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TEMPO COMUM. VIGÉSIMO QUINTO DOMINGO.

CICLO B

11. O MAIS IMPORTANTE DE TODOS


– Mandar é servir.

– O exercício da autoridade e a obediência na Igreja procedem da mesma fonte: o amor a


Cristo.

– A autoridade na Igreja é um grande bem. Obedecer como Cristo obedeceu.

I. A PRIMEIRA LEITURA da Missa1 apresenta-nos um


ensinamento acerca dos padecimentos dos filhos de Deus
injustamente perseguidos por causa da sua honradez e
santidade. Armemos laços ao justo, porque nos incomoda: é
contrário às nossas obras, lança- nos em rosto as nossas
transgressões da lei e desonra- nos publicando os erros da
nossa conduta. Declara que tem a ciência de Deus e chama- se
a si próprio filho de Deus. Só o vê- lo nos é insuportável...
Ponhamo- lo à prova por meio de ultrajes e tormentos para
verificarmos a sua mansidão e provarmos a sua paciência.
Condenemo- lo à morte mais infame, e então se verá se é
verdade que há quem se ocupe dele. Estas palavras, escritas
séculos antes da chegada de Cristo, são aplicadas pela liturgia
ao Justo por excelência, Jesus, Filho Unigénito de Deus,
condenado a uma morte ignominiosa depois de padecer todas
as afrontas.

No Evangelho da Missa2, São Marcos relata-nos que Jesus


atravessava a Galileia com os seus, e pelo caminho ia-os
instruindo sobre a sua morte e ressurreição. Dizia-lhes com toda
a clareza: O Filho do homem será entregue às mãos dos homens
e dar- lhe- ão a morte, e ele ressuscitará ao terceiro dia. Mas os
discípulos, que tinham formado outra ideia acerca do futuro
reino do Messias, não compreendiam estas palavras e temiam
interrogá- lo.

Surpreende que, enquanto o Mestre lhes anunciava os


padecimentos e a morte que viria a sofrer, os discípulos
discutissem às suas costas sobre qual deles seria o maior. Por
isso, ao chegarem a Cafarnaum, quando estavam em casa,
Jesus quis saber o que tinham discutido pelo caminho. Eles,
talvez envergonhados, calaram-se. E, sentando- se, chamou os
doze e disse- lhes: Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último
de todos e o servo de todos. E, para tornar mais expressivo o
ensinamento, tomou um menino, colocou-o no meio deles e,
depois de o abraçar, disse-lhes: Todo aquele que recebe um
destes meninos em meu nome, a mim me recebe, e todo aquele
que me recebe, não me recebe a mim, mas àquele que me
enviou.

O Senhor quis ensinar aos que iriam exercer a autoridade na


Igreja, na família, na sociedade, que essa faculdade era um
serviço que deviam prestar. Fala-nos a todos de humildade e
abnegação para sabermos acolher nos mais fracos o próprio
Cristo. “Nessa criança que Jesus abraça estão representadas
todas as crianças do mundo, e também todos os homens
necessitados, desvalidos, pobres, enfermos, nos quais nada de
brilhante e destacado há para admirar”3.

II. O SENHOR, nesta passagem do Evangelho, quer ensinar


principalmente aos Doze como devem governar a Igreja.
Indica-lhes que exercer a autoridade é servir. A palavra
autoridade procede do vocábulo latino auctor, que quer dizer
autor, promotor ou fonte de alguma coisa4. Sugere a função
daquele que vela pelos interesses e pelo desenvolvimento de
um grupo ou sociedade. Governo e obediência não são acções
contrapostas: na Igreja, ambas nascem do mesmo amor a
Cristo. Manda-se por amor a Cristo e obedece-se por amor a
Cristo.

A autoridade é um elemento necessário em toda a sociedade,


e na Igreja foi querida directamente pelo Senhor. Quando não é
exercida numa sociedade, ou é exercida indevidamente,
causa-se aos seus membros um mal que pode ser grave,
sobretudo se o fim dessa corporação ou grupo social é
essencial para os indivíduos que a compõem.

“Esconde-se um grande comodismo – e, por vezes, uma grande


falta de responsabilidade – naqueles que, constituídos em
autoridade, fogem da dor de corrigir, com a desculpa de evitar o
sofrimento dos outros.

“Talvez poupem desgostos nesta vida.... mas põem em risco a


felicidade eterna – a sua e a dos outros – pelas suas omissões,
que são verdadeiros pecados”5.

A autoridade na Igreja deve ser exercida como o fez o próprio


Cristo, que não veio para ser servido, mas para servir: Non veni
ministrari sed ministrare6. O seu serviço à humanidade teve por
fim a salvação, pois Ele veio dar a sua vida para redenção de
muitos7, de todos. Pouco antes de pronunciar estas palavras, e
numa situação semelhante à que se lê no Evangelho da Missa
de hoje, o Senhor tinha manifestado aos Doze: Sabeis que os
príncipes das nações as tratam despoticamente, e que os
grandes abusam da sua autoridade. Não há de ser assim entre
vós, mas todo aquele que quiser ser o maior entre vós, seja
vosso servo, e aquele que quiser ser entre vós o primeiro, seja
vosso escravo8.

