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“PROVAS EM ESPÉCIES”
Natal-RN
2009
MOISÉS SANTOS DA SILVA
“PROVAS EM ESPÉCIES”
Natal-RN
2009
Sumário
1.0-Introdução...................................................................................................................4
2.0- Provas em espécies.....................................................................................................5
2.1- Depoimento pessoal...................................................................................................5
2.2- Confissão.....................................................................................................................6
2.3- Prova documental......................................................................................................7
2.3.1- Argüição de falsidade........................................................................................9
2.4- Exibição de documento ou coisa...............................................................................9
2.5- Prova testemunhal...................................................................................................10
2.6- Prova pericial...........................................................................................................12
2.7- Inspeção judicial......................................................................................................13
3.0- Regime jurídico das provas no Código Civil e no Código do Processo Civil....13
4.0- Considerações finais................................................................................................14
5.0- Referencias Bibliográfica........................................................................................15
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1.0-Introdução
Antes da abordagem das espécies de provas é mister esclarecer o que seria esse
instituto jurídico, visto que do mesmo emergem questões importantes para o resultado do
processo, podendo determinar a procedência ou improcedência do pedido. Observe-se que o
mesmo é, nada mais, que um instrumento para formação de convencimento do estado-juiz
sobre fatos. Sua natureza é essencialmente processual, mas o direito material como no Código
Civi,l não deixou de abordá-la, é o que nos ensina Wambier (2007, p.407):
Para Greco Filho1 “é todo elemento que pode levar o conhecimento de um fato a
alguém” , segundo o mesmo autor “prova” se originaria do latim probation, que por sua vez,
emana do verbo probare, com significado de examinar, persuadir, demonstrar.
Perceba-se desde logo que o objeto da prova são os fatos pertinentes e relevantes para
o processo e não o direto, visto que esse último a lei exigi que o magistrado conheça, embora
o próprio CPC em seu art. 337 admita exceções a essa regra quando a parte alegar normas
jurídicas de aplicação incomum como uma lei municipal, estadual estrangeira ou
consuetudinária, em determinação dada pelo juiz. Em sentido contrário é o pensamento de
CÂMARA (2006,p.420) para quem:
1
GRECO FILHO, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. 19. ed. São Paulo:Saraiva,2008.p.210.
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“...a prova não tem por fim criar a certeza dos fatos, mas a convicção do juiz sobre
tal certeza. Por este motivo, preferimos afirmar que o objeto da prova é constituído
pelas alegações das partes a respeito de fatos. As alegações podem ou não coincidir
com a verdade, e o que se quer com a produção da prova é exatamente convencer o
juiz de que uma determinada alegação é verdadeira. Alegações sobre fatos, pois, e
não os fatos propriamente, constituem o objeto da prova”.
É importante frisar também que é irrelevante quem produziu a prova visto que essa
depois de produzida se incorpora ao processo, bem como, também que as obtidas por meios
ilícitos devem ser de pronto a não utilização, visto que nosso ordenamento veda essa
utilização das mesmas. Ressalte-se também a distinção entre prova e meios de prova, esses
são as modalidades pelas quais se constata aquelas. Anote-se também que não há hierarquia
entre as espécies de prova. Isso posto passemos a análise das espécies de meios de prova.
O principio que rege esse meio de prova é o da vivência dos fatos, especificamente,
pelas partes, em função da possibilidade de confissão. Somente aqueles que experimentaram
os fatos ocorridos é que têm maiores qualificações para falar do mesmo. Daí decorre que esse
meio conta com a primazia da pessoalidade e indelegabilidade, somente podendo ser esses
princípios serem preteridos nos casos onde o procurador tem conhecimento direto dos fatos,
com poderes expressos, e no caso de prepostos de pessoas jurídicas cujos fatos foi quem
vivenciou e sendo em função disso intimados pessoalmente e devendo constar no mandado a
presunção de confissão contra o mesmo dos fatos alegados, caso não compareça ou em caso
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de recusa a depor. São de dois tipos: o interrogatório e o depoimento propriamente dito. O
primeiro tem por finalidade esclarecer fatos, não depende de requerimento da parte, podendo
ser determinado em qualquer estado do processo e não está sujeito a pena de confesso, já o
segundo é requerido pela parte contrária, cuja finalidade primordial será a confissão real ou
ficta da outra parte, sendo produzida na audiência de instrução e julgamento. Outra importante
diferenciação e mostrada por GRECO FILHO (2008, p.218):
“Por razões de ordem ética, o legislador estabelece que a parte não é obrigada a
responder sobre fatos que possam lhe trazer conseqüências mais sérias do que a
sucumbência. Assim, é justa a recusa à resposta sobre fatos criminosos ou torpes
que lhe tenham sido imputados”.
