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EDITORIAL

OS LIMITES DA FICÇÃO

Não é muito fácil estabelecer uma linha demarcatória entre realidade


e ficção. Ainda mais num país onde a educação é tão precária, onde um
número reduzido de pessoas consegue uma leitura correta do mundo. Ler
significa interpretar, ou seja, dar significado a uma série de acontecimentos
à nossa volta.
Trata-se de uma atividade tão ampla que a todo tempo estamos
realizando: quando lemos um significado em algum acontecimento,
examinamos o comportamento de alguém, a reação que apresentamos
diante de alguma situação, observamos um quadro, ao tentarmos encontrar
uma cidade no mapa ou nas brincadeiras de um animal doméstico. Quanto
melhor é a observação que fazemos do mundo, das coisas à nossa volta,
melhor é a leitura que realizamos, maior quantidade de símbolos
identificamos, maior significado obtemos. Ao estabelecermos conexões
entre as experiências anteriores e as informações armazenadas em nossa
memória, mais próximo chegamos do significado dos acontecimentos.
Trata-se de uma arte que precisa ser aprendida, não depende da
intelectualidade avançada: quem a domine terá interesse por tudo que o
cerca.

A leitura não se restringe ao texto – entendida como qualquer


significado articulado de uma determinada linguagem escrita ou oral. Um
quadro contendo uma pintura qualquer, pode ser um texto, pois tem um
significado articulado através da linguagem pictórica. Um filme apresenta
além do texto verbal dos diálogos, um texto visual, constituído pelo
cenário, expressões fisionômicas dos atores e figurantes. A televisão
também explora esse tipo de texto.

Não é fácil atribuir significados para realizar essa tarefa de leitura.


Depende da vivência de cada leitor, pois é exatamente essa vivência que
faz cada um de nós observarmos o mundo de uma forma diferente da dos
outros. Verifique o que cada pessoa pensa a respeito de um assunto e terá
várias leituras diferentes. Pode-se aí tomar uma ficção como realidade,
tomar idéias falsas como verdadeira, sem perceber o ardil do autor na
ilusão criada por guardar certa relação com algumas descobertas da ciência.
Somente uma leitura crítica é capaz de detectar os significados não
explícitos, escondidos, ou seja os significados conotativos ou figurados. É
quando surgem algumas perguntas que dirigimos ao texto: O que o autor
pretende mostrar ou demonstrar com esse texto? Quais os valores que nele
aparecem? Como as idéias apresentadas e o ponto de vista assumido se
ligam à época da produção do texto? Qual a relação do texto com o atual
contexto histórico social? Quais as contradições que o texto apresenta com
a ciência atual?

Analisando alguns livros sob essa ótica, encontramos muitos livros


que não podem ser entendidos senão como obras de ficção, em bom
número são obras consideradas mediúnicas. Um dos maiores astrônomos
do século XIX, na França, Camille Flammarion, produziu obras como
URÂNIA – escrito em forma de diálogos intercalados por informações e
idéias do movimento espírita francês e da Astronomia, misturando dados
científicos com concepções resultantes de sua imaginação criativa; O FIM
DO MUNDO, cuja primeira edição apareceu na França em 1893. Foi
traduzido no Brasil por M. Quintão e publicada pela Federação Espírita
Brasileira. Uma obra que pode ter levado algumas pessoas ao suicídio por
ocasião do aparecimento do Cometa da Halley em 1910. Descreve o fim do
sistema solar por volta do século XXV; NARRAÇÕES DO INFINITO,
escrito em 1866 e publicado na Revue du XIX e Siècle, na França com a
denominação “Lumen”. É considerado um “romance astronômico” escrito
em forma de diálogo entre dois personagens sendo um encarnado e o outro
um Espírito; ESTELA é também uma obra de ficção. Trata-se de uma
narrativa envolvendo dois personagens: Rafael e Estela. O autor não deixa
de trazer informações científicas envolvendo Astronomia, sob a forma de
debate contendo temas materialistas e espiritualistas.

Algumas obras têm sido campeãs de venda e merecem um lugar em


nossa lista e não são consideradas obras mediúnicas: O Código Da Vinci
Dan Brown, Anjos e Demônios (Dan Brown), Os Segredos do Código (Dan
Burstein), Maria Madalena e o Santo Graal de Margareth Starbind.

Os médiuns brasileiros também produziram textos de ficção.


Concentraremos nossa atenção no livro “A Caminho da Luz”, atribuída à
psicografia de Emmanuel através de Francisco Cândido Xavier. Do mesmo
autor, temos ainda: Nosso Lar, Há dois mil anos, Cinquenta Anos Depois,
Renúncia e outros mais, que são aceitos sem nenhum questionamento por
um grande número de pessoas.

Nenhuma dessas obras informa o caráter de ficção que apresentam,


confudem-se com a realidade. Surge então a questão: Espíritos originários
de Capella podem ter-se exilado na Terra?
Albino A. C. de Novaes
02/11/1947 – Recife (PE)

Professor, Astrometista, Físico e Matemático.


Educado por pais espíritas, conheceu outras religiões por força da
profissão, tendo atuado em instituições educacionais católicas e batistas,
sem nunca ter deixado o Espiritismo de lado.

No campo profissional entregou-se à educação como professor de


Matemática graduado pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
e Bioestatística, em cursos de especialização na área de saúde. Dedicou boa
parte de sua vida às pesquisas envolvendo Lógica estrutural e Teoria da
Significação aplicada à Métodos de Leitura de textos verbais e não verbais,
sistemas de codificação e decodificação de linguagens matemáticas
(criptografia). Tem a Exobiologia como a principal área de interesse,
despertada após longos estudos de Astronomia, onde pesquisa a
possibilidade de que outros mundos sejam habitados por diversas
inteligências. Como espírita, faz aplicar o método de leítura crítica, sendo
por esse motivo combatido por muitas pessoas. Sua curiosidade o leva a
perguntar a si mesmo e aos outros sobre tudo que lê nos livros, sobre a
sociedade, as associações espíritas, sobre o movimento espírita de um
modo geral. Interessa-se pelas coisas, pensa sobre elas, e com freqüência
suspeita de tudo que é dito facilmente através de diversas formas de
linguagens, das convenções estabelecidas, principalmente as que são
produzidas mediunicamente. É um questionador, pois se dedica a avaliar o
significado das idéias levando em conta a história de cada uma delas, a
época, o contexto social que as envolveram. Considera em seus estudos, o
grau de novidade que as idéias apresentam no momento em que são criadas
e o desgaste que sofrem com o surgimento de outras idéias mais
significativas. Não dá valor à crítica gratuita, baseada no gosto e na opinião
individual, subjetiva. Despende esforços para praticar a crítica objetiva, que
independe do gosto e que está fundamentada na mais pura lógica.

OS EXILADOS DE CAPELLA

Vários livros têm sido escritos sobre o assunto, inúmeras citações e


destaques são encontrados em diversas obras consideradas espíritas e outras
mais de cunho espiritualista; romances, ficção, palestras, etc. O que há de
verdade em tudo isto? Totalidade das obras espíritas que abordam o exílio
dos capelinos na Terra tem uma única fonte: o livro “A Caminho da Luz”,
obra escrita por Francisco Cândido Xavier em 1938 e atribuída a um
Espírito que se identificou como Emmanuel. Temos também o livro “Os
Exilados de Capella”, escrito por Edgard Armond que também utiliza o
livro do Chico como referência. São os mais antigos.

Este é o sistema Capella que quase


totalidade dos Espíritas acredita. Um
sistema estável, a irradiar luz diáfana
para o espaço, aquecendo mundos
com alguma semelhança com a Terra,
abrigando uma humanidade mais
evoluída.

Ao questionar a fonte original, estamos colocando sob suspeita todas


as obras que utilizaram essa mesma fonte. E não o fazemos com intuito de
contestar por contestar ou de fazer uso de critérios estritamente
materialistas. Aplicamos os critérios recomendados por Kardec, com apoio
da mais estrita lógica, do raciocínio científico apoiado na moderna filosofia
científica, por este motivo precisamos de um método.

“O método é uma conexão de muitos juízos, ou raciocinações,


instituída para descobrir a verdade, ou para comunicar a outros, depois de
descoberta. O método com que se descobrem as verdades, subindo-se para
universais com indução dos singulares, chama-se ANALÍTICO, isto é, de
RESOLUÇÃO; porque se resolvem os particulares e deles se tiram as
verdades universais; mas o método com que ensinamos as verdades
descobertas, descendo dos universais para os particulares, chama-se
SINTÉTICO, isto é, de COMPOSIÇÃO”. (Antonio Genovesi – séc. XVII).

O método de pesquisar a VERDADE CIENTÍFICA é o mesmo que


deve ser empregado na conquista da VERDADE RELIGIOSA. Não há
qualquer diferença entre uma verdade científica e uma verdade religiosa: a
verdade é por si mesma. Não há dois processos diferentes de aprendizagem
ou de construção de conhecimento. Existe um único e natural caminho:
INDAGAR, DEDUZIR, EXPERIMENTAR, CONFRONTAR,
OBSERVAR e CONCLUIR, sem o qual não é possivel chegar à solução
dos problemas científicos e religiosos.

Não vivemos mais a era dos dogmas e dos rituais. O imperialismo


perde força, deixa de ser dominante tanto na ciência, como na política e na
religião. Hoje, o conhecimento não se impõe, constrói-se laboriosamente. O
homem quer pensar e agir com liberdade, direito inalienável concedido a
todos por Deus.

A confiança depositada no
informante não é garantia de que o que
foi informado possa ser verdadeiro. Há
sempre o risco de que a informação não
expresse a verdade. Professor, Médium,
Padre, Pastor, Espírito, etc. são
autoridades nas quais, em geral se tem
depositado irrestrita confiança. É
ingenuidade pensar que eles não
possam errar. Por acaso existem
professores infalíveis? Médiuns e
Espíritos infalíveis? Padres ou pastores infalíveis? Muitos espíritas alegam
ser Emmanuel um Espírito Puro e o
mesmo têm dito do Chico. Reconheço o
valor do Chico como grande médium
que foi, mas não vou além disso.
Quanto à avaliação que conduz estes
ou quaiquer outros Espíritos à
categoria de pureza, não posso admitir –
para conhecer o referencial ou seja o
limite estabelecido por Deus para, a
partir do mesmo, estabelecer uma
linha divisória entre os puros e os
ainda imperfeitos espíritos é preciso
ser puro ou ser Deus. Fico com Erasto: “...nunca será demasiado repetir,
não aceiteis nada cegamente. Que cada fato seja submetido a um exame
rigoroso, minucioso, aprofundado e severo.” (Allan Kardec – O Livro dos
Médiuns) . Não houve tal cuidado com nenhuma das obras publicadas no
Brasil como sendo espíritas. Cabe-nos então proceder este exame, e o
faremos mesmo que isso possa contrariar interesses e crenças, pois não há
nenhuma violação de direito quando se objetiva a verdade e não é possivel
construí-la sem o esforço da pesquisa. Impedir ou proibir, sob qualquer
pretexto, o exercício e a manifestação do sistema científico – uma conexão
de muitas verdades descobertas por juízos, raciocinações e métodos – é o
mesmo que silenciar o filósofo, infrigir-lhe o banimento intelectual e de
acordo com Sócrates, o pior crime que se poderia cometer contra ele. É
ainda mais que isto: significa um retorno ao dogmatismo.

