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A DESTRUIÇÃO DA PASTORAL ROMÂNTICA EM CANAÃ, DE GRAÇA


ARANHA

Marciano Lopes e SILVA (UEM) i

1. INTRODUÇÃO

Assim nasceu Canaã, retrato de algumas teses em choque e


deleitação romântico-naturalista das realidades vitais. A dualidade,
não resolvida por um poderoso talento artístico, criou graves
desequilíbrios na estrutura da obra, cujo valor, enquanto romance, é
ainda hoje posto em dúvida por mais de um crítico respeitável. (BOSI,
2006, p. 326)

Canaã (1902) é uma obra do cânone literário brasileiro geralmente lembrada por
se apresentar como um romance social – ou mesmo de tese – sobre a imigração alemã e
as questões raciais no Brasil. Nela, o debate travado entre os personagens Milkau e
Lentz não se restringe a questões políticas e históricas. Ao tratar delas, eles penetram
nos campos da filosofia da história e da metafísica, considerando a história humana
implicada na história natural e a natureza, por conseguinte, como um elemento
fundamental na avaliação de qualquer utopia, seja de caráter socialista ou mesmo
fascista. Tal fato permite uma leitura da obra do ponto de vista da ecocrítica, até mesmo
porque Canaã apresenta mais duas outras características que a tornam um dos raros
casos na literatura brasileira de um romance que já realiza no início do século XX um
debate ecológico muito próximo ao que hoje é tão marcante no cenário global: nela, o
interesse humano não é visto como o único legítimo e a responsabilidade humana sobre
a preservação da natureza encontra-se na orientação ética do texto – ainda que seja um
problema secundário. No entanto, os fatos apresentados pelo narrador no transcorrer da
narrativa paulatinamente corroem a crença na pastoral romântica, destruindo pouco a
pouco os alicerces da fé na bondade natural do ser humano e, por conseguinte, na
construção de uma sociedade fraterna e socialista. Por tal razão, Canaã se apresenta
como um romance de tese falho ou – no mínimo – extremamente contraditório, posto
que a aparente tese defendida na obra – que se encontra no discurso do protagonista,
Milkau, e nas ambientações impressionistas do narrador – é contrafeita pelos fatos
narrados (e portanto selecionados) pelo mesmo narrador que se identifica com Milkau e
sua visão romântica sobre o homem e o universo. Esse paradoxo é a questão para a qual
queremos chamar a atenção no presente trabalho.

2. A PASTORAL ROMÂNTICA NO DISCURSO DE MILKAU E NAS


AMBIENTAÇÕES DO NARRADOR

Nas atuais discussões realizadas no recente campo da ecocrítica, os discursos


ambientalistas que fazem o elogio da vida natural, distante das cidades e em harmonia
com a natureza, têm sido considerados expressivos de uma tradição “pastoril” oriunda
da poesia helenística da Antigüidade, mas que chegou aos nossos dias especialmente

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através da literatura romântica. Sobre essa tradição nomeada de “pastoral”, comenta
Greg Garrad (2006, p. 54):

Desde as reações poéticas do movimento do romantismo à Revolução


Industrial, a pastoral tem moldado de forma decisiva nossas
construções da natureza. Talvez até a ciência da ecologia tenha sido
moldada pela pastoral, nas primeiras etapas de seu desenvolvimento, e
vimos que o texto fundador da ecocrítica, Silent Springs, recorreu à
tradição pastoril. Nenhum outro tropo está tão profundamente
arraigado na cultura ocidental, nem é tão profundamente problemático
para o ambientalismo.

No debate de idéias entre Milkau e Lentz, enquanto o segundo concebe a


natureza apenas como uma fonte de riquezas que deve ser explorada pelo homem, sem
se preocupar com a sua preservação, Milkau diversamente a compreende segundo o
ponto de vista de uma visão de mundo romântica. Para ele, ela é sagrada e encontra-se
em estado de harmonia cósmica, sendo-lhe dolorosa a sua exploração econômica na
medida em que isso representa a sua destruição ou o rompimento com essa harmonia.
Essa contraposição entre a visão da pastoral romântica e a visão pragmática e utilitarista
sobre as relações entre o homem e a natureza, presente na ideologia do progresso que
orienta o liberalismo econômico e a revolução industrial, encontra-se claramente
exposta no diálogo abaixo:

O agrimensor olhou a árvore.


