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FCCE

Federação das Câmaras


de Comércio Exterior

Foreign Trade Chambers


Federation

Fédération des Chambres


de Commerce Extérieur

Federación de las Cámaras


de Comercio Exterior

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Federação das Câmaras de Comércio Exterior
Federación de las Cámaras de Comercio Exterior

La FCCE es la más antigua Asociación de Clase dedicada – firmó Convenio com el CONSEJO DE CÁMARAS
exclusivamente a las actividades de Comercio Exterior. DE COMERCIO DE LAS AMÉRICAS, organismo que
Fundada en el ano 1950, por el empresário João Daudt representa a las Cámaras Bilaterales de Comercio de los
de Oliveira (se debe a él la fundación de la Confederación siguientes países: ARGENTINA, BOLIVIA, CANADÁ,
Nacional de Comercio – CNC, 5 años antes), la FCCE CHILE, CUBA, ECUADOR, MÉXICO, PARAGUAY,
opera, ininterrumpidamente, desde hace más de 50 años, SURINAME, URUGUAY, TRINIDAD Y TOBAGO y
incentivando y apoyando el trabajo de las Cámaras Bila- VENEZUELA.
terales de Comercio, Consulados Extranjeros, Consejos Además de varias decenas de Cámaras Bilaterales de
Empresariales y Comisiones Mixtas a nivel federal. Comercio afiliadas a la FCCE en todo Brasil, forman parte
La FCCE, por fuerza de su Estatuto, tiene ámbito de la Directoria actual los Presidentes de las Cámaras de
nacional y posee Vicepresidentes Regionales en diversos Comercio: Brasil-Grecia, Brasil-Paraguay, Brasil-Russia,
Estados de la Federación, operando también en el plano Brasil-Eslovaquia, Brasil-Republica Checa, Brasil-México,
internacional, a través de “Convenios de Cooperación” Brasil-Belarus, Brasil-Portugal, Brasil-Líbano, Brasil-India,
firmados con diversos organismos de la más alta credibili- Brasil-China, Brasil-Tailandia, Brasil-Italia y Brasil-Indo-
dad y tradición, a ejemplo de la International Chamber of nesia, además del Presidente del Comité Brasileño de la
Commerce (Cámara de Comercio Internacional – CCI), Cámara de Comercio Internacional, el Presidente de la
fundada em 1919, con sede em París, y que posee más de Asociación Brasileña de las Empresas Comerciales Expor-
80 Comités Nacionales, en los 5 continentes, además de tadoras – ABECE –, el Presidente de la Asociación Brasile-
operar la más importante “Corte Internacional de Arbi- ña de la Industria Ferroviária – ABIFER –, el Presidente de
traje” del mundo, fundada en el año 1923. la Asociación Brasileña de los Terminales de Contenedores,
La FEDERACIÓN DE LAS CÁMARAS DE COMER- el Presidente del Sindicato de las Industrias Mecânicas y
CIO EXTERIOR tiene su sede en la Avenida General Material Eléctrico, entre otros. Súmese aun, la presencia
Justo, nº307, Río de Janeiro (Edifício de la Confederación de diversos Cônsules y diplomáticos extranjeros, entre
Nacional de Comercio – CNC), y mantiene com esta los cuales, el Cônsul General de la República de Gabón,
entidad, hace casi dos décadas, “Convenio de Respaldo el Cônsul de Sri Lanka (antiguo “Ceilán”), y el Ministro
Administrativo y Protocolo de Cooperación Mutua”. Consejero Comercial de la Embajada de Portugal.
En un passado reciente, la FEDERACIÓN DE LAS La Directoria
CÁMARAS DE COMERCIO EXTERIOR – FCCE

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DIRECTORIA PARA EL TRIENIO 2006-2009
Presidente

JOÃO AUGUSTO DE SOUZA LIMA

1 s t Vicepresidente

PAULO FERNANDO MARCONDES FERRAZ

Vicepresidentes Vicepresidente Europa


Arlindo Catoia Varela Jacinto Sebastião Rego de Almeida (Portugal)
Gilberto Ferreira Ramos Vicepresidente N or te
Joaquim Ferreira Mângia Cláudio do Carmo Chaves
José Augusto de Castro
Vicepresidente Sudes te
Ricardo Vieira Ferreira Martins
Antonio Carlos Mourão Bonetti
Vicepresidente Sur
Arno Gleisner

Directores

Diana Vianna De Souza Luiz Oswaldo Aranha


Marie Christiane Meyers Marcio Eduardo Sette Fortes de Almeida
Alexander Zhebit Oswaldo Trigueiros Júnior
Alexandre Adriani Cardoso Raffaele Di Luca
Andre Baudru Ricardo Stern
Augusto Tasso Fragoso Pires Roberto Nobrega
Cassio José Monteiro França Roberto Cury
Cesar Moreira Roberto Habib
Charles Andrew T’Ang Roberto Kattán Arita
Daniel André Sauer Sergio Salomão
Eduardo Pereira De Oliveira Sizínio Pontes Nogueira
José Francisco Fonseca Marcondes Neto Sohaku Raimundo Cesar Bastos
Luis Cesario Amaro da Silveira Stefan Janczukowicz

Consejo Fiscal (Titulares)

Delio Urpia de Seixas


Elysio de Oliveira Belchior
Walter Xavier Sarmento

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Editorial

O EQUADOR APOIO

CONECTA-SE AO
BRASIL
Sim, é verdade: não fazemos fronteira, apesar de tão próximos. Buscamos, no entanto,
aproximar-nos, por meio dos mais variados artifícios. Um vôo direto de Guayaquil para o Rio
de Janeiro encontra-se, por um lado, em fase de estudos, e tudo leva a crer que, em breve, será
possível encurtar o tempo de viagem entre os dois países. Viajantes, a turismo ou a negócios,
poderão deslocar-se com maior rapidez e conforto. O Eixo Multimodal Manta-Manaus, por
outro lado, encontra-se em fase de planejamento, como bem atesta a 2ª Reunião Bilateral Brasil-
Equador, ocorrida recentemente em Manaus, para tratar do assunto. Nesse caso, a redução de
custos logísticos é premissa para expansão do comércio entre os dois países.
Não há dúvidas quanto ao interesse mútuo em equilibrar a balança comercial bilateral,
permanentemente deficitária para o Equador. Algo precisa ser feito para amenizar o atual quadro:
enquanto o Brasil é o 3º maior exportador para o Equador, é, ao mesmo tempo, o último da
lista de importadores do Equador. Cabe ao Equador, por meio de seus produtores, uma atuação
mais agressiva na divulgação de seus produtos junto aos prováveis importadores brasileiros. As CONSELHO DE
importações brasileiras, como um todo, vêm crescendo, indicando a existência de espaço para CÂMARAS DE COMÉRCIO
DAS AMÉRICAS
países que desejem oferecer produtos de qualidade e a preços competitivos. Como complemento,
importante é lembrar que a possibilidade de redução de tarifas entre Brasil e Equador está sendo
considerada. Expediente
Terá, então, o Equador o desejo de aproximar-se ainda mais do Brasil como membro Produção
pleno do Mercosul? A possibilidade tem sido cogitada, porém, para beneficiar-se das vantagens Federação das Câmaras de Comércio Exterior
– FCCE
alfandegárias do bloco, é preciso adequar-se previamente a uma série de exigências. Faz-se ne- Av. General Justo, 307/6o andar
Tel.: 55 21 3804 9289
cessário, considerar, ainda, que o Equador é membro da Comunidade Andina de Nações – CAN. e-mail: fcce@cnc.com.br
Sob essa ótica, considerando-se as prioridades do governo Lula, será mais provável a busca de Editor
um horizonte comum, no qual a Comunidade Sul-Americana de Nações – CASA, ou UNASUL, O coordenador da FCCE

representará um grau mais acentuado na cooperação regional, com ganhos mais bem distribuídos Textos e Reportagens
Ana Redig
para todos. Brunno Braga
A recente visita do Presidente Rafael Correa é indicativo de que há mais do que o Edição e Arte
simples interesse em manter boas relações com o Brasil; procura-se, sobretudo, ampliá-las. Prova Resh Comunicação
disso, foram os mais de 15 acordos assinados entre Brasil e Equador, nos mais variados setores. Tel.: 55 21 2173 3553

Esta edição traz para o leitor a cobertura detalhada dos trabalhos do Seminário Bilateral e-mail: info@resh.com.br
Jornalista Responsável
de Comércio Exterior e Investimentos Brasil-Equador, realizado pela Federação das Câmaras de
Adriana Melo (MTB: 004014/98)
Comércio Exterior – FCCE, em 04 de junho de 2007, no edifício sede da Confederação Nacional
Revisão
do Comércio – CNC, no Rio de Janeiro.
Resh Comunicação
Fotografia
Christina Bocayuva
Secretaria
Boa leitura. Maria Conceição Coelho de Souza
Sérgio Rodrigo Dias Julio

O EDITOR As opiniões emitidas nesta revista são de


responsabilidade de seus autores. É permitida
a reprodução dos textos, desde que citada a
fonte.

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Sumário

6 E ntrevista 30 turismo
O Embaixador Galápagos é um dos
Plenipotenciário do destinos naturais
Equador, Eduardo mais cobiçados do
Mora-Anda, aposta mundo, com rica
na solidificação das fauna e flora
relações entre Brasil e
Equador, no equilíbrio
da balança comercial entre os dois países e
no estreitamento das negociações rumo à
integração regional na América do Sul.
3 5 integra ç ã o
Desembolsos das linhas de exportação do
BNDES são expressivos na América Latina

1 2 A bertura
O projeto Manta-Manaus é um ponto
estratégico na agenda entre Brasil e Equador e
42 multimodal
permitirá a ligação com o Atlântico Saída para o Pacífico pode ser concretizada

1 5 Painel I 4 4 E nergia
O desafio é encontrar nichos em que o Brasil Cone Sul é foco
demande importação do Equador e diversificar da gerência de
os fornecedores integração de
mercados da
Petrobras

2 0 Painel I I
Contexto positivo garante maior
competitividade brasileira
4 6 comércio
Equador é fundamental na integração sul-
americana

2 4 painel I I I 5 2 rela ç õ es bilaterais


Combustíveis e multimodal em discussão

2 9 E ncerramento 5 8 C urtas
Vizinhança entre países amazônicos favorece
desenvolvimento de projetos

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E ntrevista

“Este é um bom
momento para
o Equador e nós
acreditamos na
integração”
O Embaixador Plenipotenciário do Equador, Eduardo Mora-Anda, parti-
cipou ativamente do Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investi-
mentos Brasil-Equador, realizado pela Federação das Câmaras de Comércio
Exterior no início de junho, no Rio de Janeiro. Nesta entrevista ele dis-
corre sobre as relações entre os dois países; comenta os recentes acordos
firmados entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Rafael Correa;
opina sobre Mercosul e sobre o trabalho das empresas brasileiras que vêm
atuando em seu país. Mora-Anda aposta na solidificação das relações entre
Brasil e Equador, no equilíbrio da balança comercial entre os dois países e
no estreitamento das negociações rumo à integração regional na América
do Sul. Representando um país em plena recuperação político-econômica,
Eduardo Mora-Anda mostrou-se otimista.

Como se dá, hoje, a relação entre preciso, em relação ao Brasil, rever nossas
Brasil e Equador? compras externas e buscar equilibrar mais
EMA - Excelente. O Presidente Rafael a balança comercial entre os dois países. A
Correa esteve recentemente no Brasil e realização desse tipo de seminário é funda-
eu sou testemunha de sua ótima relação mental para que encontremos alternativas
com o Presidente Lula. A recíproca é ver- e produtos que sejam interessantes para
dadeira, posso assegurar. Foram fechados comercializar entre as duas nações.
mais de 15 acordos, em diversas áreas.
Politicamente, passamos por um ótimo O Equador já começou as conversas
momento.Temos boas relações não só com para aderir ao Mercosul. Como está
o Brasil, mas também com Venezuela, Bo- este processo?
lívia, Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai EMA - Ainda não fizemos o pedido oficial
e até Peru com quem antes tínhamos pro- para integrar o Mercosul. Atualmente,
blemas. Em relação à economia, estamos podemos assistir, sem voto, aos debates.
nos recuperando de uma crise recente, Nós estamos trabalhando para fortalecer a
mas já alcançamos a estabilidade e agora é Comunidade Andina de Nações – CAN,

 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • Equador

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Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l •Equador 

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E ntrevista

tecer dentro do marco legal da Associação


Latino-Americana de Integração – Aladi.
Temos, também, conversado com o Brasil
sobre tecnologia e informática, pois quere-
mos digitalizar o governo, de preferência
adotando softwares livres. Sabemos que o
Brasil tem know-how também em automa-
ção bancária, mas o sistema bancário do
Equador é o mais rápido do continente.
Foram fechados, ainda, acordos de coo-
peração entre universidades, pois trocar e
compartilhar conhecimento é fundamental
na parceria entre dois países.

O embaixador comentou os recentes acordos firmados entre os presidentes Lula e Rafael Correa

cujo atual secretário-geral é equatoriano. de reservas monetárias. Todos querem


“ Uma das áreas em que
pretendemos ajudar o Brasil é a
de medicina tradicional, na qual
Nossa idéia é melhorar a CAN para de- a América do Sul com economias mais recuperamos o conhecimento e
pois juntar este esforço com o Mercosul livres, independentes. O presidente Lula
e reunir tudo em uma coisa só. Estamos ponderou, com razão, que é um assunto formamos profissionais sérios,
trabalhando paralelamente com a União a ser discutido, pois não caberia termos com conhecimentos de ervas
Sul-Americana – Unasul, onde o secretá- mais um CAF ou mais um BNDES ou naturais, homeopatia e


rio provavelmente será equatoriano, o ex- mesmo outro Banco Interamericano de
Presidente Rodrigo Borja. Esse, portanto, Desenvolvimento – BID. De qualquer for-
medicamentos fitoterápicos
é um bom momento para o Equador e nós ma, estamos trabalhando para encontrar E d u a r d o M o r a - A n da
acreditamos muito na integração. Um fato mecanismos que tornem o comércio mais
comprova nossa vocação integracionista. eficiente e que crie um sistema monetário O biodiesel também esteve na pauta,
Recentemente, tivemos um sério conflito melhor na região. pois, apesar de produzirmos petróleo, im-
com nosso vizinho, o Peru. Um problema portamos óleo diesel para caminhões, além
difícil, de disputa territorial. Depois de O que o senhor pode dizer a respei- da nafta, que é acrescentada à gasolina para
muita negociação conseguimos transfor- to da estada do presidente Rafael alcançar a octanagem necessária. Esta seria
mar o problema em um programa, em um Correa no Brasil e sobre os acordos uma alternativa muito interessante, não só
plano de desenvolvimento. É um exem- fechados? pelo lado econômico, mas sobretudo porque
EMA - Houve conversas sobre as mais é fundamental adotar cada vez mais fontes
plo pioneiro de como uma disputa pode
diferentes áreas: saúde, educação, etanol, de energia limpa. Quito já é uma cidade
tornar-se uma superação, na qual os dois
biodiesel, entre outros. Foi realizada uma grande, que sofre com a poluição. Acredito
países saem ganhando. Hoje, não só o pro-
reunião para estudar a redução de tarifas que o biodiesel poderá ser produzido no
blema não existe mais, como estamos com
entre os dois países, mas ainda não foram Equador, por meio do cultivo de vegetais já
integração mais forte com o Peru. Nosso
familiares ao povo equatoriano. Este seria o
maior esforço de integração completa é definidos valores, pois isso precisa acon-
caso da cana-de-açúcar, que pode ser culti-
o projeto Manta-Manaus, que passa pelo


vada em regiões subtropicais, nos vales que
Peru e traz benefícios para todos. Hoje existem mais de 2.200 existem entre as duas cadeias de montanhas
empresas exportando para o dos Andes, que cortam todo o país.
O que o senhor pensa sobre a cria-
ção do Banco do Sul? Equador. Apesar de sermos
Qual é a importância das empresas
EMA - Vejo a idéia com cautela, e não extremamente deficitários em brasileiras no desenvolvimento do
estou sozinho. Hoje, nós trabalhamos relação ao Brasil, em nossa balança Equador atualmente?
muito bem com a Corporação Andina
de Fomento – CAF, assim como o Brasil
comercial, o Equador é o segundo EMA - Hoje, existem mais de 2.200 em-
maior país em desembolsos feito presas exportando para o Equador. Apesar
trabalha muito bem com o BNDES. Os


de sermos extremamente deficitários em
presidentes Rafael Correa e Lula chega- pelo BNDES na América Latina relação ao Brasil, em nossa balança comer-
ram a conversar sobre a união de esforços E d u a r d o M o r a - A n da cial, o Equador é o segundo maior país em
neste sentido e sobre um fundo comum

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desembolsos feito pelo BNDES na América
Latina. Ficamos atrás, somente, da Argenti-
na, que é um país grande, de larga fronteira
e que mantém históricas relações comerciais
Entre a diplomacia e os livros
com o Brasil.Atualmente, há muitas empre- Ensaísta, historiador, advogado, pensador e poeta, o Embaixador Plenipoten-
sas brasileiras investindo no meu país. São ciário do Equador, Eduardo Mora-Anda, divide seu tempo entre a diplomacia, a
grandes construtoras que estão realizando cátedra e os livros. É autor de “Palabras Personales” (Madrid, 1991); “Viaje Esen-
importantes obras de infra-estrutura que cial” (Quito, 1995); “Los Salmos Del Mar” (Buenos Aires, 1999); “Hablarán Los
permitirão aumentar o fluxo comercial Dias” (CCE, Loja, 2005) e “Historia de los Ideales” (publicada em Quito, 2001,
entre os dois países, além de viabilizar a e editada em português como “História dos Ideais”, 2006). “História dos Ideais”
integração sobre a qual falávamos há pouco. traz um pensamento simples, firme e generoso sobre a evolução do homem na
Há obras importantes sendo realizadas por Terra, seus poderosos propulsores e seus terríveis lastros. Sem preconceitos ou
empresas brasileiras, como a Usina Hidrelé- fundamentalismos, Mora-Anda defende uma educação íntegra e solidária, incor-
trica de San Francisco, que será responsável porando as técnicas e os saberes. Uma educação a serviço da vida em comunhão,
pela oferta de 12% da energia aos habitantes do cuidado com as crianças, com os excluídos, com o próximo.
do Equador. Essas construções vêm rece- Como diplomata, residiu no Peru, Chile, Estados Unidos, Guatemala, Espa-
bendo aportes financeiros oficiais por parte nha e Argentina. Atualmente, vive no Brasil, como embaixador plenipotenciário
do Brasil, permitindo que as empresas, de de seu país. Durante três anos dirigiu o Plano de Desenvolvimento Binacional
grande conhecimento técnico, exportem Equatoriano-Peruano. Integra o Grupo Cultural América, de Quito, e é membro
este tipo de serviço. correspondente da Academia Argentina de História.

Em que áreas o Equador poderia fazer


a contrapartida desta contribuição?
Quais os setores mais interessantes estabelecer um vôo direto entre Guayaquil e chegar com um preço mais atraente.Assim,
para o Brasil aproveitar? Rio de Janeiro. Neste segmento, temos mui- poderíamos morder uma fatia do mercado
EMA - Uma das áreas em que pretendemos to para trocar: o Equador tem Galápagos, o que, hoje, é dominada pela Colômbia, que
ajudar o Brasil é a de medicina tradicional, Brasil tem Fernando de Noronha; temos as só produz rosas vermelhas.
na qual recuperamos o conhecimento e montanhas frias, o Brasil um litoral enorme;
formamos profissionais sérios, com conhe- temos o barroco espanhol e a herança inca, o Petrobras e Petroequador assinaram,
cimentos de ervas naturais, homeopatia e Brasil tem uma cultura vastíssima, que junta em abril, um memorando para tentar
medicamentos fitoterápicos. Queremos, o europeu, o negro e o índio. É um desper- novamente a licença ambiental para
também, incrementar o turismo entre os dício não aproveitarmos todo este potencial. explorar os blocos 31 e ITT. O senhor
dois países. Uma empresa equatoriana, a Uma linha direta com certeza vai incremen- acredita que será possível garantir
TAME, que já compra aviões do Brasil e já tar o turismo, os negócios e o comércio. a integridade ambiental do Parque
tem outro lote encomendado na Embraer, As rosas produzidas no Equador, que têm Nacional Yasuní?
está procurando um parceiro brasileiro para as cores mais lindas que existem, poderão EMA - Os dois blocos estão dentro do
Parque Nacional Yasuní – PNY, e são re-
Embaixada do Equador / Divulgação

servas importantes para os dois países. A


preservação do PNY é condição sine qua
non para a exploração. O que as empresas
e os governos dos dois países fizeram foi
comprometer-se a estudar formas de ex-
ploração que impactem o menos possível a
região, que é uma área biológica de grande
importância. O Presidente Lula já afirmou
que a Petrobras respeitará a legislação
ambiental do Equador. Nós confiamos na
estatal brasileira, que é internacionalmente
reconhecida pelos seus padrões de eficiência
e preservação ambiental.Temos certeza que
os melhores profissionais estarão envolvidos
e encontrarão a melhor forma de extrair o
A empresa aérea TAME quer estabelecer um vôo direto entre Guayaquil, na foto, e Rio de Janeiro desenvolvimento preservando a reserva.

