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Advocacia Afirmativa

Escritório Jurídico Contemporâneo

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS.

Inquérito Policial nº: 002/2009


Comarca de Silvânia – Goiás.

KLEYTON CARNEIRO CAETANO, brasileiro, solteiro,


advogado, inscrito na OAB/GO sob o nº 26.073, com escritório profissional no
endereço constante no rodapé, onde recebe as intimações de estilo, vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, nos termos do artigo 5º, LXVIII
da Constituição Federal, c/c os artigos 647 e 648, I, do Código de Processo Penal,
impetrar:

HABEAS CORPUS

em favor de:
DIEGO ALVES MACHADO, brasileiro, solteiro,
estudante, portador da Carteira de Identidade nº 5608932 SSP-GO, (doc. 01),
nascido aos 06/08/1990, filho de Sérgio Pereira Alves e Maria Auxiliadora Alves
Machado, Residente à Rua 33, Qd 03, Lt 08, s/n, no residencial Beira Lago, CEP
75180000, na cidade de Silvânia - Goiás, no momento recolhido no Xadrez da
Delegacia da cidade supra mencionada, Paciente que se encontra padecendo de
constrangimento ilegal na sua liberdade de locomoção, por ato do Excelentíssimo
Senhor Juiz de Direito da Comarca de Orizona – Goiás, Dr. Ricardo Guimarães
de Souza, estando, por ordem do ilustríssimo presidente do Fórum Estadual, Dr.
José Lenar, substituindo a Juíza titular da Comarca de Silvânia, Dra. Ana Claudia
Veloso Guimarães, sendo então indicado como autoridade coatora, por ter
recebido os Autos do Inquérito Policial em epígrafe, considerando, como
conseqüência, legal a prisão do paciente, sendo que a mesma não se justifica,
tendo em vista estar o Auto de Prisão em Flagrante eivado de nulidades que lhe
retiram a validade, pelo que o Impetrante expõe, alega e requer o seguinte:
DOS FATOS:

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O paciente é primário, possuindo bons antecedentes, estudante, já tendo


inclusive se matriculado no ano letivo 2009, e infelizmente é usuário de drogas, e
compra substâncias entorpecentes da pessoa conhecida como “jacaré”, na cidade
de Silvânia – Goiás.

Está ainda sob tratamento médico, do qual não pode furtar-se, fazendo
fisioterapia 03 vezes por semana, e se não o fizer, poderá perder os movimentos de
sua perna. Alem disso, está em tratamento no “CRER” (centro de reabilitação e
readaptação) em Goiânia, com agendamento cirúrgico marcado.

O mesmo estava em sua casa na noite do dia 06 de janeiro de 2009, quando


a pessoa de nome CLEUDIMAR BUENO DE ABREU, que é conhecido na cidade por
“Jacaré”, lhe telefonou perguntando se ele sabia quem tinha maconha para vender,
dizendo que queria comprar R$ 200,00 (duzentos reais) de maconha.

O Paciente estranhou aquela ligação de CLEUDIMAR, pois é ele quem liga


para CLEUDIMAR quando quer comprar substâncias entorpecentes para seu próprio
consumo, mas achou que aquele estava com alucinações, pois alem e traficante
também é usuário de drogas, e resolveu ir ao encontro daquele, na praça da
rodoviária da cidade, para que juntos consumissem maconha.

Considerando que aquela ligação de CLEUDIMAR querendo comprar drogas


do paciente era fruto do estado entorpecido daquele, DIEGO ALVES MACHADO não
deu muita importância, e se deslocou à praça da rodoviária da cidade para fumar
maconha e cheirar um pouco de cocaína, como fazia quase todas as noites na
cidade.

CLEUDIMAR sabia que o paciente possuía substâncias entorpecentes, pois ele


tinha vendido a DIEGO, dois dias antes do fato, aproximadamente 50 reais de
maconha. CLEUDIMAR também tinha vendido ao paciente 100 reais de cocaína na
semana anterior ao ocorrido.

Ao chegar na referida praça o mesmo se dirigiu para o local aonde estava


CLEUDIMAR, quando, desceram de um automóvel prata configurado como TAXI,
dois Policiais Militares à paisana, bem como outro policial militar em um automóvel
pálio branco, todos de arma em punho, jogaram o paciente no chão, o algemaram e
colocaram dentro do Referido TAXI. Vale ressaltar que o TAXI e o outro automóvel
estavam estacionados na mesma praça, ao lado do local onde CLEUDIMAR se
encontrava.

O paciente foi levado ao BATALHAO DA PM, e submetido a uma seção de


espancamento que somente a Policia Militar é capaz de desferir, apesar de terem
encontrado substancia entorpecente em seu poder, o mesmo foi levado, desta vez
em viatura da PM que aguardava no referido batalhão, até sua residência, aonde,
após busca, os policiais não lograram êxito em encontrar mais drogas.

Levado ao xadrez da delegacia da cidade, passou a noite sem sequer


colchão, e foi acordado pelos agentes na manha do dia seguinte para prestar
depoimento. Apesar de falar que queria esperar seu advogado, obteve a resposta

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de que “não tinha que esperar coisa nenhuma não”, e que se não falasse, “ficaria
pior para ele”.

Desde então encontra-se encarcerado na referida delegacia, devendo ser


colocado em liberdade pois o AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE lavrado não possui o
condão de validar a segregação, haja visto possuir nulidades e vícios que impõe o
imediato relaxamento de sua prisão.

DA NULIDADE DO AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE


O Auto de Prisão em Flagrante, cuja cópia encontra-se integralmente
acostada a este remédio heróico, é nulo, eis que padece de vícios que lhe retiram
todo substrato de validade, devendo assim a referida prisão ser relaxada por Vossa
Excelência.

É sabido que a estreita via do Habeas Corpus impede dilação probatória, por
esta razão todas as provas existentes estão aqui colacionadas, ademais, a nulidade
do Auto de Prisão se extrai da atuação da polícia, tanto Militar quanto a Judiciária.

Do magistério do ilustre doutrinador e juiz de direito, Alexandre Bizotto, se


extrai que:
“A prisão em Flagrante, embora espécie de medida cautelar, não deixa de Sr o germe de
uma acusação estatal. Todo ato acusatório precisa ser revestido da mais absoluta
formalidade, com o atendimento de todas as expectativas legais e constitucionais.”

“Qualquer descompasso entre o flagrante – espécie de notitia criminis que deflagra um


possível acusação – e a sua normatização fulmina o flagrante de nulidade, ensejando a
imediata liberdade da pessoa presa em flagrante, através do relaxamento judicial.”

O Código de Processo Penal explicita, dentre outros, casos em que ocorre


nulidade em atos processuais:
“Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato.”

- Da Nota de Culpa e Garantias Constitucionais:

Apesar de constar do termo de depoimento, o paciente não foi cientificado de


seus direitos constitucionalmente assegurados, entre eles o de permanecer em
silêncio, ao contrário, foi pressionado a prestar depoimento.

Diferentemente do que exige nossa Carta Magna, a atuação da Policia Civil


da cidade de Silvânia não é pautada pelo respeito aos direitos e garantias
fundamentais do homem, sendo que estes são encarados pelos referidos policiais
como mera formalidade que deve estar escrita em algumas paginas do Inquérito,
não tendo o paciente sido realmente cientificado de seus direitos.

O paciente, ao ser chamado para ser interrogado, na manha do dia 07 de


janeiro de 2008, manifestou aos agentes seu interesse em ser assistido por
advogado, ou ficaria em silêncio, mas foi dissuadido pelos mesmos, que disseram
que “se ele não falasse ficaria pior para ele”, e DIEGO, temendo ser novamente

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espancado (principalmente pelo fato de que qualquer pancada em sua perna


poderá impossibilitar totalmente sua recuperação), foi interrogado.

Ao final, foi obrigado a assinar o termo, mesmo tendo lido trechos dos quais
os mesmos não mencionou, como por exemplo a parte que fala da suposta
participação de sua namorada, e, ao indagar sobre o referido fato, obteve dos
policiais a resposta de que “isso é assim mesmo”, e o paciente, que já tinha
assinado o termo, nada pode fazer quanto ao relatado.

OS FATOS ACIMA DESCRITOS NÃO SÃO A PRINCIPAL NULIDADE DA ATUAÇÃO


POLICIAL.

Demonstrando toda a falta de apreço aos direitos e garantias do acusado em


processo criminal, a Policia Judiciária de Silvânia descumpre determinações legais, e
o pior, impõe à força, utilizando sua autoridade para maquiar as irregularidades por
ela cometidas.

Basta olhar as determinações constantes no Código de Processo Penal:


“Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou a pessoa por ele indicada.
(Redação dada pela Lei nº 11.449, de 2007).
§ 1o Dentro em 24h (vinte e quatro horas) depois da prisão, será encaminhado ao
juiz competente o auto de prisão em flagrante acompanhado de todas as oitivas colhidas e,
caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria
Pública. (Redação dada pela Lei nº 11.449, de 2007).
§ 2o No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa,
assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e o das
testemunhas. (Incluído pela Lei nº 11.449, de 2007).”

