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DA TECNOLOGIA AO CONCEITO DE TRABALHO

Traduzido de Christophe Dejours, 1995

Trata-se aqui de examinar as relações de distinção entre técnica e trabalho, que não são sinônimos, face às
disciplinas especificamente implicadas na conceitualização de trabalho, em especial a ergonomia.

A primeira distinção refere-se à noção de ato. Sob a luz da investigação ergonômica, em especial a ergonomia
de língua francesa, somo levados a atribuir um lugar primordial à análise da atividade, diferenciando-a da
definição de tarefa. A tarefa é que deseja-se obter ou que deveria-se fazer. A atividade é, perante a tarefa, o
que é feito realmente pelo operador para tentar atingir, o mais perto possível, os objetivos fixados pela tarefa.
Em relação à técnica, o trabalho é caracterizado, por conseguinte, pelo quadro social de obrigações e de
limitações que o precede. Por diferença com um ato não situado em relação a uma prescrição, ou seja, um ato
referente a uma fabricação qualquer, o trabalho stricto sensu implica um contexto que contribui de maneira
decisiva para defini-lo. Também, no conceito de trabalho, substituir-se-á à noção de ato aquela de atividade
mais precisa e mais específica.

Por outro lado, a eficácia é certamente uma dimensão central comum à técnica e ao trabalho. Mas o trabalho
sempre é situado num contexto econômico. O critério isolado da eficácia da atividade sobre o real é
insuficiente para homologar uma atividade como um trabalho. É necessário ainda que esta eficácia seja útil.
Esta utilidade pode ser uma utilidade técnica, social ou econômica. Mas o critério utilitário, ou mesmo
utilitarista no sentido econômico do termo, é inexpugnável do conceito de trabalho.

É sobre este critério que pode-se estabelecer a distinção entre um lazer e um trabalho, entre o trabalho e o
não-trabalho. Jogar tênis, montar à cavalo, jogar bridge, etc., todas estas atividades implicam o uso de
técnicas. Mas se a eficácia técnica dos atos não está sujeita aos critérios de utilidade, está no domínio do lazer
ou do não-trabalho. É em relação a este critério utilitarista que se distingue a pessoa em férias do monitor.
Para este último, trata-se de uma atividade julgada e reconhecida não somente para a sua eficácia técnica,
mas pela a sua utilidade social e econômica (em proveito de um município ou um clube privado, por
exemplo).

O real como conceito (aporte da ergonomia)

Devemos agora abordar de maneira mais precisa que o temos feito até agora o conceito de “real”, na teoria da
técnica e no trabalho. Estivemos considerando equivalentes três termos: o ambiente físico, a realidade e o
real. Mas não podemos progredir na crítica dos pressupostos teóricos próprios a cada uma das abordagens do
fator humano, se não esclarecemos o conceito de real, que apresenta não somente um conteúdo teórico e
enigmático, mas que tem também implicações epistemológicas essenciais à nossa discussão.

Definiremos o real como “o que, no mundo, se ressalta pela sua resistência ao controle técnico e ao
conhecimento científico”.

Em outros termos, o real é aquilo sobre o qual fracassa a técnica, após todos os recursos técnicos terem sido
utilizados corretamente. O real está, por conseguinte, substancialmente ligado ao fracasso. É o que no mundo
nos escapa e se torna por sua vez um enigma a decifrar. O real se apresenta assim como um convite constante
ao trabalho de investigação e de descoberta. Mas, assim que dominada pelo conhecimento, uma nova situação
faz emergir novos limites de aplicação e de validade, assim como novos desafios ao conhecimento e o saber.
Consequentemente, o real não é da competência do conhecimento, mas o que está para além do domínio de
validade do conhecimento e o "know-how" atuais. O real apreende-se primeiro sob forma da experiência na
acepção de experiência vivida.

O real deve, por conseguinte, conceitualmente ser distinguido da realidade. A realidade é “o caráter daquilo
que não se constitui tão somente um conceito” mas um estado de coisas. A dificuldade lexical vem que o
adjetivo que corresponde à realidade é também: real. O que designamos por real aqui não é o caráter real de
um estado de coisas - a sua realidade - mas o real como substantivo. O real é a parte da realidade que se opõe
à simbolização.
A contribuição decisiva da ergonomia à teoria do trabalho é ter indicado o caráter incontornável, inexorável, e
sempre renovado do real no trabalho (A. Wisner, 1993). Trata-se, no plano conceitual, de um progresso cuja
importância é incomensurável e do qual as consequências para a abordagem do fator humano não foram, até
agora, corretamente assumidas, nem mesmo por certos ergonomistas que se encontraram em certa medida
ultrapassados pelas incidências teóricas e práticas das suas próprias descobertas.

