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2006
20 de março
Seminário Bilateral de
Comércio Exterior e Investimentos
BRASIL ÁFRICA DO SUL
Federação das Câmaras de Comércio Exterior
Foreign Trade Chambers Federation
FCCE is the o ldest Trade Association dedicated In the recent past, the FOREIGN TRADE CHAM-
Exclusively to Foreign Trade activities. BERS FEDERATION – FCCE signed an accord with
Founded in 1950 by entrepreneur Joao Daudt de the CHAMBERS OF COMMERCE COUNCIL OF THE
Oliveira (who was also the founder of the National Trade AMERICAS, an organization representing the Bilateral
Federation five years earlier), FCCE has been in Chambers of Commerce in the following countries:
operation for over 50 years, motivating and supporting ARGENTINA, BOLIVIA, CANADA, CHILE, CUBA,
the work of Bilateral Chambers of Commerce, Foreign ECUADOR, MEXICO, PARAGUAY, SURINAM,
Consulates, Business Councils and Mixed Commissions URUGUAY, TRINIDAD AND TOBAGO and VENE-
at the federal level. ZUELA.
FCCE, by force of its Statute, has national scope with In addition to the several dozen Bilateral Chambers of
Regional Vice-Presidents in various states of the Commerce affiliated with FCCE throughout Brazil, the
Federation, and also operates in the international realm Presidents of these Chambers of Commerce belong to
through “Cooperation Convention’s” established with the current Administration: Brazil-Greece, Brazil-
various organizations of the highest credibility and Paraguay, Brazil-Russia, Brazil-Slovakia, Brazil-Czech
tradition. Among these is the International Chamber of Republic, Brazil-Mexico, Brazil-Belarus, Brazil- Portu-
Commerce (ICC) founded in 1919, with headquarters gal, Brazil-Lebanon, Brazil-India, Brazil-China, Brazil-
in Paris, which has more than 80 National Committees Thailand, Brazil-Italy and Brazil-Indonesia, in addition to
across the five continents, in addition to running the the President of the Brazilian Committee of the
most important “International Arbitration Court” in the International Chamber of Commerce, the President of
world, founded in 1923. the Brazilian Commercial Exporting Company Association
The FOREIGN TRADE CHAMBERS FEDERATION ABECE, the President of the Brazilian Railroad Industry
headquarters is located at Avenida General Justo 307, Association ABIFER, President of the Brazilian Container
Rio de Janeiro, which is also the main office of the Terminal Association and the President of the Mechanical
National Confederation of Commerce (Confederação Industries and Electric Material Union, among others.Also
Nacional do Comércio – CNC). The FCC and the CNC included are various Consuls and foreign diplomats,
have held a partnership for nearly two decades, working among them the Consul General of the Republic of Gabon,
through the “Administrative Support Convention and the Consul of Sri Lanka (formerly Ceylon) and the Trade
Mutual Cooperation Protocol.” Counselor Minister of the Portuguese Embassy.
The Administration
ADMINISTRATION FOR THE 2003/2006 TRIENNAL
President
1 st V i c e - P r e s i d e n t
Vice-Presidents
Directors
APOIO
Tshwaranang – abraçamos
os irmãos sul-africanos
Nos anos 80, as sanções internacionais impostas à África do Sul trouxeram dificuldades
econômicas a um país internamente desunido. A posição geográfica no continente africano
era estratégica no contexto da Guerra Fria, mas a África do Sul precisava aproveitar as
vantagens do livre comércio e os benefícios dos fluxos de capitais produtivos. Os enormes
problemas internos foram superados com boa vontade. Os reflexos do atraso social foram
percebidos não como uma barreira intransponível, mas como uma grande oportunidade
para a renovação e para a reconstrução do país. Um novo caminho foi trilhado a partir da
libertação de Nelson Mandela, em 1990, e das eleições diretas, em 1994. A pluralidade
étnica foi admitida no contexto moderno dos respeitos aos direitos humanos e da igualdade
de oportunidades.A terceira eleição democrática, realizada em 2004, solidificou a liberdade,
a igualdade e a democracia como instituições permanentes. Nesse processo, a África do Sul
retornou à comunidade internacional; e em grande estilo.
A escolha da África do Sul como país-tema de seminário bilateral promovido pela
FEDERAÇÃO DAS CÂMARAS DE COMÉRCIO EXTERIOR – FCCE não se deu por um
acaso. TSHWARANANG, como foi batizado este seminário, significa, em uma das diferentes
líguas utilizadas na África do Sul, abraçar ou acolher. A compreensão de problemas
comuns passa pela elaboração de soluções conjuntas. Isto é abraçar. Brasil e África do Sul
enfrentam desafios sociais relacionados à pobreza, ao desenvolvimento e à inclusão
social. Nesse sentido, o comércio exterior assume papel de relevo, quando considerados
seus desdobramentos sobre o nível de emprego e salários. Justamente no momento em
que a África do Sul busca resultados mais significativos no relacionamento político e
CONSELHO DE
comercial com o Brasil, a FCCE realizou, em 20 de março de 2006, o Seminário Bilateral
CÂMARAS DE COMÉRCIO
de Comércio Exterior e Investimentos Brasil-África do Sul, objeto dessa edição. Cabe DAS AMÉRICAS
ressaltar, aqui, que a relação do Brasil com a África do Sul ficou mais próxima a partir do
governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a criação do fórum IBAS, no qual
os dois países, juntamente com a Índia, materializaram a cooperação Sul-Sul. Expediente
Além do próprio interesse despertado pelo país, o sucesso do seminário Brasil-África Produção
do Sul deve ser compartilhado com toda a equipe da representação diplomática, consular Federação das Câmaras de Comércio Exterior – FCCE
Av. General Justo, 307/6o andar
e comercial sul-africana no Brasil. Fica, aqui, o registro e o agradecimento especial pela Tel.: 55 21 3804 9289
simpatia e total colaboração da Embaixadora Plenipotenciária da África do Sul, Lindiwe e-mail: fcce@cnc.com.br
Zulu, que, com sua presença enriqueceu os trabalhos do seminário Brasil-África do Sul e, Editor
O coordenador da FCCE
com seu interesse, honrou-nos com sua presença durante os trabalhos do seminário Brasil-
Textos e Repor tagens
Rússia, realizado um mês antes, em fevereiro de 2006, também por esta FCCE. Impossível Elias Fajardo
não mencionar a colaboração da equipe do Consul Econômico em São Paulo, Jacob Moatshe, José Antonio Nonato
Marlene Custódio
e do Marketing Officer, Mark Rabbitts. Fundamental foi, igualmente, o incansável apoio do Lília Nabuco
Diretor-Conselheiro do Conselho Superior da FCCE e, também, Consul Honorário da João Sant’Anna
África do Sul no Rio de Janeiro, D. Philippe Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança. Projeto Gráfico, Edição e Ar te
Estopim Comunicação
Ainda há muito por fazer. As relações comerciais entre Brasil e África do Sul, antes Tel.: 55 21 2518 7715
equilibradas, agora ressaltam um importante déficit comercial. Certos ítens da pauta de e-mail: estopim@estopim.com
exportações da África do Sul para o Brasil perderam considerável espaço. Outros deram Revisão
lugar a similares importados pelo Brasil de terceiros países. De meados dos anos 80 até Maria Virgínia Villela de Castro
2006, as exportações brasileiras para a África do Sul cresceram 28 vezes, ao passo que as Fotografia
Christina Bocayuva
importações brasileiras daquele país cresceram apenas 7 vezes. Esta é uma das funções do Secretaria
seminário promovido pela FCCE: incrementar o comércio bilateral, considerando o Maria Conceição Coelho de Souza
estabelecimento do necessário equilíbrio. A minimização do déficit comercial pode vir a ser Sérgio Rodrigo Dias Julio
obtida a partir da evolução das negociações entre a África do Sul e o Mercosul. As opiniões emitidas nesta revista são de
responsabilidade de seus autores. É permitida a
Boa leitura. reprodução dos textos, desde que citada a fonte.
O EDITOR
SUMÁRIO
6 E N T R E V I S TA “Atividade turística
brasileira deve ser
Lindiwe Zulu
dirigida como empresa”
“Seria bom se nossos
países fossem parceiros The Palace: o único hotel
em todas as áreas” seis estrelas em todo o
Nelson Pereira dos Reis mundo
“Devemos olhar a África como
parceira para a conquista de novos
mercados” 51 H O T E L A R I A
Hotéis-escola Senac
18 A B E RT U R A 52 I N T E R C Â M B I O
Exportações brasileiras para a África
do Sul cresceram 17 vezes Investir no comércio melhora a qualidade de
vida da população
29 P A I N E L I I exportadora entre
empresários brasileiros”
Agronegócio: um setor de interesse
no comércio bilateral 57 E M P AU TA
FCCE nasceu antes do início da
35 P A I N E L I I I Segunda Guerra Mundial
38 E N C E R R A M E N T O 60 N E G Ó C I O S
Valorização de acordos Parceiros políticos e
bilaterais econômicos
40 E S P E C I A L 62 R E T R O S P E C T I VA
Reciprocidade relativa Um ano de sucesso
42 T U R I S M O 65 R E L A Ç Õ E S B I L AT E R A I S
Trem Azul, uma janela para a África do Sul 70 C U R TA S
ENTREVISTA
”
Isso tem a ver, também, com a economia. também para vermos as possibilidades de
Digo isso, porque os balanços dos setores e seria muito útil ao Brasil produzir esses medicamentos em terri-
comerciais entre o Brasil e a África do Sul LINDIWE ZULUN tório sul-africano. Isso significa construir
são mais favoráveis ao Brasil. É importan- fábricas e plantas industriais ligadas à área
te para nós tentarmos normalizar esses ín- A África do Sul possui minas de mais de saúde, não só para abastecer a África
dices. Sabemos que a economia do Brasil de quatro quilômetros de profundidade e do Sul, mas para podermos direcioná-
é muito grande e não é necessário igualá- é preciso uma tecnologia muito avançada las para todo o continente africano, pois
la à do meu país, mas podemos tentar di- para explorá-las. Além disso, a África do passamos por momentos difíceis e seria
minuir o desequilíbrio entre as duas. Sul conta, ainda, com tecnologia de ponta bom que os nossos países fossem par-
na área de medição elétrica. ceiros em todas as áreas.