Aceitar a informação de que espíritos exilados de Capella


reencarnaram na Terra, sem nenhum exame, sem nenhum estudo, com base
na crença que sustenta, pela autoridade que representam seus informantes é
o mesmo que adotar para si o CONHECIMENTO TEOLÓGICO, produto
da fé humana, fé depositada num ser tido como superior e infalivel e que
lhe traz respostas prontas que não poderam ou não quiseram obter com os
conhecimentos vulgar, científico ou filosófico. Ao contrário do que
recomenda Kardec:

O CONHECIMENTO FILOSÓFICO tem por origem a capacidade


do homem e por instrumento exclusivo o racocínio. O homem é o tema
permanente de suas considerações, o filosofar pressupõe a existência de um
dado determinado sobre o qual refletir, por isso apóia-se nas ciências.

O CONHECIMENTO CIENTÍFICO resulta da investigação


metódica, sistemática da realidade. Ele transcede os fatos e os fenômenos
em si mesmos analisam-os para descobrir suas causas e concluir as leis
gerais que os regem. Como objeto da Ciência é o Universo material, físico,
naturalmente perceptível pelos órgãos dos sentidos ou mediante ajuda de
instrumentos de investigação, o conhecimento científico é verificável na
prática, por demonstração ou experimentação.

O Conhecimento vulgar ou empírico não pode ser dispensado, pois


faz parte do conhecimento subjetivo que adquirimos com a vida cotidiana
ao acaso, baseado apenas na experiência vivida ou transmitida por alguém.
Em geral resulta de repetidas experiências casuais de erro e acerto sem
observação metódica nem verificação sistemática por isso carece de caráter
científico. Pode resultar de simples transmissão de geração para geração e
assim fazer parte das tradições de uma coletividade.
O SER precede o conhecimento que temos dele, sem que os seres, os
fatos, os fenômenos, enfim o mundo sensível exerça qualquer ação sobre os
órgãos dos nossos sentidos, é impossivel obtermos qualquer conhecimento
objetivo. Em outras palavras, isto significa que a causa de nossas sensações
é a própria realidade tangível. As sansações dã-nos a imagem do Universo
real, onde qualquer objeto material atua de alguma forma sobre os órgãos
dos nossos sentidos, causando-nos uma sensação. Essa informação é
transmitida para o cérebro e forma uma imagem exata, a cópia do objeto.
Algumas vezes os órgãos sensoriais precisam de instrumentos ou
equipamentos que possam ampliar nossa capacidade natural de sentir. Isso
significa que podemos conhecer realmente o MUNDO MATERIAL, ou
seja, dele obtermos um conhecimento subjetivo. Por exemplo, nossos olhos
não são capazes de ver o que se passa na intimidade dos astros que nos
cercam, das estrelas anos-luz de distância; não conseguimos ver um virus
ou uma bactéria; mas com ajuda de instrumentos ópticos e eletrônicos
podemos ampliar as imagens e obter detalhes significativos.
Radiotelescópios detectam a presença de astros que nem mesmo os mais
poderosos telescópios ópticos podem observar; assim, nossos sentidos
recebem a sensação da presença de um objeto que está a alguns milhões da
anos-luz distante de nós. Somente assim é que podemos conhecer
realmente o mundo material, ou seja, dele obtermos um conhecimento
objetivo.

O conhecimento racional objetivo não dispensa o conhecimento


sensível: tomando a ciência como ponto de apoio, a Filosofia produz
conhecimento racional objetivo. Quando não considera os dados científicos
produz tão somente conhecimento racional abstrato ou seja, conhecimento
subjetivo. O conhecimento de que os “exilados vieram de Capella”
sustentado sem apoio científico, se encaixa perfeitamente nos domínios do
conhecimento subjetivo, pois todo conhecimento teológico que sabemos
ser produto exclusivo da fé, é conhecimento IDEAL, METAFÍSICO e
ABSTRATO.

Quando deturpamos a verdade, deturpamos também o conhecimento


– isto se aplica em todos os segmentos do saber. A verdade é a realidade
das coisas. Toda vez que há divergência entre o objeto real e a percepção
que temos dele, ocorre uma deformação da realidade, portanto, uma
deturpação da verdade. Por seu turno, toda vez que há coincidência entre o
objeto real e a percepção que temos dele, com suas propriedades reais,
ocorre a representação da própria realidade, portanto, o conhecimento da
verdade.
VIDA ORGÂNICA EXTRASOLAR

“O tempo das hipóteses desconexas e imóveis passou, como passou o


tempo das experiências isoladas e curiosas. Daqui em diante, a hipótese é
sintese.” (G. Bachelard – O Novo Espírito Científico)
Não vejo a Lógica como uma arte de contenda movida por prazer
efêmero de pompa e de vitória, no modelo dos Gregos Sofistas, e depois
deles pelos Filósofos Escolásticos; vejo-a como uma arte que governa o
Espírito Humano na indagação da sabedoria necessária ou útil à construção
do Conhecimento, onde a opinião subjetiva não encontra espaço além do
que se espera. A reta razão faz-se com o exercício e uso do entendimento.
Em qualquer objeto científico em que se pretenda construir algum
conhecimento, primeiramente se adquirem as idéias das coisas singulares;
depois disto, pouco-a-pouco, se fazem os princípios com a comparação das
idéias, e a prática nos conduz ao raciocínio que permite inalar conclusões.

Nosso objeto científico é a “Vida Orgânica Extrasolar” e as primeiras


idéias necessecitam de novas técnicas que estão sendo incrementadas para
a obtenção de dados que têm aumentando de forma acelerada nosso
conhecimento sobre os planetas extrasolares. Os cientistas têm encontrando
um grande número de planetas fora do sistema solar, até agora a maioria
significativa tem sido de planetas
maiores do que Júpiter, mas já se
tem detectado planetas de tamanho
aproximadamente igual ao da
Terra. Na figura ao lado temos um
disco negro, correspondente a um
planeta descoberto em órbita da
estrela HD49674, na constelação
de Aurigae, a uma distância de 0,05
UA (cerca de 7.500.000 km) desta
estrela. Sua massa corrsponde a cerca de 0,15 da massa de Jupiter ou seja
40 vezes a massa da Terra. Provavelmente ele não está sozinho, pois, foi
encontrada uma possível massa planetária com uma dimensão semelhante à
de Netuno, tudo indica ser um planeta gasoso, ambos girando em torno da
estrela Cancri 55, que é conhecida por ter em sua órbita três outros planetas
gasosos gigantes.

Poucas aventuras científicas modernas podem se comparar com as


que estão vivendo os modernos navegadores, que no lugar de embarcações
rústicas, naus e galeras, utilizam-se de modernos telescópios eletrônicos
colocados em órbita da Terra e sem sairem do lugar, munidos de seus
equipamentos, alcançam distâncias inimagináveis que seriam impossíveis
aos limitados sentidos humanos.

“Os caçadores de planetas” estão posicionados em diversas latitudes


e longitudes, nos dois hemisférios do planeta e agora também no espaço na
estação orbital tripulada idealizada pelos russos e nas automáticas
colocadas em órbita da Terra .

Telescópio eletrônico em órbita da Terra - Chandra

No dia 13 de junho de 2002, um selecto grupo encontrou, após 15 anos de


exaustiva e minuciosa procura, um sistema planetário muito parecido com
o nosso Sistema Solar. A equipe coordenada pelo prof. Geoffrey Marcy, da
University of California, em Berkeley, juntamente com o Astrônomo Paul
Butter, do Carnegie Institution of Washington, fazendo o uso de um
telescópio óptico de 3 metros de diâmentro, instalado no Lick Observatory
e operado pela University of California, detectaram pela primeira vez um
planeta muito semelhante a Jupiter em órbita de uma estrela anã do mesmo
tipo espectral e com massa equivalente ao Sol. Um outro fato que chamou a
atenção foi a semelhança entre as distâncias deste planeta e sua estrela, com
a que temos entre Jupiter e o Sol. A descoberta despertou muito euforia,
apesar de já se ter encontrado vários outros planetas do tipo-Jupiter em
órbita de algumas estrelas. Mas existe um fato que notabilizou a nova
descoberta: todos os outros planetas encontrados até então, possuíam
órbitas não circulares, muito alongadas, e estavam muito próximos às
estrelas. São chamados “Jupiteres quentes”; ao contrário do recém
descoberto, sua órbita o coloca praticamente nas mesmas condições de
temperatura que o nosso planeta gigante.

A ilustração, concebida artisticamente


pelos computadores da NASA,
permite uma comparação entre os
dois sistemas: o Solar e o 55 Cancri,
onde foi descoberto o planeta do tipo
Jupiter.

Os astrônomos procuram planetas de algum modo semelhantes à


Terra, e por certo existem muitos – encontrá-los significa muito para o
exobiólogo: a medalha de ouro para a maratona espacial - . Muito mais que
prestígio, seria uma injeção de ânimo portentosa numa maratona muito
mais difícil: a corrida para encontrar o primeiro ser vivo fora do sistema
solar. Vida por certo há em toda parte do universo, mas vida biológica é
algo raro. Os estudiosos da exobiologia sabem que procurar vida, mesmo
nas vizinhanças é algo que pode demandar várias décadas, na previsão mais
otimista. O fato de termos percorrido, nos seis últimos anos, uma distância
imensa na direção certa, não significa ainda garantia de que estejamos no
limiar do encontro tão esperado. A descoberta do primeiro organismo extra-
solar pode ainda estar um pouco distante.

As condições para existir vida em algum lugar do universo


precisam ser as mesmas da Terra?
Existe alguma forma de vida com base numa química ainda
desconhecida do homem?

Segundo Antonio Genovesi, um padre e filósofo italiano do século


XVIII, o ofício do Filósofo é indagar bem as verdades, não uma qualquer,
mas a necessária ou, ao menos, a útil à vida humana. Aqui, nossas
indagações obedecem também a um fim útil: a construção do conhecimento
verdadeiro que, sem ser absoluto, abrirá espaços para que outros
questionamentos possam ser feito fazendo avançar a ciência do homem,
corrigindo alguns pontos e levantando outros. A verdade é minha primeira
preocupação conceitual, pois afinal, “A verdade é o caráter essencial de
toda REVELAÇÃO. Revelar um segredo, é dar a conhecer um fato; se a
coisa é falsa, não é um fato e, por coseqüência, não há revelação. Toda
revelação desmentida pelos fatos não é revelação (...)” (A Genese – Allan
Kardec: cap. I-03). O objetivo da Ciência é demonstrar ou negar a
informação que se obtém através de algum meio de observação – utiliza-se
de um método, o método científico.