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A bertura

Importar é o que importa


Brasil precisa comprar mais do Equador para reverter o desequilíbrio da
balança comercial entre os dois países

O Ministro interino Ivan Ramalho (centro) fala na abertura do seminário; em maio, ele esteve em Quito para tratar de uma farta agenda entre os dois países

Na década de 70 um slogan do Go- dois países. Por isso, as duas nações terior e Investimentos Brasil-Equador
convidando as autoridades presentes para
verno Federal estimulava: “Exportar vêm estabelecendo um diálogo cada
formar a mesa: o Embaixador Plenipoten-
é o que importa”. De lá para cá, vez mais freqüente para encontrar ciário do Equador, Eduardo Mora-Anda; o
muita coisa mudou e a economia nichos que possam aquecer as ven- Ministro da Embaixada do Equador, Juan
Pablo Valdivieso; o Ministro, interino, do
moderna aposta não mais no superá- das de produtos equatorianos para Desenvolvimento, Indústria e Comércio
vit, mas sim no equilíbrio da balança o Brasil e tornar a parceria entre os Exterior – MDIC e presidente do COFIG,
comercial entre os países parceiros. Ivan Ramalho; o Presidente da ICC e Pre-
dois países mais igualitária. sidente do Conselho Superior da FCCE,
Além disso, o empresariado brasi- Theóphilo de Azeredo Santos; a Cônsul-

O
leiro já tem fluxo de caixa para im- Geral do Equador no Rio de Janeiro, Sonia
Presidente da Federação das Câma- J. Otero Sendas; o Secretário de Comércio
portar o que precisa para produzir. ras de Comércio Exterior – FCCE, Exterior do MDIC, Armando Meziat; o
O Equador tem um déficit exage- João Augusto de Souza Lima abriu Vice-Presidente do Conselho Superior da
rado na relação comercial entre os o Seminário Bilateral de Comércio Ex- FCCE, Gustavo Affonso Capanema; o Di-

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A bertura

retor de Planejamento e Desenvolvimento


do Comércio Exterior do MDIC, Fábio
Martins Faria; o Diretor de Comércio
Exterior do MDIC, Arthur Pimentel; e o
positivos, o mesmo não acontece com o
Equador. Com vistas a ampliar as impor-
tações de produtos e serviços equatorianos
pelo Brasil, a comissão bilateral citada
“ O projeto Manta-Manaus é
prioritário para os dois países,
pois significará uma ligação
Diretor do Conselho Superior da FCCE, pelo ministro está trabalhando com o entre o Atlântico e o Pacífico,
Embaixador Paulo Pires do Rio. Em segui- Programa de Substituição Competitiva
abrindo novas rotas comerciais


da, passou a palavra a Ivan Ramalho, que de Importações –PSCI, do Ministério
presidiu a sessão solene de abertura. das Relações Exteriores. É um trabalho para toda a América do Sul
O Ministro, interino, Ivan Ramalho, de inteligência comercial, realizado com I va n R a m a l h o
ressaltou a importância do Equador para a Secretaria de Comércio Exterior, com
o comércio exterior brasileiro e disse que, o objetivo de identificar produtos equa- A ligação vai trazer grandes benefícios
hoje, uma grande preocupação do governo torianos que o Brasil importe de outras para o Equador, bem como para o Brasil,
Lula é aumentar expressivamente o inter- regiões. “Encontrando esses nichos, po- sobretudo para a região Norte brasileira.
câmbio com o Equador, principalmente no deremos diversificar ou mesmo mudar Para desenvolver este projeto foi criado
que tange às importações. Ramalho, que os fornecedores, adquirindo do Equador um grupo técnico binacional formado por
como Secretário Executivo do MDIC, é produtos que já importamos de outros especialistas de várias áreas, que estão se
responsável por coordenar diversas comis- países”, exemplificou. reunindo permanentemente.
sões bilaterais, esteve em maio na capital O Porto de Manta é um dos mais pró-
equatoriana, Quito, para tratar de uma Manta-Manaus ximos da Ásia e deve facilitar a logística
farta agenda entre os dois países. “O Brasil Ivan Ramalho afirmou que o Projeto para vários países sul-americanos, aumen-
precisa importar mais do Equador. Neste Manta-Manaus é outro ponto estratégico tando o fluxo de comércio com o grande
ano, nosso país deve ultrapassar o montan- na agenda entre Brasil e Equador. “Este é mercado asiático. “Para o Brasil, ter acesso
te de US$ 1 bilhão em exportações para o um projeto considerado prioritário pelos a Manta é extremamente interessante, pois
Equador, mas as importações devem ficar governos dos dois países. O valor do in- a China é nosso terceiro maior parceiro
em torno de US$ 30 milhões, consideran- vestimento é muito expressivo, mas vai comercial. A nova ligação deve dar mais
do apenas as mercadorias”, informou. O significar uma ligação entre os oceanos impulso a este mercado, pois os menores
Brasil também vem exportando serviços Atlântico e Pacífico, abrindo novas rotas custos com transporte deverão tornar os
em volume expressivo para o Equador, comerciais para toda a América do Sul”, produtos brasileiros mais baratos e atra-
sobretudo por meio de um grande núme- destacou. O projeto prevê a realização entes”, ressaltou Ivan Ramalho. A obra vai
ro de obras de infra-estrutura realizadas de algumas obras que permitirão ligar contar com financiamento brasileiro e com
por construtoras brasileiras e financiadas os portos de Manta, no Equador, ao de o trabalho de construtoras nacionais que já
pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Manaus, e de lá para o Atlântico, por meio exportam este tipo de serviço, executando
Econômico e Social – BNDES. do já existente fluxo fluvial regular do rio várias obras no exterior.
Mesmo considerando estes dados Amazonas. Encerrando seu pronunciamento, o
ministro interino ressaltou a oportunidade
em realizar o seminário bilateral com o
Equador para fortalecer a economia e a
integração entre os dois países. Depois de
parabenizar a FCCE pela iniciativa, con-
vidou o Embaixador Plenipotenciário do
Equador, Eduardo Mora-Anda para fazer
seu pronunciamento especial.

“ Estamos aprofundando a
integração e eliminando taxas
alfandegárias, que resultarão em
um crescimento no intercâmbio
comercial entre os países e
permitirão a entrada de novos

O Embaixador Eduardo Mora-Anda na abertura do evento


produtos equatorianos no Brasil
E d u a r d o M o r a - A n da ”
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • Equador 13

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A bertura

Mora-Anda destacou a importância permitirão a entrada de novos produtos aumento do volume de exportações, como
de se realizar eventos como o Seminário equatorianos no grande mercado brasilei- nas importações. Endossando o que disse o
Bilateral de Comércio Exterior e Inves- ro,” avaliou. Ministro Ivan Ramalho, Mora-Anda desta-
timentos Brasil-Equador. “Esse tipo de cou a participação das empresas brasileiras
encontro contribui de forma notável com Investimentos no desenvolvimento do Equador. “Espero
uma melhor socialização entre os países, Em uma breve radiografia de seu país, que o inverso também aconteça neste
promove a integração, o comércio, os Mora-Anda explicou que o Equador é mui- grande mercado brasileiro, mas para isso
negócios e investimentos entre nações to pequeno, porém de geografia bastante precisamos nos conhecer mais”.
que fazem o coração da América do Sul. variada, o que determina diferentes climas, Com esta intenção, a embaixada en-
Agora, juntos, poderemos olhar para os gastronomia, sotaques e recursos naturais. tregou aos participantes do seminário um
dois oceanos: o Atlântico e o Pacífico”, “Cada região oferece oportunidades di- livreto, em português, sobre o Equador,
referindo-se ao projeto comum Manta- versas para todo tipo de investimentos”, escrito pelo próprio embaixador, que é um
Manaus, já citado pelo ministro. destacou. A região tropical tem planícies reconhecido poeta e ensaísta. “É um livro
O embaixador destacou a complemen- propícias para a cultura de exportação. bem curto, mas com muita informação,
taridade entre Brasil e Equador e sugeriu O país também possui uma zona monta- tratada de forma leve. Esta é uma maneira
incrementar o comércio como forma de nhosa, com clima temperado e frio, que de o Brasil conhecer melhor quem somos:
ajuda mútua, como os países de outros permite cultivar outro tipo de agricultura. um país pequeno, mas que oferece muitas
continentes têm feito. O Brasil é um im- Possui, igualmente, importantes fontes de coisas, com história rica e personagens
portante provedor de produtos elaborados, recursos minerais. O Equador ainda tem interessantes.”
industrializados e um indispensável parcei- o Arquipélago de Galápagos, declarado Para transportar toda esta integração,
ro em projetos elétricos e construção de Patrimônio Natural da Humanidade, pela Brasil e Equador pretendem ir além do
rodovias, portos e pontes. Para equilibrar Unesco, com toda uma biodiversidade que projeto Manta-Manaus. Uma empresa
o atual déficit da balança comercial para o encanta cientistas e turistas. aérea equatoriana está interessada em criar
Equador, Eduardo Mora-Anda confirmou A economia do Equador passou por um vôo direto, ligando Guayaquil – centro
a importância de iniciativas e empreendi- uma crise recente e o uso do dólar como econômico mais importante do Equador
mentos que coloquem seu país na posição moeda corrente permitiu a estabilização – ao Rio de Janeiro. Só resta encontrar um
de parceiro comercial permanente. da economia e a promoção da poupança, parceiro brasileiro para fechar a operação.
“Graças a uma solidária disposição do além do investimento em certos setores. Encerrando seu pronunciamento, Eduardo
presidente Lula, os dois países estão em um “Nosso risco-país também foi reduzido, as- Mora-Anda disse que as exposições a se-
processo de aprofundamento da integração sim como a inflação. O PIB, por seu turno, rem realizadas no seminário servirão para
e eliminação de taxas alfandegárias, que vem crescendo,” contou o embaixador. A ajudar na exploração de novos pontos e
resultarão em um crescimento do inter- economia global do país tem experimen- oportunidades de negócios e forjar uma
câmbio comercial entre os dois países e tado crescimento, registrado tanto no maior integração entre os dois países.
Embaixada do Equador / Divulgação Embaixada do Equador / Divulgação

É na região Amazônica que se encontra o petróleo equatoriano, além da Equador possui uma zona montanhosa, com clima temperado e frio, que
reconhecida riqueza florestal permite o cultivo de agriculturas diferentes

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Painel I

Intercâmbio ainda pode melhorar


O desafio é encontrar nichos em que o Brasil demande importação do
Equador e diversificar os fornecedores

Balança comercial entre Brasil e Equador norteou as palestras do painel I do Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos Brasil-Equador

O painel I do Seminário Bilateral de Pablo Valdivieso; o Diretor de Pla-


A
rmando Meziat, abriu os trabalhos
do painel afirmando que, desde
Comércio Exterior e Investimentos nejamento e Desenvolvimento do 2003, o comércio exterior brasi-
Brasil-Equador debateu a atual si- Comércio Exterior do Ministério leiro está em alta, com um desempenho
espetacular. Segundo o Secretário de Co-
tuação da balança comercial entre do Desenvolvimento, Indústria mércio Exterior do MDIC, as exportações
os dois países, propondo encontrar e Comércio Exterior –MDIC, brasileiras saltaram de US$ 60 bilhões para
US$ 148 bilhões nos últimos 12 meses,
perspectivas de incremento e di- Fábio Martins Faria; e a Chefe do gerando um superávit comercial em torno
versificação da pauta. O Secretário Departamento de Comércio Ex- dos US$ 70 bilhões. No mesmo período,
as importações superaram os US$ 100
de Comércio Exterior do MDIC, terior do Banco Nacional de De- bilhões, com perfil extremamente positi-
Armando Meziat presidiu a mesa, senvolvimento Econômico e Social vo, pois 70% das importações brasileiras
são feitas pela indústria, sendo 20% de
composta também pelo Ministro – BNDES, Ângela Regina Pereira bens de capital e 50% de componentes
da Embaixada do Equador, Juan de Carvalho. e bens intermediários. Os bens de con-

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • Equador 15

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Painel I

sumo representam apenas 13% do total preços relaciona-se com produtos que in- Desequilíbrio
importado. corporam novas tecnologias. No entendi- O moderador Fábio Martins Faria,
“Em 2007, a balança comercial brasi- mento do secretário de comércio exterior Diretor de Planejamento e Desenvolvi-
leira vem demonstrando um desempenho do MDIC, isso acaba por reduzir os efeitos mento do Comércio Exterior do MDIC,
surpreendente. O ritmo de crescimento da apreciação do Real, pois permitem que fez uma exposição sobre o intercâmbio
das exportações é de 20% sobre o ano o produto brasileiro incorpore novidades e Brasil-Equador. Ele abriu sua fala lem-
anterior, e as importações, de 25% sobre maiores condições de competitividade. brando do excessivo déficit existente
o mesmo período. Neste ano já temos Meziat encerrou sua participação des- para o lado equatoriano, mas lembrou
um saldo comercial de US$ 1,4 bilhão tacando o intenso trabalho de desburocra- que o comércio entre os dois países vem
superior ao mesmo período de 2006”, tização que tem sido feito com o objetivo crescendo de forma bastante acentuada
informou. Segundo Meziat, a meta de de simplificar o trabalho do exportador. nos últimos anos. A exceção, segundo ele,
exportação para este ano é de US$ 152 “Conseguimos consolidar todas as normas foi o ano de 2006, quando as importações
bilhões, com incremento de 10,9%. Pelos da Secretaria de Comércio Exterior em brasileiras tiveram uma queda expressiva,
dados apresentados, conclui-se que esta apenas uma portaria. A cada dois meses, na contramão do que vem acontecendo
meta será superada, mesmo com a taxa realizamos reuniões com os principais no comércio do Brasil com o mundo. “De
de câmbio atual. órgãos anuentes da exportação, sempre janeiro a abril, houve queda no comércio
“No meu entendimento, este perfil da insistindo para que eles diminuam e facili- com o Equador, tanto nas exportações
balança comercial deve-se às mudanças tem seus controles”, afirmou. O secretário como nas importações, mas eu espero
estruturais que ainda não foram comple- admitiu que ainda existem gargalos nas que este processo de reuniões e encon-
tamente percebidas, por ainda estarem exportações brasileiras, notadamente na tros bilaterais, citado pelo Ministro Ivan
em curso”, avaliou. Para ele, o quadro área de logística de portos, e disse que Ramalho, na sessão solene de abertura,
está se desenhando desta forma devido à é necessário fazer investimentos pesados consiga reverter este quadro”, afirmou.
implantação e consolidação de uma cultura nesse setor, fazendo com que o Brasil Segundo Fábio Martins Faria, o Equa-
exportadora no Brasil. “As ações de capa- preserve este cenário virtuoso, para que dor passou da 37ª posição para 34ª no
citação e de disseminação da informação em breve possamos chegar aos US$ 200 ranking de comércio com o Brasil, no ano
estão correndo a mil por hora”, disse o bilhões em exportações. passado, e a tendência é que este movi-
secretário.


mento continue em 2007. Os principais
O MDIC criou programas que vêm A exportação no Brasil produtos que o Brasil vende ao Equador
permitindo que empresários e estudantes são automóveis, aviões, produtos de
passem a conhecer o comércio exterior e deixou de ser uma oportunidade
siderurgia, motores elétricos, polímeros
o que é a exportação. “O ministério tam- e passou a ser uma estratégia


plásticos, chassis para motor, transmisso-
bém vem ofertando diversas ferramentas empresarial res, tubos de ferro e aço, e papel. É uma
eletrônicas que facilitam muito o trabalho pauta diversificada voltada a atender a
A r m a n d o M e z i at
daqueles que desejam exportar. Ou seja, demanda equatoriana tanto por produtos
a exportação no Brasil deixou de ser uma
oportunidade e passou a ser uma estratégia
empresarial”, avaliou.

Tecnologia
Armando Meziat citou a inovação tec-
nológica como exemplo dessas mudanças
ainda imperceptíveis. “As empresas estão
incorporando novas tecnologias em seus
produtos e a utilização crescente de draw-
back de componentes barateia o preço final
do produto a ser exportado. Está havendo
maior agregação de valor aos bens expor-
tados pelo Brasil.” Observando a pauta de
exportação de manufaturados é possível
perceber o crescimento de preços em
produtos como aviões, automóveis, auto-
peças, calçados, veículos de carga, móveis
e equipamentos, ou seja, essa elevação de

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Painel I

vida das pessoas”, garantiu.


Mas por que integrar? Ângela Carva-
lho explicou que a América do Sul sofre
de um desequilíbrio, na medida em que
representa 12% da área territorial do
mundo, mas abrigando somente 6% da
população mundial. Além disso, existe
desequilíbrio em termos de pobreza entre
os países e dentro dos países. Isso sem
falar de questões gravíssimas em relação
ao desenvolvimento social.
“A integração dos mercados e a divisão
do trabalho também são dimensões que
precisam ser alcançadas. Isso significa
permitir a economia de escala; abrir a
possibilidade comercial a novos merca-
dos; gerar emprego e renda; aumentar
a produtividade e a competitividade;
além de explorar as complementaridades
energéticas”, resumiu. Ela ressaltou que a
de consumo e bens duráveis, quanto por
produtos que vão ajudar no desenvolvi-
mento da economia do país.
Parece que este quadro se repetirá
“ Há grande espaço para
aumentar o comércio de
produtos que o Brasil demanda
integração, sob o aspecto político, é menos
tangível e carrega uma maior complexi-
dade, mas sem ela o avanço nesta direção
torna-se impossível.
também em relação aos itens importados no mercado mundial Para materializar a integração, é ne-
pelo Brasil do Equador. O país ocupa o cessário que a infra-estrutura logística
e que o Equador tem


82º lugar e exporta petróleo, produtos entre os países seja adequada, o que de-
feitos de cacau, medicamentos, pescados, condições de ofertar manda investimentos de grande monta.
chapas e folhas de plástico, fibras têxteis, F á b i o M a rt i n s F a r i a O BNDES vem atuando neste sentido,
entre outros. “Houve um crescimento do e vem mostrando-se capaz de suportar
número de empresas brasileiras expor- Integração essas iniciativas, dando conta de comple-
tadoras, mas no lado das importações Um dos principais meios de incremen- xos esquemas de financiamento. Como
houve uma manutenção: somente 107 tar as relações comerciais entre Brasil e exemplo de iniciativas de integração já
empresas brasileiras compram produtos Equador é a promoção da integração da apoiadas pelo banco, Ângela citou a Usina
equatorianos”, acrescentou. A pauta do América do Sul. O Banco Nacional de Hidrelétrica de Itaipu, o Gasoduto Brasil-
Equador teve um crescimento forte, Desenvolvimento Econômico e Social Bolívia, e a BR-174, que liga Manaus à
sobretudo nas exportações, e a balança – BNDES tem sido fundamental neste Venezuela. “Desde 2003, o banco incor-
comercial, que era deficitária, tornou-se processo. A Chefe do Departamento de porou, permanentemente, esta missão ao
superavitária, em 2006. Comércio Exterior do BNDES, Ângela seu objetivo estratégico e vem utilizando
Com estes números, Fábio Martins Regina Pereira de Carvalho, disse que os dois instrumentos financeiros para apoiar
Faria deu uma visão geral do intercâm- principais objetivos dentro da integração a integração sul-americana”, explicou. Um
bio Brasil-Equador. Apesar de o quadro – uma prioridade do governo Lula – são apóia exportações de bens e serviços brasi-
ser aparentemente desanimador, ele incrementar o livre comércio; promover o leiros e, o outro, os investimentos diretos
destacou que a realização do Seminário desenvolvimento tecnológico e científico brasileiros no exterior. “São aplicados pra-
Bilateral de Comércio Exterior e Inves- dos países de modo que seus produtos zos e taxas competitivos e adequados para
timentos Brasil-Equador tem um papel sejam intercambiáveis; e implementar pro- que nossos exportadores possam oferecer
importante para mostrar as muitas opor- jetos de infra-estrutura, particularmente produtos com preços atraentes para nossos
tunidades que podem se abrir. “Há grande os que se referem à logística intermodal, importadores”, esclareceu.
espaço para crescimento em produtos os de energia e os de telecomunicações.
em que o Brasil demanda no mercado “Esses são projetos muito grandes, de América do Sul
mundial e que o Equador, com certeza, longo prazo, que apresentam, por isso, Desde 1997, o BNDES já desembol-
tem condições de ofertar para o nosso algumas dificuldades em seu curso, mas sou US$ 2,6 bilhões. Destes recursos,
país”, garantiu. são os mais importantes e que mudam a US$ 680 milhões foram destinados ao

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Painel I

Equador, colocando o país em segundo do e do Desvio de Águas de Manabí. elevados para o petróleo e há a necessidade
lugar em desembolsos, atrás somente da Segundo Ângela Regina Pereira de Car- de diversificar a matriz energética mundial,
Argentina. Ângela Carvalho explicou que valho, existe uma carteira de quase US$ 10 além da observação dos efeitos ambientais
o maior aliado do Equador neste processo bilhões em exportações potenciais na Amé- negativos na queima de combustíveis fósseis
é o Convênio de Pagamentos e Créditos rica do Sul, que representa investimentos e a adesão ao Protocolo de Kioto. Neste
Recíprocos/Aladi – CCR, utilizado em de cerca de US$ 20 bilhões em projetos setor, o apoio do BNDES pode vir de duas
99% das atividades. Para ela, este é um de infra-estrutura. “Especificamente para formas: importação de equipamentos e
instrumento poderosíssimo para os países o Equador, temos uma carteira de US$ 1 serviços brasileiros para a produção de eta-
da América Latina. “No começo da década bilhão em exportações potenciais, repre- nol nos países parceiros, como é o caso do
de 2000 houve uma queda geral de de- sentando US$ 1,4 bilhão em projetos de Equador, ou no financiamento de empresas
sembolsos. Com o início da recuperação infra-estrutura”, ressaltou. Entre eles, estão brasileiras que queiram se instalar naquele
das economias, passamos a utilizar o CCR as Usinas Hidrelétricas de Toachi-Pilatón e país para produzir o biocombustível.
como garantia e a retomada das liberações de Quijos y Baesa, além da rodovia-hidrovia
foi imediata”, lembra. Manta-Manaus e de um novo lote de aviões
para a TAME.
“ O etanol representa uma

“ “Os desafios da integração e do nosso imensa oportunidade de


A partir da demanda do
relacionamento são encontrar uma forma investimentos para o Brasil no


mercado brasileiro e dos setores de fazer os investimentos em infra-estrutura exterior
produtivos equatorianos, funcionarem e o tipo de garantia que pode-
Ângela Regina de C a rva l h o
podemos fazer um exercício de mos estruturar”, ressaltou. Ângela Carvalho
disse, também, que é fundamental discutir a O Ministro da Embaixada do Equador,
possibilidades de se incrementar reutilização do CCR, que tem possibilitado Juan Pablo Valdivieso, disse que, apesar
este ou aquele segmento para a realização de projetos complexos, difíceis, das atividades petroleiras representarem
encontrar o equilíbrio comercial e em ocasiões em que os países estão passan- o maior segmento de seu país, sobretudo

” do por situações macroeconômicas graves. nas exportações, o Equador está muito


entre os dois países “Graças a esta garantia tem sido possível interessado nos biocombustíveis. Os altos
J u a n P a b l o V a l d i v ie s o conseguir o apoio do BNDES, independen- valores do petróleo no mercado internacio-
te das adversidades”, completou. nal beneficiam o Equador, mas o país não
Figuram entre as atividades realizadas Outro setor estratégico para o Brasil produz outros elementos necessários na
no Equador, por empresas brasileiras, com – os biocombustíveis – também poderá composição da octanagem da gasolina, e que
o apoio do BNDES, a construção da Usina contar com o apoio do BNDES. A Chefe precisam ser importados. “É o caso da nafta,
Hidrelétrica de San Francisco, a exporta- do Departamento de Comércio Exterior do que além de muito cara é poluente. Precisa-
ção de aviões para a empresa aérea TAME banco lembrou que o etanol representa uma mos pensar em alternativas energéticas me-
e de veículos para a polícia equatoriana, imensa oportunidade de investimentos. As nos agressivas ao meio ambiente. O etanol
além do Projeto de Irrigação de Tabacun- perspectivas são de manutenção de preços poderia gerar uma economia importante e
ainda criar empregos”, destacou.