Com efeito, “o real do trabalho” é uma dimensão essencial à inteligibilidade dos comportamentos e das
condutas humanas numa situação concreta. A falibilidade humana perante a tarefa é inevitável, dado que o
real não se faz compreender que sob a forma do fracasso.

E é precisamente, parece, esta noção de fracasso que falta na teoria ergonômica e na teoria do trabalho, noção
no entanto indefectivelmente ligada à do real. A prescrição, ou seja, aquilo que em ergonomia designa-se sob
o nome de tarefa ou modos operacionais prescritos, se ela nunca pode ser respeitada integralmente quando o
trabalhador se esforça para atingir os objetivos da tarefa, é precisamente devido ao real do trabalho. A tarefa,
ou seja, aquilo que se deseja fazer, não pode nunca ser atingida exatamente. É necessário sempre nenovar os
objetivos fixados no início. Tal é a demonstração feita pela análise ergonômica da atividade. Em outros
termos, o real do trabalho, se aceitarmos assumir as consequências teóricas do conceito, conduz à conclusão
que a atividade real contem sempre uma parte de fracasso face ao qual o operador ajusta os objetivos e a
técnica. O fracasso, parcial, é por conseguinte incluído fundamentalmente nos conceitos de eficácia e de
utilidade, fato ignorado pela a maior parte das concepções do fator humano.

Em direção a uma outra definição de trabalho

Perante o fracasso de uma técnica, de um "knowhow" ou um conhecimento, uma trabalhador pode se superar
e ganhar experiência com a sua falha. E de fato, “a atividade” real contem já uma parte de reajuste,
realinhamento dos modos operacionais perante a resistência do real, para chegar o mais perto possível dos
objetivos fixados pela tarefa. A atividade condensa, portanto, em certa medida o sucesso do saber e o fracasso
causado pelo real, num compromisso que contem uma dimensão de imaginação, de inovação, de invenção.

Na perspectiva assim aberta, podemos dar ao trabalho uma nova definição: “atividade coordenada útil”. Esta
nova definição enuncia-se nos termos seguintes: “O trabalho é a atividade coordenada realizada pelos homens
e as mulheres para fazer face ao que, numa tarefa utilitária, não pode ser obtido estritamente pela execução
da organização prescrita.” Esta definição contem as noções inicialmente retidas para caracterizar o trabalho.
Mas leva em conta de maneira mais precisa o real: aquilo que na tarefa não pode ser obtido pela execução
prescrita de maneira rigorosa. E insiste na dimensão humana do trabalho: é o que deve ser ajustado,
renovado, imaginado, inventado, acrescentado pelos homens e as mulheres para ter em conta o real do
trabalho.
III. - A noção de « atividade subjectivante » (aporte da etnografia industrial)

A noção de atividade subjectivante (subjektivierendes Handeln) deve-se à investigadores em ciências sociais


que se interessam especificamente à atividade operária, não somente nos sectores clássicos da produção, mas
também “nas novas tecnologias”, a condução de processamentos e a utilização das máquinas à encomenda
numérica (Böhle e Milkau, 1991). A propósito das indústrias de processamentos, mostram que se os
trabalhadores estão fisicamente na sala de controlo, mentalmente estão noutro lugar: estão junto da matéria
em transformação e têm necessidade, para o efeito, de um controlo sensorial da instalação.

A partir de dados empíricos, os autores fazem essencialmente levar a sua investigação sobre os tacit skills
(habilidades tácitas), a sua forma e os requisitos psico-sensoriais necessários ao seu desenvolvimento e a sua
eficiência em situação real de trabalho. Ou seja, muito especificamente, o que é levado a efeito pelos
operadores para fazer face ao que, na produção, não pode ser obtido pela execução estrita das instruções.

Mostram assim que as competências necessárias descansam sobre um funcionamento do pensamento e o


corpo que aumenta limpo “do pensamento selvagem” aos sentidos Lévi-Strauss (1962) e a sua expressão
específica na atividade bricolage. Ora a análise compreensiva e teórica destas atividades mostra que estes
últimos escapam em parte à consciência, muito em ser intencional. Em outros termos, sempre não são
simbolizadas, sendo controlado ao mesmo tempo. A inteligência do corpo e o pensamento comprometido
nestas atividades está frequentemente adiantamento sobre a consciência e symbolisation destes atos práticos.
Estes traduzem-se por conseguinte não somente pelo seu impato na matéria ou as instalações, mas em
regresso por por uma transformação ou uma marca que inscreve-se no assunto ele mesmo. Esta dimensão de
transformação do assunto pela atividade de trabalho, sem a qual nenhuma eficiência seria possível, levado os
autores a definir um conceito “de atividade subjectivante”, designando as atividades especificamente
implicadas pelos tacit skills que passam pelas transformações subjectivas do operador (estas transformações
subjectivas podem ser objectivadas graças a um protocolo de estudo específico).