A primeira pergunta tem levado os exobiólogos a aprofundar seus


conhecimentos da vida terrestre, levando-os, inclusive a uma reformulação
do conceito de vida. A existência de alguma forma de vida orgânica está
condicionada à várias outras questões que não podemos desprezar, salvo se
quisermos correr o risco de um mergulho no oceano obscuro da opinião
subjetiva. E a opinião não tem valor científico. Por este motivo nenhuma
resposta científica pode ter o valor de uma opinião. Antes de responder a
primeira pergunta precisamos examinar o conceito biológico de vida. De
acordo com o prof. Oró, autor de uma obra intitulada “Avances de la
Bioquimica” – Salvat, Barcelona, 1977 – pode-se admitir até dez tipos e
definições de vida (nos dias de hoje acrescentam-se mais algumas): vida
inteligente; vida animal; vida vegetal; vida multicelular; vida unicelular, de
células eucariotas (com núcleo visível e desenvolvido); vida subcelular;
virus complexos; virus simples e vida molecular, de uma molécula de DNA
(ácido desoxirribonucleico) que não pode existir em si sem a presença das
enzimas e dos mecanismos necessários para a reprodução do material
genético. Não se pode dar uma definição tão abrangente que possa servir
para todos os conceitos de vida. Conceituar vida tornou-se assim um
intrincado quebra cabeça. Ao responder a pergunta proposta no início deste
segmento, pensamos vida numa dimensão que transcede a tudo que os
biólogos possam definir fazendo uso do conhecimento científico. Mas há
algo que precisamos estar atentos: “Dois elementos ou, se quiserem, duas
forças regem o Universo: o elemento espiritual e o elemento material; da
ação simultânea desses dois princípios nascem os fenômenos especiais que
são naturalmente inexplicáveis, se se faz abstração de um deles,
absolutamente como a formação da água seria inexplicável se se fizesse
abstração de um dos dois elementos constitutivos: o oxigênio e o
hidrogênio.” (Introdução – A Gênese / Allan Kardec). As condições a
serem satisfeitas dependem, portanto, do tipo de vida que se pretende
encontrar, de que natureza é; assim, as condições não precisam ser
exatamente as mesmas. Precisamos determinar com precisão que tipo de
vida pretendemos encontrar. Se for vida biológica, a química não pode ser
diferente, ou seja, os elementos químicos forçosamente deverão ser os
mesmos, as substâncias poderão variar em gênero e número de forma
incomensurável; afinal, podemos comparar os seres vivos orgânicos das
profundas fossas marinhas – como a fossa de Java, por exemplo, com cerca
de 11.000 metros de profundidade – com os animais terrestres ou dos mares
a baixa profundidade? O mesmo se dá, na devida escala com os diversos
ambientes planetários. Mesmo na superfície terrestre, encontramos grande
diversidade nas formas e na natureza dos seres vivos: em que se asemelha
um gafanhoto com o homem? Sua química, por certo. Os elementos
químicos da base constitutiva da vida orgânica precisam estar presentes: a
química do organismo precisa existir.

A segunda pergunta encontra-se a meu ver respondido pela própria


Química. Vou tentar justificar. Não existe outra química se considerarmos a
estrutura da matéria. Precisamos levar em conta dois números importantes.
O primeiro, representado pela letra Z, é o número de prótons no núcleo. Por
exemplo, o número atômico do carbono é 6, portanto, um número inteiro.
O outro é indicado pelo número de prótons mais o número de neutrons,
representado pela letra A e é conhecido como número de massa. Para o
carbono temos A=12. Costuma-se representar o carbono por 12C6. As
propriedades químicas de um elemento são determinadas pelo número
atômico. Assim, para que se tenha o carbono é preciso que se tenha Z=6,
caso contrário não será carbono. Não existe nenhum outro elemento com o
mesmo número atômico. Isto se aplica a todos os outros elementos
químicos. De que modo foi organizada a Tabela Periódica?
A base teórica na qual os elementos químicos estão
arranjados atualmente - número atômico e teoria
quântica - era desconhecida na época de Dimitri
Ivanovich Mendeleev. Foi desenvolvida inicialmente
não teoricamente, mas com base na observação química
de seus compostos, permanecendo no formato
idealizado por várias décadas. Em 1869, Mendeleev,
que gostava de jogar cartas, vencido pela exaustão
depois de trabalhar três dias e três noites em um problema, adormeceu e
sonhou que distribuia sobre a mesa as cartas e viu surgir no lugar dos
naipes, os 63 símbolos químicos conhecidos na época. Ao acordar,
acrescentou ao livro de química orgânica que estava escrevendo, uma
tabela com as cartas que havia criado para cada símbolo, a massa atômica e
suas propriedades químicas e físicas. As cartas foram organizadas seguindo
a ordem crescente de suas massas atômicas. Em 1906, Mendeleev recebeu
o Prêmio Nobel por este trabalho.
Um passo decisivo para a organização da moderna
tabela periódica foi dada, em 1913, pelo cientista
britânico Henri Mosseley ao descobrir que o número de
prótons no núcleo de um determinado átomo, era
sempre o mesmo. Fato que o levou a usar essa idéia
para o número atômico de cada átomo. O trabalho de
Mosseley motivou uma reformulação na tabela
periódica de Mendeleev, que passou a ser organizada de acordo com o
número atômico, trazendo solução para os problemas que antes existiam
na tabela.

Em 1950 tivemos outra alteração significativa com a descoberta do


Plutônio e de toda a série dos actinídios, por Glenn Seaborg outro Prêmio
Nobel. O sistema de numeração dos grupos da tabela periódica atual é
recomendado pela IUPAC (União Internacional de Química Pura e
Aplicada) – utilizam-se algarismos arábicos na numeração que é feita de 1
a 18, da esquerda para a direita, sendo atribuído o grupo 1 aos metais
alcalinos e o 18 o dos gases nobres. Os elementos transurânicos vão do
número atômico 94 até o 102. Já são conhecidos elementos acima do
seabórgio (número atômico 106), mas não há como incluir qualquer outro
elemento abaixo desse, uma vez que a tabela não oferece nenhum espaço e
os números atômicos são números inteiros. Conclusão: não há outra
química!

AS QUESTÕES QUE PRECISAM SER RESOLVIDAS

As questões propostas a seguir,


visam verificar se um determinado
sistema estelar, escolhido como alvo
de estudo, apresenta ou não
características físicas que
possibilitem esferas planetárias
onde a vida orgânica possa se
desenvolver. Utilizaremos o sistema
Capella como modelo para nossas
considerações, afinal nosso objetivo
é mostrar que a crença nos
“exilados de Capella” não passa de
um mito.

A estrela está na seqüência


principal?

O diagrama de Hertzsprung-Russel (HR), que relaciona temperatura


e luminosidade, tomando o Sol como referência, mostra as regiões
ocupadas pelas estrelas de vários tipos ou populações. Na seqüência
principal encontramos estrelas compostas da População I onde o Sol se
encontra. A expressão “população estelar” designa uma coleção de estrelas
dotadas de certas propriedades comuns (físicas ou químicas), ou que
obedecem a uma lei de distribuição bem definida (posições ou
velocidades). As estrelas da População I são mais estáveis, tendo mais
chances de possuir planetas em condições de abrigar a vida orgânica.
Alpha-A e Alpha-B aurigae (Capella) estão fora da seqüência principal na
faixa das gigantes amarelas. No diagrama HR vemos as posições do Sol e
das gigantes amarelas do Sistema Capella.

O fato de não ser satisfeita a primeira condição, ou seja, pertencer à


seqüência principal por si só já constitui uma dificuldade considerável à
existência de vida orgânica em qualquer de suas esferas, pois o item
estabilidade está comprometido. As duas componentes não são
suficientemente estáveis, além de outros fatores negativos que
verificaremos mais adiante.

A estrela possui elementos químicos pesados?

Espectro de Alpha Aurigae ou Capella

Podemos mapear os elementos químicos existentes numa estrela


observando seu espectro, como o que se encontra acima. No caso de Alpha
Aurigae encontramos elementos químicos pesados, como podemos ver nos
espectros ultravioletas do RSCVn sistema luminoso binário, Capella
(HD34029 – G8III + G0III) obtido entre 10 e 13 de dezembro de 1992. Foi
obtido um espectro rico de linhas de emissão num tempo de integração de
20 horas, sendo detectado ferro ionizado identificados como FeXV,
FeXVI, FeXVIII extendendo-se até Fe XXIV. Ainda de acordo com o
“extreme ultraviolet spectre” (70-740 angstrons), a medida de emissão para
o sistema revela uma distribuição contínua de temperaturas de plasma entre
1E+05 K a 1E+7,8 K registrando uma temperatura mínima superficial em
torno de 1E06 K até um máximo de 6E06 K. Com um “electron density
diagnostics” baseado em FeXXI indicando N_ e 4E+11 para 1E+13 cm3 a
T_e=1E+07 K

A estrela ou o sistema é estável? A que classe espectral pertence?

Levando-se em conta o diagrama HR, o espectro e vários dados


colhidos pelas estações observacionais, concluímos que Alpha Aurigae não
é um sistema que se pode dizer estável. Os campos de emissão de plasma
estão configurados na figura abaixo. Não é preciso ser especialista para
entender o que significam.

Capella é um sistema complexo com


duas estrelas amarelas gigantescas
em seu coração, orbitando um centro
comum de gravidade a cada 104
dias. Estes dois não estão sós - eles
são acompanhados por pelo menos
oito outras estrelas. A.K. Dupree
(1), N.S. Brickhouse (1), G.A.
Doschek (2), J.C. Green (3), e J.C. o
Raymond (1)

A classe espectral de Capella


CLASSIFICAÇÃO ESPECTRAL

O - AZUIS E BRANCAS: 35.000 K


B - BRANCO AZULADA : 20.000 K
A – BRANCAS: 10.000 K
F – BRANCO AMARELADAS: 7.000 K
G – AMARELAS: 6.000 K
K – ALARANJADAS: 4.000 K
M – VERMELHAS: 2.500 a 3.000 K

Capella é do tipo
espectral G8III e G0III
(se levarmos em conta
tão somente as duas
gigantes amarelas)

Posição de Capella no
mapa estelar

A estrela tem idade suficiente?

É um outro ponto muito importante: uma estrela pode ser ou muito


jovem ou muito velha para fornecer a quantidade exata de energia a um
planeta que possa abrigar alguma forma de vida orgânica. Se for muito
jovem não terá tido tempo suficiente para desenvolver a química necessária
à vida. Mais do que isso: pode não ter tido tempo suficiente para
“amadurecer” quimicamente os planetas em sua órbita, ou seja, o ciclo vital
não estará completo e as cadeias orgânicas não estarão formadas. Sabemos
que o primeiro elo da cadeia quimico-orgânica evolutiva está situado na
matéria interestelar, constituída primitivamente de hidrogênio. As
transformações termonucleares no interior das estrelas deverão estar
completas para que outros elementos possam ter-se originado sem as quais
não teremos carbono, nitrogênio, oxigênio, etc. E, consequentemente, a
combinação destes elementos organogênicos não ocorrerá para originar
moléculas simples. Em muitas nuvens estelares temos encontrado tais
moléculas e até mesmo, moléculas biológicas mais complexas. Por certo
outras etapas ficam também comprometidas: a evolução protobiológica, ou
seja, mecanismos responsáveis pela interação entre proteinas e ácidos
nuclêicos que acabam por resultar na primeira molécula com capacidade
de auto-reproduzir-se. E evolução biológica, tal como ocorreu em nosso
planeta há mais ou menos 3,5 bilhões de anos e que chegou até o ser
humano, não tem como ocorrer sem que o primeiro elo se estabeleça.

