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Tr ê s H o m e n s , Tr ê s D e s t i n o s
José Sócrates - o povo português mais uma Hélio Beirão - o maior Mestre da Viola da Terra António Costa Moura - o novo Cônsul Ge-
vez lhe deu uma vitória nas eleições legislativas, ou Viola da Terceira, como também lhe chamam, está ral de Portugal em San Francisco, tomou posse
esta com maioria relativa. Esperemos que pros- nomeado para o National Endowment for the Arts Na- no dia 21 de Setembro. Que objectivos terá e o
siga com o espírito reformador como em 2005, tional Heritage Fellowship. Um grande orgulho para a que a Comunidade espera dele, brevemente sabe-
de que tanto Portugal precisa. nossa comunidade. Pág. 28 remos. Pág. 2
G U S T I N E e m 19 0 0 ’s Páginas 14,15,16,18
Q
uem por sorte ouviu a entrevista bem conduzi-
O Consulado-Geral de Portugal em
da pela Aida Barbosa ao Nelson Ponta-Garça, San Francisco apresenta os seus me-
na KSQQ, na Terça-feira, 29 de Setembro, pôde lhores cumprimentos e tem a honra
apreciar toda a capacidade deste jovem, que é de comunicar que o Senhor Dr. An-
importante importante referir e não esquecer. tónio Costa Moura assumiu funções
Será com jovens como o Nelson e tantos outros que espa- de Cônsul-Geral de Portugal em
lhados estão pela nossa comunidade, que esta prosseguirá San Francisco, no dia 21 de Setem-
no futuro. bro corrente.
Esta juventude precisa urgentemente de tomar as rédeas Junto se envia a biografia do novo
do “poder” de muitas organizações, para que possamos se- Cônsul-Geral de Portugal em San
guir em frente, trazendo outros mais novos, que no futuro Francisco.
serão os seus líderes também.
É importante que os mais idosos comecem a ajudar esta ju- San Francisco, 25 de Setembro de
ventude que está muito interessada em aprender com eles, 2009.
pois foram os mais idosos, os responsáveis pela maioria
das muitas coisas boas que esta comunidade tem. BIOGRAFIA
Com este jornal já quase a ser imprimido, soubemos da ANTÓNIO MANUEL COELHO
triste notícia do falecimento do Padre Carlos Macedo. Ele DA COSTA MOURA
morreu no dia 1 de Outubro, em Los Banos, na New Be-
Nasceu em 16 de Janeiro de 1963,
thany House.
no Porto; licenciado em Direito pela em Dezembro de 1990; adjunto do dos Negócios Estrangeiros e das
Padre Macedo nasceu a 30 de Novembro de 1924 em Ponta
Universidade Católica Portuguesa; Gabinete do Ministro dos Negócios Comunidades Portuguesas, em 1 de
Delgada, Ilha de São Miguel. Veio para a California como pós-graduado em Estudos Euro- Estrangeiros, em 29 de Novembro Setembro de 2002; Director de Ser-
estudante e foi para o Seminário Saint Patrick. Foi orde- peus e em Ciências da Informação de 1991; secretário de embaixada, viços do Gabinete de Assuntos Eco-
nado em 1948 na Catedral de St. Mary em San Francisco, pela mesma Universidade; adjunto na Secretaria de Estado, em 15 de nómicos, em 1 de Janeiro de 2004;
California, pelo Arcebispo John J. Mitty. do Gabinete do Secretário de Esta- Dezembro de 1992; na Embaixada Correspondente Europeu, Director
A sua primeira missa foi dita na Igreja de St. Louis Ber- do Ajunto do Ministro da Agricul- em Luanda, em 20 de Julho de 1994; de Serviços de Política Externa e
trand em Oakland, quando tinha apenas 24 anos de idade. tura, Pescas e Alimentação, em 15 na Delegação Permanente junto da Segurança Comum da Direcção-
Nessa Igreja conheceu Monsenhor John Silva, nascido em de Setembro de 1987; aprovado no Organização do Tratado do Atlânti- Geral de Política Externa, em 7 de
São Jorge. Lá permaneceu por cinco anos. concurso de admissão aos lugares co Norte, em Bruxelas, em 8 de De- Dezembro de 2004; na Embaixada
Na nossa próxima edição daremos mais informações àcer- de adido de embaixada, aberto em zembro de 1997; primeiro secretário em Paris, em 11 de Agosto de 2005;
ca desta importante figura da Igreja Católica da Califor- 30 de Dezembro de 1989; adido de de embaixada, em 21 de Dezembro Cônsul-Geral em San Francisco, em
nia. embaixada, na Secretaria de Esta- de 1998; conselheiro de embaixada, 21 de Setembro de 2009.
Paz à sua alma. do, em 21 de Dezembro de 1990; em 18 de Abril de 2002; na Secreta- Oficial da Ordem do Infante D. Hen-
adjunto do Gabinete do Ministro da ria de Estado, como substituto legal rique; Oficial da Ordem da Repúbli-
jose avila Agricultura, Pescas e Alimentação, do Chefe de Gabinete do Ministro ca da Tunísia.
Tribuna da Saudade
Memórias do Castelo (2)
Ferreira Moreno
V
aldemar Mota, estimado amigo Nacional e duma população saqueada,
de longa data, em “Fortifica- enxovalhada nos seus brios de liberdade,
ções da Ilha Terceira” (Sepa- sem armas e sem líderes.
rata do Instituto Histórico da Por isso, parece-nos mais real que D. Fi-
Ilha Terceira, 1993-1994), descreveu ser lipe desejasse possuir no Atlântico uma
o Monte Brasil “um verdadeiro filão de grande feitoria, contra a qual não tivessem
fortificações, fortes, cortinas, baluartes e poderes nem inimigos, nem piratas nem
redutos. Todo este manancial tem o apoio experimentados corsários, e assim pudes-
grandioso do Grande Castelo, cidade inex- se ter a bom recado, no resguardo segurís-
pugnável na defesa insuperável dos mares simo dum castelo inacessível, as fabulosas
dos Açores e da própria terra açoriana. Por riquezas e colossais fortunas, que as naus
isso, encaixa-se perfeitamente nesta forta- e galeões traziam das partes das Índias de
leza ímpar o epíteto de Gibraltar Açoria- Oriente e Ocidente”.
na, que lhe atribuiu o Marquês de Sá da Manuel Coelho Baptista de Lima (director
Bandeira. do Arquivo Distrital de Angra nos meus
Efectivamente, o Grande Castelo com suas tempos de estudante), numa comunicação espanhola ou portuguesa. sa de bastiões e de parapeitos, ainda hoje
baterias e revelins sobre a cidade de An- intitulada “Angra Universal Escala do Mar A construção estaria já em curso em 1591, mostram bem o cuidado de assegurar de-
gra, como que na prevenção de qualquer do Poente no Século XVI”, apresentada no pois há notícia de que em 1597 as riquezas fesas totais do pináculo escolhido contra o
ataque por terra, foi sempre considerado Colóquio Internacional realizado em An- transportadas por uma armada, e avalia- mar e contra a terra. Será difícil encontrar,
como uma praça inacessível e uma das gra em Agosto de 1983 e reproduzida no das em mais de trinta milhões de ouro, depois do Escorial, monumento filipino
mais poderosas fortificações peninsula- volume “Os Açores e o Atlântico, Séculos haviam sido transferidas p’ró interior da mais expressivo que este castelo tentacu-
res”. XIV-XVII”, publicado pelo Instituto His- fortaleza do Monte Brasil, embora Maldo- lar, erigindo-se do meio do Mar Atlânti-
Através dos tempos, e ainda hoje, há circu- tórico da Ilha Terceira em 1984, transmitiu nado haja apontado o ano de 1601 como co e perdurando nos poentes dos Açores
lado a ideia de que esta enorme fortaleza preciosas informações àcerca do Castelo: data do lançamento da primeira pedra p’rà como um dos últimos sonhos dourados de
teria sido feita com o intuito de amedron- “Por mandado do Cardeal D. Henrique em construção da fortaleza, cuja guarnição Filipe II, o Europeu”.