Geopolítica
Último expositor do painel I,Valdivieso
concordou com os outros participantes
sobre a importância da realização do semi-
nário. “Esta é uma ótima oportunidade para
que autoridades de meu país compartilhem
informações sobre o Equador e sobre o
comércio entre os dois países”, disse. O
ministro apresentou um extenso panorama
geopolítico do país, destacando os princi-
pais recursos naturais equatorianos: petró-
leo, café, cacau, flores, peixes, camarão e
minerais. O Arquipélago de Galápagos, um
dos principais atrativos turísticos e ecológi-
cos do país, também mereceu destaque em
Juan Pablo Valdivieso e Ângela Regina de Carvalho contribuíram para as discussões do Painel I
sua exposição.

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Painel I

Sobre a economia, Valdivieso lembrou chegou a 96,1%, mas, desde então, tem sido a produção equatoriana, a relação comercial
que o Equador atravessou uma crise finan- observada uma redução muito expressiva. existente e a demanda brasileira pelos pro-
ceira muito grave em 1999, tendo chegado “A projeção da inflação anual para 2007 está dutos em questão. “A partir da demanda do
à beira de uma hiperinflação. O governo entre 2,4% e 2,7%. Observando os dados mercado brasileiro e dos setores produtivos
optou pela competitividade e adotou o dólar superficialmente, poderíamos concluir equatorianos, podemos fazer um exercício
como moeda corrente. Segundo ele, este que a dolarização deu certo, mas esta ainda de possibilidades de se incrementar este ou
fator ajudou a reduzir a dívida externa, que é uma discussão acadêmica acalorada no aquele segmento para encontrar o equilíbrio
vem caindo em relação ao PIB, que também Equador”, ponderou. Segundo Valdivieso, comercial entre os dois países”, sugeriu.
vem melhorando ano a ano. Para 2007, a a única unanimidade sobre o assunto é que Entre os vários produtos que o Equador
projeção é de que o PIB do Equador chegue a dolarização foi um duro remédio. poderia exportar para o Brasil, destacam-se
a US$ 43,758 milhões. O risco-país, que O Brasil ocupa o último lugar entre os fios texturizados de poliéster, óleos ve-
em 2000 chegou a 4.000 pontos, também os países compradores do Equador. No getais, pneus novos, fios de nylon, resíduos
caiu, e, hoje, apresenta níveis aceitáveis (639 entanto, entre os que vendem produtos de alumínio e medicamentos, além dos
pontos em maio). ao Equador, o Brasil é o terceiro colocado. óleos brutos fabricados do petróleo. Esses
No primeiro ano em que o Equador Para mudar este quadro, Juan Pablo Valdi- são apenas alguns dos muitos produtos que
adotou o dólar como moeda, a inflação vieso apresentou um estudo que considera o Brasil demanda e que podem ser aten-
didos, ao menos em parte, pela indústria
equatoriana.
Juan Pablo Valdivieso encerrou sua
apresentação dizendo que a economia do
Equador está em fase de abertura comercial,
e que o país vem diversificando a oferta de
itens para a exportação. “Não temos mais
apenas produtos básicos, como frutas,
petróleo etc. Hoje, podemos oferecer
bons produtos manufaturados que podem
abocanhar uma boa fatia do mercado bra-
sileiro”, sugeriu. Se a idéia do painel I era
trazer novas perspectivas e ampliar a pauta
comercial, o estudo apresentado pelo minis-
tro da Embaixada do Equador foi de grande
valia para identificar nichos potenciais que
poderão tornar a balança comercial entre
os dois países mais equilibrada.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • Equador 19

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Painel II

Contexto positivo garante maior


competitividade brasileira
A importação e exportação de bens manufaturados ocupa 25% do PIB no
Brasil atualmente; sistemas informatizados facilitam trocas comerciais

O Presidente Interino da AEB, José Augusto de Castro, que presidiu o painel II do seminário, ao lado do Embaixador Eduardo Mora-Anda

O painel II do Seminário Bilateral de Comércio Exterior Federação das Câmaras de Comércio Exterior – FCCE,
e Investimentos Brasil-Equador teve como tema “As João Augusto de Souza Lima. O Diretor de Comércio
Exportações Brasileiras nas Áreas de Serviços (Cons- Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria
trução Civil) e Produtos Manufaturados”. À frente do e Comércio Exterior, Arthur Pimentel, e o Coorde-
painel estava o Presidente Interino da Associação de nador-Geral do Departamento de Comércio Exterior
Comércio Exterior do Brasil – AEB, José Augusto de – DECEX do MDIC, Eduardo Coelho Fernandes, foram
Castro, e o papel de moderador coube ao Presidente da os expositores.

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Painel II

A
brindo os trabalhos, o presidente balança comercial brasileira”, disse.
interino da AEB ressaltou que o Arthur Pimentel afirmou, ainda, que
Equador vem criando nichos de em toda primeira segunda-feira de cada
desenvolvimento e que seria bom se eles mês, o departamento reúne-se com o
viessem para o Brasil. “Apesar de ser um ministro para demonstrar os dados gerais
país pequeno, tem muita coisa que pode- do comércio exterior brasileiro. “Temos
mos aproveitar”, afirmou durante o dis- a grata satisfação de mostrar os números
curso de abertura. Em seguida, ele passou que nos têm dado muita alegria. Isso vale
a palavra ao primeiro expositor, o diretor tanto para as exportações como para as
de comércio exterior do MDIC que, ini- importações”, declarou. Segundo ele,
cialmente, fez um levantamento acerca da atualmente o Brasil não precisa mais ficar
divisão governamental onde atua. preocupado se terá ou não dinheiro em
Arthur Pimentel explicou que a Se- caixa para pagar as importações. “Hoje,
cretaria de Comércio Exterior – SECEX, o Brasil está bem. O país está maduro e
ligada ao MDIC, está subdivida em quatro pode comprar à vontade. O empresário
departamentos: o Departamento de Co- brasileiro está vivendo um momento de
mércio Exterior – DECEX, que trata das muita liberdade para decisões empresariais


operações de comércio exterior; o Depar- e de negócio”, assegurou.
tamento de Negociações Internacionais Pimentel citou como exemplo de
Só em 2006, foram aprovadas
– DENIT, responsável pelas negociações instrumento para incentivar as vendas quase 7.000 operações, e a
internacionais e acompanhamento dos externas o financiamento e o seguro de maioria delas – 70% – obteve
acordos que o Brasil assina; o Departa- crédito à exportação. Integrado a esses aprovação automática. Isso é
mento de Defesa Comercial – DECOM, dois sistemas, há o registro de crédito, a
que faz estudos de defesa comercial do parte dos recursos do Tesouro Nacional e muito importante nos dias de
Brasil; e o Departamento de Planejamento do Banco do Brasil. “O Banco do Brasil é hoje, quando é necessário dar
– DEPLA, que é responsável pelo filtro e o nosso grande parceiro, pois gerencia os agilidade nas operações de


amostragem dos principais números do projetos junto aos empresários.Tudo isso é
comércio exterior brasileiro. feito com a atenção especial com as regras comércio exterior
“Nós, do DECEX, somos responsáveis internacionais de negócios, ditando o que A r t h u r P ime n t e l
pelas licenças de importação, na área de se deve ou não fazer nas negociações”,
compras internacionais, nas operações de afirmou. Com base nessa captação de do comércio exterior. “De setembro de
registro de licenciamentos, registros de informações, Pimentel revelou que o de- 2003 a dezembro de 2006, conseguimos
venda, registro de crédito para operações partamento está analisando alguns estudos simplificar e consolidar cerca de 225 Atos
financiadas e instrumentos de drawback. de comercialização e, assim, será capaz de Normativos, aglutinando tudo isso numa
Em torno desse sistema, há o SISCOMEX, passar os dados obtidos para determinado só portaria de comércio exterior, na qual
que é o Sistema Integrado de Comércio setor que queira desenvolver alguma dire- juntamos importação, exportação e draw-
Exterior”, afirmou Pimentel. triz ou estratégia comercial. back.” Ele contou que esse processo de
Ele revelou que, a partir de 1991, o “Temos, também, um instrumento de simplificação burocrática fez com que o
governo conseguiu implantar um sistema drawback gerenciado pelo DECEX no qual empresário que atua no setor de comércio
informatizado que consiste num processo se dá o máximo de incentivos à exporta- exterior não precisasse mais lidar com
de integração com a Receita Federal e com ção, minimizando custos nas importações cerca de 200 documentos. “Hoje, ele tem
o Banco Central, oferecendo, assim, uma de componentes, peças para confecção acesso a uma portaria que simplifica e
gama de informações que facilita a vida do e industrialização e desenvolvimento está sempre sendo atualizada na internet”,
empresário do setor de exportação e im- de produtos exportáveis”, disse. Nesse afirmou.
portação. Pimentel contou que, em 1995, contexto, segundo ele, consegue-se uma Para obter os resultados previstos no
foi implantada, pelo DECEX, a licença maior competitividade ao diminuir custos processo de desburocratização, Pimen-
de importação igualmente informatizada empresariais para importação e, também, tel disse que há um grupo de trabalho
dentro desse mesmo sistema. “Com base o aumento das exportações. permanente, constituído para atender às
nesse mecanismo, conseguimos formatar demandas do mercado. Segundo ele, tudo
um banco de dados a partir da captação Sem burocracias que é possível para simplificar a vida do
das informações sobre exportação e im- O diretor revelou também que o empresário, tem sido feito pelo governo.
portação. Elas são repassadas para outro DECEX vem realizando trabalhos para “Reduzimos, significamente, a quantidade
departamento que vai gerar os números da desburocratizar e sofisticar os trâmites de documentação existente em vários

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Painel II

“Não obstante a exportação


brasileira apresentar
participação significativa nos
últimos cinco anos, ainda
demonstra participação tímida
no contexto das exportações
mundiais. Ainda estamos com
1,3% de participação nas
exportações mundiais. Claro,
que, comparando com o 0,84%
registrados em 1999, é um
avanço”
Eduardo Coelho Fernandes
órgãos, como a Agência Nacional de Vi- setembro, estará disponível via web. Ele
gilância Sanitária – Anvisa e o Ministério revelou, no entanto, que já é possível que operações trarão maior competitividade às
da Agricultura. Em conversas periódicas o futuro usuário treine com o protótipo exportações brasileiras. Arthur Pimentel
com essas entidades conseguimos uma que está disponível na internet para com- revelou que, desde 2001, quando esse
vitória anti-burocrática. Cada vez mais preender a lógica do novo sistema. “São sistema foi implantado, cerca de 40 mil
temos conseguido minimizar toda essa muitas as facilidades do sistema que nós operações de drawback foram aprovadas.
parafernália burocrática que afligia o setor estamos implantando. Há uma interface Esse montante gerou compromissos da
empresarial”, declarou. Vitórias recentes amigável, bastante interativa, já que está ordem de quase US$ 50 bilhões nas ex-
citadas pelo expositor foram: dispensa em plataforma web. Esse sistema está, sem portações. “Só em 2006, foram aprovadas
de licenciamento na importação sem dúvida, muito simplificado em relação ao quase 7.000 operações e, a maioria delas
cobertura cambial; elevação do prazo de atual, e dará maior agilidade ao processo”, – 70% – obteve aprovação automática. Isso
pagamento na exportação para 360 dias; defendeu Pimentel. é muito importante nos dias de hoje, quan-
dispensa de licenciamento para recipientes Outro ponto voltado para o setor de do é necessário dar agilidade às operações
retornáveis usados e aumento do prazo informatização, destacado pelo expositor, de comércio exterior”, avaliou o expositor.
para exportação em consignação para é o desenvolvimento de um sistema de Segundo ele, o objetivo do governo é al-
360 dias. diagnóstico on-line, em tempo real, para cançar cada vez mais empresas e trazê-las
Com esses dados apresentados, o que o usuário possa ver se o preenchi- para este sistema, leve e inteligente. “Por
expositor fez questão de ressaltar que mento de formulários está sendo feito de isso, iremos procurar e conversar com
discorda da tese de que o governo atua de forma correta. Esse processo, segundo diversas associações de classe, tanto nas
forma bastante burocratizante, cerceando Pimentel, também pode ter um papel de capitais como no interior”, concluiu Pi-
os espaços privados. Para ele, do lado das simulação, fazendo com que as operações mentel, finalizando a sua exposição.
vendas externas, somente 3% de todas possam ser corrigidas, se necessário, no Tomando a palavra, o presidente do
as operações precisam ter algum tipo de momento que elas estejam sendo feitas, painel ressaltou que o processo de desbu-
monitoramento e análise. “O resto, com e, assim, evitar que se acumulem registros rocratização promovido pelo MDIC é uma
o sistema integrado, é resolvido on-line, desnecessários. realidade. “Gostaria que o MDIC desse
independentemente do peso do operador. Esse sistema vai permitir um acompa- uma aula para o governo, pois tem muito
Ele registra a sua operação e o sistema nhamento mais próximo do andamento burocrata no Brasil. Não basta apenas
processa automaticamente”, garantiu dos processos. Segundo Pimentel, a idéia informatizar, é preciso simplificar”, disse
Pimentel. é que o exportador esteja ciente de todo o José Augusto de Castro. Em seguida, ele
Devido à importância do sistema in- processo dentro do próprio sistema web. passou a palavra ao segundo expositor do
formatizado de comércio exterior, desde painel, o Coordenador-Geral do DECEX,
o ano passado, está em curso o processo Drawback Eduardo Coelho Fernandes.
de atualização. O sistema antigo, conforme Para Pimentel, o governo vem dan-
revelou, vem sendo operado desde 1992. do grande importância às operações de Manufaturados
“Já é um vovô”, disse. A nova versão, que drawback. Ele afirmou que políticas que Fernandes abriu a sua exposição, expli-
deverá entrar em operação em meados de permitem uma maior abrangência a essas cando que faria um levantamento da par-

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Painel II

ticipação dos produtos manufaturados na milhões registrados de janeiro a maio de juntos respondem por 83% do total das
pauta de exportação no comércio exterior 2006. “A nossa corrente de comércio já é exportações de manufaturas.
brasileiro. Inicialmente, ele apresentou a 23,4% maior. Realmente, a tendência é Entre os principais produtos comercia-
evolução das exportações brasileiras nos de um crescimento ainda mais vigoroso, lizados nos cinco primeiros meses do ano,
últimos cinco anos, período no qual se não obstante problemas com o câmbio e está o grupo de maquinário de transportes,
observou o crescimento das exportações outros fatores”, completou. bastante representativo. Em seguida, vêm os
em relação à média mundial. “Não obs- laminados de ferro e aço, celulares e calça-
tante a exportação brasileira apresentar História dos. “Esses últimos, ainda representam uma
participação significativa nos últimos cinco Num plano histórico mais amplo, Coe- grande fatia de participação na nossa pauta,
anos, ainda demonstra uma participação lho Fernandes demonstrou um panorama apesar da forte concorrência do mercado
tímida de 1,3% nas exportações mundiais. esclarecedor no que tange à composição asiático”, disse Coelho Fernandes. Ele des-
Claro que, comparando com o 0,84% da pauta nas exportações brasileiras nos tacou ainda, o etanol, que segundo os dados
registrados em 1999, é um avanço”, afir- últimos 43 anos. Segundo o quadro apre- apresentados, vem ganhando importância
mou Coelho. Segundo o coordenador do sentado por ele, até 1979, o Brasil apoiava- dentro da pauta. De fato, em termos per-
DECEX, o comércio exterior no mundo se nas exportações de produtos básicos. centuais, nos cinco primeiros meses do ano,
está muito dinâmico e qualquer acréscimo A partir daí, a curva entre exportação a venda de etanol subiu 120% em relação ao
de 0,1% pode ser caracterizado como um de produtos primários e manufaturados mesmo período do ano passado. “Quando se
crescimento bastante importante. mudou, dando maior destaque, nos anos fala em crescimento desse porte, queremos
Outro dado, divulgado pelo expositor, que se seguiram, à segunda modalidade. dizer que o álcool etílico cresceu de forma
revela que o Brasil, que possui o 10º maior “Hoje, os produtos manufaturados res- excepcional, partindo de um patamar já
Produto Interno Bruto – PIB do mundo e pondem por 54% da pauta das nossas alto”, afirmou. Em quadro apresentado pelo
ocupa a 24ª posição no ranking de países exportações”, disse. expositor, o Brasil exportou no ano passado
exportadores. Hoje, a participação dos Enquadrando o período de janeiro a US$ 1,6 bilhão. “São valores que mostram
produtos manufaturados está calculada maio de 2007, o expositor demonstrou um crescimento robusto”.
entre 14% e 15% do PIB brasileiro e a que as exportações de produtos manu- O acesso do empresário do setor de
importação e exportação de bens ocupa faturados mantiveram-se em patamares comércio exterior ao sistema de dados do
25% do PIB. “Quanto maior esse índice, semelhantes aos apresentados nas últimas DECEX, na Internet, foi o último item
mais refletido fica o grau de abertura da décadas, registrando 53,5% do total a ser abordado pelo expositor. Ele apre-
nossa economia. Ele demonstrou ainda exportado pelo país, contra 30,6% dos sentou o sistema AliceWeb e a Vitrine do
que, entre 2005 e 2006, a exportação produtos básicos e 13,9%, dos produtos Exportador, ferramentas que permitem
cresceu 17%, mas que esse aumento foi semi-manufaturados. “Certamente, o Brasil ao internauta obter informações a respeito
inferior ao registrado, no mesmo período, tem estimulado as exportações de produtos das estatísticas de comércio exterior, além
pelas importações, que tiveram um cresci- por meio de diversos instrumentos. É claro de dados por estado e informações sobre
mento de 25%. O saldo na conta corrente que é cada vez mais interessante ao país adi- países e mercadorias.
teve um aumento de 4%. Ainda sobre o cionar valor às suas exportações. Por isso, Ao término da exposição, o presidente
quadro de evolução do comércio exterior procura-se incentivar o uso do mecanismo do painel agradeceu a participação do co-
brasileiro, Eduardo Coelho Fernandes de drawback, o que propicia um ganho de ordenador do DECEX e aproveitou para
revelou que, de janeiro a maio de 2007, competitividade”, afirmou. Como medidas cobrar mais empenho do governo para
houve um crescimento de 21% em relação adotadas pelo governo, Coelho Fernandes que o país aumente a sua participação no
ao mesmo período do ano anterior, alcan- mencionou a criação de linhas de crédito comércio exterior. “Todos os números apre-
çando a cifra de US$ 60 milhões. “Esses para importação de bens de capital. “É sentados aqui demonstram como o Brasil
dados superaram as expectativas dos ana- preciso dar estímulo para a exportação de cresceu nos últimos cinco anos. Só que
listas do mercado e do próprio governo. produtos com valor agregado. Essa é a nossa temos um grande desafio pela frente. Como
Apesar de as importações também terem busca constante”, afirmou Coelho. mencionado pelo senhor Eduardo Coelho
crescido bastante – 26,7% nos primeiros No que diz respeito ao mercado com- Fernandes, o Brasil se inclui entre os dez
cinco meses do ano, em relação ao mesmo prador das exportações brasileiras, Coelho maiores PIBs do mundo, só que o nosso país
período de 2006 – isso não impediu que o Fernandes revelou que os Estados Unidos, é o único, entre as dez maiores economias,
saldo fosse maior do que o registrado no respondendo como país e não como bloco, que não está entre os dez maiores expor-
ano passado”, analisou o expositor. mantêm-se como o principal destino, com- tadores. Temos crescido, mas temos que
De fato, os dados apresentados pelo prando 69% das manufaturas nacionais. Em continuar a crescer de modo mais rápido
MDIC revelam que, nos cinco primeiros relação aos blocos econômicos, a Associação e continuamente”, concluiu o presidente
meses de 2007, o Brasil alcançou a marca Latino-Americana de Integração – Aladi e o interino da AEB, encerrando o painel.
de US$ 16,8 milhões, contra US$ 15,4 Mercado Comum do Cone Sul – Mercosul

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Painel III

Combustíveis e multimodal
entraram na pauta do painel III
Petrobras e Suframa expõem seus projetos no seminário da FCCE
O painel III do Seminário Bilateral de Comércio Ex-
terior e Investimentos Brasil-Equador teve como tema
“Parcerias Bilaterais nos Setores de Energia, Bioenergia
e Produtos Petroquímicos”. Presidido pelo Embaixador
e Chefe do Escritório Regional do Ministério das Rela-
ções Exteriores no Rio de Janeiro,Virgílio Moretzsohn
de Andrade, o último painel do seminário teve como
moderador o Diretor da Câmara de Logística da Asso-
ciação Brasileira de Comércio Exterior – AEB, Jovelino
Gomes Pires. Esse painel contou com os seguintes ex-
positores: o Gerente-Geral de Integração de Mercados
da Petrobras, Flávio Gonçalves Reis Vianna Filho, e o
Superintendente-Adjunto de Projetos da Superinten-
dência da Zona Franca de Manaus, Oldemar Ianck.
Para o Embaixador Moretzohn o Itamaraty fomenta o comércio exterior

N
a abertura do painel, o Embaixador exposição, Flávio Gonçalves Reis Vianna mos buscado ampliar a nossa atuação em
Virgílio Moretzsohn de Andrade Filho afirmou que a palestra servia para áreas de grande potencial de exploração e
agradeceu o convite feito pelo fazer um levantamento a respeito da atu- produção, notadamente na área de águas
Presidente da FCCE, João Augusto de ação da Petrobras na área internacional e profundas, já que detemos tecnologia
Souza Lima, e teceu elogios à iniciativa da depois para focar a atuação da empresa no reconhecida”, afirmou Vianna Filho. Ele
instituição em promover o seminário bila- Equador. “Não temos uma presença muito enfatizou a importância de se trabalhar
teral. Segundo ele, o Itamaraty está muito grande no Equador, mas, apresentando em ambiente downstream, assim como em
envolvido no processo de fomento do um pouco da nossa estratégia e dos nos- outras oportunidades que sejam rentáveis
comércio exterior brasileiro, tanto do lado sos ativos no exterior, é possível ter uma à Petrobras. “Temos produção de óleo
das exportações como do das importações. idéia do que a Petrobras tem feito fora do pesado crescente no país que pode gerar
“Em particular, em relação aos países da Brasil”, afirmou o representante da estatal algum excedente. Dessa forma, a empresa
América do Sul, pois constituem uma das petrolífera. busca, complementarmente, refinar esse
prioridades da política externa brasileira”, Ele explicou que, dentro do plano produto no Brasil e destinar para o mer-
disse o embaixador. Ele ressaltou, ainda, estratégico da Petrobras, o objetivo é cado internacional algum excedente que
que o MRE também busca aumentar as sempre buscar atuar como uma empresa seja gerado aqui”, declarou.
relações com os países do continente em, integrada na América Latina e, também, Um outro setor a ser explorado com
praticamente, todos os campos. tentar assegurar um posicionamento de mais afinco pela Petrobras, segundo
Em seguida, o Embaixador Moretzsohn liderança da estatal na região. Conforme Vianna, é o de Gás Natural Liquefeito
passou a palavra ao primeiro expositor explicou, as áreas onde a Petrobras tem – GNL. Segundo ele, esse setor começou a
do painel: o Gerente-Geral de Integração maior presença fora do país são o Golfo do ser trabalhado pela empresa recentemente,
de Mercados da Petrobras. Ao iniciar a México, o Norte e o Oeste da África. “Te- a partir da necessidade de se buscar fontes