O Sol com cerca de 6 bilhões de anos é


considerada uma estrela de idade mediana e é
estável. Teve tempo suficiente para realizar
todos os cíclos – se um planeta rochoso estiver
na posição certa, dificilmente deixará de
completá-los. E foi o que aconteceu: a Terra
reúne todas as condições.

Diferentemente, Capella é uma estrela muito


jovem, sua idade estimada é de 525 milhões de
anos. Mas seu ciclo de vida será muito menor
do que o do Sol, pois possui aproximadamente
2,7 Msol . A outra componente apresenta massa
2,4 Msol . As outras estrelas do sistema são anãs
brancas, anãs vermelhas e uma anã marron, que
é na verdade uma proto-estrela e suas massas
são consideravelmente menores do que a massa
solar. Seu ciclo de transformações termonucleares ainda não se completou,
mas alguns elementos químicos importantes já existem e algumas
combinações podem ser detectadas: uma nuvem de poeira e moléculas de
água foram encontradas. Mas não é suficiente. Muito provavelmente
Capella não terá tempo para completar todas as etapas, pois uma de suas
componentes caminha rapidamente para o fim. Mostra sinais que a
aproximam de uma supernova. A outra componente já demonstra os
mesmos sinais, embora não tão visíveis – tem massa um pouco menor, vai
mais devagar. Há outro fato a considerar: não possui formação planetária.

Os telescópios eletrônicos estão sendo equipados com instrumentos


de precisão cada vez maior e pouco-a-pouco minúsculos planetas estarão
sendo detectados, e o alcance ultrapassará em breve o raio de 500 Ly.
Atualmente planetas do tamanho de Júpiter podem ser encontrados na
periferia dos 100 Ly.
Estrelas turbulentas, não estáveis,
geralmente, despejam a grandes
distâncias jatos de plasma a elevadas
temperaturas. Inviabiliza qualquer
forma de vida orgânica, mesmo porque
a quantidade de Raio X seria mortal.

Uma estrela agonizante ou explodindo


levaria consigo qualquer formação
planetária e produziria então, uma
reciclagem de quase totalidade da
matéria ao seu alcance.

Dependendo do tamanho e da massa da


estrela, jatos de plasmas podem alcançar
cerca de 200 UA e sua temperatura
pode superar muitos milhões de graus
Kelvin.
É indispensável que a estrela tenha condições de formar planetas
Foto em infravermelho resolve o objeto
2M 1207 e revela a primeira imagem
direta de um planeta extra-solar. Os
astrônomos inferiram que o planeta tem 5
vezes mais massa que Júpiter, enquanto
sua estrela é 25 vezes mais massiva que o
maior planeta do Sistema Solar – o que faz
dela uma anã-marrom. A estrela-mãe do
sistema é QG Lupi e o planeta encontra-se
a uma distância correspondente a 100 UA
ou seja 3 vezes mais que a distância de
Netuno ao Sol, o que ajudou a separar as imagens do planeta e da estrela,
possibilitando assim sua detecção.

O sistema Capella não possui planetas. Foi detectada uma formação


protoplanetária tão somente. Mais um fator contrário à existência de vida
orgânica neste sistema. A existência de planetas em sistemas múltiplos é
possivel, mas suas órbitas estão sujeitas a variações. Logo abaixo
mostramos duas simulações orbitais, uma para cada componente de Alpha
Centauri.
Os Astrônomos estão prestes a deliberar algumas alterações para o
sistema solar. Recentemente (em 2004 e 2005) o astrônomo Michael Brown
causou grande confusão na cabeça dos cientístas com as descobertas que
fêz. Novos corpos celestes foram descobertos:

Santa – identificado em 2004, menor que Plutão, mas possui dois satélites.
Possui um formato oval e não foi considerado planeta pelo seu
descobridor. Coelho da Páscoa – descoberto no período da Páscoa em 2005.
Está sendo considerado juntamente com o Santa fósseis do sistema Solar,
formados há cinco bilhões de anos de
material expelido pelo Sol.

Xena – maior que Plutão, demora 560 anos


para percorrer uma órbita em torno do sol e
num plano transversal. Foi descoberto em
2005 e praticamente obrigou os astrônomos
a repensar o conceito de planeta. Tem um
diâmetro aproximado de 3500 km ou seja
0.5 vezes DPlutão. O achado foi noticiado no
Brasil e no mundo, como sendo o décimo planeta do Sistema Solar. As
descobertas não param aí.

Quaoar – é outro corpo


celeste descoberto por
Brown. Percorre uma
órbita alongada, além de
Plutão. Possui um
diâmetro aproximado de
1250 km, portanto bem
menor que Plutão que tem
cerca de 2360 km. Encontra-se em seu afélio a 8 bilhões de quilômetros do
Sol. É considerado um planetóide.

Sedna – foi descoberto em 2004, chegou a ser considerado também o


décimo planeta fartamente noticiado na imprensa e nos telejornais. Tem
cerca de 1700 km de diâmetro e sua órbita em torno do Sol é percorrida em
10500 anos e é externa a Plutão. O alongamento orbital tem intrigado os
cientistas e segundo me parece é também uma órbita transversa.

Posição de Sedna

Caso sejam validados como planetas, a Lua e todos os satélites com


diâmetro em torno de 1200 km, serão elevados à mesma categoria. Um
novo conceito de planeta poderá surgir. Caso contrário Plutão será
rebaixado e a Terra contará então com apenas 8 planetas. O interessante é
que todas as descobertas de Brown foram possíveis com um telescópio de
mais de 50 anos de uso, que se encontrava abandonado.
Formação protoplanetária

Se todas as questões anteriores estiverem resolvidas


satisfatoriamente, ainda assim há outras que precisam ser contempladas. A
existência de algum planeta no sistema nos arremeça a outras que por sua
vez não são muito simples.

O que é preciso para que um planeta possa abrigar vida orgânica?

É indiscutível que precisa ser um planeta rochoso. No sistema solar,


por exemplo, podemos descartar os planetas: Jupiter, Netuno, Urano e
Saturno, pois são planetas gasosos. Todos eles estão localizados em órbitas
exteriores a Marte e são conhecidos como planetas
jupiterianos ou gigantes gasosos, porque são
compostos basicamente por hidrogênio e hélio.
Costumo dizer que são “estrelas que não deram
certo”. Não podemos dizer que Plutão seja um
planeta terrestre ou rochoso, embora tenha uma
superfície sólida, constituída basicamente de gelo. É
um planeta atípico, não se enquadra em nenhuma das duas classificações
anteriores.

O planeta Jupiter teve o seu nome inspirado no deus grego Zeus, o


rei do Olimpo. Sua composição é basicamente hidrogênio e hélio, a mesma
que encontramos em estrelas como o Sol. Possui um intenso campo
magnético e uma pressão muito alta: cerca de 3.000.000 vezes a atmosfera
da Terra. Seu volume é também colossal, supera em mil e trezentas vezes o
volume do nosso planeta e sua massa é 318 vezes maior, o que denota uma
densidade baixa. Encontra-se a 778 milhões de quilômetros do Sol e no
afélio chega a ficar 950 milhões de quilômetros mais distantes. Possui mais
de 60 satélites naturais descobertos. Sua atmosfera pode ter 200 km de
espessura e é também composta de
hidrogênio e hélio. Toda a sua
superfície encontra-se recoberta
por um “oceano” de hidrogênio
líquido metálico, com cerca de
40.000 quilômetros de
profundidade. Seu movimento de
rotação leva apenas 9h 50min para
completar uma volta. Leva quase
12 anos terrestre para completar
sua órbita em torno do Sol. Sua temperatura de superfície é em média
-147ºC e seu diâmetro é cerca de 143.000 km. É notável pela sua grande
mancha vermelha.

Saturno é um outro planeta que nos interessa. Mais adiante


justificarei o motivo desse interesse. Segundo a mitologia grega, seu nome
corresponde a Cronos, tido como
o deus do tempo. É um pouco
menor que Jupiter, apresenta um
diâmetro de 120.536 quilômetros.
Sua distância média em relação
ao Sol é de 1,4 mil milhões de
quilômetros, com uma
temperatura média de -180ºC. Ele
seria ainda mais frio, se à
semelhança de Jupiter, seu interior não fosse uma fonte ativa de energia
calorífica a ponto de irradiar para o espaço mais energia do que recebe do
Sol. Seu movimento de rotação é completado em 10h 39min e o de
translação, a uma velocidade de 35,5 km/s, em órbita quase circular, leva
29,4 anos terrestres. É composto predominantemente por hidrogênio e
hélio. Seu interior é semelhante ao de Júpiter, formado por um pequeno
núcleo e um profundo oceano de hidrogênio líquido. Possui cerca de 34
satélites naturais identificados até agora. Titã é o maior e mais famoso de
todos, chega a ser maior que Mercúrio e pode ser elevado à categoria de
planeta. Sua atmosfera é peculiar, composta principalmente de nitrogênio e
metano em estado líquido e gasoso.

Descartamos qualquer forma de vida orgânica nos planetas gasosos,


ao contrário do que sustentam alguns mitos. Um raciocínio precipitado
poderia levar algumas pessoas a supor que estamos negando a possibilidade
de vida em outras esferas planetárias. Apenas não vemos possibilidade de
quase totalidade dos planetas conhecidos apresentarem formas de vida
orgânica. É temerário tomar por base apenas a literatura mediúnica para
concluir pela existência de globos habitados, uma vez que é precário o
controle das intervenções espirituais. Há a acrescentar o fato de Camille
Flammarion, insigne astrônomo francês, ter sido o médium responsável por
muitas das mensagens publicadas na Revista Espírita de Allan Kardec e na
Codificação Espírita. A imaginação de Flammarion era muito fértil, tanto
que várias de suas obras são de pura ficção. Ainda muito jovem, escreveu
“A Pluralidade dos Mundos Habitados” e sua fama foi sendo construída
rapidamente a cada publicação, seus livros não paravam nas estantes das
livrarias; 500 exemplares do livro de filosofia científica esgotou-se em
muito pouco tempo. Conquistou a admiração de Saint-Beuve, Henri
Martim, Allan Kardec – do qual se tornou
amigo-, Victor Hugo, que lhe possibilitaram
estudos e uma efetiva construção de
conhecimentos envolvendo a espiritualidade.
Seus trabalhos se avolumavam e ganhavam em
qualidade, conquistando mais ainda o gosto do
público. Mas seu gosto pela ficção não á
abandonado: “Os Mundos Imaginários dos
Reaes” é uma outra obra que também encontra
aceitação. Com apenas 23 anos torna-se
redator científico da Revue Française. Seu
primeiro contato com a doutrina dos espíritos
se deu em uma livraria onde ele teve acesso a
“O Livro dos Espíritos” em 1861, onde
encontrou, entre outros assuntos, os que
estavam sendo tratados no livro que estava escrevendo: Pluralidade dos
Mundos Habitados. Foi quando procurou Allan Kardec e passou a
frequentar a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. “Durante seus
exercícios de “escrita automática” obteve diversas mensagens atribuídas ao
Espírito Galileu, algumas das quais aproveitadas por Kardec em “ A
Gênese”. O próprio Flammarion coloca em dúvida sua própria
mediunidade, dando provas da retidão de seu caráter, coisa incomum entre
grande maioria dos médiuns de hoje. Esta dúvida passa a perseguí-lo até o
final de sua existência terrena. Em sua autobiografia ele deixa claro que
não estava negando a existência dos Espíritos e a sua comunicabilidade,
mas colocava em dúvida a forma de se identificar as comunicações
predominantemente anímicas das comunicações autenticamente
mediúnicas. Ainda hoje este problema não foi resolvido satisfatoriamente.
“Eu não demorei a observar que as nossas coumicações mediúnicas
refletiam simplesmente nossas idéias pessoais, e que Galileu por mim, e
que os habitantes de Júpiter por Sardou, são estranhos a estas produções
incoscientes dos nossos espíritos” (Flammarion – 1923)

É importante destacar que, durante a época em que Camille


Flammarion redigia suas memórias, manifestava seu ressentimento com o
movimento espírita da época, especialmente com os que adotam a postura
de crédulos e que parece terem se voltado contra suas idéias de parcimônia
científica para com as pesquisas espíritas. Ele admite a existência de
“forças desconhecidas e faculdades da alma ainda inexplicadas”
(Flammarion – 1911).

