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O documento discute a diferença entre depressão e estados depressivos, explicando que a depressão é uma doença que afeta o corpo e mente de forma prolongada, enquanto estados depressivos como tristeza são sentimentos passageiros normais. Também destaca que a medicalização excessiva da depressão pode banalizar o diagnóstico e não tratar as causas psicológicas reais. É importante distinguir esses conceitos para não confundir sintomas normais com doença.
O documento discute a diferença entre depressão e estados depressivos, explicando que a depressão é uma doença que afeta o corpo e mente de forma prolongada, enquanto estados depressivos como tristeza são sentimentos passageiros normais. Também destaca que a medicalização excessiva da depressão pode banalizar o diagnóstico e não tratar as causas psicológicas reais. É importante distinguir esses conceitos para não confundir sintomas normais com doença.
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O documento discute a diferença entre depressão e estados depressivos, explicando que a depressão é uma doença que afeta o corpo e mente de forma prolongada, enquanto estados depressivos como tristeza são sentimentos passageiros normais. Também destaca que a medicalização excessiva da depressão pode banalizar o diagnóstico e não tratar as causas psicológicas reais. É importante distinguir esses conceitos para não confundir sintomas normais com doença.
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A Depressão é um dos males que mais acomete a humanidade. Mas de qual
depressão estamos falando? A melancolia já descrita por Freud, que seria a depressão patológica, aquela que paralisa o sujeito, ou estados depressivos(como a tristeza pela perda de um amor, de um ente querido, o desânimo, a angustia...)? São várias as definições encontradas.De acordo com o CÓDIGO INTERNACIONAL DE DOENÇAS CID 10, o indivíduo deprimido apresenta os seguintes sintomas: • Perda de interesse e prazer e energia reduzida levando a uma fatigabilidade aumentada e atividade diminuída. • Cansaço marcante após esforços leves • Concentração e atenção reduzidas; • Auto estima e auto confiança reduzidas; • Idéias de culpa e inutilidade (mesmo em um tipo leve de episódio) • Visões desoladas e pessimistas do futuro; • Idéias ou atos autolesivos ou suicídio; • Sono perturbado; • Apetite diminuído/alterado
Um critério comum é perguntar ao sujeito se ele apresenta estes sintomas pôr um
período maior que duas semanas. É difícil não encontrar na cultura ocidental sujeitos que não se identifiquem com vários destes sintomas. Aquilo que o médico classifica hoje de depressão se enquadraria em grande parte da população.Afinal vivemos numa sociedade que somos constantemente cobrados, temos que ter sucesso, poder financeiro, influência, poder emocional e um aparente bem estar. Manter este status não é tarefa fácil e por vezes nos traz angústia e mal estar nos fazendo seres depressivos. O grande mal da humanidade não é a depressão, mas sim a dificuldade que o sujeito tem de olhar para si mesmo, de lidar com a falta, com o seu mal estar. Como já dizia Aristóteles, a angústia deve ser encarada como uma aliada, como um regulador do organismo. É importante entender que a tristeza faz parte do funcionamento do sujeito. A dor tem um objetivo e o sofrimento pode servir como algo que denuncia uma insatisfação, fazendo com que nos movimentemos para mudar este quadro. De acordo com Freud, a incompletude faz parte da vida, e a partir do momento que se deixa o útero materno, insere-se a falta, que por vezes é sentida como tristeza. Atualmente, depara-se com dois grandes caminhos para abordar a depressão: a psicanálise e a psiquiatria. A psicanálise falando de um desamparo fundamental, uma complexa e problemática relação com a perda, a falta, o vazio estrutural do ser humano e a psiquiatria oferecendo uma explicação por uma insuficiência biológica, um déficit neuro- hormonal, e encontrando no isolamento de uma molécula uma promessa de cura. A depressão é uma doença que afeta o corpo como um todo. Afeta o sono, a disposição física, o apetite e diversos aspectos psicológicos, como a auto-estima e autoconfiança, além de dar um tom especialmente cinzento e pessimista a tudo que a pessoa faz, sente e percebe do mundo a sua volta. É um estado de falência interna. Ainda não existe uma definição final para a depressão, nem mesmo uma classificação adequada ou explicação sobre sua causa. Acredita–se que o desencadeamento de crises depressivas ou maníacas aconteceria devido à soma de múltiplos fatores (genéticos, psicológicos e ambientais), que podem variar de pessoa para pessoa, de acordo com uma tendência maior ou menor para a doença. Aspectos da personalidade podem facilitar o aparecimento da doença. É fundamental que as pessoas não confundam depressão com estados depressivos (ou com tristeza, fossa, baixo astral, luto, dificuldades da vida ou estresse). Na realidade, os sentimentos de tristeza ou fossa acontecem com qualquer pessoa, e são passageiros, não levando a alterações corporais e não comprometem o funcionamento do sujeito. É normal ficar triste durante o período de luto pela morte de um ente querido, mas não seria normal se esta pessoa quisesse se matar, ou ficasse triste por um ano inteiro, ou deixasse de fazer suas atividades rotineiras. O que vemos hoje é uma grande amplitude da definição de depressão e sua conseqüente medicalização. Prescrições de antidepressivos são realizadas muitas vezes a partir de queixas que não se encaixam em uma patologia depressiva. Os homens estão à procura da pílula da felicidade e querem encontrá-la a qualquer preço. Estar alegre e parecer feliz é um lema atual da sociedade, é quase um dever. Porém às vezes temos que nos permitir sofrer, quando é hora de sofrer não é preciso pedir licença para sentir e esgotar a dor. É possível viver num estado de constante felicidade? Será possível a felicidade ampla total e irrestrita? O que o sujeito da atualidade quer alcançar é da ordem do impossível: o eu ideal. Vive-se uma ilusão: gasta-se muito tempo em busca de uma estrutura externa ideal, como se desta forma o mal-estar interno fosse vencido. Estados depressivos fazem parte da vida. Existir dói, e lidar com a falta, com o mal- estar, não é processo fácil. Muitas vezes o sujeito faz a opção do não querer saber, ou seja, o sujeito não quer saber do seu próprio desejo. O olhar para si, acessar os conflitos inconscientes, requer do sujeito um investimento muito maior do que tomar uma pílula. E na maioria das vezes se ancorar no diagnóstico da depressão é mais fácil do que tomar uma atitude. Só o remédio não cura depressão, é necessário produção de fala, de sentido, e muitas vezes a droga serve como um amortecedor do pensamento, um anestésico para a dor psíquica. Tomar antidepressivos pode diminuir a depressão, mas também diminui as outras emoções e percepções. Estes medicamentos têm o efeito de normalizar comportamentos e eliminar sintomas mais dolorosos do sofrimento psíquico, sem lhes buscar a significação ou a causalidade psíquica.Às vezes podem ser necessários, mas com critérios, sem haver uma banalização da medicalização e da doença. É importante uma reflexão acerca deste tema tão atual, sendo de fundamental relevância distinguir estados depressivos da doença depressão, e estar atento aos reais sinais e sintomas da verdadeira depressão, associando o orgânico, o psíquico e o cultural. Quando a pessoa, além da tristeza, passa a não funcionar, a imobilizar-se, ou então a funcionar de forma anômala, quando o corpo não está suportando mais, pensa-se no verdadeiro adoecer, na depressão. Fora desta situação o que temos são estados depressivos que fazem parte do curso natural da vida, e que podem ser vivenciados por qualquer mortal.
Eliana Luiza S. Barros - Psicóloga – Pós-graduada em Psicologia Clinica,
cursando formação em Psicanálise. Email: elianaluiza@globo.com cel. 21- 92281993