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I – OBJETIVOS E A TÁTICA
O reconhecimento dos parágrafos seguintes, instituídos aqui como programa e elaborados com base nos programas do
Spartakusbund da Alemanha e do Partido Comunista (bolchevique) da Rússia deve, a nosso ver, servir de base para a nova
Internacional.
1 – O período atual é de decomposição e ruína de todo o sistema capitalista mundial e ele será a destruição da civilização
européia em geral, se não destruir o capitalismo com suas contradições insolúveis.
2 – A tarefa do proletariado consiste, presentemente, em tomar o poder de Estado. A tomada do poder de Estado significa a
destruição do aparelho de Estado da burguesia e a organização de um novo aparelho de poder proletário.
3 – O novo aparelho de poder deve representar a ditadura da classe operária e em alguns lugares também a dos pequenos
agricultores e trabalhadores agrícolas, isto é, ela deve ser o instrumento de substituição sistemática da classe exploradora por aquela
que é hoje alvo de sua exploração. Não a falsa democracia burguesa – esta forma hipócrita de dominação da oligarquia financeira –
com sua igualdade puramente formal, mas a democracia proletária, com a possibilidade de realizar a liberdade das massas
trabalhadoras; não o parlamentarismo, mas auto-administração dessas massas por seus organismos eleitos; não a burocracia
capitalista, mas órgãos de administração criados pelas próprias massas com a participação real dessas massas na administração do
país e no trabalho de edificação socialista – eis como deve ser o Estado proletário. O poder dos conselhos operários ou das
organizações operárias é a sua forma concreta.
4 – A ditadura do proletariado deve ser a alavanca da expropriação imediata do capital, da abolição da propriedade privada sobre
os meios de produção e da transformação dessa propriedade em propriedade popular.
A socialização (por socialização entende-se aqui a abolição da propriedade privada que é remetida ao Estado proletário e à
administração socialista da classe operária) da grande indústria e dos bancos, seus centros de organização; o confisco das terras dos
grandes proprietários e a socialização da produção agrícola capitalista; a monopolização do comércio; a socialização dos grandes
imóveis nas cidades e no campo; a introdução da administração operária e a centralização das funções econômicas nas mãos de
organismos emanados da ditadura do proletariado – eis os problemas essenciais de hoje.
5 – Para a segurança da revolução socialista, para sua defesa contra os inimigos internos e externos, para a ajuda às outras frações
nacionais do proletariado em luta, etc... o desarmamento completo da burguesia e seus agentes, e o armamento geral do proletariado
são necessários.
6 – A situação mundial exige atualmente o contato mais estreito entre os diferentes partidos do proletariado revolucionário e a
união completa dos países nos quais a revolução socialista triunfou.
7 – O método fundamental da luta é a ação de massa do proletariado e compreende a luta aberta e armada contra o poder de
Estado do capital.
Saudações socialistas.
O convite acima convocou os comunistas de todos os países para a conferência que deveria se iniciar em Moscou, a 15 de
fevereiro de 1919. As grandes dificuldades de circulação retardaram a inauguração. Ela só pôde acontecer no dia 2 de março. A
conferência foi aberta por Lênin, às dezoito horas. Adotou-se a língua alemã para os debates, em outras circunstâncias falava-se
russo, francês e inglês.
Como presidentes do Congresso foram eleitos por unanimidade os seguintes camaradas: Lênin (Rússia), Albert (Alemanha),
Platten (Suíça), o quarto presidente foi eleito pela ordem de inscrição pelos diversos países. O Congresso elegeu como secretário o
camarada Klinger.
A Comissão de mandatos constatou a participação dos seguintes partidos e dividiu os votos:
VOTOS DELIBERATIVOS
20 – Partido Comunista tcheco
21 – Partido Comunista búlgaro
22 – Partido Comunista dos países eslavos meridionais
23 – Partido Comunista inglês
24 – Partido Comunista francês
25 – P.S.-D. holandês
26 – Liga da Propaganda Socialista da América
No final de julho e começo de agosto de 1914, 24 horas antes de iniciar a guerra mundial, os organismos e instituições
competentes da Segunda Internacional ainda continuavam a condenar a guerra que se aproximava como o maior crime da burguesia.
As declarações concordavam nesses dias e emanando dos partidos dirigentes da
Segunda Internacional constituem o ato de acusação mais eloquente contra os dirigentes da Segunda Internacional.
Com o primeiro tiro de canhão disparado sobre os campos de batalha, os principais partidos da Segunda Internacional traíram a
classe operária e passaram, sob o disfarce da "defesa nacional", cada um para o lado da "sua" burguesia. Scheidemann e Ebert na
Alemanha, Thomas e Renaudel na França, Henderson e Hyndman na Inglaterra, Vandervelde e De Brockère na Bélgica, Renner e
Pernestorfer na Áustria, Plékhanov e Roubanovitch na Rússia, Branting e seu partido na Suécia, Compers e seus camaradas de idéias
na América, Mussolini e Cie na Itália, exortaram o proletariado a uma "trégua" com a burguesia de "seu" país, a renunciar à guerra
contra a guerra e servir de carne de canhão para os imperialistas.
Foi neste momento que a Segunda Internacional faliu definitivamente e pereceu.
Graças ao desenvolvimento econômico geral, a burguesia dos países mais ricos, através de pequenas esmolas tiradas de seus
ganhos enormes, teve a possibilidade de corromper e seduzir a camada mais alta da classe operária, a aristocracia operária. Os
"companheiros de luta" pequeno-burgueses do socialismo afluíram às fileiras dos partidos social-democratas oficiais e orientaram
pouco a pouco o seu curso no sentido da burguesia. Os dirigentes do movimento operário parlamentar e pacífico, os dirigentes
sindicais, secretários, redatores e empregados da social-democracia, formaram uma casta de uma burocracia operária, tendo seus
próprios interesses de grupo, e que foi na verdade hostil ao socialismo.
Devido a todas essas circunstâncias, a social-democracia degenerou em um partido anti-socialista e chauvinista.
No seio da Segunda Internacional já se revelavam três tendência fundamentais. Durante a guerra e no início da revolução
proletária na Europa, os contornos dessas três tendência se desenhavam já com toda nitidez:
1 – A tendência social-chauvinista (tendência da "maioria"), em que os representantes mais típicos são os social-democratas
alemães, que hoje dividem o poder com a burguesia alemã e que se tornaram os assassinos dos dirigentes da Internacional
Comunista, Karl Liebkencht e Rosa Luxemburgo.
Os social-chauvinistas se revelam hoje completamente como os inimigos do proletariado e seguem o programa de "liquidação" da
guerra que a burguesia lhes ditou: fazer recair a maior parte dos impostos sobre as massas trabalhadores, inviolabilidade da
propriedade privada, manutenção do exército nas mãos da burguesia, dissolução dos conselhos operários formados em todos os
lugares, manutenção do poder político nas mãos da burguesia – a democracia burguesa contra o socialismo.
Apesar da aspereza com a qual os comunistas lutaram até aqui contra os "social-democratas da maioria", os operários
reconheceram entretanto o perigo com o qual esses traidores ameaçavam o proletariado internacional. Abrir os olhos de todos os
trabalhadores para o trabalho de traição dos social-chauvnistas e colocar pela força das armas esse partido contra-revolucionário fora
desse quadro confuso, eis uma das tarefas mais importantes da revolução proletária internacional.
2 – A tendência centrista (social-pacifistas, kautskystas, independentes). Esta tendência começou a se formar desde antes da
guerra, principalmente na Alemanha. No começo da guerra, os princípios gerais do "Centro" coincidiam quase sempre com os dos
social-chauvinistas. Kautsky, o chefe teórico do "Centro", defendia a política seguida pelos social-chauvinistas alemães e franceses. A
Internacional era apenas um "instrumento em tempo de paz", "luta de classes em tempo de paz", tais eram as palavras de ordem de
Kautsky.
Desde o início da guerra, o "Centro" (Kautsky, Victor Adler, Turatia, MacDonald) se puseram a pregar a "anistia recíproca", com
relação aos chefes dos partidos social-chauvinistas da Alemanha e da Áustria, por um lado, da França e da Inglaterra por outro. O
"Centro" preconiza essa anistia até hoje, depois da guerra, impedindo assim os operários de fazerem uma idéia clara sobre as causas
do desmoronamento da Segunda Internacional.
O "Centro" enviou seus representantes a Berna para a conferência internacional dos socialistas comprometidos, facilitando assim
aos Scheidemann e as Renaudel sua tarefa de enganar os operários.
É absolutamente necessários separar do "Centro" os elementos mais revolucionários, e só se pode chegar a isso através da crítica
implacável e comprometendo os dirigentes do "Centro". A ruptura organizativa com o "Centro" é uma necessidade histórica absoluta.
A tarefa dos comunistas de cada país é determinar o momento desta ruptura segundo a etapa que o movimento atingiu em cada um.
3 – Os comunistas. No interior da Segunda Internacional onde esta tendência defendeu as concepções comunistas-marxistas sobre
a guerra e as tarefas do proletariado (Stuttgart 1907, resolução Lênin-Luxemburgo) essa corrente estavam minoria. O gruo da
"esquerda radical" (o futuro Spartakusbund) na Alemanha, o partido dos bolcheviques na Rússia, os "tribunistas" na Holanda, o grupo
de Jovens numa série de países, formaram o primeiro núcleo da nova Internacional.
Fiel aos interesses da classe operária, esta tendência proclamou desde o início da guerra a palavra de ordem de transformação da
guerra imperialista em guerra civil. Esta tendência se constitui hoje na Terceira Internacional.
A conferência socialista de Berna, em fevereiro de 1919, foi uma tentativa de galvanizar o que restava da Segunda Internacional.
A composição da Conferência de Berna demonstrou que o proletariado revolucionário de todo o mundo nada tem em comum com
esta conferência.
O proletariado vitorioso da Rússia, o proletariado heróico da Alemanha, o proletariado italiano, o partido comunista do
proletariado austríaco e húngaro, o proletariado suíço, a classe operária da Bulgária, Romênia, Sérvia, os partidos operários de
esquerda suecos, noruegueses, finlandeses, o proletariado ucraniano, letão, polonês, a Juventude Internacional, a Internacional de
Mulheres, recusaram-se ostensivamente a participar da Conferência de Berna dos social-patriotas.
Os participantes da Conferência de Berna, que têm ainda algum contato com o verdadeiro movimento operário de nossa época,
formaram um grupo de oposição que, na questão essencial, pelo menos, "apreciação da Revolução russa", estão em oposição à
astúcia dos social-patriotas. A declaração do camarada francês Loriot, que estigmatizou a maioria da Conferência de Berna como
suporte da burguesia, reflete a verdadeira opinião de todos os operários conscientes do mundo inteiro.
Na pretendida "questão das responsabilidades", a Conferência de Berna se moveu sempre nos limites da ideologia burguesa. Os
social-patriotas alemães e franceses fizeram-se mutuamente as mesmas censuras que se lançaram reciprocamente os burgueses
alemães e franceses. A Conferência de Berna se perdeu em detalhes mesquinhos sobre tal ou qual diligência de tal ou qual ministro
burguês antes da guerra, não querendo reconhecer que o capitalismo, o capital financeiro dos dois grupos de poder e seus vassalos
social-patriotas eram os principais responsáveis pela guerra. Uma olhadela no espelho seria suficiente para que todos eles se
reconhecessem como os responsáveis.
As declarações da Conferência de Berna sobre a questão territorial estão cheias de equívocos. É precisamente desses equívocos
que a burguesia precisa. O senhor Clemenceau, o representante mais reacionário da burguesia imperialista, reconheceu os méritos da
conferência social-patriota de Berna e lhe propôs participar de todas as comissões da conferência imperialista de Paris.
A questão colonial revelou claramente que a Conferência de Berna estava a reboque desses políticos liberais-burgueses da
colonização que justificam a exploração e a escravização das colônias pela burguesia imperialista e procuram apenas mascara-las
com frases filantrópico-humanitárias. Os social-patriotas alemães exigiram que o domínio das colônias alemãs pelo Reich fosse
mantido, isto é, a manutenção da exploração dessas colônias pelo capital alemão. As divergências que se manifestaram sobre esse
assunto demonstram que os social-patriotas da Entente têm o mesmo ponto de vista dos negreiros, e considera natural a escravização
das colônias francesas e inglesas pelo capital metropolitano. Assim a Conferência de Berna mostra que esqueceu completamente a
palavra de ordem de "Abaixo o política colonial".
Na avaliação da "Sociedade das Nações", a Conferência de Berna mostra que segue a linha desses elementos burgueses que, pela
aparência enganadora da pretensa "Liga das Nações", desejam banir a revolução proletária que cresce no mundo inteiro. Em vez de
desmascarar os estratagemas da conferência dos aliados em Paris, como os de um bando que espolia as colônias e os domínios
econômicos, a Conferência de Berna a secunda, servindo-lhe de instrumento.
A atitude servil da conferência, que entregou a uma conferência governamental burguesa de Paris o trabalho de resolver a questão
da legislação de proteção ao trabalho, mostra que os social-democratas estão conscientemente a favor da conservação da escravidão
do trabalho assalariado pelo capitalismo e estão prontos a enganar a classe operária com vagas reformas.
As tentativas inspiradas pela política burguesa de fazer a Conferência de Berna adotar uma resolução segundo a qual uma
intervenção armada na Rússia teria cobertura da Segunda Internacional não frutificaram graças aos esforços da oposição. Esta vitória
da oposição de Berna sobre os elementos chauvinistas declarados é para nós a prova indireta de que o proletariado da Europa
Ocidental simpatiza com a revolução proletária da Rússia e de que está pronto para lutar contra a burguesia imperialista.
Em seu temor de se ocupar deste fenômeno de importância histórica mundial se reconhece o medo que toma conta desses
vassalos da burguesia diante da extensão dos conselhos operários.
Os conselhos operários constituem o fenômeno mais importante depois da Comuna de Paris. A Conferência de Berna, ignorando
esta questão, manifestou sua indigência espiritual e sua falência teórica.
O congresso da Internacional Comunista considera a "Internacional" que a Conferência de Berna tenta construir como uma
Internacional amarela de fura-greves, como um instrumento da burguesia.
O Congresso conclama os operários de todos os países a empreenderem uma luta enérgica contra a Internacional amarela e a
preservar as massas mais amplas do povo desta Internacional de mentira e traição.
4 – A constituição da III Internacional é portanto um dever histórico absoluto, e a Conferência comunista internacional a
realizar-se em Moscou deve torná-la uma realidade."
Esta proposição supõe que nós nos debruçamos sobre uma resolução para sabermos se éramos uma conferência ou um congresso.
A proposição visa à constituição da III Internacional. A discussão é aberta.
Após a discussão, o camarada Platten apresenta a proposição assinada por Rakovsky, Gruber, Grimland, Rudniansky.
"Esta proposição, diz ele, é feita a fim de conduzir a uma decisão sobre a fundação da III Internacional."
A resolução foi adotada por unanimidade menos 5 abstenções (delegação alemã).
Democracia e Ditadura
Como todo Estado, o Estado proletário representa um aparelho de coação e este aparelho é hoje dirigido contra os inimigos da
classe operária. Sua missão é quebrar a resistência dos exploradores, que empregam em sua luta desesperada, todos os meios para
afogar a revolução com sangue. Por outro lado, a ditadura do proletariado fazendo oficialmente esta classe a classe governante cria
uma situação transitória.
Na medida em que for destruída a resistência da burguesia, ela será expropriada e se transformará em uma massa trabalhadora; a
ditadura do proletariado desaparecerá, o Estado morrerá e as classes sociais desaparecerão com eles.
A pretensa democracia, isto é, a democracia burguesa, não é outra coisa que a ditadura burguesa disfarçada. A "vontade popular"
tão enaltecida é uma ficção, bem como a unidade do povo. De fato, as classes existem porque os interesses contrários são
irredutíveis. E como a burguesia é apenas uma minoria insignificante, ela utiliza esta ficção, esta pretensa "vontade popular" a fim de
afirmar, com belas frases, seu domínio sobre a classe operária, para impor-lhe a vontade de sua classe. Ao contrário, o proletariado,
constituindo a imensa maioria da população, usa abertamente o poder de suas organizações de massa, de seus sovietes, para
encaminhar a transição em direção a uma sociedade comunista sem classes.
A essência da democracia burguesa reside no reconhecimento meramente formal dos direitos e das liberdades, completamente
inacessíveis ao proletariado e aos elementos semiproletários, por causa da falta de recursos materiais enquanto a burguesia tem todas
as possibilidades de tirar partido desses recursos materiais, de sua imprensa e de sua organização, para mentir e enganar o povo. Ao
contrário, a essência do sistema dos Sovietes, - deste novo tipo de poder – consiste em que o proletariado tenha a possibilidade de
assegurar de fato seus direitos e sua liberdade. O poder dos Sovietes entrega ao povo os mais belos palácios, as casas, as tipografias,
as reservas de papel, etc, para sua imprensa, para suas reuniões, seus sindicatos. Só então se torna verdadeiramente possível a
democracia proletária.
Com seu sistema parlamentar, a democracia burguesa dá o poder às massas apenas com palavras, e suas organizações estão
completamente isoladas do poder verdadeiro e da verdadeira administração do Estado. No sistema dos Sovietes, as organizações das
massas governam por si e para si, os Sovietes chamam à administração do Estado um número sempre maior de operários; apenas
desta maneira todo o povo trabalhador é chamado a fazer parte efetivamente do Estado. O sistema dos Sovietes se apóia nas
organizações das massas proletárias representadas pelos próprios Sovietes, as uniões profissionais revolucionárias, as cooperativas,
etc.
A democracia burguesa e o parlamento, pela divisão dos poderes legislativo e executivo e com a ausência do direito de
interpelação dos deputados, acaba por separar as massas do Estado. O sistema dos Sovietes, ao contrário, por garantir o direito de
interpelação, pela reunião dos poderes executivo e legislativo e, consequentemente, pela sua capacidade de constituir coletivos de
trabalho, liga as massas aos órgãos de administração. Esta ligação é ainda assegurada pelo fato de que, no sistema dos Sovietes, as
eleições não se dão de acordo com divisões territoriais artificiais, mas coincidem com as unidades locais de produção.
O sistema dos Sovietes assegura a possibilidade de uma verdadeira democracia proletária, a democracia para o proletariado e no
proletariado, dirigida contra a burguesia. Neste sistema, uma posição de destaque é assegurada ao proletariado industrial, ao qual
pertence, por sua melhor organização e seu maior desenvolvimento político, o papel de classe dirigente, cuja hegemonia permitirá ao
semiproletariado e aos camponeses pobres elevarem-se progressivamente. Essa superioridade momentânea do proletariado industrial
deve ser utilizada para afastar as massas não possuidoras da pequena burguesia rural da influência dos grandes proprietários rurais e
da burguesia, para organizá-las e chamá-las a colaborar na construção comunista.
O Caminho da Vitória
O período revolucionário exige que o proletariado use um método de luta que concentre toda a sua energia, a saber a ação direta
das massas ate, e incluindo sua continuação lógica, o choque direto, a guerra declarada com a máquina governamental burguesa. A
esses objetivos devem estar subordinados todos os outros meios, tais como a utilização revolucionária do parlamento burguês.
As condições preliminares indispensáveis a esta luta vitoriosa são: a ruptura, não apenas com os lacaios diretos do capital e os
verdugos da revolução comunista – cujo papel é hoje assumido pelos social-democratas de direita, - mas também com o "Centro"
(grupo Kautsky), que no momento crítico, abandonam o proletariado e fazem aliança com seus inimigos declarados.
Por outro lado, é necessário constituir um bloco com esses elementos do movimento operário revolucionário que, ainda que antes
não tenham pertencido ao partido socialista, se colocam agora em tudo e por tudo sobre o terreno da ditadura do proletariado sob a
forma sovietista, isto é, com os elementos correspondentes do sindicalismo.
O crescimento do movimento revolucionário em todos os países, o perigo deste revolução ser abafada pela liga dos Estados
burgueses, as tentativas de união dos partidos traidores do socialismo (formação da Internacional amarela de Berna), com o objetivo
de servir ignobilmente à liga Wilson, - e enfim a necessidade absoluta para o proletariado de coordenar seus esforços -, tudo isso nos
conduz, inevitavelmente, à fundação da Internacional Comunista, verdadeiramente revolucionária e verdadeiramente proletária.
A Internacional, que se revelará capaz de subordinar os interesses ditos nacionais aos interesses da revolução mundial, realizará
assim a ajuda mútua dos proletários dos diferentes países, pois sem esta ajuda mútua, econômica e outra, o proletariado não tem
condições de edificar uma sociedade nova. De outra parte, em oposição à Internacional socialista amarela, a Internacional proletária e
comunista sustentará os povos explorados das colônias em sua luta contra o imperialismo, a fim de acelerar a derrocada final do
sistema imperialista mundial.
Os malfeitores do capitalismo afirmavam no começo da guerra mundial que eles apenas defendiam sua pátria. Mas o
imperialismo alemão revelou sua natureza bestial numa série de crimes sangrentos cometidos na Rússia, na Ucrânia, na Finlândia.
Hoje as potências da Entente revelam-se, mesmo para as camadas mais atrasadas da população, como potências que pilham o mundo
inteiro e assassinam o proletariado. Em conluio com a burguesia alemã e os social-patriotas, a palavra paz nos lábios, eles se
esforçam por esmagar, com a ajuda de tanques e tropas coloniais incompreensíveis e bárbaras, a revolução do proletariado europeu.
O terror branco dos burgueses-canibais foi indescritivelmente feroz. As vítimas das fileiras da classe operária são incontáveis, ela
perdeu seus melhores combatentes: Liebknecht e Rosa Luxemburgo.
O proletariado deve se defender em qualquer situação. A Internacional Comunista chama o proletariado mundial para esta luta
decisiva. Arma contra arma! Força contra força! Abaixo a conspiração imperialista do capital! Viva a República Internacional dos
Sovietes Proletários!
Os Países Neutros
Os países neutros estão na situação de vassalos não favorecidos pelo imperialismo da Entente. Tal como faz com os demais, a
Entente emprega, de forma atenuada, os mesmos métodos que emprega com os países vencidos. Os países neutros favorecidos
formulam diferentes reivindicações aos inimigos da Entente (as pretensões da Dinamarca sobre Flensburg, a proposta suíça da
internacionalização do Reno, etc.). Ao mesmo tempo, eles executam as ordens contra-revolucionárias da Entente (expulsão do
embaixador russo, recrutamento das guardas brancas nos países escandinavos, etc). Outros ainda estão expostos ao perigo do
desmembramento territorial (projeto da incorporação da província de Limbourg à Bélgica e a internacionalização da embocadura do
rio Escault).
Em 1.864, foi fundada, em Londres, a primeira Associação Internacional dos Trabalhadores: a Primeira Associação
Internacional. Os estatutos desta Associação diziam:
“Considerando:
Que a emancipação da classe operária será obtida apenas pela classe operária;
Que a luta por esta emancipação não significa de forma alguma, uma luta pela criação de novos privilégios de classe mas pelo
estabelecimento da igualdade de direitos e deveres e pela supressão de toda dominação de classe;
Que a submissão econômica do homem ao trabalho sob o regime da propriedade privada dos meios de produção (isto é, de todas
as fontes da vida) e a escravidão sob todas as suas formas – são causas principais da miséria social, da degradação moral e da
dependência política;
Que a emancipação econômica da classe operária é em todos os lugares o objetivo essencial ao qual todo movimento político
deve estar subordinado;
Que todos os esforços para atingir esse grande objetivo fracassaram pela falta de solidariedade entre os trabalhadores dos
diferentes ramos de trabalho em cada país e pela falta de uma aliança fraterna entre os trabalhadores de diferentes países;
Que a emancipação não é um problema local ou nacional, mas um problema social, envolvendo todos os países onde o regime
social moderno existe, cuja solução depende da colaboração teórica e prática dos países mais avançados, que a renovação atual
simultânea do movimento operário nos países industriais da Europa desperta em nos, de um lado, novas esperanças, mas por outro
lado nos adverte solenemente para não incorrermos nos antigos erros, e nos chama à coordenação imediata do movimento que até
agora não teve ponto de coerência."
A 2ª Internacional, fundada em 1889, em Paris, estava engajada na continuação da obra da lª Internacional. Mas em 1914, no
início da guerra mundial, ela sofreu uma derrota completa. A 2ª Internacional pereceu, minada pelo oportunismo e derrubada pela
traição de seus chefes, que passaram para o campo da burguesia.
A 3ª Internacional Comunista, fundada em março de 1919, na capital da República Socialista Federativa dos Sovietes, em
Moscou, declarou solenemente diante do mundo inteiro que se encarregaria de prosseguir e terminar a grande obra iniciada pela 1ª
Internacional dos Trabalhadores.
A 3ª Internacional Comunista se constituiu no final do massacre imperialista de 1914-1918, durante o qual a burguesia dos
diferentes países sacrificou 20 milhões de vidas.
Lembre-se da guerra imperialista! Eis a primeira palavra que a Internacional Comunista dirige a cada trabalhador, quaisquer que
sejam sua origem e a língua que ele fala. Lembre-se que, pelo fato de existir o regime capitalista, um punhado de imperialistas teve,
durante quatro longos anos, a possibilidade de forçar os trabalhadores a se matarem mutuamente! lembre-se que a guerra burguesa
jogou a Europa e o mundo inteiro na fome e na miséria! Lembre-se que sem a derrota do capitalismo a repetição dessas guerras
criminosas não é apenas possível, mas inevitável!
A Internacional Comunista assume como objetivo a luta armada pela derrubada da burguesia internacional e a criação da
república internacional do sovietes, primeira etapa no caminho da supressão completa de todo governo. A Internacional Comunista
considera a ditadura do proletariado como o único meio disponível para libertar a humanidade dos horrores do capitalismo. E a
Internacional Comunista considera o poder dos sovietes como a força da ditadura do proletariado que impõe a história.
A guerra imperialista criou um elo particularmente estreito entre os destinos dos trabalhadores de um país e os do proletariado de
todos os outros países.
A guerra imperialista confirmou mais uma vez a veracidade do que se pode ler nos estatutos da lª Internacional: a emancipação
dos trabalhadores não ê uma tarefa local, nem nacional, mas uma tarefa social e internacional.
A Internacional Comunista rompe para sempre com a tradição da 2ª Internacional, para a qual existiam apenas os povos de raça
branca. A Internacional Comunista confraterniza com os homens de raça branca, amarela, negra, os trabalhadores de toda a terra.
A Internacional Comunista sustenta, integralmente e sem reservas, as conquistas da grande revolução proletária na Rússia, a
primeira revolução socialista da história que foi vitoriosa e convida os proletários do mundo inteiro para trilharem o mesmo caminho.
A Internacional Comunista se compromete a dar sustentação, através de todos os meios que estiverem ao seu alcance, a toda
república socialista que seja criada em qualquer lugar que isso aconteça.
A Internacional Comunista não ignora que para chegar à vitória, a Associação Internacional dos Trabalhadores, que luta pela
abolição do capitalismo e pela instauração do comunismo, deve ter uma organização fortemente centralizada. O mecanismo
organizado da Internacional Comunista deve assegurar aos trabalhadores dc cada país a possibilidade de receberem, a qualquer
momento, por parte dos trabalhadores organizados de outros países, toda a ajuda possível.
Feitas estas considerações, a Internacional Comunista adota os estatutos que seguem.
Art. 1º - A Nova Associação Internacional dos Trabalhadores foi fundada com o objetivo de organizar uma ação conjunta do
proletariado de diferentes países, atendendo a um único e mesmo fim, a saber: a derrubada do capitalismo e o estabelecimento da
ditadura do proletariado e de uma república internacional de sovietes que permitirão abolir totalmente as classes e realizar o
socialismo, primeira etapa da sociedade comunista.
Art. 2º - A Nova Associação Internacional dos Trabalhadores adota o nome de Internacional Comunista.
Art. 3º - Todos os partidos e organizações filiadas à Internacional Comunista levam o nome de: Partido Comunista de tal ou qual
país (seção da Internacional Comunista).
Art. 4º - A instância suprema da Internacional Comunista é o Congresso mundial de todos os partidos e organizações que a ela
sito filiados. O Congresso mundial sanciona os programas dos diferentes partidos que aderem à Internacional Comunista. Ele
examina e resolve as questões essenciais de programa e de tática que devem ter relação com a atividade da Internacional Comunista.
O número de votos deliberativos que, no Congresso mundial, correspondem a cada partido ou organização será fixado por uma
decisão especial do Congresso; por outro lado é indispensável fixar, o mais cedo possível, as normas de representação, tomando
como base o número eletivo de membros de cada organização e levando em conta a influência real do Partido.
Art. 5º - O Congresso internacional elege um Comitê Executivo da Internacional Comunista, que se torna a instância suprema da
Internacional Comunista durante os intervalos que separam as sessões do Congresso mundial.
Art. 6º - A sede do Comitê Executivo da Internacional Comunista é designada, a cada nova sessão, pelo Congresso mundial.
Art. 7º - Um Congresso mundial extraordinário da Internacional Comunista pode ser convocado por decisão do Comitê Executivo
ou por solicitação da metade do número total de Partidos filiados à época do último Congresso mundial.
Art. 8º - O trabalho principal e a grande responsabilidade, no interior do Comitê Executivo da Internacional Comunista, cabem
principalmente ao Partido Comunista do país onde o Congresso mundial fixou a sede do Comitê Executivo. O Partido Comunista
deste país faz entrar no Comitê Executivo ao menos cinco representantes com voto deliberativo. Além disso, cada um dos 12 partidos
comunistas mais importantes faz entrar no Comitê Executivo um representante, com voto deliberativo. A lista desses partidos é
sancionada pelo Congresso mundial. Os outros partidos ou organizações tem o direito de manter junto ao Comitê representantes (a
razão de um por organização) com voto consultivo.
Art. 9º - O Comitê Executivo da Internacional Comunista dirige, durante o intervalo que separa as sessões do Congresso, todos os
trabalhos da Internacional Comunista; publica, em pelo menos quatro idiomas, um órgão central (a revista: A internacional
Comunista); publica os manifestos que julgar indispensáveis em nome da Internacional Comunista e dá a todos os Partidos e
organizações filiadas instruções que têm força de lei. O Comitê Executivo da Internacional Comunista tem o direito de exigir dos
Partidos filiados que sejam excluídos grupos ou indivíduos que tenham abandonado a disciplina proletária; pode exigir a exclusão
dos Partidos que tenham violado as decisões do Congresso mundial. Esses Partidos têm o direito de apelar ao Congresso mundial.
Em caso de necessidade, o Comitê Executivo organiza, em diferentes países, bureaux auxiliares técnicos e outros que lhe são
inteiramente subordinados.
Art. 10º- O Comitê Executivo da Internacional Comunista tem o direito de cooptar, com a concordância dos votos consultivos,
representantes de organizações e Partidos não admitidos no interior da Internacional Comunista, mas simpatizantes do comunismo.
Art. 11º - Os órgão da imprensa de todos os Partidos e organizações filiadas à Internacional Comunista, ou simpatizantes, devem
publicar todos os documentos oficiais na Internacional Comunista e de seu Comitê Executivo.
Art. 12º - A situação geral na Europa e na América impõe aos comunistas e a obrigação de criar, paralelamente a seus organismos
legais, organizações secretas. O Comitê Executivo da Internacional Comunista tem o dever de zelar pela observância deste artigo dos
Estatutos.
Art. 13º - É de praxe que todas as relações políticas que apresentem certa importância entre os Partidos filiados à Internacional
Comunista tenham por intermediário o Comitê Executivo da Internacional Comunista. Em caso de necessidade urgente, essas
relações podem ser diretas, com a condição de que o Comitê Executivo da Internacional Comunista seja informado a respeito.
