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Professor ideal versus Professor real*

Por Leliane Aparecida Castro Rocha**


10 de agosto de 2004

Resumo:
Trata-se de uma comparação entre professores que buscam o diálogo, a formação continuada, o
aprimoramento e atualização de sua metodologia, tendo como foco principal a aprendizagem do aluno
como detentor de algum saber, e aqueles que, em busca do mesmo objetivo, assumem uma postura
tradicional, dogmática. Sabemos que os docentes precisam acompanhar as mudanças e aceitá-las, para
poder dar e receber o merecido reconhecimento. Partindo dessa comparação e desse pressuposto,
demonstramos em nosso estudo que o professor real, que tende a ser dogmático, acaba perdendo o
respeito de seus alunos; ao contrário do professor "ideal", que acompanha os avanços de seus discentes,
diagnosticando suas falhas, sem deixar transparecer em seu modo de atuar uma conotação de o "dono da
verdade". Com isso, esse texto possibilitará ao professor real ser capaz de reconhecer e corrigir seus
erros, para, se desejar, aproximar-se do conceito de professor "ideal".

Palavra-chave: professor, aluno, ideal, real

Title: Ideal teacher vs. actual teacher

Abstract:

This paper makes a comparison between teachers looking for dialog, a continuing training, perfecting and
updating of their methodology, mainly focused on the learner as a retainer of knowledge, and those who,
when searching for the same goal, take a traditional, dogmatic attitude. It is know that teachers should be
aware of changes and accept them in order to give and receive their due acknowledging. Based on this
comparison, we try to demonstrate that a real teacher – the one who tends to being dogmatic – loses his
pupils' respect; on the other hand, an "actual" teacher – the one who accompanies his pupils'
development, previewing their errors, but not allowing his behavior suggests he is "the owner of truth".
Thus, this text intends to enable an actual teacher to acknowledge and correct his own faults, in order to
come close to the concept of an "ideal" teacher.

Key word: teacher, pupil, ideal, actual.

Podemos observar que os bons docentes costumam encontrar métodos adequados, selecionando os que
consideram os melhores entre numerosas fontes de informação disponíveis. Os métodos tradicionais de
ensino não são totalmente bons ou ruins, nem todas as práticas educacionais modernas são merecedoras
de aceitação ou de rejeição indiscriminadas.

Um professor que ministra suas aulas de modo expositivo(1), considerando que todos os seus alunos terão
conteúdo suficiente para fazer suas provas, não faz de suas aulas a porta do sucesso de seus alunos.
Notamos nessa mentalidade o não-comprometimento com o magistério, pois esse mestre não se importa
muito com os seus alunos, e não leva em conta a possibilidade de que eles não queiram aprender a fazer
sua tarefa e que estejam ali apenas para receber o diploma.

Observamos também que freqüentemente em sala os professores solicitam silêncio absoluto de todos os
seus alunos, não aceitando ser interrompidos em hipótese alguma, e, quando alguém "ousa" fazê-lo,
acabam com a aula. Eles passam a falar da indisciplina dos alunos e não respondem o que lhes foi
perguntado.

Aulas cansativas são uma constante, quando um professor as ministra de forma expositiva com cálculos
por tentativas, o que acreditamos ser inadmissível, pois leva o aluno a vê-lo como incompetente, e não
como um bom professor, aproveitando de forma insatisfatória seu tempo.

Os alunos sentem muitas dificuldades em entender o que o professor quer que eles aprendam. Alguns se
sentem desestimulados por não terem suas necessidades satisfeitas.

A criatividade e a curiosidade que existem em cada ser humano tornam-nos sempre interrogativo, fazem
com que ele queira perguntar. Mesmo os mais introvertidos sentem a necessidade de satisfação a esses
anseios.
A resistência entre professor e aluno ocorre quando o professor acha-se o "dono da verdade" e pensa que,
se ele não transmitir seus conhecimentos, os alunos não serão capazes de pensar sozinhos. Talvez eles
não saibam mesmo organizar seus pensamentos, e nesse caso o professor deve ser um orientador para
essa organização, em vez de acreditar que os alunos não são capazes de pensar sozinhos.