- Faz pena – disse compassivo – botar tudo isso abaixo.
- Eu, por mim, acudiu Milkau, levado pelo mesmo sentimento -,
preferiria um lote onde não fosse preciso esse sacrifício.
- Não há nenhum – respondeu Felicíssimo.
- O homem, notou Lentz a sorrir com ar de triunfo – há de sempre
destruir a vida para criar a vida. E depois, que alma tem esta árvore? E
que tivesse... Nós a eliminaríamos para nos expandirmos.
E Milkau disse com a calma da resignação:
- Compreendo bem que é ainda a nossa contingência essa necessidade
de ferir a Terra, de arrancar do seu seio pela força e pela violência a
nossa alimentação; mas virá o dia em que o homem, adaptando-se ao
meio cósmico por uma extraordinária longevidade da espécie,
receberá a força orgânica da sua própria e pacífica harmonia com o
ambiente, como sucede com os vegetais; e então dispensará para
subsistir o sacrifício dos animais e das plantas. Por hora nos
conformaremos com esse momento de transição... Sinto
dolorosamente que, atacando a Terra, ofendo a fonte da nossa
própria vida, e firo menos o que há de material nela do que o seu
prestígio religioso e imortal na alma humana. (ARANHA, 2005, p. 78
– Os grifos são de minha autoria.)

A pastoral não se encontra apenas no discurso de Milkau. Também está presente


nas ambientações que o narrador faz da natureza, sempre com um estilo que pode ser
considerado impressionista. Mas esse impressionismo não é de feitio realista-naturalista,

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característico do primeiro momento da arte impressionista. Diversamente, temos um
impressionismo romântico (SILVA, 2004), pois marcadamente subjetivo e simbólico. O
confronto do excerto que segue, do segundo capítulo da obra, com o famoso soneto
“Correspondências”, de Charles Baudelaire, que é sempre apontado como exemplo da
concepção simbolista da natureza e do universo, demonstra a pertinência da afirmativa
feita sobre a presença de um estilo impressionista e de uma concepção de mundo
romântico-simbolista nas representações da natureza, em Canaã:

A floresta tropical é o esplendor da força na desordem.


Árvores de todos os tamanhos e de todas as feições; árvores que se
alteiam, umas eretas, procurando emparelhar-se com as iguais e
desenhar a linha de uma ordem ideal, quando outras lhes saem ao
encontro, interrompendo a simetria, entre elas se curvam e derreiam
até ao chão a farta e sombria coma. Árvores, umas largas, traçando um
raio de sombra para acampar um esquadrão, estas de tronco pejado
que cinco homens unidos não abarcariam, aquelas tão leves e esguias
erguendo-se para espiar o céu, e metendo a cabeça por cima do
imenso chão verde e trêmulo, que é a copa de todas as outras. Há seiva
para tudo, força para a expansão da maior beleza de cada uma. Toda
aquela vasta flora traduz a antigüidade e a vida. Não se sente nela
sombra de um sacrifício que seria o triunfo e o prêmio da morte.
Dentro, as parasitas se enroscam pelos velhos troncos, com a graça de
um adorno e de uma carícia. Há mesmo árvores que são mães de
árvores e suportam com fácil e poderosa galhardia a filha, que lhe sai
do regaço, e mais esplendorosa, às vezes, que a rija e bela progenitora.
Uma infinita variedade de arbustos cresce às plantas dos gigantes
verdes; é uma florazinha miúda compacta e atrevida, dentro do bojo
de outra mais ampla e opulenta. E tudo se ergue, e tudo se expande
sobre a terra, compondo um conjunto brutal, enorme, feito de
membros aspérrimos, entretecido no alto pela cabeleira basta e densa
das árvores e embaixo pela rede intérmina das fortes e indomáveis
raízes; todo ele se entrelaça, enroscando-se pelos braços gigantescos,
prendendo-se como por tenazes numa grande solidariedade
orgânica e viva... Pelas frestas das árvores, pela transparência das
folhas, desce uma claridade discreta, e nessa suave iluminação se
desenrola dentro do mato o cenário pomposo das cores. Elas são em si
vivas e quentes, mas a gradação da sombra, que ora avança, ora se
afasta, comunica-lhes da negrura do verde ao desmaio do branco a
matização completa, triunfal. E lá em cada boca da estrada, as portas
da mata formam um círculo longínquo, azulado, como portas
feitas só de luz, e de uma luz zodiacal e docemente infinita... de
todo o corpo colossal, das folhas novas e das folhas mortas, dos
troncos verdes e dos troncos carunchosos, das parasitas das orquídeas,
das flores selvagens, da resina que se derrama vagarosa ao longo das
árvores, dos pássaros, dos insetos, dos animais ocultos no segredo da
selva, se desprende um cheiro misterioso e singular, que se volatiza
no imenso todo, e, tal como o aroma das catedrais, acalma,
embriaga e adormece as coisas. Na volúpia harmoniosa desse
perfume, que é acre e tonteante, com a claridade que é branda, está a

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fonte de repouso da mata... O silêncio que mora na floresta é tão
profundo, tão sereno, que parece eterno. Feito das vozes baixas,
dos murmúrios, dos movimentos rítmicos dos vegetais, é completo
e absoluto na sua perfeita harmonia. (ARANHA, 2005, p. 35-6 –
Os grifos são de minha autoria.)

