Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
plasma
chomatis
Chlamydia
Haemophilus
ria
nBarr
)
aemophilus
ia gonorrhoeae
simplex
Treponema pallidum Neisseria gonorrho
simplex
Klebsiella
EpsteinBarr vírus6 Citomegalovírus Va
ducreyi
Haemophilus ducreyi Treponema pallidu
gonorrhoeae
Chlamydia trachomatis icela zoster vírus
2a Edição
vírus
H. ducreyi herpes sim Haemophilus ducre
vírus
T. vaginalis Treponema EpsteinBarr vírus
vírus6
hominis
Treponema
ducreyi CONTROLE
herpes DAS sim
MANUAL DE BOLSO
virus
plex virus Varicela
virus
Ureaplasma
pallidum Haemophilus Chlamydia trachom
EpsteinBarr
virus Varicela zoste
Herpes
DOENÇAS
trachomatis
zoster vírus Epstein
granulomatis
ducreyi
Citomegalovírus
ducreyi Herpes simplex SEXUALMENTE
T. vaginalis Trepon
ducreyi
Citomegalovírus
ducreyi
Barr vírus Citomega vírus EpsteinBarr
TRANSMISSÍVEIS
Varicela
Varicela
Treponema
Trichomonas
ovírus Varicela zoster Citomegalovírus Va
Treponema
granulomatis Chla ducreyi Herpes sim
simplex
H.
Coleção DST • Aids Série Manuais 68 4a Edição
Citomep
vírus6 EpsteinBarr EpsteinBarr vírus6 urealy
ducre
zoster
dida albicans Haemoph granulomatis Chla
ducre
zoste
vírus
Chla
vírus8 Chlamydia tra Chlamydia trachom
Programa Nacional
Chl
MANUAL DE BOLSO
Coordenação Nacional de DST e Aids
Secretaria de Vigilância em Saúde
Ministério da Saúde - Brasil
DOENÇAS SEXUALMENTE
TRANSMISSÍVEIS
(DST)
MANUAL DE BOLSO
Brasília - DF
2006
© 2006 Ministério da Saúde
É permitida a reprodução parcial ou total desta obra,
desde que citada a fonte.
Tiragem: 150.000 exemplares
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Luiz Inácio Lula da Silva
MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE
Saraiva Felipe
DIRETOR DO PROGRAMA NACIONAL DE DST E AIDS
Pedro Chequer
DIRETORA-ADJUNTA DO PROGRAMA NACIONAL DE DST E AIDS
Mariângela Simão
PRODUÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E INFORMAÇÕES
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Vigilância em Saúde
Programa Nacional de DST e Aids
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CEP 70750-543 – Brasília, DF
Disque Saúde / Pergunte aids: 0800 61 1997
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FICHA CATALOGRÁFICA
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e Aids.
Manual de Bolso das Doenças Sexualmente Transmissíveis / Ministério da Saúde, Secretaria de
Vigilância em Saúde, Programa Nacional de DST e Aids. Brasília: Ministério da Saúde. 2005.
