e pânico e para diminuir os sintomas comecei a beber.
Durante meses tive a falsa impressão que o álcool ajudava, mas quando me dei conta ele
piorava meu problema, chegava a passar o dia na cama chorando e me odiando pelo que
fazia, e a destruição que a bebida causava não só em mim mas também a minha família,
meus filhos principalmente.
Eu não tinha vida social e só vegetava, resolvi que tinha que mudar esse quadro horrível
e infeliz, foi aí que descobri uma clinica, quando cheguei para a primeira consulta eu era
a pessoa mais triste, deprimida e de baixa estima que podem imaginar, mas com tanta
assistência profissional que recebi em um dia, descobri coisas incríveis sobre mim
mesma que ajudaram a solucionar mistérios que me levavam a beber, e a cada sessão as
coisas ficavam mais fáceis, até que quando você conta com profissionais tão
qualificados que dão a você assistência 24 horas, todos os dias da semana, faz com que
você se sinta seguro e renovado.
Esse apoio todo me transformou em outra pessoa, nunca mais bebi e não precisei, não
tenho mais depressão, tenho minha vida de volta, sou feliz e vivo bem com minha
família e filhos e principalmente estou me amando.

Fontes:
Matéria: Os jovens e o álcool -Veículo: Jornal do Comércio – Pg.4

Sites:
http://www.alcoolismo.com.br
http://scielo.bvs-psi.org.br
http://www.redepsi.com.br
http://www.na.org.br
http://www.mulherdeclasse.com.br/Oalcool_e_a_mocada.htm

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