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Painel III

alternativas de suprimento de gás natural Investir para expandir as atividades de exploração e produção. Em um dos
àquele importado da Bolívia. também vem sendo alvo de estudos da blocos, temos a concessão e aguardamos
Petrobras. “Em razão do preço do petróleo a licença ambiental do governo equatoria-
Expansão muito elevado, as empresas vem investindo no”, declarou. Ele revelou que, até hoje,
Para mostrar como a empresa atua muito”, declarou. Nesse contexto, os in- foram investidos algo em torno de US$
em âmbito internacional, o palestrante vestimentos esbarram não só nos recursos 560 milhões no Equador, e estão previstos
apresentou um gráfico cuja configuração financeiros, mas nos recursos humanos. investimentos de até US$ 500 milhões para
atual foi planejada pela companhia em “Esses recursos passam por investimentos os próximos anos.
1999. “O pensamento da empresa, hoje, qualificados, algo que a indústria do pe- “O setor de energia do Equador per-
reflete um pouco essa busca em concentrar tróleo requer”, completou. Tais recursos mite à Petrobras balancear seu portfólio
investimentos nesses lugares, a despeito servem, conforme afirmou Vianna, para de projetos internacionais, incorporando
de a Petrobras também estar procurando que a empresa possa fazer perfuração de novos ativos e reforçando seu posicio-
investir em outras áreas como Líbia e poços, plataformas e estaleiros. “Enfim, namento na região. A Petrobras tem um
Oriente Médio. Recentemente, assinamos toda uma engenharia e programação para cenário de atuação na América Latina e
contrato de exploração em Portugal e que se possa ter o retorno dos investimen- é natural que o Equador seja um país no
temos buscado, também, novas frentes de tos feitos dentro do tempo previsto. Esses qual temos interesse em investir”, garan-
atuação”, afirmou. são recursos extremamente importantes tiu o gerente-geral. Ele informou que há
Vianna acrescentou que, no momento, para nós.” projetos potenciais no Equador no campo
a Petrobras está negociando contrato com A integração com mercados globais dos biocombustíveis. “Existe um interesse
a estatal petrolífera indiana NGC para para sustentar a liderança da empresa na muito grande do Equador em explorar
explorar alguns ativos, tanto aqui, como América Latina foi tida, também, pelo esse tema conosco, além de projetos de
na Índia. “Está previsto para os anos de gerente da estatal como fator importan- exploração e produção”, completou.
2007 a 2011 algo em torno de US$ 17, 4 te para a diversificação de portfólio da
bilhões, dos quais 14% serão destinados a
investimentos internacionais. É uma média
de investimento bastante agressiva, na qual
a principal área de atuação é o segmento
empresa. Ele ressalta, no entanto, que
a atuação em regiões de elevado risco
político e regulatório é um desafio a ser
enfrentado. “Temos acompanhado toda

.Temos buscado ampliar
a nossa atuação em áreas de
grande potencial de exploração
de exploração e produção.” essa discussão da Petrobras com o governo e produção, notadamente na
Numa visão mais geográfica, Vianna boliviano. Isso faz parte do negócio. Atua-
área de águas profundas, já que


Filho mostrou em sua exposição que, no mos em regiões onde há alto risco político
Cone Sul, o destaque dos investimentos da regulatório, como no Oriente Médio. A detemos tecnologia reconhecida
Petrobras é a Argentina, onde, em 2001, a melhor resposta para esses problemas é Flávio Vianna Filho
empresa adquiriu a Perez Companc. Além buscar a diversificação dos ativos no ex-
dessa região, os destaques são os Estados terior”, disse.
Unidos e a Nigéria. “Esses países repre-
sentam grandes frentes de investimentos”, Alternativas
declarou. Entre os investimentos para buscar a
Um dos principais desafios da Petrobras diversificação dos ativos está o posiciona-
é materializar o crescimento de produção mento internacional em biocombustíveis.
de reservas. Para Vianna Filho, constata-se “Atualmente, há toda uma busca por se-
um crescimento de produção impressio- gurança energética, o que faz com que as
nante na Bacia de Campos. “É difícil ver nações olhem para o Brasil, especialmente
uma bacia tão prolífica, que resulta em para a Petrobras, na busca por tecnologia
um incremento de produção fantástico”, na área de energia renovável.”
disse. Ele enfatizou que o desafio é atuar Em relação ao Equador, o expositor de-
em áreas no exterior que possam prover talhou que todos os ativos que a Petrobras
crescimento importante para a produção tem no país foram resultados da aquisição
da Petrobras. Um outro desafio, apontado da Perez Companc. Como ela encontrava-
pelo gerente da estatal, é a geração de se em processo de internacionalização, na
valor a partir dos ativos obtidos por meio compra da empresa, a Petrobras também
de aquisições. Nesse contexto, a renta- adquiriu ativos no Equador, na Bolívia,
bilidade vem a se tornar um tema muito na Venezuela e no Peru. “Os ativos que
importante para a empresa. nós temos no Equador são dois blocos

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Painel III

e Celso Furtado. Faço questão de men-


cionar isso, pois, muitas vezes, pensa-se
que a Zona Franca é algo perdido, sem
base científica ou técnica”, afirmou. Ianck
acrescentou que o processo de criação
da área englobou as idéias “cepalinas” da
substituição das importações. Ele citou,
ainda ,que a Zona Franca tem como obje-
tivo criar na região amazônica os setores
industrial, comercial e agropecuário.

História
Considerando uma perspectiva his-
tórica mais remota, Ianck lembrou que
Fonte Petrobras Manaus teve o seu apogeu entre os anos
de 1880 até os anos 1912-1915, por
“Recentemente, foi assinado um acordo tão diferentes como plantações de couve e intermédio da exploração da borracha.
de aliança estratégica que, na realidade, é criação de gado, passando pela TV Digital Com grande peso na balança comercial do
um marco jurídico para que as empresas e outros itens de alta tecnologia. Dentro país, a cidade era mantida pela exportação
sentem e discutam negócios em comum, desses pontos distantes acontece muita desse produto. O processo, no entanto,
como biocombustíveis, exploração e refi- coisa, que demanda a atuação da Suframa, entrou em declínio a partir do cultivo de
no. Assim, a Petrobras enfatiza o seu inte- que funciona como uma agência de desen- seringais na Ásia, em especial na Malásia,
resse em continuar investindo no Equador. volvimento”, afirmou. fazendo com que a região amazônica
A atuação conjunta entre Petrobras e O território da atuação da Zona Franca ficasse praticamente abandonada. Apesar
Petroequador objetiva o mútuo benefício está localizado no interior da Amazônia de um efêmero desenvolvimento durante
das companhias. Apesar da nossa presença brasileira, que responde por 59% do ter- a Segunda Guerra Mundial, em razão da
ser pequena, é uma peça importante para o ritório nacional. A área possui inúmeras tomada dos seringais da Ásia pelos japo-
nosso posicionamento na América Latina”, riquezas naturais, dentre as quais, a pre- neses, os aliados buscaram o suprimento
conclui, finalizando a sua participação. sença de alguns recursos minerais, como de borracha na região. Dessa forma, houve
o petróleo. Ianck disse que a Petrobras uma breve revitalização do processo de ex-
Contexto tem feito estudos para explorar petróleo trativismo. Décadas mais tarde, criou-se, a
O expositor seguinte foi o Superinten- dentro da floresta amazônica. “A previsão partir de estudos, projetos de inclusão de
dente-Adjunto de Projetos da Suframa, é que haja um processo de exploração a desenvolvimento regional. Assim, surgiu
Oldemar Ianck. Após fazer os agradeci- 500 quilômetros de Manaus. O petróleo na região Nordeste a Sudene, e na região
mentos pelo convite para participar do irá para uma refinaria localizada na capital da Amazônia, a Sudam, com incentivos
seminário, Ianck ressaltou que a Suframa amazonense, com capacidade de refinar fiscais específicos. Em 1967, foi criada a
vem exercendo importante papel para cerca de 54 mil barris/dia”, declarou. Zona Franca de Manaus.
fortalecer as relações comerciais entre O superintendente disse, ainda, que está “Eu faço questão de ressaltar que a zona
Brasil e Equador. “Recentemente, foi rea- sendo construído um gasoduto que vai franca está presente na Constituição de
lizada a segunda reunião bilateral Brasil e ligar essa região produtora de petróleo até 1988, no artigo 3º, que estabelece como
Equador na sede da Suframa, em Manaus. Manaus. Esse gasoduto vai ficar pronto em objetivos fundamentais da República Fe-
Nesse encontro, pudemos ver a questão do meados de 2008 com a produção estimada, derativa do Brasil, a construção de uma
eixo multimodal Manta-Manaus.Tivemos a princípio, de 5 milhões de m3/dia. sociedade livre, justa e solidária, com a
a oportunidade de receber a delegação Em seguida, o expositor traçou um erradicação da pobreza e da marginaliza-
equatoriana, assim como a brasileira, e breve histórico da Zona Franca. Ele contou ção e a redução das desigualdades sociais
nos sentimos muito orgulhosos disso e que a área foi estabelecida por meio do e regionais”, afirmou o expositor. Dessa
vimos que estamos buscando uma maior decreto-lei 3.173/57 e, que, por trás de forma, declarou ele, a Zona Franca de
integração”, declarou. toda essa legislação, existiu uma filosofia, Manaus tem de ser encarada como um
Ele resolveu falar, primeiramente, so- assim como fundamentos econômicos. “Os projeto de Estado e não de governo. “No
bre estrutura da Zona Franca de Manaus, fundamentos econômicos da Zona Franca próprio artigo 40 do Ato das Disposições
área concedida dentro de um aspecto estão contidos nos estudos da Comissão Constitucionais Transitórias, estava pre-
bastante generalista. “Eu costumo dizer Econômica para a América Latina e o visto que a Zona Franca de Manaus iria
que na Suframa nós tratamos de assuntos Caribe – CEPAL, feitos por Raul Prebsch atuar, como área de livre comércio, de

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Painel III

exportação e importação, e de incentivos declarou. Ele acrescentou dizendo que,


fiscais, pelo prazo de 25 anos, a partir da hoje, atuam na Zona Franca de Manaus
promulgação da constituição”, afirmou. cerca de 450 indústrias, gerando uma
“Depois, com a Emenda Constitucional média de 100 mil empregos diretos e 500
42, foram acrescidos dez anos ao prazo mil empregos indiretos através das cadeias
fixado no Art. 40 do ADCT, ou seja, ela produtivas integradas ao Pólo Industrial de
ficará constitucionalizada até 2023”, com- Manaus –PIM.
pletou Ianck. O incremento tecnológico também
O superintendente ressaltou que, está na pauta de projetos da Suframa. Se-
inicialmente, a zona franca foi concebida gundo o superintendente, há em curso um
como uma simples área de comércio em processo de acumulação de tecnologia, por
Manaus e, posteriormente, alguns efetivos meio de estudos feitos em parceria com
foram determinados para o interior da a Fundação Getúlio Vargas, com base na
Amazônia e para a região denominada inovação tecnológica em equipamentos e
Amazônia Ocidental. Essa região constitui produtos. “São processos complexos e te-
os estados do Amazonas, Acre, Rondônia mos, inclusive, empresas nacionais da área
e Roraima. A partir dos anos 90, ganhou de eletrônica que estão trabalhando para a
abrangência com a inclusão de pequenas melhoria e avanço tecnológico, desenvol-
áreas de fronteiras com a Bolívia, Peru e vendo desde o desenho, a formulação de
Colômbia e áreas da Amazônia Oriental moldes e matrizes, até matérias-primas e
como Macapá e Santana. “Na verdade, peças”, destacou.
essa área toda não é mais uma simples Em termos financeiros, Ianck apresen-


zona franca. O próprio Mercosul a trata tou um quadro que ilustra a evolução do
como área brasileira especial, onde os
Eu costumo dizer que na faturamento da Zona Franca de Manaus.
incentivos fiscais são ainda enunciados es- Suframa, que funciona como Em 2006, a área registrou lucro de US$
pecificamente para cada um desses pontos uma agência de desenvolvimento, 22,9 milhões. Segundo o expositor, é in-
geográficos”, declarou Ianck. nós tratamos de assuntos tão teressante notar o valor agregado dentro
Ao longo de décadas, a cidade de Ma- dessa produção. “Dos US$ 22,9 milhões,
naus recebeu um pacote mais robusto dos diferentes como plantações de nós importamos US$ 5,8 milhões em
incentivos fiscais. Nessa capital, foram ins- couve e criação de gado, passando componentes, peças e outras matérias-
taladas duas áreas: a primeira denominada pela TV Digital e outros itens de primas. Assim, tirando esse montante de


de distrito industrial, com 1.700 hectares; importação, teremos um valor agregado
e a segunda, com expansão de 5.700 hec- alta tecnologia. bruto, em termos genéricos, de US$ 17
tares, onde há um processo de ocupação já O l d em a r I a n c k milhões, aproximadamente, sendo que
bastante acelerado. “A cidade de Manaus, cerca de R$ 5 milhões foram destinados
que, nos anos 70, tinha em torno de 250 verdade, como existe uma redução de im- para pagamentos de impostos municipais,
mil habitantes, hoje, possui 1,8 milhão. postos, isso acaba também por gerar uma estaduais e federais”, completou. Para
Isso gerou uma demanda agregada bruta grande base de tributação local”, disse o demonstrar a importância do pólo como
por bens e serviços, e que faz com que superintendente. base de arrecadação de impostos, em
sejam importados bens das áreas de co- Para a instalação das empresas que 2006, cerca de 65% de todos os impostos
mestíveis e bebidas. Com a concretização operam na Zona Franca, estabelece-se, auferidos na região Norte foram prove-
do projeto multimodal Manta-Manaus, segundo Ianck, uma série de exigências. nientes do PIM.
certamente esse comércio vai ficar muito “Está tudo estipulado em legislação pró- Outro dado mencionado pelo pales-
mais avançado”, afirmou. pria, portarias e segmentos. Apenas para trante do painel refere-se à adequação
O expositor detalhou, em quadro apre- ilustrar, a aprovação de um projeto para de certificados de qualidade. O processo
sentado, os incentivos fiscais praticados na cada indústria que lá se instala, depende de certificação ISO 9000 é obrigatório
região. O único que apresenta isenção total de um colegiado – o Conselho de Adminis- para empresas de médio e grande porte.
é o Imposto Sobre Produtos Industriali- tração da Suframa – que é presidido pelo Algumas empresas, porém, já estão pas-
zados – IPI. A área conta, também, com Ministro do Desenvolvimento da Indústria sando pelo processo de certificação do
parceria com o estado do Amazonas para e do Comércio Exterior, além de mais ISO 14000. “É uma inserção internacional
que tenha uma contrapartida no Imposto oito ministros, governadores da região, extremamente necessária para que os
sobre Circulação de Mercadoria e Serviços prefeitos das capitais, representantes de produtos consigam atingir, por exemplo,
– ICMS, cobrado pelo governo local. “Na classes trabalhadoras e classes produtoras”, o mercado europeu. Esse é o sistema

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Painel III


de absoluta sustentabilidade em termos rebanho bovino de aproximadamente 2
ambientais, sociais e econômicos. É isso Está previsto para os anos milhões de cabeças. Isso ajudou a fazer
que está sendo pedido hoje no processo de 2007 a 2011 algo em com que Rondônia tenha a quinta melhor
de globalização”, analisou Ianck. torno de US$ 17, 4 bilhões dos distribuição de renda do país, segundo o
As exportações também ganharam des- IBGE. Por isso, o nosso foco é o atendi-
taque. De acordo com o superintendente, quais 14% serão destinados a mento ao pequeno agricultor, com lotes
a partir dos anos 90, o Pólo Industrial de investimentos internacionais. de terras variando de 25 a 100 hectares”,
Manaus começou a agregar valor e foi se É uma média de investimento disse. “Ainda estão previstas atividades
tornando um pólo também de exporta- para grandes produtores rurais, para os
ções. “Em 1996, exportamos em torno de
bastante agressiva, na qual quais o limite máximo de terreno é de
US$ 200 milhões e, quase dez anos depois, a principal área de atuação 2.500 hectares”, acrescentou.
alcançamos o pico de US$ 2,143 bilhões”. é o segmento de exploração e As principais culturas desenvolvidas no
Além disso, observou Ianck, os resultados
positivos do pólo industrial levaram a pro-
dutos de alta tecnologia e na diversificação
da atividade econômica, assim como na
produção

Flávio Vianna Filho
distrito são banana, mandioca, avicultura
e piscicultura, esse último, visto como
um setor de alta potencialidade. “Estamos
num processo de ampliação da piscicultura
criação de uma mão-de-obra especializada Manaus. para uma área de mais de 160 hectares.
e na melhoria da infra-estrutura – estradas, Já o CBA foi colocado dentro da polí- Nesse segmento, vai tornar-se uma cadeia
rodovias, portos e aeroportos. tica industrial e tecnológica de comércio produtiva absolutamente regional, onde a
Há, ainda, segundo o expositor, um exterior, como uma visão de futuro. O tecnologia será totalmente desenvolvida,
efeito colateral no fator de preservação expositor assegurou, no entanto, que já há tendo por trás a Embrapa”. Ele citou,
da Floresta Amazônica, uma vez que se muitas coisas acontecendo em termos de ainda, um outro projeto que visa a inte-
criou em Manaus uma atividade econô- biotecnologia. “Esse é o grande caminho riorização do desenvolvimento. Segundo
mica na qual a mão-de-obra não precisa do nosso desenvolvimento, baseado na Ianck, o projeto tem como base um estudo
usar a floresta de forma predatória. “A biodiversidade”, afirmou. encomendado à FGV, que dividiu o terri-
exploração do aspecto da manutenção Passando do Pólo Industrial e Tecno- tório em 19 sub-regiões, mapeando suas
e preservação da Amazônia, que está na lógico para o Distrito Agropecuário, o potencialidades.
pauta de todos os foros internacionais, fez superintendente da Suframa mostrou, no O processo de intervenção desse es-
com que pensássemos em criar um selo no mapa exibido no seminário, a localização paço econômico, conforme ressaltou o
qual a empresa agregue valor ambiental dessa área agrícola e rural. Ela fica dentro expositor, ocorre por meio de Arranjos
aos seus produtos.” do polígono da zona franca, numa área Produtivos Locais – APLs e, em parceria
de aproximadamente 589 mil hectares. com os governos estaduais e municipais,
Exportações No local, há grandes centros de pesquisa, e com entidades como Sebrae, Banco do
Dentro da política de comércio exte- como o Instituto Nacional de Pesquisas da Brasil, Caixa Econômica Federal e insti-
rior planejada pelo governo brasileiro, Amazônia – INPA; a Embrapa; o Centro tuições de ensino. Ele mencionou como
encontram-se na zona franca o Centro de de Pesquisa Agroflorestal da Amazônia um exemplo de sucesso em APLs a área
Tecnologia do Pólo Industrial de Manaus Ocidental – CPAA; o Instituto Brasileiro de açaí em Codojás (AM), onde houve
– CT-PIM e o Centro de Biotecnologia do do Meio Ambiente e dos Recursos Na- um tratamento a partir do conhecimento
Amazonas – CBA. Ianck explicou que o turais Renováveis – IBAMA; a Comissão da potencialidade do produto, passando
CT-PIM foi formulado com base no con- Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira de um processo de extrativismo simples
vênio firmado com a Universidade Federal – CEPLAC; a Universidade Federal do para formação de cooperativas de processo
de Santa Catarina, a partir de estudos da Amazonas – UFAM. de coleta, seleção e de industrialização,
FGV. Há trabalhos para que essa tecnolo- O superintendente da Suframa contou, agregando valor social e ambiental. Por
gia existente esteja adequada ao local e se ainda, que esse Distrito Agropecuário, ini- fim, Ianck ressaltou que há, em andamen-
espraia. O CT, comentou ele, tem como cialmente, tinha grandes investimentos na to, projetos que viabilizem o potencial
missão promover a geração, o domínio e área de seringais, mas que por problemas turístico da zona franca.
a aplicação de conhecimentos científicos e técnicos não foram adiante. A partir daí, Em um pequeno discurso de encerra-
tecnológicos avançados e inovadores, em a Suframa passou a dar mais atenção ao mento do painel, o Embaixador Moretzso-
parceria com instituições locais, nacionais pequeno produtor agrícola. Ele contou hn declarou que as palestras foram bastante
e internacionais, contribuindo para o de- que Rondônia é um caso de sucesso. “Nesse elucidativas. “Depois dessa extensa agenda
senvolvimento econômico, ambiental e estado, houve um processo de colonização de debates, saímos daqui com uma visão
social sustentado da Amazônia ocidental em 1970 e, hoje, ele tem na agricultura melhor acerca das potencialidades nas rela-
e, em particular, do pólo industrial de familiar o seu grande trunfo. Há um ções entre Brasil e Equador”, concluiu.