Pedro Chequer
Coordenador do Programa Nacional de DST e Aids
Sumário
Introdução ...................................................................................... 9
As DST como prioridade ............................................................. 11
Princípios para a adequada atenção as DST............................. 12
Estratégias para a adequada atenção ........................................ 13
Prevenção ............................................................................. 13
Detecção de Casos ................................................................ 14
Tratamento imediato ........................................................... 14
O Manejo adequado de casos de DST ....................................... 16
Abordagem do Portador de DST ................................................ 18
Exame Físico ......................................................................... 22
Exame Genital Masculino ................................................... 22
Exame Genital Feminino ..................................................... 23
Pesquisa de outras DST ........................................................ 26
O diagnóstico de DST .................................................................. 28
Abordagem Sindrômica de DST ................................................. 31
Identificação das Síndromes ............................................... 31
Tratamento para os Agentes Etiológicos mais freqüentes ... 33
Uso dos Fluxogramas ........................................................... 38
O que é um Fluxograma? ................................................... 38
Passos para o uso de fluxogramas ...................................... 38
Úlceras Genitais ..................................................................... 40
Corrimento Uretral........................................................................ 47
Corrimentos Vaginal . .................... ................................................ 52
Fluxograma Vaginal sem microscopia.................................. 52
Fluxograma Vaginal com microscopia................................. 53
Dor Pélvica ................................................................................... 64
Infecção pelo Papilomavirus Humano (HPV) .............................. 71
Rastreio de Câncer Cérvico-uterino ............................................ 85
Hepatites B e C ...........................................................................91
Prevenção das DST na violência sexual ..................................... 96
Bibliografia ................................................................................. 105
9
Introdução
Nos últimos anos, principalmente após o início da epidemia
de aids, as DST readquiriram importância como problemas
de saúde pública. Entretanto, alguns fatos negativos têm sido
percebidos no contexto da atenção às DST em nosso país:
• são escassos os dados epidemiológicos relativos às DST;
apenas a aids, a sífilis congênita e a sífilis na gestação
são de notificação compulsória;
• os portadores de DST continuam sendo discriminados
nos vários níveis do sistema de saúde.
• populações prioritárias como adolescentes, profissionais
do sexo, homo e bissexuais, travestis entre outros, têm
pouca acessibilidade aos serviços.
• o atendimento é muitas vezes inadequado, resultando em
segregação e exposição a situações de constrangimento.
Tal fato se dá, por exemplo, quando usuários têm
que expor suas queixas em locais sem privacidade
(recepções) ou a funcionários despreparados. Essas
situações contribuem para afastá-los dos serviços de
saúde;
10 Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)
Ministério da Saúde - SVS - Programa Nacional de DST/ Aids
Detecção de casos
Tão importante quanto diagnosticar e tratar o mais
precocemente possível os portadores sintomáticos é
realizar a detecção dos portadores assintomáticos. Entre as
estratégias que poderão suprir essa importante lacuna estão
os rastreamentos de DST assintomáticas, especialmente
sífilis, gonorréia e clamídia em gestantes e/ou adolescentes,
em serviços que executam atendimento ginecológico,
em especial os de planejamento familiar, de pré-natal e os
serviços de prevenção do câncer ginecológico.
Algumas mudanças na orientação dos profissionais de saúde
para que passem a fazer assistência integral aos usuários
são de fundamental importância pois, com isso, pessoas em
situação de risco teriam oportunidade para diagnóstico e/ou
aconselhamento.
Tratamento imediato
O tratamento deve ser instituído no momento da consulta,
preferencialmente com medicação por via oral e em dose
única, ou com o menor número possível de doses. A utilização
de alguns fluxogramas desenvolvidos, testados e já validados,
provê a possibilidade de tratamento imediato e a ruptura
imediata da cadeia de transmissão. Nesta abordagem, são
pesquisados os sinais e sintomas que, agrupados, forneçam
o diagnóstico de uma síndrome. O tratamento visará, então,
15
Exame físico
Observar pele, particularmente a palma das mãos, plantas dos
pés; mucosas orofaríngea e dos genitais e palpar os gânglios
de todos os segmentos corporais (cabeça, tronco e membros).
Quaisquer lesões (ulceradas ou não, em baixo ou alto relevo,
hiperêmica, hipercrômica, circular, irregular, circinada etc.),
no abdômen, dorso, couro cabeludo, e principalmente, na
região perineal, deverão ser anotadas e correlacionadas com
a história em questão.
Doenças como sífilis podem ter, além da região genital,
outros locais de infecção. A gonorréia pode apresentar formas
diferentes da enfermidade abrangendo regiões não-genitais
(ex.: faringite, osteoartrite, conjuntivite, peri-hepatite etc.).