Na opinião da senhora, quais os se- A África do Sul pode tornar-se um bom
tores e os produtos que podem e Falando do ponto de vista do Bra- trampolim para o Brasil na África. Os bra-
devem participar mais do comér- sil, a senhora acredita que os nossos sileiros têm feito um esforço para formar
cio bilateral entre os dois países? produtos têm sido bem aceitos e e conquistar novos parceiros em todo o
LZ – A África do Sul tem produtos que absorvidos pelo mercado interno mundo. Gostaríamos de destacar que não
seriam bastante necessários ao Brasil neste sul-africano? Existem outros setores faz sentido usar o território sul-africano
momento específico do seu desenvolvi- que poderiam exportar mais para apenas como espaço de passagem e de
mento econômico. Conta, ainda, com avan- o seu país? produção industrial. É preciso pensar
ços tecnológicos nas mais diversas áreas, LZ – O Brasil tem exportado para a África sempre em parcerias com empresas lo-
que podem também ser muito úteis. Como do Sul uma quantidade e uma diversidade cais para produzir bens na África do Sul,
exemplo, cito o caso do vinho. Já falamos muito grande de bens e serviços e acho os quais, inclusive, poderiam ser usados
sobre isso em várias ocasiões e não sei bem que a concentração desses produtos é sufi- em outros países.
a razão de não haver mais vinhos africanos ciente, por enquanto. Nesse cenário que
no Brasil, no momento atual. Um outro reflete bem o que é atualmente o nosso A senhora ressaltou, em seu pronun-
setor que merece nossa atenção é o do co- comércio bilateral, se o Brasil se dispuser a ciamento no Seminário Bilateral de
nhecimento científico e tecnológico. Hoje, procurar ainda outros produtos para ven- Comércio Exterior e Investimentos
a tecnologia sul-africana de extração mine- der aos sul-africanos, corre o risco de de- Brasil-África do Sul, que o Brasil
ral é muito avançada e seria muito útil ao sequilibrar ainda mais a nossa corrente de está fabricando, com eficiência, re-
Brasil, que também tem uma província comércio. Acredito que a tendência mais médios para a Aids. Além disso, o
mineral bastante expressiva. Os equipa- interessante seria concentramos nosso co- nosso país tem se destacado na dis-
mentos de mineralogia desenvolvidos pe- mércio nos produtos brasileiros que já são tribuição desses medicamentos
los sul-africanos ou importados de países vendidos hoje na África do Sul. para a população que deles neces-
que têm excelência no setor são muito avan- sita, e que não tem condições finan-
çados e tenho certeza de que, como tal, Um dos problemas comuns entre a ceiras de adquiri-los a preços de
seriam muito úteis ao Brasil. África do Sul e o Brasil é a saúde de mercado. A senhora acha que o go-
“Devemos olhar a
África como parceira
para a conquista de
novos mercados”
Nas relações comerciais com a África do Sul, os especialistas apon-
tam uma preocupação com o atual desequilíbrio acentuado a favor
do Brasil. Neste cenário, o governo brasileiro tem estimulado os
empresários a buscar maneiras de aumentar o fluxo de importação
de produtos africanos. É o que afirma Nelson Pereira dos Reis,
Presidente da Câmara de Comércio Brasil-República Sul Africana.
Ele avalia que há uma grande abertura por parte dos setores em-
presariais brasileiros, mas a África do Sul não tem conseguido uma
oferta de produtos que atendam a essas demandas. A Câmara de
Comércio Brasil-República Sul Africana considera possível rever-
ter essa tendência por meio de pesquisas realizadas junto às peque-
nas e médias empresas sul-africanas, que utilizam matéria prima
local no processo de produção, e representam um mercado pro-
missor para os importadores brasileiros.
Nelson Pereira dos Reis ressaltou, ainda, com entusiasmo, nesta
entrevista exclusiva à revista da FCCE, a possibilidade de investi-
mentos conjuntos do Brasil e da África do Sul, e a criação de plata-
formas para a conquista de novos mercados para produtos dos dois
países. Segundo ele, todo o continente africano apresenta novas e
inexploradas possibilidades na área de comércio exterior.
tem razões para isso. Todos os setores em- O senhor considera que a política
presariais brasileiros que importam pro- pode interferir positivamente no
dutos, equipamentos e matérias-primas comércio ou ele tem leis que inde-
têm tido uma abertura muito grande com pendem de fatores políticos? Por que
relação à África do Sul. Acho que há uma o Brasil tem interesse político nessa
grande empatia entre os dois países, no aproximação com a África do Sul?
entanto, a África do Sul não tem uma oferta NPR – Os dois países têm uma sinergia
de produtos que atenda às atuais necessi- política e um interesse geopolítico impor-
dades do mercado brasileiro ou ao pró- tante. Do ponto de vista da regulamenta-
prio interesse dos exportadores sul-afri- ção, ambos têm economias abertas, sem
canos. Nós temos um exemplo disto no restrições, e a importação voltada para o
segmento de vinhos. A África do Sul, hoje, mercado. Eu acho, realmente, que o setor
é uma produtora de vinhos de alta quali- privado deve se mobilizar mais. O Brasil,
dade. Desenvolveu tecnologia e produz hoje, está criando uma mentalidade expor-
vinhos muito apreciados, a maioria dos ex- tadora mais acentuada e, talvez, esteja um
portadores sul-africanos não vêem o Bra- pouco mais à frente do que a África do Sul,
sil como um mercado atraente, porque que ainda limita suas exportações a produ-
conseguem preços melhores em outros tos básicos, como os minérios. Talvez os
países. O Brasil é ávido por importação produtos manufaturados necessitem de
de vinhos, que são trazidos da Austrália, mais investimentos, e o empresariado bra-
da Nova Zelândia, do Chile, da Argentina, sileiro já começa a enxergar nisso uma opor-
da França e da Espanha, no entanto, o co- tunidade. O Brasil passa a olhar não só a
mércio com a África do Sul é mais restrito África do Sul, como todo o continente afri-
porque não há oferta suficiente. cano, como parceiro, com a possibilidade
”
NPR – Uma das possibilidades, com a qual é promissor?
já estamos trabalhando, é incentivar o go- US$ 400 milhões NPR – Na área de transportes isso já está
verno brasileiro a pesquisar o segmento NELSON PEREIRA DOS REISN acontecendo. Algumas montadoras já têm
das médias e pequenas empresas africa- aberto esse mercado, com auto-peças e
nas, que têm um potencial considerável. tanto, cabe aos empresários da África do outros componentes. Isso poderia se am-
A área de artesanato, por exemplo, pos- Sul, aumentando a oferta de produtos, pliar para o setor de resinas termoplásticas,
sui uma oferta de produtos em escalas em escala compatível com os interesses por exemplo, no qual o Brasil apresenta
mais compatíveis com a demanda brasi- dos importadores brasileiros. limitação relativa à matéria-prima.
leira, e utiliza matérias-primas locais. Eu
acho, porém, que falta agressividade aos Com a sua experiência na área, o se- Nesse cenário, o senhor vê a cultura
empresários sul-africanos para conquis- nhor acha que o governo tem feito também como um produto com
tar o mercado brasileiro. Isso nós temos a sua parte e o empresário precisa potencial de exportação ou de in-
colocado para as delegações sul-africanas fazer mais intensamente a dele? tercâmbio?
e para o próprio governo, pois é preciso NPR – Eu acho que o governo brasileiro NPR – Acho que você tocou em um pon-
que o empresariado sul-africano seja in- tem feito a sua parte, procurando incenti- to importante. Vamos tratar inicialmente
centivado a exportar. var e facilitar todas as demandas vindas da do turismo, que considero um campo de
A verdade é que a África do Sul tem África do Sul. Essa abertura do nosso go- exploração bastante importante. O brasi-
uma tradição de exportação na área mine- verno tem sido bastante significativa, in- leiro está começando a descobrir a África
ral, e nós importamos regularmente car- clusive por motivação política, o que se como destino turístico. Por sua vez, a Áfri-
vão, platina e ferro-liga. É necessário esti- confirma em iniciativas como o Fórum ca caminha no sentido de criar uma classe
mular o crescimento de outros setores IBAS, entre Índia, Brasil e África do Sul, média que está querendo viajar mais, e
menos explorados, como o setor quími- além dos acordos comerciais que estão logo vai descobrir o Brasil com todo o
co, por exemplo. Parte da iniciativa, por- em andamento entre esses países. seu potencial turístico.
”
É Diretor-Presidente da Anglo NPR – É a partir da preocupação com
American Brasil Ltda. e Diretor Pre- o Cone Sul-africano todos os recursos naturais disponíveis
sidente da Copebrás Ltda., que opera NELSON PEREIRA DOS REISN que a atividade cria a sua sustentabilidade.
complexos petroquímico e minero- Com relação às pessoas, sem dúvida, a
químico que atendem a segmentos A tecnologia utilizada é sul-africana? segurança é a prioridade número um.
econômicos que vão de fabricantes de NPR – A empresa explora e beneficia Hoje, as metas de segurança na empresa
detergentes a fertilizantes fosfatados. integralmente a sua matéria-prima, com são absolutas. Nossa meta relativa a aci-
É, também ,Vice-Presidente e Di- tecnologias que já existiam e que foram dente, por exemplo, é zero. Por isso, te-
retor Titular do Departamento do desenvolvidas aqui; naturalmente, com mos trabalhado intensamente em trei-
Meio-Ambiente da Federação das In- todo o apoio e suporte tecnológico que namento e, também, em conscientização,
dústrias do Estado de São Paulo – a Anglo American fornece à empresa no para conseguirmos, realmente, mini-
FIESP; Presidente da Câmara da Agri- Brasil. mizar todos esses riscos.
cultura da International Fertilizer
Industry Association – IFA; Vice-Pre- Um fenômeno que tem modificado O senhor gostaria de dizer mais al-
sidente da Associação Nacional para a área de exploração mineral é o con- guma coisa?
Difusão de Adubos – ANDA; Mem- ceito de mina economicamente viá- NPR – Eu queria me congratular com a
bro do Conselho Diretor da Associ- vel. Com os aumentos do preço do iniciativa dos Seminários Bilaterais de Co-
ação Brasileira da Indústria Química ouro, antigas minas que tinham sido mércio Exterior e Investimentos, que têm
– ABIQUIM; Vice-Presidente do abandonadas, por serem considera- sido realmente muito oportunos. A par-
Sindicato das Indústrias de Produtos das economicamente inviáveis, ago- tir deles, correntes do comércio que eram
Químicos para Fins Industriais e da ra estão sendo recuperadas. Isso tam- insignificantes se fortaleceram. Países
Petroquímica no Estado de São Pau- bém acontece no setor em que a sua como o Brasil e a Argentina, apesar de vi-
lo – SINPROQUIM; Presidente da empresa trabalha? zinhos, viviam praticamente de costas um
Câmara de Comércio Brasil-Repú- NPR – Quando nós analisamos produti- para o outro, olhando para direções dife-
blica Sul Africana; Conselheiro da vidade, consideramos sempre a questão rentes. Hoje, já formam um bloco comer-
Câmara de Comércio e Indústria Bra- do preço, numa perspectiva de sustenta- cial importante, graças a entendimentos e
sil/Polônia; Membro do Conselho ção a médio e longo prazos. A viabilidade a acordos firmados.
Estadual de Meio-Ambiente do Es- econômica de um produto não é definida O Brasil vive, hoje, um processo acelera-
tado de São Paulo – CONSEMA e pelo preço de hoje. Além disso, existem do de incremento e consolidação de suas
Membro do Conselho Nacional de outros fatores, como a sustentabilidade do relações comerciais, não apenas com a
Recursos Hídricos do Ministério do ponto de vista ambiental e a questão de África do Sul, mas também com o Cone
Meio Ambiente. segurança. Sul- africano.
Disponível em 4 idio
inglês,espanhol e f
Relação
atu
stino
mas: português,
rancês
de exportadores
alizada mensalmente
Seminário Bilateral de
Comércio Exterior e Investimentos BRASIL ÁFRICA DO SUL
Av. General Justo nº 307 – Centro, Rio de Janeiro – RJ – Sede da Confederação Nacional do Comércio – CNC
O Ministro Marcio Fortes de Almeida, Dom Phillippe Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança, Nelson Pereira dos Reis e Fábio Martins Faria.