O conceito de atividade subjectivante inscreve-se por conseguinte no ois “na crítica da racionalidade” já
evocada em introdução e que será incluído na segunda parte, e numa perspectiva coerente com a distinção
operada pela ergonomia de língua francesa entre tarefa e atividade, com a tradição sociológico compreensiva
essencialmente ilustrada por autores de língua alemão, e com “a crítica do momento decisivo cognitivo”
(Böhle e Milkau).

Reteremos sobretudo desta contribuição que empresta largamente à etnologia, que ás atividades Estado-
Membro questão na definição mesmo do trabalho não são réductibles à o que objectivou-se os nossos atos e
osso modos operacionais, e que tem suou descrição integral bem como tem análise IP dinâmica IP suou
aplicação passam também descascou análise DAS marcas destes atos sóbrio a transformação do assunto, por
um lado, descascaram análise costas contributos IP subjectividade alterada forma final costas modos
operacionais, por outro lado.

Em outros termos, o conceito de atividade subjectivante constitui a mediação conceptual que não cumpria
présupposés physicalistes sobre as interacções entre o homem e o posto de trabalho. Esta mediação permite
intercalar, entre a objectividade limpa ao mundo do ambiente ou o posto de trabalho e a objectividade da
expressão material do comportamento, um tempo de subjectivation - a atividade subjectivante - no qual
constrangimento objectivo e processo subjectivo apoiam-se mutuamente até no detalhe da sua dinâmica
interna, mas sem nunca estar a vir à extremidade do desvio entre as duas dimensões do comportamento
(objectivo) e a sua intenção (subjectivo).

Em resumo, do ponto de vista teórico, assumir as consequências do conceito de atividade nas investigações
sobre o fator humano, é fazer lugar na teoria do trabalho aos conceitos de:

- (resistência do) real


- fracasso (objetivo) ;
- compensação parcial do fracasso por processos que implicam a subjectividade, ou seja por processos
imprescritíveis, estrangeiros à ordem dos mecanismos e relativa limpa de uma produção psychique e cultural
que procede da experiência vivida e não a experimentação regulada: o engenho.
Estes conceitos, quem constituem dos elos intermédios da análise, conduzem-nos ao limiar de uma pergunta
teórica, central para a investigação sobre o fator humano, quem refere-se inteligência à mobilizada em
situação real de trabalho, ou “inteligência da prática”.
Se o conceito de atividade supõe um reajuste em relação prescrição à dada na tarefa, como caracterizar a
inteligência convocada perante a experiência do real, quem indica-se pelo fracasso prescriptibilité e a
concepção, por um lado, pelo carácter inédito do obstáculo a cruzar, por outro lado? Como caracterizar o que
na inteligência escapa à descrição por leis do mundo objectivo, ou seja o que é “anómalo”?

IV. - Real do trabalho e inteligência rusée (aporte da psicologia histórica)

É ainda do lado da antropologia que vamos encontrar elementos de théorisation sobre a inteligência da
prática. Mas esta vez é à psicologia histórica e a antropologia histórica que deve-se a conceptualização da qual
temos necessidade para uma teoria do fator humano. Caracterizar a inteligência mobilizada em frente do real
(à o que se indica pela sua resistência ao controlo pelos conhecimentos e o conhecimento disponíveis), é
recorrer à uma teoria da inteligência da prática do trabalho.

Esta forma de inteligência foi identificada e discutida pelos Gregos sob o nome de mètis. Trata-se de uma
inteligência essencialmente comprometida nas atividades técnicas, em especial as atividades de fabrico
(poïèsis). Esta inteligência é caracterizada por diversos traços (detenha e Vernant, 1974).

É mobilizada perante as situações inéditas, ao imprevisto, perante as situações moventes e variáveis.

Ilustra-se particularmente na atividade do caçador, na arte do navegador ou do médico.

Seu saltar é o engano.

É enraizada fundamentalmente no compromisso do corpo que funciona graças à uma espécie mimétisme com
os constrangimentos da tarefa (o que retorna muito precisamente à esta utilização “da sensibilidade”
analisada no conceito de atividade subjectivante).

É preocupada de poupar o esforço e privilegia a habilidade em detrimento da despregadura da força.

É inventiva e criativa.