O eritema multiforme e a cefaléia, podem acompanhar o
linfogranuloma venéreo.
Assim como essas observações, muitas outras poderiam ser
feitas, já que as DST não devem ser procuradas por sinais
isolados, mas sim por um conjunto de informações e de
dados clínicos que possam sugerir o diagnóstico.
O diagnóstico de DST
Os profissionais de saúde quando estão diante de um possível
caso de DST geralmente usam um dos seguintes métodos
diagnósticos:
• Diagnóstico etiológico: utilização de testes laboratoriais
para identificar o agente causador;
• Diagnóstico clínico: utilização da identificação
de sinais e sintomas que possam caracterizar uma
determinada DST; baseado na experiência pessoal de
cada profissional.
O diagnóstico etiológico é o método ideal, já que permite
que os profissionais de saúde saibam qual é o agente causal
daquela doença e indiquem o tratamento mais adequado.
No entanto, ambos os métodos apresentam alguns problemas
quando utilizados em DST.
A identificação etiológica de algumas DST requer técnicos
especializados e equipamentos sofisticados de laboratório,
nem sempre disponíveis.
As gonorréias nos homens e as tricomoníases nas mulheres
podem ser diagnosticadas no momento da consulta, desde
29
Sintomas mais
Síndrome Sinais mais comuns Etiologias mais comuns
comuns
O que é um fluxograma?
Fluxograma é uma árvore de decisões e ações. Ele orienta o
profissional por meio de quadros de decisões e indicando as
ações que precisam ser tomadas. Cada decisão ou ação tem
como referência uma ou mais rotas que levam a outro quadro,
com outra decisão ou ação.
Ao conhecer os sintomas de um paciente, o profissional
de saúde consulta o fluxograma correspondente à queixa
e trabalha por meio de decisões e ações sugeridas pelo
instrumento.
Úlceras genitais
HISTÓRIA OU EVIDÊNCIA
DE LESÕES VESICULOSAS?
TRATAR TRATAR
HERPES SÍFILIS E NÃO SIM
GENITAL* CANCRO
MOLE**
* Em casos de herpes, tratar sífilis se VDRL ou RPR forem reagentes, o que será visto
no retorno. Se o quadro não é sugestivo de herpes, tratar sífilis e cancro mole.
** Se forem lesões ulcerosas múltiplas e soroprevalência de herpes for igual ou maior
que 30% na região, deve-se tratar herpes concomitantemente à sífilis e cancro mole.
41
+
Azitromicina 1 g
Gestantes – contra-
VO em dose única,
indicado uso de
ou
ciprofloxacina.
Ciprofloxacina Usar eritromicina
500 mg, VO, 12/12 ou ceftriaxona
horas, por 3 dias
(contra-indicado Ceftriaxona 250 Obs: devido aos
Cancro mole
para gestantes, mg, IM, dose única; efeitos adversos da
nutrizes e menores eritromicina tais
de 18 anos) ou com intolerância
gástrica , utilizar
Eritromicina
a ceftriaxona pode
(estearato) 500 mg,
ser uma alternativa
VO, de 6/6 horas,
á eritromicina
por 7 dias.
Corrimento uretral
BACTERIOSCOPIA DISPONÍVEL NO
MOMENTO DA CONSULTA?
NÃO SIM
SIM NÃO
+
Ciprofloxacina Cefixima 400 mg,
500 mg, VO dose VO, dose única; ou Em menores de 18
única; ou anos está contra-
Ofloxacina 400 mg,
Gonorréia indicado o uso de
Ceftriaxona VO, dose única ou
ciprofloxacina,
250mg, IM, dose Espectinomicina 2g ofloxacina.
única; IM dose única
50 Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)
Ministério da Saúde - SVS - Programa Nacional de DST/ Aids
Tratar só Clamídia
Esse quadro de ação indica que se estiverem ausentes
os diplococos intracelulares, deve-se tratar o paciente
apenas para clamídia como indicado no quadro acima.