Inclusão social
Para o Ministro Marcio Fortes de
meçou destacando a importância do en-
contro entre Brasil e África do Sul, dois
países que, nos últimos 20 anos, viram sua
criação do Fórum IBAS
M ARCIO F ORTES DE ”
A L M E I DA N
Almeida, as negociações internacionais en-
volvem temas de várias naturezas, passan-
do por desenvolvimento, comércio, ques-
relação comercial aumentar nada menos de ferro, com US$ 30 milhões e de soja, tões ambientais, tecnologia e inclusão soci-
que 17 vezes. com US$ 20 milhões. Já as exportações al. Em 6 de junho de 2005, numa reunião
da África do Sul para o Brasil se concen- entre os três países, realizada em Brasília,
Mercado crescente tram em produtos como hulha, metais, chegou-se a uma declaração sobre estes
“Em 1986 tínhamos uma corrente de ligas, laminados, ferro-cromo, ferro- temas, o que motivou o estreitamento das
comércio de US$ 100 milhões. Hoje, o manganês e ferro-alumínio, que se desta- relações. Mesmo anteriormente, em agos-
volume de negócios já atinge US$ 1,7 bi- cam nesta relação comercial.” to de 2003, no Rio de Janeiro, já havia sido
lhão. As exportações brasileiras cresce- Segundo o ministro, no momento, es- realizado o Fórum de Desenvolvimento
ram 28,5 vezes, passando de US$ 48 mi- tão em curso negociações entre o Brasil, a Econômico com Eqüidade Social, que con-
lhões para US$ 1,3 bilhão. As importa- África do Sul e a Índia, para estabelecer tou com a participação do Chanceler Cel-
ções cresceram cerca de sete vezes, pas- um acordo comercial como o Mercosul. so Amorim, do Ministro do Desenvolvi-
sando de US$ 51 milhões para US$ 341 “A parte do acordo com a Índia evolui mento da África do Sul e também de um
milhões. É um salto significativo que mos- rapidamente; já passou pela Câmara e está representante da Índia, quando temas
tra a potencialidade que temos a desen- no Senado. A negociação do Mercosul com como desenvolvimento com eqüidade so-
volver dentro deste comércio. Do lado a África do Sul ainda está em andamento. cial, transportes, biotecnologia, informática,
Bom relacionamento
A embaixadora fez uma calorosa sau-
dação, destacando sua surpresa pela pre-
A Embaixadora Lindiwe Zulu fala sobre seu país e afirma acreditar numa cooperação bilateral. sença do público tão numeroso, que lotou
o auditório do quarto andar da Confede-
micro-crédito, micros e médias empresas, mento e podem conduzir um processo ração Nacional de Comércio – CNC. Co-
situação de crianças, jovens e idosos, além de direcionamento de decisões e, também, meçou seu pronunciamento, em portu-
de questões sobre gênero e raça, foram apro- de recursos para países com situação ain- guês, escusando-se por não dominá-lo.
fundados. da muito mais delicada. “Para mim é uma grata surpresa rece-
“Tratamos, ainda, de ciência e tecnolo- “O Programa Habitat, da ONU, que ber hoje, em nosso seminário, tantas pes-
gia, envolvendo biotecnologia, sociedade tem como objetivo promover, ambiental soas. Para ser honesta, não esperava que a
da informação, nanotecnologia, estratégi- e socialmente, o desenvolvimento susten- casa ficasse tão cheia. Vou abrir com algu-
as para maior entrosamento na área da ele- tável dos assentamentos humanos, tem mas palavras que escrevi em português,
trônica e para melhoria e ampliação do sua visão específica sobre o problema. Ao porque estou no Brasil há um ano meio e
acesso à internet. Foram eventos impor- discuti-lo, em Nova Iorque, em 2005, per- estou preparada para dizer algumas pala-
tantes que mostram como estamos nos cebemos a necessidade de promover al- vras nesta língua. Quando aqui cheguei não
aproximando da África do Sul e da Índia. entendia uma palavra do idioma, mas es-
“
Por isso, minha presença aqui. Em reuni- tou freqüentando aulas de português para
Nossa relação é boa
ões bi ou tripartites entre Brasil, Índia e aprender bem vossa língua, pois é muito
África do Sul, tratamos, ainda, de ques- mas temos de trabalhar importante entender as pessoas sem a
tões sociais e habitacionais. Estivemos, para que ela se traduza necessidade de intérpretes. Caso cometa
também, na Cidade do Cabo, em julho de em ações positivas alguns erros, por favor, me desculpem,
”
2005, e em Nova Iorque, na Fundação ainda sou uma estudante.”
Rockfeller, para discutir as Metas do Mi- para nossos povos Lindiwe Zulu ressaltou, em seguida, a
lênio da ONU, cujo objetivo é assegurar a LINDIWE ZULUN importância do seminário, especialmente
sustentabilidade ambiental.” no momento que seu país busca resulta-
Entre as metas propostas, o ministro gumas mudanças, sobretudo em relação a dos mais significativos e eficazes no rela-
destacou duas: a de número 10, que trata orçamentos nacionais. No Brasil, os pro- cionamento político e comercial com o
da tentativa de redução, pela metade, dos jetos de Parcerias Público Privadas – Brasil.
números de habitações sem acesso a água PPPs, podem ser uma boa alternativa para “Digo mais significativo não porque eu
potável e saneamento básico; e a meta 11, esta ação. Temos trabalhado muito no sen- tenha qualquer intenção de reduzir a rela-
que propõe a redução de 100 milhões de tido de dar um tratamento mais eficaz e ção atual, mas porque, no espaço de tem-
habitantes em áreas de situação precária, direto a estas questões, não considerando po que estou aqui, cheguei à conclusão
como as favelas, até 2015. Nas reuniões saneamento e habitação como qualquer que tanto o Brasil quanto a África do Sul
mencionadas, diversos acordos sobre tro- despesa normal, ou seja, tratando-os como não estão desfrutando das plenas possibi-
ca de experiências foram assinados, já que investimentos, sem afetar o déficit primá- lidades e oportunidades apresentadas
Brasil, Índia e África do Sul têm proble- rio. É por isso que, com imensa satisfação, pelo atual paralelismo e cooperação em
mas comuns na área de habitação e sanea- estou aqui.” nível bilateral e trilateral. Ambos os paí-
Economias complementares
A embaixadora continuou seu pronun-
ciamento em inglês, chamando a atenção
para os pontos que unem e podem apro-
ximar nossas economias e que, no seu en-
tender, são complementares. Para ela, o
que está faltando neste relacionamento é Na abertura, Jacob Moatshe traçou um panorama sobre a macroeconomia sul-africana.
um pouco mais de conhecimento mútuo.
“Vou comentar alguns pontos da rela-
ção da África do Sul com o Brasil, o relaci-
onamento bilateral e agora a nova relação
trilateral com o IBAS. Muito foi dito so-
bre a aproximação histórica entre os nos-
sos países, mas acho que falta procurar-
mos saber um pouco mais sobre cada um.
Do ponto de vista político, a relação é
muito boa, mas temos que trabalhar para
que se traduza em ações positivas, para
além das áreas de comércio, indústria e
negócios, incluindo, também, áreas socais
e de desenvolvimento. Gostaríamos que
mais brasileiros fossem à África do Sul e
mais sul-africanos viessem ao Brasil.”
A embaixadora afirmou, ainda, que o
entendimento não poderá progredir se as
nações não se compreenderem mutua-
mente. Para ela, o desenvolvimento soci- Theóphilo de Azeredo Santos cumprimenta a Embaixadora Plenipotenciária Lindiwe Zulu.
al é tão importante quanto o econômico,
pois só assim pode-se pensar no que com- não se envolverem agora, depois poderá “Vou começar a falar sobre a população
prar e vender. ser tarde demais. Estou feliz de ver tantas e dar um panorama geral da macro-
“É importante aumentar, também, o gerações presentes aqui.” economia, incluindo as políticas monetári-
relacionamento entre os indivíduos. Não as e fiscais. Espero apresentar muitas infor-
vou estender esta apresentação porque Parceiros comerciais mações aos que pretendem investir na Áfri-
outras pessoas vão falar. Jacob Moatshe, O Ministro Marcio Fortes de Almeida ca do Sul, mostrando as oportunidades e
nosso Cônsul Econômico, vai detalhar passou a palavra ao Cônsul Econômico da serviços oferecidos aos investidores.”
assuntos específicos. Agradeço a todos por África do Sul, Jacob Moatshe, que come- “A África do Sul tem uma área de 1,2
terem vindo a este encontro, isso significa çou seu pronunciamento saudando a ami- milhão de quilômetros quadrados e uma
muito para o relacionamento da África do zade que une os dois países e fazendo uma população de 44,8 milhões de pessoas,
Sul com o Brasil. Estou feliz por ver tan- apresentação de números da economia que falam 11 idiomas, sendo o inglês a
tos jovens presentes. Meu país acredita que sul-africana, com destaque para sua evo- língua de negócios. O chefe de Estado é o
o futuro pertence aos jovens e, se eles lução nos últimos anos. Presidente Thabo Mbeki. Os principais
Infra-estrutura sul-africana
Rodovias e ferrovias
Grandes redes de transporte terrestre cruzam o país e criam
conexões com a África Sub-Saariana.
Portos
Instalações portuárias estratégicas estão localizadas em
Durban, Cidade do Cabo, Port Elizabeth, East London, Richards
Bay e Saldanha Bay.
Juntos, estes portos são responsáveispor 188 milhões de
toneladas de carga por ano.
Telecomunicações
A África do Sul é o 23º país em desenvolvimento de tele-
comunicações e o 17º em uso da internet.
O crescimento do número de telefones celulares é conside-
rado um dos maiores do mundo.
itens da pauta de exportação são, basica- “Um aspecto que nos deixa pesarosos
mente, produtos minerais e metais.” é quando vemos os números da balança
Os principais parceiros comerciais são comercial entre nossos países. Constata-
Alemanha, China, Estados Unidos, Japão mos que exportamos, em 2004, apenas
e França. US$ 268 milhões de dólares para o Brasil,
“Nosso governo se comprometeu a em oposição ao US$ 1,3 bilhão que o Bra-
investir US$ 4,5 bilhões para alavancar sil exportou para nosso país. Esses nú-
áreas como eletricidade, água, telecomu- meros estão crescendo. Esta é a oportu-
nicações e outras infra-estruturas. Até nidade de trabalharmos juntos para equi-
1999, tivemos um crescimento negati- librar esses dados, o que não deixa de ser
vo. Depois de 2001, alcançamos um cres- Os sul-africanos têm um grande desafio.”
cimento positivo, com uma recuperação
significativa em 2003, à qual estamos dan- procurado desenvolver a Oportunidades
do continuidade.” sua logística de transportes, Falando da infra-estrutura que a África
do Sul oferece, Jacob Moatshe chamou a
Legislação moderna modernizando as ferrovias, atenção para os portos estrategicamente
O cônsul ressaltou também o progres- as estradas de rodagem e localizados em Durban, Cidade do Cabo,
so das leis trabalhistas de seu país e afir- Port Elizabeth, East London, Richard Bay
mou que elas são motivo de orgulho. os portos. Na outra página, e Saldanha Bay.
Exaltou igualmente sua legislação maríti- os portos de Durban e da “Quero convidar empresários brasi-
ma e a comercial. Destacou os avanços na leiros a a atuar na África do Sul. Temos
área de marcas e patentes e de copyright. Cidade do Cabo. oportunidades para investimento em
“Isto quer dizer que o produto feito na aqüicultura, floricultura, frutas, vegetais
África do Sul está protegido. Estamos canos. Eles confiam em nossa economia, e processamento de plantas. Na área auto-
igualmente orgulhosos de nosso judiciá- no nosso mercado robusto e no sistema motiva, existe oportunidade de compa-
rio e da Constituição do país. A África do financeiro bem regulado.” nhias do Brasil transferirem tecnologia
Sul tem um dos melhores reguladores de Em termos de telecomunicações, a para a África do Sul ou serem parceiras
sistema financeiro. Quatro de nossos ban- África do Sul está no 17° lugar entre os em nosso projeto, pois vosso país é mui-
cos estão entre os 500 melhores do mun- usuários de internet no mundo e quer fa- to forte nos negócios automotivos. As
do e nosso sistema financeiro está em cres- zer negócios com o Brasil especificamen- corporações oferecem oportunidades,
cimento. Uma prova da confiança que os te na área de indústria de celulares. Esta é ainda, na área dos eletrônicos e compo-
grandes bancos estrangeiros depositam em uma grande oportunidade de exportação nentes de alumínio, na indústria quími-
nosso sistema financeiro é o fato de mui- e o governo quer compartilhar avanços ca, com componentes orgânicos e inor-
tos terem investimentos em bancos afri- tecnológicos. gânicos.”