Apesar de constar expressamente no referido artigo, que a Autoridade Policial


deverá entregar ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, no prazo improrrogável
de 24 horas após a prisão, a Policia Judiciária da referida comarca faz pouco caso
desta disposição.

Ao invés de cumprir a lei, a Autoridade Policial fornece a nota de culpa no dia


que quiser, e obriga, mediante pressão, o acusado a assinar e colocar data
retroativa, dando um viés de validade a um termo absolutamente nulo, pois
efetivado após o prazo legal.

Foi o que ocorreu no presente caso, onde o paciente foi preso na noite de 06
de janeiro de 2009, e sua nota de culpa, foi somente passada por volta das
11h00min do dia 08 de janeiro de 2009, passado-se portanto, várias horas alem do
prazo estipulado em lei. Mas o paciente foi obrigado a assinar o termo e colocar a
data retroativa, numa demonstração da arbitrariedade da autoridade policial, e
demonstrando também como atua a Policia Civil da Cidade de Silvânia.

Comprovam o alegado a Declaração do Paciente, Declaração de um preso


que cumpre pena na mesma cela que o paciente, alem da Declaração da namorada
do paciente que absurdamente esta presa na mesma delegacia da cidade.

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O flagrante já é nulo por ter a NOTA DE CULPA sido expedida ao paciente


após o prazo determinado em lei, e mais, é nulo por ter a referida nota sido passada
sem cumprir as demais determinações impostas em lei.

Isto por que, conforme se extrai da cópia do Inquérito Policial (anexo), a já


viciada nota de culpa expedida, não possui o nome do condutor do preso, nem
sequer o nome das testemunhas. Isto porque, por ocasião da entrega da nota de
culpa ao paciente, já tinham sido ouvidas as duas testemunhas do caso,
CLEUDIMAR e RAMOM, este último, dono do TAXI utilizado pelos policiais na prisão,
já tendo também prestado depoimento o Condutor do indiciado.

Pelas circunstâncias, figuram injustificáveis as ausências das determinações


legais na nota de culpa, avultando-se todo o desrespeito da Autoridade Policial aos
preceitos constitucionais ao interrogar o acusado sem cientificá-lo de seus direitos,
ao apresentar nota de culpa fora do prazo e obriga-lo a assinar a mesma com data
retroativa.

Colacionamos a assertiva da eminente doutrinadora criminalista, Andréia de


Brito Rodrigues:
“Somam-se às garantias constitucionais, a exigência da observância das formalidades do
Flagrante contidas nos artigos 304/306 do Código de Processo Penal, entre os quais a nota
de culpa devidamente explicitada.”

- Da Ausência do Exame de Corpo de Delito:

Para provar seu alegado, o exame de corpo de delito é peça essencial, mas o
paciente não foi submetido a nenhum tipo de perícia para constatar as agressões
sofridas por ele, e praticadas pela polícia.

As lesões inclusive deixaram vestígio, e este causídico, na cadeia, tomou


conhecimento das referidas lesões, comprovando marcas avermelhadas e
hematomas na região do pescoço e costas, inchaço na cabeça e ainda escoriação
no peito do paciente, oriundo de chutes que recebeu em seu tratamento pela
polícia.

O paciente relatou que solicitou a um agente que fosse feito exame em seu
corpo para provar as lesões, e obteve a seguinte resposta “cala sua boca, seu
vagabundo”. Nessa resposta se encontra o resumo da atuação da policia no
presente caso.

- Do Auto de Exibição e Apreensão:

A Autoridade Policial não se entende submetida à imposições legais, nem


sequer às constitucionais. Por sua atuação, nota-se que a mesma se acha estar
acima da lei, usando de expedientes odiosos para legitimar seus atos ilegítimos.

A suposta testemunha, CLEUDIMAR, foi encontrada portando substâncias


entorpecentes. A autoridade policial não abriu um TCO contra o mesmo, como
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determina a nova lei de drogas. Ao invés disso, apreendeu a droga que estava em
seu poder, e a atribuiu ao paciente, lavrando auto de exibição e apreensão no
presente Auto de Prisão em Flagrante, colocando toda droga apreendida, tanto com
o paciente quanto com a suposta testemunha.

- Do Lado de Exame de Constatação:

O laudo de Constatação é uma das facetas que contribuem para a nulidade


do presente auto de Prisão em Flagrante, lavrado em total desconformidade aos
preceitos legais. Somente se figura como mais uma averiguação dos expedientes
usados pela Autoridade Policial para legitimar uma prisão ilegal.

O Delegado faz um termo de compromisso fictício de dois funcionários


públicos, para figurarem como peritos não oficiais no referido processo. A lei exige
que, quando não existirem perito oficial, portador de diploma em curso superior, a
perícia deve ser realizada simultaneamente por dois peritos devidamente
compromissados.

Conforme preceitua o Código de Processo Penal:


“Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito
oficial, portador de diploma de curso superior. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de
2008).
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as
que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. (Redação dada pela
Lei nº 11.690, de 2008)
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o
encargo. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

No Auto de Prisão em Flagrante atacado pelo presente Habeas Corpus, o


Termo de Compromisso de Nomeação de Perito diz: “aí compareceram”, e cita o
nome de duas pessoas que estavam sendo compromissadas para realizar a perícia,
uma é a escrivã que redige toda peça de Flagrante, o outro é o Sr. FRANCISMAR
TEIXEIRA.

Como uma pessoa comparece perante o Delegado para prestar compromisso


mas misteriosamente não assina o referido termo. E a maior surpresa: O Laudo
Pericial de Constatação também foi subscrito por somente um perito não oficial, no
caso a referida escrivã, que também elabora todo o Auto de Prisão em Flagrante.

A lei exige que, quando em pericias realizadas por perito não oficial, DUAS
PESSOAS IDONEAS DEVEM SER COMPROMISSADAS E REALIZAR A PERÍCIA. Mais uma
vez resta demonstrado todo o descaso da Autoridade Policial pelas determinações
legais, já que deliberadamente as descumpre lavrando o Auto de Prisão em
Flagrante atacado.

Infelizmente a atuação policial no presente caso merece ser averiguada mais


detidamente, e, o Paciente foi extremamente prejudicado, pois, ao ser a perícia das
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únicas provas materiais do delito supostamente praticado elaborada pela mesma


Policial Civil responsável pelo Inquérito, o Paciente ficou inteiramente a mercê da
Autoridade que o incrimina.

Não se sabe como foi pesada as substâncias apreendidas. Mas sabe-se, por
exemplo, que o CONDUTOR da prisão alegou ter apreendido 08 porções de
substância branca com as características de cocaína, mas a ‘‘‘‘‘‘‘““perita”””””””
examinou 09 porções de uma substância branca. E com o paciente somente foram
encontradas 03 porções, que se destinavam ao seu consumo próprio.

Ninguém sabe como, por exemplo, a dita perita chegou à conclusão de que
todas aquelas substâncias eram cocaína. Não existia nenhum reagente, mas a
mesma afirmou que pela coloração e pelas características formais era cocaína. As
06 porções examinadas, que não foram encontradas com o paciente, ninguém sabe
ao certo quais substâncias eram, ainda sim serviram como base para se alcunhar e
incriminar de traficante, o jovem usuário de drogas.

- Outros Vícios do Auto de Flagrante:

Incrivelmente a Autoridade Policial ainda deixa de atender outras


determinações legais, que somente contribuem para a evidenciação da nulidade do
auto atacado pelo presente remédio heróico.

Prescreve o Código de Processo Penal:


“Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá,
desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso.
Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório
do acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas
assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto.”

Apesar de o preso ter sido apresentado à Autoridade Policial, pelos Policiais Militares, a oitiva do
condutor somente ocorreu no dia subseqüente, e, não se tem notícia nos autos de que foi expedido recibo
de entrega do preso, conforme determina o artigo supra citado.

DA EVIDENTE NULIDADE DA SITUAÇÃO DE FLAGRÂNCIA.


Tudo papel aceita. E como se não bastassem os vícios formais constantes no
Auto de Prisão em Flagrante que a Autoridade Policial tentou ardilosamente
mascarar e também a utilização de expedientes afrontosos à legislação Processual
Penal e à Constituição, o Flagrante de crime não existiu.

Diz o Código de Processo Penal:


“Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em
situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam
presumir ser ele autor da infração.”

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Basta uma leitura rápida do Auto de Prisão em Flagrante para perceber que o
Paciente não foi preso por ter cometido o crime que lhe atribui a Autoridade Policial.
O núcleo do tipo, o crime praticado pelo Paciente se subsume integralmente ao que
dispõe o art. 28 da lei 11343/06.

Isto porque o mesmo tinha adquirido da pessoa chamada CLEUDIMAR, cujo


apelido na cidade é JACARÉ, e guardava, tinha em depósito, transportava e trazia
consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar.

