CABANAGEM
O período regencial brasileiro,
que se estendeu de 1831 a 1840,
consistiu num dos momentos mais
conturbados do Brasil Império. Além
da agitação política — caracterizada
pelo confronto de algumas ideologias
e interesses partidários —,
verificaram-se revoltas em diversas
regiões do país.
A Cabanagem foi um dos
movimentos que se desenvolveu
durante a Regência, de 1835 a 1840.
A rebelião, que ocorreu na província
do Grão-Pará, é freqüentemente
salientada pela expressiva
participação popular. De fato, o nome
do movimento remete às cabanas em
que vivia a população ribeirinha,
composta de mestiços, negros e
índios, que participou ativamente do
levante.
ÍNDIOS DO NORTE DA PROVÍNCIA DO GRÃO-
PARÁ
ANTECEDENTES
A Independência do país
despertou grande expectativa na
população da província do Grão-
Pará, que compreendia cerca de 80
mil habitantes. Indígenas, negros e
mestiços, que representavam
significativa parcela do povo da
região, esperavam o reconhecimento
de direitos, bem como o restante da
população aguardava uma maior
autonomia política da província.
Uma vez que não se
atenderam os anseios do povo do
Grão-Pará, verificou-se uma
insatisfação crescente, que deu
origem a uma série de revoltas e
conflitos sociais ao longo da década
de 1830. O governo local, que
também desagradava à população,
imprimiu duras reprimendas às
manifestações, instituindo medidas
como o recrutamento forçado
daqueles que se envolvessem nas
agitações e revoltas para servir nas
tropas governamentais.
Em novembro de 1835, os
cabanos se rebelaram de maneira
mais incisiva, tomaram Belém e
executaram as autoridades locais,
fazendo eclodir a Cabanagem.
BELÉM, CAPITAL DO GRÃO-PARÁ, À ÉPOCA DO
CONFLITO
OS GOVERNOS CABANOS
Estando no poder, os
revoltosos observaram determinada
dificuldade para que se mantivessem
na situação ou estabelecessem um
1
governo revolucionário. De fato,
evidenciou-se aquele que seria o
ponto fraco do movimento: a
divergência entre as lideranças.
O primeiro a assumir o
governo foi o fazendeiro Clemente
Malcher que acabou por jurar
fidelidade ao Império, opondo-se às
idéias mais libertárias dos demais.
Malcher foi executado e Francisco
Vinagre assumiu o poder. Vinagre
também traiu os interesses cabanos e
auxiliou o governo regencial na luta
contra os revoltosos. Estes se
refugiaram no interior da província,
reorganizaram-se, voltaram para
Belém e recuperaram o poder,
proclamando a República. Eduardo
Angelim assumiu a gestão; desta vez,
houve a tentativa de se estabelecer
um governo revolucionário mais
estável e capaz de governar a
província. Contudo, a carência de um
projeto bem estruturado de governo e
as divergências internas não
permitiram a estabilidade.
A REPRESSÃO
Em 1836, o governo regencial
conseguiu retomar o controle da
província, para o qual impôs novo
presidente.
A repressão foi violentíssima.
Bastava uma denúncia para que
alguém fosse considerado cabano e
se determinasse a sua execução. Os
cabanos, no entanto, somente foram
derrotados após cinco anos de
intensa luta. Algumas nações
indígenas quase foram exterminadas,
como os muras. Calcula-se que cerca
de 40% da população do Grão-Pará
foram mortos durante os conflitos.
Ainda que derrotada, a
Cabanagem permanece lembrada
como aquele que foi, segundo o
historiador Caio Prado Júnior, “o mais
notável movimento popular do Brasil,
o único em que as camadas pobres
da população conseguiram ocupar o
poder de toda uma província com
certa estabilidade”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 PREZIA, Benedito; HOOMAERT,
Eduardo. Cabanagem. In:___.
Brasil Indígena: 500 anos de
resistência. Disponível em: <
http://www.independenciaoumorte.
com.br/node/1692>. Acesso em
15 ago. 2009.
 CANCIAN, Renato. Cabanagem
(1835-1840): rebelião tem fim
sangrento no período regencial.
Disponível em: <
http://educacao.uol.com.br/historia
-brasil/ult1689u20.jhtm>. Acesso
em: 15 ago. 2009.
Para maiores informações, verifique
os links a seguir:
 Período Regencial:
http://educacao.uol.com.br/historia
-brasil/periodo-regencial.jhtm.
 As Revoltas do Período
Regencial:
http://www.multirio.rj.gov.br/histori
a/modulo02/rev_reg.html.
Markelly Carolina de Sousa
Matheus Marques Almeida Machado
INF2A — CEFET-MG