Geralmente, os professores valorizam muito as técnicas tradicionais, como as aulas expositivas(2), como
único meio de transmitir o conteúdo escolar. A aula expositiva é uma dessas técnicas tradicionais de
ensino, mas deve ser adequada às exigências do aprendizado de cada classe, levando em consideração os
conhecimentos dos alunos. Ao empregar a aula expositiva, o professor pode assumir duas posições:
dogmática(3) ou de diálogo(4).

A técnica da aula expositiva é mais viável se o professor optar pela posição de diálogo e observar alguns
procedimentos que estabeleçam claramente os seus objetivos: planejar a seqüência da aula, manter o
aluno em atitude de reflexão, dar alguns exercícios rápidos, fazer recapitulações das noções apresentadas
e observar durante a aula os sinais de aborrecimento ou cansaço dos alunos.

Um docente dogmático, durante a sua exposição, não permite perguntas, e, quando algum aluno o faz, ele
começa um discurso inacabável e insensato a respeito de a classe estar conversando, não demonstrar boa
vontade em aprender. Isso nos leva a crer que o docente também não consegue demonstrar a boa
vontade em ensinar.

Ele, na verdade, procura uma classe estática, mas isso não é possível, pois o mundo é dinâmico. Ao
interromper sua exposição mesmo que seja nos primeiros minutos da aula, o professor demonstra com
isso uma incoerência, pois qualquer disciplina tem de aceitar o diálogo.

Se o trato com o ser humano for autoritário, traz descontentamento. E, no caso, o aluno desmotiva-se em
tirar suas dúvidas. Tal fato é inadmissível, pois, afinal, é na sala de aula que deve ser esclarecida toda e
qualquer dúvida. Nesse ambiente deve ser feito todo possível para satisfazer-se as necessidades de
aprender dos alunos. Utilizar, portanto, o tempo para fazer repreensões, dizer que os alunos são
indisciplinados, arrogantes, perturbadores da ordem, que eles não dão valor ao tempo que ali estão é uma
atitude questionável, pois o professor, ao fazer isso, também está perdendo seu tempo, sem conseguir
demonstrar a real necessidade do comprometimento no aprendizado.

O discurso soa como dos mestres autoritários(5), que querem seus alunos passivos, quietos e acríticos. O
comportamento dos adolescentes está mudando. Eles não são agressivos, são apenas críticos, e alguns
professores não aceitam críticas e questionamentos. Segundo FREIRE (2000), o professor autoritário afoga
a liberdade do educando.

O professor não deve resvalar para a agressividade e emotividade, visto que o produto do aprendizado e
da técnica é cada vez menos proveniente do talento improvisado de poucos. Na educação não devem
existir improvisos, pois somente com muito planejamento(6) e flexibilidade o professor conseguirá
detectar e ajustar as necessidades de seus alunos, ajustando o seu atendimento ao mercado que espera
por eles.

NÓVOA (1991) nos fala do encanto, da emoção de possibilitar o desenvolvimento intelectual dos alunos.
Essa paixão apontada pelo autor é a mesma que todos devem ter em escolher sua profissão, ao pesar os
prós e os contras dessa escolha. Assim que isto estiver feito e o profissional decidir o que quer, deve se
envolver sempre mais e mais com sua carreira.

Na educação é ainda mais importante este envolvimento, mesmo porque ela é responsável por muitas
"cabeças". O professor autoritário não conseguirá aproximar-se de seus alunos, e vice-versa.

Como um bom professor deverá orientar seus alunos, se não conseguir ver suas necessidades?

Quando o professor que ainda ministra suas aulas tal qual seus antecessores o faziam, o que se vê é que,
quando um fala, todos se calam. Será mesmo que ao se calarem, estão aprendendo o conteúdo, ou estão
aprendendo a serem pessoas passivas e sem interesse?