“Há espíritas de uma fé cega, que estão certos de estar em


comunicação com os Espíritos. Não há argumentação entre eles. Não me
perdoam de não partilhar de forma alguma de suas certezas, que se tornam
crenças religiosas em suas casas. Mas há entre estes, outros que
compreendem que apenas o método científico nos pode conduzir ao
conhecimento da verdade. Estes se tornaram meus amigos” (Flammarion –
1911).

Parafraseando Flammarion há entre nós, espíritas de uma fé cega que


sustentam a crença de que Júpiter, Saturno, Marte e Capella (um planeta
capellino) sejam habitados por seres moral e cientificamente mais elevados
que os da Terra, com base em opiniões duvidosas atribuídas aos Espíritos,
negando-se a considerar provas científicas em contrário.

Os planetas estão à distância “certa”?

Por que é importante que os planetas estejam à distância certa


da(s) estrela (s) componentes do sistema?

Apesar do cáos que parece reinar em diversas partes do Universo, os


astrônomos têm encontrado certa ordem entre os planetas do nosso sistema
solar e entre os planetas de alguns outros sistemas estelares. A categoria
estabelecida para classificar os planetas solares não se pode aplicar aos
extrasolares. Por exemplo, o Sistema Táu Boötis (HD209458b), 50 Ly da
Terra, apresenta um gigantesco planeta gasoso, com massa 1000 vezes
maior do que a da Terra (tamanho similar ao de Júpiter), 1200 °C de
temperatura, com um movimento de translação tão rápido que o ano tem
uma duração correspondente a apenas três dias terrestres. Encontra-se a
apenas 7 milhões de quilômetros da estrela-mãe.
Este planeta recebeu o nome de Osiris, e foi descoberto em 1999 por
George Marcy e Paulo Butler. Em 2003, uma equipe internacional, liderada
por Alfred Vidal-Madjar (Instituto de Astrofísica de Pais) detectou um
processo de evaporação acentuado. Em decorrência de sua proximidade da
estrela-mãe, o planeta é atingido com grande intensidade e arrasta parte de
sua atmosfera. Táu Boötis é uma estrela do mesmo tipo espectral do nosso
Sol, com mangnitude 7 e não pode ser visto sem o uso de lentes
prismáticas. Em sua atmosfera foram detectadas moléculas d’água em
grande quantidade, sendo notável a presença de oxigênio e carbono.
Convém ressaltar que Osiris é também um gigante gasoso, e em sua
atmosfera os elementos tendem a combinar-se muito rapidamente,
conforme denunciam o estado livre dos mesmos. Em Júpiter e em Saturno,
os átomos de hidrogênio, oxigênio e carbono se encontram combinados,
sendo encontrados em moléculas de metano e água na alta atmosfera e na
forma livre na baixa atmosfera. Mas devido as altas temperaturas de Osiris
os enlaces químicos destas moléculas são rompidos. Calcula-se que em Táu
Boötis ou HD209458b escapam para o espaço cerca de 10 mil toneladas de
hidrogênio a cada segundo. O vento estelar ao arrastar estes átomos forma
uma enorme cauda de matéria luminosa. O mais importante vem agora: de
acordo com a equipe de Alfred Vidam Madjar, devem exisitir planetas
similares a Osiris cuja atmosfera tenha se vaporizado por completo,
deixando a descobertos seus núcleos rochosos dando origem a planetas tais
como Venus, Terra e Marte. Muito provavelmente assim nasceram os
planetas terrestres. Há indícios que nos permitem pensar num caminho
diferente do até então admitido para a evolução planetária, desde sua
origem. O grande número de planetas gasosos nos leva a supor que todos
os planetas terrestres tenham antes sido gigantes gasosos muito próximos
de suas estrelas-mães e que mudaram de posição como bolas de uma
partida de bilhar. Estas mudanças podem colocá-los a uma distância
favorável da estrela-mãe e assim possibilitar o desenvolvimento da vida
orgânica.
Existem outros planetas onde a vida orgânica é altamente
improvável. Segundo os astrônomos, notadamente os equipados de melhor
tecnologia observacional – seguramente os telescópios e centrais
observacionais eletrônicos – além dos inóspitos gigantes superquentes,
muito próximos de estrelas, temos outros em posições também
desfavoráveis. Se, por exemplo, Júpiter estivesse no lugar de Mercúrio ou
ainda mais próximo, lá estaria ocorrendo o mesmo que se verifica em
Osiris, mas neste caso a Terra também não teria muita chance de abrigar
vida orgânica no estágio atual:
seria atingida por toneladas de
hidrogênio empurradas pelo
vento solar. Os astrônomos
encontraram outras situações
interessantes e consideramos
inóspitas à vida orgânica:
planetas que, apesar de se
localizarem ao lado de suas
estrelas, são extremamente gelados. É o caso do planeta que gira a apenas
32 quilômetros de Gliese 876, com 670 vezes a massa da Terra e que
apresenta uma temperatura de -90°C. Esta temperatura baixa somente pode
ser explicada pelo fato da estrela-mãe ser uma estrela do tipo espectral M
de baixa atividade: com uma temperatura oscilando entre 3000 e 4000
graus célsius, tendo massa três vezes menor que o nosso Sol, ela não
consegue aquecer o planeta vizinho como o Sol e outras estrelas fariam.

Algumas situações semelhantes à do nosso sistema solar também são


comuns, onde são detectados planetas gelados afastados de sua estrela-mãe.
Por exemplo, em Upsilon Andromedae temos um planeta em sua órbita a
uma distância de 360 milhões de quilômetros, ou seja, a 2,4 UA, com uma
temperatura média de -70°C. Tem sido observados planetas a distâncias
medianas de suas estrelas, entre os gigantes de superaquecidos e os gélidos,
como no sistema HD134987 – na costelação de Libra – a 82 Ly da Terra:
um planeta com uma temperatura superficial de aproximadamente 42°C,
perfeitamente suportavel por qualquer habitante, durante o verão, do Rio de
Janeiro. Com essa temperatura seria de se esperar alguma forma de vida
orgânica por lá, se não fosse um grande incoveniente: sua força
gravitacional esmagaria qualquer ser vivente como os que temos na Terra,
isto sem contar sua altíssima pressão atmosférica.

Contém os elementos químicos adequados?

É um outro problema importante. Se o planeta não se encontra à


distância certa e se não tem a química adequada, nada de vida orgânica. E
qual pode ser a química

adequada?

A explosão de uma estrela pode ser um dos mais notáveis entre todos
os fenômenos cósmicos.

A Química é a Ciência que estuda a estrutura e composição dos


diferentes materiais que compõem o Universo, bem como as suas
transformações e fenômenos que nelas ocorrem. Sabemos que a matéria
básica constitutiva do Universo é o hidrogênio (H) – presente tanto na
esfera terrestre como em todos os outros planetas, em todas as estrelas e
nuvens protoestelares e protoplanetárias. Segue-se, em importância para as
estruturas orgânicas, o carbono (C) pelo fato de apresentar 4 elétrons na
camada mais externa, o que facilita a ligação com um outro átomo de
carbono, possibilitando assim a formação de uma cadeia que pode receber
o hidrogênio, e com ele agrupar-se em três ordens diferentes, tornando a
simetria invariante, pois apresentará um tríplice C2 (ou seja 3C2) distintos:
C2H6 (Etana), C2H4 (Etileno) e C2H2 (Acetileno) – são os hidrocarbonetos.
O hidrogênio e o carbono são encontrados no Sol de forma abundante: Para
cada 106 de átomos de hidrogênio encontramos 50/200.000 de hélio, 500 de
oxigênio, 400 de nitrogênio, 200 de carbono, fora os demais como
magnésio, silício, enxofre, alumínio, sódio, cálcio e ferro, entre outros. Os
átomos de hidrogênio, carbono, nitrogênio e oxigênio são os elementos
mais comuns na constituição dos congregados moleculares que formam a
estrutura dos seres orgânicos. Encontramos também, em alguns
constituintes vitais, porém em quantidades menores outros elementos como
o enxofre e o fósforo. Certos processos bioquímicos dependem de alguns
metais, tais como o ferro e o cobre; substâncias como o magnésio, o cálcio,
o sódio e o potássio, entre outras, têm presença reduzida mas são essenciais
à matéria viva. O correto funcionamento da fisiologia celular depende de
alguns elementos como o zinco, o cobalto e muito provavelmente também
do gálio e do boro. A natureza química dos corpos celestes é o alvo
principal da astronomia planetária e hexoplanetária. Qual a composição do
solo de Marte? De que são constituídos os satélites de Jupiter e de Saturno
e seus anéis? A terra tem sido bombardeada por fragmentos do universo
trazendo mais química em seus componentes. A compreensão da Química
vai pouco a pouco desvendando o mistério da origem da vida, de como se
formaram as primeiras moléculas quirais, ou seja, moléculas que possuem a
propriedade de fazer girar o plano de polarização da luz polarizada.

A Química da Terra é a mesma do Universo, não existe outra


química. A composição química do Universo consiste principalmente de
hidrogênio e hélio. Todos os demais elementos químicos existentes
aparecem com percentuais muito pequenos. Se pesarmos todos os bários
existentes no Universo constataremos que 75% são de hidrogênio, 24% de
hélio e apenas 1% corresponde a todo o resto, conforme mostra a figura
acima.