Embora Ana Balakian (1985, p. 33) e Luiz Costa Lima (1980, p. 119)
considerem que a idéia das correspondências universais – conforme apresentadas por
Swedenborg – não impliquem em uma transcendência no soneto “Correspondências”,
de Baudelaire, considerando portanto que, nele, as sinestesias são totalmente terrestres,
remetendo a uma vaga religiosidade panteísta ou a uma estrita materialidade, tal não é a
opinião dominante na recepçao crítica e na maneira como, em geral, esse soneto foi
recebido e divulgado. Quase sempre, quando abrimos os manuais de história da
literatura na parte referente ao Simbolismo, encontramos esse soneto como exemplo da
crença nas analogias e correspondências universais existente na arte simbolista. E é essa
interpretação do soneto que queremos destacar em confronto com a passagem de Canaã
acima apresentada.
É interessante notar que, na idealização da desordem da floresta, a idéia base do
evolucionismo, de que existe uma luta pela sobrevivência que seleciona os indivíduos e
as espécies, é anulada em favor da existência de uma relação amorosa orientada por
uma secreta harmonia cósmica. Não há sacrifício nem morte, apenas cooperação,
“solidariedade orgânica viva” e, por conseguinte, renovação. A necessidade egoísta que,
segundo Schopenhauer (19--), tem a vontade de devorar a vida para renovar-se (idéia
com a qual concorda Lentz) é vista como uma necessidade do Amor. Para representar
esse cosmos, o narrador representa a selva tropical – visto a correspondência entre todos
os seres – como sendo uma catedral, espaço sagrado, de paz, silêncio e harmonia. Assim
como no soneto de Baudelaire, a Natureza é uma catedral, ou seja, “um templo” (“La
Nature est un temple”); o vento provoca “os movimentos ritmicos dos vegetais”, cujos
sons são percebidos como “vozes baixas” e “murmúrios” – o que corresponde ao
murmúrio de confusas falas (“confuses paroles”); os sons, as cores, os perfumes, “os
movimentos dos vegetais”, os “animais ocultos no segredo da floresta” e até mesmo “as
parasitas [que] se enroscam pelos velhos trocos”, se encontram em “perfeita harmonia”
(“Les parfums, les coulers et les sons se répondent”). É como se Graça Aranha tivesse
transposto os siginificados e imagens do soneto abaixo para a ambientação vista acima.

La Nature est um temple ou de vivants piliers


Laissent parfois sortir de confuses paroles;
L’homme y passe à travers dês forêts de symboles
Qui l’observent avec des regards familiers.

Comme de longs échos qui de loin se confondent


Dans une ténébreuse et profonde unité,
Vaste comme la nuit et comme la clarté,
Les parfums, les couleurs et les songs se réspondent.

Il est des parfums frais comme des chairs d’enfants,


Doux comme les hautbois, verts comme les prairies,
- Et d’autres, corrompus, riches et triomphants,

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Ayant l’expansion des choses infinies,


Come l’ambre, le musc, le benjoin et l’encens,
Qui chantent les transports de l’esprit et des sens.

(BAUDELAIRE, 1985, p. 114)

3. A DESTRUIÇÃO DA PASTORAL ROMÂNTICA

A floresta que vimos acima, ambientada como um espaço sagrado, é a mesma


que, no final do capítulo quatro, será incendiada, sendo consumida pelo demônio das
colunas de fogo; fogo que, por um lado, é aquele que sai da boca do demoníaco dragão
e, por outro, da fuzilaria das tropas militares (alemãs?) que avançam – juntamente com
o progresso – no combate ao caos da natureza selvagem e tropical da América. A
destruição da pastoral romântica, que temos na passagem abaixo, é representada,
portanto, por uma dupla alegoria, pois o incêndio é transfigurado e re-significado
segundo dos dois eixos isotópicos mencionados: o do demoníaco (em negrito) e o da
guerra (sublinhado). O último parágrafo do recorte (que também é o último do capítulo)
opõe o prazer bestial e instintivo dos camponeses (alemães e brasileiros, juntos) ao
idealismo de Milkau, que sonha com a vinda dos “tempos sem violência”, “dia em que o
homem, adaptando-se ao meio cósmico por uma extraordinária longevidade da espécie,
receberá a força orgânica da sua própria e pacífica harmonia com o ambiente”
(ARANHA, 2005, p. 78).