- Da Suspeitíssima Atuação dos Policiais Militares:

Do depoimento do CONDUTOR do paciente, CB/PM ADÃO KENEDY MENDES,


se extrai que:
“Que, o condutor informa que estava de serviço, em patrulhamento pelas ruas da cidade,
acompanhado dos Policiais Militares SD Leite de SD Cotrim, quando por volta das 22h,
receberam uma ligação da Copom, informando que uma pessoa não identificada havia
feito uma denúncia de que um veículo de aluguel, GM/classic, prata, placa NFG 1772 –
Silvânia-GO havia acabado de sair da cidade de Leopoldo de Bulhões-GO sentido a esta
cidade e que o passageiro deste veículo havia comprado maconha e estava em poder da
droga.”

O passageiro do referido veículo de aluguel, TAXI, era a suposta testemunha,


CLEUDIMAR, traficante de drogas, conhecido em toda cidade pela alcunha de
jacaré, que possui várias passagens criminais, pelos mais diversos tipos penais.

Pelo trecho supra destacado, nota-se que a informação passada ao


CONDUTOR pelo Copom, provavelmente oriunda de denúncia, fica claro que o
passageiro do TAXI estava em Leopoldo de Bulhões, onde comprou maconha, e
tinha acabado de sair da referida cidade, em direção à Silvânia, e o mesmo estava
em poder da droga.

Fica claro que CLEUDIMAR, o traficante de drogas da cidade de Silvânia,


compra substâncias entorpecentes na cidade de Leopoldo de Bulhões para revende-
las na cidade em que ocorreu a prisão do paciente, Silvânia – Goiás.

Outro trecho do depoimento do CONDUTOR:


“Que diante dos fatos, deslocaram até próximo ao Ginásio Anchieta e quando o veículo
citado retornou, fizeram a abordagem do mesmo e identificaram o condutor e proprietário
do veículo, RAMON DE ABREU CARVALHO e o passageiro CLEUDIMAR BUENO
DE ABREU, vulgo “jacaré”, que, foi feito uma busca no veículo e uma busca pessoal nos
dois indivíduos, porém, foi encontrado em poder de “jacaré” um tablete de maconha”

A partir de então, o depoimento do CONDUTOR se CONTRADIZ com o


depoimento do Paciente, com o depoimento de CLEUDIMAR, e com o depoimento do
motorista do TAXI, Ramom. Não existe razão de as informações prestadas pelo
policial serem diametralmente opostas às demais declarações que compõem o Auto

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de Flagrante senão mascarar a verdade de como os fatos ocorreram, para tentar


legitimar a atuação desastrosa da Polícia Militar.

Atualmente o mesmo cumpre pena no regime semi-aberto. Cometeu um


crime tipificado em lei penal vigente. Se não foi preso em flagrante por cometer o
crime de tráfico, pelo menos deveria ter sido preso por ter cometido o crime do art.
28 da nova lei de drogas.

Não que o referido artigo preveja pena privativa de liberdade para os


acusados e condenados por aquele crime, já que ao usuário de drogas não mais
pode ser imposta este tipo grave de sansão, daí o absurdo da prisão imposta ao
paciente.

O fato é que, pela situação própria de CLEUDIMAR, ao ser flagrado na posse


de drogas, o mesmo cometeu crime, e por isso os policiais TINHAM A OBRIGAÇÃO
FUNCIONAL de levá-lo à delegacia, e CLEUDIMAR deveria ali permanecer detido, já
que a Lei de Execução Penal impõe a regressão de Regime para regime mais
gravoso quando o condenado praticar outro crime, como aconteceu.

Conforme se extrai da Lei de Execução Penal:


“Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva,
com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado:
I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;”

Mas CLEUDIMAR não foi detido. Não se sabe qual o acordo feito entre o
mesmo e os Policiais Militares, mas o que se sabe é que ao invés de cumprir a lei,
os referidos policiais armaram, com conluio de “jacaré”, uma situação forjada de
flagrante de tráfico de drogas, incriminando o paciente.

PARA LEGITIMAR O FLAGRANTE PREPARADO OS POLICIAIS MENTIRAM EM


SEUS DEPOIMENTOS.

Disse o CONDUTOR:
“Que mais tarde, já por volta da 23h:40min, quando novamente estavam em
patrulhamentos pelo centro desta cidade, na Praça Celso Silva, novamente depararam com
“jacaré” conversando com DIEGO ALVES MACHADO”.

Isso é mentira. E se pode averiguar do cotejo entre os demais depoimentos


colhidos no Auto de prisão em Flagrante. Como se verá a seguir, os Policiais não
estavam em ronda, estavam sim forjando um Flagrante. Os policiais não depararam
com CLEUDIMAR conversando com DIEGO, e sim armaram uma situação em que o
paciente foi alçado à condição de traficante de drogas.

Falou CLEUDIMAR:
“Que ao voltar para esta cidade o taxi em que o depoente estava foi abordado por policiais
militares e ao revistar o depoente, a droga foi encontrada; Que o depoente explicou aos
policiais como conseguia comprar as drogas e então os militares lhe pediram que ligasse
pra o DIEGO e “encomendasse” uma nova compra;”

Assim explicitou o taxista RAMOM DE ABREU CARVALHO:


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“os policiais solicitaram eu o acompanhassem até a Cia da Polícia Militar local, ocasião
em que tomou conhecimento de que foi encontrado na cueca de Cleudimar, um tablete de
maconha; Que diante dos fatos, os Policiais Militares, SD Cotrim e SD Ribeiro,
solicitaram o empréstimo de seu carro e saíram acompanhado de Cleudimar; Que após
uns vinte minutos aproximadamente, os Policiais Militares retornaram acompanhados de
CLEUDIMAR e DIEGO”.

O Paciente é usuário de Drogas. Tinha drogas em sua posse e trazia consigo


para seu consumo próprio. As drogas encontradas com o mesmo foram compradas
de CLEUDIMAR. Portanto, CLEUDIMAR sabia que o Paciente tinha drogas em sua
posse. CLEUDIMAR ligou para Diego pois, alem de vender drogas para o paciente,
JACARÉ também usava drogas juntamente com o mesmo, e sabia que o acusado
levaria substâncias entorpecentes para seu encontro, para que os dois
consumissem juntos, como faziam frequentemente na cidade, inclusive na própria
casa de CLEUDIMAR.

Não fosse a atuação da Policia Militar, em conluio com CLEUDIMAR, o


Paciente nunca teria sido suspeito de traficar drogas, já que a situação de flagrância
de tráfico somente existiu pela preparação feita pela Polícia. O Paciente trazia
drogas para seu próprio consumo, mais, pela armação dos policiais, forjou-se uma
situação de flagrância em tráfico de entorpecentes.

A razão de a polícia não ter levado CLEUDIMAR preso no momento em que foi
apanhado com drogas, para possibilitar o cumprimento da lei e a regressão do
regime prisional, bem como a razão da polícia ter mentido sobre seu modus
operandi por ocasião da lavratura do flagrante, tornam suspeitíssimas a atuação da
Policia Militar, contribuindo para evidenciar a situação preparada do flagrante
lavrado.

Colhemos a presente oportunidade para citar trechos do despacho do


eminente Ministro MARCO AURÉLIO, ao conceder pedido liminar no Habeas
Corpus no 84265/SP impetrado perante o Excelso Supremo Tribunal Federal, que por
suas palavras, dispensam maiores explicações:
“(...) Nunca é demasia ressaltar a rigidez da Carta da República. A legislação ordinária há
de ser interpretada a partir dos ditames constitucionais, observando-se que, em Direito, o
meio justifica o fim, mas não este aquele. O Estado-juiz, mais do que qualquer outro
órgão da Administração Pública, deve ter presente o princípio da legalidade, atentando
para o fato de o Judiciário ser a última trincheira do cidadão (...);
(...) De qualquer forma, reiterados são os pronunciamentos desta Corte no sentido de não
se dar vazão à capacidade intuitiva de órgãos julgadores quando em jogo a liberdade de ir
e vir. Interferências em processo em tramitação devem estar esclarecidas no ato de prisão,
com esteio em dados concretos e, portanto, em ações já praticadas e que diferem daquelas
ligadas ao tipo penal no que se diz incurso o cidadão. (...);
(...) salientando-se que a medida extrema somente deve ser implementada quando se
mostre necessária, ante o princípio da não-culpabilidade, a impossibilidade de reputar-se
alguém culpado sem o trânsito em julgado da sentença penal condenatória (...);”.

- CLEUDIMAR: De Traficante à Vítima – COMO??

CLEUDIMAR, ou JACARÉ, conforme seu histórico criminal, e conforme


conhecimento geral na cidade de Silvânia, é traficante de drogas. O paciente, ao
contrário é um doente, um dependente químico, que, apesar da pouca idade, é
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usuário de drogas a mais de 06 anos, e hoje o mesmo é viciado em maconha e em


cocaína.

O paciente tinha adquirido de CLEUDIMAR, nos dias que antecederam a


prisão, cerca de R$150,00 (cento e cinqüenta reais) em substâncias entorpecentes,
sendo R$ 50,00 (cinqüenta reais) de maconha, adquirida dois dias antes do fato, e
R$ 100,00 (cem reais) de cocaína, compradas pelo paciente de CLEUDIMAR na
semana anterior ao flagrante.