Art. 14º - Os Sindicatos que se colocam sobre o terreno do comunismo e que integram grupos internacionais sob o controle do
Comitê Executivo da Internacional Comunista constituem uma seção sindical da Internacional Comunista. Os Sindicatos comunistas
enviam seus representantes ao Congresso mundial da Internacional Comunista, por intermédio do Partido Comunista de seu país. A
seção sindical da Internacional Comunista indica um de seus membros para o Comitê Executivo da Internacional Comunista, no qual
ele tem direito a voto deliberativo. O Comitê Executivo tem o direito de indicar, para a seção sindical da Internacional Comunista,
uni representante com direito a voto deliberativo.
Art. 15º - A União Internacional da Juventude Comunista está subordinada à Internacional Comunista e ao seu Comitê Executivo.
Ela indica um representante de seu Comitê Executivo ao Comitê Executivo da Internacional Comunista, no qual tem direito a voto
deliberativo. O Comitê Executivo da Internacional Comunista tem a faculdade de indicar ao Comitê Executivo da União da
Juventude um representante com direito a voto deliberativo. As relações existentes entre a União da Juventude e o Partido
Comunista, enquanto organizações, em cada país, estão baseadas no mesmo princípio.
Art. 16º O Comitê Executivo da Internacional Comunista sanciona a nomeação de um secretario do movimento feminista
internacional e organiza uma seção das mulheres Comunistas da Internacional.
Art. 17º - Todo membro da Internacional Comunista que se desloca de um país para outro e acolhido fraternalmente pelos
membros da 3ª Internacional.
CONDIÇÕES DE ADMISSÃO DOS PARTIDOS NA INTERNACIONAL COMUNISTA
O primeiro Congresso (constituinte) da Internacional Comunista não elaborou as condições precisas de admissão dos Partidos na
31 internacional. No momento em que aconteceu seu primeiro Congresso, na maioria dos países havia apenas tendências e grupos
comunistas.
O segundo Congresso da Internacional Comunista se reuniu em outras condições. Na maioria dos países havia, então, em vez de
tendências e grupos, Partidos e organizações comunistas.
Cada vez mais, os Partidos e grupos que até recentemente pertenciam à 2ª Internacional desejam agora aderir à Internacional
Comunista e se dirigem a ela, sem por isso serem verdadeiramente comunistas. A II Internacional está irremediavelmente desfeita. Os
Partidos intermediários e os grupos do "centro", vendo sua situação desesperadora, se esforçam para se apoiarem sobre a
Internacional Comunista, cada dia mais forte, esperando conservar, enquanto isso, uma "autonomia" que lhes permita prosseguir em
sua antiga política oportunista ou "centrista". A Internacional Comunista, de certa forma, está na moda.
O desejo de certos grupos dirigentes do "centro", de aderir à 3ª Internacional, nos confirma indiretamente que a Internacional
Comunista conquistou as simpatias da grande maioria dos trabalhadores conscientes do mundo inteiro e constitui uma força que
cresce dia a dia.
A Internacional Comunista esta ameaçada de ser invadida por grupos indecisos e hesitantes que até agora não conseguiram
romper com a ideologia da 2ª Internacional.
Além disso, alguns Partidos importantes (italiano, sueco), cuja maioria se coloca no plano comunista, conservam ainda em seu
seio numerosos elementos reformistas e social-pacifistas que só esperam pelo momento de erguer a cabeça para sabotar ativamente a
revolução proletária, indo em auxílio à burguesia e à 2ª Internacional.
Nenhum comunista deve esquecer as lições da República dos Sovietes húngara. A união dos comunistas húngaros com os
reformistas custou caro ao proletariado húngaro.
Por isso o 2º Congresso internacional acredita que deve fixar de maneira bastante precisa as condições de admissão de novos
Partidos e indicar na mesma ocasião aos Partidos já filiados as obrigações que lhes cabem.
O 2º Congresso da Internacional Comunista decide que as condições de admissão na Internacional são as seguintes:
1º) A propaganda e a agitação cotidianas devem ter um caráter efetivamente comunista e estar conformes com as decisões da 3ª
Internacional. Todos os órgãos de imprensa do Partido devem ser redigidos por comunistas reconhecidos como tais, tendo provado
seu devotamento à causa do proletariado. Não convém falar de ditadura do proletariado como de uma fórmula perfeitamente
apreendida e corrente: a propaganda deve ser feita de maneira tal que resulte para todo trabalhador, para todo operário, para todo
soldado, para todo camponês, nos fatos da vida cotidiana, sistematicamente abordados por nossa imprensa. A imprensa periódica ou
outra e todos os serviços editoriais devem estar inteiramente submetidos ao Comitê Central do Partido, seja este legal ou ilegal. É
inadmissível que os órgãos de publicidade utilizem mal a autonomia para levar uma política que não esteja de acordo com a política
do Partido. Nas colunas da imprensa, nas reuniões públicas, nos sindicatos, nas cooperativas, em todos os lugares a que os partidários
da 3ª Internacional tenham acesso, eles deverão atacar sistematicamente e impiedosamente não apenas a burguesia, mas também seus
cúmplices, reformistas de todas as nuances;
2º) Toda organização desejosa de aderir à Internacional Comunista deve regularmente e sistematicamente deslocar dos cargos que
impliquem responsabilidade no movimento operário (organizações do Partido, redações, sindicatos, frações parlamentares,
cooperativas, municipalidades) os reformistas e os "centristas" e substitui-los por comunistas provados - sem temer ter que substituir,
sobretudo no início, militantes experimentados por trabalhadores saídos do seu próprio meio;
3º) Em quase todos os países da Europa e da América, a luta de classes entra no período da guerra civil. Os comunistas não
podem, nessas condições, confiar na legalidade burguesa. É seu dever criar em todos os lugares, paralelamente à organização legal,
um organismo clandestino, capaz de cumprir, no momento decisivo, seu dever para com a revolução. Em todos os países onde, por
causa do estado de Sítio ou lei de exceção, os comunistas não têm a possibilidade de desenvolver legalmente toda a sua ação, a
concomitância da ação legal e da ação ilegal é, sem dúvida, necessária;
4º) O dever de propagar as idéias comunistas implica na necessidade absoluta de conduzir uma propaganda e uma agitação
sistemática e perseverante entre as tropas. Nos locais onde a propaganda aberta é difícil por causa das leis de exceção, ela deve ser
levada ilegalmente; recusar-se a isso será uma traição ao dever revolucionário e, consequentemente, incompatível com a filiação à 3ª
Internacional.
5º) Uma agitação racional e sistemática no campo é necessária. A classe operária não poderá vencer se não for sustentada pelo
menos por uma parte dos trabalhadores do campo jornaleiros agrícolas e camponeses pobres) e se não conseguir neutralizar com sua
política ao menos uma parte do campesinato atrasado. A ação comunista nos campos adquire nesse momento uma importância
capital. Ela deve, principalmente, colocar os operários comunistas em contato com o campo. Recusar-se a fazê-lo ou confiá-lo a
semi-reformistas duvidosos renunciar à revolução proletária.
6º) Todo Partido desejoso de pertencer à 3ª Internacional tem por dever denunciar sempre o social-patriotismo e o social-
pacifismo hipócrita e falso; trata-se de demonstrar sistematicamente aos trabalhadores que, sem a derrubada revolucionária do
capitalismo, nenhum tribunal arbitra internacional, nenhum debate sobre a redução de armamentos, nenhuma reorganização
"democrática" da Liga da Nações pode preservar a humanidade das guerras imperialistas.
7º) Os Partidos desejosos de pertencer à Internacional Comunista tem por dever reconhecer a necessidade de uma ruptura
completa e definitiva com o reformismo e a política de centro e de preconizar esta ruptura entre os membros das organizações. A ação
comunista conseqüente só é possível a este custo.
A Internacional Comunista exige imperativamente e sem discussão esta ruptura, que deve ser consumada dentro do mais breve
prazo. A Internacional Comunista não pode admitir que reconhecidos reformistas como Turati, Kautsky, Hilferding, Ionguet,
Macdonald, Modigliani e outros, tenham o direito de se considerarem membros da 3ª Internacional e que nela estejam representados.
Semelhante estado de coisas fará a 3ª Internacional parecer-se à 2ª.
8º) Na questão das colônias e das nacionalidades oprimidas, os Partidos dos países cuja burguesia possui colônias ou oprime
nações devem ter uma linha de conduta particularmente clara e transparente.
Todo Partido pertencente à 3ª Internacional tem o dever de denunciar impiedosamente as proezas de "seus" imperialistas contra as
colônias, de sustentar não em palavras, mas na ação, iodo movimento de emancipação nas colônias, de exigir a expulsão dos
imperialistas das colônias, de cultivar no coração dos trabalhadores do país sentimentos verdadeiramente fraternais para com a
população trabalhadora das colônias e das nacionalidades oprimidas e de levar entre as tropas da metrópole uma agitação contínua
contra toda opressão dos povos coloniais.
9º) Todo Partido desejoso de pertencer à Internacional Comunista deve conduzir uma campanha perseverante e sistemática no
interior dos sindicatos, cooperativas e outras organizações das massas operárias. Núcleos comunistas devem ser formados onde o
trabalho tenaz e constante conquistou os sindicatos para o comunismo. Seu dever será denunciar a todo instante a traição dos social-
patriotas e as hesitações do "centro". Esses núcleos comunistas devem estar completamente subordinados ao conjunto do Partido.
10º) Todo Partido pertencente à Internacional Comunista tem o dever de combater com energia e tenacidade a "Internacional" dos
sindicatos amarelos fundada em Amsterdã. Eles devem propagar com tenacidade no interior dos sindicatos operários a idéia da
necessidade da ruptura com a Internacional Amarela de Amsterdã. Por outro lado, devem usar de todo o seu poder para promover a
união internacional dos sindicatos vermelhos adeptos da Internacional Comunista.
11º) Os Partidos desejosos de pertencer à Internacional Comunista têm o dever de revisar a composição de suas (frações
parlamentares, delas excluindo os elementos duvidosos, submetendo-as não em palavras mas de fato ao Comitê Central do Partido;
de exigir de todo deputado comunista a subordinação de toda sua atividade aos verdadeiros interesses da propaganda revolucionária e
da agitação.
12º) Os Partidos pertencentes à Internacional Comunista devem ser edificados segundo o princípio da centralização democrática.
Na época atual, de guerra civil obstinada, o Partido Comunista não poderá cumprir seu papel se não estiver organizado da forma mais
centralizada, se uma disciplina de ferro avizinhando a disciplina militar não for adotada e se seu organismo central não estiver
munido de amplos poderes, se não exercer uma autoridade incontestada, se não for beneficiado pela confiança unânime dos
militantes;
13º) Os Partidos Comunistas dos países onde os comunistas militam legalmente devem proceder a apurações periódicas de suas
organizações, a fim de excluir os elementos interesseiros e pequeno-burgueses;
14º) Os Partidos desejosos de pertencer à Internacional Comunista devem sustentar sem reservas todas as repúblicas soviéticas
em suas lutas com a contra-revolução. Devem preconizar incansavelmente a recusa dos trabalhadores em transportar munições e
equipamentos destinados aos inimigos das repúblicas soviéticas, e prosseguir, legalmente ou ilegalmente, a propaganda entre as
tropas enviadas contra as repúblicas soviéticas;
15º) Os Partidos que conservam até hoje os antigos programas social-democratas têm o dever de revisá-los sem demora e elaborar
um novo programa comunista adaptado às condições especiais de seu país e concebido segundo o espírito da Internacional
Comunista. É regra que os programas dos Partidos filiados à Internacional Comunista sejam confirmados pelo Congresso
Internacional ou pelo Comitê Executivo. No caso deste último recusar sua sanção a um Partido, este terá direito de apelar ao
Congresso da Internacional Comunista;
16º) Todas as decisões dos Congressos da Internacional Comunista, bem como as do Comitê Executivo, são obrigatórias para
todos os Partidos filiados à Internacional Comunista. Em caso de guerra civil prolongada, a Internacional Comunista e seu Comitê
Executivo devem levar em conta as condições de luta que são variáveis nos diferentes países e adotar resoluções gerais e obrigatórias
nas questões em que elas são possíveis;
17º) De conformidade com tudo o que precede, todos os Partidos que venham a aderir à Internacional Comunista devem
modificar sua denominação. Todo Partido desejoso de aderir à Internacional Comunista deve se chamar: Partido Comunista de...
(seção da 3ª Internacional Comunista). A questão da denominação não é uma simples formalidade; ela tem também uma importância
política considerável. A Internacional Comunista declarou uma guerra sem tréguas ao velho mundo burguês e aos velhos Partidos
social-democratas amarelos. É importante que a diferença entre os Partidos Comunistas e os velhos Partidos "social-democratas" ou
"socialistas" oficiais que venderam a bandeira da classe operária apareça claramente aos olhos de todo trabalhador;
18º) Todos os órgãos dirigentes da imprensa dos Partidos de todos os países estão obrigados a imprimir todos os documentos
oficiais importantes do Comitê Executivo da Internacional Comunista;
19º) Todos os Partidos pertencentes à Internacional Comunista ou que estão solicitando sua adesão estão obrigados a convocar -
(o mais rápido possível), dentro de um prazo de 4 meses após o 2º Congresso da Internacional Comunista, o mais tardar - um
Congresso extraordinário a fim de se pronunciar sobre essas condições. Os Comitês Centrais devem velar para que as decisões do 2º
Congresso da Internacional Comunista sejam conhecidas de todas as organizações locais;
20º) Os Partidos que desejarem agora aderir à 3º Internacional, mas que ainda não modificaram radicalmente sua antiga tática,
devem preliminarmente providenciar para que 2,3 dos membros de seu Comitê Central e das Instituições centrais mais importantes
sejam compostos de camaradas que já antes do 2º Congresso tenham se pronunciado abertamente pela adesão do Partido à 3º
Internacional. As exceções podem ser aceitas com a aprovação do Comitê Executivo da Internacional Comunista. O Comitê
Executivo se reserva o direito de fazer exceções para os representantes da tendência centrista mencionada no parágrafo 7.
21º) Os integrantes do Partido que rejeitam as condições e as teses estabelecidas pela Internacional Comunista devem ser
excluídos do Partido. O mesmo vale para os delegados ao Congresso extraordinário.
Manifesto do Congresso
O MUNDO CAPITALISTA E A INTERNACIONAL COMUNISTA
I – As Relações Internacionais Depois de Versalhes
É com melancolia e pesar que a burguesia do mundo inteiro se lembra dos dias passados. Todos os fundamentos da política
internacional ou interna estão transtornados ou abalados. Para o mundo dos exploradores, o amanhã está cheio de tempestades. A
guerra imperialista acabou de destruir o velho sistema de alianças e garantias mútuas sobre o qual estavam baseados o equilíbrio
internacional e a paz armada. Nenhum e(1uilil)rio novo resulta da paz de Versalhes.
Primeiro a Rússia, depois a Áustria-Hungria e a Alemanha foram jogadas fora da arena. Essas potências de primeira ordem, que
ocuparam o primeiro lugar entre os piratas do imperialismo mundial, se tornaram elas próprias vitimas da pilhagem e estão entregues
ao desmembramento. Diante do imperialismo vitorioso da Entente, está aberto um campo ilimitado de exploração colonial,
começando no Reno, abarcando toda a Europa central e oriental, para terminar no Oceano Pacífico. O Congo, a Síria, o Egito e o
México podem ser comparados com as estepes, as florestas e as montanhas da Rússia, com as forças operárias, com os operários
qualificados da Alemanha? O novo programa colonial dos vencedores era bem simples: derrotar a república proletária da Rússia,
roubar nossas matérias-primas, açambarcar a mão-de-obra alemã, o carvão alemão, impor ao empresário alemão o papel de carcereiro
e ter à sua disposição as mercadorias assim 01)1 idas para o lucro das empresas. O projeto de "Organizar a Europa", que começou
pelo imperialismo alemão à época de seus sucessos militares, foi retomado pela Entente vitoriosa. Conduzindo ao banco dos réus os
bandidos do império alemão os governos da Entende consideram-nos como seus pares.
Mesmo no campo dos vencedores há os vencidos.
Envaidecida por seu chauvinismo e por suas vitórias, a burguesia francesa já se vê como mestra da Europa. Na realidade, jamais
a França esteve numa dependência tão servil diante de seus rivais mais poderosos, a Inglaterra e a América. A França prescreve à
Bélgica um programa econômico e militar e transforma sua frágil aliada em província vassala, mas diante da Inglaterra ela
desempenha, cm ponto maior, o papel da Bélgica. Momentaneamente os imperialistas ingleses deixam aos usurários franceses o
desvelo de fazer justiça nos limites continentais que lhes estão assinalados, fazendo assim recair sobre a França a indignação dos
trabalhadores da Europa e da própria Inglaterra. O poder da França, sangrada e arruinada, é aparente e artificial; um dia, mais cedo ou
mais tarde, os social-patriotas franceses serão obrigados a perceber isso. A Itália também perdeu seu peso nas relações internacionais.
Faltando carvão, pão, matérias-primas, absolutamente desequilibrada pela guerra, a burguesia italiana, a despeito de toda sua má
vontade, não é capaz de realizar, na medida em que gostaria, os direitos que crê ter na pilhagem e na violência, mesmo nos pedaços
de colônias que a Inglaterra de bom grado lhe abandonaria.
O Japão, preso às contradições inerentes ao regime capitalista numa sociedade tardiamente feudal, está às vésperas de unia crise
revolucionária das mais profundas; apesar das circunstâncias favoráveis na política internacional, esta crise paralisou seu impulso
imperialista.
Restam apenas duas verdadeiras grandes potências mundiais: a Grã-Bretanha e os Estados Unidos.
O imperialismo inglês se desembaraçou de seu rival asiático, o czarismo, e da ameaçadora concorrência alemã. O poderio da Grã-
Bretanha sobre os mares atinge seu apogeu. Ela cerca os continentes de uma cadeia de povos que lhes são submissos. Ela meteu a
mão na Finlândia, na Estônia e Lituânia; ela tira da Suécia e da Noruega os últimos vestígios de sua independência; e transforma o
mar Báltico num golfo que pertence às águas britânicas. Ninguém lhe resiste no mar do Norte. Possuindo o Cabo, o Egito, a Índia, a
Pérsia, o Afeganistão, ela faz, do oceano Índico um mar interior inteiramente submetido ao seu poder. Mestra dos oceanos, a
Inglaterra controla os continentes. Soberana do mundo, ela só encontra limites ao seu poder na república americana do dólar e na
república dos Sovietes.
A guerra mundial obrigou definitivamente os Estados Unidos a renunciar a seu conservadorismo continental. Alargando seu vôo,
o programa de seu capitalismo nacional - "América para os americanos" (doutrina Monroe) -, foi substituído pelo programa do
imperialismo: “O mundo inteiro para os Americanos . Não se contentando mais com explorar a guerra pelo comércio, indústria e
pelas operações da Bolsa, procurando outras fontes de riqueza além do sangue europeu, quando era neutra, a América entrou na
guerra, desempenhou um papel decisivo na derrota da Alemanha e enveredou-se a resolver todas as questões da política européia e
mundial.
Sob a bandeira da Sociedade das Nações, OS Estados Unidos tentaram fazer passar do outro lado do oceano a experiência que
eles já tinham feito entre eles de uma associação federativa de grandes povos pertencentes a raças diversas; eles quiseram acorrentar
a seu carro triunfante os povos da Europa e de outras partes do mundo, sujeitando-os ao governo de Washington. A Liga das Nações
deverá ser, em suma, apenas unia sociedade desfrutando de um monopólio mundial, sob a marca: "Yankee & Co.”
O Presidente dos Estados Unidos, o grande profeta dos lugares comuns, desceu de seu Sinai para conquistar a Europa,
apresentando-lhe seus quatorze mandamentos. Os corretores da Bolsa os ministros, os homens de negócio da burguesia não se
enganam um minuto sequer sobre o verdadeiro sentido da nova revelação. Em resposta, os "socialistas" europeus, trabalhados pelo
fermento de Kautsky, saíram de um êxtase religioso e se puseram a dançar como o rei Davi, levando a santa arca de Wilson.
Assim que conseguiu resolver as questões práticas, o apóstolo americano viu bem que a despeito da extraordinária alta do dólar,
a primazia sobre todas as rotas marítimas pertencia ainda e sempre à Grã-Bretanha, pois ela, dispõe da frota mais forte e tem uma
antiga experiência da pirataria mundial. De outra parte, Wilson está em choque com a república sovietista e o Comunismo.
Profundamente ferido, o Messias americano negou a Liga das Nações, na qual a Inglaterra tinha feito uma das suas chamadas
diplomáticas, e voltou as costas para a Europa.
Será, entretanto, uma infantilidade pensar que depois de ter Sofrido um primeiro fracasso da parte da Inglaterra o imperialismo
americano voltará para sua casca, queremos dizer: se conformará de novo com a doutrina Monroe. Não, usando de meios cada vez
mais violentos, o continente americano, transformando em colônias os países da América central e meridional, os Estados Unidos,
representados por seus dois partidos dirigentes, os democratas e os republicanos, se preparam para fazer parte da Liga das Nações
criada pela Inglaterra; para constituir sua própria Liga, na qual a América do Norte desempenhará o papel de um centro mundial. Para
bem conduzir as coisas, eles têm a intenção de fazer de sua frota, nos próximos três ou cinco anos, um instrumento de luta mais
poderoso que a frota britânica. Isso obriga a Inglaterra imperialista a se colocar a seguinte questão: Ser ou não ser?
À rivalidade desses dois gigantes no domínio das construções navais se acrescenta uma luta não menos furiosa pela posse do
petróleo.
A França, que contava desempenhar um papel de árbitro entre a Inglaterra e os Estados Unidos, está presa à órbita da Grã-
Bretanha como um satélite de segunda grandeza; a Liga das Nações é para ela um fardo intolerável do qual tenta se desfazer
fomentando um antagonismo entre a Inglaterra e a América do Norte.
As forças mais poderosas trabalham, assim, para preparar um novo duelo mundial.
O programa de emancipação das pequenas nações que foi levado adiante durante a guerra, levou à queda completa e à servidão
absoluta os povos dos Bálcãs, vencedores e vencidos, e à balcanização de uma parte considerável da Europa. Os interesses
imperialistas dos vencedores levaram-nos a se destacar das grandes potências que eles bateram em alguns pequenos Estados
representantes de nacionalidades distintas. Aqui a questão é apenas o que se chama de princípio das nacionalidades: o imperialismo
consiste em quebrar os quadros nacionais, mesmo os das grandes potências. Os pequenos Estados burgueses recentemente criados
são apenas produtos do imperialismo. Criando-os, para neles encontrar um eixo provisório, toda uma série de nações, abertamente
oprimidas ou oficialmente protegidas, mas na realidade vassalas - a Áustria, a Hungria, a Polônia, a Iugoslávia, a Boêmia, a
Finlândia, a Estônia, a Letônia, a Lituânia, a Armênia, a Geórgia etc... dominando-as através dos bancos, das estradas de (erro, do
monopólio do carvão do imperialismo, condena-as a sofrer dificuldades econômicas e nacionais intoleráveis, conflitos intermináveis,
disputas sangrentas.
Que monstruosa zombaria é para a história o fato de a restauração da Polônia, depois de ter feito parte do programa da
democracia revolucionária e das primeiras manifestações do proletariado internacional, ser realizada pelo imperialismo a fim de opor
um obstáculo à Revolução! A Polônia "democrática", cujos precursores morreram em barricadas, é nesse momento um instrumento
sujo e sangrento nas mãos dos bandidos anglo-franceses que atacam a primeira república proletária que o mundo conheceu.
Ao lado da Polônia, a Tchecoslováquia, "democrática", vendida ao capital francês, fornece uma guarda branca contra a Rússia
soviética, contra a Hungria soviética.
A tentativa heróica feita pelo proletariado húngaro para sair do caos político e econômico da Europa central é entrar no caminho
da federação sovietista - que é verdadeiramente a única saída -, foi abafada pela reação capitalista coligada, no momento em que,
enganado pelos partidos dirigentes, o proletariado das grandes potências européias se encontrava incapaz de cumprir seu dever para
com a Hungria socialista e consigo mesmo.
O governo sovietista de Budapeste foi derrotado com a ajuda de social-traidores que, depois de terem se mantido no poder
durante três anos e meio, foram jogados por terra pela canalha contra-revolucionária, cujos crimes sangrentos ultrapassaram os de
Koltchak, de Denikine, de Wrangel e outros agentes da Entente... Mas, mesmo abatida por um tempo, a Hungria sovietista continua a
iluminar, como um farol esplêndido, os trabalhadores da Europa central.
O povo turco não quer mais se submeter à paz mentirosa que lhe impõem os tiranos de Londres. Para fazer executar as cláusulas
do tratado, a Inglaterra armou e jogou a Grécia contra a Turquia. Dessa maneira, a península balcânica e a Ásia Menor, turcos e
gregos, estão condenados a uma devastação completa, a massacres mútuos.
Na luta da Entente contra a Turquia, a Armênia foi inscrita no programa, assim como a Bélgica na luta contra a Alemanha, assim
como a Sérvia na luta contra a Áustria-Hungria. Depois que a Armênia foi constituída, sem fronteiras definidas, sem possibilidade de
existência - Wilson recusou-se a aceitar o mandato armênio que lhe propusera a "Liga das Nações" -, pois o solo da Armênia não
contém nem petróleo nem platina. A Armênia "emancipada" está mais do que nunca sem defesa.
Quase todos os Estados "nacionais" recentemente criados são um abcesso nacional latente.
Ao mesmo tempo a luta nacional, nos domínios atravessados pelos vencedores, conhece sua mais alta tensão. A burguesia
inglesa, que gostaria de ter sob sua tutela os povos dos quatro cantos do mundo, é incapaz de resolver de maneira satisfatória a
questão irlandesa que se coloca em sua vizinhança imediata.
A questão nacional nas colônias é ainda a maior das ameaças. O Egito e a Pérsia são sacudidos por insurreições. Os proletários
avançados da Europa e da América transmitem aos trabalhadores das colônias a divisa da Federação Sovietista.
A Europa oficial, governamental, nacional, civilizada, burguesa tal como saiu da guerra e da paz dc Versalhes - sugere a imagem
de uma casa de loucos. Os pequenos Estados criados por meios artificiais, aos pedaços, estourando do ponto dc vista econômico os
limites que lhes prescreveram, se esgotam e lutam para obter portos, províncias, pequenas cidades. Eles procuram a proteção dos
Estados mais fortes, cujo antagonismo cresce dia a dia. A Itália mantém uma atitude hostil à França e estará disposta a sustentar
contra ela a Alemanha; se esta for capaz de levantar a cabeça. A França está envenenada pela inveja que tem da Inglaterra e, para ter
quem pague suas contas, ela se presta a pôr fogo nos quatro cantos da Europa. A Inglaterra mantém, com a ajuda da França, a Europa
num estado de caos e impotência que lhe deixa as mãos livres para realizar suas operações mundiais, dirigidas contra a América. Os
Estados Unidos deixam o Japão se aprofundar na Sibéria oriental, para assegurar à sua frota durante esse tempo a superioridade sobre
a da Grã-Bretanha antes de 1925, a menos que a Inglaterra não se decida a se medir com eles antes dessa data.
Para completar convenientemente este quadro, o oráculo militar da burguesia francesa, o marechal Floch nos previne de que a
guerra futura terá como ponto de partida o ponto de parada da guerra precedente: aparecerão os aviões e os tanques, o fuzil
automático e as metralhadoras no lugar do fuzil portátil, a granada no lugar da baioneta.
Operários e camponeses da Europa, da América, da Ásia, da África e da Austrália! Vocês sacrificaram dez milhões de vidas,
vinte milhões de feridos e inválidos. Agora vocês sabem o que obtiveram a esse preço!
II - A Situação Econômica
Ao mesmo tempo a humanidade continua a se arruinar.
A guerra destruiu mecanicamente os vínculos econômicos cujo desenvolvimento constituiu uma das mais importantes conquistas
do capitalismo mundial. Desde 1914, a Inglaterra, a França e a Itália estão completamente separadas da Europa Central e do Oriente
Próximo, desde 1917 - da Rússia.
Durante vários anos de uma guerra que destruiu o trabalho de várias gerações, o trabalho humano, reduzindo ao mínimo, foi
aplicado principalmente em transformar as reservas de matéria-prima para fazerem delas sobretudo armas e instrumentos de
destruição.
Nos domínios econômicos onde o homem entra imediatamente em luta com a natureza avara e inerte, tirando de suas entranhas o
combustível e as matérias-primas, o trabalho foi progressivamente reduzido a nada. A vitória da Entente e da paz de Versalhes não
acabaram com a destruição econômica e a decadência geral, apenas modificaram as vias e as formas. O bloqueio da Rússia soviética
e a guerra civil suscitada artificialmente ao longo de suas férteis fronteiras causaram e causam ainda prejuízos incalculáveis ao bem-
estar de toda a humanidade. Se a Rússia estivesse amparada, do ponto de vista técnico, numa medida bastante modesta - a
Internacional afirma isso diante do mundo inteiro -, ela poderia, graças às formas sovietistas de economia, dar duas ou três vezes
mais produtos alimentares e matérias-primas à Europa do que dava a Rússia do czar. Ao invés disso, o imperialismo anglo-francês
força a República dos trabalhadores a empregar toda a sua energia e todos os seus recursos na sua defesa. Para privar os operários
russos de combustível, a Inglaterra reteve entre suas garras o petróleo restante mais ou menos inutilizado, pois ela precisa importar
apenas uma pequena parte. O riquíssimo reservatório de óleo do Don está sendo devastado pelos bandidos brancos a soldo da
Entente, cada vez que eles conseguem tomar a ofensiva nesse setor. Os engenheiros e os batalhões de engenharia franceses mais de
uma vez se aplicaram a destruir nossas estações e nossas vias férreas; e o Japão não parou ainda de pilhar e arruinar a Sibéria
oriental.
A ciência industrial alemã e a taxa de produção elevada da mão-de-obra alemã, esses dois fatores de extrema importância para o
renascimento da vida econômica européia, estão paralisadas pelas cláusulas da paz de Versalhes. A Entente se encontra diante de um
dilema: para poder exigir o pagamento é necessário dar o meio de trabalho, para deixar trabalhar é necessário deixar viver. E dar à
Alemanha arruinada, despedaçada, exangue, o meio de se refazer e tornar possível um sobressalto dc protesto. Foch tem medo de
uma revanche alemã, e esse temor transpira em tudo o que faz, por exemplo, na maneira de apertar cada vez mais o cerco militar que
deve impedir a Alemanha de se reerguer.
Todos sentem falta de alguma coisa, todos estão na indigência. Não apenas o balanço da Alemanha, mas igualmente o da França
e da Inglaterra, se destacam exclusivamente por seu passivo. A dívida francesa se eleva a 3OO bilhões de francos, dos quais dois
terços pelo menos, segundo a asserção do senador reacionário Gaudin de Villaine, são resultado de todo tipo de depredações, abusos
e desordens.
A França precisa de ouro, precisa de carvão. A burguesia francesa recorre aos inumeráveis túmulos dos soldados tombados
durante a guerra para reclamar os interesses de seus capitais. A Alemanha deve pagar: O general Foch não tem senegaleses bastantes
para ocupar as cidades alemãs? A Rússia deve pagar! Para nos persuadir, o governo francês emprega, para devastar a Rússia, os
bilhões arrancados aos contribuintes para a reconstituição das câmaras franceses.
A Entente financeira internacional, que deverá suavizar o fardo dos impostos franceses anulando as dívidas de guerra, não existiu:
os Estados Unidos se mostram muito pouco dispostos a fazer à Europa um presente de bilhões de libras esterlinas.