A idéia do fogo chamejou no espírito do companheiro. Pouco


depois os homens foram reunidos, e todos penetraram na floresta com
um recolhimento sacerdotal, de quem vai cumprir os ritos de cultos
infernais. Nun dos ângulos da mata lançaram fogo à primeira moita,
que lhes pareceu mais ressequida. Antes que a labareda apontasse para
o alto as línguas ardentes, rubras, rápidas, uma fumaça grossa se
desprendia do fundo da touça, suspendia-se no ar leve da floresta,
vagando na direção dos caminhos como pastosas nuvens. Começara a
queima. O fogo erguera-se e lambia num anseio satânico os troncos
das árvores. Toda a ramagem da base foi ardendo, e as parasitas como
rastilho de pólvora levavam às chamas à copa, e a fumaça aumentando
entupia as veredas e arremessava para a frente o bafo quente do fogo,
que lhe seguia no encalço. Muitas árvores estavam contaminadas,
ardiam como tochas monstruosas, e estendendo os braços umas às
outras espalhavam por toda a aparte a voragem do incêndio. O vento
penetrava pelos claros abertos esfuziava, atiçando as chamas. Pesados
galhos de árvores que caiam, troncos verdes que estalavam, resinas
que se derretiam estrepitosas faziam a música desesperada de uma
imensa e aterradora fuzilaria. Os homens olhavam-se atônitos diante
do clamor geral das vítimas. Línguas de fogo viperinas procuravam
atingi-los. Recuavam, fugindo à perseguição das colunas que
marchavam. [...]
Num alvoroço de alegria, os homens viam amarelecer a
folhagem verde que era a carne, e fender-se os troncos firmes, eretos,

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que eram a ossadura do monstro. Mas o fogo avançava sobre eles,
interrompendo-lhes o prazer. [...] A nevrose do pavor centuplicou-lhes
as forças. Os pigmeus que se não mediam com as árvores, e que, não
podendo vencê-las, tinham recorrido ao fogo, agora, sob o aguilhão da
defesa própria, se arrojavam contra os paus com o denodo de gigantes.
[...] O fogo não tardou a penetrar num pequeno taquaral. Ouviram-se
sucessivas e medonhas descargas de um tiroteio, quando a taboca
estalava nas chamas. O fumo crescia e subia ao ar rubro, incendiado;
os estampidos redobravam, as labaredas esguichavam, [...] Farto de
devorar a carne dura do bambual, o fogo desafogou-se, e célere, e
lépido, foi veredando por um atalho [...].
Os colonos e trabalhadores semimortos voltavam a casa, logo
que se reconheceram senhores do perigo, invencíveis sacrificadores da
terra.
À noite, da varanda, quando as estrelas em ritmo moroso
parecia caminharem para no céu, Milkau chamava na sua imaginação
a vinda dos tempos sem violência, e os outros miravam numa
diabólica satisfação a mata esbraseada a estorcer nas agonias o
incêndio. (ARANHA, 2005, p. 84-86 – Os grifos são de minha
autoria.)

Com o transcorrer da narrativa, muitos outros fatos concorrerão para a


destruição do ideal pastoril: a mesquinhez e o egoísmo tanto dos colonos, que não
acolhem Maria, quanto dos brasileiros que representam a instituição do Estado
(aproveitando-se do analfabetismo destes na língua portuguesa para extorquir-lhes
dinheiro) e especialmente três passagens de extrema violência, cuja
significação/motivação somente pode residir na representação do egoísmo inerente à
natureza de todos os seres vivos: a da luta dos colonos contra os cães e os urubus para
poder enterrar o corpo do velho e solitário caçador, a do sacrifício ritual de um cavalo
pelos imigrantes magiares, e a já antológica passagem do momento em que Maria dá a
luz ao seu filho, que é carregado e devorado pelos porcos. As duas primeiras passagens
ocupam quase todo o espaço do capítulo VIII e são apresentadas numa seqüência de
crescente intensidade, sem deixar chances para o leitor respirar fundo e tomar fôlego
após a brutalidade e a crueza da descrição da carnificina em que se transformou a luta
com os cães e os urubus. A terceira, vem logo no inicío do capítulo que segue.
Novamente o leitor não tem muito tempo para se desfazer da horrível impressão
resultante do sacrifício do cavalo, morto a chicotadas. Comparada com estas duas
passagens, a descrição dos porcos carregando e devorando a criança que acabara de
nascer parece literatura de recreio.

4. AS UTOPIAS DE MILKAU E LENTZ

Não é meu objetivo, aqui, evidentemente, apresentar uma análise profunda das
utopias e valores sócio-políticos dos personagens Milkau e Lentz, mas tratar dessas
questões apenas na medida necessária para esclarecer que cada concepção sobre as
relações entre o homem e a natureza está ligada a uma concepção de natureza e de
sociedade.