Dentre os crimes praticados por CLEUDIMAR, podemos, somente a título de


exemplificação, citar “9800479783 (15047-0/217)” – “200501751623 (27957-
6/213)” – “200600350295 (28850-7/213)” - “200501444518 (27752-6/213)”.
Nota-se, portanto, que o mesmo é muito experiente na vida criminosa, já
percorrendo, com suas passagens, diversos artigos tipificados pela lei penal,
inclusive, segundo comentários da cidade, o art. 12 da lei 6368/1976.

Conforme mostra a Declaração de WESLEY JOSÉ LEÃO, anexada ao presente,


CLEUDIMAR apanhou da polícia, antes de ajudá-la a forjar a situação de flagrância.
Provavelmente apanhava para denunciar quem era seu fornecedor.

Vossa Excelência sabe, assim como todos que atuam nesta área, que, no
mundo do crime, delatores são punidos com pena de morte pelos bandidos, e
CLEUDIMAR, criminoso contumaz, sabe muito bem disso. Então o mesmo tinha
certeza que correria um sério risco se denunciasse seu fornecedor de entorpecentes
na cidade de Leopoldo de Bulhões.

Isto porque, conforme informações extraídas do COPOM, e relatadas pelo


CONDUTOR, o passageiro do TAXI, ou seja, CLEUDIMAR, tinha adquirido maconha na
cidade de Leopoldo de Bulhões e estava transportando a mesma para a cidade de
Silvânia, quando então foi abordado.

Ao encontrar drogas em sua posse, os policiais começaram a agredi-lo, como


confirma a declaração supra mencionada, para descobrir de quem CLEUDIMAR
havia adquirido as referidas substâncias.

Como CLEUDIMAR não podia delatar seu fornecedor de drogas, que se


encontrava da cidade de Leopoldo de Bulhões, ou correria risco de morte, mas tinha
que entregar algum nome para os policiais, para que parassem de agredi-lo,
JACARÉ, forneceu o nome do Paciente, pessoa que o mesmo tinha certeza que
possuía drogas estocadas para consumo próprio, pois foi ele quem as vendeu para
o Paciente, dias antes do ocorrido.

CLEUDIMAR sabia sem sombra de dúvidas que o Paciente não tinha tido
tempo de consumir toda a quantidade de drogas que ele tinha vendido para o
mesmo dias antes.

Ligou então para o Acusado, que, percebendo a fala confusa de CLEUDIMAR


achou que este estava sob o efeito de drogas, não suspeitando o que estava sendo
armado, e foi até a praça da rodoviária da cidade, local usual aonde consumiam
drogas, trazendo consigo maconha e cocaína para seu consumo próprio.

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O Paciente, ao contrário de CLEUDIMAR, nunca vendeu drogas. Ele guardava,


e trazia consigo substancia entorpecente para consumo próprio. Somente foi alçado
à condição de suspeito de tráfico de drogas pela atuação da Policia Militar, em
conluio com JACARÉ.

As informações extraídas da declaração do paciente, somente corroboram


com o que foi explicitado acima, senão vejamos:
“Eu sempre compro maconha e cocaína do CLEUDIMAR, pois ele vende drogas aqui na
Cidade de Silvânia, e agente já fumou maconha juntos várias vezes, em vários locais, na
praça da Rodoviária, e na própria casa dele. Normalmente quando eu ia comprar Maconha
dele ele “punha um brau” (gíria para oferecer um cigarro de maconha) e agente fumava
juntos.”
“Eu comprava cocaína em pequenas porções, que agente chama de “dola”, e dependendo
do tanto de “dolas” que eu comprava o jacaré fazia a R$ 15,00 (quinze reais) ou a
R$20,00 (vinte reais) cada “dola”. Ultimamente eu tava cheirando de 05 até 10 ou mais
“dolas” por noite.”
“Quando o Cleudimar me ligou e eu fui encontrar ele para agente fumar um “brau”
juntos, eu peguei um pedaço de “brau” que eu tinha comprado dele por R$ 50,00
(cinqüenta reais) a uns dois dias, e eu já tinha fumado um pouco desse pedaço que eu
comprei, e também levei 03 “dola de pó” (gíria para porção de cocaína) para eu cheirar na
praça depois de fumar o “brau”.”
“Quando eu cheguei na praça e vi o jacaré eu ia chamar ele para agente fumar um cigarro
de maconha, dois PMS a paisano desceram de um TAXI que estava estacionado na praça
da rodoviária, ao lado do jacaré, e desceu também um outro policial dentro de um carro
branco que também estava estacionado, e quando eu parei a bicicleta eles já anunciaram a
voz de prisão e me jogaram no chão e me algemaram.”

NÃO SE SABE AO CERTO O QUE OCORREU ENTRE CLEUDIMAR E OS POLICIAIS


MILITARES. O QUE SE SABE É QUE OS MESMOS, APESAR DE TEREM APREENDIDO
SUBSTANCIAS ENTORPECENTES PROIBIDAS COM CLEUDIMAR, NÃO O LEVARAM
PRESO, JÁ QUE AINDA CUMPRE PENA E TERIA DE TER O REGIME DE CUMPRIMENTO
MODIFICADO.
NÃO SE SABE PORQUE OS POLICIAIS SEQUER FORAM À RESIDENCIA DE
CLEUDIMAR PARA APREENDER MAIS DROGA, APESAR DE O MESMO SER CRIMINOSO
CONTUMAZ.
NÃO SE SABE A RAZÃO DE OS POLICIAIS TEREM MENTIDO EM SEUS
DEPOIMENTOS.
A ÚNICA COISA QUE SE TEM CERTEZA É QUE O PACIENTE É USUÁRIO DE
DROGAS E QUE FOI INDUZIDO A UM SUPOSTO COMETIMENTO DE CRIME DE
TRÁFICO PELOS ATOS DOS POLICIAIS MILITARES E DE CLEUDIMAR, QUE
INDUBITAVELMENTE FORJARAM UMA SITUAÇÃO DE FLAGRÂNCIA.
- Do Flagrante Preparado:

Meritíssimo, o acusado foi vítima de uma farsa armada pelos


Policiais Militares de Silvânia, que usaram da artimanha de um

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flagrante forjado, que é considerado ilegal por nossa norma


jurídica, com conluio de um traficante conhecido como JACARÉ.
Tomando conhecimento de que o Acusado possuía guardada
substância entorpecente para seu próprio consumo, os referidos
Policiais, suplantados pelas falsas informações extraídas agente
Zezão, durante uma partida de futebol em que ambos estavam
presentes e, sem dizer ao acusado que era policial, induziu Caio a
adquirir dois quilos de cocaína do traficante mencionado,
afirmando ter interesse na respectiva compra, pela qual pagaria
vinte mil reais;
3.
O acusado, Meritíssimo, como todos nós brasileiros, atravessa grave crise
financeira, com dívidas na praça que chega ao montante de dezoito mil reais, alto
para o seu padrão de vida, e, ignorante quanto à gravidade de sua ação, aceitou a
proposta do policial;
4.
O acusado, nobre julgador, iniciou a ação criminosa, porém não a concretizou, pois
ao se dirigir ao ponto de venda de drogas, foi preso "em flagrante" por Zezão e
mais dois policiais, que até o momento, não se pode afirmar que também
participavam, ou pelo menos sabiam da fabricação do flagrante. A prisão ocorreu
no dia 18 de março próximo passado, mas a lavratura do auto de prisão em
flagrante, ocorreu quase noventa e seis horas após, no dia 22, sem ainda ser
concedida a nota de culpa ao preso. Tudo em total desrespeito ao que impõe a
norma processual penal, que determina o prazo de vinte e quatro horas para tal
procedimento (artigo 306, do CPP). A Jurisprudência dos Tribunais brasileiros já
pacificou o assunto: "A ausência da nota de culpa vicia o ato de prisão em
flagrante, cabendo seu relaxamento." (RT 615/321). "É ilegal a lavratura do
flagrante vários dias depois da prisão" (RT 567/286);
5.
O fato do flagrante ter sido forjado/fabricado, isto é, preparado ardilosamente por
policial, torna-o nulo de pleno direito. Júlio Fabrini Mirabete, em seu Código Penal
Interpretado, conceitua tal prática, infelizmente bastante utilizada por alguns
policiais despreparados, nos seguintes termos: "Flagrante forjado ou fabricado é
quando a Polícia ou particulares 'criam' falsas provas de um crime inexistente."
Prossegue, o eminente jurista, afirmando em sua memorável obra jurídica, que
"dependendo do caso pode haver crime de concussão ou abuso de autoridade ou
outros até, praticados pelas pessoas que efetuaram a prisão ilegal."
Diante do exposto, aliado à primariedade do acusado, seus bons
antecedentes, possuir ainda, residência fixa e trabalho honesto, requer a Vossa
Excelência, o benefício de se defender solto da acusação que lhe é imputada. Por
estar amparado pela lei processual penal, digne Vossa Excelência, portanto, relaxar
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o flagrante, dando ordens ao escrivão que proceda a expedição de ALVARÁ DE


SOLTURA e o encaminhe imediatamente para a autoridade policial coatora.