A emissão de papel-moeda continua, atingindo a cada dia uma cifra mais alta. Na Rússia, onde existe uma organização
econômica unificada, uma repartição sistemática do mercado consumidor e onde o salário em moeda tende cada vez mais a ser
substituído pelo pagamento "in natura", a emissão contínua de papel-moeda e a rápida alta de sua taxa apenas confirmam o
desmoronamento do velho sistema financeiro e comercial. Mas, nos países capitalistas, a quantidade crescente de bônus do Tesouro
são o indício de uma profunda desordem econômica e de uma falência iminente.
As conferências convocadas pela Entente viajam de um lugar para outro, procuram se inspirar nesta ou naquela praia da moda.
Cada um reclama os interesses do sangue derramado durante a guerra, uma indenização proporcional ao número de seus mortos. Esta
espécie de Bolsa ambulante rebaixa a cada quinze dias a mesma questão: a saber, se é 50 ou 55% que a França deve receber, de uma
contribuição que a Alemanha não tem condições de pagar. Essas conferências fantasmagóricas São feitas para coroar a famosa
"organização" da Europa de que tanto se gabam.
A guerra submeteu o capitalismo a uma evolução. A pressão sistemática de mais-valia que antigamente foi para o empresário a
única fonte de lucro, parece hoje uma ocupação muito insípida aos senhores burgueses que adquiriram o hábito de duplicar ou
decuplicar seus dividendos no espaço de alguns dias, através de sábias especulações baseadas no banditismo internacional.
O burguês rejeitou todos os prejulgamentos que o embaraçavam e adquiriu, por outro lado, um certo manejo que lhe faltava até
aqui. A guerra acostumou-o, como se fossem os atos mais simples, a levar países inteiros à fome pelo bloqueio, a bombardear e a
incendiar cidades pacificas, a infectar as fontes e os rios com culturas de cólera, a transportar dinamite em valises diplomáticas, a
emitir falsos bilhetes de banco imitando os do inimigo, a empregar a corrupção, a espionagem e o contrabando em proporções até
agora inusitadas. Os meios de ação aplicados durante a guerra continuam em vigor no mundo comercial depois da conclusão da paz.
As operações comerciais de alguma importância se realizam sob a égide do Estado. Este último se tornou parecido a uma associação
de malfeitores armados até os dentes. O terreno de produção mundial se reduz cada vez mais e a mão forte sobre a produção se torna
cada vez mais frenética e cada vez mais cara.
Impedir: eis a última palavra da política do capitalismo, a divisa que substitui o protecionismo e o livre-cambismo! A agressão de
que foi vítima a Hungria da parte dos bandidos romenos que pilharam lã tudo o que estava ao alcance da mão, locomotivas e jóias
indiferentemente, caracteriza a filosofia econômica de Lloyd-George e de Millerand.
Em sua política econômica interior, a burguesia não sabe em que se apoiar, se num sistema de controle do Estado que poderá ser
dos mais eficazes ou, de outro lado, nos protestos que se fazem ouvir contra a mão pesada do Estado sobre os negócios econômicos.
O parlamento francês procura encontrar um compromisso que lhe permita concentrar a direção de todas as vias férreas da república
numa única mão sem com isso lesar os interesses dos capitalistas acionistas das empresas de caminhos de ferro privadas. Ao mesmo
tempo, a imprensa capitalista leva uma campanha contra o "estatismo" que é o primeiro passo da intervenção do Estado e que coloca
um freio a iniciativa privada. As estradas de ferro americanas, que durante a guerra foram dirigidas pelo Estado, foram
desorganizadas, caíram numa situação ainda mais difícil quando o controle do governo foi suprimido. Entretanto, em seu programa, o
partido republicano promete livrar a vida econômica da arbitragem governamental. O chefe das "trade-unions" americanas, Samuel
Gompers, esse velho cérebro do capital, luta contra a nacionalização dos caminhos de ferro que, por seu turno, os ingênuos e os
charlatões do reformismo propõem à França como uma panacéia universal. Na realidade, a intervenção desordenada do Estado só
será feita para secundar a atividade perniciosa dos especuladores, para acabar de introduzir a desordem mais completa na economia
do capitalismo, no momento em que esta se encontra em sua fase de decadência. Tirar dos trustes Os meios de produção e de
transporte para passá-los à "nação", isto é, ao Estado burguês, isto é, ao mais poderoso e mais ávido dos trustes capitalistas, não é
vencer o mal, mas fazer dele uma lei comum.
A baixa dos preços e a alta da taxa da moeda são apenas os indícios enganosos que não podem esconder a ruína iminente. Os
preços baixaram, mas isto não quer dizer que tenha havido um aumento de matérias-primas ou que o trabalhador tenha se tornado
mais produtivo.
Após a prova sangrenta da guerra, a massa operária não é mais capaz de trabalhar com o mesmo vigor nas mesmas condições. A
destruição, em poucas horas, de bens cuja criação demandou anos, a impudente agiotagem de unia súcia financeira com vários
bilhões em jogo e, ao lado disso, os montes de ossos e ruínas - essas lições dadas pela história estão muito presentes para sustentar na
classe operária a disciplina inerente ao trabalho assalariado. Os economistas burgueses e os fazedores dc folhetins nos falam de uma
"onda de preguiça", que se abaterá sobre a Europa ameaçando seu futuro econômico. OS administradores procuram ganhar tempo
concedendo alguns privilégios aos operários qualificados. Mas eles perdem seu trabalho. Para a reconstrução e o desenvolvimento da
produção do trabalho, é necessário que a classe operária saiba perfeitamente que cada golpe de martelo terá como resultado melhorar
sua sorte, de tornar-lhe mais fácil a instrução e aproximá-la de uma paz universal. Ora, esta certeza só pode ser dada pela revolução
social.
A alta de preços dos gêneros alimentícios semeia o descontentamento e a revolta em todos os países. A burguesia da França, da
Itália, da Alemanha e de outros países não encontra senão paliativos para opor ao flagelo do alto custo de vida e á onda ameaçadora
das greves. Para estar em condições de pagar aos agricultores é necessário apenas uma parte de suas despesas de produção; o Estado,
coberto de dívidas, se engaja na especulação, rouba a si mesmo para retardar o quarto de hora de Rabelais. Se é verdade que algumas
categorias de operários vivem atualmente em melhores condições do que antes da guerra, isso não significa nada no que concerne á
situação econômica dos países capitalistas. Obtêm-se resultados efêmeros deixando para amanhã, buscando empréstimos com
charlatães; amanhã chegará a miséria e toda sorte de calamidades.
Que dizer dos Estados Unidos? "A América é a esperança da humanidade": pela boca de Millerand, o burguês francês repete essa
sentença de Turgot, esperando que ela pague suas dívidas, ela que não paga ninguém. Mas os Estados Unidos não são capazes dc tirar
a Europa do impasse econômico em que ela está envolvida. Durante os seis últimos
anos, eles gastaram seu estoque de matérias-primas. A adaptação do capitalismo americano ás exigências da guerra mundial
restringiu sua base industrial. Os europeus pararam de emigrar para a América. Uma onda de retorno tirou da indústria americana
centenas de milhares de alemães, italianos, poloneses, sérvios, tchecos que esperam na Europa seja uma mobilização, seja a miragem
de uma pátria recuperada. A falta de matérias-primas e de forças operárias pesa fortemente sobre a República transatlântica e
engendra uma profunda crise econômica, a partir da qual o proletariado americano entrará numa nova fase de luta revolucionária. A
América se europeiza rapidamente.
Os neutros não escaparam das consequências da guerra e do bloqueio. Semelhante a um líquido em vasos comunicantes, a
economia dos Estados capitalistas, estreitamente ligadas entre si, grandes ou pequenos, beligerantes ou neutros, vencedores ou
vencidos, tende a atingir uni único e mesmo nível - o da miséria, da fome e do enfraquecimento.
A Suíça apenas sobrevive, cada eventualidade ameaça de jogá-la fora de todo equilíbrio. Na Escandinávia, uma rica importação
de ouro não conseguiria resolver o problema do abastecimento. Está obrigada a comprar carvão da Inglaterra em pequenas porções, e
isso ao custo da humilhação. A despeito da fome na Europa, a pesca na Noruega está numa crise inusitada.
A Espanha, de onde a França faz vir homens, cavalos e víveres, não pode se livrar de numerosas dificuldades, do ponto de vista
da recuperação, as quais conduzem a greves violentas e manifestações das massas que a fome obriga a ir ás ruas.
A burguesia conta firmemente o campo. Seus economistas afirmam que o bem-estar dos camponeses aumentou
extraordinariamente. Isso é uma ilusão. E verdade que os camponeses que vendem seus produtos nos mercados têm feito alguma
fortuna, sobretudo durante a guerra. Eles venderam seus produtos a preços muito altos e pagaram com unia moeda que corrigiu por
um bom preço as dívidas que eles haviam feito quando o dinheiro custava caro. Eis porque eles tiveram uma vantagem evidente.
Mas, durante a guerra, suas exportações caíram na desordem, e seu rendimento diminuiu. Eles têm necessidade de objetos fabricados.
E o preço desses objetos aumentou na medida em que o dinheiro se tornou mais barato. As exigências do fisco se tornaram
monstruosas e ameaçam engolir o camponês com seus produtos e suas terras. Assim, após um período de reabilitação momentânea do
bem-estar, os pequenos camponeses caem mais e mais em dificuldades irredutíveis. Seu descontentamento por causa dos efeitos da
guerra não fará senão crescer e, representado por um exército permanente, o camponês prepara para a burguesia uma desagradável
surpresa.
A restauração econômica da Europa, da qual falam os ministros que a governam, é uma mentira. A Europa se arruina e com ela o
mundo inteiro.
Sobre as bases do capitalismo não há saída. A política do imperialismo não conseguirá eliminar as carências, ela só poderá torná-
las mais dolorosas favorecendo a dilapidação das reservas de que ainda dispõe.
A questão do combustível e das matérias-primas é uma questão internacional que só poderá ser resolvida sobre a base de uma
produção regulada sobre um plano, elaborado em comum acordo, socializado.
É preciso anular as dívidas do Estado. É preciso emancipar o trabalho e seus frutos do tributo monstruoso que ele paga à
plutocracia. É preciso botar abaixo as barreiras governamentais que fracionam a economia mundial. É necessário substituir o
Supremo Conselho Econômico dos imperialistas da Entente por um Supremo Conselho Econômico do proletariado mundial para a
exploração centralizada de todos os recursos da humanidade.
É necessário destruir o imperialismo para que a espécie humana possa continuar a subsistir.
ASSINADO:
Rússia: Lênin, G. Zinoviev, N. Bukharin, L. Trotsky.
Alemanha: P. Levi, E. Meyer, Y. Walcer, R. Wolfstein.
França: Rosmer, Jacques Sadoul, Henri Guilbeuax.
Inglaterra: Tom Quelch, Gallacher, E. Silvya Pankhurst, Mac Laine.
América (EUA): Fleen, A. Frayna, A. Bilan, J. Reed.
Itália: D.M. Serrati, N. Bombacci, Graziadei, A. Bordiga.
Noruega: Frys, Shaefflo, A. Madsen.
Suécia: K. Dalstroem, Samuelson, Winberg.
Dinamarca: O. Jorgenson, M. Nilsen.
Holanda: Wijncup, Jansen, Van Leuve.
Bélgica: Van Overstreten.
Espanha: Pestana.
Suíça: Herzog, I. Humbert-Droz.
Hungria: Racoczy, A. Rudniansky, Varga.
Galícia: Levitsky.
Polônia: J. Marchlevsky.
Látvia: Stoutchka
Lituânia: Mitzkévitch-Kapsukas.
Tchecoslováquia: Vanek, Gula, Zapototsky
Estônia: R. Wakman, G. Poegelman.
Finlândia: I. Rakhia, Letonmiaky, K. Manner.
Bulgária: Kabaktchiev, Maximov, Chabline.
Iugoslávia: Milkitch.
Geórgia: M. Tsakiah
Armênia: Nazaritian.
Turquia: Nichad.
Pérsia: Sultan-Zadé
Índia: Atcharia, Sheffik.
Índias Holandesas: Maring.
China: Laou-Siou-Tchéou.
Coréia: Pak Djinchoun, Him Houlin.
O TERCEIRO CONGRESSO DA III
INTERNACIONAL (junho de 1921)
TESE SOBRE A SITUAÇÃO MUNDIAL E A TAREFA DA
INTERNACIONAL COMUNISTA
I.O Fundo da Questão
1. O movimento revolucionário, ao final da guerra imperialista e desde esta guerra, se distingue por sua amplitude sem
precedentes na história. Março de 1917, derrota do czarismo. Maio de 1917, imensa luta grevista na Inglaterra. Novembro de 1917, o
proletariado russo toma o poder de Estado. Novembro de 1918, queda das monarquias alemã e austro-húngara. O movimento grevista
toma conta de uma série de países europeus e se desenvolve particularmente ao longo do ano seguinte. Em março de 1919, a
República Soviética se instala na Hungria. Ao final do mesmo ano, formidáveis greves de metalúrgicos, mineiros e ferroviários
abalam os Estados Unidos. Na Alemanha, após os combates de janeiro e março de 1919, o movimento grevista atinge seu ponto
culminante seguido da insurreição de Kapp, em março de 1920. Na França, o momento da mais alta tensão se dá no mês de maio de
1920. Na Itália, o movimento do proletariado industrial e rural cresce sem cessar e chega a setembro de 1920 conduzido pelos
operários das usinas, fábricas e propriedades rurais. O proletariado tcheco, em dezembro de 1920, usou a arma da greve geral
política. Em março de 1921, sublevação dos operários da Alemanha Central e greve dos operários mineiros na Inglaterra.
O movimento atinge proporções particularmente grandes e uma intensidade mais violenta nos países antes beligerantes e
sobretudo nos países vencidos, mas se estende também aos países neutros. Na Ásia e na África, ele suscita ou reforça a indignação
revolucionária de numerosas massas coloniais.
Esta poderosa onda não consegue, entretanto, derrotar o capitalismo mundial, nem mesmo o capitalismo europeu.
2. Durante o intervalo entre o 2º e o 3º Congresso da Internacional Comunista, uma série de sublevações e lutas da classe operária
terminam em derrota parcial (avanço do exército vermelho sobre Varsóvia em agosto de 1920, movimento do proletariado italiano em
setembro de 1920, sublevação dos operários alemães em março de 1921).
O primeiro período do movimento revolucionário após a guerra caracteriza-se por sua violência elementar, pela imprecisão muito
significativa dos objetivos e pelo extremo pânico que toma conta das classes dirigentes; ele parece estar terminado em larga medida.
O sentimento de poder de classe que tem a burguesia e a solidez exterior de seus órgãos de Estado estão indubitavelmente reforçados.
O medo do comunismo enfraqueceu, senão está totalmente desaparecido. Os dirigentes da burguesia gabam o poder de seu aparelho
de Estado e passam, em todos os países, à ofensiva contra as massas operárias, tanto no plano econômico como no plano político.
3. Em razão dessa situação, a Internacional Comunista coloca para si e para a classe operária as seguintes questões: em que
medida as novas relações entre a burguesia e o proletariado correspondem realmente às relações mais profundas de suas respectivas
forças? A burguesia tem condições de restabelecer o equilíbrio social destruído pela guerra? Existem razões para supor que após uma
época de comoção política e lutas de classes venha unia época prolongada de restabelecimento e crescimento do capitalismo? Não
decorre disso a necessidade de revisar o programa ou a tática da Internacional Comunista?
V. Relações Internacionais
27. A situação geral da economia da Europa e, antes de tudo, a ruína da Europa, determinam um largo período de pesadas
dificuldades econômicas, de agitações, crises parciais e gerais etc. As relações internacionais, tal como se estabeleceram em função
da guerra e do Tratado de Versalhes, tornam a situação sem saída.
O imperialismo foi engendrado pelo desejo das forças produtivas de suprimir as fronteiras dos Estados nacionais e criar único
território europeu e mundial de economia única. O resultado do conflito dos imperialismo inimigos foi o estabelecimento, na Europa
Central e Oriental, de novas fronteiras, novas aduanas e novos exércitos. No sentido econômico e prático, a Europa foi reconduzida à
Idade Média.
Sobre um território esgotado e arruinado mantém-se atualmente um exército uma vez e meia maior que em 1914. Eis o apogeu da
"paz armada".
28. A política dominante da França sobre o continente europeu pode ser dividida em duas partes: uma, atestando a raiva cega do
usurário pronto a esganar seu devedor insolvente e, outra representada pela cupidez da grande indústria saqueadora em vias de criar,
com a ajuda das bacias do Sarre, do Ruhr e da Alta-Silésia, as condições favoráveis a um imperialismo financeiro em falência.
Esses esforços, contudo, vão de encontro aos interesses da Inglaterra. A tarefa desta consiste em separar o carvão alemão do
minério francês, cuja reunião é, todavia, uma condição indispensável à regeneração da Europa.
29. O Império Britânico parece estar hoje no auge do poderio. Manteve suas antigas possessões e conquistou novas. O momento
atual, porém, mostra com precisão que a situação predominante da Inglaterra está em contradição com sua decadência econômica
efetiva. A Alemanha, com seu capitalismo incomparavelmente mais progressivo em relação à técnica e à organização, está esmagada
pela força armada. Mas os Estados Unidos, economicamente senhores das duas América, assumem, diante da Inglaterra, a condição
de adversário triunfante e mais ameaçador que a Alemanha. Graças a uma melhor organização e a uma técnica superior, o rendimento
do trabalho nas indústrias dos Estados Unidos é incomparavelmente superior ao da Inglaterra. Os Estados Unidos produzem 65% a
70% do petróleo consumido no mundo inteiro e do qual dependem os automóveis, os tratores e os aviões. A situação secular e
praticamente de monopólio da Inglaterra sobre o mercado do carvão está definitivamente arruinada; a América tomou o primeiro
lugar. Suas exportações para a Europa aumentam de forma ameaçadora. Sua frota comercial é quase igual a da Inglaterra. Os Estados
Unidos não querem mais se resignar ao monopólio mundial dos cabos, pertencente à Inglaterra. No domínio industrial, a Grã-
Bretanha passa à ofensiva e, sob o pretexto de lutar contra a concorrência malsã da Alemanha, se arma de medidas protecionistas
contra os Estados Unidos. Enfim, a frota militar da Inglaterra, com grande número de unidades velhas, está parada em seu
desenvolvimento. O governo Harding retomou o programa do governo Wilson relativamente às construções navais, o que dará, nos
próximos dois ou três anos, a hegemonia dos mares à bandeira dos Estados Unidos.
A situação é tal que, ou a Inglaterra será automaticamente empurrada para o último plano e, apesar de sua vitória sobre a
Alemanha, se tornará uma potência de segunda ordem, ou bem - e ela se acredita já obrigada - empenhará, num futuro muito
próximo, todas as forças adquiridas no passado numa luta de morte contra os Estados Unidos.
É nesta perspectiva que a Inglaterra mantém sua aliança com o Japão e se esforça, ao preço de concessões cada vez maiores, para
adquirir o apoio, ou pelo menos, a neutralidade da França.
O crescimento do papel internacional - nos limites do continente - da França no último ano é causado não pelo seu fortalecimento,
mas por um enfraquecimento internacional da Inglaterra.
A capitulação da Alemanha em maio último na questão das contribuições de guerra assinala uma vitória temporária da Inglaterra
e assegura a queda econômica ulterior da Europa Central, sem excluir, num futuro próximo, ai ocupação pela França da bacia do
Ruhr e da Alta-Silésia.
30. O antagonismo entre o Japão e os Estados Unidos, provisoriamente dissimulado pela participação na guerra contra a
Alemanha, desenvolve abertamente suas tendências nesse momento. O Japão está, por causa da guerra, próximo das costas
americanas, tendo recebido ilhas de grande importância localizadas no Pacífico.
A crise da indústria japonesa rapidamente desenvolvida desvelou novamente a questão da emigração. O Japão, país de população
densa e pobre de recursos naturais, está obrigado a exportar mercadorias e homens. Em ambos os casos, ele se choca com os Estados
Unidos, na Califórnia, na China, na ilha de Jap.
O Japão despende mais da metade de sua receita com o exército e com a frota. Na luta da Inglaterra com a América, o Japão
desempenhará no mar o papel que a França desempenhou em terra na guerra contra a Alemanha. O Japão se aproveita atualmente do
antagonismo contra a Grã-Bretanha e a América, mas a luta decisiva desses dois gigantes pela dominação do mundo se decidirá
finalmente em seu detrimento.
31. O grande massacre recente foi europeu por suas causas e seus participantes. O eixo da luta era o antagonismo entre a
Inglaterra e a Alemanha. A intervenção dos Estados Unidos alargou o quadro da luta, mas não o desviou de sua tendência
fundamental e o conflito europeu foi resolvido às custas do mundo inteiro. A guerra, que resolveu a sua maneira a contenda entre a
Inglaterra e a Alemanha, não só resolveu a questão das relações entre os Estados Unidos e a Inglaterra, mas colocou-a em primeiro
plano. A última guerra foi o prefácio europeu da guerra verdadeiramente mundial que decidirá sobre a dominação imperialista
excessiva.
32. Este é apenas um dos eixos da política mundial. Há outro eixo: a Federação dos Sovietes russos e a III Internacional nasceram
em conseqüência da última guerra. O grupamento das forças revolucionárias internacionais está inteiramente dirigido contra todos os
grupamentos imperialistas.
A manutenção da aliança entre a Inglaterra e a França ou, ao contrário, sua destruição, tem o mesmo preço do ponto de vista da
paz que a renovação da aliança anglo-japonesa, que a entrada (ou a recusa em entrar) dos Estados Unidos na Sociedade das Nações.
O proletariado verá uma grande garantia de paz no grupo passageiro, cúpido e desleal dos países capitalistas cuja política, evoluindo
em torno do antagonismo anglo-americano, prepara uma sangrenta explosão.
A conclusão, para alguns países capitalistas, de tratados de paz e convenções comerciais com a Rússia soviética não significa a
renúncia da burguesia mundial à destruição da República dos Sovietes, longe disso. Só se pode ver aí uma mudança talvez passageira
de formas e métodos de luta. O golpe de estado japonês no Extremo Oriente significa talvez o começo de um novo período de
intervenção armada.
É absolutamente evidente que, quanto mais o movimento revolucionário proletário mundial se abranda, mais as contradições da
situação internacional - econômica e política - estimulam a burguesia a tentar de novo um desenlace pelas armas em escala mundial.
Isso significa que o "restabelecimento do equilíbrio capitalista" após a nova guerra se baseará num esgotamento econômico e num
retrocesso da civilização de tal dimensão que, em comparação com a situação atual da Europa, esta parecerá o cúmulo do bem-estar.
33. Posto que a experiência da última guerra confirmou com uma certeza terrificante que "a guerra é um cálculo enganoso" -
verdade que contém todo pacifismo, tanto socialista como burguês - a preparação da nova guerra, preparação econômica, política,
ideológica e técnica, segue a passos largos em iodo o mundo capitalista. O pacifismo humanitário anti-revolucionário se tornou uma
força auxiliar do militarismo.
Os social-democratas de todos os matizes e os sindicalistas de Amsterdã incutem no proletariado internacional a convicção da
necessidade de se adaptar às regras econômicas e ao direito internacional dos países, tal como foram estabelecidos após a guerra, e
aparecem como os auxiliares insignes. da burguesia imperialista na preparação do novo massacre que ameaça destruir
definitivamente a civilização humana.
1. Delimitação da Questão
"A nova Associação Internacional dos operários foi fundada para organizar as ações comuns dos proletários dos diferentes países,
ações cujo objetivo comum é a derrubada do capitalismo, estabelecimento da ditadura do proletariado e de uma República
Internacional dos Sovietes tendo em vista a supressão completa das classes e da realização do socialismo, primeiro degrau da
sociedade comunista."
Esta definição dos objetivos da Internacional Comunista, colocada em seus estatutos, delimita claramente todas as questões de
tática que estão por ser resolvidas.
Trata-se da tática a empregar em nossa luta pela ditadura do proletariado. Trata-se dos meios a empregar para conquistar a maior
parte da classe operária para os princípios do comunismo, dos meios a utilizar para organizar os elementos mais importantes do
proletariado na luta pela realização do comunismo, trata-se das relações com as camadas pequeno-burguesas proletarizadas, dos
meios e procedimentos a adotar para desmontar o mais rapidamente possível os órgãos do poder burguês, reduzi-los a ruínas e
encetar a luta final internacional pela ditadura do proletariado.
A questão da ditadura em si, como única via de acesso à vitória, está fora de discussão. O desenvolvimento da revolução mundial
mostrou claramente que há uma única alternativa na situação histórica atual: ditadura capitalista ou ditadura proletária.
O 3º Congresso da Internacional Comunista retoma o exame das questões da tática nas novas condições, já que em boa parte dos
países a situação objetiva assumiu uma extraordinária agudeza revolucionária e vários grandes partidos comunistas se formaram, mas
não possuem ainda a direção efetiva do grosso da classe operária na luta revolucionária real.
6. A Preparação da Luta
O caráter do período de transição impõe aos Partidos Comunistas o dever de elevar ao mais alto ponto seu espírito de combate.
Cada combate isolado pode conduzir a um combate pelo poder. O Partido só poderá adquirir a causticidade necessária se der ao
conjunto de sua propaganda o caráter de um ataque e apaixonado contra a sociedade capitalista, se ele souber se ligar nessa agitação
às mais amplas massas do povo, se ele souber falar-lhe de maneira que elas possam adquirir a convicção de estar sob a direção de
uma vanguarda que luta efetivamente pelo poder. Os órgãos e os manifestos do Partido Comunista não devem ser publicações que
procurem provar teoricamente a justeza do comunismo; eles devem ser gritos de apelo à revolução proletária. A ação dos comunistas
não deve tender a discutir com o inimigo ou a persuadi-lo, mas desmascará-lo sem reserva e sem piedade, desmascarar os agentes da
burguesia, sacudir a vontade de combate das massas operárias e levar as camadas pequeno-burguesas e semiproletárias do povo a se
juntar ao proletariado. Nosso trabalho de organização nos sindicatos e nos partidos não deve visar a uma construção numérica de
nossas fileiras; ele deve estar penetrado do sentimento das lutas próximas. Só assim o Partido, em todas as suas manifestações de
vida, e em todas as suas forma de organização, será a vontade de combate materializada, estará em condições de cumprir sua missão
nos momentos em que as condições necessárias estiverem unidas às maiores ações combativas.
Nos locais onde o Partido Comunista representa uma força massiva, onde sua influência se estende para além das suas
organizações, atingindo amplas massas operárias, ele tem o dever de incitar pela ação, as massas ao combate. Grandes partidos de
massas não poderão se contentar em criticar a carência de outros Partidos e opor as reivindicações comunistas às deles. Sobre eles,
enquanto partidos de massas, repousa a responsabilidade do desenvolvimento toda revolução. Nos locais onde a situação das massas
operárias se torna cada vez mais intolerável, os Partidos Comunistas devem tentar tudo para levar as massas operárias a lutarem por
seus interesses. E pelo fato de que, na Europa Ocidental e na América, onde as massas operárias estão organizadas em sindicatos e
em partidos políticos, onde, consequentemente, os Partidos Comunistas só poderão contar, até nova ordem, com movimentos
espontâneos em casos muitos raros, que eles (os Partidos Comunistas) têm o dever, usando toda a sua influência nos sindicatos,
aumentando a pressão sobre os outros Partidos, de procurar desencadear o combate pelos interesses imediatos do proletariado. Se os
Partidos não-comunistas se mostrarem constrangidos em participar desse combate, a tarefa dos comunistas consistirá em preparar
antecipadamente as massas operárias para uma possível traição por parte dos Partidos não-comunistas durante uma das fases
ulteriores ao combate, estendendo e agravando o máximo possível a situação, a fim de ser capaz de continuar o combate, se for o
caso, sem os outros Partidos (ver a carta aberta do V. K. P. D., que pode servir de ponto de referência exemplar para outras ações). Se
a pressão do Partido Comunista nos sindicatos e na imprensa não for suficiente para levar o proletariado ao combate num front único,
é então dever do Partido Comunista tentar levar apenas grandes frações das massas operárias. Esta política independente consiste em
defender os interesses vitais do proletariado por sua fração mais consciente e mais ativa, e só terá êxito, só conseguirá sacudir as
massas atrasadas, se os objetivos do combate provierem da situação concreta, se forem compreensíveis às amplas massas e se essas
massas virem nesses objetivos os seus próprios, estando assim em condições de se bater por eles.
O Partido Comunista não deve, entretanto, se limitar a defender o proletariado contra os perigos que o ameaçam, a aparar os
golpes dirigidos contra as massas operárias. O Partido Comunista é, no período da revolução mundial, por sua própria essência, um
Partido de ataque, um Partido de assalto á sociedade capitalista: ele tem o dever, a partir de uma luta defensiva contra a sociedade
capitalista, de aprofundar essa luta, ampliá-la e transformá-la em ofensiva. Além disso, o Partido tem o dever de fazer tudo para
conduzir de uma só vez as massas a esta ofensiva, estando dadas as condições favoráveis.
Aquele que se opõe em princípio à política de ofensiva contra a sociedade capitalista viola as diretrizes do comunismo.
Essas condições consistem, primeiramente, na exasperação dos combates no campo da própria burguesia, nos planos nacional e
internacional. Se as lutas internas, no seio da própria burguesia assumirem uma proporção tal que se possa prever que a classe
operária terá pela frente forças adversas fracionadas e divididas, Partido deve tomar a iniciativa, após uma preparação minucioso no
domínio político, e se possível na organização interior, de conduzir as massas ao combate.
A segunda condição para as saídas, os ataques ofensivos sobre um largo front, é a grande fermentação existente em categorias
determinantes da classe operária, fermentação que permite prever que a classe operária estará pronta a lutar contra o governo
capitalista. Se é indispensável, ainda que o movimento cresça em extensão, acentuar as palavras de ordem, é igualmente um devei
para os dirigentes comunistas do combate, no caso do movimento tomar um caminho inverso, retirar da luta as massas combatentes
com o máximo de ordem e coesão.
A questão de saber se o Partido Comunista deve empregar a ofensiva ou a defensiva depende de circunstâncias concretas. O
essencial é que ele esteja penetrado por um espírito combativo, que triunfe sobre a passividade centrista, que necessariamente faça
penetrar a propaganda do Partido na rotina semi-reformista. Esta disposição constante para a luta deve ser a característica dos grandes
Partidos Comunistas não só porque sobre eles, e também sobre as massas, repousa a carga do combate, mas também em virtude do
conjunto da situação atual: desagregação do capitalismo e pauperização crescente das massas. É necessário reduzir esse período de
desagregação, se não se deseja que todas as bases materiais do comunismo sejam anuladas e que toda a energia das massas operárias
seja destruída durante esse período.
I. Generalidades
1. A organização do Partido deve se adaptar às condições e aos objetivos de sua atividade. O Partido Comunista deve ser a
vanguarda, o exército dirigente do proletariado, durante todas as fases de sua luta de classes revolucionária, e durante o período de
transição em direção à realização do socialismo, primeiro degrau da sociedade comunista.
2. Não pode haver nele uma forma de organização imutável e absolutamente conveniente para todos os partidos comunistas. As
condições da luta proletária se transformam constantemente e, conforme essas transformações, as organizações da vanguarda do
proletariado devem também procurar constantemente formas novas e adequadas. As particularidades históricas de cada país
determinam também formas especiais de organização para os diferentes países.
Sobre esta base deve se desenvolver a organização dos Partidos Comunistas e não tender à formação de algum novo partido
modelo no lugar daquele já existente ou procurar uma forma de organização absolutamente correta ou com estatutos ideais.
3. A maioria dos Partidos Comunistas, assim como a Internacional Comunista e o conjunto do proletariado revolucionário do
mundo inteiro, concordam, nas condições de sua luta, que devem lutar contra a burguesia dominante. A vitória sobre ela, a conquista
do poder arrancado à burguesia, constitui para esses partidos e para sua Internacional o objetivo principal.