2.2- Confissão
De acordo com art. 348 do CPC há confissão quando a parte admite a verdade de um
fato, contrário ao seu interesse e favorável ao adversário. Para GRECO FILHO não seria meio
de prova, mas a própria, já para WAMBIER assim pode ser considerada, visto que, revela ao
juiz a verdade de um fato que tenha sido alegado por uma das partes, o confitente. Alcança
apenas o fato alegado, não implicando necessariamente procedência do pedido, admiti-se
como veraz um fato ocorrido, “ deixando de a ele contrapor outro meio de prova”, nas idéias
de WAMBIER. Visto que não há hierarquia de provas e o juiz julga de acordo com o princípio
do livre convencimento motivado, o simples fato da confissão não dispensa outros meios de
provas e circunstâncias verossímeis. Sendo o direito indisponível ou aparte incapaz ou
havendo litisconsórcio a admissão de fatos não valerá como confissão, no último caso para os
litisconsórcios não confessos. Acresça-se que efeito também não há se for da essência do
negócio jurídico, o instrumento público. Também é indivisível e irretratável como explica
GRECO FILHO(2008, p.221):
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“Uma vez feita produz o efeito de tornar os fatos incontroversos, não podendo a
parte que quiser invocá-la como prova aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitar
no que lhe for desfavorável, salvo se contiver fato distinto que possa constituir
fundamento de defesa de direito material ou de reconvenção”.
“O documento embute sempre um fato dito representado, ou seja, o fato que teria
ocorrido em momento pretérito, que justificou a sua confecção".
O valor probante dos documentos pode ser dividido por 5 (cinco) grupos de regras
exposta por GRECO FILHO(2008, p.226):
“Quanto aos documentos públicos, desde que mantida sua integridade, estabelece o
Código uma presunção absoluta não só de sua formação, mas também dos fatos que
o escrivão, o tabelião ou o funcionário declarar que ocorreram em sua presença(..)
O documento público pode ser parcialmente viciado pela incompetência da
autoridade que o lavrou ou omissão de formalidades legais. Neste caso deste que
subscrito pelas partes, vale como documento particular, cabendo ao juiz apreciar se
pode produzir os efeitos pretendidos”.
È importante salientar que segundo esse autor se o documento particular tiver a firma
reconhecida pelo tabelião, na presença do signatário, ganha presunção absoluta de
autenticidade, valendo-se para eles as regras dos documentos públicos
Finalmente em relação a regras sobre a fé que emana dos documentos ensina (2008,
p.230)
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“Cessa a fé de qualquer documento, público ou particular, ao ser declarada
judicialmente sua falsidade. O documento particular, mesmo sem se declarar sua
falsidade, perde a fé se lhe for contestada a assinatura e enquanto não se lhe
comprovar a veracidade ou se, assinado em branco, foi abusivamente preenchido.
Considera-se abuso quando aquele que recebeu o documento assinado, com texto
não escrito no todo ou parte, formá-lo ou completá-lo, por si ou por meio de
outrem, violando o pacto feito com o signatário”.
Segundo esse ultimo autor o incidente em sendo ação, encerra-se por sentença
cabendo apelação.
“Na petição inicial da “ação de exibição”, além dos requisitos de qualquer petição
inicial, deverá haver a individuação, tão completa quanto possível, do documento
ou da coisa; a finalidade da prova, indicando os fatos que se relacionam com o
documento ou a coisa; e as circunstâncias em que se funda o requerente para
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afirmar a existência do documento ou da coisa, bem como sua localização em mãos
do requerido. Este será citado para responder em cinco dias (se se tratar do
adversário do requerente no processo principal) ou em dez dias (se for terceiro
estranho ao processo para onde se pretende carrear a prova)”.
De acordo com art. 363 poderá haver escusa nos casos de lesão á intimidade ou à
honra do requerido, de sua família ou dever tenha obrigação de dever de sigilo. Excluído esses
casos deverá exibir a coisa ou documento e não o fazendo o juiz poderá considerar
verdadeiros os fatos argüido por aquele que solicitou a exibição, no processo civil e no penal
expedirá mandado de apreensão se o requerido for terceiro (art. 362).