Nestes Termos
Pede e Espera
Deferimento

5- O que determinou a prisão do paciente, foi a "notícia" de houve um furto nas


proximidades onde o mesmo se encontrava e a sua "semelhança física" com o
pretenso delinqüente. Trata-se, na verdade, meritíssimo, de se providenciar o
reparo URGENTE de uma grande injustiça. O paciente é homem honrado, humilde
e digno trabalhador, cujo direito fundamental, garantido pela Constituição Federal
de ir e vir livremente, foi gravemente violado pela arbitrariedade policial.

7- Lamentavelmente ainda se prendem injustamente pessoas baseado unicamente


em sua aparência humilde, sem ao menos se perquirir e investigar com mais
profundidade a veracidade da suspeita. O paciente é homem sério, de princípios e
nunca cometeu qualquer crime. Tem residência fixa, portanto endereço certo e
conhecido e trabalha na firma ...., de acordo com o registro do contrato de trabalho
em sua carteira profissional.

8- Não foi preso em flagrante, nunca teve qualquer passagem por qualquer
Delegacia de Polícia, não responde a qualquer inquérito e nunca foi condenado por
qualquer crime.

9- Flagrante é a arbitrariedade policial, o abuso de poder perpetrado contra um


trabalhador inocente!!!

10- Diante do exposto, REQUER o paciente seja-lhe concedida a ORDEM de


"HABEAS CORPUS", fazendo cessar, incontinenti, a coação ilegal que está sendo
vítima por parte da Autoridade Policial, lavrando-se e expedindo-se em favor dele
o alvará de soltura, para que seja posto imediatamente em liberdade.

......................... ....., de ....................... de ..................

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DAS CIRCUNSTÂNCIAS PESSOAIS DO PACIENTE

RESUMO

A prisão em flagrante é imediatamente relaxada quando se constata sua ilegalidade,


nos termos do Art. 5º, LXV da CF/88. As hipóteses são as seguintes: a) na falta de
formalidade essencial na lavratura do auto. Ex.: falta de entrega da nota de culpa;
b) quando não estiverem presentes os requisitos da prisão em flagrante presentes
no Art. 302 do CPP; c) quando do fato atípico; d) quando os prazos não forem
respeitados ou quando houver excesso no prazo da prisão.É necessário que se
observem estes requisitos para que a prisão não seja relaxada. O STF entende, que
a proibição de liberdade provisória nos casos de crimes hediondos não veda o
relaxamento da prisão processual por excesso de prazo.

DOS PEDIDOS FINAIS

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Registre-se, ainda, que se reconhece que a mera condição de


primariedade do Peticionário – ele é um jovem primário, recém
saído da adolescência, tem residência fixa, tem emprego e
família - não pré-exclui, só por si, a possibilidade de
determinação da medida cautelar constritiva da liberdade
individual (RTJ 99/651 – RT 649/275 – RT 662/347).

30. A prerrogativa jurídica da liberdade – que possui


extração constitucional (CRFB, artigo 5o, incisos III, LXI a LXV) –
não pode ser ofendida, por isso mesmo, por interpretações
doutrinárias ou jurisprudenciais, que, fundadas em preocupante
discurso de conteúdo autoritário, culminam por consagrar,
paradoxalmente, em detrimento de direitos a garantias
fundamentais proclamados pela Constituição da República
Federativa do Brasil, a ideologia germânica da Lei a da Ordem.

31. Mesmo que se trate de pessoa Acusada da suposta


prática de crime hediondo (o que não ocorre in casu), a até que
sobrevenha sentença penal condenatória irrecorrível, não se
revela possível – por efeito de insuperável vedação constitucional
(CRFB, artigos 1o, III e 5o, LVII) – presumir-lhe a culpabilidade.

O princípio constitucional da não-culpabilidade, em nosso sistema jurídico,


consagra uma regra de tratamento que impede o Poder Público de agir e
de se comportar, em relação ao suspeito, ao indiciado, ao denunciado ou
ao réu, como se estes já houvessem sido condenados definitivamente por
sentença do Poder Judiciário.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente
ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
assegurada a assistência da família e de advogado;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial;
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;

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Isto porque a regra, mais uma vez, é a liberdade, sendo a prisão a verdadeira
exceção.
O relaxamento pressupõe a ilegalidade da prisão, restaurando a liberdade plena do
preso. A liberdade provisória é um sucedâneo da prisão em flagrante válida e cria
uma liberdade restrita, por isto que vinculada aos deveres processuais expressos no
código”.
Nosso Código de Processo Penal dispõe sobre a prisão em flagrante nos artigos
301 a 310.

É a prisão de quem está cometendo o crime; acaba de cometê-lo; é perseguido,


logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação
que faça presumir ser autor da infração; é encontrado, logo depois, com
instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da
infração.

As duas primeiras hipóteses são denominadas flagrante em sentido próprio ou


verdadeiro; nas duas últimas, respectivamente, flagrante impróprio, ou quase-
flagrante e finalmente o flagrante presumido ou ficto.

Trata-se de uma prisão cautelar.

Mas o que é de fato um flagrante preparado?

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Flagrante preparado é aquele que sua consumação se torna impossível, uma vez
que a própria vítima, a polícia ou qualquer pessoa o haviam preparado
anteriormente.

Ocorre quando as circunstâncias preordenada por outrem e ignoradas do agente,


ardilosamente induzido ao crime, impossibilitam a seriedade deste (simulacro de
crime por obra de agente provocador).

É aquela cuja a polícia se arma de meios para efetuar a prisão, que pode ocorrer
porque houve induzimento à prática da infração penal (crime provocado), quer
porque, por diligências, vigilância, informações etc., sabe que o agente vai
praticar o ilícito (crime esperado).

CRIME IMPOSSÍVEL: INEFICÁCIA DO MEIO

A inidoneidade do meio dever ser perquerida no caso concreto, já que um meio


pode ser ineficaz em determinadas situações e possível de eficácia em outras, em
que se incluem as condições pessoais da vítima. Assim sendo, adotou a lei a teoria
temperada ou intermediária quanto ao crime impossível. Evidentemente, não se
pode tachar de ineficaz o meio que, na prática demonstra uma eficácia plena ou
relativa.

CRIME IMPOSSÍVEL PELA ABSOLUTA


IMPROPRIEDADE DO OBJETO.

"Não há que se falar em crime impossível se, em virtude de patentearem-se


relativas ineficácia do meio ou a impropriedade do objeto, suceder concreta
possibilidade – ainda que mínima – de o agente obter a consumação do delito."

EXCLUSÃO DE DELITO PUTATIVO

Segundo Aníbal Bruno a conduta de flagrante preparado só se insere no crime


impossível, nos casos em que, em face das circunstâncias predispostas, há a
exclusão "absoluta" da possibilidade de o fato vir a ser consumado; nos casos
concretos em que a vigilância providenciada pelo agente provocador constitui
uma barreira intransponível para o sujeito. Esta é a hipótese que parte do
pressuposto de que a predisposta vigilância e as demais circunstâncias do caso
concreto tornam absoluta a impossibilidade de lesão do interesse jurídico. Assim,
se, não obstante as providências tomadas, o agente lesa o bem jurídico, não há
falar-se em delito putativo. É que as providências e circunstâncias não eram de
molde a acautelar o bem jurídico, em face do que o agente responde pelo crime.

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Assim sendo, a inidoneidade do meio empregado ou a do objeto do crime não


impedem que o agente responda pelos atos praticados quando constituírem eles,
por si, fato típico. Este é o entendimento do TACRSP (JTACRIM 65/397).

SÚMULA Nº 145 DO STF


SOBRE FLAGRANTE PREPARADO

Fala-se em crime provocado, ou crime de ensaio, quando o agente é induzido à


prática de um crime por terceiro (agente provocador). A respeito do assunto
estabeleceu o STF a Súmula nº 145: "Não há crime quando a preparação do
flagrante pela polícia torna impossível a consumação." Deve-se entender, porém,
que a súmula refere-se a flagrante preparado, e se poderá falar de crime
impossível se, ainda que não tenha havido provocação, as circunstâncias
tornavam impossível a consumação do crime. De outro lado, ainda que tenha
atuado o agente provocador, se houve a possibilidade de consumação, ocorre
tentativa. Evidentemente, não se aplica o enunciado 145 da Súmula quando o
crime estiver consumado.

Assim é inaplicável a Súmula nos casos em que tendo a autoridade policial


recebido informação da prática de um delito, "arma esquema de vigilância e
consegue, desta forma
deter o infrator". (RT 442/447 e 532/367).

CONCLUSÃO

Enfim, penso que diante do caso concreto, muito embora o pensamento corrente
posicione-se favoravelmente à existência de crime impossível nos casos em que
ocorre o chamado flagrante preparado, nos posicionamos contrariamente a este,
por entendermos e observarmos que tal instituto vem sendo aplicado pela polícia ,
por pessoa designada por ela ou, por outra autoridade competente, para fechar o
cerco e minimizar as ações do tráfico ilícito e uso indevido de substâncias
entorpecentes, conforme o disposto na Lei 6368/76; reprimir a prática de ações do
crime organizado através de meios de prova e procedimentos investigatórios que
desestruturem a formação de bandos ou quadrilhas, com base na Lei 9034/95;
inibir a propagação dos crimes voltados para a lavagem de dinheiro, elencados na
Lei 9613/98. Por fim, citamos a aplicação e uso deste instituto pela autoridade
policial, para reprimir a prática do crime de concussão, listado no art. 316 do
nosso Código Penal.
Figura 1
Estas são as exceções aplicadas à regra, ou seja, estes são os casos de flagrante
preparado, em que o policial arma um esquema para apanhar o agente em
flagrante delito, os quais não têm sido considerados como crime impossível,
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havendo uma tolerância bastante acentuada com relação à esta prática, aplicada
às situações que agonizam a sociedade como um todo nos dias de hoje, de forma
tempestiva e que precisam extrema repressão.