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Conforme já indicamos, Milkau concebe a natureza como harmônica e sagrada,
expressando um sentimento panteísta que se encaixa na tradição de um pensamento
romântico que, na Alemanha, tem suas raízes na literatura de Goethe e na escola de Jena
(representada, entre outros, pelos irmãos Schlegel, Schiller, Novalis, Tieck), passando
pelo misticismo de um Willian Blake, na Inglaterra, pelo “bom selvagem” de Rosseau,
na França, ou pelo Transcendentalismo, nos Estados Unidos da América, corrente de
pensamento fundada sobre as obras de Henry David Thoreau e Ralph Waldo Emerson.
O que Karin Volobuef (1999, p. 122) afirma a respeito da concepção de Natureza no
romantismo alemão, vale para todos:

A Natureza, portanto, extrapola o simples âmbito de paisagem


ou ambiente físico, tornando-se, aos olhos dos românticos, uma esfera
superior em que se expressa o absoluto e, por extensão, o sujeito.
Nesse sentido, em vez de algo inerte ou insensível, a Natureza torna-
se mutável e criadora – como o indivíduo, de quem é um
prolongamento.

O sensível e sonhador Milkau não repudia as idéias evolucionistas do final do


século XIX, entretanto, a mistura racial é vista como regeneradora, necessária, portanto,
ao processo de seleção das espécies e de incremento da civilização sobre o planeta. É o
que podemos inferir das seguintes passagens:

MILKAU - [...] O que eu vejo neste vasto panorama da


História, para que me volto ansioso e interrogante, é a civilização
deslocando-se sem interrupção, indo de grupo a grupo, através de
todas as raças, numa fatal apresentação gradual de grandes trechos da
terra, à sua luz e calor... Uns se vão iluminando, enquanto outros
sdescem às trevas...[...]
MILKAU – O tempo da África chegará. As raças civilizam-se
pela fusão: é no encontro das raças adiantadas com as raças virgens,
selvagens, que está o repouso conservador, o milagre do
rejuvenescimento da civilização. O papel dos povos superiores é o
instintivo impulso do desdobramento da cultura. (ARANHA, 2005, p.
38)
MILKAU – A substituição de uma raça não é o remédio ao
mal de qualquer civilização. Eu tenho para mim que o progresso se
fará numa evolução constante e indefinida. [...] Quando a humanidade
partiu do silêncio das florestas para o túmulo das cidades, veio
descrevendo uma longa parábola da maior escravidão à maior
liberdade. Todo o alvo humano é o aumento da solidariedade, é a
ligação do homem ao homem, diminuídas as causas de separação. No
princípio era a força, no fim será o amor. (ARANHA, 2005, p. 39)

Para coroar essa utopia cósmica, concebe-se que a sociedade ideal tem que ser
fundada no amor e na solidariedade. Milkau rejeita o trabalho como caminho para a
acumulação de capital, riqueza e poder. Seu sonho é uma sociedade de caráter socialista,
ou mesmo anarquista, visto sua rejeição à intervenção do Estado: “O que é lamentável
nesta solenidade primitiva é a intervenção do Estado...” (ARANHA, 2005, p. 74), diz
ele em uma de suas conversas com Lentz. Na visão que Milkau tem das colônias

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alemãs, “a propriedade torna-se cada dia mais coletiva, numa grande ânsia de aquisição
popular, [...] o sentimento da posse morrerá com a desnecessidade, com a supressão da
idéia da defesa pessoal, que nele tinha o seu repouso...” (Idem, ibidem, p. 74). Neste
cenário, cabe à América o papel de terra prometida e regeneradora das civilizações
decadentes do Velho Mundo: “Vendo-os [os colonos], eu adivinho o que é todo este
País – um encanto de bondade, de olvido e de paz. Há de haver uma grande união entre
todos [...]; não se imolarão vítimas aos rancores abandonados na estrada do exílio.
Todos se purificarão” (Idem, ibidem, p. 74).
Muito diverso é o pensamento de Lentz. Para ele a miscigenação racial é
degeneradora e as raças superiores devem eliminar as inferiores, conforme considera ser
a brasileira.

LENTZ – Não acredito que da fusão com espécies


radicalmente incapazes resulte uma raça sobre que se possa
desenvolver a civilização. Será sempre uma cultura inferior,
civilização de mulatos, eternos escravos em revoltas e quedas.
Enquanto não se eliminar a raça que é o produto de tal fusão, a
civilização será sempre um misterioso artifício [...] O problema social
para o progresso de uma região como o Brasil está na substituição de
uma raça híbrida, como a dos mulatos, por europeus. (ARANHA,
2005, p. 39)

Sua utopia, evidentemente, não prevê uma futura civilização socialista e


democrática fundada sobre o cimento do Amor. Para ele, tal civilização "é uma triste
negação de toda a arte, de toda a liberdade e da própria vida” (Idem, ibidem, p. 39).
Aqui parecemos encontrar ecos da filosofia de Zaratustra, de Nietzsche:

LENTZ – [...] Não, o verdadeiro homem é o que se libertou de todo o


sofrimento, aquele cujos nervos não se contraem nas agonias, o que é
sereno e não sofre, o que é soberano, o que é onipotente, o que tem
sua integridade completa e fulgurante; o que não ama, porque o amor
é um desdobramento poderoso da personalidade. (ARANHA, 2005, p.
40)