Portanto, o essencial para o trabalho de organização dos Partidos Comunistas nos países capitalistas, é definir uma organização
que torne possível a vitória da revolução proletária sobre as classes possuidoras e que a assegure.
4. Nas ações comuns, é indispensável para o sucesso ter uma direção, isto é necessário sobretudo em função dos grandes
combates da história mundial. A organização de Partidos Comunistas é a organização da direção comunista da revolução proletária.
Para bem guiar as massas, o Partido tem necessidade de uma boa direção. A tareia essencial de organização que se impõe a nós é
a seguinte: formação, organização e educação de um Partido Comunista puro e realmente dirigente para guiar o movimento
revolucionário proletário.
5. A direção da luta social-revolucionária supõe, nos Partidos Comunistas e em seus órgãos dirigentes, a combinação do maior
poder de ataque e da mais perfeita adaptação às condições cambiantes da luta.
Uma boa direção supõe, além do mais, a ligação da maneira mais absoluta e mais estreita com as massas proletárias. Sem essa
Ligação, o Comitê diretor não guiará jamais as massas, só poderá, no melhor dos casos, segui-las.
Essas relações orgânicas devem ser obtidas nas organizações do Partido Comunista pelo centralismo democrático.
IV Propaganda e Agitação
20. Nossa tarefa mais importante antes do levante revolucionário declarado é a propaganda e a agitação revolucionária. Esta
atividade e sua organização é conduzida frequentemente ainda da antiga maneira formalista. Em manifestações ocasionais, reuniões
de massas e sem cuidado com o conteúdo revolucionário concreto dos discursos e panfletos.
A propaganda e a agitação comunista deve, antes de tudo, se enraizar nos meios mais profundos do proletariado. Elas devem ser
engendradas pela vida concreta dos operários, seus interesses comuns, particularmente por suas lutas e esforços.
O que dá mais força à propaganda comunista é seu conteúdo revolucionário. De acordo com esse ponto de vista, é preciso
considerar sempre o mais atentamente possível as palavras de ordem e a atitude a tomar nas questões concretas em situações
diversas. A fim de que o Partido possa tomar sempre uma posição justa, é necessário dar um curso de instrução prolongada não
somente aos propagandistas e agitadores, ministrado por profissionais, mas também aos outros membros.
21. As principais formas de propaganda e agitação são: conversas pessoais, participação nos combates dos movimentos operários
- sindicais e políticos, ação pela imprensa e a literatura do partido. Cada membro de um Partido legal ou ilegal deve, de uma ou de
outra forma, participar regularmente dessa atividade.
A propaganda pessoal verbal deve ser conduzida em primeiro lugar à maneira de agitação a domicílio organizada
sistematicamente e confiada a grupos constituídos especialmente para esse fim. Nenhuma casa na área de influência da organização
local do Partido deve ficar de fora dessa agitação. Nas cidades mais importantes uma agitação de rua, especialmente organizada, com
distribuição de folhetos e cartazes, pode dar bons resultados. Também nas usinas e fábricas deve-se organizar uma agitação pessoal
regular, conduzida pelos núcleos e frações do Partido e acompanhada da distribuição de literatura.
Nos países onde a população reprime as minorias nacionais, o dever do Partido é prestar toda atenção à agitação e propaganda e à
agitação nas camadas proletárias dessas minorias. A agitação e a propaganda deverão naturalmente ser conduzidas na língua das
minorias nacionais respectivas. Para atingir esse objetivo, o Partido deverá criar as organizações apropriadas.
22. Quando a propaganda comunista se faz nos países capitalistas em que a maioria do proletariado não tem ainda nenhuma
inclinação revolucionária consciente, é preciso encontrar métodos de ação cada vez mais perfeitos para ir ao encontro da
compreensão do operário ainda não-revolucionário, mas começando a sê-lo, e para abrir-lhe as portas do movimento revolucionário.
A propaganda comunista deve se servir de seus princípios nas diferentes situações para se sustentar no espírito do operário, durante
sua luta interior contra as tradições e tendências burguesas, mas que são para ele um elemento de progresso revolucionário.
Ao mesmo tempo a propaganda comunista não deve se limitar aos pedidos ou esperanças das massas proletárias tais como são
hoje, isto é, restritas e indecisas. Os germes revolucionários desses pedidos e esperanças formam apenas ponto de partida de que
precisamos para influenciá-las. Pois é somente nessa combinação que se pode explicar o comunismo ao proletariado de uma maneira
mais compreensível.
23. É preciso levar a agitação comunista entre as massas proletárias, de tal maneira que os proletários militantes reconheçam
nossa organização comunista como a que deve dirigir leal e corajosamente, com previdência e energia, seu próprio movimento em
direção a um objetivo comum.
Para isso, os comunistas devem tomar parte em todas as lutas espontâneas e movimentos da classe operária e assumir como sua a
missão de salvaguardar os interesses dos operários em todos os seus conflitos com os capitalistas a respeito da jornada de trabalho
etc. Os comunistas devem ocupar-se energicamente das questões concretas da vida dos operários, ajudá-los a se desembaraçar dessas
questões, chamar sua atenção para os casos de abusos mais importantes, ajudá-los a formular exatamente e de forma prática suas
reivindicações aos capitalistas e, ao mesmo tempo, desenvolver entre eles o espírito de solidariedade e a consciência da comunidade
de interesse dos operários de todos os países como uma classe unida que constitui parte do exército mundial do proletariado.
Apenas participando desse trabalho miúdo e cotidiano absolutamente necessário, jogando todo seu espírito de sacrifício nos
combates do proletariado, o 'Partido Comunista' pode se transformar em verdadeiro Partido Comunista. Apenas por esse trabalho os
comunistas se distinguirão desses partidos socialistas de mera propaganda e alistamento que já tiveram sua época e cuja atividade
consiste apenas em reuniões, discursos sobre as reformas e a exploração das possibilidades parlamentares. A participação consciente
e devotada de toda a massa dos membros de um partido na escola das lutas e contendas cotidianas entre os explorados e os
exploradores é a premissa indispensável não somente de conquista, mas, numa medida mais larga, da realização da ditadura do
proletariado. Somente se colocando à frente das massas operárias em suas guerrilhas constantes contra o ataque do capital o Partido
Comunista pode se tornar a vanguarda da classe operária, aprender sistematicamente a dirigir de fato o proletariado e adquirir os
meios de preparar conscientemente a derrota da burguesia.
24. Os comunistas devem estar mobilizados em grande número para participar do movimento dos operários, sobretudo durante as
greves e os locautes e reuniões de repercussão massiva.
Os comunistas cometem uma falta muito grave se acatam o programa comunista e na batalha revolucionária final assumem uma
atitude passiva e negligente ou mesmo hostil em relação às lutas cotidianas que os operários travam pelas melhorias, ainda que pouco
importantes, de suas condições de trabalho. Por miúdas e modestas que sejam as reivindicações pelas quais os operários se batem
hoje contra os capitalistas, os comunistas não devem jamais se furtar ao combate. Nessa atividade de agitação, não se deve fazer crer
que os comunistas são instigadores cegos de greves estúpidas e outras ações insensatas, mas devemos merecer dos operários
militantes a reputação de sermos os melhores companheiros de luta.
25. A prática do movimento sindical mostrou que os núcleos e frações comunistas são, muito frequentemente, confusos e só
sabem o que fazer diante das questões mais simples. É fácil, ainda que estéril, pregar sempre os princípios gerais do comunismo para
cair na via do sindicalismo vulgar nas questões concretas. Com tais ações, facilita-se o jogo dos dirigentes da Internacional Amarela
de Amsterdã.
Os comunistas devem, ao contrário, determinar sua atitude segundo os dados materiais de cada questão que se coloca. Por
exemplo, em vez de se opor por princípio a todo contrato de salário do trabalho operário, eles devem, antes de tudo, levar diretamente
a lula pelas modificações materiais do texto desses contratos, apoiados pelos chefes de Amsterdã. É verdade que é preciso condenar e
combater resolutamente todos os entraves que impedem os operários de se colocarem em luta. Não se deve esquecer que é justamente
esse o objetivo dos capitalistas e seus cúmplices de Amsterdã: amarrar as mãos dos operários através de cada contrato de salário. Por
isso é evidente que o dever comunista é expor esse objetivo aos operários. Mas, em geral, o melhor meio para que os comunistas se
contraporem a esse objetivo é propor um salário que não esmague os operários.
Essa mesma atitude é, por exemplo, muito útil em relação às caixas de assistência e às instituições de seguro dos sindicatos
operários. A coleta de fundos para a luta e a distribuição de subvenções em tempo de greve pelas caixas mutuais não são ações más
em si mesmas, e se opor, em princípio, a esse gênero de atividade será algo deslocado. Somente é preciso dizer que essas coletas de
dinheiro e esse meio de dispensá-lo, que estão de acordo com as recomendações dos chefes de Amsterdã, estão em contradição com
os interesses das classes revolucionárias. Com relação às caixas sindicais, de hospital etc., é preciso que os comunistas exijam a
supressão das cotizações especiais e, igualmente, a supressão de todas as condições de obrigação em caixas voluntárias. Mas se nós
proibirmos os membros de dar dinheiro para ajudar as organizações de assistência aos doentes, a parcela desses membros que
desejam continuar a assegurar por seus donativos a ajuda combinada com essas instituições não nos compreenderá se os proibirmos
sem qualquer explicação. É preciso livrar essas pessoas, pela propaganda pessoal intensiva, de sua tendência pequeno-burguesa.
26. Não há nada a esperar de conversas com os chefes dos sindicatos e dos diferentes partidos operários social-democratas e
pequeno-burgueses. Contra isso deve-se organizar a luta com toda a energia, mas o único meio seguro e vitorioso de combatê-los
consiste em desligar deles seus adeptos e mostrar aos operários o serviço de escravos cegos que seus chefes social-traidores prestam
ao capitalismo. Deve-se, portanto, sempre que possível, colocar primeiro esses chefes numa situação em que eles sejam obrigados a
se desmascarar e atacá-los, após esses preparativos, da forma mais enérgica.
Não é suficiente jogar no rosto dos chefes de Amsterdã a injúria de “amarelos". Seu caráter de "amarelos” deve ser mostrado
detalhadamente com exemplos práticos. Sua atividade nas uniões operárias, no Bureau Internacional de Trabalho da Liga das Nações,
nos ministérios e administrações burguesas, suas palavras mentirosas nos discursos pronunciados nas conferências e parlamentos, as
passagens essenciais de seus numerosos artigos pacificadores nas centenas de jornais e revistas, mas sobretudo na maneira hesitante e
oscilante de conduzir quando se trata de preparar e conduzir os menores movimentos salariais e as lutas operárias tudo isso oferece
ocasião de expor a conduta desleal e traidora dos chefes de Amsterdã e chamá-los de "amarelos". Pode-se fazê-lo apresentando
proposições, moções e discursos.
É preciso que os núcleos e frações do partido façam sistematicamente os ataques práticos. Os comunistas não devem se deixar
frear pelas explicações da burocracia sindical inferior que procura se defender de sua fraqueza - que aparece por vezes, apesar de toda
a sua boa vontade - rejeitando a censura sobre os estatutos, as decisões das conferências e as ordens recebidas de seus comitês
centrais. Os comunistas devem constantemente exigir dessa burocracia inferior respostas claras e indagar o que faz para afastar os
obstáculos que ela alega existir e se está pronta para lutar para sua destruição.
27. As frações e os grupos de operários devem se preparar cuidadosamente para a participação dos comunistas nas assembléias e
conferências das organizações sindicais. Devem, por exemplo, elaborar suas próprias proposições, escolher seus relatores e oradores
para sua defesa, propor como candidatos os camaradas capazes, experimentados e enérgicos etc.
As organizações comunistas devem, igualmente, através de seus grupos operários, se preparar cuidadosamente para as eleições,
demonstrações, festas políticas, operárias etc., organizadas pelos partidos inimigos. Mesmo quando se tratar de assembléias gerais
organizadas pelos próprios comunistas, os grupos operários comunistas devem, no maior número possível, agir segundo um plano
único, tanto antes como durante as assembléias, a fim de estarem seguros de aproveitar plenamente essas assembléias do ponto de
vista da organização.
28. Os comunistas devem também sempre tentar atrair para a esfera de influência do partido os operários não organizados e
inconscientes. Nossos núcleos e frações devem fazer tudo para que surja o movimento entre os operários, para fazê-los entrar nos
sindicatos e ler nosso jornal. Podemos nos servir igualmente de outras uniões operárias na qualidade de intermediários para propagar
nossa influência (por exemplo, as sociedades de ensino e os círculos de estudos, as sociedades esportivas, teatrais, uniões de
consumidores, organizações de vítimas da guerra etc.).
Nos locais onde o Partido Comunista é obrigado a agir ilegalmente, tais uniões operárias podem, com a aprovação e sob o
controle do órgão do partido dirigente, ser formadas fora do partido, pela iniciativa dos seus membros (Associações de
Simpatizantes). As organizações comunistas da Juventude e Mulheres podem também, graças a seus cursos, conferências, excursões,
festas, piqueniques de domingos etc., despertar em muitos operários, até agora indiferentes às questões políticas, o interesse por sua
organização comum e, em seguida, fazê-los participar de um trabalho útil para nosso partido (por exemplo, a distribuição de folhetos,
proclamações e outros, distribuição de jornais do partido, livros etc.). Pela participação ativa nos movimentos comuns, os operários
se livrarão mais facilmente de suas tendências pequeno-burguesas.
29. Para conquistar as camadas semiproletárias da massa operária e torná-las simpatizantes do proletariado revolucionário, os
comunistas devem se valer sobretudo da contradição de seus interesses, socialmente opostos aos dos grandes proprietários, dos
capitalistas e do Estado capitalista. Eles devem, através de conversas contínuas, desembaraçar essas camadas intermediárias de sua
desconfiança para com a revolução proletária. Para chegar a esse resultado, será preciso por vezes conduzir essa propaganda durante
um certo tempo. É preciso testemunhar um interesse sensível por suas exigências de vida, é preciso organizar bureaux de informações
gratuitas para eles e ir em sua ajuda para superar as pequenas dificuldades das quais não podem sair sozinhos. É preciso levá-los às
instituições especiais que servirão para instruí-los gratuitamente etc. Todas essas medidas poderão aumentar a confiança no
movimento comunista. Ao mesmo tempo, é preciso ser muito prudente e agir infatigavelmente contra as organizações e pessoas
hostis que têm autoridade em um dado lugar ou que possuem uma influência sobre os pequenos camponeses, artesãos e outros
elementos semiproletários. É preciso caracterizar os inimigos mais próximos, aqueles que os explorados conhecem como seus
opressores por sua própria experiência, é preciso caracterizá-los como os representantes dos crimes capitalistas em sua totalidade. Os
propagandistas e agitadores comunistas devem utilizar ao extremo, e de forma compreensível para todos, todos os elementos e fatos
cotidianos que colocam a burocracia de Estado em conflito direto com o ideal da democracia pequeno-burguesa e o "Estado de
direito".
Todas as organizações do campo devem repartir entre seus membros as tarefas de agitação a domicílio que devem desenvolver na
esfera de sua atividade em todas as cidades, cortes municipais e fazendas e casas separadas.
30. Para a propaganda no exército e na frota do Estado capitalista, será preciso procurar em cada país os métodos mais
apropriados. A agitação antimilitarista no sentido pacifista é má, pois ela não pode senão encorajar a burguesia em seu desejo de
desarmar o proletariado. O proletariado rejeita a princípio e combate da maneira mais enérgica todas as instituições militaristas do
Estado burguês e da classe burguesa em geral. Por outro lado, o proletariado aproveita-se dessas instituições (exército, sociedades de
preparação militar, milícia de defesa civil etc.) para exercitar militarmente os operários para as lutas revolucionárias. A agitação
ostensiva não deve ser dirigida contra a formação militar da juventude operária, mas contra as arbitrariedades dos oficiais. O
proletariado deve utilizar da forma mais enérgica possível todas as possibilidades de se apossar das armas.
O antagonismo de classes que se manifesta nos privilégios materiais dos oficiais e no mau tratamento dispensado aos soldados
deve tornar-se claro para esse últimos. Por outro lado, na agitação entre os soldados, é preciso esclarecer como todo seu futuro está
estreitamente ligado à sorte da classe explorada. No período avançado da fermentação revolucionária, a agitação a favor da eleição
democrática dos comandos pelos soldados e pelos marinheiros e a favor da formação de sovietes de soldados pode ser muito eficaz
para minar as bases da dominação da classe capitalista.
A máxima atenção e energia são necessárias na agitação contra as tropas especiais que a burguesia arma para a guerra civil e, em
particular, contra seus bandos de voluntários armados. A decomposição social deve ser demonstrada sistematicamente e no tempo
hábil nos locais onde essa decomposição social e seu meio corrompido o permitem. Quando esses bandos ou tropas possuem um
caráter de classe uniformemente burguês como, por exemplo, nas tropas compostas exclusivamente de oficiais, é preciso desmascará-
los para o conjunto da população, torná-los desprezíveis e odiosos, de forma a provocar sua dissolução interior seguida do isolamento
que a ação de propaganda provocará.
*Refere-se à matança de índios da cidade Amristar, em 13 de abril de 1919, quando tropas inglesas dispararam contra as massas
inermes. O balanço foi de 400 mortos e 1200 feridos. Atos semelhantes tiveram lugar também em outras cidades da Índia.
10. O Papel da “Democracia Pura” das Internacionais 2 e 2 ½, dos Socialistas Revolucionários e dos Mencheviques
enquanto Aliados do Capital
A ditadura do proletariado não significa a cessação da luta de classes, mas sua continuação sob nova forma, com armas novas.
Enquanto subsistirem as classes, enquanto a burguesia, derrotada num país, desfecha seus ataques contra o socialismo no mundo
inteiro, esta ditadura é indispensável. A classe dos pequenos proprietários não pode deixar de passar por uma série de oscilações
durante o período de transição. As dificuldades da situação transitória, a influência da burguesia, suscitam, inevitavelmente,
flutuações na mentalidade dessa massa. É ao proletariado, enfraquecido e até certo ponto deslocado pela desorganização de sua base
vital, a indústria mecânica, que cabe a tarefa, muito difícil e a maior de todas, de resistir a despeito dessas flutuações e levar a bom
termo sua obra de libertar o trabalho do jugo do capital.
As flutuações da pequena burguesia encontram sua expressão na política dos Partidos da democracia pequeno-burguesa, isto é,
nos Partidos das Internacionais dois e dois e meio, representadas na Rússia pelos "socialistas revolucionários" e os mencheviques.
Esses Partidos, que têm hoje seus Estados-maiores e seus jornais no estrangeiro, fazem bloco com a contra-revolução burguesa e são
seus fiéis servidores.
Os chefes inteligentes da grande burguesia russa, Miliukov à frente, o líder do partido cadete ("Constitucional-Democrata"),
apreciaram com uma clareza, exatidão e isenção completas o papel desempenhado pela democracia pequeno-burguesa, vale dizer, os
socialistas revolucionários e os mencheviques. A propósito do motim de Kronstadt, que manifestou a união das forças dos
mencheviques, dos socialistas-revolucionários e dos guardas-brancos, Miliukov se pronunciou a favor da divisa: "os Sovietes são os
Bolcheviques". Desenvolvendo esse pensamento, ele escreveu: "Honra e praça livre aos S-R e aos mencheviques (Pravda, 1921,
número... de Paris), pois a eles cabe a tarefa de fazer o primeiro deslocamento do poder descartando-se dos bolcheviques". Miliukov,
chefe da grande burguesia, leva judiciosamente em conta as lições fornecidas por todas as revoluções, que mostraram que a
democracia pequeno-burguesa é incapaz de manter o poder, pois ela jamais deixou de ser uma máscara para a ditadura da grande
burguesia e apenas um degrau conducente à autocracia da grande burguesia.
A revolução proletária da Rússia confirma uma vez mais esta lição das revoluções de 1789-1794 e de 1848-49, e confirma
também as palavras de F. Engels, escrevendo a Bebel: "...A democracia pura... no momento da revolução adquire por um tempo
limitado uma importância temporária... como último suspiro de saúde para todo o sistema econômico burguês e mesmo feudal... Em
1848, de março a setembro, toda a massa feudal e burocrática jamais parou de sustentar os liberais para manter a obediência das
massas revolucionárias. Em todos os casos, durante a crise e no dia seguinte à crise, nosso único adversário será toda a massa
reacionária, agrupada em torno da democracia pura, e esta verdade, segundo meu ponto de vista, não deve em nenhum caso ser
perdida de vista" (publicado em russo no jornal O Trabalho Comunista, Nº 360 de 9 de junho de 1921, no artigo de Adoratski
intitulado: Marx e Engels sobre a democracia e em alemão no livro: Friedrich Engels, Testamento Político, Berlim, 1920. Biblioteca
Internacional da Juventude n0 12, páginas 18-19.
I
A burguesia mantém a classe operária na escravidão não só pela força bruta, mas também por suas mentiras refinadas. A escola, a
igreja, o parlamento, as artes, a literatura, a imprensa cotidiana, são poderosos instrumentos dos quais se serve a burguesia para
embrutecer as massa operárias e fazer penetrarem as idéias burguesas entre o proletariado.
Entre essas idéias burguesas que a classe dominante conseguiu insinuar entre as massas trabalhadoras, se encontra a idéia da
neutralidade dos Sindicatos, de seu caráter apolítico, estranho a todo partido.
Desde as últimas décadas da história contemporânea e, em particular, desde o fim da guerra imperialista, em toda a Europa e na
América, os sindicatos são as organizações mais numerosas do proletariado: em certos países eles envolvem toda a classe operária
sem exceção. A burguesia compreende perfeitamente que o destino do regime capitalista depende hoje da atitude desses sindicatos
com relação à influência burguesa universal e seus criados social-democratas para manter, custe o que custar, os sindicatos cativos
das idéias burguesas.
A burguesia não pode convidar abertamente os sindicatos operários para sustentarem os partidos burgueses. Eis porque ela os
convida a não sustentar nenhum partido, inclusive o partido do comunismo revolucionário.
A divisa da "neutralidade" ou do "apoliticismo" dos sindicatos já tem atrás de si um longo passado. Ao longo de uma dezena de
anos esta idéia burguesa foi inculcada nos sindicatos da Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos e outros países, tanto pelos líderes dos
sindicatos burgueses à la Hirsch-Dunker, quanto pelos dirigentes dos sindicatos clericais e cristãos, como pelos dirigentes dos
sindicatos pretensamente livres da Alemanha, como pelos líderes das velhas e pacificas trade-unions inglesas, e muitos outros
partidários do sindicalismo. Leghien, Gompers, Jouhaux, Sidney Webb, durante dezenas de anos, pregaram a neutralidade dos
sindicatos.
Na realidade, os sindicatos jamais foram neutros, jamais puderam sê-lo e nunca o serão. A neutralidade dos sindicatos só pode ser
nociva à classe operária, mas ela é irrealizável. No dualismo entre o trabalho e o capital, nenhuma grande organização pode ficar
neutra. Em consequência, os sindicatos não podem ser neutros entre os partidos burgueses e o Partido do proletariado. Os partidos
burgueses percebem isso claramente. Mas assim como a burguesia tem necessidade que as massas acreditem na vida eterna, tem
também necessidade que se creia, igualmente, que os sindicatos podem ser apolíticos e podem conservar a neutralidade em relação ao
Partido Comunista operário. Para que a burguesia possa continuar a dominar e a pressionar os operários para tirar deles a mais-valia,
ela não tem necessidade apenas do padre, do policial, do general, ela precisa também da burocracia sindical, do "líder operário" que
prega nos sindicatos operários a neutralidade e a indiferença à luta política.
Mesmo antes da guerra imperialista, a falsidade dessa idéia de neutralidade se tornava cada vez mais evidente para os proletários
conscientes da Europa e da América. Na medida em que os antagonismos sociais se exasperam, a mentira se torna mais gritante.
Quando começou a carnificina imperialista, os antigos chefes sindicais foram obrigados a tirar a máscara da neutralidade e caminhar
ao lado da "sua" burguesia.
Durante a guerra imperialista, todos os social-democratas e sindicalistas, que tinham passado anos a pregar a indiferença política,
colocaram esses sindicatos a serviço da mais sangrenta e mais vil política dos partidos burgueses. Eles, ontem campeões da
neutralidade, são vistos agora como os agentes declarados de tal partido político, salvo apenas o partido da classe operária.
Depois do fim da guerra imperialista, esses mesmos chefes social-democratas e sindicalistas tentam novamente impor aos
sindicatos a máscara da neutralidade e do apoliticismo. Passado o perigo militar, esses agentes da burguesia se adaptam às
circunstâncias novas e tentam ainda desviar os operários da via revolucionária, colocando-os numa via mais vantajosa para a
burguesia.
O econômico e o político estão sempre indissoluvelmente ligados. Esse laço é particularmente indissolúvel em épocas como a que
atravessamos. Não existe uma única questão da vida política que não deva interessar ao partido e ao sindicato operário. Inversamente,
não há uma questão econômica importante que possa interessar ao sindicato sem interessar ao partido operário.
Quando, na França, o governo imperialista decreta a mobilização de algumas classes para ocupar a bacia do Ruhr e para oprimir a
Alemanha, um sindicato francês realmente proletário pode dizer que essa é uma questão estritamente política, que não deve interessar
aos sindicatos? Um sindicato francês verdadeiramente revolucionário pode se declarar "neutro" ou "apolítico" nessa questão?
Ou então, inversamente, quando na Inglaterra, se produz um movimento puramente econômico como a última greve dos
mineiros, o Partido Comunista tem o direito de dizer que esta questão não lhe diz respeito e que interessa unicamente aos sindicatos?
Quando a luta contra miséria e a pobreza é engrossada por milhões de desempregados, quando se é obrigado a colocar politicamente
a questão da requisição dos alojamentos burgueses para aliviar as necessidades do proletariado, quando as massas cada vez mais
numerosas de operários são obrigadas, pela própria vida, a colocar na ordem do dia o armamento do proletariado, quando num ou
noutro país os operários organizam a ocupação de fábricas e usinas, - dizer que os sindicatos não devem se envolver na luta política,
ou devem se manter "neutros" entre todos os partidos, é na realidade servir à burguesia.
Apesar de toda a diversidade de suas denominações, os partidos políticos da Europa e da América podem ser divididos em três
grandes grupos: 1) partidos da burguesia; 2) partidos da pequena burguesia; 3) partido do proletariado (os comunistas). Os sindicatos
que se proclamam "apolíticos" e "neutros" não fazem senão ajudar os partidos da pequena burguesia e da burguesia.
II
A associação sindical de Amsterdã é uma organização onde se encontram e se dão as mãos as Internacionais dois e dois e meio.
Esta organização é considerada com esperança e solicitude por toda a burguesia mundial. A grande idéia da Internacional Sindical de
Amsterdã é no momento a neutralidade dos sindicatos. Não é por acaso que essa divisa serve à burguesia e seus criados social-
democratas ou sindicalistas de direita como meio para tentar reunir novamente as massas operárias do Ocidente e da América.
Enquanto a Segunda Internacional, passando abertamente para o lado da burguesia, praticamente falida, a Internacional de Amsterdã,
tentando novamente defender a idéia da neutralidade, tem ainda algum sucesso.
Sob a bandeira da "neutralidade", a Internacional Sindical de Amsterdã assume os encargos mais difíceis e mais sujos da
burguesia: estrangular a greve dos mineiros na Inglaterra (como aceitou fazê-lo I.H. Thomas que é ao mesmo tempo o presidente da
2ª. Internacional e um dos líderes em maior evidência da Internacional Sindical Amarela de Amsterdã), rebaixar os salários, organizar
a pilhagem sistemática dos operários alemães para os pecados de Guilherme e da burguesia imperialista alemã. Leipart e Grassmann,
Wisscl e Bauer, Robert Schmidt e J.H. Thomas, Alberí Thomas e Jouhaux, Daszynski e Zulavski - repartem seus papéis: uns, antigos
chefes sindicais, participam hoje dos governos burgueses na qualidade de ministros, de comissários governamentais ou de
funcionários, enquanto os outros, inteiramente solidários com os primeiros, ficam à lesta da Internacional Sindical de Amsterdã para
pregar aos operários a neutralidade política.
A Internacional Sindical de Amsterdã é atualmente o principal apoio do capital mundial. É impossível combater vitoriosamente
esta fortaleza do capitalismo sem compreender antes a necessidade de combater a idéia mentirosa do apoliticismo e da neutralidade
dos sindicatos. A fim de ter uma arma conveniente para combater a Internacional Amarela de Amsterdã, é preciso, antes de tudo,
estabelecer relações claras e precisas entre o partido e os sindicatos em cada país.
III
O Partido Comunista é a vanguarda do proletariado, a vanguarda que reconheceu perfeitamente as vias e os meios para libertar o
proletariado do jugo capitalista e que, por esta razão, aceitou conscientemente o programa comunista.
Os sindicatos são uma organização mais massiva do proletariado, que tendem cada vez mais a abranger sem exceção todos os
operários de cada setor da indústria e a fazer entrar para sua fileiras não somente os comunistas conscientes, mas também as
categorias intermediárias e mesmo setores atrasados dos trabalhadores que, aos poucos, apreendem pela experiência da vida o
comunismo.
O papel dos sindicatos, no período que precede o combate do proletariado para a tomada do poder, no período desse combate e,
depois, após a conquista do poder, difere quanto às relações, mas sempre, antes, durante e depois, os sindicatos permanecem como
uma organização mais vasta, mais massiva, mais geral que o partido, em relação a esse último eles desempenham, até um certo
ponto, o papel da circunferência em relação ao centro.
Antes da conquista do poder, os sindicatos verdadeiramente proletários organizam os operários, principalmente sobre o terreno
econômico, para a conquista de melhorias possíveis, para o completo desmoronamento do capitalismo, mas colocam no primeiro
plano de sua atividade a organização da luta das massas proletárias contra o capitalismo, tendo em vista a revolução proletária.
Durante a revolução proletária, os sindicatos verdadeiramente revolucionários, de mãos dadas com o partido, organizam as
massas para tomar de assalto as fortalezas do capital e se encarregam do primeiro trabalho de organização da produção socialista.
Após a conquista e a afirmação do poder proletário, a ação dos sindicatos se transporta sobretudo para o domínio da organização
econômica e eles consagram quase todas as suas forças à construção do edifício econômico sobre bases socialistas, tornando possível
assim uma verdadeira escola prática do comunismo.
Durante esses três estágios da luta do proletariado, os sindicatos devem sustentar sua vanguarda, o Partido Comunista, que dirige
a luta proletária em todas as suas etapas. Para isso, os comunistas e os elementos simpatizantes devem constituir no interior dos
sindicatos grupos comunistas inteiramente subordinados ao Partido Comunista em seu conjunto.
A tática que consiste em formar grupos comunistas em cada sindicato, formulada pelo 2º Congresso Universal da Internacional
Comunista, foi executada inteiramente durante o ano passado e deu resultados consideráveis na Alemanha, na Inglaterra, na França,
na Itália e em vários outros países. Se, por exemplo, grupos importantes de operários, pouco experientes e insuficientemente
provados na política, saem dos sindicatos social-democratas livres da Alemanha, porque perderam toda esperança de obter uma
vantagem imediata com sua participação nesses sindicatos livres, isso não deve, em nenhuma hipótese, mudar a atitude de princípio
da Internacional Comunista em relação à participação comunista no movimento profissional. O dever dos comunistas é explicar a
todos os proletários que a saída não é abandonar os velhos sindicatos para criar novos ou se dispersarem numa poeira de homens
desorganizados, mas revolucionar os sindicatos, expulsar deles o espírito reformista e a traição dos líderes oportunistas, para fazer
deles uma arma ativa do proletariado revolucionário.