Aconselhar, oferecer anti-HIV, VDRL e hepatites,
enfatizar a adesão ao tratamento, notificar, buscar
parceiros e agendar retorno.
Neste quadro de ação:
• Considerar a associação entre as DST e a infecção
pelo HIV. Aconselhar o paciente e oferecer-lhe a
realização de sorologia anti-HIV.
• A associação de mais de uma DST é muito freqüente.
Explicar ao paciente a importância de realizar a
sorologia para sífilis e hepatite.
• Como orientação mínima para o paciente:
• concluir o tratamento mesmo se os sintomas ou
sinais tiverem desaparecido.
• interromper as relações sexuais até a conclusão do
tratamento e o desaparecimento dos sintomas.
• após a cura, usar preservativo em todas as relações
sexuais ou adotar outras formas de sexo mais
seguro.
• oferecer preservativos ao paciente, orientando
sobre as técnicas de uso.
51
Não Sim
Sim Não
Não Sim
+
Ciprofloxacina Cefixima 400 mg, VO, Em menores de 18
500 mg, VO dose dose única; ou anos e gestantes,
única; ou Ofloxacina 400 mg, está contra-
Gonorréia
Ceftriaxona VO, dose única ou indicado o uso de
250mg, IM, dose Espectinomicina 2g ciprofloxacina e
única; ou IM dose única ofloxacina.
• pH> 4.7
• Teste aminas positivo
• Clue cells > 20% (exige microscopia)
Valores acima de 4,5 sugerem tricomoníase e/ou vaginose
bacteriana. Se o teste de pH for normal (entre 4 e 4,5) e
o teste das aminas for negativo, é preciso investigar uma
possível causa fisiológica e/ou não infecciosa, conforme
descrito anteriormente.
Se a microscopia é disponível, o conteúdo vaginal pode
ser visualizado a fresco, com KOH a 10%, ou corado em
esfregaço pelo método de Gram.
• presença de clue-cells (células chaves) e/ou a ausência
de lactobacilos: vaginose bacteriana;
• microorganismos flagelados móveis: tricomoníase;
• hifas ou micélios birrefringentes semelhantes a um
caniço e esporos de leveduras: candidose.
Não estando disponíveis a medida do pH vaginal e o teste
das aminas, e sendo visualizado o corrimento vaginal
durante o exame especular, a paciente deve ser tratada
para todas as possíveis enfermidades que causam, mais
comumente, vulvovaginites infecciosas: tricomoníase,
vaginose bacteriana e candidose.
58 Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)
Ministério da Saúde - SVS - Programa Nacional de DST/ Aids
Outras opções
(gestantes após
Agente 1ª opção 2ª opção o 1º trimestre
e durante a
amamentação)
Metronidazol 400
mg VO 12/12 h por
Metronidazol 2g 7 dias ou
Secnidazol 2g, VO,
VO dose única ou
dose única ou Metronidazol 250
Tricomoníase Metronidazol
Tinidazol 2g VO mg VO 3 vezes ao
400-500mg dia por 7 dias
dose única
12/12hs VO 7 dias
Metronidazol 2g
VO dose única
Metronidazol 2 g
VO dose única ou
Metronidazol
gel 0,75%, uma
aplicação vaginal (5 Metronidazol 250
g), 2 vezes ao dia, mg 3 vezes ao dia
Metronidazol por 5 dias; ou durante 7 dias ou
Vaginose
400-500mg
bacteriana Clindamicina 300 Clindamicina 300
12/12hs VO 7 dias
mg, VO, de 12/12 mg, VO, de 12/12
horas, por 7 dias; horas, por 7 dias
ou
Clindamicina creme
2%, uma aplicação
à noite, por 7 dias.