Por diversas vezes deparamos com aulas não planejadas, exercícios resolvidos por tentativas, dando uma
margem de pensamento aos seus alunos que nem esses eles, docentes sabem como finalizar. Quando
algum aluno lhes faz perguntas, ou simplesmente diz não entender o que ele acabou de fazer, esses
professores culpam-no por não prestar a devida atenção desde o início, e não conclui o exercício,
responsabilizando a classe pela falta de interesse.

Entretanto, é possível perceber que uma parte dos professores não sente necessidade de se formar. Em
geral, isto acontece porque pensam que o saber fazer é uma questão de dom ou de experiência, e não
acreditam que os psicopedagogos ou outros especialistas possam dar-lhes qualquer ajuda.
Estes professores protegem-se da formação em nome de uma concepção da profissão que nega o seu
próprio sentido. Isto está muito claro na formação contínua(7). Quando é facultativa, há quem a ignore
totalmente, quando é obrigatório, nada impede que se leia jornal ou se durma durante o seminário.

A possível solução poderia ser o professor poder continuar ministrando suas aulas expositivas, mas
adotando uma posição sempre voltada ao diálogo, já que seus alunos procuram essa troca e necessitam
dela.

Se o professor adotar uma postura mais construtivista, e deixar um pouco de lado o que ele imaginou
como aluno ideal e se preocupar com o aluno real, tudo poderia ser amenizado em sala de aula.

Para ROSA (2000), os professores, por não saberem trabalhar com o aluno real, transferem a culpa, por
seu fracasso, e, cansado de tentar, o aluno real desiste e vai embora. Os que permanecem até o fim
levam consigo um estranho sentimento de vazio e a certeza de que muito pouco a escola teve para lhes
oferecer. Dessa forma, muitos desses alunos entram para o mercado de trabalho sem o conhecimento
necessário.

Ao professor que atua de forma dogmática, diríamos que precisa fazer um novo planejamento, um curso
ou ler mais sobre prática e didática de ensino; tentar aceitar as mudanças do mundo e não querer ensinar
da mesma forma com que ele aprendeu; ser flexível e estar mais preocupado com o aluno. E assim pode
transformar-se em líder(8) (PILETTI,1993) de seus alunos, e todos poderão vê-lo como um profissional
atualizado, disposto a ajudar e orientar seus educandos.

O professor com algum tipo de liderança desperta o espírito criativo em seus alunos, atende ao
desenvolvimento social e providencia modificações que proporcionem formas mais eficientes de enfrentar
as mais diferentes situações. O espírito criativo, nos dias atuais, é mais necessário do que nunca, uma vez
que as exigências sociais tornam-se cada vez mais prementes, em conseqüência do aumento da
população e a democratização da educação, que predispõe maior número de pessoas a aspirar pela
participação nos bens materiais e espirituais da cultura.
O atendimento ao espírito criador do educando favorece também o desenvolvimento da sua personalidade
e a explicitação de todas as suas potencialidades inatas.

Fazer com que o aluno seja livre para pensar e tenha possibilidades de desembaraçar-se perante uma
questão, para não ser levado a aceitar ou assumir atitudes que não sejam fruto de sua própria decisão, é
dever do educador que oferece oportunidades para o aluno se desenvolver, ser criativo e crítico.

O papel do professor é, muitas vezes, decisivo, pois depende dele, da sua liderança e compenetração
serem bem ou malsucedidos o entendimento e a compreensão tidos pelos alunos.

Conclui-se que todos os métodos são válidos, quando se observa a quem vamos aplicar cada um deles.
Não devemos estacionar no tempo, nem devemos querer ensinar da mesma forma pela qual aprendemos.
Se o resultado do método utilizado for desfavorável, devemos verificar e planejar novamente os
procedimentos para que esse insucesso deixe de acontecer, e, se for favorável, o planejamento precisa
considerar o público a quem será aplicado, para que obtenha melhores resultados ainda.

O professor deve estimular os educandos a pensar, criticar e analisar, para que ele se fortaleça e possa
enfrentar o dia-a-dia desafiador no qual vivemos.