Em nosso planeta a vida teve origem somente após a ocorrência da


água no estado líquido e de compostos químicos baseados no carbono. Já
existe um consenso sobre isso entre químicos e astrônomos. Não vejo como
acaso tal evento. A biota, ou seja, conjunto de sistemas vivos está
fundamentada em um meio aquoso e no carbono que tem uma grande
capacidade de ligação com outros átomos, permitidno a formação de
extensas e complexas cadeias moleculares. Grande maioria dos
exobiólogos acredita que o padrão biológico da Terra é universal e será
encontrado em muitos mundos. Não considero nosso planeta privilegiado e
sim suficientemente preparado para abrigar uma grande diversidade de vida
biológica. Por certo pode haver outro padrão de vida biológica, mas não
tão eficiente quanto a cadeia carbônica. Conter elementos químicos
adequados é fundamental: sem carbono, sem hidrogênio, sem nitrogênio,
sem oxigênio, dentre os principais, não há como pensar em vida biológica.
Este fato somente sofre questionamento por parte dos leigos em
exobiologia.
Os primeiros estudos sobre o nucleossíntese primordial feitos por
George Gamow e seus colaboradores, em 1948, mostraram sem deixar
dúvidas que a composição química do Universo primordial não deveria
conter outros elementos químicos senão os que encontramos nas estrelas
mais novas. A descoberta dos ciclos de reações nucleares estelares veio
explicar o processo de formação do hélio até o ferro. Os trabalhos sobre
nucleosíntese explosiva, que ocorre durante os estágios finais da evolução
de estrelas de grande massa (com valores que igualam ou ultrapassam 8
vezes a massa solar), explicam a formação de elementos compreendidos
entre o ferro e o urânio. Certamente não causa surpresa a idéia de que o
hidrogênio possa ser o elemento primordial para a geração de todos os
outros elementos químicos, únicos e universais. A foto acima exibe um
possível fóssil de bactéria encontrado em um meteorito marciano, segundo
a revista Science de agosto de 1996. Tem uma idade calculada em 4000
milhões de anos.
O processo de formação dos elementos químicos é conhecido como
nucleosíntese. No interior de estrelas como o nosso sol, as temperaturas
e/ou pressões, desencadeiam interações do tipo próton-próton, cuja cadeia
expõe a antipartícula pósitron codificada como e+, o neutrino ν e a radiação
gama γ. A figura acima ilustra os estágios inciais para a formação de
elementos pesados nessas estrelas agonizantes.

Se é assim, porque então os Espíritismo afirmaram na Codificação


Kardeciana, que todos os mundos são habitados?

Como vimos até aqui, ao submetermos o sistema Capella a uma


correta apreciação científica, logo descartamos a possibilidade de que
tenha em algum tempo abrigado alguma forma de vida orgânica e muito
menos uma humanidade que possa ter-se exilado na Terra. O mesmo
ocorrerá com muitos outros globos planetários. Por certo ainda sobrarão
muitos mundos que fornecerão respostas positivas a todas indagações
investigativas. Por certo muitos mundos são habitados. Quanto mais nos
aprofundamos no estudo da exobiologia mais nos convencemos que os
planetas – todos eles – têm um papel significativo na seqüência evolutiva
que acaba possibilitando o advento do ser biológico e consequentemente da
vida inteligente.
Os exilados não são de Capella

“O Mundo consta de séries muito bem ordenadas de causas e efeitos. É


ofício do Filósofo indagar estas coisas.”

Antonio Genovesi (*)

Ser Espírita significa também ser racional, porque, conhecendo as


relações das coisas, avalia e raciocina. Ainda de acordo com Genovesi, a
verdade se defende com a verdade e argumentos, não com violência e
palavras injuriosas. Somente os que temem a verdade, temem os filósofos,
tentam silenciá-lo sob pretextos vis.

A todos compete indagar a verdade e encontrar caminhos para o


entendimento com que podemos distintamente perceber os objetos, julgar,
raciocinar, abstrair, refletir, imaginar, recordar-nos, etc. Segundo Allan
Kardec “Toda idéia nova vem, necessariamente, suplantar uma idéia velha.
Se ela é falsa, ridícula e impraticável, ninguém lhe dá importância, pois,
instintivamente, compreende-se que não tem vitalidade. Deixam-na morrer
de morte natural. Se é justa e fecunda, ela atemoriza aqueles que , a
qualquer título, por orgulho ou interesse material, estiverem interessados
em manter a idéia antiga. Estes a combaterão, e, com tanto ardor quanto
melhor perceberem o perigo, que representa aos seus interesses.”

Qualquer neófito da Doutrina Espírita tem contato com a “lenda” dos


exilados de Capella. Crescem com ela, tem contato com um sem número de
livros que repetem a mesma história sem ao menos pensar em sua lógica,
sem verificar o que a Ciência tem a dizer a respeito. Quando aparece
alguém com uma idéia nova que contesta a antiga, causa comoção e levanta
contra ele a indignação de todos os crentes, que não se importam em negar
os mais inteligentes critérios para verificação da verdade. Têm receio de
colocar suas idéias em confronto, esquecendo-se de que “Não há fé
inabalável senão aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as
épocas da Humanidade.” A realidade o tem demonstrado: centros espíritas
evitam tocar no assunto, proibem e calam os que ousam contestar
Emmanuel; o tema foi proibido até mesmo em uma emissora de rádio sob a
alegação de que “a maioria aceita que os exilados vieram de Capella”.
Calar um filósofo é a maior violência que se pode cometer contra ele e suas
idéias. “Pode-se, de modo geral, julgar a importância de uma idéia pela
oposição que ela suscita.” (Allan Kardec). De fato, temos recebido forte
oposição de todos os lados, mas grande parte delas decorrente da
ignorância demonstrada pelas pessoas tanto no que afeta a Ciência material
como também a metodologia kardeciana. Faltam noções de epistemologia.
Em ciência trabalha-se com fatos. Observado um FATO, elabora-se uma
hipótese. A experimentação é importante para testar a hipótese. Os fatos
previstos devem ser confirmados pela observação e experimentação que
deve ter como objetivo a solução do problema que está sendo estudado. No
Movimento Espírita atual improvisa-se quase sempre e para formular uma
hipótese basta a palavra de um Espírito, seja qual for o médium; nada é
verificado: a autenticidade da assinatura, a universalidade, a validade da
informação. A maioria vive ainda imersa na fantasia, ou seja, na formatação
que são dadas às coisas que não se tem como provar diretamente ou por
ignorância ou por falta de vontade; são imagens que são aumentadas
livremente ou ajuntadas a outras imagens. Subprodutos da imaginação de
um Espírito ainda imperfeito. Capella assim está configurada, desde os
tempos antigos quando a estrela já exercia certo fascínio.

Capella já foi chamada de “cabra-estrela-chuvosa”, pois a palavra


“cabra” era associada a “vento de tempestade”, pois nos meses em que se
apresentava mais visivel e esplendorosa no firmamento, coincidia o período
de chuvas e ventos fortes, inundações e tormentas. Entre os árabes teve
vários nomes: Ayyuk, Alathod, Alkatod, Alatudo, Atud, e Al’Ans. É
simbolizada por uma figura que apresenta o cocheiro trazendo sobre seu
ombro esquerdo uma cabra. Durante algum tempo foi também conhecida
como Amalthea, que consultou a cabra que amamentou o bebe Zeus
(Jove/Jupiter). Amalthea era a mãe do Haed (as duas estrelas descritas
como cabras do pequeno Zeta (Hoedus 1) e Eta Aurigae (Hoedus 11) que
foi posta de lado para acomodar seu filho, e com sua irmã Melissa,
alimentou o deus-infanto com leite da cabra e mel . No Egito, Capella teve
lugar no Zodíaco de Denderah, onde aparece representada pelo gato
mumificado na mão estendida de uma figura masculina coroada com penas.
É uma estrela importante e alvo de adoração do templo egípcio do grande
Ptah. Entre os gregos também se apresenta como objeto de adoração, onde
pode ter sido o ponto de orientação de um templo em Eleusis consagrada à
deusa Diana. Na India, Capella era tida como sagrada – conhecida como
Brahma Ridaya ou seja “Coração de Brahma. Na Babilônia na língua
Akkadian (uma das notáveis linguas da história do mundo antigo) aparece
grafada como I-ku dik-gan, que significa “mensageiro da luz”, e também
como Babill dil-gan ou seja “Estrela padroeira da Babilônia”. Uma
inscrição cuneiforme Akkadian, utilizada , segundo se supõe para consultas
espirituais dirigidas à Capella, foi traduzida por Jensen Askar, como “deus
da tempestade” e a “a tabuleta dos trinta ursos das estrelas” ou o seu
sinônimo Miliampère-um-tu. Segundo José de Costa, jesuita espanhol que
viveu no século XVI, os antigos peruanos identificavam essa estrela como
Colca ou seja pastor. Como vimos, Capella, era utilizada por muitos povos
como centro de adoração ou como oráculo e adivinhatórios, conservando
assim forte mistiscismo em seu entorno. E não é de estranhar que essa
tradição tenha chegado aos brasileiros, visto que sua adoração vem de
tempos remotos. Algumas pessoas, certamente, vão querer ver nisso uma
“prova” de que os exilados vieram de Capella, sem atinar que não passa de
fascínio natural que o Espírito humano sempre nutriu pelos astros,
principalmente por aqueles que mais enfeitam os céus. Os costumes antigos
são transmitidos pelos espíritos mais ingênuos em ciência e/ou em
moralidade, de encarnação a encarnação, e somente se libertam deles
quando passam a compreender os astros como esferas que completam o
cenário do Universo material, destinados a atender os propósitos da vida
em sua extensão cósmica. Adorá-los, seja qual for a forma, é sinal de
sentimentos primitivos dominantes. Afinal, mais difícil do que convencer
alguém a aceitar novos conceitos é convencer alguém a “se livrar” dos
velhos.