IV
Durante o próximo período, a tarefa capital de todos os comunistas é trabalhar com energia, perseverança, obstinação, para
conquistar a maioria dos sindicatos; os comunistas não devem em nenhum caso se deixar desencorajar pelas tendências reacionárias
que se manifestam nesse momento no movimento sindical, mas se aplicar na participação mais ativa em todos os combates, na
conquista dos sindicatos para o comunismo, apesar de todos os obstáculos e todas as oposições.
A melhor medida da força de um Partido Comunista é a influência real que ela exerce sobre as massas operárias dos sindicatos. O
partido deve saber exercer a influência mais decisiva sobre os sindicatos sem submetê-los à menor tutela. O partido tem células
comunistas em tais ou quais sindicatos, mas o sindicato enquanto tal não está submetido ao partido. Apenas por um trabalho
contínuo, firme e devotado dos núcleos comunistas no seio dos sindicatos é que o Partido pode chegar a criar um estado de coisas tal
que os sindicatos seguirão voluntariamente, com prazer, os conselhos do partido.
Um excelente processo de fermentação se observa nesse momento nos sindicatos franceses. Os operários se recuperam enfim da
crise do movimento operário e aprendem hoje a condenar a traição dos socialistas e dos sindicalistas reformistas.
Os sindicalistas revolucionários estão ainda imbuídos, em certa medida, de preconceitos contra a ação política e contra a idéia do
partido político proletário. Eles professam a neutralidade política tal como ela foi expressa em 1906 na " Carta de Amiens". A posição
confusa e falsa desses elementos sindicalistas-revolucionários implica maior perigo para o movimento. Se conquistar a maioria, esta
tendência não saberá o que fazer, e ficará impotente diante dos agentes do capital, dos Jouhaux e dos Dumoulin.
Os sindicalistas-revolucionários franceses não terão linha de conduta firme enquanto o Partido Comunista não a tiver. O Partido
Comunista Francês deve se aplicar em estabelecer uma colaboração amigável com os melhores elementos do sindicalismo-
revolucionário. Ele deve contar em primeiro lugar com seus próprios militantes, deve formar núcleos em todos os lugares onde haja
três comunistas. O partido deve empreender uma campanha contra a neutralidade. Da maneira mais amigável, mas também mais
resoluta, o partido deve sublinhar os defeitos da atitude do sindicalismo-revolucionário. Apenas dessa maneira pode-se revolucionar o
movimento sindical na França e estabelecer sua colaboração estreita com o partido.
Na Itália temos uma situação semelhante: a massa dos operários sindicalizados está animada de um espírito revolucionário, mas a
direção da Confederação do Trabalho está nas mãos de reformistas e centristas declarados, que estão alinhados com Amsterdã. A
primeira tarefa dos comunistas italianos é organizar uma ação cotidiana animada e perseverante no seio dos sindicatos e se aplicar
sistemática e pacientemente a desvelar o caráter equivocado e vacilante dos dirigentes, a fim de tirar-lhes os sindicatos.
As tarefas que cabem aos comunistas italianos com relação aos elementos revolucionários sindicalistas da Itália são, em geral, as
mesmas dos comunistas franceses.
Na Espanha, temos um movimento sindical poderoso, revolucionário e também consciente de seus objetivos e temos um Partido
Comunista ainda jovem e relativamente frágil. Dada esta situação, o partido deve tentar se fortalecer nos sindicatos, o partido deve
ajudá-los com seus conselhos e sua ação, deve esclarecer o movimento sindical e ligar-se a ele através de laços amigáveis, tendo em
vista a organização comum de todos os combates.
Acontecimentos da maior importância se desenvolvem no movimento sindical inglês que se revolucionariza muito rapidamente.
O movimento de massas se desenvolve. Os antigos chefes dos sindicatos perdem rapidamente suas posições. O partido deve fazer os
maiores esforços para se afirmar nos grandes sindicatos, como a Federação dos Mineiros etc. Todo membro do partido deve militar
em algum sindicato e deve, através de um trabalho orgânico, perseverante e ativo, orientá-lo em direção ao comunismo. Nada deve
ser negligenciado para estabelecer a ligação mais estreita com as massas.
Nos Estados Unidos, observamos o mesmo desenvolvimento, mas um pouco mais lento. Em nenhum caso os comunistas devem
se limitar a deixar a Federação do Trabalho, organismo reacionário: eles devem, ao contrário, colocar mãos à obra para penetrar nos
antigos sindicatos e revolucioná-los. É importante colaborar com os melhores elementos dos IWW, mas esta colaboração não exclui a
luta contra seus preconceitos.
Um poderoso movimento sindical se desenvolve espontaneamente no Japão, mas ele se ressente da falta de uma direção clara. A
tarefa principal dos elementos comunistas do Japão é sustentar esse movimento e exercer sobre ele uma influência marxista.
Na Tchecoslováquia, nosso partido tem a maioria da classe operária, enquanto o movimento sindical permanece ainda, em grande
parte, nas mãos dos social-patriotas e dos centristas e, de outra parte, está cindido por nacionalidades. Esse é o resultado da falta de
organização e de clareza por parte dos sindicalizados, ainda que animados do espírito revolucionário. O partido deve fazer tudo para
pôr um fim a essa situação e conquistar o movimento sindical para o comunismo. Para atingir esse objetivo, é absolutamente
indispensável criar núcleos comunistas, assim como um órgão sindical comunista central para todos os países. É necessário, para
isso, trabalhar energicamente e fundir num todo único as diferentes uniões cindidas pelas nações.
Na Áustria e na Bélgica, os social-patriotas souberam tomar com habilidade e firmeza a direção do movimento sindical, que é o
principal ponto de combate. É nessa direção que os comunistas devem colocar sua atenção.
Na Noruega, o partido, que tem a maioria dos operários, deve tomar seguramente nas mãos o movimento sindical e descartar os
elementos centristas das direções.
Na Suécia o partido tem que combater resolutamente não apenas o reformismo, mas também a corrente pequeno-burguesa que
existe no socialismo e deve aplicar nessa ação toda a sua energia.
Na Alemanha, o partido tem grandes condições para conquistar gradualmente os sindicatos. Nenhuma concessão deve ser feita
àqueles que preconizam a saída dos sindicatos. Isso é fazer o jogo dos social-patriotas. Às tentativas de excluir os comunistas importa
opor uma resistência vigorosa e obstinada; os maiores esforços devem ser feitos para conquistar a maioria nos sindicatos.
V
Todas essas considerações determinam as relações que devem existir entre a Internacional Comunista e a Internacional Sindical
Vermelha.
A Internacional Comunista não deve apenas dirigir a luta política do proletariado no sentido estrito do termo mas, também, toda
sua campanha de libertação, seja qual for a forma que ela assuma. A Internacional Comunista não pode ser apenas a soma aritmética
dos Comitês Centrais dos Partidos Comunistas dos diferentes países. A Internacional Comunista deve inspirar e coordenar a ação e os
combates de todas as organizações proletárias, profissionais, cooperativas, sovietistas, educativas etc., além das estritamente
políticas.
A Internacional Sindical Vermelha, diferente da Internacional Amarela de Amsterdã, não pode, em caso algum, aceitar o ponto de
vista da neutralidade. Uma organização que desejar ser neutra, diante das Internacionais dois, dois e meio e três, será inevitavelmente
um joguete nas mãos da burguesia. O programa de ação da Internacional Sindical Vermelha, que está exposto abaixo e que o Terceiro
Congresso Universal da Internacional Comunista submete à atenção do Primeiro Congresso Universal dos Sindicatos Vermelhos, será
defendido na realidade unicamente pelos Partidos Comunistas, unicamente pela Internacional Comunista. Por esta única razão, para
insuflar o espírito revolucionário no movimento profissional de cada país, para executar lealmente sua nova tarefa revolucionária, os
sindicatos vermelhos de cada país serão obrigados a trabalhar de mãos dadas, em contato estreito, com o Partido Comunista desse
mesmo país, e a Internacional Sindical Vermelha deverá coordenar em cada país sua ação com aquela da Internacional Comunista.
Os preconceitos de neutralidade, independência, apoliticismo, de indiferença pelos partidos, que são o pecado dos sindicalistas
revolucionários legais da França, Espanha, Itália e alguns outros países, não são objetivamente outra coisa que um tributo pago aos
ideais burgueses. Os sindicatos vermelhos não podem triunfar sobre Amsterdã, não podem consequentemente, triunfar sobre o
capitalismo, sem romper de uma vez por todas com esta idéia burguesa de independência e de neutralidade.
Do ponto de vista da economia das forças e da concentração mais perfeita dos golpes, a situação ideal será a constituição de uma
Internacional proletária única, agrupando os partidos políticos e todas as outras formas de organização operária. Não há dúvida de
que o futuro pertence a esse tipo de organização. Mas, no momento atual, de transição, com a variedade e a diversidade dos
sindicatos, é preciso nos diferentes países, constituir uma união autônoma dos sindicatos vermelhos, aceitando o conjunto do
programa da Internacional Comunista, mas de uma forma mais livre que os partidos políticos pertencentes a esta Internacional.
A Internacional Sindical Vermelha que será organizada sobre essas bases, terá direito ao apoio integral do 3° Congresso Universal
da Internacional Comunista. Para estabelecer uma ligação mais estreita entre a Internacional Comunista e a Internacional Vermelha
dos Sindicatos, o Terceiro Congresso Universal da Internacional Comunista propõe uma representação mútua permanente de três
membros da Internacional Comunista no Comitê Executivo da Internacional Sindical Vermelha e vice-versa.
O programa de ação dos Sindicatos Vermelhos, segundo a opinião da Internacional Comunista, é aproximadamente o seguinte:
Programa de Ação
1. A crise aguda na economia mundial, a queda catastrófica dos preços dos principais produtos, a subprodução que coincide com a
escassez das mercadorias, a política agressiva da burguesia em relação à classe operária, uma tendência obstinada em rebaixar os
salários e conduzir a classe operária a várias dezenas de anos atrás, a irritação das massas que se desenvolve sobre esse terreno, de
uma parte, e a impotência dos velhos sindicatos operários e seus métodos, de outra parte - todos esses fatos impõem aos sindicatos
revolucionários de todos os países tarefas novas. São necessários novos métodos de luta econômica nesse período de desagregação
capitalista: é preciso que os sindicatos operários adotem uma política econômica agressiva, para repelir a ofensiva do capital,
fortificar as antigas posições e passar à ofensiva.
2. A ação direta das massas revolucionárias e suas organizações contra o capital constitui a base da tática sindical. Todas as
conquistas dos operários estão em relação direta com a ação direta e a pressão revolucionária das massas. Pela expressão "ação
direta" é preciso entender toda sorte de pressões diretas exercidas pelos operários sobre os patrões e o Estado, a saber: boicote,
greves, ações de rua, demonstrações, ocupação de usinas, oposição violenta à saída de produtos das empresas, levante armado e
outras ações revolucionárias próprias para unir a classe operária na luta pelo socialismo. A tarefa dos sindicatos revolucionários
consiste, portanto, em fazer da ação direta um meio de educar e preparar as massas operárias para a luta pela revolução social e pela
ditadura do proletariado
3. Esses últimos anos de luta mostraram com uma particular evidência toda a fraqueza das uniões estritamente profissionais. A
adesão simultânea dos operários de uma empresa a vários sindicatos enfraquece-os durante a luta. É preciso passar, e esse deve ser o
ponto inicial de uma luta incessante - da organização puramente profissional à organização por indústrias: "Uma empresa - um
sindicato", tal é a palavra de ordem no domínio da estrutura sindical. É preciso tender à fusão dos sindicatos similares pela via
revolucionária, colocando a questão diretamente para os sindicalizados das fábricas e empresas, levando mais tarde o debate até as
conferências locais e regionais e aos congressos nacionais
4. Cada fábrica, cada usina deve se transformar num bastião, numa fortaleza da revolução. A antiga forma de ligação entre os
sindicalizados e seu sindicato (delegados sindicais que recebiam as cotizações, representantes, pessoal de confiança etc.) deve ser
substituída pela criação de comitês de fábrica e usinas. Esses devem ser eleitos por todos os operários da empresa, seja qual for o seu
sindicato e suas convicções políticas. A tarefa dos partidários da Internacional Sindical Vermelha é levar os operários da empresa a
participarem da eleição de seu órgão representativo. As tentativas para eleger os comitês de fábrica e de usinas apenas pelos
comunistas têm como resultado o afastamento das massas "sem partido"; eis porque essas tentativas devem ser categoricamente
condenadas. Isso seria um núcleo e não um comitê de fábrica. A parcela revolucionária deve reagir e influir, por intermédio dos
núcleos, comitês de ação e simples membros, sobre a assembléia geral e sobre o comitê de fábrica eleito.
5. A primeira tarefa que é preciso propor aos operários e comitês de fábricas e usinas é exigir a manutenção, às expensas da
empresa, dos empregados dispensados do trabalho. Não se deve tolerar que os operários sejam postos na rua sem que o
estabelecimento se ocupe deles. O patrão deve pagar a seus desempregados seu salário completo: eis a exigência em torno da qual é
preciso organizar não apenas os desempregados, mas sobretudo os empregados que continuam trabalhando na empresa, explicando-
lhes, ao mesmo tempo, que a questão do desemprego não pode ser resolvida nos limites do capitalismo e que o melhor remédio
contra o desemprego é a revolução social e a ditadura do proletariado.
6. O fechamento das empresas é atualmente, na maior parte dos casos, um meio de depurá-las dos elementos suspeitos - a luta
deve então se fazer contra o fechamento das empresas e os empregados devem verificar as causas do fechamento. É preciso criar
Comissões especiais de controle sobre as matérias-primas, sobre os materiais necessários à produção e os recursos financeiros
disponíveis nos bancos. As Comissões de controle especialmente eleitas devem estudar da maneira mais atenta as relações financeiras
entre a empresa em questão e as outras empresas, e a supressão do segredo comercial deve ser proposta aos operários como uma
tarefa prática.
7. Um dos meios de impedir o fechamento em massa das empresas, com o fim de rebaixar os salários e agravar as condições de
trabalho, pode ser a ocupação da fábrica ou da usina e a continuação de sua produção a despeito do patrão.
Diante da atual escassez de mercadorias, é particularmente importante impedir toda parada na produção, também os operários não
devem tolerar um fechamento premeditado das fábricas e usinas. Segundo as condições locais, as condições da produção, a situação
política e a intensidade da luta social, a tomada das empresas pode e deve ser acompanhada de outros métodos de ação sobre o
capital. A gestão da empresa tomada deve ser colocada nas mãos do comitê de fábrica ou de usina e do representante especialmente
designado pelo sindicato.
8. A luta econômica deve ser levada sob a palavra de ordem de aumento dos salários e melhoria das condições de trabalho, que
devem ser levadas a um nível sensivelmente superior àquele de antes da guerra. As tentativas para reconduzir os operários às
condições de trabalho anteriores às da guerra devem ser rebatidas da forma mais decidida e mais revolucionária. A guerra teve como
resultado o esgotamento da classe operária: a melhoria das condições de trabalho é uma condição indispensável para reparar essa
perda de forças. As alegações dos capitalistas que colocam como causa a concorrência estrangeira não devem ser levadas em
consideração: os sindicatos revolucionários não devem abordar a questão dos salários e das condições do ponto de vista da
concorrência entre os aproveitadores das diferentes nações, eles devem se colocar no ponto de vista da conservação e proteção da
força de trabalho.
9. Se a tática redutora dos capitalistas coincide com uma crise econômica no país, o dever dos sindicatos é não se deixar abater
por questões separadas. A princípio, é preciso ensaiar na luta os operários dos estabelecimentos de utilidade pública (mineiros,
ferroviários, operários do gás, eletricitários etc.) para que a luta contra a ofensiva do capital toque, desde o início, os pontos
nevrálgicos do organismo econômico. Aqui, todas as formas de resistência são necessárias e, conforme o objetivo, desde a greve
parcial intermitente, até a greve geral, se estendendo à grande indústria sobre um plano nacional.
10. Os sindicatos devem se propor como uma tarefa prática a preparação e a organização de ações nacionais por indústrias. A
parada dos transportes ou da extração da hulha, realizada segundo um plano internacional, é um poderoso meio de luta contra as
tentativas reacionárias da burguesia de todos os países.
Os sindicatos devem observar atentamente a conjuntura mundial para escolher o momento mais propício para sua ofensiva
econômica; eles não devem esquecer um só instante o fato de que uma ação internacional só será possível com a criação de sindicatos
revolucionários, sindicatos que não tenham nada em comum com a Internacional Amarela de Amsterdã.
11. A crença no valor absoluto dos contratos coletivos, propagada pelos oportunistas de todos os países, deve encontrar a
resistência áspera e decidida do movimento sindical revolucionário. Os patrões violam os contratos coletivos sempre que podem. Um
respeito religioso pelos contratos coletivos testemunha a profunda penetração da ideologia burguesa entre os líderes da classe
operária. Os sindicatos revolucionários não devem renunciar aos contratos coletivos, mas devem perceber seu valor relativo, devem
sempre considerar o método a adotar para romper esses contratos sempre que isso for vantajoso para a classe operária.
12. A luta das organizações operárias contra o patrão individual e coletivo deve se adaptar às condições nacionais e locais, deve
utilizar toda a experiência da luta de libertação da classe operária. Toda greve importante não deve ser somente bem organizada, os
operários devem, desde o primeiro momento, criar quadros especiais para combater os fura-greves e fazer oposição à ofensiva
provocadora das organizações brancas de todas as nuances, apoiadas pelos Estados burgueses. Os fascistas na Itália, a ajuda técnica
na Alemanha, as guardas cívicas formadas por antigos oficiais e suboficiais na França e Inglaterra - todas essas organizações têm por
objetivo a desmoralização, a derrota das ações da classe operária, uma derrota que não se limitará a uma simples substituição dos
grevistas, mas buscará a derrocada material de sua organização e o massacre dos líderes do movimento. Nessas condições, a
organização de batalhões de greve especiais, de destacamentos especiais de defesa operária, é uma questão de vida ou morte para a
classe operária.
13. As organizações de combate assim criadas não devem se limitar a combater as organizações dos patrões e fura-greves, elas
devem se encarregar de deter todas as encomendas e mercadorias expedidas com destino à usina em greve por outras empresas e se
opor à transferência de comando a outras usinas e empresas. Os sindicatos dos operários dos transportes são chamados a
desempenhar seu papel particularmente importante: cabe a eles a tarefa de entravar o transporte das mercadorias, o que não será
possível sem a ajuda unânime de todos os operários da região.
14. Toda luta econômica da classe operária no próximo período deve se concentrar na palavra de ordem do controle operário
sobre a produção, que se deve realizar antes que o governo ou as classes dominantes inventem algum sucedâneo de controle. É
preciso combater violentamente todas as tentativas das classes dominantes e dos reformistas para criar associações paritárias,
comissões paritárias e um estrito controle sobre a produção deve ser feito: somente ele dará os resultados determinados. Os sindicatos
revolucionários devem combater resolutamente a chantagem e a extorsão exercidas em nome da socialização pelos chefes dos velhos
sindicatos com a ajuda das classes dominantes. Toda a verborréia desses senhores sobre a socialização pacifica tem a finalidade única
de desviar os operários dos atos revolucionários e da revolução social.
15. Para distrair a atenção dos operários de suas tarefas imediatas e despertar neles veleidades pequeno-burguesas, colocam-nos
diante da idéia de participação nos lucros, isto é, da restituição aos operários de uma pequena parte da mais-valia criada por eles; essa
palavra de ordem de perversão operária deve receber sua crítica severa e implacável. ("Não à participação nos lucros, destruição do
lucro capitalista", tal é a palavra de ordem dos sindicatos revolucionários.).
16. Para entravar ou quebrar a força combativa da classe operária, os Estados burgueses aproveitaram a possibilidade de
militarizar provisoriamente algumas usinas ou setores inteiros da indústria sob o pretexto de protegê-las por sua importância vital.
Alegando a necessidade de se preservar tanto quanto possível contra as perturbações econômicas, os Estados burgueses introduziram,
para proteger o Capital, cortes de arbitragem e comissões de conciliação obrigatórias. Também no interesse do Capital, e para fazer
recair inteiramente sobre os operários o peso dos custos da guerra, eles introduziram um novo sistema de percepção de impostos; eles
são retidos sobre o salário do operário pelo patrão, que desempenha assim o papel de preceptor. Os sindicatos devem levar uma luta
das mais obstinadas contra essas medidas governamentais que só servem aos interesses da classe capitalista.
17. Os sindicatos revolucionários que lutam para melhorar as condições de trabalho, elevar o nível de vida das massas e
estabelecer o controle operário devem constantemente perceber que, no quadro do capitalismo, esses problemas permanecerão sem
solução; eles também devem, arrancando passo a passo concessões das classes dominantes, obrigá-las a aplicar a legislação social,
colocar claramente as massas operárias diante do fato de que só a derrota do capitalismo e a instauração da ditadura do proletariado
são capazes de resolver a questão social. Assim, nem uma ação parcial, nem uma greve parcial nem o menor conflito devem passar
sem deixar traços em relação a isso. Os sindicatos revolucionários devem generalizar esses conflitos, elevando constantemente a
consciência das massas até a necessidade e a inevitabilidade da revolução social e da ditadura do proletariado.
18. Toda luta econômica é uma luta política, isto é, uma luta levada por toda uma classe. Nessas condições, por mais
consideráveis que sejam as camadas operárias envolvidas na luta, esta não poderá ser realmente revolucionária, não poderá ser
realizada com o máximo de utilidade para a classe operária em seu conjunto, se os sindicatos não estiverem de mãos dadas, unidos e
em colaboração estreita com o Partido Comunista do país. A teoria e a prática da divisão da ação da classe operária em duas metades
autônomas é muito perniciosa, sobretudo no momento revolucionário atual. Cada ação exige o máximo de concentração de forças,
que só é possível com a condição da mais alta tensão de toda energia revolucionária da classe operária, isto é, de todos os seus
elementos comunistas e revolucionários. As ações isoladas do Partido Comunista e dos sindicatos revolucionários estão de antemão
destinadas ao fracasso e a derrota. Por isso, a unidade de ação, a ligação orgânica entre os Partidos Comunistas e os sindicatos
operários constituem a condição preliminar do sucesso da luta contra o capitalismo.
Ao Proletariado Alemão
Aos dois mil anos de prisão e penas correcionais que infligiu aos combatentes de março, a burguesia alemã acrescenta a pena de
prisão perpétua para MAX HOELZ
A Internacional Comunista é contra o terror e atos de sabotagem individual que não servem aos objetivos de luta da guerra civil,
condena a guerra de franco-atiradores levada por fora da direção política do proletariado revolucionário. Mas a Internacional
Comunista vê em Max Hoelz um dos mais corajosos rebela-dos contra a sociedade capitalista, cuja fúria se expressa pelas
condenações à prisão e cuja ordem se manifesta pelo excesso da canalha que serve de base a seu regime. Os atos de Max Hoelz não
correspondem aos objetivos perseguidos; o terror branco só será aniquilado pelo levante das massas operárias, só assim o
proletariado conquistará a vitória. Seus atos, porém, foram ditados por seu amor ao proletariado, por seu ódio contra a burguesia. O
Congresso envia suas saudações fraternas a Max Hoelz, e o recomenda à proteção do proletariado alemão, expressando sua esperança
de vê-lo lutar nas fileiras do Partido Comunista pela causa da libertação dos operários, manifesta sua esperança de que chegará o dia
em que os proletários alemães abrirão as portas de sua prisão.
Princípios Gerais
1. O 3º Congresso da Internacional Comunista, juntamente com a 2ª Conferência das Mulheres Comunistas, confirma a opinião
do 1º e 2º Congressos relativamente à necessidade, para todos os Partidos Comunistas do Ocidente e do Oriente, de reforçar o
trabalho entre o proletariado feminino, em particular a educação comunista das grandes massas de operárias que devem entrar na luta
pelo poder dos sovietes e pela organização da República Operária Soviética.
Para a classe operária do mundo inteiro e, consequentemente, para os operários, a questão da ditadura do proletariado é
primordial.
A economia capitalista se encontra num impasse. As forças produtivas não podem mais se desenvolver nos limites do regime
capitalista. A impotência da burguesia atrasou a indústria, aumentou a miséria das massas trabalhadoras, fez crescer a especulação,
acelerou a decomposição da produção, o desemprego, a instabilidade dos preços, o custo de vida desproporcional aos salários,
provocou um recrudescimento da luta de classes em todos os países. Nessa luta, é sobretudo a questão de saber quem deve organizar
a produção, se um punhado de burgueses e exploradores sobre as bases do capitalismo e da propriedade privada, ou a classe dos
verdadeiros produtores sobre a base comunista.
A nova classe ascendente, a classe dos verdadeiros produtores, deve, conforme as leis do desenvolvimento econômico, tomar nas
mãos o aparelho de produção e criar novas formas econômicas. Somente assim se poderá dar o máximo desenvolvimento às forças
produtivas que a anarquia da produção capitalista impede de dar a todo o rendimento de que elas são capazes.
Enquanto o poder estiver nas mãos da classe burguesa, o proletariado será impotente para restabelecer a produção. Nenhuma
reforma, nenhuma medida, proposta pelos governos democráticos ou socialistas dos países burgueses, serão capazes de salvar a
situação e minorar os sofrimentos insuportáveis dos operários, pois esses sofrimentos são um efeito natural da ruína do sistema
econômico capitalista e persistirão enquanto o poder estiver nas mãos da burguesia. Só a conquista do poder pelo proletariado
permitirá á classe operária se apoderar dos meios de produção e assegurar assim a possibilidade de restabelecimento da economia em
seu próprio interesse.
Para adiantar a hora do enfrentamento decisivo do proletariado com o mundo burguês agonizante, a classe operária deve se
conformar à tática firme e intransigente preconizada pela Terceira Internacional. A realização da ditadura do proletariado deve ser a
ordem do dia. Eis o objetivo que deve definir os métodos de ação e a linha de conduta do proletariado dos dois sexos.
Partindo do princípio de que a luta pela ditadura do proletariado está na ordem do dia e que a construção do comunismo é a tarefa
atual nos países em que a ditadura já está nas mãos dos operários, o 3° Congresso da Internacional Comunista declara, que, tanto a
conquista do poder pelo proletariado como a realização do comunismo nos países em que eles já se livraram da opressão burguesa,
não serão cumpridas sem o apoio ativo da massa feminina do proletariado e semiproletariado.
De outra parte, o Congresso chama mais uma vez a atenção das mulheres para o fato de que, sem o apoio dos Partidos
Comunistas, as iniciativas pela libertação das mulheres, o reconhecimento de sua igualdade pessoal completa e a sua libertação
verdadeira não são realizáveis.
2. O interesse da classe operária exige, nesse momento, com uma força particular, a entrada das mulheres nas fileiras organizadas
do proletariado que combate pelo comunismo; ele o exige, na medida em que a ruína econômica mundial se torna mais intensa e
intolerável para toda a população pobre das cidades e do campo, e na medida em que, para a classe operária dos países burgueses
capitalistas, a revolução social se impõe inevitavelmente, enquanto o povo trabalhador da Rússia Soviética se detém na tarefa de
reconstruir a economia nacional sobre as novas bases comunistas. Essas duas tarefas serão mais facilmente realizadas se as mulheres
participarem ativamente de forma consciente e voluntária.
3. Em todos os lugares em que a questão da conquista do poder surgir diretamente, os Partidos Comunistas deverão saber apreciar
o grande perigo que representa para a revolução as massas inertes dos operários sem experiência nos movimentos econômicos, dos
empregados, dos camponeses presos a concepções burguesas, da Igreja e dos preconceitos e sem ligação com o grande movimento de
libertação que é o comunismo. As grandes massas femininas do Oriente e do Ocidente, não experimentadas nesses movimentos,
constituem, inevitavelmente, um apoio para a burguesia e um objeto para sua propaganda contra-revolucionária. A experiência da
revolução húngara, ao longo da qual a consciência das massas femininas jogou um papel tão triste, deve servir de advertência ao
proletariado dos países atrasados que estão entrando no caminho da revolução social.
A prática da República Soviética mostrou o quanto é essencial a participação da operária e da camponesa, tanto na defesa da
República durante a guerra civil, como em todos os domínios da organização soviética. Sabe-se a importância do papel que as
operárias e as camponesas já desempenharam na República Soviética, na organização da defesa, no reforço da retaguarda, na luta
contra a deserção e contra todas as formas de contra-revolução, de sabotagem etc.
A experiência da República Operária deve ser aproveitada e utilizada nos outros países.
De tudo o que acabamos de dizer, resulta a tarefa imediata dos Partidos Comunistas: estender a influência do Partido e do
comunismo às vastas camadas da população feminina de seu país, através de um órgão especial do Partido e de métodos particulares,
permitindo abordar mais facilmente as mulheres para livrá-las da influência das concepções burguesas e da ação dos partidos
coalizacionistas, para fazer delas verdadeiros combatentes pela libertação total da mulher.
4. Impondo aos Partidos Comunistas do Ocidente e do Oriente a tarefa imediata de reforçar o trabalho do Partido entre o
proletariado feminino, o 3º Congresso da Internacional Comunista mostra, ao mesmo tempo, ás operárias do mundo inteiro, que sua
libertação da injustiça secular, da escravidão e da desigualdade, só se realizará com a vitória do comunismo.
O que o comunismo pode dar às mulheres, o movimento feminino burguês não poderá dar. Durante o tempo em que existir a
dominação do capital e a propriedade privada, a libertação da mulher é impossível.
O direito ao voto não suprime a causa primeira da submissão da mulher dentro da família e da sociedade e não lhe dá solução
para o problema das relações entre os dois sexos. A igualdade não formal, mas real, da mulher só é possível num regime em que ela
seja a dona de seus instrumentos de produção e repartição, tomando parte da administração e trabalhando em igualdade com os
homens, em outros termos, essa igualdade só será realizada com a derrota do sistema capitalista e sua substituição pelas formas
econômicas comunistas.
O comunismo criará uma situação na qual a função natural da mulher, a maternidade, não entrará em conflito com as obrigações
sociais e não impedirá seu trabalho produtivo em proveito da coletividade. Mas o comunismo é, ao mesmo tempo, o objetivo final de
todo o proletariado. Consequentemente, a luta do operário e da operária para esse fim comum deve, no interesse de ambos, ser
conduzida em comum e inseparavelmente.
5. O 3º Congresso da Internacional Comunista confirma os princípios fundamentais do marxismo revolucionário, seguindo
aqueles pontos "especialmente femininos"; toda relação da operária com o feminismo burguês, assim como todo apoio dado por ela à
tática de meias-medidas e franca traição dos social-coalizacionistas e dos oportunistas só enfraquecem as forças do proletariado,
retardando a revolução social e impedindo, ao mesmo tempo, a realização do comunismo, isto é, a libertação da mulher.
Chegaremos ao comunismo pela união na luta de todos os explorados e não pela união das forças femininas de classes opostas.
As massas proletárias femininas devem, em seu próprio interesse, sustentar a tática revolucionária do Partido Comunista e
participar ativamente das ações de massa e da guerra civil sob todas as suas formas e aspectos, tanto no plano nacional como
internacional.
6. A luta da mulher contra sua dupla opressão: o capitalismo e a dependência da família e do marido deve tomar, na fase que se
aproxima, um caráter internacional transformando-se em luta do proletariado dos dois sexos pela ditadura e o regime soviético sob a
bandeira da III Internacional.
7. Dissuadindo as operárias de todos os países a qualquer colaboração e coalizão com as feministas burguesas, o 3º Congresso da
Internacional Comunista previne, ao mesmo tempo, que todo apoio dado por elas à II Internacional ou aos elementos oportunistas
que venham a se aproximar só pode fazer grande mal ao movimento. As mulheres devem sempre se lembrar que sua escravidão tem
suas raízes no regime burguês. Para acabar com essa escravidão, é preciso passar para uma nova ordem social.
Apoiando as Internacionais 2 e 2 1 e os grupos análogos, paralisa-se o desenvolvimento da revolução, impede-se,
consequentemente, a transformação social, adiando a hora da libertação da mulher.