tar os moradores da ilha. 1567, que enviou aos Açores o arquitecto (no século 17) era constituída por cerca de
Numa relação de 1709 enviada a D. João italiano Tomasso Beneto de Pesaro, deu-se mil homens, alguns dos quais ali residiam A fechar, este par de quadras de Vitorino
V por António do Couto lê-se que o Caste- início ao estudo da fortificação dos mais com as respectivas famílias”. Nemésio:
lo, em forma de cidadela, fora construído importantes pontos estratégicos das ilhas. Vitorino Nemésio (1901-1978), que à roda
mais p’ra sujeitar a cidade de Angra que Ao tempo, o arquitecto preconizara a forti- do Castelo passou a adolescência e o co- Ó Angra, tarro de leite,
p’ra defendê-la”. (Arquivo dos Açores, Vo- ficação do Monte Brasil, com a construção meço da mocidade, recordá-lo-ia nostal- Estava quase a beber...
lume XII, pg. 460). duma grande fortaleza, tornando inacessí- gicamente num capítulo do Corsário das Estrela do meu destino!
Embora não obliterando por completo tal vel o acesso, não só do lado da terra mas Ilhas... Castelo do meu bem-querer!
insinuação, Valdemar Mota adiantou que, também do mar, conferindo assim a dese-
na verdade, “afigura-se pouco crível que jada segurança à própria cidade de Angra. “Esta fortaleza de Angra, longe de ter ba- Ó Angra, nobre cidade,
os espanhóis tenham levantado um dinos- Este plano só teria seguimento após a con- fejado um berço de cidade, foi uma garga- Que tens baraço e cutelo!
sauro daquele tamanho e grandeza bélica quista da Terceira pelos espanhóis, ten- lheira pesada que lhe puseram ao colo. As Vê-se a croínha do Pico
apenas com o receio de meia dúzia de sau- do sido autor do projecto o arquitecto de suas muralhas ciclópicas, o sistema de fos- Das muralhas do Castelo.
dosistas antoninos, defensores da Causa nome João de Vilhena, de naturalidade ou sos exteriores, e uma segunda linha altero-
4 COLABORAÇÃO 1 de Outubro de 2009
U
A sua última publicação, Poesias tores portugueses a ter sucesso
ma Era ainda muito tóxica para a sensibilidade pimbo- Escolhidas, saíu em 1983. Pedro internacional. Viveu por alguns
fado-folclórica da grande maioria dos Portugueses e Luso Homem de Mello faleceu no Por- anos em New York onde compôs
descendentes na Califórnia. to em 1984. dois musicais para a Broadway,
Vencedores do prémio, voto popular, no concurso Lu- Pedro Homem de Mello foi autor On With the Show e Hit the
savox 2009 realizado no centro de convenções do Arade, Algarve dos seguintes grandes êxitos de Trail.
e transmitido pela RTP1 e RTPi, promovido pela Secretaria das Amália: Em 1979 Frederico Valério ca-
Comunidades, no passado mes de Agosto, não conseguiram juntar Povo que Lavas no Rio, Fria Cla- sou em segundas núpcias com a
mais do que uma dezena de dúzias no Salão de San Diego, na ulti- ridade, Havemos de ir a Viana, actriz Laura Alves e faleceu em
ma edição do Festival de Folclore da Califórnia. Rapaz da Camisola Verde, Cui-
C
Lisboa três anos mais tarde. Ele
O que vale é que estes Senhores da musica feita nas comunidades dei que Tinha Morrido, Entrega, era tio da cançonetista Maria
já viveram isto nos “Fall Rivers” e “NewBedords” da diáspora. omo este ano se come- Gondarém, Olhos Fechados, José Valério.
Já viram e venceram! Andam anos luz a frente destas tendências mora o décimo aniver-
sário da morte da Amá- Os seguintes fados foram exclusi-
popularuchas. Alias, há alguns anos, muitos destes Senhores da mu-
lia, lembrei-me de falar vamente compostos para Amália,
sica tocavam com os maiores Pimbas da zona. Deixaram-se disso!
A iniciativa em San Diego, valeu por isso. Onde estavam os jovens de dois indivíduos que tiveram incluindo alguns que o próprio
que se queixam de falta de opções? muita influência na sua carreira. Frederico Valério também foi au-
A maioria dos presentes, perplexados com a qualidade do grupo e que, talvez, sejam desconheci- tor da letra.
não sabiam bem o que fazer! Quando os Eratoxica executaram o dos para muitos dos estimados Amália, Ai Mouraria, Confesso,
tema, “Dá-me o teu Amor” (original de grande sucesso que os levou leitores. No entanto, tenho qua-
a Portugal recentemente e que faz parte de um reportório que já se a certeza de que, ao lerem os
foi apresentado nos Açores e Continente com grande aceitação) o títulos, recordarão os fados que
salão Português de San Diego parecia estar perante algo paranor- tanto sucesso deram a Amália .
mal! Penso que ninguém reconheceu o tema, avaliar pela reacção e Trata-se do poeta Pedro Homem
aplausos. de Mello e do compositor Frede-
rico Valério.
Como nem sempre conhecemos
quem está por detrás do suces-
so dos nossos artistas, aqui vão
dois “traços” sobre estas grandes
figuras da poesia e música portu-
guesas que ainda hoje conitnuo a Prece, Verde Verde, A Minha
admirar . Terra é Viana.
As suas palavras e os seus sons
Quando o grupo, após uma inteligente avaliação da audiência tocou jamais cairão no esquecimento. Frederico Valério nasceu em
a “Laurentina” a audiência respondeu com um instinto subconscien- Lisboa em 1913. Com apenas
te quase assustador mas compreensível, porque reflecte o costume. Pedro Homem de Mello nas- 13 anos de idade, começou a
Por favor acabem com ele! É um mau costume. ceu na cidade do Porto em 1904. interessar-se pela música e pela
Tratava-se de um concerto, não era mais um baile meus senhores... Foi poeta, estudioso folclorista, composição. O seu primeiro êxi-
No final fez-se festa, diga-se de passagem, e os presentes gostaram professor do liceu, exerceu a ad- Fado do Ciúme, Que Deus me
to foi a canção Carvoeiras da re-
do que viram. vocacia e foi magistrado do Mi- Perdoe, Fado da Madragoa, Só à
vista Milho Rei. Apesar de ele
Culturalmente, em certos âmbitos, ainda se vive na idade da Pedra, nistério Público. Apresentou um Noitinha, Fado Malhoa, Sabe-se
ter composto para vários artistas,
na terra que viu nascer o Google, Yahoo, Apple, Youtube, Facebook programa de televisão na RTP so- Lá, Não Sei Porque te Foste Em-
foi, sem dúvida, para Amália que
etc... bre o folclore português do qual ele escreveu os seus maiores su- bora, Maria da Cruz, Boa Nova,
Quem vê isto por fora! era grande devoto. Fado Xuxu, Sangue Toureiro, Eu
cessos.
Quem vê isto por fora, tem pena... O seu primeiro livro de poesia, Disse-te Adeus, Amor Sou Tua,
Frederico Valério foi autor das
Quem vê isto por fora e já viu por dentro, tem mais do que um arti- Caravela ao Mar, foi publicado A Minha Canção é Saudade, É
go nas Tribunas Portuguesas para escrever. bandas sonoras dos filmes, Capas
em 1935. Recebeu o Prémio An- Negras, Madragoa e Sangue Tou- Pecado, Um Só Amor.