59
Miconazol, creme
a 2%, via vaginal,
uma aplicação à
noite ao deitar-
se, por 7 dias;ou
Miconazol, creme
Clotrimazol, a 2%, via vaginal,
creme vaginal uma aplicação à
a 1%, uma noite ao deitar-se,
aplicação via por 7 dias;ou
vaginal, à noite
ao deitar-se, Clotrimazol, creme
durante 6 a 12 Fluconazol- 150 vaginal a 1%,
dias; ou mg VO em dose uma aplicação via
única ou vaginal, à noite ao
Clotrimazol, deitar-se, durante 6
óvulos de 100 mg, Itraconazol 200 mg a 12 dias; ou
Candidíase uma aplicação via VO 12/12 h em 24
vaginal, à noite horas ou Clotrimazol, óvulos
ao deitar-se, por de 100 mg, uma
Cetoconazol 400 aplicação via
7 dias; ou mg VO/dia por vaginal, à noite
Tioconazol creme 5 dias ao deitar-se, por 7
a 6,5%, ou óvulos dias; ou
de 300mg, uma
aplicação única, Nistatina 100.000
via vaginal ao UI, uma aplicação,
deitar-se; ou via vaginal, à noite
ao deitar-se, por
Nistatina 14 dias
100.000 UI, uma
aplicação, via
vaginal, à noite
ao deitar-se, por
14 dias.
Tricomoníase
Parceiros: tratar ao mesmo tempo que a paciente e com
o mesmo medicamento em dose única.
Portadoras do HIV: devem ser tratadas com os mesmos
esquemas recomendados acima.
60 Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)
Ministério da Saúde - SVS - Programa Nacional de DST/ Aids
Vaginose bacteriana
Observações:
Parceiros não precisam ser tratados.
Candidíase
Observações:
O tratamento sistêmico deve ser feito somente nos casos
recorrentes ou de difícil controle. Nesses casos, devem-se
investigar causas sistêmicas predisponentes. Tratar com:
• Fluconazol 150 mg, VO, dose única; ou
• Itraconazol 200 mg, VO, de 12/12h, só duas doses;
ou
• Cetoconazol 400 mg, VO, por dia, por 5 dias.
Parceiros: não precisam ser tratados, exceto os
sintomáticos. Alguns autores recomendam o tratamento
via oral de parceiros apenas para os casos recidivantes.
Portadoras do HIV: devem ser tratadas com os mesmos
esquemas.
• Em mulheres que apresentam candidíase
recidivante (4 ou mais episódios por ano) devem ser
investigados outros fatores predisponentes: diabetes,
imunodepressão, inclusive a infecção pelo HIV, uso
de corticóides e outros.
62 Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)
Ministério da Saúde - SVS - Programa Nacional de DST/ Aids
Não
Não
Investigar
Sim outras causas
Agente etiológico
O Papilomavírus Humano (HPV) é um DNA-vírus não
cultivável do grupo papovavírus. Atualmente são conhecidos
mais de 100 tipos, 20 dos quais podem infectar o trato
genital.
Estão divididos em 2 grupos, de acordo com seu potencial
de oncogenicidade. Os tipos de alto risco oncogênico,
quando associados a outros co-fatores, têm relação com o
desenvolvimento das neoplasias intra-epiteliais e do câncer
invasor do colo uterino, da vulva, da vagina e da região anal.
72 Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)
Ministério da Saúde - SVS - Programa Nacional de DST/ Aids
Quadro clínico
Na forma clínica condilomatosa as lesões podem ser únicas
ou múltiplas, restritas ou difusas e de tamanho variável,
localizando-se, mais freqüentemente, no homem, na glande,
sulco bálano-prepucial e região perianal, e na mulher,
na vulva, períneo, região perianal, vagina e colo. Menos
freqüentemente podem estar presentes em áreas extragenitais
como conjuntivas, mucosa nasal, oral e laríngea. Dependendo
do tamanho e localização anatômica, podem ser dolorosos,
friáveis e/ou pruriginosos.
