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Para avaliar o patrimônio de uma empresa, existem diversos métodos utilizados, entretanto
há algo em comum entre tais métodos: todos possuem como objeto o caixa, seja avaliando os fatos
passados ou tentando predizer fatos futuros que irão afetá-lo. Todavia, os modelos comumente
utilizados (tais como fluxo de caixa, EVA, etc) não consideram dois pontos importantíssimos: a
inflação e o custo de oportunidade. O primeiro, possivelmente por ter sido excluído das
demonstrações financeiras exigidas por Lei, e o segundo provavelmente pela dificuldade que os
contadores possuem para fazê-lo.
O objetivo deste trabalho é ampliar o conhecimento e a discussão sobre dois relevantes
aspectos na gestão de uma empresa: o custo de oportunidade e o de capital. Para isso serão
apresentados conceitos e modelos de avaliação constantemente utilizados pela contabilidade.
considerando que há um abandono de uma opção adjacente ao se tomar tal decisão. Assim, no
enfoque econômico o custo de oportunidade está diretamente relacionado a teoria da escolha, que
considera que os indivíduos escolher ações frente a um mundo de recursos escassos.
Nascimento (1998, p.97) apud Martins et.al (2001, p.189) apresenta uma síntese da atual
visão econômica sobre o custo de oportunidade como:
“a identificação do conceito de custo de oportunidade com a teoria da escolha é uma
tendência que se observa mais explicitamente na literatura econômica moderna. Para os
economistas, custo é, também, aquilo que o decisor sacrifica ou abandona ao fazer uma
escolha. É constituído da própria avaliação que o indivíduo faz do prazer ou utilidade,
cuja exclusão prevê como necessária, em decorrência da sua seleção de cursos
alternativos de ação. Qualquer oportunidade de lucro que se encontre dentro do campo
da possibilidade e seja rejeitada transforma-se no custo de empreender o curso da ação
preferida.”
A noção teórica fornecida pelas ciências econômicas é de extrema importância, entretanto
sua aplicação no campo prático empresarial necessita maiores esclarecimentos, sendo que a visão
contábil se candidata a contemplar tal objetivo.
Ativos
Área Utilização de
Departamentos (máquinas e
utilizada Energia Gerada
equipamentos)
Energia 100.000 20% ---------x--------x--
Departamento A 200.000 50% 60%
Departamento B 80.000 30% 40%
Fonte: Anísio Cândido Pereira, et.al, apud Beuren, 2004.
O Quadro 2 demonstra a distribuição dos juros sobre os ativos fixos – anuais – entre os
departamentos que será efetuada de acordo com os percentuais acima estabelecidos.
Quadro 2 –Aplicação do Modelo de Schlatter e Schlatter
*[(custo ponderado dos capitais totais - custos ponderado dos recursos de terceiros)/pelo percentual da participação do capital próprio]
1.1.2.3 GECON
Desenvolvido por Armando Catelli, o GECON (Modelo da Gestão Econômica) considera
que as atividades da empresa consomem recursos e geram benefícios. Para o cálculo do GECON
são considerados diversos conceitos, tais como: valor de mercado, reconhecimento de receita pela
produção, valor atual e custo de oportunidade. (GOULART, 2002)
Segundo Pereira e Baraúna (2003, p.10) “A estruturação do modelo, considera a empresa
como um sistema composto de partes em constante integração” . Tal concepção agrega os seguintes
modelos:
➢ Modelo de Gestão;
➢ Modelo de Decisão;
➢ Modelo de Mensuração do Resultado;
➢ Modelo de Informação.
Quanto ao custo de oportunidade, sua operacionalização ocorre de duas formas:
• Mensurações de “receitas de oportunidade” sobre passivos e “custos de oportunidade”
sobre ativos, obtidas com base nas taxas financeiras de mercado.
• Mensuração do custo de oportunidade de manutenção dos ativos com base em taxa de
captação no mercado financeiro.
Para exemplificação da utilização do modelo sob o custo de oportunidade, extraímos as
informações presentes no trabalho de Goulart (2002). Que apresenta:
No caso demonstrado, o custo de oportunidade dos acionistas corresponde à taxa de juro real
de captação no mercado financeiro aplicada sobre o valor inicial corrigido de caixa, considerando-
se os seguintes dados: custo financeiro de captação: 13,30% a.p.; inflação do período: 10% a.p.;
valor inicial aplicado no caixa: $ 1.000,00. A taxa de juro real de captação é obtida com o cálculo:
Esta taxa, de 3%, deve ser aplicada sobre o valor inicial de caixa corrigido pela inflação do
período ($1.000,00 x 1,10 = $ 1.100,00). Enfim, o custo de oportunidade é obtido pelo produto da
taxa de juro real de captação pelo valor inicial corrigido: $ 1.100,00 x 0,03 = $ 33,00. Este valor é
registrado como uma despesa da área financeira e uma receita de acionistas.