Quanto mais as massas feministas se afastarem com decisão e sem possibilidade de retorno da II Internacional e da Internacional
2 1, mais a vitória da revolução social estará assegurada. O dever das mulheres comunistas é condenar todos aqueles que temem a
tática revolucionária da Internacional Comunista e se aplicar firmemente em exclui-los das fileiras cerradas da Internacional
Comunista.
As mulheres devem também se lembrar que a II Internacional sequer tentou criar uma organização destinada à luta pela libertação
da mulher. A união internacional das mulheres socialistas, na medida em que existe, foi estabelecida fora dos limites da II
Internacional, pela iniciativa das próprias operárias.
A III Internacional formulou claramente, desde seu primeiro congresso, em 1919, sua atitude sobre a questão da participação das
mulheres na luta pela ditadura, por sua iniciativa e com sua participação foi convocada a primeira Conferência das Mulheres
Comunistas e, em 1920, foi fundado o Secretariado Internacional para a propaganda entre as mulheres, com representação
permanente no Comitê Executivo da Internacional Comunista. O dever das operárias conscientes é romper com a II Internacional e
com a Internacional 2 1 e sustentar firmemente a política revolucionária da Internacional Comunista.
8. O apoio que darão à Internacional Comunista as operárias e empregadas deve se manifestar primeiramente nas fileiras dos
Partidos Comunistas de seus países. Nos países e nos Partidos em que a luta entre a II e a III Internacional ainda não está terminada,
o dever das operárias é sustentar, com todas as suas forças, o partido ou grupo que segue a política da Internacional Comunista e lutar
impiedosamente contra todos os elementos hesitantes ou abertamente traidores, sem atribuir a eles a menor autoridade. As mulheres
proletárias conscientes que lutam por sua libertação não devem permanecer num partido que não esteja filiado à Internacional
Comunista.
Todo adversário da III Internacional é um inimigo da libertação da mulher.
Cada operária consciente do Ocidente e do Oriente deve se alinhar sob a bandeira revolucionária da Internacional Comunista.
Toda hesitação das mulheres no sentido de derrotar os grupos oportunistas ou as autoridades reconhecidas retarda as conquistas do
proletariado sobre o terreno da guerra civil, que assume o caráter de uma guerra civil mundial.
(Adotado na sessão de 12 de junho, após o relato da camarada Kollontai e após a emenda do camarada Zetkin)
A II Conferência Internacional das Mulheres Comunistas propõe aos Partidos Comunistas de todos os países do Ocidente e do
Oriente elegerem, através de sua Seção Central Feminina, seguindo as diretrizes da III Internacional, correspondentes internacionais.
O papel da correspondência de cada Partido Comunista é, como as "diretrizes" indicam, manter relações regulares com as
correspondentes internacionais dos outros países, assim como com o Secretariado Internacional Feminino de Moscou que é o órgão
de trabalho do Executivo da III Internacional. Os Partidos Comunistas devem fornecer às correspondentes internacionais todos os
meios técnicos e possibilidades de se comunicarem entre elas e com o Secretariado de Moscou. As correspondentes internacionais se
reunirão uma vez a cada seis meses para deliberar e trocar opiniões com as representantes do Secretariado Feminino Internacional.
Entretanto, em caso de necessidade, esse último poderá reunir esta conferência a qualquer tempo.
O Secretariado Internacional Feminino cumpre, de acordo com o Executivo, e em contato estreito com as correspondentes
internacionais dos diferentes países, as tarefas fixadas pelas "direções". E deve, principalmente, elevar, em cada país, pelo conselho e
pela ação, o desenvolvimento do movimento feminino comunista ainda frágil e dar uma direção única ao movimento feminino de
todos os países do Ocidente e do Oriente, provocar e orientar, sob a direção e com o apoio enérgico dos comunistas, ações nacionais e
internacionais de natureza a intensificar e a estender a capacidade das mulheres para a luta revolucionária do proletariado. O
Secretariado Feminino Internacional de Moscou deverá, no Ocidente, ser acrescido de um órgão auxiliar, a fim de assegurar uma
ligação mais estreita e regular com os movimentos comunistas femininos de todos os países. Este órgão terá que fazer os trabalhos
preparatórios e suplementares para o Secretariado Internacional, isto é, ele será puramente executivo e não terá o direito de decidir
qualquer questão. Ele está ligado pelas decisões e indicações do Secretariado Geral de Moscou e do Executivo da Terceira
Internacional. Com o órgão auxiliar da Europa Ocidental, deve colaborar ao menos uma representante do Secretariado Geral.
Para tanto, a constituição e o campo de atividade do Secretariado não são fixados pela direção essas questões serão reguladas pelo
Executivo da Terceira Internacional, de acordo com o Secretariado Feminino Internacional, assim como a composição, a forma e o
funcionamento do órgão auxiliar.
V. O FASCISMO INTERNACIONAL
A política ofensiva da burguesia contra o proletariado, tal como se manifesta de modo mais notório no fascismo internacional,
está na mais estreita relação com a ofensiva do capital na ordem econômica. Dado que a miséria acelera a evolução espiritual das
massas num rumo revolucionário, processo que engloba as classes médias, incluindo os funcionários e perturba a segurança da
burguesia que não pode considerar mais a burocracia como um instrumento dócil, os métodos de repressão legal já não bastam a essa
burguesia. Por isso se dedica a organizar em todas as partes guardas brancos especialmente destinados a combater todos os esforços
revolucionários do proletariado e que na realidade serve cada vez em maior medida as tentativas do proletariado por melhorar sua
situação.
A diferença característica do fascismo italiano, do fascismo “clássico”, que conquistou momentaneamente todo o país, está no
fato de que os fascistas não somente constituem organizações de combate estritamente contra-revolucionário e armados até os dentes,
mas também tratam, mediante uma demagogia social, de criar uma base entre as massas, na classe camponesa e na pequena burguesia
e até em certos setores do proletariado, utilizando habilmente para seus objetivos contra-revolucionários decepções provocadas pela
chamada democracia.
O perigo do fascismo existe agora em muitos países: na Checoslováquia, na Hungria, em quase todos os países balcânicos, na
Polônia, na Alemanha (Baviera), na Áustria, nos EUA e até em países como Noruega. De uma forma ou de outra, o fascismo
tampouco é impossível em países como França e Inglaterra.
Uma das tarefas mais importantes dos partidos comunistas está em organizar a resistência ao fascismo internacional, em colocar-
se a frente de todo o proletariado e na luta contra os bandos fascistas e aplicar energicamente também a este terreno a tática da frente
única. Os métodos ilegais são aqui absolutamente indispensáveis.
Porém o enlouquecido delírio fascista é a última resposta da burguesia. A dominação desempenhada pelos guardas brancos está
dirigida de maneira geral contra as bases, mesmo as de democracia burguesa. As grandes massas do povo trabalhador se convencem
cada vez mais de que a determinação da burguesia só é possível mediante uma ditadura não encoberta sobre o proletariado.
X. O GOVERNO OPERÁRIO
O governo operário (eventualmente o governo camponês) deverá ser empunhado em todas as partes como uma bandeira de
propaganda geral. Porém como bandeira de política atual, o governo operário adquire uma maior importância nos países onde a
situação da classe burguesa é particularmente insegura, onde a relação de forças entre os partidos operários e a burguesia coloca a
solução do problema do governo operário na ordem do dia como uma necessidade política.
Nesses países, a bandeira de “governo operário” é uma consequência inevitável de toda tática de frente única.
Os partidos da II Internacional tratam de “salvar” a situação nesses países, pregando e enfatizando a coalizão dos burgueses e dos
sociais-democratas. As mais recentes tentativas realizadas por alguns partidos da II Internacional (por exemplo na Alemanha)
negando-se a participar abertamente no governo de coalizão deste tipo para uma vez fazê-lo sorrateiramente, não é senão uma
manobra objetivando acalmar as massas que protestam contra essas coalizões é um engano sutil de que se faz vítima a classe
operária. Na coalizão aberta ou sorrateira da burguesia e a social-democracia, os comunistas opõem com a frente única de todos os
operários e a coalizão política e econômica de todos os partidos operários contra o poder burguês para a derrota definitiva deste
último. Na luta comum dos operários contra a burguesia, todo o aparato do estado deverá passar para as mãos do governo operário e
as posições da classe operária serão deste modo fortalecidas.
O programa mais elementar de um governo operário deve consistir em armar o proletariado, em desarmar as organizações
burguesas contra-revolucionárias, em instaurar o controle da produção e fazer recair sobre os ricos o maior peso dos impostos e em
destruir a resistência da burguesia contra-revolucionária.
Um governo deste tipo só é possível se surge da luta das massas, se se apóia em organismos operários aptos para o combate e
criados para os mais vastos setores das massas operárias oprimidas. Um governo operário surgido de uma combinação parlamentar
também pode proporcionar a ocasião de revitalizar o movimento operário revolucionário. Porém é evidente que o surgimento de um
governo verdadeiramente operário e a existência de um governo que realize uma política revolucionária deve conduzir a uma luta
mais encarniçada e, eventualmente, a guerra civil com a burguesia. Uma só tentativa do proletariado de formar um governo operário
enfrentará desde o começo a resistência mais violenta da burguesia. Portanto, a bandeira de governo operário é possível concentrar e
desencadear lutas revolucionárias.
Em certas circunstâncias, os comunistas devem declarar-se dispostos a formar um governo com partidos e organizações operárias
não comunistas. Porém, só podem fazê-lo se contam com as suficientes garantias de que esses governos operários levarão a cabo
realmente a luta contra a burguesia no sentido indicado acima. Neste caso, as condições naturais de participação dos comunistas em
semelhantes governos seriam as seguintes:
1) A participação em tal governo operário só poderá concretizar-se com prévia aprovação da Internacional Comunista.
2) Os membros comunistas do governo operário serão submetidos ao controle direto de seu partido.
3) Os membros comunistas do governo operário continuarão mantendo um estreito contato com as organizações revolucionárias
de massas.
4) O partido comunista conservará absolutamente sua fisionomia e a total independência em sua ação agitativa.
Apesar de suas grandes vantagens, a bandeira de governo operário também tem riscos, assim como toda a tática de frente única.
Para prevenir estes riscos, os partidos comunistas sempre devem ter em conta que, se bem que todo o governo burguês é ao mesmo
tempo um governo capitalista, não é certo que todos os governos operários sejam governos verdadeiramente proletários, quer dizer,
instrumentos revolucionários de poder do proletariado.
A Internacional Comunista deve considerar as seguintes possibilidades:
1) Um governo operário liberal. Já existe um governo deste tipo na Austrália e também é possível a curto prazo na Inglaterra;
2) Um governo operário social-democrata (Alemanha);
3) Um governo de operários e camponeses. Esta eventualidade pode dar-se no Bálcãs, na Tchecoslováquia, etc.;
4) Um governo operário com a participação dos comunistas;
5) Um verdadeiro governo operário proletário que, em sua forma mais pura, só pode ser encarnado por um partido comunista.
Os dois primeiros tipos de governos operários não são governos operários revolucionários mas sim governos camuflados de
coalizão entre a burguesia e os líderes operários contra-revolucionários. Esses “governos operários” são tolerados nos períodos
críticos de fragilização da burguesia para enganar o proletariado sobre o verdadeiro caráter de classe do Estado ou para postergar o
ataque revolucionário do proletariado e ganhar tempo, com a ajuda dos líderes operários corrompidos. Os comunistas não deverão
participar em semelhantes governos. Pelo contrário, desmascararão impiedosamente perante as massas o verdadeiro caráter destes
falsos “governos operários”. No período de declínio do capitalismo, quando a tarefa principal consiste em ganhar para a revolução a
maioria do proletariado, esses governos, objetivamente, podem contribuir a precipitar o processo de decomposição do regime
burguês.
Os comunistas também estão dispostos a marchar com os operários sociais-democratas, cristãos, sem partidos, sindicalistas, etc.,
que ainda não reconhecem a necessidade da ditadura do proletariado. Os comunistas podem, em certas situações e com determinadas
garantias, apoiar um governo operário não comunista. Porém os comunistas deverão explicar a qualquer preço à classe operária que
sua liberação só poderá ser assegurada pela ditadura do proletariado.
Os outros dois tipos de governo operário em que podem participar os comunistas tampouco são a ditadura do proletariado nem
constituem uma forma de transição necessária até a ditadura, porém podem ser pontos de partida para a conquista desta ditadura. A
ditadura total do proletariado só pode ser realizada por um governo operário composto de comunistas.
1. O movimento internacional atravessa neste momento um período de transição que propõe à Internacional Comunista e suas
seções, novos e importantes problemas táticos.
Este período está principalmente caracterizado pelos seguintes fatos:
A crise econômica mundial se agrava. A desocupação aumenta. Em quase todos os países, o capital internacional desencadeou
contra a classe operária uma ofensiva sistemática, cujo objetivo confessado é antes de tudo reduzir os salários e depreciar as
condições de existência dos trabalhadores. O fracasso da paz de Versalhes é cada vez mais evidente para as próprias massas
trabalhadoras. É inegável que se o proletariado internacional não conseguir destruir o regime burguês não tardará em
instalar uma ou até várias guerras imperialistas, o que acabou demonstrado eloqüentemente na Conferência de Washington.
2. As ilusões reformistas que, a raiz de diversas circunstâncias, haviam predominado durante uma época nas grandes massas
operárias, são substituídas, diante da presença de duras realidades, por um estado de ânimo muito diferente. As ilusões democráticas
e reformistas que, depois da guerra imperialista, haviam ganho terreno em uma categoria de trabalhadores privilegiados, assim como
entre os operários mais atrasados desde o ponto de vista político, se dissipam todavia antes de haver sido desenvolvidas. Os
resultados dos trabalhos da Conferência de Washington lhes assentaram o golpe de misericórdia. Se há seis meses se podia falar
aparentemente com razão de certa evolução até a direita das massas operárias da Europa e América, neste momento é impossível
negar o começo de uma orientação até a esquerda.
3. Por outro lado, a ofensiva capitalista suscita nas massas operárias uma tendência espontânea à unidade que nada poderá conter
e que se dá simultaneamente com um aumento de confiança de que gozam os comunistas por parte do proletariado.
Somente agora meios cada vez mais importantes começam a apreciar a valentia da vanguarda comunista que instalou a luta pela
defesa dos interesses proletários em uma época em que as grandes massas permaneciam indiferentes, hostis ao comunismo. Os
operários compreendem cada vez mais que os comunistas realmente têm defendido, freqüentemente ao preço de grande sacrifício e
em circunstâncias das mais penosas, os interesses econômicos e políticos dos trabalhadores. Novamente, o respeito e a confiança
rodeou a vanguarda intransigente que constitui os comunistas. Reconhecendo finalmente a vaidade das esperanças reformistas, os
trabalhadores mais atrasados se convencem de que a única salvação que existe contra a exploração capitalista está na luta.
4. Os partidos comunistas podem e devem recolher agora os frutos das lutas que travaram anteriormente em circunstâncias
desfavoráveis e em meio a indiferença das massas. Porém, elevados por uma consciente confiança nos elemento mais irredutíveis,
mais combativos de sua classe, os comunistas, os trabalhadores dão maiores provas que nunca de um irresistível desejo de unidade.
Integrados agora a uma vida mais ativa, os setores com menos experiência da classe operária acenam com a fusão de todos os
partidos operários. Esperam deste modo aumentar sua capacidade de resistência diante da ofensiva capitalista. Operários que até o
momento quase não haviam demonstrado interesse pelas lutas políticas agora querem verificar, mediante sua experiência pessoal, o
valor do programa político do reformismo. Os operários filiados aos velhos partidos sociais-democratas e que constituem uma fração
importante do proletariado já não admite as campanhas de calúnias dirigidas pelos sociais-democratas e os centristas contra a
vanguarda comunista. Mais ainda, começam a reclamar um acordo com esta última. Sem dúvida ainda não estão totalmente liberados
das crenças reformistas e muitos deles concebem seu apoio às Internacionais Socialistas e a de Amsterdam. Sem dúvida, suas
aspirações nem sempre estão claramente formuladas, porém é evidente que tendem imperiosamente a criação de uma frente proletária
única, a formação por parte dos partidos da II Internacional e os Sindicatos de Amsterdam aliados aos comunistas, de um poderoso
bloco em qual venha a estrelar a ofensiva patronal. Nesse sentido, essas aspirações representam um grande progresso. A fé no
reformismo está desaparecendo. Na situação atual do movimento operário, toda a ação seria, ainda quando tenha seu ponto de partida
em reivindicações parciais, levará fatalmente as massas a pleitear os problemas fundamentais da revolução. A vanguarda comunista
ganhará com a experiência e apoio de novos setores operários, que se convenceram por si mesmos da inutilidade das ilusões
reformistas e dos efeitos deploráveis da política de conciliação.
5. Quando começou o protesto organizado e consciente dos trabalhadores contra a traição dos líderes da II Internacional, estes
dispunham do conjunto do mecanismo das organizações operárias. Invocarão a unidade e a disciplina operária para intimidar
impiedosamente os revolucionários contestadores e quebrar todas as resistências que lhes houvessem impedido de colocar-se a
serviço dos imperialistas nacionais na totalidade das forças proletárias. A esquerda revolucionária se viu forçada a conquistar a
qualquer preço sua liberdade de propaganda a fim de dar a conhecer às massas operárias a traição infame que haviam cometido – e
que continuavam cometendo os partidos e sindicatos criados pelas próprias massas.
6. Apesar de assegurar-se uma total liberdade de propaganda os partidos comunistas em todos os países se esforçam atualmente
por realizar uma unidade tão completa como seja possível no terreno da ação prática. Os dirigentes de Amsterdam e da II
Internacional também reivindicam da unidade, porém todos seus atos são a negação de suas palavras. Ao não conseguir afixar nas
organizações os protestos, as críticas e as aspirações dos revolucionários, os reformistas, que desejam ardentemente seus
compromissos, tratam agora de sair do impasse em que se meteram, semeando a desorganização e a divisão entre os trabalhadores e
sabotando suas lutas. Desmascarar neste momento sua reincidência na traição é um dos deveres mais importantes dos partidos
comunistas.
7. A profunda evolução interior na classe operária da Europa e EUA pela nova situação econômica do proletariado obriga também
os dirigentes e os diplomatas das Internacionais socialistas e da Internacional de Amsterdam a colocarem no primeiro plano o
problema da unidade operária. Mesmo que, entre os trabalhadores que recém ascendem a uma vida política consciente e que ainda
não possuem experiências, a bandeira de frente única é a expressão sincera do desejo de opor a ofensiva patronal todas as forças da
classe operária, essa consigna só é, por parte dos líderes reformistas, uma nova tentativa de enganar os operários para conduzi-los à
colaboração de classes. Na iminência de uma nova guerra imperialista, na corrida armamentista, nos novos tratados secretos das
potências imperialistas, não somente não decidiram os dirigentes da II Internacional, da Internacional II e ½ e da Internacional de
Amsterdam a dar voz de alarme e colaborar efetivamente na tarefa de conquistar a unidade internacional da classe operária, mas
também suscitaram infalivelmente entre eles as mesmas oposições que há no seio da burguesia internacional. Esse é um feito
inevitável dado que a solidariedade dos “socialistas” reformistas com “suas” burguesias nacionais respectivas constituem a pedra
angular do reformismo.
Essas são as condições gerais em meio das quais a Internacional comunista e suas seções devem precisar suas atitudes em relação
com a consigna de unidade de frente operária.
8. Considerando o já dito, o Comitê Executivo da Internacional comunista estima que a bandeira do 3º Congresso da Internacional
comunista. Às massas assim como os interesses gerais do movimento comunista exigem que a Internacional comunista e suas seções
opõem a bandeira de frente proletária e encarnem sua realização. A tática dos partidos comunistas se inspirará nas condições
particulares de cada país.
9. Na Alemanha, o partido comunista, na última seção de seu Congresso Nacional, se pronunciou pela unidade de frente proletária
e reconheceu a possibilidade de apoiar um “governo operário unitário” que estaria disposto a combater seriamente o poder capitalista.
O Executivo da Internacional comunista aprova sem reserva esta decisão, persuadido de que o Partido Comunista Alemão,
salvaguardando sua independência política, possa deste modo penetrar em setores mais vastos do proletariado e fortalecer a
influência comunista. Na Alemanha em maior medida que em outras partes as grandes massas compreendem cada vez mais que sua
vanguarda comunista tinha razão ao negar-se a depor as armas nos momentos mais difíceis e denunciar a inutilidade absoluta dos
remendos reformistas em uma situação que unicamente a revolução proletária pode resolver. Perseverando nesta atitude, o Partido
Alemão não tardará em ganhar para si todos os elementos anarquistas e sindicais que tenham permanecido até agora à margem da
luta de massas.
10. Na França, o Partido Comunista engloba a maioria dos trabalhadores politicamente organizados. Em conseqüência, o
problema da frente única assume um aspecto diferente de que se apresentem em outros países. Porém também na França é preciso
que todas as responsabilidades de ruptura da frente operária recaia sobre nossos adversários. A fração revolucionária do sindicalismo
francês combate com a razão as divisões nos sindicatos e defende a unidade da classe operária na luta econômica. Porém, esta luta
não detém no marco da fábrica. A unidade também é indispensável contra a política imperialista, etc. A política dos reformistas e dos
centristas logo de haver provocado a divisão no seio do partido, ameaçara agora a unidade do movimento sindical, o que prova que,
assim como Jean Longuet , Jouhaux serve na realidade, de franja da burguesia. A bandeira de unidade política e econômica da frente
proletária contra a burguesia é o melhor meio de acabar com as manobras divisionistas.
Quaisquer que sejam as traições da CGT reformista que dirigem Jouhaux, Marrheim e companhia, os comunistas, e com eles
todos os elementos revolucionários da classe operária francesa, se verão obrigados a propor aos reformistas, perante toda a greve
geral, perante toda manifestação revolucionária, perante toda ação de massa, a unidade na ação e, tão pronto os reformistas a
rechacem, deveremos desmascará-los perante toda a classe operária. Deste modo, a conquista das massas operárias apolíticas nos será
mais fácil. É evidente que este método de nenhum modo implica para o Partido Francês uma restrição de sua independência e não o
comprometerá, por exemplo, a apoiar o bloco das esquerdas no período eleitoral ou a mostrar exagerada indulgência com respeito aos
“comunistas” indecisos que não cansam de deplorar a divisão dos sociais-patriotas.
11. Na Inglaterra, o Labour Party reformista havia negado a admitir em seu seio o Partido comunista nas mesmas condições que
as outras organizações operárias. Porém, devido a pressão das massas operárias cujas aspirações já temos assinalado, as organizações
operárias londrinas acabam de votar a admissão do partido comunista no Labour Party.
A propósito, Inglaterra constitui evidentemente uma exceção. A raiz de algumas condições particulares, no Labour Party forma na
Inglaterra uma espécie de coalizão que inclui todas as organizações operárias do país. Neste momento é um dever para os comunistas
exigir, por meio de uma enérgica campanha, sua admissão no Labour Party. A recente traição dos líderes das trade-unions na greve
dos mineiros, a ofensiva capitalista contra os salários, etc. provocam uma considerável efervescência no proletariado inglês. Os
comunistas devem esforçar-se a qualquer preço por penetrar no mais profundo das massas trabalhadoras com a bandeira de unidade
de frente proletária contra a burguesia
12. Na Itália, o Jovem Partido Comunista, que manteve até agora uma das mais intransigentes atitudes com respeito ao Partido
socialista reformista e aos dirigentes social-traidores da Confederação Geral do Trabalho – cuja traição a revolução proletária está
agora definitivamente consumada – desenvolve, todavia, diante da ofensiva patronal, uma enérgica agitação em favor da unidade de
frente proletária. O Executivo aprova totalmente esta tática dos comunistas italianos e insiste na necessidade de desenvolvê-la mais.
O Executivo está convencido de que o Partido Comunista Italiano, dá provas de suficiência perspicácia e se converterá, para a
Internacional Comunista, em um modelo de combatividade marxista e, ao denunciar implacavelmente as vacilações e as traições dos
reformistas e dos centristas, poderá prosseguir com a campanha cada vez mais vigorosa entre as massas operárias pela unidade da
frente proletária contra a burguesia.
É óbvio que o Partido Italiano não deverá descuidar de nenhum detalhe em sua tarefa de ganhar para a ação comum os elementos
revolucionários do anarquismo e do sindicalismo.
13. Na Checoslováquia, onde o Partido agrupa a maioria dos trabalhadores politicamente organizados, as tarefas dos comunistas
são, em certo aspectos, análogas à dos comunistas franceses. Ao afirmar sua independência e manter os últimos nexos que os
vinculam aos centristas, O Partido Tchecoslovaco deverá difundir a bandeira da unidade de frente proletária contra a burguesia e
denunciar o verdadeiro papel dos sociais-democratas e dos centristas, agentes do capital. Os comunistas tchecoslovacos também
intensificarão suas ações nos sindicatos, que estão em grande medida em poder dos líderes amarelos.
14. Na Suécia, o resultado das últimas eleições parlamentares permite a um Partido Comunista numericamente débil desempenhar
um papel importante. Branting, um dos líderes mais iminentes da II Internacional e por sua vez presidente do Conselho de Ministros
da Burguesia sueca, se coloca em tal situação que a atitude da fração parlamentar comunista não pode ser indiferente para a
constituição de uma maioria parlamentar. O executivo estima que a fração comunista não poderá negar-se a conceder, debaixo de
certas condições, seu apoio ao governo menchevique de Branting como por outra parte o fizeram corretamente os comunistas
alemães com certos governos regionais (Turingia). Porém, isso não quer dizer que os comunistas suecos devam perder sua mínima
independência ou se abstenham de denunciar o verdadeiro caráter do governo menchevique. Pelo contrário, quanto mais poder
tenham os mencheviques, em maior medida trairão a classe operária e os comunistas deverão esforçar-se em desmascará-los perante
a massa operária.
15. Nos EUA, começa a realizar a união de todos os elementos de esquerda do movimento operário sindical e político. Os
comunistas norte-americanos tem, deste modo, a ocasião de penetrar nas grandes massas trabalhadoras e de converter-se em centro
de cristalização dessa união das esquerdas. Formando grupos em todos os lugares onde haja comunistas, deverão assumir a direção
do movimento de unidade dos elementos revolucionários e difundir energicamente a idéia da frente única (por exemplo, pela defesa
dos interesses dos desocupados). A principal acusação que pesa contra as organizações de Gompers será que estas últimas se negam
obstinadamente a constituir a unidade de frente proletária pela defesa dos desocupados. Sem dúvida, a tarefa essencial do partido
consistirá em ganhar os melhores elementos das I.W.W.
Na Suíça, nosso partido já obteve alguns êxitos nesta campanha. A propaganda comunista pela frente única obriga a burocracia
sindical a convocar um congresso extraordinário que se levará a cabo proximamente e onde nossos amigos possam desmascarar as
mentiras do reformismo e desenvolver a maior atividade pela unidade revolucionária do proletariado.
16. Em uma série de países, o problema se apresenta, segundo as condições particulares, debaixo de um aspecto mais ou menos
diferente. Porém o executivo está convencido de que as seções saibam aplicar, de acordo com as condições específicas de cada país, a
linha de conduta geral que acabamos de traçar.
17. O Comitê Executivo estipula como condições rigorosamente obrigatórias para todos os partidos comunistas a liberdade, para
toda a seção que estabeleça um acordo com os partidos da II Internacional e da Internacional II e ½, de continuar a propaganda de
nossas idéias e as críticas dos adversários do comunismo. Ao submeter-se à disciplina da ação, os comunistas se reservaram
absolutamente o direito e a possibilidade de expressar não somente antes e depois, mas sim também durante a ação, sua opinião sobre
a política de todas as organizações operárias sem exceção. Em nenhum caso e sob nenhum pretexto, esta cláusula poderá ser
contraposta. Muitos defendem a unidade de todas as organizações operárias em cada ação prática contra a frente capitalista, os
comunistas não podem renunciar a propaganda de duas idéias, que constitui a lógica expressão dos interesses do conjunto da classe
operária.
18. O comitê executivo da Internacional comunista crê ser útil recordar a todos os partidos irmãos as experiências dos
bolcheviques russos, cujo partido é o único que até agora conseguiu vencer a burguesia e apoderar-se do poder. Durante os quinze
anos transcorridos entre o surgimento do bolchevismo e sua vitória (1906-1917), este nunca deixou de combater aos reformistas, o
que é o mesmo que o menchevismo. Porém durante este mesmo intervalo os bolcheviques subscreveram acordos em várias
oportunidades com os mencheviques. A primeira cisão formal teve lugar na primavera de 1905. Porém, sob a influência irresistível de
um movimento operário de vasta envergadura, os bolcheviques formaram neste mesmo ano uma frente comum com os
mencheviques. A segunda cisão formal se produziu em Janeiro de 1912. Porém, desde 1905 até 1912, a cisão alterna com uniões e
acordos temporários (em 1906, 1907 e 1910). Uniões e acordos que não se produziram somente logo das primeiras lutas entre
frações, mas sim sobre todos debaixo da pressão das grandes massas operárias iniciadas na vida política e que queriam comprovar
por si mesmas se os caminhos do menchevismo se apartavam realmente da revolução. Pouco tempo antes da guerra imperialista, o
novo movimento revolucionário que seguiu a greve que originou nas massas proletárias uma poderosa aspiração à unidade que os
dirigentes do menchevismo se dedicaram a explorar em seu proveito, como fazem atualmente os líderes das Internacionais
“socialistas” e os da Internacional de Amsterdam. Nessa época, os bolcheviques não se negaram a constituir a frente única. Longe
deles para contrabalançar a diplomacia dos chefes mencheviques, adaptaram a bandeira de “unidade na base”, quer dizer da Unidade
das massas operárias em ação revolucionária prática contra a burguesia. A experiência demonstrou que essa era a única tática
verdadeira. Modificada segundo a época e os lugares, esta tática ganhou para o comunismo a imensa maioria dos melhores elementos
proletários mencheviques.
19. Ao adaptar a bandeira de unidade de frente proletária e admitir acordos entre suas diversas seções e os partidos e sindicatos da
II Internacional e a Internacional II e ½ , a Internacional não poderá deixar de estabelecer acordos análogos em escala internacional.
Com relação a questão do socorro aos necessitados da Rússia, o Executivo propõe um acordo na Internacional Sindical de
Amsterdam. Renova suas propostas em vistas a uma cisão comum contra o terror branco na Espanha e Iugoslávia. Atualmente,
somente as Internacionais socialistas e a Internacional de Amsterdam uma nova proposta a respeito das resoluções da Conferência de
Washington, já que não pode se não que precipitar a explosão de uma nova guerra imperialista. Porém, os dirigentes dessas três
organizações internacionais demonstraram que, quando se trata de atos, renunciam totalmente a sua bandeira de unidade operária. Em
conseqüência, a tarefa precisa da Internacional Comunista e de suas seções será a de revelar as massas a hipocrisia de seus dirigentes
operários que preferem a união com a burguesia de que a unidade dos trabalhadores revolucionários e, em permanecer nas oficinas
Internacional do Trabalho circunscrita na Sociedade das Nações, participam por ela na Conferência imperialista de Washington em
lugar de levar a cabo uma enérgica campanha contra ela. Porém a negativa oposta a nossas proposições não nos fará renunciar a tática
que preconizamos, tática profundamente de acordo com o espírito das massas operárias e que é preciso saber desenvolver
metodicamente, sem trégua. Se nossas propostas de ação comum são rechaçadas, haverá que informar isto ao mundo operário para
que saibam quais são os reais destruidores da unidade de frente proletária. Se nossas propostas são aceitas, nosso dever consistirá em
acentuar e aprofundar as lutas empreendidas. Nos dois casos, o importante é estabelecer que as conversações dos comunistas com a
atenção das massas trabalhadoras, em todas as fases do combate pela unidade de frente revolucionária dos trabalhadores.