OS ESPÍRITOS NÃO REVELAM FATOS CIENTÍFICOS QUE


COMPETEM AO HOMEM, PELO SEU ESFORÇO, DESVENDAR:

Os Espíritos não podem guiar descobertas nem investigações


científicas. A Ciência é obra do gênio e só deve ser adquirida pelo trabalho,
pois é por este que o homem progride. Que mérito teríamos nós se, para
tudo saber, apenas bastasse interrogar os Espíritos? Por esse preço, todo
imbecil poderia tornar-se sábio. (CI – cap. X)

Os Espíritos não se manifestam para libertar do estudo e das


pesquisas o homem, nem para lhe transmitirem, inteiramente pronta,
nenhuma ciência. Com relação ao que o homem pode achar por si mesmo,
eles o deixam entregue às suas próprias forças. Isso o sabe hoje
perfeitamente os espíritas. De há muito, a experiência há demonstrado ser
errôneo atribuir-se aos Espíritos todo o saber e toda a sabedoria e supor-se
que baste a quem quer que seja dirigir-se ao primeiro Espírito que se
apresente para conhecer todas as coisas. Saídos da Humanidade, eles
constituem uma de suas faces. Assim como na Terra, no plano invisível
também os há superiores e vulgares; muitos, pois, que, científica e
filosoficamente, sabem menos do que certos homens; eles dizem o que
sabem, nem mais, nem menos. Do mesmo modo que os homens, os
Espíritos mais adiantados podem instruir-nos sobre maior porção de coisas,
dar-nos opiniões mais judiciosas, do que os atrasados. (GE – cap. I: 60)

Não obstante os apontamentos kardecianos, a todo o momento vemos


publicadas obras atribuídas aos Espíritos, num visível processo de
banalização da psicografia e/ou da inspiração, portadoras de informações
pseudo-científicas, como se tivessem, autoridade e permissão para
antecipar descobertas aos homens. No tempo de Kardec, muitas mensagens
contendo relatos de vidas em outros planetas, como Jupiter e Saturno, eram
bem comuns, mas a prática era submetê-las à apreciação dos estudiosos e
especialistas em ciências, à comunidade espirita, a outros Espíritos e aos
demais homens, na Europa e na América, através da publicação da Revue
Spirite. Hoje, os meios eletrônicos de comunicação, possibilitam um
“campo de ensaio” incomensuravelmente maior do que o que Kardec
utilizava:

“Aliás, os leitores assíduos da Revue hão tido ensejo de notar, sem


dúvida, em forma de esboços, a maioria das idéias desenvolvidas aqui nesta
obra, conforme o fizemos, com relação às anteriores. A Revue, muita vez,
representa para nós um terreno de ensaio, destinado a sondar a opinião dos
homens e dos Espíritos sobre alguns princípios, antes de admiti-los como
partes constitutivas da doutrina.” (Introdução da 1ª edição publicada em
1868)

Esse é o motivo pelo qual não se admite a Revista Espírita como


sendo uma obra da Codificação Kardeciana, nem como sendo sua
complementação..

“ ... lembrai-vos de que, se á absurdo repelir sistematicamente todos


os fenômenos de Além Tumulo, também, não é prudente aceitá-los de olhos
fechados (...) nunca será demasiado repetir: não aceiteis nada cegamente.
Que cada fato seja submetido a um exame rigoroso, minucioso,
aprofundado e severo” (O Livro dos Médiuns).

ALGUMAS CONTRADIÇÕES DO LIVRO


A Caminho da Luz
História da Civilização à Luz
do Espiritismo

Eis o que se lê logo no frontispício da obra de F. C. Xavier que se


atribui ao Espírito Emmanuel. Mais adiante, encontramos no Antilóquio
uma observação que lhe é contraditória. “Não deverá ser este um trabalho
histórico. A história do mundo está compilada e feita. Nossa contribuição
será à tese religiosa, elucidando a influência sagrada da fé e o ascendente
espiritual, no curso de todas as civilizações terrestres.”
Afinal, trata-se ou não da História da Civilização? Se não houve um
exame criterioso da obra, em todos os seus aspectos, pode então se afirmar
como sendo “à Luz do Espiritismo” ?

“A primeira, verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da


nebulosa solar, a fim de que se lançassem, no Tempo e no Espaço, as
balizas do nosso sistema cosmogônico e os pródromos da vida na matéria
em ignição, do planeta (...)”

“Laboratório de matérias ignescentes, o conflito das forças telúricas e


das energias físico-químicas opera as grandiosas construções do teatro da
vida, no imenso cadinho onde a temperatura se eleva, por vezes, a 2.000
graus de calor, como se a matéria colocada num forno, incandescente (...)”

Quando trata da solidificação da matéria, Emmanuel comete um erro


científico grave que revela seu desconhecimento da Química Elementar: Na
grande oficina surge, então, a diferenciação da matéria ponderável, dando
origem ao hidrogênio.

Anteriormente ele admitiu ter a Terra se desprendido da nebulosa


solar e depois que ela se formara de matérias ignescentes. Como entender
uma nebulosa sem hidrogênio? E a matéria ignescente que solidificou? Por
acaso não se encontra hidrogênio na matéria que aflora à superfície do
planeta originárias das camadas igneas ainda existentes no interior da
Terra?
Qualquer discussão que se possa fazer a respeito da composição
química da Terra primitiva terá, forçosamente, de começar por sua
atmosfera. Tanto astrônomos como geofísicos estão convictos de que a
atmosfera continha hidrogênio em abundância. Em 1929 chegou-se à feliz
conclusão de que o hidrogênio é o elemento predominante do sistema solar
e hoje se sabe que é também predominante no Universo. 80% da massa
solar é constituída de hidrogênio.

Existe a possibilidade de a Terra ser os “restos” de um planeta


gigante que teve grande parte de seu hidrogênio varrida pelos ventos
solares no seu primeiro bilhão de anos de existência.

Há quem defenda outra origem. De acordo com alguns cientistas,


nosso planeta deveria ter sido uma enorme massa pastosa incandescente
que ao longo do tempo se resfriou, desprendendo gases e vapores. De
qualquer forma o hidrogênio é o primeiro elemento presente em qualquer
formação primária estelar ou planetária. Assim como os demais planetas do
Sistema Solar, a Terra foi provavelmente originada através de uma força
gravitacional que condensou diversos materiais preexistentes no espaço.
Tais materiais foram constituídos de partículas como poeira cósmica e gás.
Muitos elementos químicos formados entraram nesta composição, sendo
que os elementos mais densos tenderam a permanecer no centro deste
redemoinho gravitacional. Por outro lado, os elementos menos densos, os
gases, permaneceram na superfície deste redemoinho. As temperaturas do
núcleo do redemoinho permaneceram bastante elevadas e baixavam
gradualmente nas regiões que se aproximavam da superfície. Ainda hoje os
resquícios destas origens podem ser observados: o núcleo da Terra é
constituído de materiais como o níquel e o ferro, em estado ígneo.
Considero mais atraente a primeira possibilidade, pois abre amplas
possibilidades de termos muitos outros planetas semelhantes à Terra e de
que outros incontáveis sejam formados ou melhor, transformados.

“Nos mapas zodiacais, que os astrônomos terrestres compulsam em


seus estudos, observa-se desenhada uma grande estrela na Constelação do
Cocheiro, que recebeu, na Terra, o nome de Cabra ou Capela. Magnífico
sol entre os astros que nos são mais vizinhos, ela, na sua trajetória pelo
Infinito, faz-se acompanhar, igualmente, da sua família de mundos,
cantando as glórias divinas do Ilimitado.”

Em nenhum momento Emmanuel percebeu que não se tratava


de uma estrela, mas de um sistema de estrelas, onde duas componentes
impressionam por suas turbulências.

CAPELLA ou ALPHA AURIGAE


Apresenta-se bem visível no
hemisfério norte principalmente no
inverno. Capella brilha quase diretamente
em cima, sua aparência, por certo não
denuncia seu caráter múltiplo e se
apresenta como uma das três estrelas
brilhantes espalhadas em torno do céu do
norte. Apresenta o mesmo brilho, de
Arcturus suave e alaranjado, de Vega
quente e branco. Assim podemos ver
Capella como uma estrela de tonalidade
amarelo-branco e no meio da escala de
temperatura. Quando apontamos para o
sistema Capella as lentes do Hubble ou
modernos telescópios eletrônicos que são
verdadeiras estações de observação, temos outra realidade. A mesma
foto, fizemos passar por um filtro, tornando possível uma visão mais
detalhada do efeito maré existente entre as duas componentes gigantes
e a captura de massa por parte de Alpha Ab companheira de Alpha Aa.

As outras componentes do sistema não estão visíveis na foto, pois a área


coberta era pequena se levarmos em conta a extensão do sistema.

Visualmente não há como deixar de perceber


a deformação sofrida por Alpha Ab em
presença de Alpha Aa. Há um fluxo de massa
estelar de Ab para Aa.

Na Terra o efeito maré devido à Lua é


percebido com a variação das marés, daí ter
emprestado o nome ao fenômeno. A Lua encontra-se a uma distância
segura e não há captura de massa lunar pela Terra.

Esquema comparativo das dimensões do Sol com Alpha Aa Capela ou


Aurigae, Arcturo e Aldebaran

ALDEBARAN

ARCTURO

SOL α A AURIGAE
As nove componentes conhecidas até o momento são:

ALPHA-Aa AURIGAE
ALPHA-Ab AURIGAE
NSV01897
13 AUR
HR34029
SAO 40186
BD+451077
FK5:193
WDS 05167+4600A
Trata-se de um sistema estelar constituído de uma estrela do tipo
GIII - Alpha A Aurigae (Capela A), a mais brilhante na constelação e a
sexta mais brilhante no céu inteiro. Seu nome em latim significa “a
Ela-Cabra” e segunda estrela dominante também é do tipo G8-k0 IIIe
spectral-luminosity, alta fonte de Raio X (emite 10000 vezes mais do
que o Sol) – provavelmente por causa da atividade magnética de sua
superfície, similar àquela vista no Sol, mas não se pode garantir que a
estrela é sua fonte única . É também emissora de plasma superquente,
algo em torno de 30 mlhões Kelvin. Cada uma das componentes
apresenta a mesma temperatura de superfície que o Sol (cerca de 5500
K). Raios equivalentes a 9 e 12,2 vezes o raio solar. A estrela principal
do sistema é uma estrela variável do tipo RS-CVn, tendendo para uma
supernova do tipo NSV1897. Completam o sistema 7 outras estrelas,
sendo dois pares de anãs brancas, um par de anãs vermelhas e uma
anã marron - nenhum planeta foi encontrado. Suspeita-se de uma
formação protoplanetária.

Capella não se encontra na sequencia principal, pois se trata de um


sistema onde as duas estrelas principais são gigantes amarelas
instáveis, massas respectivamente iguais a 2,4 e 2,7 da massa solar, com
um ciclo de vida equivalente a ¼ da solar, rapidamente caminham para
a fase de super nova. O sistema é bem mais jovem do que o nosso Sol -
numa escala comparativa humana, se o Sol tem 30 anos, podemos dizer
que Capela tem 31 meses de vida se tanto, e mesmo assim é um sistema
envelhecido. As estrelas de maior quantidade de hidrogênio morrem
mais cedo, ou seja, atingem seu ciclo vital mais rapidamente. Possui
cerca de 525 milhões de anos. As duas juntas têm um brilho que varia
de 80 a 150 vezes maior do que o nosso Sol. Estão afastadas por
aproximadamente 100 milhões de quilômetros. Segundo os cálculos
que andei fazendo, elas estão “perigosamente” próximas uma da outra
e perto da distância crítica, posso até prever para daqui uns dez ou
quinze milhões de anos a explosão de uma delas pelo efeito da maré. Se
tal ocorrer a parte da matéria ignescente poderá ser absorvida pela de
maior massa e outra parte considerável poderá originar inclusive
alguma formação planetária (obviamente trata-se apenas de uma
hipótese digna de contestação com observações mais detalhadas).