Quem vê uma comunidade a morrer e sem indicativos de transição tero de Quental em 1940 e o Pré-
claros e objectivos, quase que se deve aproveitar dela?
Este ano...
“Os Lá Fora” em Artesia, com grande empenho dos organizadores,
promoção em Jornal, Radio, TV resultado: menos de 50 pessoas.
Tributo dos Açores na Banda Velha de San José: pouco mais de
meia casa para apresentar o seu último álbum.
Eratoxica em San Diego com menos de meia casa.
Quanto mais tempo água mole tem de bater em pedra dura até
furar?
Português para
Crianças
A Escola JARDIM INFANTIL Chame já e reserve um espaço
DOM DINIS apresenta Portu- para a sua criança para Setembro.
guês Para Crianças, que terá iní- Para mais informações chame
cio em Setembro. Este programa para o número
tem como objectivo assistir fa- (408) 993-0383
mílias que tentam ensinar as suas
crianças a manter e desenvolver ou visite
a língua portuguesa durante a in-
fância. www.domdinis.com
Crianças entre os três e os seis
anos de idade:
A
lguma coisa se passa que se fundou. Outro exemplo? A gosto especialmente de russos.” valorizados seria, provavelmente, e uma obsessão por telenovelas-
entre os portugueses doutora Laurinda Alves. Pouco E, portanto, qual é a resposta um país com um dose menor de da-TVI (e afins) que nem no
e os livros. Veja-se, depois de inundar o debate euro- qual é ela, no momento em que Manuel Alegre, o que não deixa Burquina Faso. Aparentemente,
por exemplo, a pres- peu de propostas tão marcantes se lhe pergunta com que autor ela de ter o seu mistério. é esse o nosso problema: só os
tação do cozinheiro Vítor Sobral como a da promoção de “uma aprendeu a gostar de ler? Pois cla- Pelo contrário, vou ao Google. leitores se pronunciam nos jor-
no inquérito proustiano da Públi- verdadeira democracia europeia” ro: “Enid Blyton.” “Leio muito”, Pt, e escrevo “adoro ler”, com nais, na Internet, na televisão –
ca do último domingo. Pergunta: ou a da potenciação de “um mo- diz Laurinda. “Eu gosto muito de aspas e tudo. Resultado: 162.000 e, se algum dia alguém diz que
“Com que idade percebeu que delo europeu de desenvolvimento ler”, diria Catarina Furtado. entradas. Mudo para “detesto não vai passar a tarde seguinte
falhou na vida?” Resposta: “Até humano sustentável”, a Sra. D. X Em Portugal, é assim: pergunte- ler”: apenas 3.500. Desconfiado, a ler, não é nunca como atitude
agora não dei por isso.” Pergunta: tornou-se numa espécie de diva se a uma “figura pública” que li- experimento “não gosto nada de estética, mas antes como men-
“Qual a sua qualidade que mais oficial do nosso Verão 2009. Já se vros mais a marcaram e lá desata ler”: escassas 269, sendo que a sagenzinha, não deixando nunca
irrita os seus amigos?” Resposta: sabe: toda a silly season merece a ela a percorrer o catálogo paper- primeira é de um adepto de fu- de salvaguardar-se com versos de
“A minha capacidade de liderar.” sua diva. E, entretanto, esta mes- back da Penguin, juntando-lhe tebol que “não gosta nada de ler Pessoa (“Ai que prazer/ não cum-
Pergunta: “Com que figura públi- ma revista onde tenho o prazer de entretanto “a Sophia”, “o Torga” certas crónicas” que falam mal prir um dever./ Ter um livro para
ca se acha fisicamente parecido?” escrever foi ouvi-la falar da sua e “o Mia”, para aportuguesar um do seu clube, mas “adora ler ou- ler/ e não o fazer”). É um reba-
Resposta: “Comigo mesmo!” Um biblioteca pessoal. bocado. E eu anseio pela primei- tras” que falam bem. Já quando nho, no fundo. Os livros também
homem importante. Um vence- Ah, isso é que uma figura públi- ra vez que uma destas figuras vou a “gosto muito de ler”, fico têm o seu rebanho – e não é por
dor. Um líder nato. Uma figura ca portuguesa gosta de falar dos seja capaz de dizer alguma coisa esmagado: 180 mil entradas. ser dos livros que deixa de ser um
pública de referência. E, portan- seus livros. E, então, lá foi ela por refrescante, como por exemplo: Aparentemente, toda a gente em rebanho como os outros.
to, qual é a resposta qual é ela, no ali fora: a inevitável Sophia e o “Eh, pá, ler é que não. Não gos- Portugal gosta de ler, adora ler
momento em que se lhe pergunta inevitável Mia Couto, o saltinho to de ler.” Naturalmente, se for a e não pode mesmo viver sem ler
que objecto ele faria tudo para do costume a Torga e a paragem Maya ou a Luciana Abreu, não “os clássicos”, “os russos” e “o
salvar de um eventual incêndio obrigatória em Agustina, um mo- conta: é preciso saber ler mes- Mia”. “Eu devoro livros. Devoro,
lá em casa? Pois claro: “Os meus mentozinho de propaganda com mo. Mas isso, sim, seria novo. devoro, devoro!”, dizem, numa
livros.” Novalis e a sempre segura con- Com vantagens. Quem não passa inspirada metáfora digestiva que
Em Portugal, é assim: um ho- clusão com a Bíblia Sagrada, em- o dia a ler não passa o dia a fa- recupera in extremis Vítor Sobral
mem pode ser ao mesmo tempo bora “com orientação” exegética zer a mesma coisa que Laurinda para esta crónica.
vaidoso e francamente despro- (a jornalista fez-nos o favor de Alves, estando por isso (em prin- Por outro lado, os estudos mos-
vido de sentido de humor – se é nos poupar a pormenores). Pelo cípio) a salvo da travadinha que tram-nos índices de leitura bai-
“uma figura pública”, então de meio, esta pérola: “É fácil gostar deu à doutora. Por outro lado, um xíssimos, incluindo níveis de ili-
certeza que foi sobre “os livros” dele [de Luís Sepúlveda]. Mas país onde os livros fossem menos teracia quase terceiro-mundistas
N
contros… Não esqueço o Pátio da Alfândega das noi- -Eu digo-te à primeira, mas tu só percebes
aquele tempo todos os cami- Vi muitos lenços a acenar e muitas lágri- tes de festas e de lua cheia… Os emprega- à segunda.