Para encerrarmos e ilustrarmos a nossa conclusão lançamos mão de uma citação


do célebre escritor carioca Machado de Assis (1839-1908) que dizia:

"A ocasião não faz o ladrão. Faz o furto. O ladrão já nasce feito."

EMENTA: TÓXICOS - TRÁFICO -DISPENSABILIDADE DE PROVA


FLAGRANCIAL DA ATIVIDADE ILÍCITA PARA A CARACTERIZAÇÃO DO
DELITO - SUFICIÊNCIA DA MATERIALIDADE DELITIVA E DOS
ELEMENTOS INDICIÁRIOS - ART. 37 DA LEI N. 6.368/76 - FLAGRANTE
PREPARADO - INOCORRÊNCIA - Sendo o tráfico de entorpecente uma
atividade essencialmente clandestina, não se torna indispensável prova flagrancial
do comércio ilícito para a caracterização do delito. Bastam a materialidade delitiva
e elementos indiciários que demonstrem a conduta delituosa do acusado. -
Comprovadas a autoria e a materialidade do delito, não há como se afastar a
condenação pela simples alegação de flagrante forjado ou preparado, circunstância
não evidenciada nos autos. - Recurso conhecido e improvido, rejeitadas as
preliminares.
Desarrazoadas, "data venia", todas as causas de nulidade apontadas. Em primeiro
lugar, o tráfico ilícito de entorpecentes, pela sua natureza clandestina, é infração de
caráter permanente. Por isso mesmo, o ingresso de agentes da autoridade em casa
alheia, mesmo à noite, não viola os princípios legais, posto que a Constituição
Federal, em seu art. 5º, XII, dispõe expressamente que "a casa é asilo inviolável do
indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,
por determinação judicial".
A propósito, decidiu o Tribunal de Justiça de São Paulo:
"PRISÃO EM FLAGRANTE - Entorpecente - Captura efetuada pela autoridade
policial em casa alheia, à noite, independentemente de mandado - Admissibilidade
- Hipótese de crime permanente em que o flagrante é contínuo.
- No crime de tráfico de entorpecente é admissível que a autoridade policial
ingresse em casa alheia, mesmo que seja à noite, independentemente do
consentimento do morador e sem a expedição de mandado judicial para efetuar a
prisão em flagrante, pois trata- se de crime permanente em que o flagrante é
contínuo". (RT-752/576).
Para a existência de flagrante preparado é indispensável a presença do agente
provocador que, doutrinariamente, é a designação que se dá ao indivíduo que
instiga, ou cria as circunstâncias propícias para outrem praticar atos executórios de
infração penal, a fim de, ao depois, surpreendê-lo no momento da execução.
Na hipótese, não há o menos indício de ter a polícia instigado ou criado situação
propícia para o réu praticar atos executórios do tráfico.
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"Não se pode falar em flagrante preparado mas sim esperado, quando a substância
entorpecente encontrava-se em poder e à disposição do réu e destinava-se a
consumo de terceiros. Trata-se de delito permanente, cuja consumação é anterior
ao momento da trama policial. (RT 724/638)".
Laudos
O apelante apresentou-se ao exame no dia em que foi preso
E por que haveria ele de sofrer brutal agressão física se no auto de prisão em
flagrante teve ampla liberdade de invocar o direito constitucional de permanecer
em silêncio e somente se manifestar sobre os fatos em juízo ? O normal, entre nós,
é o réu se retratar da confissão extrajudicial alegando quase sempre ter sido
coagido ou agredido fisicamente nas dependências da polícia para assumir a
autoria do delito.
--A materialidade restou configurada pelo auto de apreensão e pelos laudos de
constatação e pelo exame químico toxicológico.
Sendo o tráfico de entorpecentes uma atividade essencialmente clandestina, não se
torna indispensável prova flagrancial do delito. Bastam a materialidade e
elementos indiciários que demonstrem a conduta delituosa do acusado.
Esta é a majoritária posição da atual jurisprudência dos nossos tribunais:
" Não é indispensável a prova efetiva do tráfico para a formação de um juízo de
certeza, pois tal convencimento pode resultar satisfatoriamente comprovado pelo
conjunto de indícios e circunstâncias que cercam o agente envolvido" . (RT-
729/542).
" Para a caracterização do delito do art. 12 da Lei 6.368/76, crime de ação múltipla,
é suficiente que o agente traga o entorpecente consigo, pois a consumação não
exige qualquer resultado, como a venda ou a efetiva entrega da coisa, bastando a
simples posse da droga". (RT- 763/690).
" O crime de tráfico não se consuma apenas com o fato de o agente trazer consigo
o entorpecente, pois o art. 12 da Lei 6.368/76 traz diversas figuras típicas, entre as
quais o depósito de droga, o que fica caracterizado na hipótese de o réu ter
enterrado na sua residência a substância em local cercado por grades e, portanto, de
difícil acesso a estranhos, não restando demonstrada a alegação de que a droga não
era sua, ou que não tinha conhecimento da existência da mesma" (RT- 777/688).
" É desnecessária a comprovação de qualquer ato de comércio para que seja
caracterizada a conduta do agente como tráfico de entorpecentes, uma vez que o
convencimento quanto à incidência do art. 12 da Lei 6.368/76 pode decorrer do
conjunto indiciário existente nos autos". (RT- 779/554).
"A simples alegação de ter sido apreendida pequena quantidade de entorpecente
em poder do réu, compatível com o uso, não tem o condão de elidir sua
responsabilidade pelo crime do art. 12 da Lei 6.368/76, se todo o conjunto
probatório está a revelar seu envolvimento no mundo do tráfico". (TJMG -
Ap.000.321.427-7/00 - Rel. Des. Herculano Rodrigues, j. 22.05.2003 - RT-
816/630).

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Assim, da conjugação de todos os fatores e dos demais referenciais indiciários


existentes nos autos, não paira o menor resquício de dúvida quanto à culpabilidade
do acusado.
Acusado de tráfico de drogas obteve perante o STF (HC 91550) o relaxamento da
sua prisão, tendo em vista o reconhecimento do chamado flagrante preparado.
De acordo com o artigo 302 do CPP, o estado de flagrância fica caracterizado se o
indivíduo: a) é preso cometendo a infração penal ou quando acaba de cometê-la
(flagrante próprio ou perfeito); b) é perseguido, logo após a prática do delito, pela
autoridade, pelo ofendido ou qualquer pessoa em situação que o faça presumir ser
o autor do fato (flagrante impróprio ou imperfeito); c) é encontrado, logo depois do
cometimento do crime, com instrumentos, armas, objetos que também possibilitem
presumi-lo como tal (flagrante presumido).
A prisão em flagrante é uma das espécies de prisão cautelar (processual). É
autorizada pela Constituição Federal, no seu artigo 5º, LXI, que dispensa a
exigência de mandado judicial, donde se extrai, num primeiro momento, a sua
natureza administrativa, vez que o auto de prisão em flagrante é lavrado pela
Polícia Judiciária. Depois, torna-se jurisdicional, na hipótese em que o juiz, ao dela
ter conhecimento, a mantém.
O flagrante preparado (ou provocado), também conhecido como crime de ensaio
ou de experiência (porque tudo é uma encenação) não se amolda em nenhuma das
modalidades anteriormente citadas. Ocorre quando o agente é induzido,
ardilosamente, à prática da infração penal. Nesse caso, há um agente provocador
que o induz ou instiga a cometer o fato típico, pois somente assim, poderá prendê-
lo.
Nesses moldes, não se fala na configuração da flagrância, mas sim, do crime
impossível (artigo 17 do CP), já que, ao mesmo tempo em que o agente provocador
atua no sentido de conduzir o indivíduo ao cometimento do delito, também age
para impedir que alcance o resultado visado. É exatamente o que dispõe a Súmula
145 do STF: "não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna
impossível a sua consumação".
É o que se dá nas hipóteses de tráfico de drogas, quando o agente provocador se
passa por viciado e consegue comprar a droga: haverá flagrante preparado em
relação ao núcleo "vender", mas, como o artigo 33 da Lei 11.343/06 tipifica várias
condutas, não haverá crime impossível, por exemplo, no que se refere ao núcleo
"trazer consigo" ou "ter a posse". Aqui, o flagrante se mostra válido e, nas saudosas
palavras de Maurício Guimarães Pereira, o que se vê é um "flagrante
comprovado".
O delito de ensaio não se confunde com o flagrante forjado ("fabricado"),
reconhecido pela doutrina como um flagrante totalmente artificial e criminoso.
Exemplificando: policial que ao vistoriar veículo coloca drogas dentro dele para
incriminar o seu proprietário. Também não guarda relação com o flagrante
esperado. Nesse, não há agente provocador que induz ao crime, mas o indivíduo é
observado e, ao praticá-lo espontaneamente, é preso.