Balança comercial
O Ministro de Estado das Cidades, Marcio
Fortes de Almeida, analisou algumas colo-
cações feitas pelo Cônsul Jacob Moatshe,
chamando a atenção para ações pontuais
implementadas pelo Brasil que, segundo ele, Brasil. Estávamos no Ministério da Agri- “Aí pode estar a origem do saldo nega-
podem ser responsáveis pelo atual déficit na cultura neste período e incentivamos for- tivo da África do Sul. Nossos produtos
balança comercial entre os dois países. temente as exportações de carnes. De são vendidos por serem competitivos,
“Quanto à preocupação do represen- 2003 a 2005, quando estivemos no MDIC, como é o caso da carne, que estamos co-
tante da África do Sul em relação ao défi- tivemos negociações e ações diretas en- locando no mundo inteiro. Temos que
cit da balança comercial, em 2005, quan- volvendo o setor automotivo, inclusive descobrir como incrementar a importa-
do o Brasil exportou US$ 1, 3 bilhão con- com a instalação de uma planta montadora ção de produtos sul-africanos na área de
tra US$ 341 milhões de produtos sul-afri- da General Motors na África do Sul.” minerais, ferro-liga e ligas em geral, para
canos, quero deixar claro que isso não foi O ministro registrou, ainda, que as ex- ver quais os que podem ser mais compra-
sempre assim. Como já disse, nos últimos portações de automóveis e peças atingiram dos pelo Brasil. Este também é um obje-
20 anos a nossa corrente de comércio se a cifra de US$ 350 milhões, mais os trato- tivo do seminário: incrementar o comér-
multiplicou 17 vezes. Em 1986, o saldo res com volume de vendas de US$ 70 mi- cio para um maior equilíbrio. A negocia-
era favorável à África do Sul em US$ 3 lhões, o que soma cerca de US$ 560 mi- ção em curso, envolvendo Mercosul e
milhões. O mesmo aconteceu em 1994, lhões em produtos exportados. Todos fo- África do Sul, pode levar à solução desse
1995, 1996, 1997 e 1998. Só depois hou- ram objeto de ação direta das empresas e, problema, identificando oportunidades
ve uma mudança, passando a favorecer o sempre, com o apoio governo brasileiro. de investimentos para os dois lados.
Departamento de Planejamen- dade, que vem ganhando importância e Luciene Ferreira Machado explicou
to e Desenvolvimento de Co- já representa cerca de 30% do orçamen- que o banco não financia commodities agrí-
to do BNDES, da ordem de R$ 60 bi- colas e minerais, concentrando-se em
mércio Exterior do Ministério lhões, para 2006. bens de capital e manufaturados de uma
“Começamos com um foco muito res- forma geral, por uma razão simplesmen-
do Desenvolvimento, Indústria trito, inicialmente na América Latina, prin- te orçamentária. Dado que o bolo de re-
e Comércio Exterior – MDIC. cipalmente na América do Sul, valendo- cursos é finito e escasso, tem privilegia-
nos de um instrumento mitigador de ris- do produtos cuja venda não pode pres-
cos da região, que é o convênio de paga- cindir de financiamento. “O banco tem
mentos e créditos recíprocos. Aos pou- trabalhado desta forma e tem sido bas-
uciene Ferreira Machado, modera- cos, fomos expandindo nosso leque de tante bem sucedido nos últimos anos, di-
“ Pequenas e médias
empresas sul-africanas
e brasileiras têm bons
longo destes anos, a melhoria quantitativa
e qualitativa do comércio bilateral entre o
Brasil e a República Sul Africana. As câ-
maras de comércio têm, naturalmente, a
“Identificamos novas oportunidades,
não especificamente na questão de pro-
dutos, mas na questão empresarial”, dis-
se. “A questão essencial é a das pequenas e
resultados em exportações
NELSON PEREIRA DOS ”
REISN
função de apoiar e incentivar o desenvol-
vimento das relações comerciais entre
empresários dos dois países, com forne-
médias empresas. Na África do Sul, como
no Brasil, há uma profusão de pequenas e
médias empresas que têm trabalhado com
A moderadora continuou, nesta linha, cimento de informações, pesquisas, opor- produtos diferenciados, com algumas
sua análise da atuação do BNDES: “Da tunidades e realização de seminários; o que tecnologias específicas. A similaridade que
mesma forma que outras agências de cré- fizemos ao longo de todos estes anos.” existe entre nossos países na questão cul-
dito à produção no mundo, também atu- Para o expositor, o déficit comercial é tural e climática tem configurado um gran-
amos na ponta do financiamento à comer- motivo de preocupação e deve ser trata- de potencial de comércio que, após a apro-
cialização, para privilegiar aqueles itens do de maneira mais profunda. Ele lem- ximação de empresários dos dois países,
que precisam de longo prazo de pagamen- brou que o governo brasileiro, em suas já gerou algumas correntes de negócios.”
to. Neste último caso, operamos com ga- várias instâncias, principalmente no
rantias internacionais de uma rede de 110 MDIC e no Ministério das Relações Ex- Setor mineral
bancos, pelo menos quatro ou cinco na teriores, tem procurado alertar todos os Nelson Pereira dos Reis lembrou que
África do Sul. Esses bancos podem re- agentes que militam na relação Brasil- a África do Sul tem longa tradição no se-
presentar garantidores nessas operações África do Sul, pedindo que trabalhem no tor mineral, sendo líder mundial na pro-
de exportação. São bancos que têm um sentido de buscar uma situação de equi- dução de alguns bens. Isto fez com que
limite de crédito expressivo para operar líbrio. Lembrou, também, que Marcio fosse desenvolvida uma expertise muito
globalmente, da ordem de centenas de Fortes de Almeida, Ministro de Estado grande em termos de tecnologia, princi-
milhões de dólares, o que mostra a im- das Cidades, já havia enumerado, na aber- palmente na questão de serviços, poten-
portância e a representatividade do siste- tura do seminário, as razões principais para cial que pode ser aproveitado pelo
ma financeiro daquele país, com vários este descolamento da relação comercial empresariado brasileiro.
bancos que podem atuar em conjunto que, num determinado momento histó-
com o BNDES nesse tipo de operação.”
“Outros mecanismos”, continuou a
moderadora, “são os internacionalmente
rico, foi equilibrada.
“Houve itens da pauta de exportação
da África do Sul para o Brasil que foram
“ As áreas de mineração,
planejamento e organização
da frota são experiências
usados, como o seguro de crédito à ex- simplesmente reduzidos ou até elimina-
portação, que hoje é manejado pelo Te-
souro Nacional, mas cujas decisões são
tomadas por um órgão colegiado, do qual
dos”, afirmou Nelson Pereira dos Reis,
citando como exemplo o caso ocorrido
no setor de fertilizantes, com uma das em-
sul-africanas bem sucedidas
NELSON PEREIRA DOS REISN”
o BNDES também participa. Em seguida, presas do grupo, que atua no Brasil. “Em “A África do Sul tem desenvolvido
a moderadora passou a palavra ao primei- determinado momento”, disse, “o Brasil, muito a área dos chamados softwares para
ro expositor, Nelson Pereira dos Reis, Di- que era um grande importador da África mineração, planejamento, otimização de
retor-Presidente Copebrás, do grupo do Sul, por questões de mercado dirigiu operação e organização da frota, obtendo
Anglo-American no Brasil e, também, suas importações para outras regiões”. resultados bastante satisfatórios. Há mui-
presidente da Câmara de Comércio Bra- Ele explicou que tem havido um es- ta oferta neste setor e eu acho que ele
sil-República Sul Africana.” forço para aumentar o volume de impor- pode ser mais bem aproveitado pela co-
Nelson Pereira dos Reis e Jacob Moatshe discutem o déficit comercial entre Brasil e África do Sul.
munidade minerária brasileira, especial- ao Brasil interessados em negociar com são deste comércio bilateral, que, assim,
mente pelas pequenas e médias empre- o segmento de médias empresas. “Acho pode-se expandir. A princípio, estas ativi-
sas.” Segundo ele, algumas experiências que esta será uma das maneiras que nós dades não estão óbvias. Devem ser iden-
com pequenas mineradoras brasileiras, vamos encontrar para melhorar ou ate- tificadas e prospectadas, e a Câmara de
utilizando esses serviços, têm gerado bons nuar o desequilíbrio existente”, finalizou, Comércio Brasil-República Sul Africana
resultados: “Eu acho que esta é uma opor- recomendando a importadores e empre- pode ajudar neste tipo de mapeamento.”
tunidade bastante interessante, que pode- sários que realmente olhem a África do Em seguida, a moderadora passou a pala-
se aproveitar”, frisou. Sul como um país de oportunidades de vra a Fábio Martins Faria, Diretor do De-
“A Câmara de Comércio Brasil-Re- importação interessantes. partamento de Planejamento e Desenvol-
pública Sul Africana”, disse, “está à dis- vimento de Comércio Exterior do MDIC.
posição de todos os empresários inte- Terceiros mercados
ressados que queiram mais informações. A moderadora Luciene Ferreira Ma- Balança comercial
Isto pode ser feito também diretamente chado disse que gostaria de fazer suas as Fábio Martins Faria teve a oportunida-
com o consulado e com a embaixada.” palavras de Nelson Pereira dos Reis, acres- de de conhecer a África do Sul há cinco
“Essas informações podem ser obtidas centando um ponto. “Um aspecto em que anos e ficou surpreso com sua grande si-
facilmente”, afirmou, explicando que a temos sido bem-sucedidos é a explora- milaridade com o Brasil. Informou que
intenção da instituição é atuar mais como ção conjunta de terceiros mercados. Sen- faria uma breve explanação sobre a balan-
facilitadora, seja nos detalhes, na aproxi- do o Brasil um país que tem potencialidade ça comercial brasileira e depois falaria do
mação para o desenvolvimento das no- no setor de equipamentos de mineração comércio entre os dois países. Disse que,
vas relações, enfim, naquilo que se cha- e, sendo a África do Sul um país que de- a partir de 2003, o comércio brasileiro
ma de criação da corrente de comércio. senvolveu uma tecnologia de gerencia- teve um crescimento acentuado e, que,
Ele ressaltou que o desejo político e as mento de softwares na mesma atividade, nos dois primeiros meses de 2006, o Bra-
oportunidades que existem entre os dois temos a expectativa de que, num curto sil manteve o ritmo acelerado de desen-
países devem ser explorados e revelou espaço de tempo, Brasil e África do Sul volvimento do comércio exterior, com
que tem recebido, constantemente, visi- possam fornecer, em conjunto, material uma média diária de crescimento de
tas de empresários sul-africanos que vêm para outros mercados. É uma nova dimen- 19,4% nas exportações e de 25% nas im-
das exportadoras são empresas médias e brasileira necessita e vai precisar comprar
pequenas e 20% são empresas de grande cada vez mais.”
porte. Quando se fala em receita, esta par- No comércio bilateral, houve um cres-
ticipação é inversa: só cerca de 10% do cimento do número de empresas partici-
valor total exportado pelo país são das pantes, ou seja, mais empresas têm-se in-
pequenas e médias empresas.” Fábio teressado pelo mercado sul-africano e têm
Martins Faria disse que tem sido feito um buscado fazer negócios com empresas da
trabalho para a ampliação do valor agrega- África do Sul. A balança comercial sul-
do dos produtos, o que, acredita, só vai africana tem sido deficitária nos três últi-
apresentar resultados efetivos no médio e mos anos, com um forte déficit em 2004,
longo prazos. mas que se reduziu bastante em 2005. A
“Em matéria de participação do comér- participação das exportações brasileiras
cio no PIB, as exportações atingiram 16% nas importações da África do Sul atingiu
em 2004. Estamos aguardando os dados 2,49% em 2005. No sentido oposto, a par-
de 2005 para divulgação, mas o que é cer- ticipação sul-africana nas importações
to é que, a cada ano que passa, aumenta o brasileiras manteve-se estável, em torno
grau de abertura da economia brasileira,
ampliando a participação do comércio
exterior no PIB. Em 2004, tivemos cerca
de 6% correspondentes à corrente de co-
“ Acredito num amplo
campo de possibilidades
para ampliar o
de 0,7%. Os principais clientes da África
do Sul são Alemanha, China, Estados Uni-
dos, Japão, Reino Unido, Arábia Saudita,
França, Irã, Itália e Coréia. O Brasil não
mércio no PIB.”