1. Limite do conceuto de mètis. - O conceito de mètis é essencialmente descritivo. Dá conta que o uso
desta inteligência implica em relação ao compromisso da subjectividade muito inteira no esforço para fazer
face à situação e que contem de inesperada, de arriscado, de imprevisto. Mas este conceito não dá conta dos
processos cognitivos e afectivos mobilizados, de o seu retalho nem a sua articulação necessária para dar à esta
inteligência a sua eficiência (Salmona, 1991).

Uma parte da investigação actual em psicologia cognitiva de terreno esforça-se de apreender analiticamente
os elos intermédios dos processos em causa (aprendizagem pela descoberta, curso de acção, cognição
situada), mas reiterando a segmentação tradicional entre cognitivo e afectivo. De modo que não possuamos
hoje teoria constituída desta inteligência, para além da conceptualização da atividade subjectivante que é sem
dúvida o ponto mais avançado da investigação nesta direcção.

2. A inteligência da pratique « em quarentena ». Esta inteligência da prática, ou mètis, por


conseguinte é identificada formalmente desde os Gregos. Mas geralmente foi estudada pouco pelos cientistas
após a revolução das ciências experimentais. E ainda é um eufemismo, porque a mètis foi objeto de
verdadeiro ostracismo, de um descontentamento, de uma desconfiança ou mesmo uma condenação pelo
tribunal da ciência. Porque?

Abordamos aqui uma das componente comuns pressupostos teóricos das diferentes abordagens científicas do
fator humano no trabalho. A desconfiança, com efeito, em relação à mètis sobe Platão: “Se Platão põe tanto
cuidado a detalhar as componente do mestiço, é apenas para melhor expôr as razões que obrigam-o a
condenar esta forma de inteligência. Deve denunciar-se longamente a miséria, a impotência mas sobretudo o
dano dos procedimentos oblíquos, andamentos desviados e enganos da aproximação. É em nome de mesma e
única Verdade, afirmado pela Filosofia, que as diversas modalidades da inteligência prática encontram-se
reunidas numa condenação única e decisiva.
[ ... sem dúvida o sistema aristotélico vem corrigir a divisão traçada por Platão, dado que pôde-se, não sem
boas razões, reconhecer na teoria da prudência, exposto pela Ética à Nicomaque, uma vontade renouer com a
tradição dos rhéteurs e os sofistas, e com os diferentes conhecimentos sujeitados à contingência e voltados
para os seres sujeitos à mudança.

[ ... ] qualquer que sejam os perigos, permanece que, para o pensamento aristotélico, haver um conhecimento
sobre o inexato, ainda que, conformando-se ao seu objecto, este saber ele mesmo pode ser apenas inexato.
Porque já que as realidades da ciência necessaria e eternamente são que são, nula inteligência de carácter
prática pode ambicionar de atingir a um conhecimento estável: não há ciência possível deo que de
aproximadamente “não é limitado”. De certa maneira e com todas as reservas que acabamos de indicar, a
filosofia aristotélico reabilita sabê-lo conjetural e a inteligência que procede por rodeio.

[ ... ] não é também e sobretudo o sinal que a Verdade platoniana reléguant na sombra um toda uma plano da
inteligência com as suas maneiras limpas de compreender nunca realmente não cessou de assombrar o
pensamento metafísico do Ocidente? ” (Detenha e Vemant, p. 304-306).

O destino feito à este conceito de inteligência da prática pela tradição não exclui no entanto as ressurgências e
reencontra-se hoje o mestiço no meio do debate sobre “a crítica da racionalidade da ação” da qual já temos
feito menção plus haut. Tratando-se do trabalho, e da prática comum do trabalho, com efeito, o conjunto dos
problemas concretos encontrados pelos operadores não parece poder ser resolvido através dos conhecimentos
estabelecidos pelas ciências da natureza, porque o trabalho confronta precisamente os operadores ao mundo
real e não as únicas situações experimentais, artificialmente desenvolvidos pelos cientistas. É por esta razão
que é reposto em causa o paradigma das ciências aplicadas em proveito de uma investigação científica que
toma o terreno para ponto de partida (ciência de terreno, cognição situada, clínica do trabalho, ergonomia)
(Suchman, 1987-1988; A. Wisner, 1994 ; J. Theureau, 1992, L. Pinsky, 1992). Convocar a mètis no arsenal
teórico que permite dar conta do fator humano pode parecer insólito, ou mesmo obsoleto. Não é nada. Fazer
regresso sobre o conceito de mètis, é tentar evitar a construção de um corpus conceptual que passaria
indevidamente para inovador enquanto que corresponderia apenas à redefinição de concepções clássicas
excluídas durante um tempo das análises e os comentários científicos. A teoria da mètis é e residência o
pedestal de qualquer análise do engenho.

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