nhos iam dar ao Pátio da Al- mas no cais da Alfândega – vertidas pelos dos do Café Atlântico, de casaca, luvas e Havia também o Evaristo, engraxador,
fândega. que, com esperança, partiam para as Amé- papillon, aviavam, para a esplanada, cafe- com cara de poucos amigos, sempre de
Com o Monte Brasil em frente, ricas e pelos que marchavam para a guerra zinhos e conhaques em cálices do tama- escova na mão a lustrar os sapatos dos
o Pátio da Alfândega era a porta de entra- colonial, contrafeitos… nho de um dedal… As senhoras da cidade, senhores ricos da cidade. Estou a vê-lo:
da e saída de Angra do Heroísmo. E era No Pátio da Alfândega éramos todos so- muito reluzentes nos seus vestidos de tafetá transportando a caixa com as suas divi-
a varanda para o mar. A brisa que vinha nhadores de viagens… debroados a rendas de seda e algumas lan- sões de onde retirava, pachorrentamente,
da baía. O edifício da Alfândega. O Café Subi e desci as suas escadarias vezes sem tejolas, bebericavam chá e comiam bolos o auto-brilhante da “Nugget”, a latinha de
Atlântico, ali ao lado, a esplanada repleta conta, a olhar as garças, o posto da Guarda e bolacha araruta… Enfarpelados e todos graxa meio dourada da “Camel”, a espon-
de mesas e cadeiras de vimes, os bancos Fiscal, a imponente igreja da Misericór- janotas, os seus consortes bebiam “Cuca” ja, o unto, a pomada “Coutinho”…
verdes, os gradeamentos, os candeeiros e dia! e “S. Jorge” (as “loiras e frescas” cerve- Por lá também aparecia, vindo da Pra-
as duas escadarias de acesso ao cais… jas) e, fumando ça Velha, o “Já Deu”, aliás, José da Silva
Por esse cais um dia saí de Angra mas An- placidamente, Brum, transportando, nas mãos, dois ces-
gra não saiu de mim. refastelavam- tos de asa com sacos de “freiras”, pevi-
Esta cidade foi o meu lugar de iniciação, o se nas cadeiras des, favas torradas e amendoins, mais os
epicentro da minha vida, o atlas da minha de vimes com deliciosos chocolates da Base: “Snickers”,
geografia afectiva e o roteiro do meu ima- digníssimos es- “Butterfingers” e “Three Mosketeers”…
ginário sentimental. paldares de for- E, na Rua Direita, era uma alegria quando
Eu morava na Rua de Santo Espírito e no mas suaves que ouvíamos a campainha da carroça do Ma-
Pátio da Alfândega fui menino e aprendi a contornavam as nuel de Sousa, mais conhecido pelo Ma-
sonhar o mundo na contemplação do mar. mesas brancas deira, todo janota no seu colete branco e
Sim, o Pátio da Alfândega era o local das e circulares de boné de pala preta, a vender, a um escudo,
minhas brincadeiras. Foi ali que despertei ferro. deliciosos gelados de cores suaves…
para a vida e para o conhecimento das coi- Alguns dos Revivo o Pátio da Alfândega e o cais da
sas. Ali aprendi o espírito dionisíaco dos hóspedes da saudade…
terceirenses e de lá vi, pela primeira vez, Pensão Lisboa Passeio-me, hoje, pela marina e sinto que
a morte a rondar por perto: subitamente, também por ali Angra se reencontrou com o mar, fazen-
numa tarde ventosa de Outono, surgiu o Maliciosamente eu surpreendia os pares apareciam em amenas cavaqueiras, rindo do jus ao papel que outrora desempenhou
cadáver de uma velhota a boiar no mar de namorados, nas banquetas do Pátio da alto, bebendo pirolitos do “Frederico A. na rota das Índias. O Pátio de Alfândega
revolto da baía, naquela que foi a imagem Alfândega, trocando beijos e carícias com Vasconcelos”. Que gente era aquela? “Bi- ajuda-me agora a compreender que a ilha
mais surrealista que até hoje me foi dado ver… os olhos postos nas ondas inquietas da cos-finos”, já se sabe, em nítido contraste não é só cais aberto ao mundo, umbigo do
Tenho belas e doces saudades do tempo baía… Não poucas vezes ali servi de “pau com os pobretanas e beberrolas das adegas Atlântico, sentinela avançada ou espaço
em que eu andava de trotineta no Pátio da de cabeleira” à minha irmã, dada a namo- da Rua de Santo Espírito que bebiam vi- geo-estratégico – é sobretudo lugar de cul-
Alfândega, onde cabia todo o universo em ros de perdição… nho de cheiro e aguardente da terra, petis- tura e de culturas. Nela habita um povo sá-
“Dia de São Vapor”: homens, mulheres e Eu e outros pequenos brincávamos por ali, cavam favas ou molhanga de caranguejo e bio, historicamente definido, dotado de um
crianças, gente da cidade e gente do mon- com os poucos brinquedos que nossos pais só apareciam no Pátio da Alfândega altas imaginário e de uma memória, possuidor
te, passageiros, marítimos, operários, pes- compravam no “Pedrinho Amiguinho”. horas, quando já estavam caídos de bê- de uma identidade própria – o povo aço-
cadores, magalas do Castelo, funcionários Jogávamos aos jogos da cabra cega e do bados… Ouviam-se, no silêncio da noite, riano, expressão que os novos colonialistas
públicos, caixeiros-viajantes, marginais, pé coxinho e, volta e meia, apanhávamos queixas, gritos, gargalhadas, mexericos, querem retirar da Constituição…
concubinas, maricas de dar ao rabo… Era lagartixas para lhes cortar os rabos e vê- uma ou outra palavra obscena… Sic transit gloria mundi
um fervilhar de animação e algazarra. O los saltar como minhocas acabadas de tirar O Pátio da Alfândega tinha as suas figu-
6 COLABORAÇÃO 1 de Outubro de 2009
Um ano depois
VP Ass. Sociais Diamantina Martins
Presidente Norberto Azevedo VP Desporto Jorge Bernardino
Vice-Presidente António Dutra VP Património Rogério Silveira
F
Secretário Geral José Mendes
Conselho Fiscal az agora um ano mento mais moderado, em Foi por isso que tive decli-
que, tendo eu aca- casa, com comprimidos de nar com muito pesar o hon-
A Casa do Benfica no primeiro trimestre bado de regressar quimioterapia (Etiopode), roso convite que a Direcção
Presidente Nelo Bettencourt deste ano teve um saldo positivo nas suas de um fórum, na que tomo durante cinco das Comunidades Açoria-
Vice-Presidente Domingos Rego contas de $26,587.69 Terceira, e de uma semana dias em cada mês. nas me fez para participar
Secretário Jorge Pires
de férias em Cancun, no Deus é minha testemunha, no Encontro de Escritores,
Relator Lina Butera México, o meu estado de quando afirmo estar a sen- Tradutores e Divulgadores
saúde se alterou drastica- tir-me muito melhor, base- da Literatura Açoriana, sob
Direcção mente com a descoberta de ado no facto de que previa- o lema Escritas Dispersas -
uma doença que normal- mente não podia sólidos ou Convergências de Afectos,
Presidente João Soares mente não perdoa. líquidos, mas que agora já em Outubro próximo, na
Vice-Presidente António Martins Dizem que atravessar o posso, quando o apetite mo Universidade dos Açores,
oceano faz descobrir certas permite, claro. Por outro em S. Miguel. Tive sim-
doenças! Verdade ou não, lado, tenho vindo a aproxi- plesmente muito medo, pois
o facto é que fui afectado, mar-me do meu peso regu- aqui ninguém me aconse-
tendo sucedido o mesmo a lar, e sinto que a tempera- lhou a ir.
muita gente com quem te- tura do corpo está longe da Falando há dias com a mi-
nho falado. frigidez que o envolvia em nha médica, disse-me ela
Estando aqui hoje para vos meses recentes. Consegui sem que eu o esperasse, que
falar de como vou passando, tratar do quintal, para que a minha doença não tem
faço-o contudo com o mo- pudesse saborear de produ- cura. É para indo tentean-
ral muito em baixo e assaz tos naturais, sem quaisquer do com doses mensais de
comovido em virtude do fa- vestígios de químicos. Cur- quimioterapia na forma de
lecimento, a semana passa- ti cebolas para acompanhar comprimidos.
da, devido a uma forma de os pratos de peixe ou os Francamente, é difícil ser-
cancro, de mais um amigo caldos de couves (couves se optimista e corajoso em
meu, o Antonino A. Vieira, aferventadas, no linguajar semelhantes circunstâncias.
natural de Vila Franca do micaelense), etc. Mas vou tentar, com todas
Campo. Todavia, e mesmo com toda as minhas forças possíveis
Como sabem, já ando por a coragem, esperança e fé e imagináveis, juntamente
CASAL OFERECE-SE PARA TRABALHAR aqui a tentar retomar a nor- com que me possa forta- com a vontade de Deus.
malidade da minha vida, o lecer, não posso deixar de No dia 22 do corrente, de-
em limpesas, quer em casas particulares que nem sempre é possível, pensar quão a minha vida verei saber algo mais de
ou em escritórios. como é óbvio. Uma vez por está por um fio e sem um concreto, pois acabo de
mês, tenho consulta com a sistema que me possa de- fazer um TAC (tomografia
Contactar 209-664-0352 minha médica, faço aná- fender das infecções que computerizada) ao cérebro,
lises ao sangue e prossigo andam por aí, tais como a abdómen e pulmão.
com uma forma de trata- gripe A, por exemplo.