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Encerramento

Seminário aponta oportunidades


Vizinhança com país amazônico favorece desenvolvimento de projetos
Para encerrar o Seminário Bi-
lateral de Comércio Exterior e
Investimentos Brasil-Equador, o
Presidente da FCCE, João Au-
gusto de Souza Lima convidou o
Chefe do Escritório do Ministério
das Relações Exteriores, Virgílio
Moretzsohn de Andrade, que fez
uma avaliação bastante positiva do
evento. Segundo ele, as exposições
realizadas forneceram aos partici-
pantes uma nova visão das poten-
cialidades comerciais entre os dois
países. “Meu primeiro posto na Carlos Thadeu de Freitas Gomes encerrou o Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos
carreira diplomática foi em Qui- o Superintendente Adjunto de Projetos bastante, sobretudo da América do Sul,
to, como terceiro secretário, em da Suframa, Oldemar Ianck, disse que porque temos tido um saldo enorme na
“Manaus é uma ponta-de-lança para a balança comercial e é necessário usar este
1971. Lá eu aprendi que o Equador
integração”. saldo para manter o dólar estável e não
é um país amazônico, por isso te- O embaixador equatoriano disse que os caindo seguidamente, como vem acon-
mos que aproveitar esta vizinhança investimentos brasileiros em seu país são tecendo”, observou. Carlos Thadeu disse
de extrema importância e que o Equador que, por esta razão, é necessário investir
muito especial para desenvolver tem interesse especial nas tecnologias de- em um levantamento dos principais im-
projetos comuns de importância senvolvidas para a Amazônia. “Além disso, portadores brasileiros para que se possa
o know-how brasileiro em biocombustíveis incrementar as importações.
para ambos os países”, disse. é essencial, pois precisamos encontrar al- “Este seminário mostra as oportunida-
ternativas para preservar o meio ambiente des que o Brasil tem de importar mais da

M
e usar procedimentos muito delicados América do Sul. Estamos desenhando uma
oretzsohn convidou o Em- para a proteção natural. Por isso precisa- política maior para isso, mas é um processo
baixador Plenipotenciário do mos trabalhar muito com a Petrobras que lento,” destacou. Para ele, não há dúvidas
Equador, Eduardo Mora-Anda detém este importante conhecimento”, de que a América do Sul deve ser o maior
para fazer sua exposição final. Mora-Anda, encerrou. parceiro do Brasil, tanto para exportação
depois de agradecer a todos os exposi- O presidente da FCCE, João Augusto como para importação. “Para produtos
tores, ministérios e à FCCE, destacou o Souza Lima, convidou o Chefe do De- de alto valor agregado, o Brasil depende
entusiasmo do presidente Souza Lima em partamento Econômico da Confederação muito dos países da América Latina e dos
realizar um evento que poderá, segundo Nacional de Comércio – CNC e ex-Dire- Estados Unidos.”
ele, estreitar e aquecer as relações entre tor do Banco Central, Carlos Thadeu de Isso é um indicativo da importância dos
Equador e Brasil. O embaixador ressaltou, Freitas Gomes, para fazer um pronuncia- acordos comerciais que o Brasil tem fir-
ainda, a qualidade das palestras proferidas mento especial. O economista destacou mado, e que, segundo ele, talvez ocorram
pelos representantes do BNDES, Petrobras a importância de o país incrementar suas com a ALCA, para que o país possa alcan-
e Suframa. Falando especialmente para importações. “Hoje o Brasil pode comprar çar o grande mercado norte-americano.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • Equador 29

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Turismo

Fotos Embaixada do Equador / Divulgação


As ilhas encantadas do Pacífico
Galápagos é um dos detinos naturais mais cobiçados do mundo, com sua
rica fauna e flora
conservados, em
termos ecológicos, hoje, no planeta.
O Arquipélago de Galápagos é um A observação da
O arquipélago é um imenso espaço de
paraíso equatorial formado por capacidade procriação, alimentação e nidificação de
atobás, fragatas, albatrozes, tartatugas,
ilhas, ilhotas e rochas em constante de adaptação das espécies em Ga-
iguanas e outras 5.000 espécies que lá
transformação. A montanha mais lápagos inspirou a Teoria da Evolu- vivem. Dessas, cerca de 2.000 espécies
só podem ser encontradas no arquipélago.
alta da maior das ilhas, Isabela, é ção das Espécies.
Em épocas de procriação, há uma imensa
cortada pela linha do Equador, e profusão de pássaros. No intervalo dessas
fases, porém, os visitantes podem passear
fica na área de maior intensidade
Também conhecido como Arquipélago por entre os ninhos, sem preocupação.
vulcânica do mundo. Essa superfície de Colombo ou Ilhas Encantadas, Ga- Assim como os leões-marinhos e focas,
lápagos é um grupo de 13 ilhas grandes os pássaros não têm medo.
em constante transformação altera,
e várias ilhotas e rochas (233 unidades A observação desta fauna abundante e
também, o meio ambiente terrestre emersas registradas), das quais apenas sua capacidade de mudar características
quatro são habitadas. Situada no Oceano morfológicas de acordo com o ambiente
e marinho. Pré-históricas iguanas e
Pacífico, a 970 quilômetros a Oeste da de cada ilha gerou a idéia motriz da Teoria
tartarugas gigantes convivem com costa do Equador, é a maior atração tu- da Evolução das Espécies, elaborada por
rística do país e foi declarada Patrimônio Charles Darwin, anos depois (leia box no
elegantes e delicados flamingos
Natural da Humanidade pela Unesco, em final da matéria). Em 1959, o governo
e com preguiçosos leões mari- 1978. É a mais nova das 22 províncias do equatoriano reconheceu oficialmente a
Equador, e fica na área vul- importância deste rico patrimônio natu-
nhos. Inusitados pingüins,
cânica mais ativa do ral, criando o Parque Nacional Galápagos,
trazidos por correntes geladas, mundo: há cinco vulcões em atividade que ocupa cerca de 97% da superfície
em seu território. A ilha mais antiga tem das ilhas, e permitindo a criação de me-
adotaram o local como morada.
4 milhões de anos e a mais nova ainda está canismos e instituições de conservação
O arquipélago era uma escala co- em processo de formação. da área.
Galápagos é um dos maiores arquipé- O ingresso ao arquipélago é limitado.
mum para expedições marítimas,
lagos oceânicos do mundo. É, também, Existem poucas e pequenas pousadas nas
como a que levou o cientista inglês um dos mais complexos, di- ilhas habitadas. E
versos e melhor como a diversidade é intensa e cada ilha
Charles Darwin a conhecer o local.
é um ecossistema diferente, o melhor

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Turismo

lugar para se hospedar são os iates. Além de


oferecerem todo o conforto de um hotel,
têm a vantagem de irem de uma ilha para
outra à noite, otimizando o tempo útil dos
passeios. Para visitar Galápagos é preciso
estar autorizado e acompanhado de guias
especialmente preparados para este fim.

Parque Nacional
Para garantir a conservação e o de-
senvolvimento sustentável da região foi
estabelecida uma série de leis e regras.
De uma forma geral, o arquipélago é di-
vidido em áreas de proteção absoluta; de
conservação e restauração de ecossistemas;
e uma terceira de redução de impactos.
Sobre essas três zonas são aplicadas normas
diferenciadas. Galápagos é um grupo de 13 ilhas grandes e várias ilhotas e rochas: são 233 unidades emersas
Os locais de proteção absoluta não
podem ser visitados, mas há locais de uso vem mantendo Galápagos – ao contrário banha Galápagos vem do Panamá e traz as
público ecoturístico e outros de uso pú- de outros arquipélagos vulcânicos – bem temperaturas mais amenas para o mar.
blico especial. Para cada um deles, estão conservado: 95% das espécies conhecidas Não é à toa que o local atrai tantos
definidas normas a serem cumpridas pelos estão preservadas e os processos ecoló- mergulhadores. Galápagos é o único lu-
usuários. O visitante paga uma taxa de gico-evolutivos, essenciais para manter gar do mundo onde é possível alternar a
US$ 100 para ter acesso ao parque e deve os ecossistemas do arquipélago, seguem adrenalina de nadar com animais de grande
estar sempre acompanhado de um guia ativos. O Plano de Manejo atualmente porte e a incrível sensação de penetrar em
credenciado, que orientará o grupo sobre em vigor foi aprovado em abril de 2005 ambientes submarinos intactos e inexplo-
tudo o que pode ou não ser feito. e ganhou o subtítulo de “Um Pacto pela rados. Além das iguanas, pingüins, peixes
O parque nacional vem sendo adminis- Conservação e Desenvolvimento Susten- tropicais e raias de todo tipo, o mergu-
trado por planos de manejo (1974, 1984 tável do Arquipélago de Galápagos”, um lhador pode encontrar, com facilidade,
e 1996), estudos que embasam ações de bom resumo de suas metas. tubarões galha-branca e tubarões-martelo,
conservação do ecossistema existente no O manejo utilizado em Galápagos é além de baleias, tartarugas e moréias.
arquipélago. São as práticas de manejo que adaptativo, ou seja, é modificado de acordo Os leões-marinhos estão por toda parte,
com as necessidades do ecossistema de descansando de seus mergulhos em longos
cada local. Como tudo está em constante e preguiçosos banhos de sol, nas pedras e
modificação, o turista que vai ao arqui- praias. Golfinhos e lobos marinhos costu-
pélago mais de uma vez pode encontrar mam acompanhar mergulhadores como
regras diferentes em uma e outra viagem. guias locais.
O importante é respeitar o meio ambiente, Os tubarões, no entanto, só são encon-
seguir as regras e aproveitar a beleza local trados em mar aberto, longe dos arrecifes.
de um dos destinos naturais mais cobiçados Quem já passou pela experiência de nadar
do mundo. nesta estranha companhia garante que é de
tirar o fôlego. A abundância de alimentos
Vida marinha no local faz com que as “feras do oceano”
Galápagos é considerada a segunda ignorem os mergulhadores como se fos-
maior reserva marinha do mundo (a pri- sem algas sem importância. A situação dos
meira é a Grande Barreira de Corais, na tubarões no arquipélago, entretanto, não
Austrália). A corrente fria de Humboldt, é boa, como pode parecer. Há muita pesca
que vem do Sul e é uma das que banham o ilegal, principalmente em Isabela, onde
arquipélago, é a responsável pela inimagi- mais de 3.000 unidades são capturadas por
nável presença de animais como pingüins, mês e vendidas no mercado asiático, onde
focas e leões-marinhos em uma região de são consideradas iguarias – especialmente
A iguana marinha se confunde com as pedras
calor equatorial. A outra corrente que na culinária chinesa –, devido às suas

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Turismo

espécie de tartarugas do mundo e pode


chegar a medir 1,80m de comprimento e
pesar mais de 225kg. São extremamente
lentos, movimentando-se a uma velocida-
de de 0,25km/h.
Quando não estão em fase de acasa-
lamento são solitários e bastante dóceis.
Nesta época, os machos emitem sons altos
para seduzir as fêmeas, que põem de dez
a 20 ovos. Depois de 120 a 216 dias de
incubação nascem os filhotes – minúsculos
– com menos de 6 cm de comprimento.
A espécie alimenta-se basicamente de fru-
tos, folhas, flores, capim, cactos, liquens
e carniças.
Os jabutis gigantes vivem bastante tem-
po. O animal mais antigo do mundo é uma
fêmea, um jabuti gigante de Galápagos,
que vive em um zoológico na Austrália.
Diz a lenda que ela foi recolhida pelo
próprio Charles Darwin, em 1835, quando
esteve no arquipélago.
Apesar de grandes e de terem carac-
terísticas morfológicas que variam de
acordo com o ambiente de cada ilha, estes
animais são considerados vulneráveis.
Sua capacidade de adaptação ambiental
não impediu que a espécie praticamente
desaparecesse. Dos 250 mil exemplares
que viviam nas ilhas antes da colonização
espanhola, sobraram apenas cerca de 15
mil animais. Com alguma sorte, o visitante
pode conhecer o “solitário Joe”, último
exemplar de sua espécie.
Durante muitos anos o homem matou
indiscriminadamente baleias e tartarugas
na região. A carne era vendida como ali-
mento e o óleo era usado na iluminação
pública das cidades do Equador. Muitas
A ilha Bartolomé tem um mirante natural de onde se vê as belezas que formam um cenário vulcânico
espécies foram extintas. Até como peso
vivo (lastro) para navios, as tartarugas fo-
propriedades afrodisíacas. Um quilo de toriana vem atuando intensamente. Estão ram utilizadas pelo homem. A introdução
barbatanas secas vale US$ 65 no Equador. igualmente em perigo lagostas, bacalhaus e de animais domésticos também contribuiu
Uma sopa de barbatanas de tubarão em um pepinos-do-mar, recolhidos acima da taxa com a extinção de algumas espécies de
restaurante em Hong Kong pode chegar de sustentabilidade. jabutis, que precisaram competir por
a US$ 100. alimento com esses animais. Hoje, além
Acredita-se que 80% das barbatanas ex- Pré-história ao vivo dos cuidados com a preservação das ilhas,
portadas pelo Equador sejam obtidas ile- Em nenhum outro lugar do mundo há muitas pesquisas em torno de formas
galmente no Parque Nacional Galápagos, animais pré-históricos como os jabutis de reproduzir e reintroduzir os jabutis na
que não tem recursos e nem pessoal para gigantes e as iguanas estão tão próximos região.
frear a situação. Há inúmeras denúncias da convivência dos visitantes. Os jabutis de
contra a devastação dos recursos naturais Galápagos são da família Testudinidae, e só Estranhos hóspedes
marinhos de Galápagos e a imprensa equa- existem nesta parte do mundo. É a maior Um lagarto de aparência estranha e

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Turismo

Galápagos vem de “galopar”, expressão usada pelos espanhóis, que cavalgavam sobre as tartarugas gigantes
comportamento reservado é bastante co- plar grande – eles podem ultrapassar os ricano há milhões de anos, trazidas por
mum em Galápagos. Com pouca vegetação dois metros de comprimento, sendo dois alguma ilha de vegetação, assim como
disponível, cada espécie foi obrigada a terços formados pela cauda – é melhor outros répteis, pequenos mamíferos e
encontrar seu próprio nicho de alimentos. fotografá-lo à distância. Iguanas gostam de insetos. Essa difícil jornada, de pelo menos
As que vivem no solo comem cactus e têm sossego.Têm o corpo robusto, comprimi- três semanas sob sol equatorial, limitou os
aparência amarelada. Já as iguanas mari- do nas laterais e membros fortes, curtos e primeiros imigrantes. Por isso, nenhum
nhas alimentam-se de algas e são negras, bem desenvolvidos. Os dedos são finos e anfíbio ou grande mamífero conseguiu
confundindo-se com as pedras vulcânicas compridos. Uma crista longa acompanha chegar a Galápagos e formar família.
do litoral. É difícil localizá-las sem a ajuda todo o dorso e outra crista curta nasce na Os leões-marinhos, as tartarugas e
do guia.Tanto as espécies terrestres como papada, na região da garganta. Há escamas os pingüins vieram nadando. O pingüim
as marinhas são tranqüilas e não vêem o de todos os tamanhos, dispostas em fileiras endêmico de Galápagos utilizou o fluxo
homem como predador, ignorando a pre- irregulares. Colocam de 30 a 60 ovos e os de uma das correntes frias vindas do Sul.
sença do visitante. filhotes nascem com 20 cm. Chegou, reproduziu e, preferiu fixar re-
Se o visitante encontrar uma exem- As iguanas vieram do continente ame- sidência na linha do Equador.

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Turismo

Vacinas
Dicas É preciso tomar vacina contra febre amarela, pelo menos dez dias
antes da viagem.
Documentação
Brasileiros não precisam de visto para entrar no Equador. Fuso horário
No continente atrasar 2 horas em relação ao horário de Brasília
Vôos e 3 horas nas ilhas.
Não há vôos diretos do Brasil para Galápagos, ou mesmo para o
Equador. Existem vôos que partem de São Paulo, com escalas Idioma
– geralmente duas – na América do Sul. Os que partem do Rio Espanhol. Os indígenas que vivem próximos à capital, Quito,
de Janeiro, no entanto, fazem escala em Miami, onerando o falam quéchua.
valor das passagens em cerca de três vezes. Vale a pena ir de
ponte aérea até São Paulo e, de lá, embarcar para o Equador. Moeda
Pesquise e encontre bons preços. Sucre, US$1= 25.430 sucres. Desde o ano de 2000, o dólar vem
sendo aceito amplamente e usado como moeda corrente.
Clima
Tropical. O período mais quente é entre dezembro e maio. Parque Nacional Galápagos
Entre janeiro e março, a paisagem fica mais verde e bonita, por Taxa por visitante: US$ 100. Os passeios só podem ser feitos
causa da elevação da umidade do ar.Temperaturas mais amenas com guias credenciados. Não é permitido fumar ou comer
entre junho e novembro, quando há mais vento e é mais seco. durante os passeios. Ninguém pode se separar dos grupos,
Mergulho: Durante todo o ano a temperatura média da água fica sair das trilhas demarcadas ou desrespeitar os horários esta-
entre 21ºC e 25ºC, com alta visibilidade. Dependendo da pro- belecidos. Não é permitido o uso de flashes para fotografar
fundidade, no entanto, pode chegar a 9ºC. É imprescindível os animais, nem em mergulhos.
o uso de roupa completa de mergulho, com capuz.
Fotografia: Uma lente 80-200 mm é o suficiente,
mas uma de 500 mm pode garantir a esponta-
neidade e o detalhe dos pássaros. Câmeras Teoria da Evolução das Espécies
subaquáticas são bem-vindas, pois o
mundo submarino de Galápagos é Quando se observa atentamente o Cormorão, pássaro
imperdível. semelhante a um flamingo que vive em Galápagos, é possível
constatar a Teoria da Evolução das Espécies a olho nu. As asas,
Vida marinha hoje curtas, perderam a capacidade de voar porque a fartura
É possível nadar entre ani- de peixes na região lhe tirou a necessidade de ir longe, em
mais de grande porte e em busca de alimento.
ambientes intocados. Em Em 1835, o jovem biólogo e geólogo inglês Charles Darwin
qualquer mergulho livre en- tinha apenas 26 anos e integrava uma expedição a bordo do
contram-se iguanas, pingüins, navio britânico HMS Beagle. Ao chegar ao arquipélago de
tartarugas, várias espécies de raias Galápagos, surpreendeu-se com a quantidade de animais
e peixes tropicais. É freqüente a e plantas que desconhecia. Quando soube que as tartaru-
presença de tubarões galha-branca, tu- gas gigantes eram diferentes em cada ilha do arquipélago,
barões-martelo, raias-chita, moréias, tarta- passou cinco semanas coletando espécies em quatro ilhas.
rugas, raias-manta e milhares de leões marinhos. De volta à Inglaterra, constatou que também os tentilhões
Curiosos golfinhos e lobos marinhos costumam fazer apresentavam diferenças marcantes entre si: o tamanho dos
companhia para os mergulhadores. bicos das aves variava de acordo com a dieta de grãos que
havia em cada ilha.
Hospedagem Em 1859, 24 anos depois de sua visita às ilhas encantadas,
Além de Quito, as ilhas habitadas têm bons hotéis. Uma opção Darwin apresentou ao mundo, no livro “As Origens das Es-
é se hospedar nos iates, que têm todo o conforto dos hotéis, pécies”, a teoria da seleção natural, em que baseia a Teoria
dando mais mobilidade aos passeios. da Evolução das Espécies. Ele explicou que organismos com
certas características favoráveis tinham mais chances de so-
breviver do que outros que não tinham os mesmos traços.
Essas características positivas resultariam na formação de uma
nova espécie, melhor adaptada a seu ambiente.

34 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • Equador

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Integração

Equador: 2º destino das


exportações de serviços
O BNDES trabalha no processo de integração com os vizinhos latino-
americanos, juntamente com o Ministério das Relações Exteriores
Criado em 1990, o BNDES-Exim, Ângela Regina Pereira de Carvalho.
programa de apoio às exportações Expositora do painel I do Seminá-
brasileiras do Banco Nacional de rio Bilateral de Comércio Exterior
Desenvolvimento Econômico e e Investimentos Brasil-Equador,
Social – BNDES, já pode ser consi- que concedeu entrevista à revista
derado um projeto de êxito. Entre da FCCE após a sua apresentação.
as ações implementadas destaca-se Entre as informações prestadas, ela
o crescente estímulo à atuação de destacou que o Equador é o segundo
empresas brasileiras na América destino das linhas de financiamento
do Sul, que responde à necessida- pós-embarque do BNDES.
de estratégica de ampliação dos
laços comerciais e financeiros no
continente e amplia o mercado das Angela Carvalho, do BNDES, no seminário
Dados divulgados recentemente
empresas brasileiras beneficiárias pelo BNDES apontam aumento na
pacitação de divisas. Só que a partir dessa
deficiência – e quando digo deficiência,
dos financiamentos do BNDES. liberação de financiamentos para
me refiro ao continente latino-americano
projetos no exterior. Nesse contex-
De fato, desde o início das opera- como um todo – nasceu um instrumento
to, qual a fatia destinada a projetos
muito forte, que é o Convênio de Cré-
ções, os desembolsos das linhas de na América Latina?
dito de Pagamentos Recíprocos – CCR
AC-A América Latina, em particular a
exportação no BNDES foram ex- –, surgido no seio da Associação Lati-
América do Sul, representa uma das par-
no-Americana de Integração – Aladi. O
pressivos no continente, chegando celas mais importantes do apoio à Linha
CCR nasceu no início da década de 70, a
de Exportação de Pós-Embarque (criada
a representar 100% dos destinos em partir da percepção de que eles poderiam
em setembro de 1993). Isso se dá em razão
minimizar o impacto que a busca por di-
da proximidade – questão logística –; da
1992 e 1993.Com a criação do De- visas poderia causar nas suas economias.
capacitação dos nossos exportadores, que
partamento de Comércio Exterior Sabemos que a busca de divisas acarreta
sabem explorar essa vantagem, pois já têm
uma série de problemas econômicos como
conhecimento desses mercados; e, por
do BNDES, em 2003, o continente inflação, juros entre outros.Visando dimi-
último, a questão da garantia.
nuir os impactos que a captação de divisas
sul-americano tornou-se prioridade
pode gerar, resolveu-se criar, então, uma
Por que a questão da garantia?
máxima do Governo Federal. Essa é AC-Os nossos vizinhos têm problemas
câmara de compensação. Dessa forma,
passou-se a não ser mais necessário que
a análise da Chefe do Departamento muito semelhantes aos nossos. Por dé-
países, como o Brasil, fossem ao mercado
cadas, estamos lutando para conseguir o
de Comércio Exterior do BNDES, investment grade e isso tem reflexo na ca-
internacional para conseguir moeda forte

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • Equador 35

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Integração

dos países vizinhos. Esse instrumento é Há, ainda, uma pauta bastante grande de Somos, no entanto, apenas o facilitador das
assinado pelos Bancos Centrais de todos projetos em desenvolvimento, como o operações. Não fazemos análises de pro-
os países que compõem a Aladi. Com isso, aeroporto de Tena (localizado na região da jetos. Cabe ao país definir as prioridades,
deixava-se de ser exigido o aval de um Amazônia Oriental), uma via hidrelétrica analisar se aquele projeto é viável e, assim,
agente financeiro brasileiro com limite (Toachi-Pilatón), o projeto multimodal nos dar a garantia. Esse processo envolve
para operar com o BNDES, ficando o risco Manta-Manaus – que vai abranger rodovia dois tipos de operação. Um fica na esfera
com os Bancos Centrais. Nessas operações, e hidrovia –, entre outros.Temos, portan- privada e depende de um banco de grande
houve ainda a redução da taxa de desconto to, um conjunto diversificado de projetos porte que assuma os riscos da operação.
em troca da equalização e a eliminação do que vai permitir não só a integração entre A segunda modalidade é obtida através do
direito de regresso sobre o exportador, já Brasil e Equador, mas também a do Equa- Fundo de Garantia à Exportação – FGE e
que são os bancos centrais que garantem dor com outros países. Permitirá, ainda, a ela precisa de um aval do Comitê de Fi-
reciprocamente a liquidação dessas dívidas. própria integração interna desse país. nanciamento e Garantia das Exportações
O interessante é notar que na história do – COFIG, que é um grupo de ministérios,
CCR, apenas em algumas situações, muito Quais seriam os critérios para que presidido pelo MDIC, que vai analisar os
pontuais, houve problemas. Digo que, seja aprovada ou não a liberação pedidos. Essas operações são levadas pela
desde 1990, não há default. Veja o caso do de financiamentos para empresas Seguradora Brasileira de Crédito à Expor-
Equador, que é o segundo país no destino brasileiras que queiram investir no tação – SBCE. O COFIG acatará ou não
das nossas exportações de serviços. Isso só país? a solicitação de garantia. Se aprovada, nós
é possível porque o Equador utiliza 99% AC-O BNDES faz financiamento à expor- liberamos o financiamento. É claro que
das suas operações de importação via ga- tação. Apoiamos e fechamos uma operação sempre que se verificar a ocorrência de
rantia de CCR. Afinal, estamos falando de quando há um importador interessado e problemas pontuais, sejam eles de ordem
operações de longo prazo, como logística, um exportador pronto para atender a de- da política interna de determinado país ou
energia e transportes, e essa operação faz terminadas demandas desse importador, e de outras naturezas, pode ser que ocorram
com que haja rapidez para os andamentos quando são verificadas as condições neces- entraves à liberação. Pela nossa experiên-
dos projetos, com um custo mais barato. sárias para a realização dessa exportação. cia, isso não vem sendo uma prática.