As outras companheiras de Capella são mais fracas, são estrelas


vermelhas não ofuscantes do tipo anã M e anãs brancas, tendo uma
anã marron orbitando a quase 1 ly de distância do par principal. O
nosso Sol é uma estrela amarelada também do tipo espectral G. As
estrelas do tipo G apresentam uma temperatura de superfície na escala
de 5000 K a 5800 K. Têm em seu espectro muitas linhas de absorção
de metais neutros e ionizados, junto com algumas faixas de absorção
molecular. As linhas de espectrais H e K do cálcio ionizado são
particularmente fortes. As estrelas principais de G da seqüência, de
que o Sol, Aa Aurigae e Ab Aurigae, são os alvos principais das buscas
de plenetas extrasolares (ou exoplanetas). As estrelas gigantes do tipo
G, tais como Capella, são ligeiramente menos quentes e mais luminosas
do que suas contrapartes principais da seqüência, comparadas com as
supergigantes do mesmo tipo com massas de 12 e 16 vezes a
correspondente massa solar, e de uma luminosidade de 10.000 a
300.000 vezes maiores do que o Sol.
“Há muitos milênios, um dos orbes da Capela, que guarda
muitas afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um
dos seus extraordinários ciclos evolutivos.”

Diante do que vimos até aqui, não há como entender tais


afinidades com o globo terrestre. Além do mais, são informações que,
se fossem verdadeiras não seriam dadas por um Espírito sério, como
vimos, mais acima, na Codificação Espírita. Não acreditamos que tal
mensagem realmente tenha partido de Emmanuel.

Sabemos que Capella tem componentes que são anãs brancas e


vermelhas. Essas últimas, são estrelas pequenas não ofuscantes, abaixo
da seqüência principal, do tipo espectral M ou K. As propriedades
características das anães vermelhas sâo: possui pequena massa, algo
em torno de 0,1 a 0,5 da massa solar; temperatura de superfície
correspondente às baixas faixas de absorção, entre 2500 K a 3500 K,
molecular, proeminente no espectro com as faixas do óxido titanium,
dominantes na extremidade mais baixa da escala de temperaturas;
camadas interiores inteiramente convectivas, ou seja, constituem
envelopes e núcleos convectivos. Luminosidade em torno de 8% da
luminosidade solar. Um exemplo típico das anães vermelhas,
encontramos no sistema Centauri, onde a estrela conhecida como
Próxima é do tipo M tal como descrevemos acima.
Pelo fato de possuir menos massa do que o Sol elas sobrevivem
mais, ou seja, possuem vida muito mais longa que o nosso Sol e são,
dessa forma, muito mais numerosas do que qualquer outro tipo de
estrela, com a exceção provável das anães marrons. Das 31 estrelas
mais próxima ao Sol, encontramos 21 delas nesta categoria.

As anãs vermelhas, como vimos, são estrelas de baixa


luminosidade, portanto, são frias, localizadas no diagrama HR na
extremidade inferior da seqüência principal. Apresentam um raio em
torno de 1/10 de o raio solar.

Já as anãs marrons, são mais fracas ainda e difíceis de serem


detctadas. A denominação marrom foi proposta em 1975 por Jill
Cornell Tarter, astrônoma americana. Na verdade são proto-estrelas de
massa menor que 0,08 MSol, que nunca conseguirão queimar o
hidrogênio e não chegarão a integrar o grupo selecto da seqüência
principal. Sua massa é aproximadamente estimada entre 13 e 80
MJupiter não mais que isto. São conhecidas pouco mais de 150 e uma
delas integra o sistema Capella.
As duas componentes formam uma binária espectroscópica
duplamente alinhada, onde Aa ou Alpha Aa aparece ligeiramente mais
maciça e menos quente do que Ab sua companheira. Ambas se
apresentam em sua primeira fase de “ascent” à fase de gigante
vermelha. Suspeita-se que tenham evoluído de um tipo de estrelas
anãs. A estrela Aa certamente já deu início à fusão de seu helio interno
no carbono como se observa num “gigante do ‘clump’ do helium-
burning, fato denunciado pela abundância de do lítio em sua superfície
baixa, que indica diluição por um envelope estelar inteiramente
convectivo. Entretanto a corona mais profunda e quente de Aa
apresenta-se muito mais variável que o de Ab. Os Spectros
ultravioletas extremos das duas gigantes indicam a presença de linhas
de emissão de ferro XV ao ferro XXIV.

Se algum planeta, algum dia


orbitou Capella, muito
improvável que tenha ocorrido
(somente uma captura justificaria
a presença de algum) durante sua
juventude efêmera, muito
provavelmente foi reduzido à
cinza. Para que se possa ter uma
idéia, moléculas de água somente
seriam possíveis a 7,8 UA de
distância do plano orbital das
duas estrelas ou seja, a uma distância de equivalente às distâncias
orbitais de Jupiter e Saturno. Um planeta como a Terra somente
poderia existir ao redor de 12,5 UA. Mas... Há um fator que complica
essa possibilidade: as anãs brancas (3000 k), as duas anãs vermelhas e
a anã marron, todas com um tamanho aproximadamente igual ao da
Terra e a emissão de raios-X, cuja fonte ainda não está bem
determinada.
Comparação das dimensões de uma anã branca com a Terra

Com base em estudos feitos a partir de 1850, com a descoberta da estrela


secundária Sirius, que foi denoaminada Sirius B é que se costuma
conceituar uma anã branca. A componente B
de Sirius A é uma estrela 10 mil vezes menos
luminosa que esta, mas com massa de 0,98
MSol. Com uma temperatura da ordem de
10000 K e com um raio extremamente
pequeno. Este é o motivo pelo qual ficou
conhecida como anã branca. De um modo
geral dizemos que uma anã branca, de massa
comparável à do Sol tem um tamanho apenas
ligeiramente maior do que a Terra. Na figura, a ponta da seta indica a
presença de Sirius B.
Duas anãs brancas em rota de colisão – separadas por apenas 80000 km

Do Observatório Chandra – X-Ray

Segundo pesquisas observacionais realizadas pelo CHANDRA-


LETGS X-RAYOBSERVATIONS OF CAPELLA (SPACE RESEARCH
ORGANITION NETHERLANDS –SRON), realmente Aa é uma estrela
gigante amarela do tipo GB-K0 IIIe spectral-luminosity. Parte dos dados
que apresentamos neste artigo podem ser encontrados na fonte que
acabamos de citar, em um documento de cerca de 18 páginas explicativas,
contendo fotografias e gráficos espectrais, exibindo imagens das duas
componentes principais, binárias espectroscópicas, com Alpha Ab
ligeiramente mais quente que Alpha Aa.

Como podemos ver, é temerário acreditar na a opinião de um


Espírito, seja qual for o nome que traga. O que Emmanuel traz tem apenas
o valor de uma opinião pessoal. Nosso critério está na “... concordância
universal, corroborada por uma LÓGICA RIGOROSA, para as coisas que
viria prematuramente dar uma doutrina como verdade absoluta, se mais
tarde, devesse ela ser combatida pela generalidade dos Espíritos?" . Se
algum espírito disser: “há vida orgânica no Sol ou nas estrelas”, sua
afirmação é no mínimo duvidosa e a esse espírito não pode ser dado
nenhum crédito neste particular.

Os Espíritos esclarecidos e verdadeiramente superiores não podem


ensinar coisas absurdas. Portanto, toda comunicação manchada por erros
manifestos, ou contrários aos dados mais vulgares da ciência e da
observação, atesta por isso a inferioridade de sua origem. A ignorância não
pode contrafazer o verdadeiro saber, nem o mal confranger o bem de
maneira absoluta. Todo Espírito que, sob o nome venerando, diz coisas
incompatíveis com o título que se dá, está convicto de fraude (Erasto).

De fato não houve universalidade. Tudo que refere aos exilados


capelinos se reportam a uma única obra que prescedeu todas as demais.
Qualquer livro que se apóie nessa única fonte se coloca em dúvida, pois
parte exatamente da que está sendo questionada e que apresenta evidentes
erros científicos e que não foi submetida, antes de ser publicada a uma
rigorosa observação. Ingenuamente, alguns tentam obter apoio na Revista
Espírita, desconhecendo a finalidade da própria revista: servir de “campo
de ensaio” segundo palavras do próprio Kardec. De algum tempo sabemos
que Jupiter é um planeta gasoso, tendo sua superfície coberta por um
“oceano” de hidrogênio líquido de 40000 km de profundidade. Sua
atmosfera resulta uma pressão 3 milhões de vezes maior que a da Terra.
Que vida seria possivel nessas condições? Há ainda os que pensam numa
vida constituída por outra Química. Não há outra química. Os elementos
químicos existentes na Terra são os mesmos que encontraremos em
qualquer parte do Universo, a constituição da tabela periódica não deixa
qualquer dúvida. Não há buracos para se completar.

A Gênese do Erro

O ato de filosofar exige que se conheça alguma coisa a respeito da


natureza da alma. Porque se não eliminarmos qualquer impedimento ao
reto filosofar estaremos impedidos de indagar a sabedoria.
O entendimento, o desejo, a liberdade, a vontade, a força – que
anima nosso corpo e os afetos - são propriedades da alma que não se
encontram no corpo biológico. O entendimento é visto como uma das
potências da alma da qual depende nossa percepção. Sem a percepção não
podemos distinguir um objeto do outro, nem julgar, abstrair, refletir,
imaginar, recordar, etc.

A percepção simples é um conhecimento de uma idéia, sem que se


afirme ou negue qualquer coisa. O significado de cada palavra, em
qualquer idioma, tomados por si, denotam um nível de percepção. Por
exemplo, vocábulos como Homem, Sol, Estrela, Exobiologia, Kardec,
Ufologia, Vida – todos da lingua portuguesa – poderiam se juntar a outros
tais como Chandra, Image, Galaxy, Clusters, Aurigae, Observatories, etc. A
percepção pode ser sugerida por uma imagem de um objeto conhecido ou
um outro visto pela primeira vez – precisamos das imagens para
entendimento mais rápido dos fatos. A leitura correta de uma imagem é
fundamental para a construção de um juízo:

Credit: Composite: NASA/JPL/Caltech/P.Appleton et al. X-ray: NASA/CXC/A.Wolter & G.Trinchieri et al.

A leitura de uma imagem depende do conhecimento dos fatos


que cercam o objeto examinado. Um leigo em Astronomia não consegue
uma leitura correta para as imagens acima. O mesmo acontece com um
texto verbal, de uma mensagem ou de um livro, precisamos ter uma
compreensão dos assuntos, dos objetos em estudo. As imagens estão
presentes em nosso dia-a-dia: o sentido da visão revela a todo momento
quadros móveis que são imobilizados em nossa mente – 24 quadros por
segundo são suficientes para compor um movimento e dar mobilidade ao
conjunto de capturas estáticas: a captura é estática, mas a memorização é
dinâmica. A fotografia é estática e somente pode ganhar movimento para
aquele que possui conhecimento do objeto: maior ou menor conhecimento
define melhor ou pior dinâmica.

Veja a diferença.

Trata-se de uma imagem estática


para um leigo em ufologia – pelo menos
três tipos de atitudes mentais poderão
ocorrer: rejeição (nível máximo de
estática ideativa) por preconceito
científico ou religioso, fé, fanatismo,
sem exame; aceitação imaginativa
(nível médio de estática ideativa) sem
conhecimento científico, imaginação,
criatividade, caracteriza o espírito de
ficção, aceitação com base na crença subjetiva; a terceira atitude (nível
mínimo de estática ideativa) – sem rejeição e sem aceitação imediatas,
tendo como motivação a investigação científica. (Créditos da imagem:
Alatorre home site)

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