É prova obtida por pessoa estranha ao feito, que é a testemunha e nisso é que
diferencia de depoimento pessoal onde o meio de prova é uma das partes, que em juízo relata
o sabe sobre a causa. Além da restrição genérica prevista no art. 3662 do CPC, esse tipo de
prova não é permitida nos termos do art 227 do CC que prescreve:
“A nosso, a regra trazida pelo Código Civil de 2002, que torna possível a colheita
de depoimento de menores de dezesseis anos na qualidade de informantes, deve ser
lida como se contivesse uma ressalva: a de que tais depoimentos só serão colhidos
quando isto for essencial para a proteção dos interesses do próprio incapaz. Não
estando em jogo interesses da criança ou do adolescente, tal depoimento não deve
ser colhido”.
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Art. 366. Quando a lei exigir, como da substância do ato, o instrumento público, nenhuma outra
prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta.
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A testemunha pode se escusar caso o seu depoimento acarretem grave dano, ou a seu
cônjuge ou parentes até segundo grau (consaguineos/afins/reta/colateral), ou por estado ou
dever de ofício deva guardar sigilo. Nessa última situação a testemunha não pode depor sobe
pena de cometer o crime de violação de segredo (art. 154 CP).
A regra é que a prova testemunhal seja prestada na audiência de instrução e
julgamento. O requerimento da mesma deve ser feita na inicial e na contestação. No processo
ordinário ensina GRECO FILHO(2008,p.238):
E continua o autor:
Sendo sumário o procedimento deve o rol constar na inicial quando do autor e o réu
deve apresentar com a contestação na primeira audiência.
Pode haver a presença de outras testemunhas mencionadas quando no depoimento de
dessas que sejam relevantes para conhecimento de fatos. É última prova a ser produzida na
audiência. Se a testemunha faltar a audiência poderá ser adiada e a testemunha conduzida,
pode ocorrer também por causa justificada. O juiz recebera a qualificação das testemunhas,
depois disso deferirá ou não o depoimento. Também será dada oportunidade a outra parte a
levantar impedimento e suspeição. No inicio do depoimento a testemunha prestará
compromisso de dizer a verdade e será cientificado do que isso pode acarretar do ponto de
vista penal. O depoimento de uma testemunha não poderá ser ouvida por outra.
Primeiramente serão ouvidas a do autor, posteriormente as do réu. As testemunhas são
inquiridas pelo juiz, não se permitindo perguntas diretas, mas somente através do juiz, que
considerando-as impertinentes as indeferirá. O depoimento deverá ser reduzido a termo
idôneo, será assinado pelo juiz, partes e testemunhas. Havendo recurso esse termo deve ser
datilografado. Como dito anteriormente, a convocação de testemunhas mencionadas é
possível, e a parte que arrolou deverá ser responsável pelas despesa decorrentes. As
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testemunhas não serão penalizados seja na esfera privada ou pública nas relações de
trabalho,com perda de salário, falta ou tempo de serviço.
Esse meio de prova como ensina Greco Filho tem a finalidade de documentar nos
autos o conhecimento especializado, inclusive para exame no grau de recurso. Ao determinar
a perícia, todavia, o juiz não abdica nem delega seu poder de decidir, podendo criticar,
comentar e apreciar o laudo precial, acolhedo-o ou não, segundo o conhecimento e as regras
lógicas e técnicas, ensina o mesmo autor. Ou seja, o parecer técnico não é vinculativo ao juiz.
Na lições de WAMBIER(2007,p.548) o código classifica-os da seguinte forma:
“I) Exame: é a perícia propriamente dita, pois consiste no trabalho que o perito faz
de inspecionar coisas ou pessoas, procurando desvendar os aspectos técnicos ou
científicos que, ocularmente, não encontram visíveis.
II) Vistoria: sob essa denominação, entende-se a mesma atividade do exame, mas
restrita aos bens imóveis.
III) Avaliação: é a atribuição de valores para bens jurídicos (coisas, direitos ou
obrigações)”.