Os Apóstolos foram entendendo pouco a pouco estes


ensinamentos do Mestre, e compreenderam-nos plenamente
depois da vinda do Espírito Santo no dia de Pentecostes. São
Pedro escreverá aos presbíteros9, anos mais tarde, que lhes
cabe apascentar o rebanho de Deus não como quem domina
sobre a herança, mas sendo sinceramente exemplares. E São
Paulo afirmará que, não estando submetido a ninguém, se fez
servo de todos para ganhar a todos10. Quanto “mais alto” se está
na hierarquia eclesiástica, tanto mais obrigação se tem de
servir. Uma profunda consciência desta verdade é a que se
reflecte no título adoptado há séculos pelos Papas: Servus
servorum Dei, o servo dos servos de Deus11.

Os bons pastores na Igreja devem saber “harmonizar


perfeitamente a firmeza que – no seio da família – descobrimos
no pai com a amorosa intuição da mãe, que trata os seus filhos
desiguais de maneira desigual”12.

Devemos pedir que nunca faltem na Igreja os bons pastores:


que saibam servir a todos com abnegação, e que o façam
especialmente com os mais necessitados. A nossa oração diária
pelo Sumo Pontífice, pelos bispos, pelos que de alguma maneira
estão constituídos em autoridade, pelos sacerdotes e por
aqueles que o Senhor quis que nos ajudassem no caminho da
santidade, subirá até o Senhor e ser-lhe-á especialmente
agradável.

III. QUANDO SE EXERCE a autoridade, serve-se como Cristo


serviu; e serve-se também quando se obedece, como o Senhor,
que se fez obediente até à morte e morte de cruz13. E para
obedecer, temos de compreender que a autoridade é um bem,
um bem muito grande, sem o qual a Igreja, tal como Cristo a
fundou, não poderia subsistir.

Qualquer comunidade que queira subsistir tende naturalmente


a procurar alguém que a dirija, sob pena de em breve deixar de
existir. “A vida de todos os dias oferece um sem-número de
exemplos desta tendência do espírito comunitário em busca da
autoridade: desde os clubes, sindicatos ou associações
profissionais [...]. Numa verdadeira comunidade cujos membros
estão unidos por fins e ideais comuns, a autoridade não é
objecto de temor, mas de respeito e acatamento, por parte dos
que estão submetidos a ela. Numa pessoa normalmente
constituída, a consciência individual não tende naturalmente a
desconfiar da autoridade ou a rebelar-se contra ela; a sua
disposição é antes a de aceitá-la, de recorrer a ela, de
apoiá-la”14. Na Igreja, o sentido sobrenatural – a vida de fé –
faz-nos ver nos seus preceitos e conselhos o próprio Cristo, que
vem ao nosso encontro nessas indicações.

Para obedecer, temos de ser humildes, pois em cada um de


nós existe um princípio desagregador – fruto amargo do amor-
próprio, herança do pecado original – que por vezes pode
levar-nos a encontrar qualquer desculpa para não submeter
docilmente a vontade a uma indicação de quem Deus
estabeleceu para nos conduzir a Ele. “Hoje, que o ambiente está
cheio de desobediência, de murmuração, de bisbilhotice, de
enredos, temos que amar mais do que nunca a obediência, a
sinceridade, a lealdade, a simplicidade – e tudo isso com
sentido sobrenatural, que nos fará mais humanos”15.

Para que a virtude da obediência tenha essas características


– e não provoque em nós sequer um trejeito de desgosto ou a
mais leve sombra de espírito crítico –, recorremos nestes
minutos finais da nossa meditação ao amparo da nossa Mãe,
Santa Maria, que quis ser Ancilla Domini, a Escrava do Senhor16.
Ela nos fará ver que servir – tanto ao exercermos a autoridade
como ao obedecermos – é reinar17.

(1) Sab 2, 17-20; (2) Mc 9, 29-36; (3) Sagrada Bíblia, Santos Evangelhos, nota
a Mc 9, 36-37; (4) cfr. J. Corominas, Diccionario critico etimologico
castellano e hispano, Gredos, Madrid, 1987, vol. I, verbete Autor; (5) Bem-
aventurado Josemaría Escrivá, Forja, n. 577; (6) Mt 20, 28; (7) ibid.; (8) Mt 20,
24-27; (9) cfr. 1 Pe 5, 1-3; (10) cfr. 1 Cor 9, 19 e segs.; (11) cfr. Cormac Burke,
Autoridad y libertad en la Iglesia, Rialp, Madrid, 1988, pág. 179; (12) Alvaro
del Portillo, Escritos sobre el sacerdocio, Palabra, Madrid, 1979, pág. 35; (13)
Fil 2, 8; (14) Cormac Burke, Autoridad y libertad en la Iglesia, págs. 183-184;
(15) Bem-aventurado Josemaría Escrivá, Forja, n. 530; (16) Lc 1, 38; (17) cfr.
Concílio Vaticano II, Constituição Lumen gentium, 36.
(Fonte: Website de Francisco Fernández Carvajal AQUI)

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