“Em termos de participação no comér-
cio mundial, o Brasil tem tido crescimento
comércio bilateral
FÁBIO MARTINS FARIAN ” está entre os principais mercados de des-
tino da África do Sul. “Nós esperamos que,
com esta intensificação do comércio e a
ano a ano e, em 2005, continuou a crescer. aproximação cada vez maior dos dois paí-
Temos uma participação pequena nas ex- 62,8%. Se persistir este quadro, ele acre- ses, em breve, tanto o Brasil constará nes-
portações mundiais com, 1,14% em 2005. dita que haverá redução no desequilíbrio. ta lista, quanto a África do Sul constará na
“Do outro lado da balança, tivemos um “Acho que há um quadro de oportuni- nossa lista”.
crescimento de 20,7% nas importações no dades para a África do Sul em relação ao Os números mostram que há um gran-
primeiro bimestre deste ano. Os itens que Brasil”, afirmou. A África do Sul é, hoje, de potencial entre os dois países. Os ex-
mais cresceram foram os bens de consu- o vigésimo destino das exportações bra- portadores brasileiros têm sabido desco-
mo, ao contrário do que aconteceu em sileiras. brir oportunidades no mercado da África
2005. Houve um crescimento bastante ex- Em 2005, houve um crescimento de do Sul, inclusive estabelecendo parcerias
pressivo de bens de capital, o que repre- 32% das vendas brasileiras à África do Sul; para alcançar terceiros mercados, sobre-
senta investimento, renovação do parque acima da média de 21%. A exportação tudo os países vizinhos que integram a área
produtivo e atualização tecnológica. Hou- brasileira é composta basicamente de ma- de livre comércio da África do Sul. Em
ve, também, um crescimento expressivo nufaturados: componentes e produtos compensação, há um desafio para as em-
da área de petróleo e combustíveis.” acabados representam 78% do que ven- presas da África do Sul, que é o de apro-
demos no ano de 2005. Nas importações veitar as oportunidades no mercado bra-
Comércio bilateral brasileiras, a África do Sul é o 36º forne- sileiro. “Acho que o crescimento das ex-
O comércio bilateral com a África do cedor, e teve um crescimento de 27,6%; portações sul-africanas para o Brasil ainda
Sul, disse Fábio Martins Faria, tem cresci- bastante acima do crescimento médio de está abaixo do potencial existente. O mo-
do de forma expressiva, porém com um 19% das importações brasileiras no ano mento é favorável, pois a moeda brasileira
saldo bastante favorável ao Brasil. “Em passado. A África do Sul, portanto, tam- se apreciou bastante, tornando os produ-
2006 já está havendo um crescimento um bém foi muito eficiente exportando seus tos sul-africanos muito competitivos no
pouco mais acentuado das importações, produtos para o Brasil, afirmou. Brasil. Há um campo de possibilidades para
em termos relativos, mas acreditamos que Os principais produtos vendidos pela ampliar este comércio bilateral e, acredi-
ainda vai persistir este quadro de dese- África do Sul ao Brasil são ferro-liga, hulhas, to que, como países irmãos, esta é uma
quilíbrio.” Ele destacou que, entre os pro- motores para veículos, platina, barras de tendência irreversível”, finalizou.
dutos que o Brasil exporta para a África alumínio, compostos heterocíclicos e Antes de encerrar o painel, a modera-
do Sul, alguns vão integrar produtos de laminados planos. “A África do Sul é uma dora Luciene Ferreira Machado passou a
exportação daquele país. grande produtora mineral, tem um grande palavra para a Embaixadora Lindiwe Zulu,
Em 2005, as exportações brasileiras parque de ferro-liga e é um grande produ- que ressaltou a importância de intensificar
cresceram 10,4% e as impor tações tor de cromo. São produtos que a indústria a corrente comercial entre os dois países.
Agronegócio: um setor de
interesse no comércio bilateral
A logística é muito importante para aumentar a corrente comercial
É possível aumentar significativa-
mente o comércio bilateral com
o aperfeiçoamento de um siste-
ma logístico que garanta o trân-
sito de mercadorias entre Brasil
e África do Sul. Esta foi uma das
conclusões do painel II do Semi-
nário Bilateral de Comércio Ex-
terior e Investimentos Brasil-
África do Sul, que apontou a par-
ticipação ativa dos dois países em
negociações internacionais, bus-
cando a ampliação de sua corren-
te de comércio.
A coleta mecanizada já é uma realidade no processo de produção de cana-de-açúcar. A organização do trabalho gera maior rapidez na
mo fim. Além disso, o álcool vem sendo prando-o de várias regiões, Jovelino de
usado em todo o mundo como um subs- Gomes Pires lamenta que as negociações
tituto para os derivados do petróleo, com- em torno do comércio da soja brasileira
bustível não renovável cuja queima é res- com aquele país não tenham evoluído
ponsável pela emissão de gases poluentes. como poderiam.
Neste cenário internacional, o expositor Para que o ritmo de crescimento do
considera que, com a produção do álco- comércio exterior brasileiro como um
ol em larga escala, estaremos mais pro- todo possa ter continuidade, ele realçou a
tegidos dos aumentos do preço do pe- necessidade de uma melhoria substancial
tróleo. em todo o sistema logístico. São necessá-
O Brasil tem expressiva “Nós temos, hoje, uma expressiva ex- rios investimentos em meios de transpor-
portação de açúcar, e o álcool já é utilizá- te, rodovias, ferrovias e, sobretudo, no sis-
exportação de açúcar e vel em praticamente todos os motores de tema portuário. Muitos dos portos brasi-
álcool e precisa cuidar automóvel. Podemos, então, atender às leiros estão necessitando de dragagem, e
duas demandas”. este fator atinge diretamente o comércio
da infra-estrutura das com a África do Sul.
Soja e álcool
diferentes fases da Aperfeiçoamento
Em 2000, o Brasil exportou 6.502 to-
produção, desde a neladas de soja; em 2004 chegamos a O coordenador da CLI ressaltou que
colheita da cana até o 15.764 toneladas. O álcool por sua vez, a África do Sul tem a maioria de seus par-
passou de 117 toneladas exportadas para ceiros comerciais no Hemisfério Norte
transporte. A plantação 1.927 toneladas, no mesmo período. e, em função disto, apesar da poten-
Em relação à soja, suas fronteiras es- cialidade de comércio com o Brasil e de
da soja tem se expandido
tão se expandindo para o Norte do país, ambos estarem localizados no Hemisfé-
em todo o país, onde existem muitas áreas já desmatadas, rio Sul, os sul-africanos reduziram dras-
passíveis de exploração. A produção vem ticamente a sua frota de navios com des-
equipando fazendas crescendo de forma expressiva, deven- tino ao Sul. O Brasil, por sua vez, tem
como as de Mato Grosso do atingir cerca de 30 milhões de tonela- uma frota pouco significativa, o que tem
das, em menos de dez anos. Como a Áfri- dificultado os negócios de exportadores
(página seguinte). ca do Sul é grande importadora neste brasileiros. Muitas empresas tiveram que
setor, sobretudo de óleo de soja, com- recorrer às suas coligadas na Ásia para
Porto de Paranaguá
que estará saindo por esses novos corre- frota de veículos, que foi se tornando
dores de exportação, no Norte do país, absoleta ao longo do tempo”.
certamente será em grão, porque as insta- Jovelino de Gomes Pires concluiu,
lações industriais para o processamento mostrando-se confiante, que é possível
Porto de Itajaí estão todas instaladas no Sul. Quanto aos aumentar significativamente o comércio
corredores tradicionais de exportação bilateral entre Brasil e África do Sul, en-
(Rio Grande do Sul, Paranaguá, Santos e frentando todos esses desafios: “a solução
Vitória) no Sul e Sudeste do país, ele é planejar e caminhar de mãos dadas, des-
alertou para o fato de que as rodovias des- se modo chegaremos lá”.
ta região já estão com sobrecarga, em fun-
ção do aumento crescente da produção Esforços conjuntos
brasileira. Durante a sua exposição no painel II,
o Diretor de Comércio Exterior –
Modernização dos portos DECEX do MDIC, Arthur Pimentel,
Porto de Rio Grande O expositor revelou otimismo ao relatou os esforços conjuntos do minis-
anunciar a aprovação, pelo governo, de um tério, por meio de seus vários departa-
programa denominado Reporto, de estí- mentos, particularmente os de sua área,
mulo ao desenvolvimento de equipamen- na busca constante do aperfeiçoamento
Os portos brasileiros tos destinados à modernização dos por- dos instrumentos para simplificar e
necessitam de dragagem tos, que terá a participação do BNDES. agilizar suas ações. Ressaltou, igualmen-
“O aspecto mais complexo a enfrentar te, a importãncia de criar meios para
e aperfeiçoamento para é a dragagem dos portos, para permitir melhor atender e aproximar importado-
melhor atender ao que navios com maior calado, que trans- res e exportadores, chamando-os a
portam mais carga, possam passar pelos interagir com o governo.
comércio internacional. canais de acesso aos terminais.Vamos tam- O diretor do DECEX analisou ainda as
A manutenção das bém recuperar a nossa marinha mercante, estratégias utilizadas na sua área, para au-
com a maior rapidez possível, porque nós mentar o intercâmbio entre Brasil e Áfri-
estradas, outra temos que ultrapassar as fronteiras marí- ca do Sul. “As nossas exportações, como
timas. Da mesma maneira, estamos ten- vimos, estão no rumo certo, agora preci-
necessidade urgente, já tando resolver o problema das rodovias e samos buscar as condições para aumentar
está em andamento em ferrovias, priorizando as mais importan- as compras brasileiras na África do Sul.”
tes para o escoamento da produção. Pen- Atualmente, entre os vários órgãos go-
todo o território nacional. samos, também, na recuperação da nossa vernamentais que trabalham com o comér-
”
tamento de Planejamento e Desenvolvi- mas, produtos semi-acabados ou compo-
mento de Comércio Exterior, responsá- nentes para serem processados no Brasil,
macro-objetivos
vel pela disseminação da mentalidade ex- e depois exportados como produtos, com ARTHUR PIMENTELN
portadora e de projetos e programas de maior valor agregado.
estímulo à exportação, como o Estado “Nós procuramos, de forma sistemáti- Neste cenário, destaca-se ainda a Área
Exportador, que obteve muito êxito, e o ca, aperfeiçoar esses mecanismos, dire- de Estudos de Comercialização que, con-
Exporta Cidade. Estes programas têm cionando várias ações no sentido da sim- jugando importação e exportação, acu-
por objetivo aproximar os governos fe- plificação e modernização dos meios e ins- mula em um banco de dados informa-
deral, estadual e municipal das cédulas trumentos e, também, adequando a capa- ções a respeito de produtos, setores, ca-
produtivas do país, onde se encontram cidade do Governo Federal às necessida- deias produtivas e, ainda, compras e ven-
as unidades fabris das empresas. As vári- des dos usuários, que são os importado- das brasileiras, que podem ser dis-
as instâncias governamentais e órgãos res e exportadores, e dos outros órgãos ponibilizadas para o público e o empre-
locais, por meio de um esforço conjun- que atuam, de maneira direta ou indireta, sariado. Ressaltando mais uma vez os cri-
to, podem ajudar a resolver os proble- no comércio exterior”. térios do seu trabalho, informou que “os
mas pontuais de um determinado muni- Arthur Pimentel ressaltou, ainda, a estudos são divulgados de forma bem
cípio, cidade e grupo de produção inte- importância de os órgãos governamen- neutra e horizontal e podem interessar
ressados em atuar no mercado externo. tais estarem atentos ao ambiente de ne- tanto ao ambiente acadêmico como às
gócios e às empresas. “Não adianta o go- associações de classe, federações de in-
“
verno achar que está elaborando algo in- dústrias e outras entidades”.