LÍDER DO FUTEBOL
Rasgos d’Alma
Luciano Cardoso
Cornada de Boa Fé
lucianoac@comcast.net
O
rígido calendário elei- mingo de festa solenizada com – quer com lapas frescas, lingui- samente, agendadas para aquele por si.
toral tinha de ser cum- missa e procissão em honra de ça assada, polvo guisado, alcatra mesmo dia. Aparentemente, há um contenta-
prido. Santo António pela manhã e quentinha ou apenas umas bifa- As sondagens, afinal, não tinham mente descontente que se arras-
O tradicional roteiro a famosa tourada à corda pela nas temperadas a rigor, para não mentido. ta e deixa a populaça de orelha
tauromáquico não podia ser al- tarde transformou-se num ex- falar no resto da ementa sempre Engaiolados os toiros, escrutina- murcha, como quem diz, mal por
terado. tenso fim de semana de intensa adocicada em pormenor com um dos os votos – as projeções, liber- mal…
As datas coincidiram, o tempo folia animadamente curtida em delicioso cacho de uvas locais a tadas em primeira mão ao cair da
cooperou e o povo não se fez ro- acampamentos improvisados ao fazerem crescer água na boca noite nos ecrans televisivos, não Bem é que as coisas não vão.
gado. luar romântico das serenatas a seja a quem for – é comparti- traziam grande surpresa. Mas as autárquicas estão à porta.
A afluência ultrapassou de longe entoarem-se já da sexta feira à lhado com um caprichoso “mata A “laranjada”, contudo, perma- Pode ser que desta vez o povo se
todas as expectativas. noite para o sábado de madru- bicho”, sempre bem apetecido necia incrédula. compenetre um pouco melhor do
A moldura humana era deveras gada. O pessoal vem cedo para e acalorado repetidamente pela A vontade popular – ignorando as seu dever cívico e (quem não vota
impressionante. apanhar lugar e aproveitar umas tarde fora. polémicas e contestadas politicas não pode ter razão de queixa) não
A abstenção nas urnas, de facto, banhocas, sempre apeteciveis na Quando estaleja o foguete para governamentais – indicava que deite patéticamente a perder a
não tem nada a ver com a compa- despedida do Verão. que saia o primeiro toiro, a mal- o país preferira manter o mesmo força do seu voto, deixando por
rência no arraial. Contudo, apesar dos aperitivos ta já está aviada. As palmas, os rumo, prolongar o “status quo”. mãos alheias a oportunidade úni-
O voto é livre mas, na festiva preparativos da véspera se torna- risos, os gritos e os “ais” juntam- Seria possivel, após tão volumo- ca que tem de pegar o toiro pelos
perspectiva da gente da minha rem aliciantes, na alma festeira se ao manso murmurar das ondas sos protestos de rua e veemen- cornos – ou melhor – puxar o(s)
terra, a festa torna-se prática- da minha mimosa Ilha Liláz, o nos calhaus e as vozes roucas dos te contestação parlamentar, a politico(s) pelas orelhas.
mente obrigatória. Domingo do Porto continua rei… bravos “capinhas” a desafiarem o maioria do eleitorado continuar Basta de paleio ôco, promessas
Quem não comparece é que fica sem rival “bicho”, inquieto para fazer das efectivamente a querer mais do vãs, suspeitas parvas – cornadas
a perder. Logo ao romper da aurora come- suas. mesmo? à falsa fé!
ça o desfile de carros rumo à aco- Eu, cá na minha, é que não vou Parece que sim. Deixem-se de politiquice pacóvia
E o povo perde mesmo o juizo lhedora orla maritima a fim de se lá. Tenho medo de cornos que A Oposição não se impôs como e toca a trabalhar no duro!
por uma boa tarde de toiros. arranjar um bom estacionamento me pelo. alternativa suficientemente cre- Para o ano que vem a festa pro-
A particularidade desta ser à bei- e agarrar o melhor calhau com O povo, regra geral, tambem tem. dível e a abstenção, de novo, fala mete ser ainda mais rija.
ra mar, primorosamente associa- vista jeitosa para se poder assistir Mas lá gosta de ver um homem
da às veraneantes delicias duma aos toiros e desfrutar à grande o ensarilhado ao de leve nos galhos
pitoresca zona balnear, motiva máximo do dia, que nunca desi- embolados do toiro. Logo que
multidões a deslocarem-se em lude ninguem. não se magoe…tudo bem.
massa para darem largas à sua Para o terceirense aficionado e
boa disposição no mais bonito amante duma panorâmica toura- Magoados – mal explodiu o últi-
arraial que anualmente se espraia da à corda, a do porto dos Bis- mo foguete ao recolher do quar-
ao Norte da ilha. coitos é, sem dúvida alguma, das to toiro – ficaram certamente
A anual “romaria” ao porto dos mais aguardadas ao longo do ano os votantes de tom laranja ao
Biscoitos em fins de Setembro, inteiro. A ambiência é incom- aperceberem-se do zunzum que
de facto, é digna de registo. parável e o convívio, saboreado circulava de boca em boca sobre
Aquilo que há trinta e tal anos à beira mar, torna-se ainda mais a projectada vitória côr de rosa
atrás se cingia a um singular do- agradável. Porque o piquenique nas eleições legislativas, curio-
8 PATROCINADORES 1 de Outubro de 2009
CONVENÇÃO 9
IDES Convention
009 - 2010 President & First Lady Anthony and Gloria Mendes
2009-2010 Supreme Youth President Elizabeth M. Cardoso 2009 - 2010 Queens Court: Natalie Faria, Senior Queen; Kathlina and Angelina Anacleto,
Princesses - 2009-2010 Katelyn N. Meirinho-Gover, Little Queen; Kristin T. Meirinho-
Gover and Madison P. Aguiniga, Princesses
2009 Supreme Line Officers: Standing (L-R) Regina Arieas, Pianist, Genuino Silveira,
Master of Ceremonies, Matthew Lund, Inside Guard. Seated (L-R) Richard Arieas, 2nd
Vice-President, Liliana O. Lourenço, Secretary/Treasurer, Anthony W. Mendes, President, Fraternal Council of the YearIDES Council # 14, HaywardHad over 7,000 Volunteer hours
Jess Loya, 1st Vice President, Duane Oliveira, Legal Advisor in their community
10 COLABORAÇÃO 1 de Outubro de 2009
Reflexos do Dia–a–Dia
Diniz Borges
Será que aquela
d.borges@comcast.net gente sabe pensar?