A síntese da utopia de Lentz está no seu sonho, no final do capítulo três, que
transcrevemos parcialmente abaixo:

[...] E Lentz via por toda a parte o homem branco apossando-se


resolutamente da terra e expulsando definitivamente o homem moreno
que ali se gerara. E Lentz sorria com orgulho na perspectiva da vitória
e do domínio de sua raça. Um desdém pelo mulato, em que ele
exprimia o seu desprezo pala languidez, pela fatuidade e fragilidade
deste, [...] aquelas florestas seriam consagradas aos cultos temerosos
das virgens ferozes e louras... [...] os alemães chegariam, não em
pequenas invasões humildes de escravos e traficantes, não para lavrar
a terra para recheio do mulato, não para mendigar a propriedade
defendida pelos soldados negros. Eles viriam agora em grandes
massas; galeras imensas e numerosas os desembarcariam em todo o
país. Eles viriam numa ânsia de posse e domínio [...] se revigorariam

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eternamente na força da Natureza que dominariam como uma vassala,
e senhores, e ricos, e poderosos, e eternos repousariam para sempre na
alegria da luz... (ARANHA, 2005, p. 70-71)

5. CANAÃ: UM ROMANCE DILACERADO

Canaã é um romance estilística e arquitetonicamente contraditório, diria mais:


dilacerado. Com respeito aos estilos de época, colocam-se lado a lado no discurso do
narrador uma representação realista filtrada pelas lentes de uma sensibilidade
romântico-simbolista, conforme já observaram vários críticos, entre os quais
destacamos Xavier Placer e Alfredo Bosi:

Esteticamente, Canaã é uma convergência de influências.


Influências mitigadas, amoldadas ao jeito do temperamento do
escritor, caldeadas numa síntese superior pela inteligência e intuição
atiladíssimas do artista. Porém identificáveis. São marcas essas de
Naturalismo, Simbolismo e Impressionismo – a atmosfera literária da
época. (PLACER apud COUTINHO, 2004, p. 497)

Há uma forte dose de naturalismo na reprodução desses


episódios. Mas não é um naturalismo impessoal e “científico”, de
escola: a sensibilidade do prosador empenha-se eficazmente ao
plasmar a linguagem narrativa, que, em certos momentos, atinge alto
nível estético.
A antológica descrição de Maria adormecida na mata, coberta
e aureolada pelos pirilampos noturnos, autoriza a falar em processos
impressionistas, que, conscientes ou não, bem se ajustam a esse
naturalismo filtrado pela experiência simbolista. (BOSI, 2006, p. 328)

A presença do Naturalismo não se encontra no nível estilístico, mas no


semântico; mais especificamente nas idéias que o narrador reproduz a respeito do
determinismo racial. Mesmo não afirmando, em momento algum, que a “raça” branca é
superior às demais e que a miscigenação racial leva à degeneração (idéias que apenas se
encontram nos enunciados de alguns personagens), ele não deixa de reafirmar os
estereótipos difundidos pelas ciências biológicas e sociais da época. O brasileiro, cujo
tipo exemplar é o mulato, é apresentado como ingênuo, doce, luxurioso, sentimental,
sem capacidade de abstração e raciocínio analítico que o capacitem para a ciência e para
a filosofia. Os colonos alemães, por sua vez, são fortes, agressivos, empreendedores e
conquistadores. Dessa forma, ele reafirma a ideologia do caráter nacional tal como esta
se apresentava na época (LEITE, 1983). Os personagens que exemplarmente
representam o tipo nacional são o “mulato maranhense” e o agrimensor Felicíssimo, que
é incapaz de aprender a manusear o teodolito, instrumento que é a sua tortura, única
coisa capaz de fazê-lo perder o seu bom humor, característica também apresentada, pelo
narrador, como típica do brasileiro. Para demonstrar tais afirmações, apresentamos os
recortes abaixo:

[...] Eles sabiam bem que o agrimensor, em mais de duzentas


medições, não conseguira trabalhar com o maldito instrumento, que

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sobre ele exercia uma influência satânica, lhe alterava o caráter, o
punha fora de si e era a causa desse horror [...]. À medida que o
teodolito ia desaparecendo na caixa, a alma de felicíssimo ia-se
libertando da angústia, e o seu jovial humor o retomava francamente,
apagando os traços da agonia científica. (ARANHA, 2005, p. 81-82 -
Os grifos são de minha autoria.)

[...] das suas bocas rudes deixavam sair os velhos cantos


amados. Joca [o mulato maranhense] fora o primeiro a soltar a voz. Os
alemães instintivamente o imitaram e cada um em sua própria língua
cantava versos bebidos na fonte natal. O mulato maranhense dizia as
saudades do seu coração [...].
Era o grande acontecimento, o drama da sua vida, esse
abandono da terra natal. [...]
Nesta imagem, tão fina e superior de um sentimento animal,
Joca expandia-se em gritos voluptuosos. Perpassava na cadência e no
pensamento da estrofe o frêmito da luxúria meiga e doce de toda a
sua raça (ARANHA, 2005, p. 83 – Os grifos são de minha autoria.)