É possível mensurar o peso do BN-


DES para o processo de integração
regional?
AC-A partir de 2003, o BNDES deu um
upgrade no processo de integração com os
nossos vizinhos. O projeto de integração
regional passou a ser mais estimulado. Foi
criado o departamento, onde eu trabalho,
que trata especificamente da integra-
ção. Assim, estamos trabalhando com o
Ministério das Relações Exteriores, nas
suas relações institucionais e junto com o
Ministério do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio Exterior, nas suas relações de
comércio bilateral. Estamos presentes,
ainda, nas reuniões bilaterais. Em suma, a
pauta de integração passou a ganhar muita
importância nestes últimos quatro anos.

Qual o atual panorama da iniciativa


para a integração da infra-estrutura
regional sul-americana?
AC-O Equador tem uma pauta muito
grande de projetos. Temos exportação
de aviões, projetos de irrigação, venda
de veículos para a polícia daquele país,
captação de água e usinas hidrelétricas.

36 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • Equador

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Negócios

União da América do Sul


é necessária
A aglomeração dos países em blocos e o incremento do comércio regional
são tendências mundiais
Arthur Pimentel é formado em
engenharia e em administração de
empresas e especializou-se em
marketing internacional e comércio
exterior, área na qual dedica-se há
33 anos. Atualmente é o Diretor
do Departamento de Operações
de Comércio Exterior – DECEX,
do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior. O
DECEX é responsável por ope-
racionalizar toda a importação e
Segundo Pimentel, Diretor do DECEX, atualmente, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Co-
exportação do país, por meio da mércio Exterior faz um trabalho bem-sucedido na promoção dos produtos brasileiros para exportação

implantação de mecanismos e fer-


grado de Comércio Exterior – Siscomex Entende-se que a verticalização total
ramentas de incentivo ao comércio funcionando plenamente. Ele agrega a de um setor não é boa. É importante
exterior. Nessa entrevista, Arthur Secretaria de Comércio Exterior e o DE- diversificar os fornecedores e os clientes
CEX como gestores, além de integrar os finais: esta é a inteligência moderna. Um
Pimentel fala sobre a relação co- cadastros da Receita Federal e do Banco país dinâmico, atualmente, pauta-se pelo
mercial entre Brasil e Equador, Central. Assim, podemos fazer todo o fluxo de comércio exterior, pelo volume
controle das importações e exportações comercializado, e não apenas pelas expor-
sobre Mercosul e integração regio- brasileiras por um só sistema. tações. Entendemos que não é bom ser
nal. Para ele, a união da América muito superavitário. O equilíbrio é mais
Como reverter o quadro de de- interessante.
do Sul é necessária e deve ser feita sequilíbrio da balança comercial
com toda a cautela, respeitando o Brasil-Equador, que é muito supe- Em que setores o Brasil pode traba-
ravitária para o Brasil? lhar para chegar a este equilíbrio no
tempo e os processos particulares AP- O papel do Departamento de Ope- caso do Equador?
de cada país. rações de Comércio Exterior é equilibrar AP- O Ministro, interino, do Desenvol-
essa situação. O empresário brasileiro tem vimento, Indústria e Comércio Exterior,
condições de comprar mais, ao contrário Ivan Ramalho, também presente neste
do que acontecia na década de 70, por seminário, citou um sistema dentro da
exemplo, quando era necessário fechar as Secretaria de Comércio Exterior que pro-
Como o DECEX apóia o exporta- importações. Hoje, estimula-se a impor- cura tirar uma radiografia do mundo. Se,
dor? tação e nós ajudamos, fazendo missões e por hipótese, o Brasil compra rolamentos
AP- Hoje, estamos com o Sistema Inte- procurando produtos complementares. automotivos da Alemanha e temos opor-

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Negócios

tunidade de diversificar essa importação intuito do Brasil é integrar todos e fazer de 2007, foi aprovado. O esforço é para
com fornecedores equatorianos, o sistema um grande bloco da América do Sul. O ajudar, se estiver dentro das nossas con-
vai traçar um diagnóstico, verificando se há ideal seria consolidar cada bloco e, depois, dições. Cada país vai ter uma necessidade
problemas de logística, de escoamento de reuni-los, já com suas arestas aparadas. diferente, dependendo da sua maturidade
produtos. Com tudo verificado, podemos De qualquer forma, o fundamental é que política e econômica e do equilíbrio no tra-
não só trocar de fornecedores, como agre- todos estejam mais fortes em um bloco to político. Nosso Ministério das Relações
gar e diversificar os países com os quais unido. Exteriores é muito competente para isso.
trabalhamos neste segmento.Verificamos, Hoje, a liderança brasileira na América
também, se existem barreiras comerciais A integração é uma das grandes do Sul não é uma meta. É um perfil que
e o que podemos fazer para tornar o co- metas do governo Lula.... estabelece isso. Somos um grande mer-
mércio mais atraente para os dois países. AP- O Brasil tem sido uma locomotiva cado, temos uma indústria avançada, PIB
Se houver competitividade, basta focarmos neste processo. Vem desenhando este elevado, balança comercial superavitária,
no mercado que nos interessa equilibrar. caminho de forma muito expressiva. O estabilidade econômica e o risco-país está
Ministério do Desenvolvimento tem um em fase de manutenção.
O senhor poderia citar um exemplo, papel muito importante, que é o de aglu-
no caso do Equador? tinar. Se não temos todas as ferramentas O que o senhor pensa da criação
AP- As flores são um ótimo exemplo, para trabalhar o comércio exterior, pois do Banco do Sul, que vem gerando
mas falta fazer um trabalho de promoção muitas vezes foge da nossa competência controvérsias?
da importação, como fazem os japoneses. – há coisas que são responsabilidade da AP- Este não é exatamente um assunto do
Hoje, fazemos um trabalho extremamente Receita Federal, por exemplo –, nós pro- Ministério, tampouco do Departamento
profissional e bem-sucedido na promoção curamos estes órgãos e tentamos trabalhar Operacional, mas esta é uma das rubri-
dos produtos brasileiros para exportação. em conjunto. cas neste grande desenho da integração
Estamos chegando no estágio de incentivar regional. Se as negociações integradoras
o fluxo das informações do outro país para “Hoje, a liderança brasileira na continuarem avançando, isso seria um
que possamos comprar deles. Na área de instrumento facilitador para as transações
serviços, que é da responsabilidade da América do Sul não é uma meta. comerciais, bancárias. Podemos, também,
Secretaria de Comércio Exterior, há o É um perfil que estabelece isso. usar um dos bancos já existentes em um
turismo, setor bastante interessante no Somos um grande mercado, temos dos países para fazer um laboratório e
Equador. medir, de forma mais real, a necessidade
uma indústria avançada, PIB de se criar um outro organismo. É preciso
As negociações para a entrada do elevado, balança comercial supe- conversar, negociar muito, respeitar os
Equador no Mercosul devem gerar ravitária, estabilidade econômica diferentes ritmos de cada país, e nenhum
queda de tarifas e conseqüente in- deles pode ser muito rígido
e o risco-país está em fase de ma-
cremento comercial?
AP- Geralmente, essas conversas são nutenção” A infra-estrutura ainda é um pro-
longas. O estabelecimento do próprio A r t h u r P ime n t e l blema para a integração?
Mercosul consumiu muito tempo até a AP- Existe uma tendência mundial de
estruturação e a zona aduaneira livre ain- Que tipo de ação o Brasil vem integrar em blocos para facilitar a entrada
da não é realidade. Por enquanto, é um realizando para incentivar a inte- e saída de mercadorias. O Brasil sempre
projeto de trânsito livre que se está cons- gração? teve o grande sonho de ter uma porta
truindo, e vem progredindo bastante. É AP- Recentemente, fizemos uma mis- para o Pacífico, mas somente agora o
preciso contornar e superar diversos tipos são para a Bolívia e outra para Cuba. O momento é propício para fazer este tipo
de problemas, como fronteiras e políticas Brasil não foi oferecer mercadorias, mas de investimento. O BNDES, por exemplo,
externas diferenciadas. Além disso, países produtos de apoio e financiamentos para vem aportando recursos robustos para
como Chile, Colômbia e Equador ainda exportações. O Presidente Lula ofereceu que se construam importantes obras de
estão sob regime da Comunidade Andina um financiamento de US$ 200 milhões infra-estrutura – pontes, túneis, rodovias,
de Nações, o que nem sempre será com- para Cuba, sendo US$ 100 milhões hidrovias – que vão ajudar na passagem de
patível com o Mercosul. adiantados. O BNDES entendeu que as mercadorias, no fluxo desses produtos.
garantias oferecidas não se adequavam às Essas obras vêm acontecendo em outros
É possível pensar, a longo prazo, em condições mínimas necessárias para nós. países, como Bolívia, Venezuela e Chile e
uma união da Comunidade Andina O Ministério interferiu, foi explicar que vão ajudar muito na integração, sobretudo
de Nações e Mercosul? tipo de garantias precisávamos, realizamos agregando o Acre e os países da Amazônia
AP- Seria muito saudável. O grande várias negociações, até que o empréstimo, Legal. Ninguém foge da tendência.

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Desenvolvimento

Nações querem progredir juntas


Países buscam o equilíbrio na balança comercial e a cooperação em
diversas áreas, como saúde, educação, turismo,TI e comércio

Para o Ministro da Embaixada do Equador no Brasil, Juan Pablo Valdivieso, as boas relações mantidas entre Brasil e Equador podem ser ainda melhores

J
Equilibrar e incrementar a balança comercial entre uan Pablo Valdivieso é a segunda autoridade de seu país no
Brasil. Apesar de formado em direito, sempre dedicou sua
Brasil e Equador foram temas de consenso durante carreira ao comércio exterior. Por isso, preocupa-se com o
o Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Inves- déficit acentuado que seu país apresenta em relação ao Brasil, que
exporta muito mais para o Equador do que importa. “Neste ano,
timentos Brasil-Equador, realizado em junho pela
as transações comerciais entre os dois países devem ultrapassar a
FCCE. O Diretor do Escritório Comercial e Ministro marca de US$ 1 bilhão, mas apenas US$ 30 milhões são produtos
da Embaixada do Equador no Brasil, Juan Pablo Val- equatorianos importados pelo Brasil”, revelou. Entre estes produ-
tos estão flores, sobretudo rosas, petróleo, atum, medicamentos,
divieso, acredita que as boas relações mantidas atual- cacau, balas e caramelos. Valdivieso explicou que o Equador
mente poderiam ser ainda melhores.Valdivieso aposta produz um cacau aromático que não existe no Brasil. Até alguns
anos atrás, o maior fornecedor do Brasil era a Costa do Marfim,
no sucesso da integração sul-americana, mas crê que afetado pela infecção da lavoura cacaueira daquele país pela praga
o processo deve ser feito de forma lenta, respeitando conhecida como “vassoura de bruxa”. Assim, o Equador passou a
ser um dos fornecedores de cacau para o Brasil.
as limitações e características de cada país envolvido. Outro produto em que Valdivieso aposta são as rosas. “O Brasil
Comprometido com o meio ambiente, defendeu a importa rosas da Colômbia e do Equador, mas a Colômbia só
produz as vermelhas. O Equador cultiva as mais lindas cores de
adição de biocombustíveis à gasolina produzida no rosas do mundo,” orgulha-se. “Além disso, os caules são maiores,
Equador, como forma de reduzir os impactos econô- o que dá maior qualidade às flores, sobretudo para a exportação.”
Durante o painel I do seminário, o ministro da embaixada apre-
micos, sociais e, sobretudo, ambientais. sentou um interessante estudo sobre produtos que demandam

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • Equador 39

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Desenvolvimento

importação por parte do Brasil e o quanto


o Equador poderia fornecer. A logística de
transporte ainda é uma questão a ser apri-
morada. Como qualquer aluno brasileiro
do ensino fundamental sabe, Equador e
Chile são os dois únicos países da Améri-
ca do Sul que não fazem fronteira com o
Brasil. Estudando um pouco mais, fica-se
sabendo que, mesmo com fronteira, há
lugares em que não há garantias de trans-
porte regular, para que se estabeleça uma
relação comercial de sucesso. Por isso, a
integração regional tem sido uma meta no
governo Lula e vem recebendo o apoio de
outros países.

Rio, mar e ar
O Equador tem um projeto aprovado
pela iniciativa de Integração Regional (cidade de maior atividade comercial) e é necessário realizar um longo procedi-
Sul-Americana para desenvolver um cor- Rio de Janeiro. “A exportação de flores mento, estabelecendo um ordenamento de
redor bioceânico, do porto de Manta (no com certeza seria bastante impactada, metas e avaliações, como fez a Venezuela,
Equador) até Manaus, utilizando o Rio pois as rosas são produtos frágeis, que recentemente.
Amazonas para chegar ao Atlântico. “Os precisam de muita agilidade no transporte “A Venezuela até já se afastou da Co-
governos têm conversado muito sobre para preservar sua qualidade. Além disso, munidade Andina de Nações – CAN, para
esse projeto, que deverá custar cerca de os vôos diretos vão incrementar o turismo poder integrar o Mercosul. A Bolívia fez
US$ 800 milhões, mas que interessa a to- entre Brasil e Equador”, prevê Juan Pablo um pedido especial, para ser titular pleno,
dos, pois permitirá que a América do Sul Valdivieso. mas sem deixar de fazer parte da Comuni-
tenha, finalmente, acesso aos dois oceanos dade Andina. Agora precisamos aguardar o
que banham o continente: o Atlântico e o
Pacífico. Isso é bom para todos os países”,
observa o ministro.
A utilização do Porto de Manta oferece
“ O projeto Manta-Manaus
deverá custar cerca de US$ 800
milhões, mas permitirá que a
desenlace desses pedidos para avaliar se é
o momento de o Equador formalizar seu
pedido”, disse o ministro.
O problema em fazer parte de mais
algumas vantagens. A mais importante de- América do Sul tenha acesso ao de um bloco econômico é que há normas
las é que, sendo um porto de águas abertas, tarifárias comuns entre os países membros,
Atlântico e ao Pacífico. E isso é


é adequado para barcos de grande porte, que são diferenciadas. E os países precisam
que fazem longos percursos. Atualmente, bom para todos os países escolher quais dessas normas vão adotar.
Manta é usado para comércio em geral, J u a n P a b l o V a l d i v ie s o “Os países do Mercosul precisam avaliar e
pois o porto petroleiro equatoriano fica negociar vários pontos e aprovar o ingres-
mais ao norte do país. A obra prevê o so de um novo país membro. O Equador
aumento da capacidade do porto, tanto Blocos econômicos tem interesse em integrar este bloco e de
para a ancoragem dos navios como para Outro fator que pode incrementar as estabelecer cooperação com o Brasil em
armazenamento de carga. relações comerciais entre os dois países diversas áreas, como saúde, educação,
Além do eixo hidro-rodoviário Manta- é a entrada do Equador no Mercosul. turismo, TI e comércio”, afirmou.
Manaus, uma ligação aérea direta também O país já participou de reuniões como Sobre tecnologia, Juan Pablo Valdivieso
ajudaria no comércio entre os dois países. observador, mas ainda não é um membro disse que o governo equatoriano está inte-
Hoje, só é possível chegar ao Equador titular do bloco. “Na última reunião dos ressado em adotar o software livre em todas
fazendo escala na América do Sul ou em países-membros do Mercosul, que acon- as instâncias públicas. E conta com a ajuda
Miami, o que torna a viagem muito one- teceu em janeiro deste ano, no Rio de do Brasil, por meio do Serviço Federal de
rosa e, em alguns casos, inviabiliza relações Janeiro, o Presidente equatoriano, Rafael Processamento de Dados – Serpro. “Os
comerciais. A empresa equatoriana TAME, Correa, mostrou-se simpático à idéia, mas trabalhos estão bem adiantados. Alguns
que importa aviões da Embraer, está o pedido oficial ainda não foi formalizado”, produtos são para uso do governo, mas
procurando um parceiro brasileiro para esclareceu Valdivieso. Uma vez que o não queremos apenas adotar o software livre
estabelecer vôos diretos entre Guaiaquil pedido seja efetuado oficialmente, ainda em nossas instituições governamentais.

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Desenvolvimento

Banco de Imagens Petrobras / Divulgação


Queremos multiplicar a experiência dos
telecentros para apoio à educação”, afirmou
Valdivieso.
O ministro da embaixada mostrou-se
empolgado com a idéia de implantar salas
gratuitas de informática, com computado-
res ligados à internet, para que alunos que
não têm acesso a essa tecnologia possam
ficar em igualdade com aqueles que podem
ter um computador em casa. “A inclusão
digital é totalmente necessária para o futuro
dessas crianças. Sem este conhecimento
elas estariam fora do mercado de trabalho
e o governo brasileiro está ajudando muito
nisso”, contou. O Equador também fechou
um acordo de cooperação sobre TV digital
com o Brasil. “O governo equatoriano quer
conhecer melhor essa tecnologia”, disse
Valdivieso.

Energia limpa
O petróleo é o principal produto do
Equador e, sem dúvida, o de maior peso
em sua balança comercial. O país tem boas
reservas e o Brasil tornou-se proprietário
de alguns blocos de exploração quando
adquiriu a Perez Companc. A antiga com-
panhia de petróleo argentina tinha ativos
no Equador que hoje pertencem à Petro-
bras Energia. O Bloco 18 é, atualmente, o
único em produção, já que os Blocos 31 e
ITT (Ishpingo-Tiputini-Tambococha) não
conseguiram licença ambiental para operar,
pois localizam-se dentro do Parque Nacio-
nalYasuní, importante reserva florestal. “A
Petrobras e a Petroequador estão estudando
alternativas, como abrir poços direcionais,
em vez de fazer as tradicionais perfurações
verticais. É mais caro, mas pode reduzir o
impacto ambiental”, informou o ministro.
“Neste momento, todo o mundo está
ciente de que o petróleo é um recurso Petrobras atua no Equador, país interessado nas pesquisas brasileiras relativas ao biocombustível
não renovável, e que, em algum momen-
to, vai acabar. Por isso, há coisas muito potencializar a indústria da cana-de-açú- não só por haver terra disponível, mas
interessantes na proposta brasileira dos car”, argumentou. “Isso sem contar com o por um interessante detalhe: no Equador,
biocombustíveis”, avalia Valdivieso. Como ganho paralelo em adquirir uma tecnologia particularmente nas regiões onde é pos-
exemplo, citou a mistura do etanol à extremamente bem desenvolvida pelo sível plantar a cana, as áreas são pequenas
gasolina, em substituição à nafta, usada Brasil”, completou. propriedades familiares que gerariam um
atualmente no Equador para alcançar a Segundo Juan Pablo Valdivieso, os impacto social importante. Isso afasta o
octanagem necessária. Atualmente a nafta estudos realizados até agora revelam que receio de que grandes proprietários de
é importada e representa custos altos para seriam necessários em torno de 50 mil terra pudessem explorar o trabalho dos
o país. “Além da economia e de deixarmos hectares para garantir a produção para o agricultores. “Os donos das terras seriam
de utilizar químicos contaminantes, iremos mercado local. Isso anima o país andino, os beneficiados,” conclui.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • Equador 41

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Multimodal

Saída para o Pacífico pode ser


concretizada
Corredor multimodal ligando os oceanos pode intensificar o comércio
entre Brasil e Equador
Integrar Brasil e Equador é, antes de
tudo, um gesto de reconhecimento
de irmandade entre os dois países.
Ao menos, essa é a visão do Supe-
rintendente-Adjunto da Superinten-
dência da Zona Franca de Manaus
– Suframa, Oldemar Ianck, um dos
participantes do Seminário Bilateral
de Comércio Exterior e Investimen-
tos Brasil-Equador. Criada em 1967,
a zona franca surgiu, inicialmente
como um projeto que viabilizasse o
desenvolvimento da região amazôni-
ca. Hoje, ela também atua como um
pólo de exportação e importação
importante para o Brasil. Palestrante
do painel III, Ianck disse, em entre-
vista concedida à revista da FCCE,
que o projeto de construção do
eixo intermodal Manta-Manaus vai
representar ganhos para o comércio
exterior brasileiro, sobretudo para a
Zona Franca de Manaus, em virtude


da proximidade geográfica existente
Vivemos um momento muito importante nas relações bilaterais entre
entre o pólo e o país sul-americano.
Brasil e Equador. Buscamos integração técnica, tecnológica, econômica e


Segundo ele, estreitar as relações
cultural por meio de eixos que passam por diversos países do continente
com o Equador, levará o Brasil a
alcançar a tão necessária saída para O l d em a r I a n c k

o Pacífico.