Os tipos 6 e 11 raramente se associam com carcinoma invasivo
de células escamosas, que são mais associados aos condilomas
(lesões clínicas). Os tipos 16, 18, 31, 33, 35, 45, 51, 52, 56 e 58
são encontrados ocasionalmente na forma clínica da infecção
73
Diagnóstico
O diagnóstico do condiloma é basicamente clínico, podendo
ser confirmado por biópsia. A biópsia está indicada quando:
• existir dúvida diagnóstica ou suspeita de neoplasia
(lesões pigmentadas, endurecidas, fixas ou ulceradas).
• as lesões não responderem ao tratamento
convencional.
• as lesões aumentarem de tamanho durante ou após o
tratamento.
• paciente for imunodeficiente.
• As lesões cervicais, subclínicas, são geralmente
detectadas pela citologia oncótica, devendo ser
avaliadas pela colposcopia, teste de Schiller (iodo) e
biópsias dirigidas.
O diagnóstico definitivo da infecção pelo HPV é feito pela
identificação da presença do DNA viral por meio de testes de
hibridização molecular (hibridização in situ, PCR, Captura
74 Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)
Ministério da Saúde - SVS - Programa Nacional de DST/ Aids
Tratamento
O objetivo principal do tratamento da infecção pelo HPV é a
remoção das remoção das lesões condilomatosas, o que leva
a cura da maioria dos pacientes. Nenhuma evidência indica
que os tratamentos disponíveis erradicam ou afetam a história
da infecção natural do HPV. Se deixados sem tratamento, os
condilomas podem desaparecer, permanecer inalterados, ou
aumentar em tamanho ou número.
Os tratamentos disponíveis para condilomas são: ácido
tricloroacético (ATA), crioterapia, eletrocoagulação,
podofilina, podofilotoxina , imiquimod , interferon,
vaporização a laser e exérese cirúrgica. Fatores que podem
influenciar a escolha do tratamento são: tamanho, número
e local da lesão; além de sua morfologia e preferência do
paciente, custos, disponibilidade de recursos, conveniência,
efeitos adversos e a experiência do profissional de saúde. Em
geral, verrugas localizadas em superfícies úmidas e/ou nas
áreas intertriginosas respondem melhor à terapêutica tópica
(ATA, podofilina) que as verrugas em superfícies secas.
75
Opções terapêuticas
• Podofilotoxina 0,15% creme: indicada para auto-
aplicação, a podofilotoxina tem o mecanismo de
ação semelhante ao da podofilina. O efeito máximo é
alcançado entre 3 e 5 dias após a aplicação. Aplica-se
duas vezes ao dia, somente sobre as lesões, por 3 dias. Se
necessário, o ciclo poderá ser repetido por não mais que
4 vezes, com intervalos de 4 dias de repouso. O volume
do medicamento não deve ultrapassar 0,5ml por dia.
Áreas superiores a 10 cm2 devem ter o tratamento
realizado pelo médico assistente. Está contra-indicado
o uso em crianças e mulheres grávidas. Irritação no
local da aplicação poderá ocorrer porém são de leve
intensidade na maioria dos casos, tendendo a minimizar
em intensidade com a repetição do uso. Lavar a área das
lesões antes da aplicação, assim como a pele sã em caso
de contato acidental, com água e sabão.
• Imiquimod 5% creme: Imiquimod (imidazolquinolina)
é um medicamento tópico de auto-aplicação que
estimula a produção local de interferon e outras
citoquinas, sendo a principal delas o interferon alfa.
Deve ser feita aplicação tópica à noite, ao deitar, três
76 Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)
Ministério da Saúde - SVS - Programa Nacional de DST/ Aids
Seguimento
Após o desaparecimento dos condilomas, não é necessário
controle. Os pacientes devem ser notificados das
possibilidades de recorrência, que freqüentemente ocorre
nos três primeiros meses.