O
verão acabou. Com que um verão cheio de manifes- do Partido Republicano—ficou livros ou artigos para jornais e a sida e para desenvolver
a entrada do Outono, tações contra a reforma na saúde por um assalto ao mensageiro, -, mas se não fizerem o traba- novas tecnologias energéticas
umas breves reflexões pública americana, os protestos, mesmo sem conhecer a mensa- lho de Inglês podem nunca vir que protejam o ambiente. Vão
sobre este verão de preparados e financiados pelas gem. O presidente não tinha o a sabê-lo. Talvez sejam pesso- precisar da penetração e do
2009, particularmente o ambien- grandes seguradoras e as insti- “direito” de falar às crianças e à as inovadoras ou inventores sentido crítico que se desenvol-
te político nos Estados Unidos. tuições publicas por elas finan- juventude americana porque os - quem sabe capazes de criar vem na história e nas ciências
Para quem esteve nos Estados ciadas, foram mais um sinal claro iria doutrinar com princípios tão o próximo iPhone ou um novo sociais para que deixe de haver
Unidos, e mesmo para quem e inequívoco que a mesma Amé- perniciosos como a responsabili- medicamento ou vacina -, mas pobres e sem-abrigo, para com-
viajou além fronteiras, deve rica que elegeu Barack Obama dade individual, o valor do traba- se não fizerem o projecto de Ci- bater o crime e a discriminação
ter acompanhado a vergonhosa continua, particularmente no sul lho, a justiça social e a igualdade ências podem não vir a perce- e para tornar o nosso país mais
campanha montada pela extrema do país, e nas zonas mais rurais, de oportunidades. Gritaram em bê-lo. Talvez possam vir a ser justo e mais livre. Vão precisar
direita americana para derrubar infestada pelo racismo e pela in- todos os cantos e em todas as mayors ou senadores, ou juízes da criatividade e do engenho
qualquer modificação na saúde compreensão. praças. Só que se esqueceram do Supremo Tribunal, mas se que se desenvolvem em todas
pública americana. Foi espan- E desses sentimentos, manifesta- que outros presidentes já o tinha não participarem nos debates as disciplinas para criar novas
toso, diria mesmo vergonhoso, dos nas ruas de algumas cidades feito. Recorde-se que George W. dos clubes da vossa escola po- empresas que criem novos em-
ver-se o tom racista e vil das e vilas americanas, ao longo dos Bush tinha lido (ou tinha tenta- dem nunca vir a sabê-lo. pregos e desenvolvam a econo-
manifestações orquestradas pela últimos meses, nasceu ainda um do ler) às crianças; George H. W. No entanto, escolham o que mia.
extrema direita americana, com sentimento extremamente nocivo Bush tinha falado a estudantes escolherem fazer com a vossa Precisamos que todos vocês de-
o apoio das grandes seguradoras. para os Estados Unidos. É que sobre assuntos políticos e o pai vida, garanto-vos que não será senvolvam os vossos talentos,
Diria que foi triste, e até mesmo tudo o que o presidente Barack do conservadorismo moderno, possível a não ser que estudem. competências e intelectos para
doloroso, ver tamanha apologia Obama possa fazer é devastado o antigo actor de Hollywood, Querem ser médicos, profes- ajudarem a resolver os nossos
da ignorância. Foi caricato ver- por uma direita que até há pou- Ronald Reagan tinha feito um sores ou polícias? Querem ser problemas mais difíceis. Se não
se homens e mulheres, cada qual cos anos estava nas margens, discurso sobre os benefícios da enfermeiros, arquitectos, advo- o fizerem - se abandonarem a
mais nutrido, já na reforma, a mas que hoje é o cerne do Par- redução fiscal. Mas estes, por gados ou militares? Para qual- escola -, não é só a vocês mes-
usufruírem do sistema público tido Republicano. Refiro-me ao serem Republicanos e brancos quer dessas carreiras é preciso mos que estão a abandonar, é
Medicare, e argumentando con- discurso que o presidente norte- podiam falar às nossas crianças. ter estudos. Não podem deixar ao vosso país.
tra um segura nacional. Será que americano fez no começo do ano Aliás, convém relembrar o dis- a escola e esperar arranjar um
aquela gente sabe pensar? Então escolar e que a Casa Branca su- curso, que apesar da asfixia dos bom emprego. Têm de traba- Como vêm este é um discurso
estão a receber benefícios gover- geriu fosse apresentado a todos conservadores, acabou por ser lhar, estudar, aprender para subversivo, doutrinário e parti-
namentais, vivem de um plano da os alunos, quer da primária, quer feito, mas com pouco impacto. isso. dário, não é?
segurança nacional e não querem da secundária. Logo que a notí- Aqui ficam algumas das palavras E não é só para as vossas vi- Só mesmo um partido espatifa-
que o governo tenha qualquer cia circulou na comunicação co- do presidente norte-americano das e para o vosso futuro que do e regressivo odeia aceitar que
voz na saúde pública. meçaram os assaltos da direita. para os alunos deste país no co- isto é importante. O que vocês em seu nome se fizessem as mais
Depois, utilizavam os mais ne- O discurso foi, imediatamente meço do ano lectivo: fizerem com os vossos estudos infames insinuações às intenções
fastos e retrógrados cartazes rotulado como uma doutrinação vai decidir nada mais nada me- do presidente americano.
jamais imagináveis. Fomos, du- das gentes mais jovens. Barack Todos vocês são bons em algu- nos que o futuro do nosso país. Há mesmo gente que não aceita
rante praticamente todo o verão Obama, cuja mensagem era uma ma coisa. Não há nenhum que Aquilo que aprenderem na um presidente afro-americano!
bombardeados com estas tristes de responsabilidade e trabalho, não tenha alguma coisa a dar. escola agora vai decidir se en- Que pena! Vão ficar no lado
imagens. É que embora se sai- foi apresentado na comunicação E é a vocês que cabe descobrir quanto país estaremos à altura errado da história. O pior é que
ba que esta gente não representa social americana como uma es- do que se trata. É essa oportu- dos desafios do futuro. enquanto se aconchegam ao lado
a verdadeira América, também pécie de papão que iria lavar os nidade que a educação vos pro- Vão precisar dos conhecimen- errado da história semeiam uma
se sabe que existe no seio desta cérebros das nossas crianças. porciona. tos e das competências que se amalgama de embustices que são
sociedade um forte elemento de A resposta da extrema-direita Talvez tenham a capacidade de aprendem e desenvolvem nas verdadeiras nódoas para o sonho
racismo, um ódio colectivo por americana—entenda-se no mun- ser bons escritores - suficien- ciências e na matemática para americano.
tudo o que é diferente. Mais do do de hoje como o “mainstream” temente bons para escreverem curar doenças como o cancro
Memorandum
João-Luís de Medeiros
A Taramela da Memória
jlmedeiros@aol.com
Temas de Agropecuária
Egídio Almeida
Mais vacas mais leite
egidioisilda@charter.net
D
evido à contínua actividade de aquém dos altos custos de produção.
“Cooperatives Working Toge-
ther” que direccionaram mi- Números recentemente publicados sobre
lhares de vacas para o merca- a agricultura em geral na Califórnia, indi-
do da carne, o presente número de vacas, cam um saudável crescimento das expor-
diminuíu ligeiramente, mas o volume de tações dos produtos produzidos neste Es-
leite produzido nos Estados Unidos é ba- tado em 2008. A mais recente informação
sicamente o mesmo ou um pouco mais que indica que os produtores agrícolas rece-
no mesmo trimestre do ano 2008, devido beram $39.6 biliões em valor bruto, pelos
ao fraco mercado de exportação. Continu- seus produtos em 2007, últimos números
amos com problemas de ajustamento na que possuímos, uma subida de 13% sobre
oferta e procura dos produtos do leite, se- a média dos prévios 3 anos 2004-2006. Os
gundo o economista Jim Dunn, da “Penn números que se esperam para 2008-2009
State University”. O mercado não pode prometem ser mais moderados devido a
absorver a produção corrente, e os preços uma serie de regulamentos ambientais,
de suporte oferecidos pelo Departamento crise económica, e principalmente falta de
da Agricultura são demasiado baixos para água para a agricultura. Assunto que es-
oferecer protecção aos produtores. tará na agenda dos nossos Governantes e
Devido à situação económica, quer domes- de todos nos que de uma forma ou outra
tica, ou global, os consumidores não estão Program” parcialmente em resposta aos do que foi uma media de $16.80, e muito estamos ligados à agricultura, e não só.