E arremata o autor:
Esse é o motivo pelo qual o CPC institui esse meio de prova como facultativa, de
acordo com o critério do juiz. Então de oficio a requerimento da parte pode inspecionar
pessoas, coisas, em qualquer fase processual. Sendo obrigatório apenas no caso do art 1.181,
exame e interrogatório de interditado.
Na realização poderá o juiz ser assistido pó peritos. Poderá ser feita na sede que se encontra o
objeto da perícia, desde que assim julgue o juiz para um melhor esclarecimento dos fatos.
Na inspeção o juiz poderá ser auxiliado por peritos. Essa inspeção poder ser feita no
local do objeto da mesma, para se evitar despesas desnecessárias, ou para melhor
esclarecimento dos fatos, etc, de acordo com a necessidade que juiz julgar necessária.
O procedimento para inspeção, nas lições de Greco Filho(2008, p.246), é seguinte:
3.0- Regime jurídico das provas no Código Civil e no Código do Processo Civil
“Art. 212:relaciona como meios de prova dos fatos jurídicos, salvo os que
dependam de forma especial,a confissão documento,a testemunha, a presunção e a
perícia. Todos são meios ou fórmulas adotadas no Código de Processo, cabendo,
ainda, os demais “moralmente légítmos” aí admitidos.
Alt. 213: define o âmbito da confissão, que só pode limitar-se a direitos disponíveis
do confitente e nos limites da representação quando feita por representante. Não há
alteração no sistema do CPC.
Art. 214: dispõe que a confissão 6 irrevogável mas pode ser anulada se decorreu de
erro de fato ou coação. Não há incompatibilidade com o art. 352 do CPC; eles se
completam, apesar de ligeira divergência terminológica.
Arts. 215 a 218: elegem a escritura pública come prova plena, enumeram seus
requisitos e forma, e dão validade as cópias e outros documentos públicos, com
compatibilidade em face dos arts. 364 a 369 do CPC.
Ârts. 219 a 226: disciplinam documentos particulares, de for ma compatível e
complementar ao CPC.
Arts. 227 a 229: estabelecem normas quanto à prova testemunhal compatíveis.
como e CPC. Alteraram apenas o valor máximo contratual para a prova
exclusivamente testemunhal para decuplo do maior salário mínimo.
Art. 230: prevê que as presunções, que não as legais, não se admitem nos casos em
que a lei exclui a prova testemunhal, O dispositivo está relacionado com o art. 335
do CPC — que trata das regras de experiência enquanto geradoras de presunções
humanas — adiante comentado, e deve entender-se aplicável se a presunção resulta
do depoimento testemunhal, não se aplicando se a presunção resultar da experiência
técnico a portai da prova pericial.
Ãrts. 231e 232: estabelecem uma presunção,a de que ar a submeter-se a exame
médico não pode reverter em favor do recusante:e que recusa à perícia médica
ordenada pelo juiz pode suprir a prova que se poderia obter com o exame. Já antes
do Código Civil entendia-se que as normas sobre presunções eram ou podiam ser
civis, de direito material, de modo que os artigos são aplicáveis e podem trazer útil
solução em casos, por exemplo, de investigação de paternidade. Têm, na verdade,
um aspecto processual que da dispensa do ônus da prova do autor em virtude da
recusa do réu e será aplicada pelo juiz no contexto da persuasão racional”.
Sendo a norma jurídica um regulador das relações sociais, mas no plano abstrato, que
somente encontra campo para atuação concreta quando um fato da vida se mostra adequado à
sua incidência, é a prova um dos modos pelo qual o magistrado forma o convencimento sobre
as alegações de fatos que sustentam a pretensão das partes. Apesar de ser instituto tipicamente
processual nosso código civil, código de direito essencialmente material, regulou também essa
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matéria (art. 212 à 232). É relevante salientar que são coisas diversas : a prova e os meios de
provas, mas por vezes se confundem como na confissão. Os meios seriam as diversas
modalidades pelas quais a constatação sobre a ocorrência ou não dos fatos chega até o juiz. A
prova propriamente dita seriam a adequação das alegações aos fatos levantados.
CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. 14. ed. rev. e atual. Rio de
Janeiro: Lumen Júris, 2006. v.1.
GRECO FILHO, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. 19. ed. São
Paulo:Saraiva,2008.
MARCATO, Antônio Carlos. Código do Processo Civil Interpretado. São Paulo: Atlas,
2004.
WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flavio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo.
Curso avançado de processo civil. 9. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: RT, 2006/2007. v.1