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Multimodal

Qual o peso da zona franca para o tanto para o exportador como para o aérea e marítima de Manaus. A partir do
comércio bilateral entre Brasil e importador. aprofundamento de todos os dados obti-
Equador? dos, será possível estruturarmos o projeto
OI – O comércio é muito tênue. As pers- Como será desenvolvido esse projeto definitivo.
pectivas de futuro são bem interessantes, de cooperação em termos de inves-
haja vista o projeto de construção de um timentos? Quais os avanços e entraves atuais
corredor multimodal, ligando o Oceano OI – Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio para o comércio exterior que tem
Pacífico ao Oceano Atlântico. Ele terá início Lula da Silva, e do Equador, Rafael Correa, como plataforma a Zona Franca?
no excelente Porto de Manta que, no mo- acordaram em criar uma comissão bilateral. OI – Vivemos um momento muito impor-
mento, está sendo ampliado. Em seguida, Essa comissão já reuniu-se no Equador e, tante nas relações bilaterais entre Brasil
ele vem via rodoviária até o rio Napo, no mais recentemente, se encontrou na sede e Equador. Buscamos integração técnica,
Equador, passando pelo Rio Amazonas, da Suframa, em Manaus (AM). Ela é forma- tecnológica, econômica e cultural por meio
chegando até Manaus. Há, também, inves- da pelos representantes da área de Relações de eixos que passam por diversos países
timentos no modal aéreo, com boas proje- Exteriores, tanto do lado brasileiro como do continente. Além disso, o próprio eixo
ções, sobretudo, em relação às importações do equatoriano, empresários, autoridades multimodal Manta-Manaus tem como base
de componentes para equipamentos eletro- das zonas francas dos dois países, diversas o Tratado de Paz entre o Equador e Peru
eletrônicos. Como muitos desses compo- instituições locais e representantes empre- (o tratado foi assinado, em 1998, entre os
nentes são oriundos da Ásia, eles hoje fazem sariais que atuam na área de logística na governos de ambos países. Esse processo
uma rota que envolve, primeiramente, o região amazônica. Participam, também, das recebeu a mediação do governo brasileiro).
aeroporto de Los Angeles, passando pelo reuniões funcionários do Banco Nacional Existe uma região dentro do Peru que faz
aeroporto de Miami, até chegar a Manaus. de Desenvolvimento Econômico e Social parte desse projeto multimodal, dessa
Se conseguirmos fazer com que essa rota – BNDES e de outras pastas ministeriais do forma, as relações bilaterais entre Peru e
venha da Ásia até o Equador, passando pelo Brasil e do Equador. Uma próxima reunião Equador vão se adensar. Assim, além de um
porto de Manta, ganharíamos bastante em será marcada, provavelmente dentro de eixo de integração econômico e social, ele
termos de redução de tempo, pois o trajeto aproximadamente um mês. também é instrumento para a paz dura-
aéreo de Manta até Manaus dura cerca de doura. É interesse de todos os países para
três horas. O projeto é ambicioso e vem É possível colocar em números o que isso ocorra, porque à medida que as
sendo discutido como meio de se acelerar volume de crescimento de fluxo relações de comércio, tecnologia e cultura
o desenvolvimento sócio-econômico da comercial entre os dois países com a vão se intensificando os laços de paz natu-
região que reúne uma população estimada concretização desse projeto? ralmente vão se fortalecendo. A nossa po-
de 225,2 milhões de pessoas. Desta forma, OI – Ainda não. Isso porque tudo está lítica externa foi sempre muito pragmática
os pólos de desenvolvimento se beneficiam sendo levantando, de forma preliminar, no sentido de fomentar a paz, o comércio
desta logística, combatendo, assim, um dos por essa comissão bilateral. As reuniões entre os nossos vizinhos, respeitando o
principais problemas enfrentados pela eco- serviram para trocarmos informações, por ideais de autodeterminação e soberania, e
nomia amazônica, que é o elevado custo de exemplo, quanto à entrada e saída de carga visando, sempre, à irmandade.
transporte para a importação de insumos e Embaixada do Equador / Divulgação

exportação de produtos acabados.

O objetivo é explorar os aspectos


de proximidade geográfica entre os
dois países?
OI – Com certeza. Além disso, vemos os
pontos positivos a partir do sentido inverso
dessa rota. O outro sentido dessa logística
vai permitir que a Zona Franca de Manaus
tenha um acesso rápido para o escoamento
dos seus produtos no próprio Equador e
nos países da costa do Pacífico, podendo
abranger a costa Oeste americana, além
de propiciar um contato mais rápido com
os países asiáticos. Dessa forma, projetos
como esse visam à otimização da logística, Um corredor multimodal ligando os oceanos Pacífico e Atlântico, além de se um eixo de integração
diminuindo custos e trazendo benefícios econômico e social, é também instrumento para a paz duradoura

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • Equador 43

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Energia

Cone Sul é foco da gerência


de integração de mercados
da Petrobras
Estatal brasileira quer aumentar produção de petróleo no Equador e
incentivar o uso de fontes alternativas de energia Banco de Imagens Petrobrás / Divulgação

A Petrobras Energia tem investimentos no território equatoriano superiores a US$ 460 milhões, com uma reserva de 67 milhões de barris

A Petrobras está presente no Equa- barris e uma produção de 12 mil exterior e integrar os ativos externos
dor desde 2002, quando comprou barris/dia. A Petrobras também com os do Brasil, tornando os novos
a companhia de petróleo argentina adquiriu ativos da Shell no Uruguai, negócios rentáveis. Historicamente,
Perez Companc, que já tinha ativos Paraguai e Colômbia, além de uma o crescimento de ativos da empresa
no país. A Petrobras Energia tem distribuidora de gás uruguaia. A dá-se nacionalmente. No entanto,
investimentos no território equato- função principal da gerência de in- especialmente no Cone Sul - que é a
riano superiores a US$ 460 milhões, tegração de mercados da Petrobras área de foco da gerência -, algumas
com uma reserva de 67 milhões de é congregar os ativos da empresa no companhias foram adquiridas.

44 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • Equador

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Energia

A
tualmente, a produção de petróleo direcionais, que têm como característica tem-se mostrado interessado nos bio-
da empresa no Equador tem ori- a perfuração horizontal que, neste caso, combustíveis. Foi fechado um acordo com
gem no Bloco 18, único que está teria que ser feita de fora do parque. O im- a Petroequador estabelecendo algumas
em plena produção. Dois outros blocos, portante, para o Gerente-Geral, é tomar áreas de interesse mútuo, e esta é uma
o 31 e o Ishpingo-Tiputini-Tambococha uma decisão conjunta com a Petroequador, delas. “Eles têm interesse em conhecer
– ITT, dependem de licenças ambientais avaliando bem todas as possibilidades. a experiência da Petrobras na área de
para funcionar. “Pretendemos investir para Segundo Vianna, a exploração do Bloco biocombustíveis e avaliar o que é possível
fazer a produção no Equador crescer um 31, que tem muitas sinergias com o bloco aplicar no Equador. Nós vamos ajudar a
pouco mais”, explica o Gerente-Geral de ITT, já era atividade da Perez Companc. implementar o que for mais adequado: de
Integração de Mercados da Petrobras, Flá- Uma das idéias é produzir o ITT através transferência de tecnologia a negócios”,
vio Gonçalves ReisVianna Filho. Os blocos do 31, minimizando o impacto ambiental. destacou Vianna.
se situam no Parque Nacional Yasuní, que “Vamos estudar todas as possibilidades, Flávio Vianna disse que seu objetivo,
tem 71% de seu territorio protegido por essa é uma delas”, garantiu. Ele disse que ao aceitar o convite da FCCE para parti-
severas leis ambientais. a empresa está juntando o máximo de in- cipar do Seminário Bilateral de Comércio
“A área é promissora, mas não é uma formações para poder fazer um programa Exterior e Investimentos Brasil-Equador,
área fácil de ser explorada, pois fica den- de desenvolvimento que atenda às necessi- é dividir a experiência da Petrobras e sua
tro de um parque nacional. A Petrobras e dades locais. Trabalho que já foi realizado história no exterior. Além disso, Vianna
a Petroequador estão conversando sobre na Amazônia, com sucesso. “A exploração apresentou um pouco da presença da
propostas que não irão impactar de forma de petróleo na selva é o cartão de visitas empresa no Equador, com o intuito de
acentuada a região”, contou Flávio Vianna. ambiental da companhia. Nós consegui- transmitir a confiança de que a Petrobras
Uma das alternativas seria fazer poços mos instalar uma estação de produção de vai ficar por um bom tempo naquele país.
gás, de onde extraímos e comercializamos “Esta é uma empresa que só entra em um
em postos dentro da selva, com real mini- país para ficar,” defendeu.
mização do impacto.” A Petrobras, dentro da sua estratégia
de internacionalização, tem como foco
Parcerias natural crescer para se tornar líder na
Recentemente a Petrobras ficou em América Latina. Por isso, a parceria com
uma situação delicada na Bolívia, quando o o Equador é estratégica. “Temos vários
presidente daquele país anunciou um pro- interesses comuns. Desde que tenhamos as
cesso de nacionalização, onde houve alte- condições necessárias para crescer juntos,
ração de legislação para alguns segmentos, vamos investir e considerar todo o tipo de
incluindo o de combustíveis. A reboque negócios”, finalizou.
dessa nacionalização veio a determinação
do governo boliviano de incorporar as
instalações da Petrobras. Flávio Vianna não Trajetória bem-sucedida
acredita que o mesmo possa acontecer no O carioca Flávio Vianna tem 48
Equador. “As negociações se seguiram e já anos e é Gerente-Geral de Integração
se chegou a um valor, e estamos no proces- de Mercados, cargo da área subordina-
so final de pagamentos e transferências”, da à Gerência Executiva do Cone Sul
garantiu. Para ele, o mundo está passando da Petrobras. Formado em Engenharia
“A Petroequador tem interesse por um período de preços elevados e os de Petróleo pelo Instituto Militar de
governos buscam maximizar sua renda. Engenharia – IME, Vianna ingressou
em conhecer a experiência
“Em alguns lugares isso significa ten- na Petrobras, em 1983, na área de
da Petrobras na área de tar se apropriar ao máximo da sua renda exploração e produção. Ali, começou
biocombustíveis e avaliar o que petroleira, que é significativa, sobretudo a trabalhar na Bacia de Campos e
é possível aplicar no Equador. no caso do Equador, que é um grande posteriormente, foi transferido para
produtor. Nós já passamos por aumento a sede, no Centro do Rio de Janeiro.
Nós vamos ajudar a implementar de impostos, que em última análise é se Em 1999, o engenheiro foi transferido
o que for mais adequado: da apropriar de uma parte dessa renda pe- para a área de estratégia corporativa
transferência de tecnologia troleira, mas nós temos confiança de que e, em 2003, foi trabalhar na área de
o investimento que estamos fazendo lá é negócio internacional, onde ocupou
a negócios” um trabalho sério”, afirmou. várias posições até tornar-se Gerente-
Flávio G. R. Vianna Filho Além disso, o governo equatoriano Geral de Integração de Mercados.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • Equador 45

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Comércio

Equador é fundamental na
integração sul-americana
Esforços devem vir dos setores governamentais e privados, que contam com
o apoio do DEPLA
Divulgar informações e traçar estratégias e planejamen-
tos que fomentem o comércio exterior brasileiro. Com
essas e outras atribuições específicas, o Departamento
de Planejamento e Desenvolvimento do Comércio
Exterior – DEPLA, órgão vinculado ao Ministério de
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, ob-
serva um futuro promissor para as relações entre Brasil
e Equador. Participando como palestrante do Seminário
Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos Brasil-
Equador, o Diretor do DEPLA, Fábio Martins Faria,
afirmou que o fluxo de comércio entre os dois países
passa por um momento especial, no qual busca-se via-
bilizar projetos que permitam uma maior diversificação
na pauta comercial, sobretudo por parte do país andino.
Para ele, o Equador é parte fundamental do processo
de integração comercial sul-americano, desenhado pelo
atual governo. O fato de ele ser um dos dois países do
continente que não estabelece fronteira com o Brasil
não deve ser encarado com um dado inibidor, pois é
preciso aproveitar as oportunidades que poderão advir
por intermédio de políticas de aproximação.
Fábio Martins Faria diz que as relações comerciais entre Brasil e Equador
carecem de incremento, em especial no lado das importações brasileiras

Como o senhor avalia a importância governamentais e privados dos dois países. dúvida, irá favorecer a ampliação do co-
desse seminário? O Brasil tem ampliado significativamente mércio bilateral.
FMF – O Seminário Bilateral de Co- o comércio com os países da América La-
mércio Exterior e Investimentos Brasil tina, o que favorece uma maior integração Durante a sua palestra, o senhor
- Equador, a exemplo dos anteriores, econômica, cultural e política. Durante mostrou que as relações comerciais
realizados com sucesso pela FCCE, cons- o evento foi possível conhecer melhor a entre Brasil-Equador carecem de
titui uma importante oportunidade para situação atual das relações comerciais e maior incremento, sobretudo no
reforçar os laços e aproximar os setores as oportunidades existentes, o que, sem lado das importações brasileiras de

46 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • Equador

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Comércio


produtos oriundos desse país. Essa que em 2006. Nossas exportações para a
é uma relação histórica?
Há espaço para aumentar as Aladi cresceram 13,7%, ao passo que as
FMF – É necessária uma atuação mais compras brasileiras dos produtos importações aumentaram 27,7%, ambas
efetiva das empresas equatorianas para di- equatorianos atualmente entre janeiro e abril de 2007, contra igual
versificar a pauta exportadora. Há espaço vendidos ao Brasil, pois em 2006 período de 2006. A integração econômica
para aumentar as compras brasileiras dos e cultural, por seu turno, tem-se eviden-
produtos equatorianos atualmente vendi- importamos mais de US$ 9 ciado cada vez mais. Exemplo disso é a
dos ao Brasil, pois em 2006 importamos bilhões de petróleo bruto e apenas integração energética, que está permi-
mais de US$ 9 bilhões de petróleo bruto US$ 5,7 milhões do Equador. tindo que a Argentina compre no Brasil
e, apenas, US$ 5,7 milhões do Equador. a energia que está faltando ao país; que
No caso dos medicamentos, nossas com- No caso dos medicamentos, o Brasil compre na Venezuela a energia
pras atingiram US$ 3 bilhões, mas as de nossas compras atingiram US$ para suprir o Estado de Roraima; ou o gás
origem equatoriana alcançaram apenas 3 bilhões, mas as de origem boliviano para abastecer a região Centro-
US$ 4 milhões. Esses números evidenciam Sul do País. Outro exemplo é o aumento
equatoriana alcançaram apenas


que há muito espaço para crescer, mas é das linhas aéreas ligando diversas cidades
necessário que os industriais e exportado- US$ 4 milhões brasileiras a cidades de quase todos os
res do Equador sejam mais agressivos na F á b i o M a rt i n s F a r i a países da América do Sul.
promoção de seus produtos no mercado
brasileiro. O que os empresários do setor de
campo do comércio exterior, e informa- comércio exterior brasileiro podem
A que o senhor atribui esse distan- ção é fundamental para a realização de esperar do DEPLA e do MDIC para
ciamento comercial? negócios. este ano e para os próximos?
FMF – O Equador e o Chile são os dois FMF –Temos uma ampla gama de ativida-
países da América do Sul que não fazem O senhor acredita que reforçar o des, especialmente na área de capacitação
fronteira com o Brasil, mas esse não deve comércio bilateral com o Equador e treinamento de empresários; difusão
ser um fator inibidor de um maior inter- pode fortalecer o projeto de in- da cultura exportadora; divulgação de
câmbio, pois nosso comércio com o Chile tegração regional, proposto pelo estatísticas e informações de comércio
tem crescido de forma muito expressiva. governo? exterior; além do desenvolvimento de
Creio que há necessidade de maior promo- FMF – A integração latino-americana é uma série de ferramentas eletrônicas que
ção das oportunidades de cada mercado, um processo irreversível, que vem ga- permitem ao exportador e ao potencial
inclusive por meio de eventos como o nhando corpo ano a ano. O volume de exportador conhecer melhor os merca-
seminário da FCCE, o que, sem dúvida, comércio evidencia esse fato. Em 2006, dos, pesquisar oportunidades e saber da
irá contribuir para expandir o intercâmbio a Associação Latino-Americana de De- evolução do comércio, das negociações,
entre os dois países. senvolvimento e Integração – Aladi foi o bem como das barreiras técnicas e ta-
principal bloco de destino das exportações rifárias. Temos parcerias importantes,
É possível, a médio prazo, reverter brasileiras, com 22,8%, ante 21,5% de tanto nacionais como regionais, que nos
esse atual quadro? Como o DEPLA 2005. Já nas compras externas brasileiras, permitem realizar os Encontros de Co-
pode contribuir para isso? a Aladi participou com 17,9% em 2006, mércio Exterior – Encomex, já na 117ª
FMF –Sim.As importações brasileiras têm contra 15,8% em 2005. Em termos de edição e que completará dez anos em
crescido a um ritmo bastante acelerado e, taxa de crescimento, houve elevação de setembro próximo. Contamos, também,
em 2006, cresceu percentualmente mais 24,4% nas exportações para o bloco e com o Portal do Exportador completa-
do que nossas exportações. As importa- de 41,7% nas importações. Além disso, mente reformulado e com o Vitrine do
ções brasileiras elevaram-se em 24,2% e estão em andamento importantes obras Exportador, o mais completo catálogo
as exportações em 16,2%, quando com- que favorecerão uma maior integração, de exportadores brasileiros. Estamos im-
paramos os resultados de 2006 com os de como a rodovia do pacífico. plantando o projeto Primeira Exportação
2005. A economia brasileira vem amplian- que visa dar apoio a novas empresas que
do o seu grau de abertura, sobretudo em As expectativas de aumento no queiram ingressar de forma sustentável
decorrência da forte valorização do real, o fluxo de comércio com os demais no comércio exterior. Nosso objetivo é
que torna os produtos importados muito vizinhos sul-americanos são as aumentar a base exportadora, favorecer a
competitivos em nosso mercado. Uma das mesmas? diversificação de mercados e de produtos
áreas de atuação do DEPLA é a divulgação FMF – Em 2007, o comércio com a comercializados com o exterior, e, com
de informações relevantes para a tomada América Latina continua se expandindo, isso, aumentar a produção, o emprego e
de decisão dos empresários nacionais no porém a um ritmo menos acelerado do a renda no país.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • Equador 47

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Competitividade

Comércio exterior brasileiro


está em alta
Brasil busca equilíbrio da balança com o Equador, país importante para o
processo de integração continental

Ivan Ramalho disse que o Brasil mostra fortes sinais de competitividade e aproveita as oportunidades trazidas pela política de diversificação de mercados

O comércio exterior brasileiro pas- volvimento, Indústria e Comércio ministro interino do MDIC (o Mi-
sa por um momento extraordinário, Exterior – MDIC, Ivan Ramalho, nistro da pasta, Miguel Jorge, estava
batendo recordes de exportações que participou do Seminário Bila- em missão no exterior), Ramalho
e mostrando um comportamento teral Brasil-Equador, realizado na disse que o Brasil tem mostrado
muito acima do previsto pelo go- sede da Federação das Câmaras de fortes sinais de competitividade e
verno. A análise é do Secretário Comércio Exterior – FCCE, no Rio tem aproveitado as oportunidades
Executivo do Ministério do Desen- de Janeiro. Ocupando o cargo de trazidas pela política de diversifica-

48 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • Equador

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Competitividade

ção de mercados, juntamente com se o Brasil conseguisse sanar os mui- crescimento global, as condições gerais de
tos problemas existentes vistos no competitividade do Brasil, nós conside-
o intenso fluxo de comércio global. campo da logística, da carga tribu- ramos as informações existentes dentro
Em entrevista concedida antes da tária, entre outros, poderíamos ter de cada setor, e as informações que nós
uma performance muito maior. O temos para este ano é que vai haver forte
sua participação na solenidade de
que o senhor pensa dessa análise? crescimento, o que pode ser comprovado
abertura do seminário, Ramalho IR – Há uma preocupação muito grande com os números do comércio exterior nos
saudou a iniciativa de se promover do governo para que se aumente a compe- primeiros cinco meses. O resultados dos
titividade, sobretudo em setores intensivos setores industriais são realmente bastante
o evento, pois o “Equador é um em mão-de-obra. Evidentemente, essas satisfatórios. Já o setor de produtos bási-
país importante para o processo de questões que você coloca, não prejudicam cos tem-se beneficiado com altos preços
muitos setores de modo geral. Mesmo cobrados internacionalmente.
integração continental”. Para ele, porque, é preciso considerar o desempe-
o maior desafio a ser enfrentado é nho dos preços internacionais. É claro que Como a Secretaria de Comércio
algumas empresas podem enfrentar um Exterior avalia as relações bilaterais
o enorme desequilíbrio comercial problema ou outro num cenário adverso, entre Brasil e Equador?
entre os dois países. No entanto, mas os preços dos seus produtos no mer- IR – Eu sou coordenador da relação bi-
cado internacional estão em alta. Há casos lateral que o Brasil tem com o Equador.
ele assegurou que o governo está em que isso não ocorre. Fui ao Equador há pouco tempo numa das
desenvolvendo projetos – como a reuniões do comitê bilateral. Nesse comitê
“Quando começamos o ano, temos trabalhado muito para aumentar o
implementação do eixo hidro-viá- intercâmbio comercial entre os dois países,
rio Manta-Manaus – para dirimir nós tínhamos uma previsão de sobretudo as importações. Temos batido
crescimento da ordem de 10,8%, recordes de exportações para o Equador,
esse problema. Confira abaixo, a
o que significaria exportações mas as importações ainda estão muito
entrevista: reduzidas. Por isso, o superávit brasileiro
de US$ 152 bilhões. E o que no comércio com o Equador é bastante
assistimos até agora, nos cinco grande. Esse quadro vem preocupando
primeiros meses, é um o Governo Federal que busca ampliar as
Qual é a expectativa do governo compras de produtos equatorianos.
crescimento superior a 15%”
brasileiro para o comércio exterior
no ano de 2007? I va n R a m a l h o Como o governo brasileiro pode
IR – Neste ano, as exportações continuam trabalhar para reverter esse qua-
crescendo de maneira bastante satisfató- Esse quadro se aplica a que seto- dro?
ria. Uma boa mostra da competitividade res? IR – O Itamaraty irá promover seminários,
brasileira vem sendo dada pelo próprio IR – Aos produtos manufaturados, uma abordando a substituição competitiva de
desempenho neste setor, alcançando áreas vez que eles exigem maior valor agrega- importações. Haverá conversas com seto-
outras que não os países tradicionalmente do. Já que as empresas têm que alcançar res privados e públicos, exatamente para
compradores de produtos brasileiros, mais eficiência e obter ganhos de escala, se buscar projetos e estudos que visem
graças a um permanente processo de não existe espaço para ganhos nos preços diminuir esse desequilíbrio tão grande.
diversificação. O que é relevante é que no mercado internacional. Isso é uma Além disso, estamos empenhados também
quando começamos o ano, nós tínhamos questão relevante. Acho que este ano em explorar a área de serviços. Eu sou
uma previsão de crescimento da ordem quase todos os setores expressivos na presidente do Comitê de Financiamento
de 10,8%, o que significaria exportações agenda comercial externa – com exce- e Garantia das Exportações –COFIG, e
de US$ 152 bilhões. O que assistimos ção de calçados e têxteis –, estão tendo nós temos um grande número de obras
até agora, nos cinco primeiros meses, um comportamento que supera a nossa no Equador.Temos, também, nos dedicado
é um crescimento superior a 15%, ou expectativa inicial. Grande parte dessas muito, participando de diversos trabalhos
seja, acima da nossa meta. Por isso, estou expectativas nos chega, individualmente, e reuniões para implementar o Projeto
muito otimista com o futuro do comércio de cada empresa de determinados setores. Manta-Manaus. Ele é, sem dúvida, um
exterior nacional. Quando nós elaboramos uma previsão projeto de grande importância para au-
anual de exportações de US$ 152 bilhões, mentar o processo de integração, não só
Especialistas e estudiosos do cenário ainda que considerando variáveis macroe- entre Brasil e Equador, mas também entre
econômico brasileiro afirmam que, conômicas, a questão de mercado mundial, outros países do continente.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • Equador 49