Como vemos, a oposição apontada por Xavier Placer e Alfredo Bosi não se
restringe ao nível das formas composicionais, pois reside num outro mais profundo, que
é o ideológico. Em Canaã, duas visões de mundo antagônicas convivem – não sem
conflitos – lado a lado: as idéias do determinismo científico e do evolucionismo, por um
lado, e do idealismo romântico-simbolista, por outro. A tensão que há entre os
discursos e as utopias de Milkau e Lentz também ocorrem no discurso do narrador e,
por conseqüência, na relação contraditória entre o significado simbólico dos fatos e das
peripécias, que compõem a trama da narrativa, e a tese que aparentemente está sendo
defendida na obra, que é a de Milkau. O narrador que simpatiza com ele, de modo a
narrar de um foco muito próximo ao seu ponto de vista, é o mesmo que desfila uma
série de macabros fatos que somente parecem simbolizar a vitória da natureza egoísta
do ser humano (seria a Vontade schopenhueriana?) e a impossibilidade de uma
sociedade harmônica, com as relações sociais fundadas no amor e na solidariedade. Da
mesma forma que reedita a crença em certos estereótipos racistas (aceitos, na época,
como verdades científicas) de identidades raciais e nacionais, o narrador também
reafirma, ainda que inconscientemente, a supremacia dos mais fortes (no caso, os
arianos) – conforme a equivocada leitura que o evolucionismo social fez do
evolucionismo biológico. Tais idéias são incompatíveis com a visão romântico-
simbolista, que concebe a existência de uma harmonia universal. Diversamente, aliam-
se a outra corrente do romantismo, articulando-se com a filosofia de Schopenhauer e/ou
sua leitura por Nietzsche, mas não sem problemas. No final do romance, o paraíso de
Canaã é novamente adiado. O discurso de Milkau, embora carregado de dor, encontra-
se pleno de confiança no futuro. Canaã não é mais vista por ele, pois “ainda não
despontou à Vida”. Preserva-se a teleologia cristã como única alternativa à utopia de
Lentz, cujo desejo de um super-homem vindo de uma raça superior, que fosse capaz de
extinguir as inferiores para instaurar o processo de civilização, só poderia desaguar,
como de fato aconteceu historicamente, nas águas do nazi-fascismo.
Numa tentativa de melhor equacionar o dilaceramento que pretendemos
demonstrar, cremos ser possível afirmar que a visão de mundo que anima a obra de
Graça Aranha encontra-se tensionada por um romantismo da desilusão em confronto

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com outro que é utópico, aqui considerando a tipologia de Michel Löwy e Robert Sayre
(1995). O narrador se identifica com as idéias de Milkau, mas não consegue acolhê-las
inteiramente devido a sua sujeição pelos discursos científicos (das ciências biológicas e
sociais) dominantes na época. De um lado, uma visão da Natureza possivelmente
marcada pelas idéias da Vontade, presente na filosofia de Schopenhauer, e da luta pela
sobrevivência considerada como mola propulsora da evolução, presente tanto no
evolucionismo biológico quanto no social; de outro, uma visão da Natureza marcada
pelo panteísmo e animismo românticos. Sua saída perante a constatação da natureza
egoísta e destruidora do ser humano é conceber que a sua evolução genética implique
numa evolução espiritual. Nesse ponto o evolucionismo biológico amalga-se com a
crença cristã de um paraíso perdido, que é projetado para o futuro. Consorciam-se, aqui,
o caráter teleológico das três grandes narrativas da história ocidental: a cristã, a
positivista e a socialista/comunista.

6. QUAL A LIÇÃO DE CASA DA ECOCRÍTICA?

Ao final desse percurso, voltemos para a ecocrítica com a seguinte questão: que
interesse tem essa leitura de Canaã para ela, ou, ainda, em que aspecto a presente leitura
e discussão da obra de Graça Aranha poderá contribuir para as pesquisas e reflexões
dessa nova disciplina acadêmica?
Como observou Greg Garrard, na citação inicial deste trabalho, a pastoral tem
enorme presença e importância para os discursos ambientalistas, posto que eles, em sua
maioria, se orientam por valores e mitos provenientes dela, especialmente da romântica.
O mesmo vale para o senso comum. Realizar, portanto, a crítica dessa vertente de
pensamento é tarefa importante para o estabelecimento de novos discursos e estratégias
de ação voltados para a preservação ambiental e uma relação entre homem e natureza
que consiga superar a aporias que vivenciamos.