As mulheres devem ser aconselhadas quanto à necessidade
de submeterem-se ao rastreio de doenças pré-invasivas
do colo uterino. A presença de condilomas genitais sem
lesão macroscópica cervical ou suspeita colpocitológica
(Papanicolaou) de lesão pré-invasiva, ou teste de Schiller
80 Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)
Ministério da Saúde - SVS - Programa Nacional de DST/ Aids
Gestantes
Na gestação, as lesões condilomatosas poderão atingir grandes
proporções, seja pelo aumento da vascularização, seja pelas
alterações hormonais e imunológicas que ocorrem nesse
81
Recomendações
Ao atender a portadora de DST, o profissional de saúde deve
perguntar sobre o resultado de sua última colpocitologia e a
época em que foi realizada. Se a paciente portadora de DST
não se submeteu a uma colpocitologia nos últimos 12 meses:
• a coleta deverá ser realizada tão logo a DST seja
controlada;
• se a DST é uma infecção pelo HPV, a coleta deve fazer
parte do exame ginecológico;
• a coleta deve ser feita quando a paciente não souber
informar quanto ao resultado do teste, seja por
desinformação ou por não ter buscado seu resultado.
Se possível, fornecer cópia ou transcrição do resultado
desse teste à própria paciente para que faça parte de
seus documentos médicos.
Seguimento
Profissionais de saúde devem preferir laboratórios de
citopatologia que utilizem o Sistema Bethesda de classificação.
Se o resultado da colpocitologia for anormal, a paciente deve
ser referida para colposcopia. Em casos que a colpocitologia
conclui pela presença de LSIL ou atipias de significado
indeterminado em células escamosas (Atypical Squamous
Cells of Undeterminated Significance – ASCUS), a indicação
da colposcopia pode ser postergada, especialmente quando
87
Situações especiais
• Coleta durante a gravidez: mulheres grávidas devem
submeter-se como as demais ao exame colpocitológico,
excluindo a coleta endocervical como parte da rotina
pré-natal.
• Mulheres infectadas pelo HIV: há maior prevalência
de lesão intra-epitelial em portadoras do HIV, com
tempos muito curtos (meses) de progressão para lesões
pré-invasivas graves e recidivas freqüentes. Quando
houver atipias na colpocitologia, encaminhar para
serviço especializado, para investigação colposcopia
e biópsia dirigida, quando indicado, e tratadas como
recomendado. Para rastreio de câncer cérvico-uterino
e de seus precursores em portadora do HIV, deve-se
obter história ginecológica prévia sobre doenças do colo
uterino; fazer a colpocitologia após o diagnóstico inicial
do HIV e, caso negativa, deve-se repeti-la seis meses
depois. Mantida a ausência de evidências de lesão intra-
epitelial, repetir a colpocitologia anualmente. Somente
as portadoras de atipias à colpocitologia devem ser
referidas para colposcopia e biópsia dirigida.
90 Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)
Ministério da Saúde - SVS - Programa Nacional de DST/ Aids
Hepatites B e C
Anti-HBc Anti-HBc
Interpretação HBsAg HBeAg Antai-HBe Anti-HBs
IgM IgG**
Susceptível (-) (-) (-) (-) (-) (-)
Incubação (+) (-) (-) (-) (-) (-)
Fase aguda (+) (+) (+) (+) (-) (-)
Fase aguda (+) (+) (-) (+) (-) (-)
final ou
(+) (-) (-) (+) (+) (-)
hepatite
crônica (+) (-) (-) (+) (-) (-)
Início fase
(-) (-) (+) (+) (-) (-)
convalescente
Imunidade,
infecção
(-) (-) (-) (+) (+) (+)
passada
recente.
Imunidade,
infecção (-) (-) (-) (+) (-) (+)
passada
Imunidade,
resposta (-) (-) (-) (-) (-) (+)
vacinal
*Perfis sorológicos atípicos podem ser encontrados no curso da infecção pelo HBV,
tais circunstâncias necessitam da avaliação de um especialista (Hepatologista ou
Infectologista).