É preciso planejar e investir teligente se isto não servir ao importa-
em transporte, rodovias, dor e ao exportador. Considero que te- Informatização e agilidade
ferrovias e portos para mos procurado agir neste sentido, sem O Sistema Integrado de Comércio Ex-
deixar de dar atenção especial às normas terior – SISCOMEX, inteiramente criado
manter o crescimento das e regulamentos, que é nossa função como no Brasil, começou a ser desenvolvido em
exportações brasileiras
JOVELINO DE ”
GOMES PIRESN
governo”.
Dentro do DECEX, Arthur Pimentel
comentou a atuação de algumas áreas de
1992 e foi lançado entre 1995 e 1997.
“Nesse período de implantação do sis-
tema, até 2005, conseguimos que 97%
apoio, como a de Créditos e Financiamen- de todas as operações de exportação fos-
Segundo Arthur Pimentel, o MDIC tos, que considera muito importante. sem automatizadas. Ou seja, o próprio
conta, também, com o Departamento de “Dependendo do volume de algumas sistema, sem interferência humana, é ca-
Defesa Comercial – DECOM. Sua fun- operações e do seu valor, tanto o exporta- paz de fazer registros e atender a certas
ção é tentar controlar a voracidade de al- dor brasileiro como o importador estran- demandas. Também em 2005, tivemos
guns países na colocação de seus produtos, geiro podem não ter condições de efetuar cerca de 7 mil operações de drawback
com preços que podem afetar o desenvol- o pagamento à vista. Sendo assim, temos deferidas, com uma movimentação de
vimento, determinadas cadeias produtivas instrumentos para fomentar o crédito, tra- US$ 35 bilhões, com 70% de auto-
e o nível de emprego no Brasil. balhando de forma coerente com as re- matização”.
O MDIC conta, ainda, com o Departa- gras comerciais”. O sistema está em processo constante
mento de Negociações Internacionais – O diretor do DECEX fez, no entanto, de desenvolvimento. “Hoje, já se pode fa-
DEINT, que cuida de tratados e acordos uma advertência: “Hoje, os agentes co- lar em SISCOMEX WEB, que divulga in-
“ Com o Sistema Integrado de bém se constitui numa marca forte de sua Integração
gestão. O DECEX implantou um grupo Encerrando os trabalhos, o presidente
Comércio Exterior, em 2005, de trabalho contínuo para verificar todas do painel II, Fábio Martins Faria, reafir-
conseguimos que 97% das as possibilidades de sistematização de al- mou a necessidade de integração entre os
operações de exportação guns procedimentos, visando a melhorias mercados brasileiro e sul-africano, por
”
no atendimento ao usuário. meio da ampliação das linhas marítimas,
fossem automatizadas
conforme foi colocado pelo expositor
ARTHUR PIMENTELN Informações Jovelino de Gomes Pires.
O diretor do DECEX anunciou com O Diretor do Departamento de Pla-
formações estatísticas por meio de uma entusiasmo o novo módulo de exporta- nejamento e Desenvolvimento do Co-
lista eletrônica, no primeiro dia de cada ção que será brevemente implantado: uma mércio Exterior do MDIC analisou, tam-
mês”. Com este recurso, é possível fazer plataforma WEB por meio da qual pode- bém, a atuação do governo brasileiro no
circular e capitanear uma série de infor- se, entre outras coisas, conseguir uma re- fomento ao comércio exterior.
mações dentro dos departamentos. O dução substancial de informações exigidas. “Há um grande esforço do governo
expositor complementou: “a informação O sistema está sendo desenvolvido por brasileiro no sentido da facilitação do pro-
só tem valor quando é divulgada”. um grupo de trabalho composto por re- cesso de importação. O drawback, por
presentantes do Banco do Brasil e da Re- exemplo, é um estímulo à exportação que
Os licenciamentos ceita Federal, entre outros parceiros, para traz embutido um estímulo à importação,
O DECEX é responsável também pe- torná-lo uma ferramenta que permita pois desonera produtos que servem de
los licenciamentos. Na importação, eles interação efetiva com o exportador. base para a indústria, comprados em ou-
são divididos em dois grupos. A Declara- Atualmente o módulo ainda funciona tros países”.
ção de Importação – DI é um licencia- com telas fixas que devem ser preenchi- Depois de apontar algumas facilidades
mento automático, que não precisa da das pelo usuário, e as informações vão di- trazidas por ações governamentais, como
anuência do DECEX e pode ser despa- retamente para um banco de dados no a simplificação de procedimentos buro-
chado em outros setores. Os licencia- Banco Central. No novo módulo haverá cráticos, especialmente na área aduaneira,
mentos não automáticos, chamados de LI, um ‘orientador’ que exerce a função de reafirmou a importância da desoneração
devem ser emitidos no âmbito do pró- guia no caminho da exportação e, princi- da importação com a redução de impos-
prio departamento. palmente, um simulador da operação, para tos, inclusive sobre insumos para a in-
Nas exportações, o DECEX trabalha indicar eventuais erros que poderão ser dústria brasileira, pois isto abre espaço para
com o Registro de Crédito, no caso de corrigidos antes do envio de dados para o que a África do Sul amplie suas exporta-
operações que necessitem de algum tipo Banco Central. ções para o Brasil.
Turismo
natural e cultural.
“Nós não devemos ficar convencidos de
que somos os maiores. Se, por um lado,
temos um povo excelente, receptivo, co-
municativo e alegre, por outro lado, con-
tamos, também, com aspectos difíceis de
serem tratados e superados. Temos que
vencê-los, ou, então, vamos ver o tempo
passar e nos habituaremos às anomalias que
existem no Brasil e que são desfavoráveis
ao turismo. De nada adianta dizer que o vi-
sitante esteve aqui, foi bem tratado e só um,
ou dois, ou três foram assaltados, ou não
puderam andar na Praia de Copacabana.
Não podemos querer fingir que aqui está
tudo bem só porque na França ou nos Es-
tados Unidos os turistas também são assal-
tados. Não devemos fazer este tipo de com-
paração, mas sim ter a consciência de que
estamos errados. Devemos fazer tudo para
dar certo, corrigindo nossos erros.”
Oswaldo Trigueiros Jr. diz que temos um povo comunicativo que trata bem os visitantes. O Presidente do Conselho de Turismo
acha que o Brasil tem uma imagem sim-
diversas áreas da economia, além de ser soas diferentes, em hemisférios diferentes, pática diante da maioria dos povos estran-
ele mesmo um produto, uma indústria de com costumes diferentes. Havendo uma geiros e, por isso, tem tudo para desen-
alto valor econômico. alavanca nesta atividade nas cidades onde as volver uma ação própria na área do turis-
“Primeiramente, quero agradecer ao pre- câmaras de comércio e as pessoas se en- mo, sem espelhar-se ou comparar-se com
sidente da FCCE, João Augusto de Souza contram, as conquistas do comércio exte- países cujas características são completa-
Lima, o convite para participar deste painel, rior, certamente, seriam facilitadas. Eu quero mente diversas das nossas.
cujo tema considero da maior importância
nas relações bilaterais. A intervenção do pri-
meiro palestrante já nos deu uma noção do
que é o turismo na África do Sul. Com isso,
“ O turismo é uma arma
importantíssima
para que possamos negociar
Comparações
“Nós não temos como comparar o Bra-
sil com os Estados Unidos, a França ou a
ele já tirou metade do meu encargo; assim, Inglaterra. Devemos explorar, no bom
me resta falar um pouco sobre o Brasil. Que- com pessoas diferentes, sentido, a natureza, o ecoturismo, que é
ro aproveitar a oportunidade para louvar a em hemisférios diferentes, importantíssimo, além da prestação de
”
organização do evento pela feliz iniciativa de serviços diretamente vinculada às ativida-
acrescentar o turismo nos seminários da com costumes diferentes des que envolvem viagens. Com o avanço
FCCE, pois esta atividade deveria ser pauta de O S WA L D O T R I G U E I R O S J R . N tecnológico, tem-se desprezado um pou-
todas as reuniões, com todos os países.” co o homem, valorizando-se excessiva-
deixar claro que, hoje, o turismo represen- mente as máquinas. As companhias
Turismo é indústria ta um enorme aporte de capital em todos especializadas e as agências que exploram
Para o Presidente do Conselho de Turis- os países. É considerado como fator pri- o turismo não podem se render à máqui-
mo da CNC, o turismo tem representado mordial no desenvolvimento, para o cres- na; elas devem estar preparadas para lidar,
uma indústria de alto poder produtivo, es- cimento do número de empregos, para in- sobretudo, com o homem. O ser huma-
pecialmente na época em que vivemos, tercâmbios de culturas e, especialmente, no quer carinho, quer comunicação, e isso
quando o intercâmbio entre os homens deve para a realização de negócios.” o brasileiro tem para dar e vender. Temos
ser intenso e afável. Além disto, os especia- Oswaldo Trigueiros Jr. destacou, ain- que aprender a fazer isso.”
listas já detectam, hoje, os mais diferentes da, que o Brasil tem muito a aprender
tipos de viagens turísticas: de negócios, de nessa área. Apesar de afir mar que Estrutura precária
caráter científico, de lazer etc. estamos vivendo um bom momento, ele O expositor destacou, ainda, a impor-
“O turismo é uma arma importantíssi- acrescentou que falta muito ao país para tância que o setor passou a ter, principal-
ma para que possamos negociar com pes- explorar adequadamente suas riquezas mente, depois da criação do Ministério de
O Rio de Janeiro: um conhecido destino internacional. Table Mountain, na Cidade do Cabo: um ícone sul-africano.
Reciprocidade relativa
hoje, o maior gerador de renda e emprego
entre todas as atividades internacionais; se-
gunda, que os Estados Unidos são o cam-
peão das viagens internacionais com a parti-
cipação de 61 milhões de viajantes por ano,
dos quais 4 milhões para a América do Sul,
sendo apenas 700 mil para o Brasil, em sua
maioria homens de negócios, de modo que,
atualmente, de cada sete turistas norte-ame-
ricanos que se dirigem à América do Sul ape-
nas um vem ao Brasil; e terceira, que o Brasil
tem uma nítida e inexplorada vocação turís-
tica, por suas belezas naturais, seu clima, suas
praias, a diversidade de sua cultura, seu povo
amável e acolhedor, podendo transformar
tudo isso em dólares e emprego.