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Por fim, não há qualquer semelhança com o flagrante prorrogado (diferido ou


retardado), que nada mais é do que a possibilidade conferida à polícia de postergar
a prisão em flagrante, com o objetivo de obter maiores informações sobre a
estrutura, o funcionamento e os agentes de uma organização criminosa. Essa
modalidade de prisão em flagrante tem cabimento em duas hipóteses: quando se
tratar de crime organizado (Lei 9.034/95) e nos delitos previstos na Lei 11.343/06
(artigo 53 da Lei de Drogas). Nas duas, a autoridade policial pode retardar a prisão
para efetuá-la no momento mais adequado, ou seja, quando possível identificar e
responsabilizar maior número de criminosos. A principal diferença entre elas está
no seguinte: na primeira (crime organizado) não há qualquer controle por parte do
Ministério Público ou judicial, o que se vê na segunda (tráfico de drogas), na qual
se exige prévia autorização judicial e oitiva do parquet.
Concluindo: dentre as mais variadas modalidades, o flagrante preparado se destaca
por sua característica principal: a atuação de um agente provocador, que induz o
indivíduo à prática da infração penal.
EMENTA: Habeas corpus. Tráfico de entorpecentes. Art. 12, caput da Lei nº
6.368/76. Flagrante preparado. Não ocorrência. Paciente que, no momento dos
fatos, se encontrava em local considerado ponto de tráfico, tendo ido buscar a
droga após a solicitação de compra. A ser verídica a versão dos policiais, o
paciente, após o pedido, teria ido buscar a droga em local onde a estava
depositando, conduta que incidiria no art. 12, caput da Lei nº 6.368/76, na
modalidade "ter em depósito", como capitulado na denúncia, inexistindo o
flagrante preparado porque, a exemplo do entendimento esposado no HC nº
72.824/SP (Min. Moreira Alves), o crime, de caráter permanente, já se teria
consumado. Se verídica a versão do paciente apresentada no interrogatório
em juízo, seu comportamento incidiria, em tese, na hipótese do art. 16 do
mesmo diploma legal, dando azo a uma eventual desclassificação, nos termos
do art. 383 do Código de Processo Penal, o que, no entanto, se mostra inviável
nesta sede diante da disparidade de conteúdo dos elementos apresentados.
Habeas corpus indeferido.

O flagrante preparado, em operação de "venda" de droga, não anula o


processo-crime se a condenação esta fundada também na sua "posse",
preexistente a simulação policial; em face das diversas hipóteses previstas no
art. 12 da Lei de Tóxicos, não se aplica a Súmula 145.

EMENTA: - DIREITO PROCESSUAL PENAL. "Habeas Corpus". Alegações


de flagrante preparado e de falta de provas para a condenação. 1. Não
configura situação de flagrante preparado aquela em que a Policia, "tendo
conhecimento previo do fato delituoso, vem a surpreender, em sua pratica, o
agente que, expontaneamente, iniciara o processo de execução" (HC 67.984 -
1. T. - DJ 10.08.90). 2. E pacifica a jurisprudência do S.T.F., no sentido do
descabimento de "habeas corpus" para o reexame de provas em que baseada
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a condenação. 3. "H.C." indeferido. MOSTRAR QUE ISTO NÃO


ACONTECEU

EMENTA: - PENAL. PROCESSUAL PENAL. "HABEAS CORPUS".


FLAGRANTE PREPARADO: INOCORRENCIA. PROVA: EXAME. I. - Não
constitui flagrante preparado o fato de a Policia, cientificada previamente da
infração penal, diligenciar para surpreender o criminoso no momento da
pratica delituosa, sem que, para isso, tenha havido induzimento ou
provocação por parte da autoridade ou de seus agentes. II. - O exame do
conjunto probatório não e admissivelem sede de "habeas corpus". III. - H.C.
indeferido. NÃO SE PEDE REEXAME DO CONJUNTO PROBATÓRIO.

Legislação Federal - CPP - Alterações - Lei 11690, de 09.06.08


Mas nada se falou do flagrante preparado, assunto muito presente na doutrina
jurídica brasileira. Também chamado de flagrante provocado, tem a seguinte
definição, escrita por Guilherme de Souza Nucci:
“Flagrante provocado ou preparado é o denominado crime de ensaio, ou seja,
quando um terceiro provoca o agente à prática do delito, ao mesmo tempo em que
age para impedir o resultado. Havendo eficácia na atuação do agente provocador,
não responde pela tentativa quem a praticou. É o disposto na Súmula 145 do STF
(’Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a
sua consumação’). Embora a súmula faça referência somente à polícia, é natural
que seja aplicável em outros casos”. (Guilherme de Souza Nucci, Manual de
Direito Penal: parte geral: parte especial, 2 ed., São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2006, p. 324)

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HC 69192 / RJ - RIO DE JANEIRO


../jurisprudencia/l HC69192 / RJ - R

HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO
Julgamento: 11/02/1992 Órgão Julgador: PRIMEIRA TURMA
Publicação
DJ 13-03-1992 PP-02925 EMENT VOL-01653-02 PP-00386
RTJ VOL-00140-03 PP-00936
Ementa

"HABEAS CORPUS". PACIENTE CONDENADA PELO CRIME DE


TRAFICO DE ENTORPECENTE. PROCESSO APODADO DE NULO, POR
AUSÊNCIA DE DEFESA E POR TRATAR-SE DE CRIME PUTATIVO
INEXISTENTE. Alegações que encontram ampla ressonancia nos autos, onde
se verifica que, efetivamente, a denuncia, em relação a paciente, descreve
crime putativo por obra de agente provocador, de modo tão nitido que,
conquanto a circunstancia não tenha sido invocada pela defesa, com serio
prejuizo para a paciente, não poderia ter passado despercebido aos julgadores
de primeiro e segundo graus. Processo nulo "ex radice". Súmula 145. Ordem
deferida.

jUSTA CAUSA: VIOLAÇÃO DA LEI, ART. 158, CPP: FALTA DE PERICIA.

E SEM AFRONTA A SÚMULA 361. 2. A FALTA DE COMPROMISSO DE


TAIS PERITOS CONSTITUI MERA IRREGULARIDADE, QUE, NA
HIPÓTESE, NÃO CAUSOU QUALQUER PREJUIZO AO RÉU (ART. 563
DO C.P.P.), NEM FOI POR ESTE OPORTUNAMENTE ALEGADA,
TORNANDO-SE POIS, QUESTÃO PRECLUSA (ARTS. 564, IV E 572, I)

PROCESSUAL PENAL. ENTORPECENTES. ALEGAÇÃO DE


PREPARAÇÃO DO FLAGRANTE PELA AUTORIDADE POLICIAL.
SÚMULA 145. INAPLICABILIDADE DESTA, QUANDO NÃO HÁ
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INDUZIMENTO OU PROVOCAÇÃO DO CRIME, JA PREEXISTENTE A


ATUAÇÃO DA AUTORIDADE POLICIAL, NA MODALIDADE DE POSSE
DA SUBSTANCIA ENTORPECENTE.

1. Posto que possível a discussão, em sede de procedimento de habeas


corpus, acerca da configuração do denominado flagrante preparado
(FLAGRANTE PREPARADO)
STJ - HC 59476-PR, HC 17483-GO
I. A estreita via do habeas corpus, por ser desprovida de dilação
probatória, não comporta o profundo revolvimento do conjunto
fático-probatório colhido nos autos da ação penal cognitiva ajuizada
contra os agentes.
II. Por essa razão, havendo notícias nos autos segundo as quais os
acusados mantinham drogas em depósito antes da simulação de compra
feita pelos agentes policiais, impossível o reconhecimento de crime
impossível em razão de flagrante preparado.

"O crime de tráfico de substância entorpecente consuma-se apenas com


a prática de qualquer das dezoito ações identificadas em seu núcleo,
todas de natureza permanente que, quando preexistentes à atuação
policial, legitimam a prisão em flagrante, sem que se possa falar em
flagrante forjado ou preparado." (HC 15.757/SP, Rel. Min. Vicente
Leal, DJ de 13/08/2001)

CRIMINAL. RHC. ECA. ATO INFRACIONAL DE TRÁFICO DE


ENTORPECENTES.
FLAGRANTE PREPARADO. RECONHECIMENTO. EM 1º GRAU, PARA A
VENDA.
DEMAIS DELITOS PERMANENTES NÃO-AFETADOS.
DESCLASSIFICAÇÃO PARA USO.
IMPROPRIEDADE DO MEIO ELEITO. DETERMINAÇÃO DE MEDIDA
SÓCIO-EDUCATIVA
DE INTERNAÇÃO. DECISÃO COM FUNDAMENTAÇÃO INSUFICIENTE.
AFRONTA AOS
OBJETIVOS DO SISTEMA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
Não obstante ter havido o reconhecimento, pelo Julgador de 1º grau,
do flagrante preparado em relação à venda de entorpecentes, o mesmo
não afeta a anterior aquisição para entregar a consumo a substância
entorpecente ("trazer consigo para comércio") – modalidade que já
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estava consumada por ocasião do flagrante.


PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. COTEJO DE PROVAS.
FLAGRANTE.
FORJADO. TESTEMUNHAS REFERIDAS. AMPLA DEFESA.
I - Em sede de habeas corpus, a ocorrência de forja quando da
prisão do paciente - fundamento da impetração nesse ponto - deve ser
passível de imediata verificação, sem recurso ao vedado minucioso
cotejo analítico das provas.
II - Não traduz, por outro lado, hipótese de cerceamento de defesa o
indeferimento de tardio pedido de produção de prova testemunhal,
pois, como não se trata de testemunha referida em juízo durante a
instrução, mas sim mencionada quando das declarações prestadas
perante a autoridade policial, teve a defesa a chance de arrolá-la
desde o início do feito.
Ordem denegada.

HC 89501 / GO - GOIÁS
../jurisprudencia/l HC89501 / GO - G

HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Julgamento: 12/12/2006 Órgão Julgador: Segunda Turma
Publicação
DJ 16-03-2007 PP-00043

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EMENT VOL-02268-03 PP-00530


Parte(s)
PACTE.(S) : CARLOS HENRIQUE ALVES GOMES
IMPTE.(S) : ELISMÁRCIO DE OLIVEIRA MACHADO
COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Ementa

E M E N T A: "HABEAS CORPUS" - CRIME HEDIONDO - PRISÃO PREVENTIVA -


AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA IDÔNEA - INVOCAÇÃO DE
CLAMOR PÚBLICO - INADMISSIBILIDADE - FUGA DO RÉU - FUNDAMENTO
INSUFICIENTE QUE, POR SI SÓ, NÃO AUTORIZA A DECRETAÇÃO DA PRISÃO
CAUTELAR - CONSTRANGIMENTO ILEGAL RECONHECIDO - PEDIDO
DEFERIDO. A PRISÃO PREVENTIVA CONSTITUI MEDIDA CAUTELAR DE
NATUREZA EXCEPCIONAL. - A privação cautelar da liberdade individual reveste-se de
caráter excepcional, somente devendo ser decretada em situações de absoluta necessidade.
A prisão preventiva, para legitimar-se em face de nosso sistema jurídico, impõe - além da
satisfação dos pressupostos a que se refere o art. 312 do CPP (prova da existência material
do crime e indício suficiente de autoria) - que se evidenciem, com fundamento em base
empírica idônea, razões justificadoras da imprescindibilidade dessa extraordinária medida
cautelar de privação da liberdade do indiciado ou do réu. - A questão da decretabilidade da
prisão cautelar. Possibilidade excepcional, desde que satisfeitos os requisitos mencionados
no art. 312 do CPP. Necessidade da verificação concreta, em cada caso, da
imprescindibilidade da adoção dessa medida extraordinária. Precedentes. A PRISÃO
PREVENTIVA - ENQUANTO MEDIDA DE NATUREZA CAUTELAR - NÃO PODE SER
UTILIZADA COMO INSTRUMENTO DE PUNIÇÃO ANTECIPADA DO INDICIADO
OU DO RÉU. - A prisão preventiva não pode - e não deve - ser utilizada, pelo Poder
Público, como instrumento de punição antecipada daquele a quem se imputou a prática do
delito, pois, no sistema jurídico brasileiro, fundado em bases democráticas, prevalece o
princípio da liberdade, incompatível com punições sem processo e inconciliável com
condenações sem defesa prévia. A prisão preventiva - que não deve ser confundida com a
prisão penal - não objetiva infligir punição àquele que sofre a sua decretação, mas destina-
se, considerada a função cautelar que lhe é inerente, a atuar em benefício da atividade
estatal desenvolvida no processo penal. O CLAMOR PÚBLICO, AINDA QUE SE TRATE
DE CRIME HEDIONDO, NÃO CONSTITUI, SÓ POR SI, FATOR DE LEGITIMAÇÃO
DA PRIVAÇÃO CAUTELAR DA LIBERDADE. - O estado de comoção social e de
eventual indignação popular, motivado pela repercussão da prática da infração penal, não
pode justificar, só por si, a decretação da prisão cautelar do suposto autor do
comportamento delituoso, sob pena de completa e grave aniquilação do postulado
fundamental da liberdade. O clamor público - precisamente por não constituir causa legal
de justificação da prisão processual (CPP, art. 312) - não se qualifica como fator de
legitimação da privação cautelar da liberdade do indiciado ou do réu, não sendo lícito
pretender-se, nessa matéria, por incabível, a aplicação analógica do que se contém no art.
323, V, do CPP, que concerne, exclusivamente, ao tema da fiança criminal. Precedentes. - A
acusação penal por crime hediondo não justifica, só por si, a privação cautelar da liberdade
do indiciado ou do réu. PRISÃO CAUTELAR E EVASÃO DO DISTRITO DA CULPA. - A
mera evasão do distrito da culpa - seja para evitar a configuração do estado de flagrância,
seja, ainda, para questionar a legalidade e/ou a validade da própria decisão de custódia
cautelar - não basta, só por si, para justificar a decretação ou a manutenção da medida
excepcional de privação cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. - A prisão
cautelar - qualquer que seja a modalidade que ostente no ordenamento positivo brasileiro
(prisão em flagrante, prisão temporária, prisão preventiva, prisão decorrente de sentença
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de pronúncia ou prisão motivada por condenação penal recorrível) -somente se legitima, se


se comprovar, com apoio em base empírica idônea, a real necessidade da adoção, pelo
Estado, dessa extraordinária medida de constrição do "status libertatis" do indiciado ou do
réu. Precedentes. O POSTULADO CONSTITUCIONAL DA NÃO-CULPABILIDADE
IMPEDE QUE O ESTADO TRATE, COMO SE CULPADO FOSSE, AQUELE QUE
AINDA NÃO SOFREU CONDENAÇÃO PENAL IRRECORRÍVEL. - A prerrogativa
jurídica da liberdade - que possui extração constitucional (CF, art. 5º, LXI e LXV) - não
pode ser ofendida por interpretações doutrinárias ou jurisprudenciais, que, fundadas em
preocupante discurso de conteúdo autoritário, culminam por consagrar, paradoxalmente,
em detrimento de direitos e garantias fundamentais proclamados pela Constituição da
República, a ideologia da lei e da ordem. Mesmo que se trate de pessoa acusada da suposta
prática de crime hediondo, e até que sobrevenha sentença penal condenatória irrecorrível,
não se revela possível - por efeito de insuperável vedação constitucional (CF, art. 5º, LVII) -
presumir-lhe a culpabilidade. Ninguém pode ser tratado como culpado, qualquer que seja a
natureza do ilícito penal cuja prática lhe tenha sido atribuída, sem que exista, a esse
respeito, decisão judicial condenatória transitada em julgado. O princípio constitucional da
não-culpabilidade, em nosso sistema jurídico, consagra uma regra de tratamento que
impede o Poder Público de agir e de se comportar, em relação ao suspeito, ao indiciado, ao
denunciado ou ao réu, como se estes já houvessem sido condenados, definitivamente, por
sentença do Poder Judiciário. Precedentes.
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HC 94122 / RJ - RIO DE JANEIRO


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HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. CEZAR PELUSO
Julgamento: 19/08/2008 Órgão Julgador: Segunda Turma
Publicação
DJe-211 DIVULG 06-11-2008 PUBLIC 07-11-2008
EMENT VOL-02340-03 PP-00469
Parte(s)
PACTE.(S): ANDRÉ MUSSI FIGUEIREDO
IMPTE.(S): RODRIGO FRAGOSO E OUTRO(A/S)
COATOR(A/S)(ES): SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Ementa

EMENTAS: 1. AÇÃO PENAL. Prisão preventiva. Decreto fundado na necessidade de


garantia de aplicação da lei penal. Inexistência de fatos que representem risco a tal
aplicação. Réus pertencentes à classe média. Razão que não autoriza a prisão cautelar.
Constrangimento ilegal caracterizado. Aplicação do art. 5º, inc. LVII, da CF. Precedentes.
Não se justifica prisão preventiva a título de garantia de aplicação da lei penal, à só vista do
fato de o réu pertencer à classe média. 2. AÇÃO PENAL. Prisão preventiva. Decreto
fundado na gravidade do delito. Inadmissibilidade. Razão que não autoriza a prisão
cautelar. Constrangimento ilegal caracterizado. Precedentes. HC concedido. É ilegal o
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decreto de prisão preventiva que se funda na gravidade do delito. 3. AÇÃO PENAL. Prisão
preventiva. Decreto fundado também em necessidade de garantia da ordem pública.
Providência fundamentada em fato sobre o qual ainda não existia juízo de culpabilidade.
Inadmissibilidade. Fato que se provou, a final, inexistente. HC concedido. É ilegal o decreto
de prisão preventiva que, a título de necessidade de garantia da ordem pública, se baseia
em fato que ao final se provou inexistente.

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