aumentando o consumo destes produtos, largos inventários da União Europeia,
portanto, cortes na produção são o único cujos produtores, na Bélgica, Alemanha e
caminho para preços justos e estáveis, se- Franca estão atirando quantidades de leite
gundo este economista. nas suas terras lavradias em protesto pe-
Desafortunadamente qualquer diferença los baixos preços, ao mesmo tempo que a
nos preços à produção só lhes chega aos produção recebe subsídios governamen-
bolsos 60 dias mais tarde, e na presente tais. Inventários globais de produtos do
ocasião e situação 60 dias e uma eterni- leite continuam altos, o que indica que os
dade. Em princípios do corrente Verão de preços mundiais não vão aumentar a curto
“milk futures” aumentou com os olhos prazo, segundo este economista.
postos no futuro, mas foi de curta duração, Segundo as projecções de USDA, e isto é
espera-se no entanto, segundo este econo- preço geral para toda a Nação, os preços
mista,, que os preços aumentarão antes do para o terceiro trimestre deste ano ronda-
fim do corrente ano. No entanto melhores ra entre $11.05 e $11.45, comparado com
preços, que venham atenuar a corrente $18.63 em igual período do ano passado.
situação económica da industria de lacti- No quarto trimestre espera-se que os pre-
cínios só são esperados para 2010. O De- ços aumentarão para uma media entre
partamento da Agricultura anunciou uma $12.50-$13.20 para todo o leite, ainda mui-
nova remessa do “Dairy Export Incentive to aquém do mesmo período do ano passa-
Eduardo da
Silveira, M.D.
Diplomado em
Gastroenterologia.
Especialista em Doenças
do Fígado e do Aparelho
Digestivo.
Perspectivas
Globalização
Fernando M. Soares Silva
fmssilva@yahoo.com
Boa ideia - má implementação
A
comunidade internacional res e técnicos que se vêem em apuros para Parte desta problemática disparidade ex- finida, no contexto da globalização, para
entrou, nas últimas décadas, obter novos empregos e normalizar as suas plica-se pelo facto de que nem todas as competir com os outros blocos mercantis
numa euforia tecnológica que situações económicas. nações envolvidas no jogo da globalização internacionais.
muito tem facilitado o movi- Cada vez mais, essas manobras da globa- seguem normas sensatas ou obedecem às Os proponentes e praticantes da globali-
mento e a expansão de produtos, serviços lização comercial tornam prósperos e pro- estabelecidas regras do processo, sendo os zação mercantil e económica, para conse-
e inovações nos diversos continentes. Para dutores países em nervosos consumidores EUA um dos maiores culpados, salienta guirem o desejável êxito justo e sensato,
esse inédito movimento, e para essa ex- carentes de recursos financeiros... Assim, Prestowitz. Por um lado, os governos de não devem permitir ou continuar a prática
pansão sem precedentes históricos, muito por exemplo, é o caso dos EUA, outrora vários países, tais como os de Israel, Ma- corporativa de transplantação, em grande
tem contribuído a globalização mercantil o maior produtor mundial, agora tornado lásia, China e Irlanda, embora proporcio- escala, de recursos, negócios, fábricas e
agora em alta voga no palco mundial. E no maior consumidor. Não obstante a rea- nando condições laborais menos desejá- laboratórios para outras nações sem pré-
inegáveis têm sido os seus numerosos be- lidade dos seus enormes recursos naturais, veis, todavia oferecem “grátis” avultados via e ponderada consideração das suas
nefícios em muitas partes do globo. tecnológicos e financeiros, e, também, das subsídios pecuniários, isenção parcial ou responsabilidades sociais e morais, e das
No entanto, o processo de globalização proporções gigantescas do seu próprio total de impostos, terreno, localidade ou obrigações contraídas em relação aos seus
empreendida pelos diversos blocos ou mercado interno, os economistas não acre- infra-estruturas, e, ainda, apetitosos in- funcionários, às suas respectivas comuni-
grupos mercantis internacionais não tem ditam no seu regresso à posição cimeira centivos financeiros às companhias que dades, e ao próprio país.
sido isento de graves faltas e problemas. na produção mundial... queiram construir ou instalar fábricas ou Esquecer ou minimizar a importância des-
Muitos e abalizados críticos apontam para laboratórios, nos seus respectivos países. ta norma fundamental constitui grave erro
uma enorme “distorção” e graves “peri- ****** Esta prática cria sérias dificuldades e pe- que, além de dificultar ou arrasar as vidas
gos” aparentes em sistemas económicos O proeminente economista Clyde Pres- nosos dilemas para os dirigentes executi- de inumeráveis vítimas de insensatas e
multinacionais. Impelidas ou seduzidas towitz, presidente de Economic Strate- vos de muitas corporações, como as men- injustificáveis manobras globalistas, tam-
por prospectos de enormes lucros corpo- gy Institute, em Washington, e autor de cionadas IBM e Intel, os quais, perante bém poderá resultar, em última análise,
rativos, muitas companhias e corpora- “Three Billion New Capitalists: The Great a pressão e a responsabilidade fiduciária em suicídio para companhias, firmas ou
ções de vários países industrializados têm Shift of Wealth and Power to the East”, de maximizar lucros e proventos para os corporações que continuem a preferir os
transferido uma grande variedade dos seus tem alertado que, além de transtornarem, seus accionistas, acabam por não resistir rumos da vil e abusiva exploração dos di-
serviços e muitas das suas fábricas e labo- muitas vezes catastroficamente, a situação às promessas e recompensas de além-mar, reitos humanos, num frenesi desenfreado
ratórios para distantes continentes e para socioeconómica de muitas nações que pra- sobretudo às da China, a nação mais popu- de sempre crescentes e indecentes lucros.
outras nações onde salários comparativa- ticam a globalização, as correntes tácticas losa do mundo, com um mercado potencial
mente ínfimos e descontroladas situações desse processo chegam mesmo a inverter a de imensas proporções. ******
laborais lhes permitem auferir lucros des- ordem dos factores. O mundo pode auferir enormes vantagens
medidos, e, por vezes, verdadeiramente Frisa ele, por exemplo, que nos EUA, que ****** e benefícios de uma coerente e bem regu-
escandalosos. detinham a primazia na produção e na co- Em contraste, os EUA, um dos principais lamentada globalização que ofereça maior
Entre muitas outras, duas das maiores mercialização de produtos de alta tecnolo- iniciadores da globalização mercantil e fi- e mais íntegro intercâmbio mercantil entre
corporações tecnológicas do mundo, IBM gia, o cenário passou de sobra ou “surplus” nanceira, têm manifestado complacência todas as nações, que proporcione melho-
e Intel, assim o fazem, alegando a neces- para deficitário. Em outros países também com o “status quo” da situação, enquanto res condições e meios de vida, e que traga
sidade de confrontarem crescentes exi- envolvidos em intensa globalização, tais outros países se aventuram a novos em- mais e novos produtos mais acessíveis às
gências corporativas e competitivas, mas como o Japão e a Coreia do Sul, que, devi- preendimentos e tratados de considerável possibilidades pecuniárias dos consumi-
preferindo ignorar o facto de que as suas do a sistemáticas estratégias globalistas, se importância e lucro. O citado economis- dores. Isto só poderá ser possível quando
estratégias de globalização da manufactu- tornaram “ricos”, verifica-se aí, com certa ta Prestowitz é da opinião que os EUA e a desmedida, injusta e abusiva ganância
ra e venda dos seus produtos atiram para o surpresa e ironia, que as suas respectivas outros países do seu bloco comercial, tais passar a ser condenada e controlada pelos
desemprego, nos países onde estão sedia- populações pouco evoluíram no sentido de como o Canadá, o Reino Unido e o Chile, governos e pela força dos consumidores, a
das, centenas de milhares de trabalhado- maior consumo. não têm estratégia bem estruturada e de- verdadeira razão de ser do comércio.
festival cultural açoriano para a re. Este evento tem por objectivo
Agua Viva
Filomena Rocha
Apresentação de Livros
filomenarocha@sbcglobal.net No passado dia 20 de Setembro, a Portu-
guese Heritage Publications of California
iniciou no PAC, em São José, o ciclo de
Festival de Folclore
lançamento a nível estadual (São José, San
Leandro, Tulare e Artesia) de dois livros,
“My Californian Friends” do Dr. Vasco
Pereira da Costa e “The Portuguese Pre-
ficou muito aquém... sence in California” do Professor Doutor
Eduardo Mayone Dias.