Os docentes precisam acompanhar as mudanças e aceitá-las, participando mais do cotidiano dinâmico de


seus alunos, para poder dar e receber o merecido reconhecimento.

Para o bom andamento de uma de aula, o professor "ideal" deverá acompanhar os avanços de seus
alunos, diagnosticando suas falhas, alimentando as discussões, com materiais e textos e, até mesmo,
impondo limites, quando necessário. Isso não faz do professor, porém, o "dono da verdade", a quem cabe
tomar todas as decisões. Dependerá ainda dele a criação e o fortalecimento de um ambiente cordial e
afetivo, de vínculos que possibilitem a tomada de decisões conjuntas, ou seja, entre professor e alunos.

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*Texto orientado pela professora de Prática de Ensino / Estágio Supervisionado Dinéia Hypolitto do curso
de Formação de Professores. Publicação: Revista Integração: Ensino=Pesquisa=Extensão. Ano X, nº 36,
jan/fev/mar.2004. p. 61
**Bacharel em Administração de Empresas e licenciada pelo Curso de Formação de Professores pela
Universidade São Judas Tadeu.

(1)O modo expositivo consiste na apresentação oral de um tema, logicamente estruturado. (Nérici,1986).

(2)Aulas Expositivas:Apresentação oral de um tema, com ou sem uso de recursos didáticos. (Nérici, 1992).

(3)Dogmática: é uma oposição onde as mensagens recebidas não podem nem devem se contestadas.
(Nérici, 1992b).

(4)Diálogo: quando a mensagem transmitida é simples pretexto para desencadear um debate. (Nérici,
1970).

(5)Mestres Autoritários: os que usam com rigor de toda a sua autoridade, que não admitem contradição,
absolutos, despóticos.(Larousse Cultural, 1998, p. 542).

(6) Planejamento: fazer o plano de sua aula, projetar, traçar (Nérici, 1992b).

(7)Formação contínua: estar sempre em construção, de forma se mudar a visão e mudar a prática de
consciência de um educador.(Hypolitto, 2001).

(8)PILETTI (1993:251) aponta três tipos diferentes de liderança que atuam sobre os grupos: "Líder
autoritário: tudo o que deve ser feito é determinado pelo líder. Líder democrático: tudo o que for feito será
objeto de discussão e decisão da turma. Líder permissivo: o líder desempenha um papel bastante passivo,
dando liberdade completa ao grupo de indivíduos, a fim de que estes determinem suas próprias atitudes."
(Piletti, 1993).

Referências bibliográficas

1. ABRAMOVICH, Fanny. O professor não duvida! Duvida? São Paulo: Gente, 1998.

2. BICUDO, Maria Aparecida Viggiani, Formação do educador e avaliação educacional. São Paulo:
Unesp, 1999.

3. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e
Terra, 2000.

4. HYPOLITTO, Dinéia. A formação do professor e o estágio supervisionado. São Paulo: Catálise, 2001.

5. MORALES, Pedro. A relação professor – aluno. O que é, como se faz. São Paulo: Loyola. 1999.

6. NÉRICI, Imídeo G. Didática Geral Dinâmica. São Paulo:Atlas, 1992.

7. NÉRICI, Imídeo G. Metodologia Do Ensino. São Paulo: Atlas, 1992.

8. NÉRICI, Imídeo G. Educação e Metodologia. São Paulo: Pioneira, 1970.

9. PERRENOUD, Phillippe. Prática pedagógica, profissão docente e formação: perspectivas


sociológicas. Portugal: Nova Enciclopédia, 1993.

10. PERRENOUD, Phillippe. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: Artmed, 1999.

11. PILETTI, Claudino. Didática Geral. São Paulo: Ática, 1993.

12. ROSA, Sanny S. da. Construtivismo e Mudança. São Paulo: Cortez, 2000.

13. ZÓBOLI, Graziella. Práticas de Ensino – subsídios para a atividade docente. São Paulo: Ática, 1997.

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