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Integração

Ganhos devem beneficiar


ambas as partes
União das Nações Sul-Americanas propõe uma diretriz integradora entre
os países do continente

Para o embaixador Virgílio Moretzsohn de Andrade o governo brasileiro tem total interesse em estreitar laços com o Equador

Para o Chefe do Escritório de Re- incentivar o setor de exportação do painel III durante o Seminário
presentação do Ministério das Rela- dos nossos vizinhos e, assim, sanar Bilateral de Comércio Exterior e
ções Exteriores no Rio de Janeiro, o os déficits históricos registrados são Investimentos Brasil-Equador, Mo-
Embaixador Virgilio Moretzsohn de aspectos primordiais para que se retzsohn de Andrade, que já serviu
Andrade, o processo de integração consiga uma aproximação sólida e no Equador logo nos primeiros
dos países da América do Sul, prio- duradoura. Esse projeto, conforme anos de sua carreira diplomática,
ridade para a política externa do assegura o embaixador, também concedeu entrevista à revista da
governo atual, passa, obrigatoria- contempla o Equador, um país que FCCE, na qual destacou o interesse
mente, pelos ajustes dos desequilí- apresenta sucessivos déficits em e entusiasmo do governo brasileiro
brios nas trocas comerciais entre as sua balança comercial com o Bra- em estreitar os laços entre os dois
nações do continente. Dessa forma, sil. Participando como presidente países.
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Integração

Que papel tem exercido o Minis- Americana de Nações – Casa, uma outra mos anos, sobretudo do lado das nossas
tério das Relações Exteriores para diretriz integradora. Dessa forma, dare- exportações, mas também foi registrado
o processo de integração regional mos aos nossos vizinhos do continente o crescimento das nossas importações.
atualmente? uma prioridade muito especial. Infelizmente, não tem sido o caso do
VMA – O MRE tem um departamento de Equador, cuja produção para fins de ex-
promoção comercial bastante ativo que Percebe-se que o senhor é um en- portação acaba coincidindo com a nossa.
tem procurado comercializar com os mais tusiasta. Por exemplo, o Equador é um grande
variados países do mundo. Além disso, o VMA – Sem dúvida, pois não iremos mui- produtor de banana, um produto que,
Itamaraty está envolvido e empenhado to longe sozinhos. Até mesmo o Brasil, certamente, o Brasil não precisa importar.
em criar condições para que os países da apesar do tamanho da nossa economia. Assim, fico feliz em saber que a Petrobras
América do Sul possam exportar para o Precisamos uns dos outros mutuamente. está explorando dois poços de petróleo
Brasil o que nós importamos de outras Por isso, é necessário fomentar a união no país, o que trará benefícios para ambas
partes. Eu mesmo, que trabalhei no Setor dos países. É claro que isso não é um as nações, tanto para o Brasil como para
de Promoção Comercial na Embaixada do processo linear. Volta e meia, verificamos o Equador.
Brasil em Quito, nos anos 70, já percebia na imprensa problemas e divergências


a enorme dificuldade em importar do de ordem política, como o ocorrido
Equador. recentemente na Bolívia e os atritos O MRE tem um departamento
recentes entre o Congresso Nacional e a de promoção comercial bastante
Como essa atividade está sendo Venezuela. De qualquer maneira, como o ativo que tem procurado
desenvolvida? Presidente Lula fez questão de observar,
não há ameaças nas relações entre esses
comercializar com os mais
VMA – Esse trabalho é feito por meio
do envio de equipes brasileiras a esses países. Continuamos a ter ótimas relações variados países do mundo. Além
países para nos auxiliar nesse esforço. comerciais com eles e pretendemos au- disso, o Itamaraty está envolvido
Entendemos que para crescermos juntos, mentar o nosso fluxo de comércio para
e empenhado em criar condições
é importante que haja ganhos de parte a os próximos anos.
parte, tanto do lado brasileiro como do para que os países da América do
lado dos nossos vizinhos sul-americanos. Como senhor avalia a evolução das Sul possam exportar para o Brasil
É por isso que está sendo consolidado, relações bilaterais entre Brasil e o que nós importamos de outras


por meio da criação da União das Nações Equador?
Sul-Americanas – Unasul, que substitui VMA – O comércio com a América do partes.
a antiga nomenclatura Comunidade Sul- Sul cresceu exponencialmente nos últi- Virgilio de Andrade

O presidente do Painel III acredita que as nações sul-americanas precisam umas das outras. Para ele é preciso fomentar a união desses países

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Relações Bilaterais

Comércio Exterior do Equador


ARTIGO ELAB O R A D O P E L A E QU I P E D O D E PA RTAMENTO DE

PLANEJAMENTO E D E S E N VO LV I M E N TO D O C O M É RCIO EXTERIOR

DA SECRETA R I A D E C O M É R C I O E X T E R I O R DO MDIC

No final da década de 1990 o Equador sofreu uma gra-


ve crise econômica causada por desastres naturais que
coincidiram com quedas no preço do barril de petró-
leo. O produto é responsável por cerca de metade das
exportações equatorianas e possui elevada importância
na geração do PIB. Em 1998, a exportação do país se
retraiu em 20,2% e contabilizou US$ 4,2 bilhões. O
saldo comercial, até então superavitário, registrou um
déficit de US$ 1,4 bilhão, com importações de US$ 5,6
bilhões. No ano seguinte, foi a importação do país que
sofreu uma grande queda, uma diminuição de 45,9%,
e somou US$ 3,0 bilhões. Isso causou uma retração na
corrente de comércio na ordem de 23,6%, totalizando
US$ 7,5 bilhões.

Em 2000, o Equador realizou reformas econômicas subs-


tanciais. A principal delas foi a substituição da moeda do país, o
sucre, pelo dólar dos EUA. A partir desse ano, o fluxo comercial
equatoriano experimentou sucessivos aumentos. Em 2006, a
corrente de comércio registrou o valor inédito de US$ 23,6
bilhões, com exportações de US$ 12,4 bilhões e importações
de US$ 11,2 bilhões. Resultando em um superávit comercial de
US$ 1,1 bilhão.
Em 2006, as exportações equatorianas foram impulsionadas
pelas altas nos preços internacionais do petróleo. No ano, a
venda de combustíveis minerais (petróleo bruto respondeu por
praticamente a totalidade do grupo) respondeu por 60% das
exportações do país, somando US$ 7,5 bilhões. Os demais prin-
cipais produtos exportados pelo Equador foram: frutas (total de
US$ 1,3 bilhão, participação de 10,2% na pauta), pescado (US$
703 milhões, 5,6%), preparações de carnes e peixes (US$ 533
milhões, 4,2%), plantas vivas e flores (US$ 449 milhões, 3,5%),
automóveis (US$ 340 milhões, 2,7%), preparações de produtos

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Relações Bilaterais

hortícolas (US$ 173 milhões, 1,4%), cacau e preparações (US$


168 milhões, 1,3%), madeira e obras (US$ 115 milhões, 0,9%)
e açúcar (US$ 87 milhões, 0,7%).
Os combustíveis minerais lideram a pauta de importações do
país, com total de US$ 2,5 bilhões, respondendo por 20,7% da
pauta de importação. Seguindo-se estão: automóveis (total de US$
1,4 bilhão, participação de 11,7%), máquinas e equipamentos
mecânicos (US$ 1,2 bilhão, 10,2%), maquinaria elétrica (US$
1,2 bilhão, 9,9%), ferro e aço (US$ 561 milhões, 4,7%), plásticos
e obras (US$ 561 milhões, 4,7%), produtos farmacêuticos (US$
465 milhões, 3,9%), produtos de ferro/aço (US$ 268 milhões,
2,2%), papel e cartão (US$ 258 milhões, 2,1%) e produtos quí-
micos (US$ 222 milhões, 1,8%).
O principal país a que se destinam as vendas externas equa-
torianas são os Estados Unidos. 53,3% (US$ 6,7 bilhões) das
exportações foram para esse mercado. Em seguida, os maiores
compradores são: Peru (participação de 8,2% no total, US$ 1,0
bilhão), Colômbia (5,6%, US$ 706 milhões), Chile (4,4%, US$
553 milhões), Itália (3,3%, US$ 422 milhões), Rússia (2,7%,
US$ 347 milhões), Panamá (2,7%, US$ 337 milhões), Venezuela
(2,5%, US$ 317 milhões), Espanha (2,3%, US$ 294 milhões) e
Alemanha (1,8%, US$ 222 milhões).
Relativamente à importação equatoriana, o Brasil é o terceiro
maior fornecedor ao país, com participação de 7,8% (US$ 873,3
milhões) nas importações. Essa participação subiu substanti-
vamente desde 2000, quando havia sido de 3,6%. O principal
país de origem das compras equatorianas são os Estados Unidos
(participação de 22,6%, US$ 2,7 bilhões), seguido pela Colôm-
bia (12,5%, US$ 1,5 bilhão). Após o Brasil, o maior fornecedor
é a China (com participação de 6,9%, US$ 828 milhões), em
seguida: Panamá (4,1%, US$ 491 milhões), Chile (4,1%, US$
491 milhões), Japão (3,8%, US$ 457 milhões), Coréia do Sul
(3,7%, US$ 447 milhões),Venezuela (3,6%, US$ 430 milhões) e
Argentina (3,5%, US$ 420 milhões).

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Relações Bilaterais

Intercâmbio comercial entre Brasil e


Equador – 2006
O maior valor anual registrado
no fluxo de comércio entre Bra-
sil e Equador foi o de 2006, US$
903,7 milhões, com crescimento de
22,5% em relação ao ano anterior.
O responsável por esse aumento foi
o crescimento das exportações bra-
sileiras. No ano, o Brasil exportou
o equivalente a US$ 873,3 milhões
ao mercado equatoriano, represen-
tando um aumento de 35,2% sobre
2005.

As importações nacionais de produtos


equatorianos são pequenas e contabili-
zaram US$ 30,4 milhões em 2006, re-
traindo-se em 66,8% em relação ao ano
anterior.
Assim sendo, o Brasil é historicamente
superavitário no comércio com o Equador
e registrou um saldo positivo de US$
842,9 milhões em 2006, 52,0% maior do
que o alcançado em 2005.
A posição do Equador no ranking
dos maiores destinos das exportações
brasileiras subiu de 37º, em 2005, para
34º, em 2006. No ano, a participação das
exportações para o mercado equatoriano,
em relação ao total exportado pelo Brasil,
foi de 0,64% ante 0,55% em 2005, ganho
ocorrido em virtude de a taxa de cresci-
mento das exportações brasileiras para o
Equador ter sido bastante superior à das
exportações totais do Brasil, de 16,2%.
Quanto à posição no ranking dos países
de origem das importações nacionais, o
Equador ocupou somente a 82º colocação

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Relações Bilaterais

em 2006 e foi responsável por 0,03% da


pauta total.
A pauta brasileira das exportações
ao Equador se compõe basicamente de
produtos industrializados (98,6% do to-
tal), distribuídos em semimanufaturados
(8,5%) e manufaturados (90,1%). No
comparativo de 2006 com 2005, os pro-
dutos manufaturados cresceram 38,1%,
os semimanufaturados aumentaram em
17,7%, enquanto que os básicos recuaram
em 6,5%.
Os principais produtos exportados
para o Equador, no ano de 2006, foram:
automóveis (participação de 12,8% da
pauta), aviões (8,8%), produtos semi-
manufaturados de ferro e aço (6,9%),
motores e geradores elétricos (6,1%),
laminados planos de ferro ou aço (5,8%),
polímeros de plástico (5,5%), chassis com
motor (4,3%), aparelhos transmissores e
receptores (2,8%), tubos de ferro ou aço
(2,7%) e papel e cartão (2,0%).
O expressivo crescimento das exporta-
ções brasileiras para o Equador foi decor-
rente, principalmente, dos aumentos de:
aviões (de zero para US$ 77,0 milhões),
tubos de ferro fundido (+823,4%, para
US$ 23,6 milhões), motores e geradores
elétricos (+439,0%, para US$ 53,2 mi-
lhões), papel e cartão em rolos e folhas
(+96,8%, para US$ 10,9 milhões), fios,
cabos e condutores elétricos (+79,4%,
para US$ 6,8 milhões), ácidos carboxílicos
(+78,2%, para US$ 5,7 milhões), pneu-
máticos (+73,0%, para US$ 6,7 milhões),
ligas de alumínio em bruto (+62,4%, para
US$ 9,1 milhões), instrumentos e apare-
lhos de medida (+54,2%, para US$ 5,6
milhões) e polímeros plásticos (+45,3%,
para US$ 48,2 milhões).
Do lado das importações, o Brasil com-
prou 67,6% de produtos industrializados
e 32,4% de básicos. Os produtos manu-
faturados cresceram 26,1%, enquanto os
semimanufaturados recuaram 86,7% e os
básicos, 86,5%.
Entre os itens que compuseram a
pauta, destacaram-se: petróleo em bruto
(18,8% das importações), produtos de
confeitaria sem cacau (16,6%), prepa-
rações e conservas de peixe (15,5%),

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • Equador 55

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Relações Bilaterais

medicamentos (13,1%), chapas e folhas de plástico (7,6%), fios


e fibras têxteis sintéticas ou artificiais (3,7%), ácidos carboxílicos
(2,0%), chocolate e preparações alimentícias (1,8%), resíduos
e desperdícios de alumínio (1,4%) e máquinas e aparelhos para
mineração (1,0%).
A acentuada diminuição nas importações brasileiras originárias
do Equador deveu-se à redução nas compras brasileiras de petró-
leo em bruto desse mercado (de US$ 70,3 milhões para US$ 5,7
milhões, redução de -91,9%).
A unidade da federação que mais exportou em 2006 para o
Equador foi São Paulo, com participação de 52,2% no total do
Brasil e soma de US$ 457,9 milhões. Minas Gerais foi o segundo
maior exportador, com participação de 12,8% (US$ 112,1 mi-
lhões), seguido por Rio Grande do Sul (8,0%, US$ 70,2 milhões),
Rio de Janeiro (7,5%, US$ 65,8 milhões), Santa Catarina (4,0%,
US$ 34,8 milhões), Bahia (3,5%, US$ 30,3 milhões), Paraná
(3,4%, US$ 29,8 milhões), Espírito Santo (1,8%, US$ 16,0
milhões), Amazonas (1,5%, US$ 12,8 milhões) e Ceará (0,3%,
3,0 milhões).
São Paulo foi, também, o maior importador de produtos
equatorianos, com participação de 47,4% na pauta brasileira e
total de US$ 14,4 milhões. Em seguida estão: Rio Grande do
Sul (participação de 22,1%, soma de US$ 6,7 milhões), Minas
Gerais (17,4%, US$ 5,3 milhões), Santa Catarina (6,4%, US$
1,94 milhão), Goiás (3,2%, US$ 966 mil), Rio de Janeiro (1,1%,
US$ 341 mil), Espírito Santo (1,0%, US$ 303 mil), Mato Grosso
do Sul (0,3%, US$ 100 mil), Pernambuco (0,3%, US$ 94 mil) e
Bahia (0,3%, US$ 90 mil).
O número de empresas brasileiras que realizaram exportações
para o Equador, em 2006, somou 2.206. Relativamente a 2005,
houve aumento de 64 unidades. Do lado das importações, 107
empresas realizaram compras de produtos equatorianos, coinci-
dentemente, a mesma quantidade de empresas de 2005.

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Painel I

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Curtas

economia brasileira que


contam com o apoio do
BNDES vêm demonstrando
forte aquecimento.
Segundo dados recentes
divulgados pela instituição,
os desembolsos totais
atingiram R$ 57,7 bilhões
entre junho de 2006 e maio
de 2007, uma expansão
de 26% no período.
Deste total, os setores
da agropecuária (R$ 3,9
bilhões), da indústria (R$ 30
bilhões) e o setor de infra-
estrutura (R$ 18,4 bilhões)
foram os que receberam as
maiores fatias. O restante
dos desembolsos (R$ 5,4
bilhões) foi destinado à área
social e às pequenas e micro
empresas.
Elysio de Oliveira Belchior, membro do Conselho Fiscal da FCCE, foi o sorteado e ganhou um aparelho de DVD

Sorteio de DVD Superávit comercial


Durante o Seminário No ano passado, o
Bilateral de Comércio intercâmbio comercial entre
Exterior e Investimentos Brasil e Equador somou
Brasil-Equador, foram mais de US$ 903 milhões,
sorteados dois aparelhos com superávit de US$ 842
de DVD. Os contemplados milhões para o Brasil, em
foram: Elysio de Oliveira importações e exportações.
Belchior, da Confederação
Nacional do Comércio Exportações facilitadas
– CNC e Maria Sistela, O site do MDIC
A Revista dos Seminários Bilaterais estudante do quarto período disponibiliza duas
do curso de Turismo da ferramentas para a empresa
de Comércio Exterior e Investimento, UniverCidade. A estudante que quer incrementar suas
organizados pela FCCE, é distribuída entre aproveitou para elogiar exportações. O Sistema
as mais destacadas personalidades, do a iniciativa da FCCE em Radar Comercial permite
realizar os seminários, fazer consultas e pesquisas,
Brasil e do exterior, que atuam no comércio sobretudo para estudantes levantando informações,
internacional. das mais variadas áreas. “É como preço médio do
uma ótima oportunidade produto, potencial do país
para que possamos conhecer importador, principais
Anunciar aqui é fazer chegar o seu produto os projetos que envolvem países concorrentes etc.
a quem realmente interessa, a quem os governos com quem o Já a Vitrine do Exportador
decide. Brasil tem relações. Esse divulga produtos
foi o décimo evento que mundialmente. Depois de
Procure-nos. participei”, disse. um cadastro, basta inserir
dados sobre a empresa
Tel.: 55 21 2570 5854 Desembolsos sobem 26% e sobre o item a ser
eduardo.teixeira@abrapress.com.br Os investimentos em exportado, incluindo fotos,
diversos setores da em uma espécie de “vitrine

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virtual”. O endereço é biodiversidade local. Isso Exploração adiada preservar o Parque Nacional
www.desenvolvimento.gov. quer dizer menos de 200 Embora assinados, em abril de Yasuní, um dos biomas
br. turistas por dia. Entre outras deste ano, acordos bilaterais mais importantes do mundo,
regras, não é permitido de parceria energética entre onde se situa o ITT.
DSE na balança comercial comer ou fumar nas ilhas. o presidente do Equador,
Desde junho, as informações Quando o visitante sai do Rafael Correa, e o presidente Chapéu Equador
sobre a balança comercial barco para visitar uma ilha brasileiro, Luiz Inácio Lula Bastante popular no Brasil,
brasileira são mais bem ou ilhota, leva uma sacola da Silva, foram adiados por sobretudo entre os sambistas
detalhadas. A razão e volta com todo o lixo um ano, segundo informou cariocas, o chapéu Panamá
desse processo está no produzido para o barco, o Ministro de Energia tem sua origem, na verdade,
novo perfil operacional que levará os dejetos para o equatoriano, Jorge Alban, no Equador. Confeccionado
desenvolvido pelo Sistema continente. em entrevista a um jornal por índios desde o século
Integrado de Comércio de Quito. A proposta de XVII, a partir de uma palha
Exterior – Siscomex, de Homenagem à Suframa exploração seria apresentada fina que cresce na região
responsabilidade do MDIC, A Suframa completa, em no próximo mês. de Guayaquil, há quem
Receita Federal e Banco 2007, 40 anos de atividades Inicialmente, o projeto seria acredite que a denominação
Central. As vendas para o (a entidade foi criada pelo realizado por intermédio da indumentária surgiu
exterior com valor abaixo decreto-lei nº 61.244, de de um consórcio formado devido ao fato de ela ter
de US$ 20 mil, realizadas 28 de agosto de 1967). pela Petrobras, a chinesa sido exportada diretamente
por Declaração Simplificada Para comemorar a data, o Sinopec e a chilena Enap. pelo Canal do Panamá.
de Exportação – DSE, Senado Federal realizou, Para desenvolver o campo No entanto, a mais famosa
irão somar-se ao total de no último dia 26 de junho, de Ishpingo-Tambococha- versão é aquela que cita
exportações brasileiras. uma homenagem na qual Tiputini – ITT –, que que a popularização do
Com a mudança, 3.776 foi destacada a importância mantém cerca de 1 bilhão de nome ocorreu quando
empresas que exportam do órgão para a economia barris em reservas, seriam o então presidente dos
somente por meio da brasileira e para a redução necessários US$ 3 bilhões Estados Unidos, Teddy
DSE passam a integrar das desigualdades regionais. em investimentos iniciais. O Roosevelt, visitou o canal
as estatísticas da balança A sessão foi realizada em país exige pelo menos US$ durante a sua construção,
comercial. Desse total, 67% conjunto com a Comissão 350 milhões por ano em usando o chapéu, e
é composto por micro e da Amazônia, Integração doações ou perdão da dívida fazendo, assim, com que
pequenas empresas. Nacional e Desenvolvimento para manter o campo de ele ficasse conhecido
Regional – CAINDR. petróleo inexplorado e assim internacionalmente.
Rosas coloridas Embaixada do Equador/Divulgação
O Brasil importa rosas
apenas de dois países:
Colômbia e Equador. A
Colômbia só produz rosas
vermelhas, ao contrário
do Equador, que tem uma
grande variedade de cores e
suas flores possuem um cabo
mais longo, o que aumenta a
qualidade do produto.

Visitas limitadas
Declarado Patrimônio
Natural de Humanidade,
pela Unesco, em 1978, o
Arquipélago de Galápagos
limita a entrada de turistas
a 70 mil visitantes por ano.
A medida visa preservar
a frágil e importante Acesso às belezas de Galápagos é limitado a 70 mil visitantes por ano, ou seja, menos de 200 turistas por dia

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Curtas

Federação das Câmaras de Comércio Exterior


Foreign Trade Chambers Federation
Fédération des Chambres de Commerce Extérieur
Federación de las Cámaras de Comercio Exterior

Conselho Superior
MembrosVitalícios

Antônio Delfim Netto

Benedicto Fonseca Moreira


Bernardo Cabral
Carlos Geraldo Langoni
Ernane Galvêas
Giulite Coutinho
Gustavo Affonso Capanema (Vice-Presidente)

José Carlos Fragoso Pires

Laerte Setúbal Filho


Milton Cabral

Paulo D’Arrigo Vellinho

Paulo Pires do Rio


Paulo Tarso Flecha de Lima

Philippe Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança


Theóphilo de Azeredo Santos (Presidente)

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