2. CUSTO DE CAPITAL
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As entidades carecem de recursos para poder existir, tais recursos podem ser financeiros,
humanos, tecnológicos, entre outros. A obtenção desses recursos pode ocorrer de distintas fontes,
tais como acionistas, debenturistas, bancos, agências de fomento,etc. A união dessas fontes é
conhecida como capital. (MARTINS et.al, 2001)
De acordo com Gitman apud Martins et.al (2001, p.206) “o custo de capital, que representa
o custo médio do dinheiro da empresa, é um importante insumo no processo de investimento de
capital”, ou seja, ele equivale ao retorno que a empresa necessita obter para atender aos objetivos de
retorno dos investidores e demais provedores de capital.
Já Amaral e Neves (2001, p.1) expõe que “um dos principais objetivos de se estudar o custo
de capital de uma empresa é determinar se um projeto de investimento irá acrescentar valor aos
acionistas da empresa”. Deste modo, vejamos então os aspectos inerentes a esse estudo.
Existem inúmeras metodologias dispostas a dimensionar o custo de capital das ações, tais
como:
• a abordagem de dividendos – Modelo de Gordon
• Capital Asset Pricing Model (CAPM);
• Arbitrage Pricing Model (APM); e,
• Global Asset Pricing Model (GAPM).
Na abordagem de dividendos, proposta por Gordon, o custo de capital das ações ordinárias
pode ser apurado por meio do fluxo de dividendos que seus titulares esperam receber. Este método é
expresso pela fórmula:
P0=D1rc-g ↔ rc=D1P0+g
Onde:
P0 = Preço de Mercado
D1= Dividendo do próximo ano
rc = Taxa de rendimento requerida pelo acionista
= Taxa média constante e cumulativa de crescimento dos dividendos
Onde:
β1= relação entre as variações de retorno de um título
Cov = covariância
ri= título
rm = mercado global (variação)
Var = Variância
O β buscaria evidenciar a sensibilidade de determinada ação aos aspectos que impactam
todo o mercado. Segundo o CAPM, o prêmio pelo risco do investimento seria obtido pelo
diferencial de rendimentos que se espera entre o mercado Erme os investimentos livre de risco rf,
combinado com a sensibilidade do título (β). A equação seria:
Prêmio pelo risco da ação i=β1E rm-rf
Portanto o custo de capital seria estimado como:
Custo de capital da ação i=rf+ prêmio pelo risco da ação i
Matias et.al. cita que as principais características do CAPM é que por meio da
diversificação, o investidor poderá eliminar todo o risco não sistemático diversificável concentrará
seus investimentos em um ativo que seja livre de riscos. (MATIAS et.al 2007b, p.95).
Todas estas técnicas buscam averiguar o custo de oportunidade do capital ordinário dos
sócios, entretanto são apenas estimativas, posto que numa visão mais simplista o custo do capital
próprio é o mínimo que os sócios esperam ganhar para estarem satisfeito com o risco corrente.
Considerando as empresas como um conjunto de ativos, seu valor pode ser representado
pela soma dos valores presentes de seus ativos, matematicamente representado por (MATIAS et.al,
2007b.):
Valor da empresa = VP (AB) = VP (A) + VP (B) + sinergia = soma dos valores presentes de
cada ativos
Se fosse possível desmembrar os ativos A e B da empresa e considerá-los como empresas
distintas o investido poderia destinar seus recursos para cada uma delas, sendo que a avaliação
individual corresponderia ao desconto dos fluxos de caixa projetados para um custo de
oportunidade que refletisse o risco de cada uma das empresas. Isso expõe que cada tipo de ativo
possui determinado custo de oportunidade, entretanto, como os ativos são considerados em seu
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4. REFERÊNCIAS
AMARAL, Sílvio de Macedo; NEVES, Cesar das. O custo de capital: aplicação ao setor de
telecomunicações no Brasil. In:XXI ENEGEP, 2001, Salvador
BEUREN, Ilse Maria. Conceituação e contabilização do custo de oportunidade. Caderno de
Estudos da FIPECAFI, FEA/USP, n.8, abr.1993.
BEUREN, Ilse Maria; Rezzadori, Vilson Raimundo. Formas de cálculo e contabilização dos custos
de oportunidade na perspectiva de juros sobre o capital próprio.UnB Contábil, v.7, n.2, p.21-24.
2004.
BURCH, E.E. & HENRY, W.R. Opportunity and Incremental Cost; Attempt to define in Systems
terms: a comment. The Accounting Review, January, 1974.