O Ministério do Turismo, sob o coman-
do do competente empresário Walfrido
Mares Guia, está empenhado em fazer valer
essa vocação turística do Brasil, realizando
extraordinário esforço no sentido de trazer
ao País, até 2007, cerca de 9 milhões de visi-
Antonio de Oliveira Santos, presidente da Confederação Nacional do Comércio. tantes estrangeiros. Esse esforço, entretan-
to, está sendo desperdiçado em grande par-
Antonio de Oliveira Santos es- ao terrorismo internacional e à imigra- te pela desnecessária aplicação do “princípio
ção ilegal. de reciprocidade”,
teve presente no Seminário O Brasil revi- invocado pelo Bra-
de Comércio Exterior e Inves- dou, a nosso
equivocadamente,
timentos Brasil-África do Sul. aplicando o “prin-
ver, O Brasil
“tem uma
inexplorada vocação
turística, por suas
nítida
belezas
e sil. Evidentemente,
há nesta atitude um
sentido equivocado
Neste artigo, ele analisa obri- cípio da recipro- de soberania, que
cidade”, baseado naturais, seu clima, não está em jogo. O
gatoriedade de visto em passa- no Estatuto dos suas praias. A diversidade que está em jogo é
portes de norte-americanos, Estrangeiros de
de sua cultura e seu povo o interesse nacional
1980, segundo o de atrair maiores
canadenses e mexicanos, uma qual “poderá ser amável e acolhedor podem fluxos de turistas,
medida que tem prejudicado o dispensada a exi- transformar tudo isso em de gerar maior nível
turismo brasileiro gência de visto ao
turista nacional do
país que dispense
dólares e empregos
Trem Azul
Uma janela para a alma da África do Sul
Para os brasileiros, “trem azul” é uma mudou oficialmente para The Blue Train e
música do Clube da Esquina, grupo de novos vagões dormitórios foram cons-
músicos mineiros que projetou Milton truídos especialmente para ele em 1972,
Nascimento e Beto Guedes. Para quem sendo depois reformados, em 1997. A li-
visita a África do Sul, o Trem Azul, ou The nha é administrada pela The South African
Blue Train, é o transporte ferroviário mais Railways, mas hoje em dia pertence à ini-
famoso do país, fazendo o trajeto entre a ciativa privada.
Cidade do Cabo e Pretória, de duas a três Os vagões mantêm o requinte de um
vezes por semana. hotel de luxo, com um clima perfeito para
Confortável e veloz, tem alto padrão mulheres românticas, casais apaixonados
de serviço, acomodações requintadas, e e homens misteriosos. O serviço é de pri-
oferece o prazer de desfrutar paisagens meira categoria, a gastronomia é ótima e
magníficas. O anúncio nas revistas sul-afri- há glamour de sobra.
canas diz tudo: “uma janela para a alma da O passageiro tem direito a aperitivo no
África do Sul”. quarto, toalete privativo, banho de banhei-
Como começou
Alguns vagões pintados de azul deram
origem a esta denominação, na primeira
metade do Século XX. Em 1946, o nome
As cabines do Trem
Azul são decoradas
com requinte e
possuem comodidades
modernas em matéria
de comunicação
e até mesmo uma
biblioteca.
A infra-estrutura e os
serviços de hotelaria
cinco estrelas
oferecem aos
passageiros uma
viagem inesquecível.
Culinária
As refeições são uma atração à parte:
de ostras a receitas kosher, para quem se-
gue as tradições judaicas, passando por
carnes exóticas, como a de impala, uma
espécie de antílope, rápido e elegante
como o The Blue Train. No vagão-restau-
Presidente do Conselho de Tu- que um grupo criou o Conselho de Turismo. cia. Sua principal plataforma é retomar a
FCCE
Federação das Câmaras de Comércio Exterior
Foreign Trade Chambers Federation
20 de fevereiro RÚSSIA
24 de abril FRANÇA
22 de maio PERU
19 de junho PORTUGAL
17 de julho CHINA
21 de agosto PANAMÁ
18 de setembro SUÉCIA
23 de outubro ESPANHA
13 de novembro FINLÂNDIA
11 de dezembro ALEMANHA
qualidade de vida e de habitação Gostaria que o senhor falasse do urbanismo e habitação. Esse caminho de
para as populações carentes, tais acordo, que já está em andamen- entendimento é a base do chamado
to, entre o Brasil e a África do Sul. Fórum IBAS (sigla formada pelas iniciais
como materiais de construção Qual o seu teor e que setores vai de Índia, Brasil e África do Sul), consti-
duráveis, saneamento, asfalta- beneficiar? tuído por países que têm muitas experi-
mento, energia e transporte, MF – Conforme me referi na abertura ências a trocar e grande possibilidade de
do seminário, existem vários acordos. Na canalizar medidas e recursos para outras
com as possibilidades de investi- minha área, especificamente, há um acor- nações que enfrentam o problema deli-
mento industrial e de comércio. do que assinamos com a África do Sul, cado do déficit habitacional; uma das
As metas do milênio estimulam em Nova Iorque, em setembro de 2006, metas estabelecidas pela ONU para o
objetivando a troca de informações, de milênio.
o desenvolvimento de progra- experiências e, também, a definição de Fizemos esta reunião em Nova Iorque
mas habitacionais em todo o possíveis instrumentos a serem adotados com o objetivo, ainda, de buscar o aper-
mundo. futuramente pelos governos na área de feiçoamento de mecanismos nas áreas fi-
”
cultura. Tudo isso continua”. a Embaixadora Lindiwe Zulu sobre a ne-
Durante muito tempo, Dom Philippe na África do Sul cessidade de estreitar as relações bilate-
teve negócios com a África do Sul, expor- rais: “o Brasil não é conhecido na África
tando produtos como doces e balas. Com DOM PHILIPPE TASSO DE do Sul e o Brasil não conhece a África do
S A X E -C O B U R G O E B R A G A N Ç A
o fim do apartheid e o fechamento do con- Sul. É um problema cultural. Se, por um
sulado geral no Rio de Janeiro, foi convi- lado, o empresário sul-africano sempre
dado a assumir como cônsul honorário. tamente diferentes, culturalmente, dos buscou relacionar-se com países como
“Eu aceitei e tomei posse no primeiro na- povos que migraram para o Brasil, força- Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos,
vio de guerra sul-africano que obteve li- damente, como aqueles que vieram de mantendo, também, algum comércio
cença para entrar no porto do Rio de Ja- Angola, Guiné e Nigéria. Por isso, não há com a Ásia, especialmente com a Índia,
neiro, em 1993, quando começaram as contato cultural. Aliás, esta é uma aproxi- por outro, há alguns setores em que Bra-
mudanças na África do Sul”, lembra. mação que nós estamos querendo sil e África do Sul são concorrentes, como
incrementar.” Mesmo a música, muito boa frutas e flores, por exemplo.”
Cultura negra segundo ele, é diferente da nossa. “Os rit- Dom Philippe acredita que um dos
Apesar de grande parte da população mos são diferentes. É uma cultura bem caminhos para vencer este desconheci-
brasileira ser de afro-descendentes, não diversa das que conhecemos.” mento mútuo é incrementar o intercâm-
há qualquer ligação entre as etnias negras bio cultural e o turismo. “Começa a haver
do Brasil e as da África do Sul. Por uma Potencial turístico um intercâmbio de estudantes, mas tudo
razão simples, mas que poucos brasilei- Turistas sul-africanos no Brasil são pou- muito incipiente”, revela. Ele classificou a
ros conhecem: nunca houve migração da cos, embora os sul-africanos do pós- iniciativa da Federação das Câmaras de
África do Sul para o Brasil, como ensina apartheid, com maior poder aquisitivo, es- Comércio Exterior como muito impor-
Dom Philippe. tejam começando a viajar em massa. Al- tante para a aproximação entre Brasil e
“Ao contrário do que muitos brasilei- guns vêm especialmente por causa do car- África do Sul. “Temos que prestigiar e con-
ros pensam, nunca houve escravidão na naval ou para visitar a Amazônia, mas o Bra- tinuar a fazer eventos como esse seminá-
África do Sul. Os povos de lá são comple- sil é muito pouco conhecido como destino rio”, afirmou.
Fábio Martins Faria considera promissora a busca das empresas brasileiras por uma participação no mercado internacional.
“As exportações brasileiras têm do Desenvolvimento, Indústria e Como o MDIC está vendo os resul-
tados da política de exportação
revelado um crescimento excep- Comércio Exterior – MDIC.
brasileira no primeiro semestre de
cional nos últimos anos, mas as im- O diretor mescla o realismo 2006?
portações também crescem a um fornecido pelos dados estatísticos FMF – Os dados têm demonstrado que
ritmo acelerado, indicando um ao otimismo de quem conhece os as exportações brasileiras continuam com
enorme vigor, ao contrário do que se po-
maior equilíbrio na balança co- meandros do comportamento do dia esperar, em função de ter havido uma
mercial, o que é muito saudável setor. Ele relativiza, junto aos ex- apreciação muito grande da nossa moeda.
para o nosso comércio exterior.” portadores, os impactos da valo- Hoje, estamos divulgando dados que re-
É o que afirma nesta entrevista rização do real, porque conside- velam um crescimento excepcional; mas
as importações também estão crescendo
Fábio Martins Faria, Diretor do ra, entre outros fatores, o câm- a um ritmo bastante acelerado, o que é
Departamento de Planejamento bio atual como uma tendência de muito saudável para o nosso comércio
e Desenvolvimento do Ministério curto prazo. exterior.
Com o aumento das importações dendo, cotado na moeda estrangeira. O mentalidade exportadora está se
brasileiras, estaríamos perto de MDIC está avaliando os impactos dessa consolidando no Brasil?
atingir o equilíbrio nas nossas rela- apreciação da nossa moeda, mas temos que FMF – As exportações brasileiras vêm
ções comerciais, ou isso varia de entender que isso não afeta, de forma ge- crescendo seguidamente desde 2002. De
acordo com cada setor e com cada neralizada, os exportadores. 2003 até agora, acumulamos um saldo co-
grupo de produtos? mercial acima de US$ 100 bilhões, com
FMF – O grande objetivo da política para
o comércio exterior brasileiro é que haja
um crescimento nos dois pratos da balan-
“
A meta de exportação
de US$ 132 bilhões,
para 2006, é factível
crescimento simultâneo de importação.
O país dobrou as suas exportações, que
totalizavam, na ocasião, US$ 62 bilhões e,
ça. Até o ano passado, as exportações vi- no ano passado, chegaram a US$ 118 bi-
nham crescendo num ritmo mais acelera- porque tivemos um crescimento lhões. Eu vejo que as empresas, hoje, têm
do do que as importações. Em 2006, os como estratégia comercial tornarem-se
de 19% nas exportações
”
dados acumulados de janeiro até a terceira mais competitivas, buscando uma sobre-
semana de março mostram as importa- nos primeiros meses do ano vivência de longo prazo, procurando cres-
ções crescendo 25% e as exportações FÁBIO MARTINS FARIAN cer e ampliar mercados.
19% em média. São ritmos bastante in- Atualmente, para que uma empresa
tensos, que nos deixam muito animados Alguns setores que têm seus custos seja competitiva no mercado interno,
com relação ao que está projetado para integralmente definidos em reais são ela também tem de procurar participar
este ano. muito afetados. Estes setores utilizam do mercado internacional. Percebe-se
O Ministro Luiz Fernando Furlan anun- muita mão-de-obra e compram todas que a maior parte das empresas que es-
ciou, no início do ano, que a nossa meta as suas matérias-primas internamente. tão hoje exportando definiram como
de exportação pra 2006 é de US$132 bi- Já outros setores têm parte dos seus estratégia obter uma parte da sua recei-
lhões. No ano passado, o Brasil exportou custos em componentes importados ou ta com exportações. Isso permite a elas
US$ 118 bilhões. pagam um preço de commodities, como ganhos de eficiência, porque o produto
os de intensa tecnologia. É o caso da vai se tornar competitivo no exterior.