Marcador Significado
Indica contato prévio com o vírus da hepatite C, mas não define
Anti-HCV se recente ou tardio. O diagnóstico de infecção aguda só pode
ser feito com a viragem sorológica documentada.
94 Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)
Ministério da Saúde - SVS - Programa Nacional de DST/ Aids
Imunização
Vacina contra hepatite B
A vacina contra hepatite B está disponível no SUS para as
seguintes situações:
• Menores de um ano de idade, a partir do nascimento,
preferencialmente nas primeiras 12 horas após o
parto;
• crianças e adolescentes entre um a 19 anos de idade;
• nos doadores regulares de sangue;
• portadores de hepatite C;
• usuários de hemodiálise;
• politransfundidos;
• hemofílicos;
• talassêmicos;
• profissionais de saúde;
• populações indígenas (todas as faixas etárias);
• comunicantes domiciliares de portadores do vírus
da hepatite B;
• portadores de neoplasias;
• pessoas reclusas (presídios, hospitais psiquiátricos,
instituições de menores, forças armadas, etc);
• população de assentamentos e acampamentos;
95
+
Profilaxia da gonorréia
CIPROFLOXACINA/OFLOXA 500/400 mg VO dose única
+
Profilaxia da clamídia e do cancro mole
AZITROMICINA 1g VO dose única
+ ou -
Profilaxia da tricomoníase
METRONIDAZOL 2g VO dose única
98 Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)
Ministério da Saúde - SVS - Programa Nacional de DST/ Aids
+
CEFTRIAXONA IM dose única
Gestantes 250 mg
Crianças e Adolescentes 125 mg
+
AZITROMICINA VO dose única
Gestantes – ver quadro 5 1g
Crianças e Adolescentes 20 mg/kg (dose máxima: 1 g)
+ ou -
METRONIDAZOL VO
Gestantes 250 mg 3 vezes /dia 7 dias
Crianças e Adolescentes 15 mg/kg/dia (8/8 horas, por 7 dias, máximo: 2 g)
CRIANÇAS E
PROFILAXIA GESTANTES ADULTOS
ADOLESCENTES
Estearato de Estearato de Estearato de
Penicilina Eritromicina Eritromicina Eritromicina
Benzatina 500 mg VO cada 6 50 mg/kg/dia VO 500 mg VO cada
(sífilis) horas durante 15 cada 6 horas por 6 horas durante
dias 15 dias 15 dias
Ceftriaxona
Ceftriaxona 250 mg IM dose
Ofloxacina Ceftriaxona
125 mg IM dose única
(gonorréia) 250mg IM dose única
única Tianfenicol
2,5 g VO dose única
Estearato de
Estearato de
Eritromicina Amoxicilina
Azitromicina Eritromicina
50 mg/kg/dia VO 500 mg VO cada 8
(clamidíase) 500 mg VO cada 6
cada 6 horas por 10 horas durante 7 dias
horas durente 7 dias
a 14 dias
Ceftriaxona
250 mg IM dose
Ceftriaxona Ceftriaxona
Azitromicina única, ou Estearato
125 mg IM dose 250 mg IM dose
(cancro mole) de Eritromicina 500
única única
mg VO cada 6 horas
durante 7 dias
Secnidazol ou Secnidazol Secnidazol ou
Metronidazol
tinidazol 10mg/kg VO dose Tinidazol
(tricomoníase)
2,0 g VO dose única única 2,0 g VO dose única
Profilaxia da hepatite B:
Os indivíduos em situação de violência sexual também
devem receber Imunoglobulina hiperimune para
hepatite B (IGHAHB), 0,06 ml/kg, IM, dose única, em
extremidade diferente da vacina e se a dose da vacina
ultrapassar 5ml, deve-se dividir a aplicação em duas áreas
100 Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)
Ministério da Saúde - SVS - Programa Nacional de DST/ Aids
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