20. Ao estabelecer esse plano de ação, o Executivo trata de chamar a atenção dos partidos irmãos sobre os perigos que podem
representar. Todos os partidos comunistas deverão ser suficientemente sólidos e organizados e de haver vencido definitivamente as
ideologias centristas e semi-centristas. Podem produzir-se excessos que provoquem a transformação dos partidos e grupos
comunistas em blocos heterogêneos e informes. Para aplicar com êxito a tática proposta é preciso que o partido esteja fortemente
organizado e que sua direção se distinga pela perfeita clareza de suas idéias.
21. No próprio seio da Internacional comunista, os grupos considerados com razão ou sem ela, como direitistas ou semi-
centristas, existem indubitavelmente duas correntes. A primeira, realmente emancipada da ideologia e dos métodos da II
Internacional, não têm, contudo, sabido despojar-se de um sentimento de respeito até o antigo poder organizativo e queria,
conscientemente ou não, buscar as bases de um entendimento ideal com a II Internacional e, por conseguinte, com a sociedade
burguesa. A segunda, que combate o radicalismo formal e os erros de uma pretendida “esquerda”, se inclinaria por imprimir a tática
do jovem partido comunista maior flexibilidade e capacidade de manobra a fim de permitir chegar mais facilmente às massas
operárias. A rápida evolução dos partidos comunistas impulsionou algumas vezes essas correntes a unir-se, quer dizer a formar uma
só. Uma atenta aplicação dos métodos indicados anteriormente, cujo objetivo é proporcionar a agitação comunista, um apoio as ações
das massas unificadas, contribuirá eficazmente para o fortalecimento revolucionário de nossos partidos, ajudando na educação
experimental dos elementos impacientes e sectários e liberando-os em vez do peso morto do reformismo.
22. Por unidade de frente proletária é preciso entender a unidade de todos os trabalhadores desejosos de combater o capitalismo,
incluídos, por tanto, os anarquistas e os sindicalistas. Em vários países, esses elementos podem associar-se utilmente às ações
revolucionárias. Desde seu início, a Internacional comunista sempre preconizou uma atitude amistosa com respeito a esses elementos
operários que superam pouco a pouco suas debilidades e aderem ao comunismo. Os comunistas deverão entrar em sucessivos
acordos com maior atenção dado que a frente única contra o capitalismo se apressa em vias de realização.
23. Com o objetivo de fixar definitivamente o trabalho no atender das condições indicadas, o Executivo decide convocar
proximamente a uma assembléia extraordinária na qual estarão representados todos os partidos afiliados pelo dobro de delegados do
número ordinário.
24. O Comitê Executivo dedicará a maior atenção a todas as gestões efetuadas no sentido que acabamos de indicar e solicitar aos
distintos partidos um informe detalhado de todas as atividades realizadas e dos resultados obtidos.
O 4º Congresso da Internacional comunista aprova na sua totalidade o trabalho político do Comitê Executivo e declara que no
curso dos últimos quinze meses, aplicou com correção as decisões do 3º Congresso, tendo em conta a situação política.
Em particular, o 4º Congresso aprova totalmente a tática de frente única, tal como foi formulada pelo Comitê Executivo em suas
teses de dezembro de 1921 e posteriormente.
O 4º Congresso aprova o critério adotado pelo Comitê Executivo no que diz respeito as crises dos Partidos Comunistas norueguês
e tchecoslovaco. As questões políticas relativas a esses Partidos serão tratadas por comissões especiais, cujas decisões serão
submetidas ao voto do Congresso.
A propósito dos incidentes produzidos em um certo número de partidos, o 4º Congresso recorda e reafirma que o Comitê
Executivo constitui o órgão supremo do movimento comunista e nos intervalos dos seus Congressos mundiais, e que as decisões da
Internacional Comunista são obrigatórias para todos os partidos aderidos. Por isso a violação das decisões da Internacional
Comunista, com o pretexto de uma apelação no próximo Congresso, constitui uma falta de disciplina. Se a Internacional Comunista
permitisse a introdução dessas políticas, isso eqüivaleria a total negação de toda a atividade regular da Internacional comunista.
No que diz respeito às dúvidas surgidas no Partido Comunista francês referidos no artigo 9º dos Estatutos da Internacional
Comunista, o 4º Congresso declara que esse artigo 9º dá ao Comitê Executivo o direito de excluir da Internacional comunista e, em
conseqüência, de suas seções nacionais, os grupos ou pessoas isoladas que, ao seu critério, expressem opiniões estranhas ao
comunismo. É natural que o Comitê Executivo se veja na obrigação de aplicar o artigo 9º dos Estatutos quando um Partido é incapaz
de livrar-se dos elementos não comunistas.
O 4º Congresso reafirma as vinte e uma condições propostas pelo 2º Congresso e recomenda ao próximo Comitê Executivo o
enérgico controle de sua aplicação. No futuro, o Comitê Executivo deverá continuar sendo mais que nunca uma organização
internacional proletária que combata energicamente todo o oportunismo e está constituído segundo os princípios do centralismo
democrático.
Os problemas de detalhes práticos derivados deste artigo serão tratados por comissões especiais cujas decisões serão submetidas
ao Congresso.
1.Todos os projetos de programa serão levados ao Comitê Executivo da Internacional Comunista ou a uma comissão designada
para serem estudados e elaborados em detalhe. O executivo está a publicar no mais breve prazo todos os projetos de programa que
tenham sido remetidos.
2.O Congresso reafirma que as seções nacionais da Internacional comunista que ainda não tenham programa nacional devem
iniciar imediatamente sua redação para submetê-la ao Comitê Executivo pelo menos três meses antes do 5º Congresso, com vistas a
sua correspondente ratificação.
3.No programa das seções nacionais, a necessidade da luta pelas reivindicações transitórias devem ser fundamentadas com
exatidão e clareza também serão mencionadas as necessidades sobre a vinculação dessas reivindicações com as condições concretas
de tempo e lugar.
4.Os fundamentos teóricos das reivindicações transitórias e parciais devem ser formulados em sua totalidade no programa geral.
O 4º Congresso se pronuncia decididamente contra a tentativa de considerar a introdução de reivindicações transitórias no programa
como uma medida oportunista uma vez que contra toda tentativa de atenuar ou desbaratar os objetivos revolucionários fundamentais
por reivindicações parciais.
5.O programa geral deve estar claramente enunciados nos tipos históricos fundamentais em que se dividem as reivindicações
transitórias das seções nacionais, conforme as diferenças essenciais de estrutura econômica e política dos diversos países, como por
exemplo Inglaterra por um lado, Índia por outro, etc.
O 4º Congresso mundial da Internacional Comunista expressa ao povo trabalhador da Rússia dos Soviets seus agradecimentos
mais profundos e sua admiração ilimitada por haver, não somente conquistado o poder por meio da luta revolucionária e estabelecida
a ditadura do proletariado, mas também por ter sabido defender até agora vitoriosamente as conquistas da revolução contra os
inimigos internos e externos.
O 4º Congresso mundial comprova com maior satisfação, que o primeiro Estado operário do mundo, surgido da revolução
proletária, tem demonstrado totalmente sua força vital e seu enérgico desenvolvimento em seus cinco anos de existência, apesar de
tantas dificuldades e perigos. O Estado sovietista saiu fortalecido dos horrores da guerra civil. Graças ao heroísmo incomparável do
Exército vermelho, derrotou em todas as frentes da contra-revolução, muito equipadas e sustentadas pela burguesia mundial.
Rechaçou todas as tentativas dos Estados capitalistas de impor, mediante astúcias diplomáticas e uma constante pressão econômica, e
abandono do conteúdo proletário, dos objetivos comunistas da revolução, é de conquistar o reconhecimento do direito de propriedade
privada sobre os meios de produção sociais e a renúncia da nacionalização da indústria. Defendeu inquebrantavelmente a luta contra
o assalto da burguesia mundial o que incorpora a condição fundamental da libertação proletária: a propriedade coletiva dos meios de
produção.
Ao opor-se ao reconhecimento de uma imensa dívida nacional, se negou que se equiparasse os operários e camponeses da
República dos Soviets ao nível dos servos coloniais dos capitalistas.
O 4º Congresso mundial comprova que o Estado operário, desde o momento em que viu-se obrigado a defender sua existência
com as armas nas mãos, se esforça com a maior energia por restabelecer e desenvolver a vida econômica da República e continua
fixando-se como objetivo do estabelecimento do comunismo.
As etapas e as diversas medidas que conduzem a este objetivo, a “nova política econômica”, são resultado, de um lado, das
condições objetivas e subjetivas do país e, de outro lado, da lentidão do desenvolvimento da revolução mundial e do estado de
isolamento da República dos Soviets em meio dos Estados capitalistas. Apesar das grandes dificuldades que surgem desta situação, o
estado operário pode operar progressos decisivos no domínio da reconstrução econômica. Assim como os operários russos pagaram
muito caro, para proveito dos operários do mundo inteiro, os ensinamentos que se derivam da conquista e da defesa do poder político
e do estabelecimento da ditadura proletária, são eles também os que fazem os mais penosos sacrifícios para resolver os problemas do
período de transição do capitalismo ao comunismo. A Rússia dos Soviets é e segue sendo o foco mais rico de experiências
revolucionárias para o proletariado mundial.
O 4º Congresso mundial comprova com satisfação que a política da Rússia dos Soviets tem assegurado e consolidado a condição
mais importante para a instalação e desenvolvimento da sociedade comunista, o regime dos Soviets, quer dizer, da ditadura do
proletariado. Pois só esta ditadura é capaz de superar todas as resistências burguesas e a emancipação total dos trabalhadores e
assegurar deste modo a derrota total do capitalismo e o caminho livre até a realização do comunismo.
O 4º Congresso mundial comprova o papel decisivo desempenhado pelo Partido Comunista Russo, enquanto partido dirigente do
proletariado apoiado pelos camponeses na conquista e na defesa do poder político. A unidade ideológica e orgânica do Partido, sua
severa disciplina deram as massas a segurança revolucionária do objetivo a alcançar e dos métodos a empregar, elevaram suas
qualidades de decisão e de abnegação até o heroísmo e criarão uma relação orgânica indestrutível entre as massas e seus dirigentes.
O 4º Congresso mundial lembra aos trabalhadores de todos os países que a revolução proletária nunca poderá vencer em um só
país, mas sim em nível internacional, enquanto revolução proletária mundial. A luta da Rússia dos Soviets pela sua existência e pelas
conquistas da revolução é a luta pela libertação dos trabalhadores, dos oprimidos e explorados do mundo inteiro. Os trabalhadores
russos cumpriram amplamente seu dever em sua qualidade de camponeses revolucionários do proletariado mundial. O proletariado
mundial também deverá cumprir sua tarefa. Em todos os países, os operários, os deserdados e os oprimidos manifestarão moral,
econômica e politicamente sua total solidariedade com a Rússia dos Soviets. Não é somente a solidariedade internacional e sim seus
interesses mais elementares os que devem decidi-los a iniciar um combate encarniçado contra a burguesia e o Estado capitalista. Em
todos os países suas bandeiras serão as seguintes: Não toqueis na Rússia dos Soviets ! – Reconhecimento da República dos Soviets! –
Assistência decidida de toda classe para a reconstrução econômica da Rússia dos Soviets!
Todo o fortalecimento da Rússia dos Soviets eqüivale a um enfraquecimento da burguesia mundial. A manutenção há cinco anos
do regime dos Soviets é um golpe dos mais duros que o capitalismo recebeu até agora.
O 4º Congresso mundial pede aos trabalhadores de todos os países capitalistas que se inspirem no exemplo da Rússia dos Soviets
e ataquem o capitalismo com um golpe mortal, que mobilizem todas suas forças para realizar a revolução mundial.
A guerra mundial concluiu-se com a derrota das três potências imperialistas: Alemanha, Áustria-Hungria e Rússia. Quatro
grandes aves de rapina resultaram vitoriosamente na luta: os EUA, Inglaterra, França e Japão.
Os tratados de paz, dos quais Versalhes é o núcleo central, constituem uma tentativa de estabilizar a dominação mundial dessas
quatro potências vitoriosas: política e economicamente, ao reduzir todo o resto do mundo a um domínio colonial de exploração;
socialmente, ao consolidar a burguesia frente ao proletariado de cada país e da Rússia proletária revolucionária e vitoriosa, mediante
uma aliança de todas as burguesias. Com esse objetivo, se construiu e se armou um leque de pequenos estados vassalos ao redor da
Rússia para sufocar a esta última na primeira oportunidade. Os Estados vencidos deveriam ainda reparar totalmente os prejuízos
sofridos pelos Estados vitoriosos.
Atualmente, é evidente para todo o mundo que nenhuma das pretensões sobre as quais foram constituídos todos esses tratados de
paz tinham fundamento. A tentativa de restabelecer um novo equilíbrio sobre bases capitalistas fracassou. A história dos quatro
últimos anos mostra uma contínua vacilação, uma insegurança permanente. As crises econômicas, o desemprego e a superprodução,
as crises ministeriais, as crises de partidos, as crises externas não têm fim. Mediante uma interminável série de conferências, as
potências imperialistas tratam de deter a ruína do sistema mundial construído por esses tratados e de dissimular a bancarrota de
Versalhes.
As tentativas de derrotar a Rússia e a ditadura do proletariado fracassaram. O proletariado de todos os países capitalistas adota
cada vez mais resolutamente uma posição em favor da Rússia dos Soviets. Até os chefes da Internacional de Amsterdam são
obrigados a declarar abertamente que a derrota do poder proletário na Rússia significaria uma vitória da reação mundial sobre todo o
proletariado.
A Turquia, precursora do Oriente na marcha até a revolução, resistiu com as armas à aplicação do tratado de paz. Na Conferência
de Lousane tiveram lugar os solenes funerais de uma boa parte dos tratados.
A crise econômica mundial persistente tem provado que a concepção econômica do Tratado de Versalhes não pode ser sustentada.
A potência européia capitalista dirigente, Inglaterra, que depende em sua maior parte do comércio mundial, não pode consolidar sua
base econômica sem a restauração da Alemanha e Rússia.
Os EUA, maior potência imperialista, se afastou totalmente da obra de paz e tratam de fundamentar seu imperialismo mundial em
suas próprias forças. Têm obtido apoio de setores importantes do império mundial inglês, do Canadá e da Austrália.
As colônias oprimidas da Inglaterra, base de seu poder mundial, se rebelam. Todo o mundo muçulmano fala em estado de
rebelião aberta ou latente.
Todos os pressupostos da obra de paz desapareceram, exceto um: que o proletariado de todos os países burgueses deverão pagar
as cargas da guerra e da paz de Versalhes.
FRANÇA
Aparentemente de todos os países vitoriosos, a França é o que mais aumentou seu poderio. Ademais da conquista da Alsacia-
Lorena, da ocupação da margem esquerda de Rheins, dos inumeráveis milhares de milhões à título de indenizações de guerra que
reclama a Alemanha, transformaram, em realidade, a maior potência militar do continente europeu. Com seus estados vassalos, cujos
exércitos são preparados por generais franceses (Polônia, Tchecoslováquia, Romênia), com seu próprio grande exército, com seus
submarinos e sua frota aérea, domina o continente europeu e desempenha o papel de guardiã do Tratado de Versalhes. Porém a base
econômica da França, sua escassa população que diminui cada vez mais, sua enorme dívida interna e externa e sua independência
econômica com relação a Inglaterra e EUA, não oferecem um fundamento suficiente a sua sede insaciável de expansão imperialista.
Desde o ponto de vista do poder político, é obstaculizado pelo poderio da Inglaterra em todas as bases navais importantes, pelo
monopólio do petróleo detido pela Inglaterra e EUA. Desde o ponto de vista econômico, seu enriquecimento em mineral de ferro
procurado pelo Tratado de Versalhes perde o valor devido a que as minas de carvão da bacia de Ruhr continuam pertencendo a
Alemanha. A esperança de reordenar as finanças quebradas da França com ajuda das reparações pagas pela Alemanha é ilusória .
Todos os “experts” financeiros reconhecem unanimemente que a Alemanha não poderá pagar as somas que a França necessita para
sanear suas finanças. Só resta à burguesia francesa um caminho: reduzir o nível de vida do proletariado francês ao nível do
proletariado alemão. O homem trabalhador alemão é uma imagem da miséria que ameaça o futuro do operário francês. A
desvalorização do franco provocada intencionalmente por algum meio da grande indústria francesa constituirá uma forma de jogar
sobre os ombros do proletariado francês as cargas da guerra logo que se comprove que a obra da paz de Versalhes é impraticável.
INGLATERRA
A guerra mundial facilitou à Inglaterra a unificação de seu império colonial, desde o Cabo da Boa Esperança, passando pelo Egito
e Arábia, até a Índia. Manteve sob de seu domínio todos os principais acessos ao mar. Mediante concessões outorgadas em suas
colônias de imigrações, tratou de construir o império mundial anglo-saxônico.
Porém, apesar de toda a flexibilidade de sua burguesia, apesar de seu esforço em reconquistar o mercado mundial, é evidente que
com a situação mundial criada pelo Tratado de Versalhes, a Inglaterra já não pode desenvolver-se mais. O Estado industrial inglês
não pode exportar se não se produz a restauração econômica da Alemanha e Rússia. Neste sentido, o antagonismo entre Inglaterra e
França se aprofunda. A Inglaterra quer vender suas mercadorias à Alemanha, o que é impossível à luz do Tratado de Versalhes. A
França quer arrancar da Alemanha somas colossais em conseqüência de contribuições de guerra, o que deteriora o poder aquisitivo da
Alemanha. Por isso Inglaterra se opõe as reparações e França leva a cabo no Oriente Próximo uma guerra dissimulada contra
Inglaterra, para obrigá-la a ceder no problema das reparações. Enquanto o proletariado inglês suporta as cargas da guerra debaixo da
forma de desemprego de milhões de operários, a burguesia da Inglaterra e França estabelece acordos nas costas da Alemanha.
O JAPÃO E AS COLÔNIAS
A mais jovem potência mundial imperialista, o Japão, se mantém a margem do caos europeu criado pelo Tratado de Versalhes,
Porém, devido ao desenvolvimento dos EUA como potência mundial, seus interesses serão vistos vivamente afetados. Em
Washington foi obrigado a anular sua aliança com a Inglaterra, o que arruinou também uma das bases mais importantes da divisão do
mundo feito em Versalhes. Simultaneamente, não somente os povos oprimidos se rebelam contra a dominação da Inglaterra e do
Japão, mas sim que as colônias de imigração da Inglaterra tratam de assegurar seus interesses mediante uma aproximação com EUA,
diante da luta inimiga entre os EUA e o Japão. No âmbito da ação, o imperialismo inglês se debilita cada vez mais.
IV – Neutralidade e Autonomia
11 – A influência da burguesia sobre o proletariado se reflete na teoria da neutralidade segundo a qual os sindicatos deveriam
pleitear exclusivamente objetivos corporativos, estritamente econômicos e não de classe. O neutralismo sempre foi uma doutrina
puramente burguesa contra a qual o marxismo revolucionário leva a cabo uma luta de morte. Os sindicalistas que não reivindicam
nenhum objetivo de classe, quer dizer, que não apontam a derrota do sistema capitalista são, apesar de sua composição proletária, os
melhores defensores da ordem e regime burguês.
12 – Este período de neutralismo sempre foi favorecido pelo argumento de que os sindicatos operários devem interessar-se
unicamente pelos problemas econômicos sem se misturar com a política. A burguesia sempre tende a separar a política da economia,
compreendendo perfeitamente que se inserir na classe operária no campo corporativo, nenhum perigo seria ameaça a sua hegemonia.
13 – Esta mesma delimitação entre economia e política é tratada também pelos elementos anarquistas do movimento sindical,
para apartar o movimento operário da vida política com o pretexto de que toda política está dirigida contra os trabalhadores. Esta
teoria, puramente burguesa, no fundo é apresentada aos operários como da autonomia sindical e se estende a esta última como uma
oposição dos sindicatos ao partido comunista e uma declaração de guerra ao movimento operário comunista.
14 – Esta luta contra “a política e o partido político da classe operária” provoca um retraimento do movimento operário e das
organizações operárias assim como uma campanha contra o comunismo, consciência concentrada da classe operária. A autonomia em
todas suas formas, seja a anarquista ou anarco-sindicalista, é uma doutrina anticomunista e deve se opor uma decidida resistência. O
melhor que se pode resultar dela é uma autonomia com relação ao comunismo e um antagonismo entre sindicatos e partidos
comunistas ou, se não, uma luta encarniçada dos sindicatos contra o partido comunista, o comunismo e a revolução social.
A teoria da autonomia, tal como é exposta pelos anarco-sindicalistas franceses, italianos e espanhóis é, em suma, um grito de
guerra do anarquismo contra o comunismo. Os comunistas devem levar a cabo nos sindicatos uma decisiva campanha contra esta
manobra que trata de encobrir, debaixo da consigna da autonomia, uma trama anarquista para dividir o movimento operário em
setores hostis entre si, para retardar ou obstaculizar o triunfo da classe operária.
V – Sindicato e Comunismo
16 – Os anarco-sindicalistas confundem sindicatos e sindicalistas apresentando o seu partido anarco-sindicalista como a única
organização realmente revolucionária e capaz de levar a cabo a ação de classe do proletariado. O sindicalismo, que constitui um
imenso progresso em relação ao trade-unionismo, apresenta sem embargo numerosos defeitos e aspectos prejudiciais, ante os quais é
preciso resistir firmemente.
17 – Os comunistas não podem nem devem, em nome de abstratos princípios anarco-sindicalistas abandonar seu direito a
organizar “células” no seio dos sindicatos, qualquer que seja a orientação destes últimos. Nada pode privá-los deste direito. É óbvio
que os comunistas militantes nos sindicatos saibam coordenar suas ações com as do sindicato que tenham aproveitado da experiência
da guerra e da revolução.
18 – Os comunistas devem tomar a iniciativa de criar nos sindicatos um bloco com os operários revolucionários de outras
tendências. Os mais próximos ao comunismo são os “sindicalistas comunistas” que reconhecem a necessidade da ditadura proletária
e defendem contra os anarco-sindicalistas o princípio do Estado operário. Porém a coordenação das ações supõe uma organização dos
comunistas. Uma ação isolada e individual dos comunistas não poderá coordenar-se com nada, porque não possuirá nenhuma força
considerada.
19 – Realizando de modo mais enérgico e conseqüente seus princípios, combatendo as teorias anticomunistas de autonomia e
separação da política e da economia, idéia anarquista extremamente prejudicial para o progresso revolucionário da classe operária,
aos comunistas devem esforçar-se no seio dos sindicatos de qualquer tendência, por coordenar sua ação na luta prática contra o
reformismo e o verbalismo anarco-sindicalista, com todos os elementos revolucionários que apoiam a queda do capitalismo e a
ditadura do proletariado.
20 – Nos países onde existem importantes organizações sindicalistas revolucionárias (França) e onde sob a influência de toda uma
série de causas históricas persista a desconfiança com respeito aos partidos políticos em certos setores de operários revolucionários,
os comunistas elaborarão no lugar, de acordo com os sindicalistas e conforme as particularidades dos países e do movimento operário
em questão as formas e métodos de luta comum e de colaboração em todas as ações defensivas e ofensivas contra o capital.
Conclusão
Prosseguindo seu caminho até a conquista dos sindicatos e a luta contra a política divisionista dos reformistas, o 4º Congresso da
Internacional Comunista declara solenemente que quando os dirigentes de Amsterdam não recorrem a expulsão, quando dão aos
comunistas a possibilidade de lutar ideologicamente por seus princípios no seio dos sindicatos, os comunistas lutarão como membros
disciplinados nas filas da organização única, marchando sempre adiante em todos os enfrentamentos e em todos os conflitos com a
burguesia.
O 4º Congresso da Internacional Comunista declara que os partidos comunistas devem dedicar todos seus esforços para impedir a
divisão nos sindicatos, fazer todo o possível para construir a unidade sindical destruída em certos países e obter a adesão do
movimento sindical de seus países à Internacional Sindical Vermelha.
II – As condições da luta
O caráter atrasado das colônias se evidencia na diversidade dos movimento nacionalistas revolucionários dirigidos contra o
imperialismo e reflete os diversos níveis de transição entre as correlações feudais e feudo-patriarcais e o capitalismo. Esta
diversidade empresta um aspecto particular à ideologia desses movimentos.
Nesses países o capitalismo surge e se desenvolve em bases feudais. Adquire formas imperfeitas, transitórias e superficiais que
permitem principalmente a preponderância do capital comercial e usurário (Oriente muçulmano, China). Também a democracia
burguesa adota, para diferenciar-se dos elementos feudo-burocráticos e feudo-agrários, um caminho indireto e intrincado. Esse é o
principal obstáculo ao êxito da luta contra a opressão imperialista, pois o imperialismo estrangeiro não deixa de transformar os
setores feudais superiores (e em parte semifeudal e semiburguês) da sociedade nativa em instrumento de dominação (governadores
militares, na China, burocracia e aristocracia, na Pérsia, coletores de impostos fundiários, zemindari e talukdars na Índia, plantadores
de formação capitalista no Egito, etc).
Por isso, as classes dirigentes dos países coloniais e semicolonais não têm nem a capacidade e nem o desejo de dirigir a luta
contra o imperialismo, vez que esta luta se transforma num movimento revolucionário de massas. Somente onde o regime feudo-
patriarcal não se decompôs o bastante para separar completamente os altos setores nativos das massas populares, como por exemplo
entre os nômades e seminômades, os representantes desses setores podem atuar como guias ativos na luta contra a opressão
capitalista (Mesopotâmia, Mongólia e Marrocos).
Nos países muçulmanos, o movimento nacional encontra sua ideologia, principalmente, nas bandeiras político-religiosas do pan-
islamismo, que permite que os funcionários e diplomatas das metrópoles aproveitem-se dos preconceitos e da ignorância das
multidões para combater o movimento (assim como os ingleses jogam com o pan-islamismo e pan-arabismo dizendo que a intenção é
a de, por exemplo, transformar a Índia num califato, etc, e o imperialismo francês especula sobre as “simpatias muçulmanas”). Sem
dúvida, na medida em que se amplia e amadurece o movimento de emancipação nacional, as bandeiras político-religiosas do pan-
islamismo são superadas pelas reivindicações políticas concretas. Um exemplo disso é a luta iniciada recentemente na Turquia para
arrancar do califato seu poder temporal.
A tarefa fundamental, comum a todos os movimentos nacional-revolucionários consiste em realizar a unidade nacional e a
autonomia política. A solução real e lógica desta tarefa dependem da importância das massas trabalhadoras que o movimento
nacional saiba levar consigo em seu desenvolvimento, logo após ter rompido todas as relações feudais e reacionárias e incorporado
em seu programa as reivindicações sociais das massas.
Consciente de que em várias condições históricas os elementos mais variados pode ser os porta-vozes da autonomia política, a
Internacional Comunista apoia todo movimento nacional-revolucionário dirigido contra o imperialismo. Sem dúvida, não esquece o
fato de que somente uma linha revolucionária consequente, baseada na participação das grandes massas na luta ativa e ruptura
completa com todos os partidários da colaboração com o imperialismo pode conduzir as massas oprimidas à vitória. O vínculo
existente entre a burguesia local e os elementos feudo-reacionários permite que os imperialistas aproveitem-se enormemente da
anarquia feudal, da rivalidade reinante entre os diversos clãs e tribos, do antagonismo entre a cidade e o campo, da luta entre castas e
seitas nacional-religiosas para desorganizar o movimento popular (China, Pérsia, Curdistão, Mesopotâmia).
Sugestões para a aplicação das teses do Segundo Congresso sobre a Questão Agrária.
As bases de nossas relações com as massas trabalhadoras camponesas já foram fixadas nas teses agrárias do 2º Congresso. Na
atual fase da ofensiva do capital, a questão agrária adquire uma importância primordial. O 4º Congresso sugere a todos os partidos
esforços por conquistas as massas trabalhadoras do campo e define como método para esse trabalho as seguintes regras:
1 – A grande massa do proletariado agrícola e dos camponeses pobres que não têm terra suficiente e são obrigados a trabalhar
para de seu tempo como assalariados ou que são explorados de um modo ou de outro pelos latifundiários e pelos capitalistas, só pode
ser liberta definitivamente de seu estado de servidão e das guerras inevitáveis no regime capitalista através da revolução mundial,
uma revolução que confiscará sem indenizações e porá a disposição dos operários da terra todos os meios de produção e que
instaurará no lugar do Estado dos latifundiários e dos capitalistas, o Estado soviético dos operários e camponeses e preparará desse
modo o caminho para o comunismo.
2 – Na luta contra o Estado dos capitalistas e dos proprietários fundiários, os pequenos camponeses e os pequenos granjeiros são
camaradas de combates naturais do proletariado industrial e agrícola. Para unir o movimento revolucionário à luta do proletariado da
cidade e do campo, é necessária a queda do Estado burguês assim como a tomada do poder político por parte do proletariado
industrial, a expropriação dos meios de produção e da terra e a supressão do domínio dos capitalistas agrários e da burguesia do
campo.
3 – A fim de conquistar uma neutralidade proveitosa, os camponeses e médios e os trabalhadores agrícolas assim como os
camponeses pobres para a revolução, os camponeses médios devem ser arrancados da influência dos ricos proprietários vinculados
aos grandes proprietários de terra (latifundiários). Devem compreender que têm que lutar com o partido revolucionário do
proletariado, o partido comunista, dado que seus interesses coincidem não com os dos grandes proprietários, mas com os do
proletariado. Para afastar esses camponeses da influência dos grandes proprietários fundiários dos ricos proprietários, não basta
estabelecer um programa ou fazer propaganda. O partido comunista deve provar mediante ação contínua que é verdadeiramente o
partido de todos os oprimidos.
4 – Por isso o partido comunista deve colocar-se a frente em todas as lutas que as massas trabalhadoras do campo mantêm contra
as classes dominantes. Ao defender os interesses cotidianos dessas massas, o partido comunista reúne as forças dispersas dos
trabalhadores do campo, eleva sua combatividade, sustenta sua luta com o apoio do proletariado industrial e os conduz até os
objetivos da revolução. Esta luta levada a termo em comum com os trabalhadores industriais, o fato de que os trabalhadores
industriais lutem sob a direção do partido comunista pelos interesses do proletariado agrícola e dos camponeses pobres, convencerão
os camponeses que só o partido comunista os defende realmente, enquanto que os demais partidos, tanto os agrários como os social-
democratas, apesar de sua demagogia, só procuraram enganá-los e servem aos interesses dos capitalistas e dos latifundiários, além do
que sob o capitalismo é impossível a melhoria verdadeira da situação dos operários e camponeses.
5 – Nossas reivindicações concretas devem adaptar-se ao estado de dependência e opressão em que se acham os trabalhadores, os
pequenos e médios sitiantes em relação aos capitalistas e aos latifundiários, como também seus reais interesses.
Nos países coloniais que têm uma população camponesa oprimida, a luta de libertação nacional será ou bem conduzida por toda a
população, como ocorre, por exemplo, na Turquia, e nesse caso a luta dos camponeses oprimidos contra os grandes proprietários
começa imediatamente após a vitória da luta pela libertação nacional, ou então os senhores feudais se aliarão com os imperialistas
estrangeiros, como por exemplo, na Índia, e então a luta social dos camponeses oprimidos coincidirá com a luta de libertação
nacional.
Nos territórios onde ainda subsistem fortes resquícios de feudalismo, onde a revolução burguesa não concluiu e onde os
privilégios feudais estão também ligados à propriedade fundiária, esses privilégios devem desaparecer durante a luta pela posse da
terra, que aqui tem uma importância decisiva.