A interpretação e a crítica das várias visões da habitação da


terra constituem uma tarefa fundamental para os ecocríticos
interessados num projeto predominantemente político, e não moral ou
espiritual, de crítica cultural, capaz de nos levar além da pastoral e da
literatura sobre a natureza, passando das paisagens de lazer para o
campo desnivelado do trabalho verdadeiro. (GARRARD, 2006, p.
191)

Entre os grandes dilemas enfrentados pelos ambientalistas na busca de soluções,


ou melhor, de caminhos para uma política ambiental possível está a resolução do dilema
“preservar X explorar”; dilema em que têm se debatido posições românticas contra
outras utilitaristas e liberais, com clara desvantagem para as primeiras devido ao
idealismo filosófico que as fundamenta. Isso fica visível no romance em questão. Os
mitos da bondade natural do ser humano – que pode ser recuperada caso volte a se
integrar à natureza – e da harmonia universal, concorrem contra uma ação efetiva que
consiga conciliar a preservação do meio ambiente com a necessidade de sua exploração
e muito menos com o fato de que – mesmo existindo uma possível correspondência
entre todos os seres – a natureza encontra-se em constante mudança e processo de
criação e destruição, nascimento e morte, um ciclo que nunca termina e que somente se
renova na medida em que a vida vive da própria vida, que consome e transforma. Tentar

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construir uma utopia ambientalista fundamentada nesses mitos e sem considerar as
condições de produção no atual mundo globalizado é querer seguir por um caminho que
a história já demonstrou, por vários exemplos, ser inviável. Querer negar o egoísmo
natural a todo ser vivo – uma vez que não podemos nos desvencilhar de nosso instinto
de sobrevivência e que a luta por ela sempre existirá (afinal, os recursos naturais não são
inesgotáveis) – e sonhar com uma sociedade igualitária e fundada exclusivamente no
Amor só pode levar, em última instância, ao desencanto imobilizador ou a posições
conservadoras e reacionárias. E sobre estas, o clássico estudo de Raymond Williams
sobre a representação do campo e da cidade na literatura continua sendo muito atual e
pertinente. E para refletirmos sobre tais questões, Canaã é um romance muito
adequado, sendo bastante exemplar das limitações da práxis ambientalista baseada na
pastoral romântica. Por não conseguir abandonar o animismo que caracteriza a sua
concepção de natureza, Graça Aranha debate-se entre duas posições inconciliáveis e é
incapaz de enxergar uma terceira via. Os fundamentos religiosos e metafísicos de sua
concepção de mundo não são compatíveis com a aceitação da existência de raças e sua
evolução. A aceitação da existência de características comportamentais determinadas
geneticamente é inconciliável com a idéia de um Homem e uma Sociedade movidos
exclusivamente pelo Amor. O desejo de manter a natureza intocada não resiste às
necessidades reais de existência, que naturalmente levam à ação de domínio e
exploração do meio ambiente – fato inevitável, afinal o homem também é natureza,
como nos lembra o próprio pensamento romântico com sua idéia das correspondências
universais, posto que integrem o homem ao cosmos numa unidade absoluta.

7. REFERÊNCIAS

ARANHA, Graça. Canaã. São Paulo: Martin Claret, 2005.

BALAKIAN, Ana. O Simbolismo. São Paulo: Perspectiva, 1985.

BAUDELAIRE, Charles. As flores do mal / Les fleurs du mal. Tradução, introdução e


notas de Ivan Junqueira. 6 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. Edição bilíngüe.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 43ed. São Paulo: Cultrix,
2006.

COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil. 7 ed. revista e atualizada. São Paulo:


Global, 2004. Vol. 4.

GARRARD, Greg. Ecocrítica. Tradução de Vera Ribeiro. Brasília: Editora da


Universidade de Brasília, 2006.

LEITE, Dante Moreira. O caráter nacional brasileiro: história de uma ideologia. 4. ed.
São Paulo: Pioneira, 1983.

LIMA, Luiz Costa. O questionamento das sombras: mímesis na modernidade. In:


______. Mímesis e modernidade. Formas das sobras. Rio de Janeiro: Graal, 1980. p.
67-228. 

483
 
 
LÖWY, Michael; SAYRE, Robert. Revolta e melancolia: o romantismo na contramão
da modernidade. Tradução de Guilherme João de Freitas Teixeira. Petrópolis: Vozes,
1995.

SCHOPENHAUER, Arthur. O mundo como vontade e representação. Tradução de M.


F. Sá Correia. Porto-Portugal: Rés Editorial, [19--]. 
SILVA, Marciano Lopes e. O impressionismo romântico de Raul Pompéia. Acta
Scientiarum. Ciências Humanas e Sociais. Maringá, v. 26, n. 1, p. 60-71, jan./jun. 2004.
VOLOBUEF, Karin. A prosa de ficção do romantismo na Alemanha e no Brasil. São
Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1999.
                                                            
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 Contato: etlopes@hotmail.com  

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