”
ela é perfeitamente factível. or porte, conseguem antecipar as suas
divisas e aplicar no mercado interno,
as empresas exportadoras
Alguns analistas financeiros dizem diminuindo dessa forma o efeito da va- FÁBIO MARTINS FARIAN
que, se o dólar se aproximar de lorização do câmbio.
R$ 2,00, isto poderá afetar a nossa Eu vejo como uma realidade bastante
política de exportações. Isto é ver- Esse nosso esforço exportador já promissora a busca das empresas por uma
dade ou os efeitos da valorização vem de vários anos, e tem tido ex- participação no mercado internacional. Já
da nossa moeda são relativos? celentes resultados. Ele está de fato existe uma cultura exportadora no Brasil.
FMF – Sem dúvida a valorização do real é se consolidando, ou ainda está su- O que é conjuntural é essa valorização do
preocupante, porque significa que o ex- jeito a perturbações provenientes real, que eu considero uma tendência de
portador está recebendo um valor me- de mudanças na conjuntura interna curto prazo, que a médio e longo prazos
nor, em real, pelo produto que está ven- ou externa? O senhor diria que a não persistirá.
Uma proposta
pedagógica
inovadora Centro educacional do SESC LER.
Um ano de sucesso
Seminários da FCCE reúnem personalidades do
comércio, da indústria, da política e da diplomacia
O primeiro Seminário Bilateral de Co-
mércio Exterior e Investimentos da Fede-
ração das Câmaras de Comércio Exterior
– FCCE, em 4 de abril de 2005, foi dedica-
do a Portugal. A presença de personalida-
des importantes dos dois países mostrou
que a iniciativa iria atrair a atenção dos seto-
res ligados à importação e exportação.
Em 2005, foram realizados 12 semi-
nários, enfocando também Marrocos, Bél-
gica e Luxemburgo, Suíça, Argentina, Brasil-Portugal, o primeiro seminário. O seminário da Rússia reuniu personalidades das
Venezuela, México, Chile, Holanda, Itá-
lia, Polônia e Canadá. Em fevereiro de
2006 aconteceu o Seminário da Rússia e
em março o da África do Sul.
A atividade comercial tem como uma
de suas características principais propiciar
uma maior aproximação entre os povos.
Diferentes povos, modos de pensar e con-
cepções de mundo foram colocadas lado
a lado, tendo como preocupação comum
o incentivo ao aumento do fluxo comer-
cial entre os países.
Políticos, diplomatas, técnicos, empre-
sários e estudantes continuam a freqüen-
tar esses importantes fóruns de relações
internacionais. Em 2006 estão previstos,
ainda, seminários dedicados à França, ao
Peru, a Portugal, à China, o Panamá, à Sué-
cia, à Espanha, à Finlândia e à Alemanha. Coquetel em homenagem ao Embaixador da Rússia Vladimir Tyurdenev (à direita).
Mesa de abertura do seminário dedicado à Itália. Pronunciamento de Mario Benavente no seminário do Chile.
Entrevista coletiva com a Ministra Maria van der Hoeven, da Holanda. James Mohr Bell, Jean-Yves Dionne e Jacky Delmar (Brasil-Canadá).
Theóphilo de Azeredo Santos, Bernardo Cabral, João Augusto de René Venendaal e Luiz Limaverde assinam carta de intenções
Souza Lima, Embaixador da Polônia Pawel Kulpiowski, Piotr Maj e durante o seminário Brasil-Holanda.
Dariusz Dudziak no seminário da Polônia.
Mario Mugnaini, Salvador Arriola, Antonio Carlos Bonetti e a Arthur Pimentel, Theóphilo de Azeredo Santos, o Cônsul-Geral da
Embaixadora do México Cecília Gonzáles trocam impressões ao Suíça no Rio de Janeiro, Klaus Bucher e o Senador Bernardo Cabral
final de seminário do México. participaram do seminário dedicado à Suíça.
Marcio Fortes de Almeida, João Augusto de Souza Lima e o Embaixador da Venezuela Julio José Garcia Montoya, Marcio Fortes de
Embaixador da Venezuela Julio José Garcia Montoya. Almeida e Theóphilo de Azeredo Santos no Seminário da Venezuela.
Empresários marroquinos e o Embaixador No seminário da Argentina, Benedicto Fonseca Moreira, Embaixador José Botafogo
Carlos Alberto Simas Magalhães (ao centro). Gonçalves, o Embaixador Marcondes de Carvalho e Carlos Geraldo Langhoni.
Em 2005, foi registrado um crescimento mais acentuado das importações do que das
exportações sul-africanas. Um quarto das exportações do país foi de pedras preciosas,
enquanto que foram comprados no exterior principalmente máquinas e equipamentos.
30.000
a década de noventa, o fluxo de
10.000
0
do. A partir de 2000, a corrente de co-
mércio do país mostrou-se crescente, -10.000
contabilizando, em 2004, US$ 103,1 bi-
-20.000
lhões, mais que o dobro da média alcan- 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
çada nos anos noventa. Embora em ritmo Fonte: OMC
menos acelerado, a expansão do comér-
cio exterior da África do Sul continuou em 2005, com a soma das Exportações da África do Sul
exportações e importações totalizando US$ 118,4 bilhões, sig- Principais produtos – 2005 – participação %
nificando aumento de 14,8% relativamente ao ano anterior.
Em 2005, a África do Sul registrou um crescimento mais acen- Combustíveis
tuado das importações do que das exportações. As compras ex- minerais
9,5%
Automóveis e
Siderúrgicos autopeças
ternas do país se expandiam em 16,5% sobre 2004 e somaram 11,6% 8,3%
US$ 66,5 bilhões, o que posicionou o país como o 32º maior Máquinas e
equipamentos
importador mundial. Do lado das vendas externas, o crescimen- 6,9%
to registrado foi de 12,7%, no mesmo comparativo, perfazendo Minérios
um total de US$ 51,9 bilhões, colocando o país como 39º maior 4,5%
exportador mundial. Nesse ano, as contas externas da África do
Alumínio e
Sul proporcionaram um déficit comercial de US$ 14,6 bilhões, Pedras obras
Demais
contra US$ 11,1 bilhões em 2004. preciosas produtos
3,3%
25,0%
Em 2005, um quarto (US$ 12,9 bilhões) das exportações da 31,0%
16,0
Equipamentos 14,0 Fonte: Global Trade Atlas
elétricos 14,0
Combustíveis 10,4% Automóveis e
minerais autopeças
14,2% 10,3% 12,0
Instrumentos e
aparelhos 10,0
médicos 9,0
3,2% 7,8
8,0
6,8
Aeronaves
2,8% 5,5 5,5
Maquinas e 6,0
equipamentos 4,4 4,1
Artigos de
Artigos
15,8% plástico 4,0 2,9
2,6% 2,6
Demais
produtos 2,0
40,9%
0,0
dita
ça
Irã
ia
Sul
ão
nido
Uni stados
anh
Chin
Itál
Fran
Jap
do
Sau
dos
oU
Alem
éia
Rein
bia
Cor
Fonte: Global Trade Atlas
Ará
No que diz respeito aos mercados de origem das importações Exportações da África do Sul
do país, o Brasil foi o 11º maior fornecedor em 2005, uma posi- Principais países de destino – 2005 – participação %
ção a mais que a que ocupou em 2004, superando a Austrália. No
12,0
ano, os principais países fornecedores ao mercado sul africano Fonte: Global Trade Atlas
foram: Alemanha (participação de 14,0% no total, somando US$ 10,0
10,0
9,8
9,5
7,7 bilhões), China (9,0%, total de US$ 4,9 bilhões), Estado
Unidos (7,8%, US$ 4,3 bilhões), Japão (6,8%, US$ 3,7 bilhões) 8,0
e Reino Unido (5,5%, US$ 3,0 bilhões). 6,4
Quanto aos países de destino das exportações da África do 6,0
Sul, em 2005, os principais foram: Japão (participação de 10,0% 4,5
no total, perfazendo US$ 5,2 bilhões), Reino Unido (9,8%, US$ 4,0
2,9 2,7 2,7
5,1 bilhões), Estados Unidos (9,5%, US$ 4,9 bilhões), Alema- 2,6 2,4
nha (6,4%, US$ 3,3 bilhões) e Países Baixos (4,5%, US$ 2,3 2,0
ia
ica
a
ão
nido
Uni stados
aixo
anh
Chin
anh
Suiç
trál
Jap
Alem
Esp
es B
Aus
E
Rein
País
0,6% 0,6%
1,0% 0,6%
Intercâmbio comercial
0,8% 2,5%
entre Brasil e África do 1,6%
1,8%
1,8 % 1,8%
1,8%
1,5%
Sul – 2005 1,0%
O mercado sul africano se tornou um importante destino de 2000 2001 2002 2003 2004 2005
produtos brasileiros especialmente a partir de 2004. Nesse ano, Importação da África do Sul Exportação da África do Sul
as exportações para o país atingiram a cifra de US$ 1,04 bilhão,
Ranking da África do Sul nas exportações brasileiras Ranking da África do Sul nas importações brasileiras
2005/2004 – US$ milhões FOB 2005/2004 – US$ milhões FOB
Ordem País Valor '% Part% Ordem País Valor '% Part%
passageiros (4,5%), óleo de soja refinado (4,1%), fumo em Exportações brasileiras para a África do Sul por fator agregado
folhas (3,9%), açúcar refinado (3,8%) e motores para auto- 2005 – participação %
móveis (3,5%).
Alguns produtos apresentaram excepcional desempenho no Semimanufaturados Manufaturados
2,9% 78,6%
crescimento das vendas para o mercado sul africano. Os princi-
pais foram: gasolina (de zero para US$ 20,4 milhões), açúcar
refinado (+432,5%, para US$ 52,2 milhões), máquinas e apare-
lhos para fabricação de celulose (+405,0%, para US$ 5,5 mi-
lhões), vidro flotado (+391,5%, para US$ 8,4 milhões), fio-
máquina e barras de ferro ou aço (+375,1%, para US$ 5,5 mi-
lhões), máquinas e aparelhos para tratamento de pedras Básicos
18,4%
(+333,9%, para US$ 6,1 milhões), veículos de carga (+205,7%,
para US$ 101,5 milhões) e painéis de fibras de madeira
(+139,4%, para US$ 6,3 milhões).
Do lado da importação, o Brasil adquiriu da África do Sul Fonte: MDIC/SECEX
57 Fonte: MDIC/SECEX
119 Fonte: MDIC/SECEX
102 100
80 79
33
62
56 54 52
48
19
17
13 13 13
10 10 10
Motores para
veículos
Compostos
heterocíclicos
Laminados
planos
Hidrocarbonetos
e derivados
Rolamentos e
engrenagens
Barras/perfis/
fios de alumínio
Ferro-ligas
Hulhas
Platina
Fio-máquina
Óleo de soja
refinado
Veículos
de carga
Carne de
frango
Chassis
com motor
Açúcar
refinado
Motores para
veículos
Autopeças
Tratores
Automóveis
Fumo em
folhas
Com uma participação de 43,9% na pauta de importação na- Principais estados exportadores para a África do Sul
cional proveniente da África do Sul, São Paulo é também o maior 2005 – US$ milhões FOB
comprador de produtos originários desse mercado. Em 2005,
Fonte: MDIC/SECEX
São Paulo comprou da África do Sul, principalmente: produtos 668
Paraná
Espírito
Santo
Rio de
Janeiro
São Paulo
Bahia
Mato Grosso
do Sul
Mato
Grosso
Minas
Gerais
Demais
relativos.
44
535 549
28
24 23
18 15 11 10 12
6
Rio Grande
do Sul
Amazonas
Paraná
Santa
Catarina
São Paulo
Espírito
Santo
Rio de
Janeiro
Minas
Gerais
Ceará
Bahia
Demais
2004 2005
Exportadores Importadores