6 – Em todos os países onde existe um proletariado agrícola, este setor social é o fator mais importante do movimento
revolucionário no campo. O partido comunista apóia e organiza o proletariado para a melhoria de sua situação política, econômica e
social, contrariamente aos social-democratas que o traí pelas costas. Para alcançar a maturidade revolucionária do proletariado rural e
educá-lo para a luta para instaurar a ditadura do proletariado, a única capaz de libertá-lo definitivamente da exploração que sofre, o
partido comunista apóia o proletariado agrícola em sua luta por:
- Elevação do salário real, melhoria das condições de trabalho, do alojamento e de cultura.
- Liberdade de reunião, de associação, de greve, de imprensa, etc.
...para conquistar ao menos os mesmos direitos que os trabalhadores urbanos.
Jornada de oito horas, seguro contra acidentes, seguro velhice, proibição do trabalho das crianças, construção de escolas técnicas,
etc, e pelos menos a ampliação da legislação social de que goza atualmente o proletariado.
7 – O partido comunista lutará até o dia em que os camponeses se libertem definitivamente, por meio da revolução social, de todo
tipo de exploração dos pequenos e médios sitiantes por parte do capitalismo, lutará também contra a exploração dos agiotas, que
arrastam os camponeses pobres à servidão do endividamento, contra a exploração do capital comercial que compra a preço de banana
os produtos excedentes dos pequenos camponeses e os revende a peso de ouro ao proletariado urbano.
O partido comunista luta contra esse capital comercial parasitário e pela união imediata das cooperativas de consumo do
proletariado industrial contra a exploração pelo capital industrial, que utiliza seu monopólio para elevar artificialmente os preços dos
produtos industriais, pela provisão de meios de produção aos pequenos proprietários (insumos, maquinários, etc.) a preço baixo. Os
conselhos de empresas industriais deverão contribuir nesta luta estabelecendo o controle dos preços.
- Contra a exploração do monopólio privado das companhias ferroviárias, que existe, sobretudo, nos países anglo-saxões.
- Contra a exploração do Estado capitalista, cujo sistema fiscal recaí sobre os pequenos camponeses a favor dos grandes
proprietários fundiários. O partido reclama isenção de impostos para os pequenos proprietários.
8 - Mas a exploração pior que sofrem os camponeses pobres nos países não coloniais provêm da propriedade privada da terra dos
grandes proprietários fundiários. Para poder utilizar plenamente suas forças de trabalho e sobretudo para poder viver, os camponeses
pobres são obrigados a trabalhar para os grandes proprietários por salários de fome ou arrendar ou comprar a terra a preços enormes,
devido aos fato de uma parte do salários dos pequenos camponeses ser roubado pelos grandes proprietários. A falta de terras obriga
os camponeses pobres a submeter-se à escravidão medieval sob formas modernas. Por isso o partido comunista luta pelo confisco da
terra para total benefício dos que realmente a cultivam. Até que isso se realize pela revolução proletária, o Partido comunista apóia a
luta dos camponeses pobres por:
- Melhoria das condições de vida dos meeiros, através da redução da parte que devem pagar aos proprietários.
- Redução da renda paga pelos pequenos granjeiros arrendatários, o pagamento obrigatório de uma indenização por todas as
melhorias efetuadas pelo granjeiro no curso do contrato de arrendamento, etc...Os sindicatos de trabalhadores agrícolas dirigidos por
comunistas apoiarão os pequenos granjeiros nesta luta e não aceitarão realizar nenhum trabalho nos campos que sejam objeto de
litígio de arrendamento contra os pequenos granjeiros.
- A cessão de terra, de ganhos e máquinas a todos camponeses pobres em condições que permitam assegurar seu sustento, não de
parcelas de terra que liguem seus proprietários a gleba e os obriguem a buscar trabalho por salários de fome nas grandes possessões
de terras ou em campos vizinhos, mas da quantidade de terra suficiente para abrigar toda a atividade dos camponeses. Neste
problema há de considerar-se, antes de tudo, os interesses dos trabalhadores agrícolas.
9 – As classes dominantes tratam de sufocar o caráter revolucionário do movimento dos camponeses mediante reformas agrárias
burguesas e repartições de terras entre os elementos dirigentes da classe camponesa. Desse modo tem conseguido provocar um
refluxo temporário do movimento revolucionário do campo. Mas toda reforma agrária burguesa esbarra nas limitações do
capitalismo. A terra é dada somente em forma de subsídio e a pessoas que já estão de posse dos meios de produção. Uma reforma
agrária burguesa não tem nada a oferecer aos proletários ou semiproletários. As condições extremamente severas impostas aos
camponeses que recebem terras por meio da reforma agrária burguesa e que em consequência não ter como resultado uma melhoria
de sua situação mas, pelo contrário, os condenada a escravidão do endividamento, leva apenas a um recrudescimento do movimento
revolucionário e a um aprofundamento do antagonismo existente entre pequenos e médios sitiantes, assim como entre os
trabalhadores agrícolas que não recebem terras e perdem a oportunidade de trabalhar no cerne da divisão das grandes propriedades.
Só uma revolução proletária poderá produzir a libertação definitiva das classes trabalhadoras do campo, revolução confiscará sem
indenização a terra dos grandes latifundiários bem como todas as suas instalações, mas deixará intacta as terras cultivadas pelos
camponeses, libertará estes de todos os tributos, arrendamentos, hipotecas, restrições feudais que pesam sobre eles e apoiará por
todos os meios as camadas inferiores da classe camponesa.
Os camponeses que cultivam a terra decidirão por si mesmos a forma de exploração das terras confiscadas dos latifundiários. A
respeito, as teses do 2º Congresso declaram o seguinte:
Nos países capitalistas mais desenvolvidos, a Internacional Comunista considera que é melhor manter o máximo possível as
grandes explorações agrárias e formá-las de acordo com o modelo dos sovietistas na Rússia.
Também deverá apóia a gestão da exploração coletiva (cooperativas agrárias, comunidades agrícolas). A manutenção das grandes
plantações protege os interesses dos setores revolucionários da população camponesa, dos trabalhadores rurais e dos pequenos
proprietários semiproletários que vêem-se obrigados a ganhar a vida trabalhado uma parte de seu tempo nas grandes plantações.
Além do mais, a nacionalização das grandes plantações converte para a população urbana, mesmo que parcialmente no problema do
abastecimento, independentemente dos camponeses.
Onde ainda existam resquícios de feudalismo, servidão ou o sistema de parceria, pode ser necessário, em determinadas
circunstâncias, devolver aos camponeses parte da terra das grandes propriedades.
Nos países em que as grandes plantações só desempenham um papel relativamente pequeno e onde, pelo contrário, existe uma
grande quantidade de pequenos proprietários camponeses que desejam conservar a terra, a distribuição da terra das grandes
propriedades é o melhor meio de conquistar os camponeses para a revolução, enquanto que a manutenção das grandes plantações não
tem uma importância primordial para o abastecimento das cidades.
Onde se produza uma distribuição das grandes propriedades entre os camponeses, deverá se levar em conta, em primeiro lugar os
interesses do proletariado agrícola.
Todos os comunistas que trabalham na agricultura ou na agroindústria, estão obrigados a ingressar nas organizações de
trabalhadores rurais, de agrupar-se e de conduzir os elementos revolucionários com vistas a transformar essas organizações em
organismos revolucionários. Onde não houver qualquer sindicato, o dever dos comunistas é trabalhar para sua criação. Nas
organizações amarelas, fascistas e contra-revolucionárias, devem empreender um trabalho educacional com vistas a destruir essas
organizações contra-revolucionárias. Nas grandes agroindústrias, criarão conselhos de empresa para defesa dos interesses operários, o
controle da produção e para impedir a introdução de exploração extensiva. Devem convocar o proletariado industrial em socorro do
proletário rural em luta e incorpora-los no movimento dos conselhos de indústria.
Considerando-se a grande importância que têm os camponeses pobres para o movimento revolucionário, o dever dos comunistas
é de ingressar nas organizações de pequenos camponeses (cooperativas de produção, de consumo e crédito) para modificá-las, para
fazer desaparecer os aparentes antagonismos de interesses entre os trabalhadores rurais e os pequenos proprietários pobres,
antagonismos agravados artificialmente pelos latifundiários e os grandes proprietários, e vincular estreitamente a ação dessas
organizações com o movimento do proletariado rural e industrial.
Somente a colaboração de todas as forças revolucionários da cidade e do campo permitirá opor uma resistência vitoriosa à
ofensiva do capitalismo e, passar da defesa para o ataque, conquistando a vitória final.
1. O 2º Congresso mundial da Internacional das Juventudes Comunistas decidiu, de acordo com as resoluções do 3º Congresso da
Internacional comunista, subordinar do ponto de vista político das Juventudes Comunistas aos partidos comunistas. Também resolveu
reorganizar as Juventudes comunistas que até agora só eram organizações de vanguarda fechadas em si mesmas e puramente
políticas, em grandes organizações de massas da juventude operária que terão como tarefa a representação dos interesses da
juventude operária em todos os domínios, no trabalho da classe operária e sob a direção política dos partidos comunistas. Sem
dúvida, as Juventudes comunistas devem continuar sendo, com antes, organizações políticas, e a participação na luta política
continuará sendo a base de sua ação.
As lutas pelas reivindicações econômicas cotidianos da classe operária e contra o militarismo eram considerada até agora como o
meio direto mais importante de despertar e conquistas as grandes massas da juventude operária. As novas tarefas exigem uma
reorganização das formas de trabalho assim como da atividade das organizações. A realização de um trabalho metódico de formação
comunista no seio da organização e de um trabalho entre as massas de adolescentes não afiliados à organização é reconhecida como
indispensável.
A aplicação das decisões do 2º Congresso mundial, que só poderá efetivar-se mediante um trabalho longo e perseverante, se
enfrentou com certas dificuldades devido ao fato de que a maioria das Juventudes Comunistas tinham que realizar pela primeira vez
essas tarefas. A crise econômica (empobrecimento, desocupação) e o assalto da reação obrigaram várias organizações a entrarem na
ilegalidade, o que diminuiu o número de seus membros. O espírito revolucionário declinou em toda classe operária logo após o
momentâneo refluxo da onda revolucionária. Esta situação repercutiu na juventude operária, cujo espírito se modificou durante esse
período, e que manifestou menos interesse pela política. Ao mesmo tempo, a burguesia, assim como a social-democracia, redobraram
seus esforços para influenciar e organizar a juventude operária.
Desde seu 2º Congresso, as Juventudes aplicaram em todas as partes o princípio da subordinação aos partidos comunistas. Sem
dúvida, as relações entre estes últimos e as Juventudes não se realizam ainda no sentido da aplicação integral das resoluções do
Congresso Internacional. A causa reside, sobretudo, em que freqüentemente os partidos não restam, de forma suficiente, às
Juventudes o apoio indispensável para o desenvolvimento de sua atividade.
No curso dos quinze últimos meses, foram adotadas medidas práticas na maioria das Juventudes comunistas para a
reorganização das organizações de acordo com as resoluções do 2º Congresso mundial, de modo que já existem as condições iniciais
para transformação das Juventudes comunistas em organizações de massas. Por meio da propaganda em favor das reivindicações
econômicas da juventude operária, as Juventudes comunistas iniciaram, numa série de países, um caminho que deverão seguir para
continuar influindo nas grandes massas e já empreenderam toda uma série de campanhas e de lutas concretas.
Até agora, as Juventudes comunistas não estão ainda completamente transformadas em organizações de massas, tanto do ponto de
vista número como do vínculo orgânico com as massas, vínculo necessário para poder gravitar e dirigir constantemente a estas
últimas. Também têm importantes tarefas que realizar neste sentido.
2. A ofensiva do capital afetou profundamente à juventude operária. A queda dos salários, a prolongação da jornada de trabalho, a
desocupação, a exploração da mão de obra comovem à juventude não só com a mesma intensidade que à classe operária adulta, mas
que freqüentemente tomam formas ainda mais agudas. A juventude operária é utilizada contra a classe operária adulta. Se servem
dela para rebaixar os salários, para furar as greves, para aumentar a desocupação dos operários adultos. Esta situação perigosa para
toda a classe operária é mantida e intensificada pela atitude traidora da burocracia sindical reformista, que descuida dos interesses da
juventude operária, até os sacrifica algumas vezes, e afastas às massas de operários adolescentes da luta da classe operária adulta.
Freqüentemente, também esta burocracia proíbe a entrada nos sindicatos dos jovens. O crescimento ininterrupto do militarismo
burguês aprofunda também os sofrimentos dos jovens operários e dos camponeses, profundamente oprimidos durante sua
permanência nos quartéis que os prepara para desempenhar o papel de bucha de canhão nas guerras imperialistas futuras. A reação
castigo, sobretudo, à juventude européia. Em alguns lugares proíbe a formação de organizações de Juventudes comunistas, quando
existem partidos comunistas.
As internacionais das juventudes social-democratas permaneceram inativas até o momento diante da miséria da juventude
operária, fizeram um bloqueio e tentaram sufocar a vontade dos jovens operários que desejam lutar com os adultos contra a
burguesia. A criação deste bloqueio não tendia somente a alijar da luta e da frente única às massas oprimidas da juventude operária.
Estava especialmente dirigida contra a Internacional Comunista e devia conduzir a curto prazo à fusão das Internacionais das
juventudes social-democratas.
A Internacional comunista proclama a necessidade absoluta da criação da frente única entre a juventude operária e a classe
operária adulta. Exorta o partidos comunistas e a todos os operários do mundo a apoiar energicamente as reivindicações da
juventude operária na luta contra a ofensiva do capital, contra o militarismo burguês e contra a reação.
Saúda com satisfação a luta que a Internacional das Juventudes Comunistas leva a termo por reivindicações vitais, pela unidade
da frente da Juventude operária, pela frente única entre os operários adolescentes e adultos e lhes oferece seu total apoio. Os ataques
do capital que ameaçam lançar a juventude operária na mais profunda miséria e transformá-la em vítima impotente do militarismo e
da reação devem ser derrotados através da resistência férrea de toda a classe operária.
3. Para desenvolver sua atividade e resolver os problemas que surgem no caminho da conquista e da educação das massas, o
movimento das Juventudes comunistas têm necessidade de ser compreendido e apoiado ativamente pelos partidos comunistas.
Os interesses e a força política do movimento das Juventudes comunistas devem ser alentados de forma eficaz mediante a íntima
colaboração do Partido e da juventude em todos os níveis e participação permanente das Juventudes comunistas na vida política dos
partidos. Este apoio, este sustento são indispensáveis aos Partidos comunistas em sua luta e em sua obra de realização das resoluções
da Internacional comunista. Também são a base de um verdadeiro movimento das Juventudes comunistas do ponto de vista da
organização. Devem designar um certo de número de filiados, eleitos entre os mais jovens, para colaborar na obra das Juventudes
comunistas e criar organizações das juventudes em lugares onde o partido já possua as suas. Dado que as Juventudes comunistas têm
agora por tarefa a concentração de sua atividade nas massas da Juventude operária, os partidos comunistas deverão intensificar
sobretudo a criação e o trabalho das Juventudes comunistas (núcleos e frações) nas empresas e nos sindicatos. Os partidos e a
Juventude deverão ter representação recíproca em todos os organismos respectivos (células, grupos locais, direções regionais,
comitês centrais, congressos, frações, etc).
As Juventudes comunistas deverão enraizar-se nas massas da juventude operária intensificando, sua propaganda econômica,
ocupando-se continuamente, de forma concreta, da vida e dos problemas que afetam os jovens operários, representando
continuamente seus interesses e dirigindo a juventude na luta comum que deve manter junto a classe operária adulta. Por isso os
partidos comunistas devem apoiar o trabalho econômico das Juventudes comunistas nas células e frações, nas oficinas, nas escolas e
sobretudo nos sindicatos, onde é necessário providenciar a mais estreita colaboração entre os membros das Juventudes comunistas e
dos partidos comunistas. Nessas organizações, a tarefa dos afiliados do partido consiste, sobretudo, assegurar-se de que os
trabalhadores adolescentes e os aprendizes entrem nos sindicatos operários e neles privem dos mesmos direitos dos demais membros.
Devem insistir para que as contribuições dos jovens sejam compatíveis a seus salários e para que suas reivindicações sejam
consideradas na luta sindical e durante as negociações dos contratos coletivos, etc. Os partidos comunistas alentaram, além disso, o
trabalho econômico sindical das Juventudes comunistas apoiando ativamente todas as campanhas, retomando suas reivindicações,
transformando-as no objetivo de sua luta cotidiana.
Considerando o aumento do risco de guerra imperialista e o fortalecimento da reação, os partidos comunistas deverão apoiar ao
máximo e dirigir praticamente a luta antimilitarista das Juventudes comunistas. As Juventudes comunistas serão os melhores
combatentes do partido para defender à classe operária contra a reação.
A obra de educação comunista adquire grande importância devido à reorganização das Juventudes comunistas em grandes
organizações de massas. Com efeito, a educação e a formação comunista das Juventudes comunistas requer uma organização especial
e autônoma e deve ser realizada metodicamente. O partido deve apóia esta obra proporcionando abundantemente às Juventudes
comunistas as forças culturais e os materiais necessários, ajudando na organização com suas escolas e cursos, reservando aos jovens
lugares nas escolas do Partido, publicando nessas escolas materiais destinados à Juventude.
O Congresso considera indispensável que, em sua imprensa, o partido apóie em maior medido do que o tem feito até agora, a luta
das Juventudes comunistas. De fato, publicará regularmente crônicas e suplementos especialmente destinados à juventude e em todos
seus materiais não deixará de fazer referência às condições de vida e à luta dos jovens operários.
O mundo burguês que se enfrenta com a consciência de classe operária adulta e a resistência da juventude operária
revolucionária, se esforça, sobretudo, em envenenar os filhos da classe operária e subtraí-los da influência proletária. Por isso a
organização e o desenvolvimento dos grupos de meninos comunistas tem uma grande importância. Do ponto de vista organizativo,
esses grupos estarão subordinados à juventude e dirigidos por ela. O partido apoiará esta obra proporcionando forças e participando
na direção dos grupos de meninos. A imprensa das crianças comunistas, cuja criação foi empreendida pelas Juventudes comunistas de
diversos países, deverá ser sustentada pelo partido.
Nos países onde a reação obriga o movimento comunista a manter-se na ilegalidade, é indispensável uma colaboração
particularmente íntima entre as Juventudes comunistas e os partidos.
Ao destacar a importância particular da obra comunista voltada para a conquista das massas da juventude operária, o 4º
Congresso destaca a importância particular que adquire atualmente a Internacional das Juventudes comunistas, saúda através dela o
combatente mais ardente da causa da Internacional comunista e considera as Juventudes comunistas como as reservas do futuro.
II. A AGITAÇÃO
1)Todos os membros da Internacional Comunista estão obrigados a dedicar-se a tarefa agitativa entre os operários fora do partido.
Esta agitação deverá ser realizada em todos aqueles lugares onde haja operários, nas oficinas operárias, nos sindicatos, nas reuniões
populares, nas associações operárias, esportivas, nas cooperativas de inquilinos, nas casas do povo e nos restaurantes operários, nas
estações de ferrovias, no seio do povo, etc. e também nos alojamentos operários.
2) A agitação se baseará sempre nas necessidades concretas dos operários com vistas a dirigi-los pelo caminho da luta de classes
revolucionária. Não se devem defender reivindicações que os operários são incapazes de compreender, mas sim que impulsionam a
luta para as reivindicações comuns do proletariado, contra o regime capitalista em todos os âmbitos.
3) Os comunistas deverão participar nas lutas dos operários contra o regime capitalista combatendo na primeira fila pelos
interesses gerais do proletariado e dando em todas as partes o exemplo.
4) Os órgãos centrais do partido proporcionarão a todos os grupos locais instruções práticas sobre o trabalho agitativo regular de
todos os filiados do partido, assim como o trabalho nas diversas campanhas (campanhas eleitorais, campanhas contra a carestia de
vida e dos impostos, movimento dos conselhos de fábrica e de desempregados) e em todas as ações dirigidas pelo partido. Uma cópia
de todas estas instruções deverá ser enviada ao Comitê Executivo da Internacional Comunista.
5) Todos os membros do partido deverão reclamar ao seu grupo instruções concretas sobre a forma de levar a cabo a agitação.
Corresponde sobre todas as células comunistas, aos “grupos de dez” repartir tais instruções e controlar sua aplicação. Nos lugares
onde esses grupos existem, terá que se nomear encarregados especiais para a agitação.
6) Todas as organizações do partido deverão estabelecer no curso do próximo inverno, a propósito de todos os afiliados do
partido:
1 - Se realizar tarefas agitativas entre os operários fora do partido?
a) regularmente
b) só em algumas ocasiões
c) nunca
O Congresso Mundial
Como até agora, o Congresso Mundial se realizará uma vez por ano. O executivo ampliado fixará a data. Todas as seções aderidas
deverão enviar seus delegados. Seu número será determinado pelo Executivo. Os gastos correrão por conta dos partidos. O número
de votos de que disporá cada seção será determinado pelo congresso, de acordo com o efetivo dos partidos e a situação política dos
países correspondentes.
Os mandatos imperativos não serão admitidos e se anularão de antemão, pois esta prática é contrária ao espírito de um partidos
mundial proletário internacional e centralista.
O executivo
O Executivo será eleito pelo Congresso. Estará composto por presidente, vinte e quatro membros e dez suplentes. Pelo menos
quinze membros deverão residir permanentemente em Moscou.
O executivo ampliado
Em geral, a cada quatro meses se dará a realização de uma seção ampliada do Executivo. Esta seção estará composta do seguinte
modo:
1. Os 25 (vinte e cinco) membros do Executivo
2. Outros 3 (três) representantes dos seguintes partidos: Alemanha, França, Rússia, Checoslováquia, Itália, Internacional da
Juventude e Internacional Sindical Vermelha.
3. Outros 2 (dois) representantes da Inglaterra, Polônia, EUA, Bulgária e Noruega.
4. Ademais, 1 representante por cada uma das demais seções que tenham direito ao voto.
O presidente estará obrigado a submeter perante uma seção do Executivo ampliado todos os grandes problemas fundamentais que
admitam uma demora. A primeira seção do Executivo ampliado se realizará imediatamente depois do Congresso Mundial.
O presidium
O Executivo ampliado elegerá, no curso de sua primeira seção, um PRESIDIUM do qual tomará parte 1 (um) representante da
juventude e 1 da Internacional Sindical Vermelha, com voto consultivo, e constituirá das seguintes seções:
1.Uma seção Oriental, cujo trabalho o Executivo deverá prestar uma particular atenção durante o próximo ano. Seu chefe deverá
formar parte do PRESIDIUM. E seu trabalho político estará subordinado ao PRESIDIUM. Este último regulamentará as relações da
Seção de Organização.
2.Uma Seção de Organização a que deve pertencer pelo menos 2 (dois) membros do PRESIDIUM e que também estará
subordinado ao PRESIDIUM.
3.Uma Seção de Agitação e Propaganda, dirigida por um membro do Executivo, que estará diretamente subordinado ao
PRESIDIUM.
4.Uma Seção de Estatística e Informação subordinada a Seção de Organização.
O Executivo poderá organizar outras seções.
A extrema esquerda
Ao liquidar o caráter federalista de sua organização, a Federação do Sena rejeitou por este fato a causa da posição manifestamente
equivocada da ala chamada de extrema esquerda. Sem dúvida, esta última, nas pessoas dos camaradas Heine e Lavergne pensou que
podia dar ao cidadão Delplanque um mandato imperativo em virtude do qual este se comprometia a abster-se de votar em todas as
questões e a não estabelecer nenhum compromisso. Este modo de atuar dos representantes já citados de extrema esquerda evidencia
sua total incompreensão do sentido e da essência da Internacional Comunista.
Os princípios do centralismo democrático, que são a base de nossas organizações, excluem radicalmente a possibilidade de
mandatos imperativos, trate-se de Congressos federais, nacionais ou internacionais. Os Congressos só têm sentido na medida em que
as decisões coletivas das organizações - locais, nacionais ou internacionais – são elaboradas mediante o livre exame e a decisão de
todos os delegados. É evidente que as discussões e intercâmbio de experiências e de argumentos em um Congresso não teriam
sentido se os delegados estivessem comprometidos de antemão por mandatos imperativos.
A violação dos princípios fundamentais da organização da Internacional é agravada no caso atual pela negativa deste grupo em
estabelecer qualquer compromisso com relação à Internacional, como se só o fato de pertencer à Internacional não impusesse a todos
os seus membros compromissos absolutos de disciplina e de execução de todas as decisões tomadas.
O Congresso determina ao Comitê Central de nossa seção francesa a estudar e avaliar este incidente e dele tirar todas as
conclusões políticas e organizativas derivativas do fato.
A questão sindical
As decisões adotadas pelo Congresso na questão sindical implicam em certas concessões de forma e de organização destinadas a
facilitar a aproximação do partido e das organizações sindicais ou massas sindicalizadas que não tenham adotado ainda o ponto de
vista comunista. Porém seria distorcer totalmente o sentido dessas decisões a pretensão de interpretá-las como uma aprovação da
política de abstenção sindical que predominou no partido e que ainda pregam muitos de seus afiliados.
As tendências representadas neste caso por Ernest Lafont estão em total contradição e são irreconciliáveis com as missões
revolucionárias da classe operária e com todo o conceito do comunismo. O Partido não pode e nem quer atentar contra a autonomia
dos sindicatos, porém deve desmascarar e atacar impiedosamente os membros que reclamam a autonomia, dado sua ação dissolvente
e anárquica no seio dos sindicatos. Nesta questão essencial, a Internacional sofrerá menos que em qualquer outro terreno pelo desvio
anterior do caminho comunista, único justo a partir do ponto de vista da prática internacional e da teoria.
Os candidatos do partido
A fim de imprimir ao Partido um caráter verdadeiramente proletário e eliminar de suas fileiras os elementos que só o consideram
como uma ante-sala do Parlamento, dos conselhos municipais, dos conselhos gerais, etc, é indispensável estabelecer como cláusula
pétrea que as lias de candidatos apresentadas pelo Partido nas eleições incluam pelo menos uns 90% de operários comunistas que
trabalham ainda em oficinas, em fábricas ou no campo e de camponeses.
Os representantes de profissões liberais só podem ser admitidos dentro do limite estritamente determinado de no máximo 10% do
número total de postos que o Partido ocupa ou espera ocupar através de seus filiados. Ademais, se aplicará particular rigor na eleição
dos candidatos pertencentes às profissões liberais (verificação minuciosa de seus antecedentes políticos, de suas relações sociais, de
sua fidelidade e de sua consagração a causa da classe operária) por meio de comissões essencialmente proletária.
Somente deste modo os parlamentares, conselheiros municipais e gerais e vereadores comunistas, deixaram de ser uma casta
profissional que só mantém, na maioria dos casos, escassos vínculos com a classe operária e se converterão em instrumento da luta
revolucionária das massas.
Decisões
A – O Comitê Central. Excepcionalmente, com vistas à crise aguda provada pelo Congresso de Paris, o Comitê Central estará
constituindo sobre uma base proporcional, de acordo com o Congresso referido os organismos centrais.
A representação das diversas frações será a seguinte:
Centro: 10 titulares e três suplentes;
Esquerda: 9 titulares e 2 suplentes;
Tendência Renout: 4 titulares e 2 suplentes;
Minoria Renaud/Jean: 1 titular;
Juventude: 2 representantes com voto deliberativo;
O bureau político será composto sobre a mesma base, obtendo as frações, respectivamente: Centro: 3 postos; Esquerda: 3 postos;
Tendência Renoult: 1 posto.
Os membros do Comitê Central, igual os do bureau político e dos organismos centrais importantes, serão designados pelas
frações de Moscou, para evitar qualquer questionamento de ordem pessoal que poderia agravar a crise.
A lista assim elaborada será submetida ao 4o Congresso mundial pela delegação, que se compromete a defendê-la diante do
Partido. O 4o Congresso mundial tomará conhecimento desta declaração expressando sua convicção de que a lista constitui a única
possibilidade de resolver a crise do Partido.
A representação do Partido francês em Moscou por Frossard e Souvarine, dará plena segurança de que cada sugestão do
Executivo, realizada de acordo com esses camaradas, contará com a adesão de todo o Partido.
E – Salário dos Funcionários do Partido. No que se refere aos salários dos funcionários do Partido, redatores, etc., o Partido
criará uma comissão especial composta de camaradas que gozem da confiança moral do Partido para regulamentar esta questão a
partir de 2 (dois) pontos de vista: 1) Eliminar toda a possibilidade de acumulação de vencimentos que provoque uma legítima
indignação na massa operária do Partido; 2) Para os camaradas cujo trabalho é absolutamente necessário ao Partido, criar uma
situação que permita dedicar todas suas forças à serviço do Partido.
F – Comissões. 1) Conselho de Administração do Humanité: seis do Centro, cinco da Esquerda, dois da Tendência Renoult.
A Comissão aceita que a representação proporcional funcione também excepcionalmente para as comissões importantes.
2. Secretariado Sindical: um secretário do Centro e um secretário da Esquerda, sendo resolvido todos os conflitos entre eles pelo
bureau político.
G – Casos de Litígio. Os casos de litígios que emanam da aplicação das decisões sobre organização adotadas em Moscou,
deverão ser solucionados por uma comissão especial composta por um representante do Centro, um representante da Esquerda e o
delegado do Executivo como Presidente.
H – Postos Vedados aos Antigos Maçons. Entendemos como tal os postos cujos titulares tenham a ordem de representar mais ou
menos independentemente, sob sua própria responsabilidade, as idéias do Partido diante da massa operária, mediante palavra escrita
ou falada.
Se houver entre as frações alguma divergência sobre a determinação desses pontos, será submetida à comissão indicada
anteriormente.
Em caso de dificuldade técnica para reintegração dos redatores demissionários, a comissão considerada anteriormente a resolverá.
Todas as resoluções não citadas na constituição do Comitê central serão aplicadas imediatamente.
II. A imprensa
A imprensa deve estar unicamente dirigida pelo Comitê Central do partido. É inadmissível que o organismo central do Partido se
permita, não somente levar a cabo uma política particular, senão também considerar esta atitude como um direito. Ainda quando a
redação pensa que a Direção responsável cometeu uma falta num caso concreto, seu dever é submeter-se à decisão que se adote. A
função do redator não constitui uma instância superior, senão que, como todas as funções do Partido, está subordinada ao Comitê
Central. Isto não quer dizer que os redatores tenham o direito de expressar as matizes de seu pensamento nos artigos polêmicos
firmados em seu nome. As discussões sobre os assuntos do partido devem ser feitas na imprensa comum do partido, porém não
devem sê-las de maneira tal que tenham de colocar em perigo a disciplina. O Comitê Central e todas as organizações do partido
devem preparar suas atividades por meio de discussões no seio das organizações.
INDICE
Resolução sobre a tática da Internacional Comunista
Teses sobre a unidade da frente proletária
Resolução sobre o informe do Comitê Executivo
Resolução sobre o programa da Internacional Comunista
Resolução sobre a Revolução Russa
Resolução sobre o Tratado de Versalhes
Teses sobre a ação comunista no movimento sindical
Teses gerais sobre a questão do Oriente
Programa de ação agrária
Resolução sobre a cooperação
Teses sobre a questão negra
Resolução sobre a Internacional das Juventudes Comunistas
Resolução sobre a atividade feminina
Resolução sobre a questão educativa
Resolução sobre a assistência proletária à Rússia Soviética
Resolução sobre a ajuda às vítimas da repressão capitalista
Resolução sobre a reorganização do Executivo e sua futura atividade
Resolução sobre a questão francesa
Programa de trabalho e de ação do Partido Comunista Francês
Resolução sobre a questão italiana
Resolução sobre a questão checoslovaca
Resolução sobre a questão noruega
Resolução sobre Espanha
Resolução sobre a questão iugoslava
Resolução sobre o partido dinamarquês
Resolução sobre Irlanda
Resolução sobre o Partido Socialista do Egito