A sessão foi presidida por José do Couto
F
Rodrigues da PHPC e teve como co-pa-
oi uma viagem longa de autocarro, primeiro com trocinadores o Portuguese Athletic Club e
o propósito de proporcionar aos elementos do a Luso-American Education Foundation.
Grupo Folcórico Tempos de Outrora, o mereci- Durante a sessão, usaram da palavra a Sra.
do passeio do ano, desta vez à Disneyland, ex- Katharine F. Baker (que - com Diniz Bor-
periência primeira para alguns e uma repetição depois de ges e o Dr. Bobby Chamberlain - fez a tra-
alguns anos para outros e embora houvesse um pouco de dução das obras apresentadas), o Dr. Dé-
cansaço pela caminhada e diversão, fez-se no mesmo dia cio de Oliveira, em representação do PAC,
o retomar do caminho com destino a San Diego, à Cida- e José Luís da Silva, em nome da LAEF.
de e Vila do Mar, Baía de Cabrilho finalmente assumida, Os dois momentos altos da noite foram
depois de vários séculos de teimosia ou ignorância, onde a apresentação de um vídeo produzido
durante anos, tantos visitantes de raças distintas chegam, por Osvaldo Palhinha sobre a vida e obra
normalmente em grupos de cariz turistico ou de estudo, do Dr. Mayone Dias (que não pôde estar
para constactar a verdade de factos nem sempre outro- presente,) e as carismáticas e eloquentes
ra contados com a clareza necessária sobre este João, a palavras de Vasco Pereira da Costa, ex-
quem já chamaram e ainda muitos chamam de Juan, como director regional da cultura nos Açores e
quem tem medo da transparência ou tem falta de orgulho grande amigo das comunidades açorianas Vasco Pereira da Costa lendo uma passagem do seu livro, vendo-se atrás
patriótico. É dessa falta de brio que os mais atrevidos se na Califórnia, vindo expressamente para o dele José Rodrigues que apresentou o livro “My Californian Friends”
aproveitam para chamar a eles os direitos que não têm lançamento do seu livro.
“My Californian Friends” é uma edição
nem nunca tiveram.
bilingue (português/inglês) do livro do
Por isso, foi bom, deu gosto ver como os nossos jovens
mesmo nome publicado no ano 2000 em
do grupo folclórico Tempos de Outrora, depois de ordei-
português. Durante a sessão, foi lido um
ramente terem participado no Festival de Folclore da Ca- interessantíssimo texto do consagrado
lifornia, (segundo propósito da viagem), aderiram à ideia poeta terceirense Álamo Oliveira (que,
de ir ao miradouro de Cabrilho para admirar a estátua por razões de última hora, não se pôde
do primeiro português a descobrir esta costa da América deslocar à Califórnia) no qual enalteceu a
e registar em fotografia um passeio que lhes ficará para obra de Vasco Pereira da Costa como “um
sempre na memória. conjunto de poemas que entende como os
Na memória, com certeza há-de ficar o seu enconto com sentidos e os sentimentos podem navegar
outros jovens e amigos que de perto e de longe se junta- por rumos certos e, sobretudo, decifrar
ram para cada um à sua maneira mostrar a sua dedica- o efeito das aculturações, mostrando-as
ção às tradições e ao mesmo tempo um pouco do amor como objectivos de sucesso ou como for-
e apego à terra dos seus antepassados. E há que respei- mas de ludibriar a saudade.”
tar esses sentimentos transmitidos ao longo de gerações, “The Portuguese Presence in California”
como acontece no Hawai, onde há uma sede enorme da é a tradução em inglês do livro “A presen-
nossa cultura Portuguesa, mas San Diego ainda tem gente ça Portuguesa na Califórnia”, com algu-
mas actualizações que reflectem factos Vasco Costa autografando livros, tendo a seu lado Kathy Baker, que, com
nova que veio das Ilhas e Continente e não está tão isolada Diniz Borges, traduziu o livro para Inglês
como as ilhas Havaianas. Por isso, creio que este Festival ocorridos desde a sua publicação em por-
de Folclore ficou muito aquém do que podia, devia e deve tuguês em 2002. O presidente da PHPC,
a programas de língua e cultura ritivos esmeradamente confec-
ser feito um verdadeiro Festival de Folclore, e não mais José do Couto Rodrigues, ao usar da pala-
portuguesas. Nessa óptica, fez a cionados pela direcção do PAC.
uma réplica do espectáculo do Luso, com todo o respeito vra sobre essa obra, referiu que é um livro
doação de 50 exemplares do livro
de valor inestimável para o conhecimento
por este.
da realidade da imigração portuguesa na
ao programa de Português de San JLS
Foi pena! Mas desde o princípio até final, desde o piso Jose High.
Califórnia. Acrescentou ainda que é inten-
do palco à apresentação sempre em Inglês, passando por Ao terminar a sessão, foram ser-
ção da PHPC fazer uma vasta distribuição
uma amálgama de trajes sem nexo, arcos de marchas em vidos aos presentes vinhos e ape-
da obra por todo o estado, especialmente
tempo de Santo António e São João, o “brinquinho” da
Madeira com os Açores e Continente, entre outras irregu-
laridades, sinceramente deu-me vontade de chorar em vez
de rir, pois salvo dois ou três grupos, mais nenhum reunia
as verdadeiras condições para participar no que se chama
rigorosamente um Festival de Folclore.
Por agora, resta aguardar o ano 2010 para ver o próximo
Festival que terá lugar na cidade de Hilmar. Até lá, que
se pergunte, que se investigue como se deve trazer aos
tempos de hoje o que foi o passado, para que não morram,
no meio da fantasia, as verdadeiras raízes de que viemos,
a começar pela nossa língua que cada vez mais está mor-
rendo nos eventos mais portugueses.
A estátua de João Rodrigues Cabrilho ficou de costas
para o Mar na atitude de quem chega e pretende ficar para
contar. Os que vieram depois também têm por obrigação
continuar a dizer aos presentes o que os avós lhes trans-
mitiram sem misturarem alhos com bugalhos e da mesma
forma sentirem orgulho no seu passado.
Os artistas Ana Marina e Bruno Iglesias ao lado do Presidente José Mendonça, Jesualda e João Pinheiro (lado esquerdo) acompanhados por toda a Direcção da Festa dos Milagres, os
nosso musicos locais e ainda Paulo Matos, o apresentador da noite fadista (foto de João Freitas)
Bonitos aspectos do criativo Bodo de Leite da Festa de Nossa Senhora dos Milagres
FESTAS 15
O Bodo de Leite deste ano primou pela criatividade, como já vem sendo hábito há um bom par de anos. Não haja dúvida que é necessário evoluir, inventar, contar novas histórias, revolu-
cionar os nossos tão tradicionais bodos de leite. Isso só quer dizer - SUCESSO.
Jessica Teixeira, Samantha Bass e Tracy Teixeira A festa brava sempre presente nos bodos de leite
Labita, sempre ele, recordando as nossas touradas à corda da Ilha Terceira Folclore é a musica do povo
Embaixo: uma grande e bonita junta de bois Lexi Nunes, Ashley Brasil e Hope Brasil-Braaten no bodo de leite
16 FESTAS 1 de Outubro de 2009
(Past President) José Silveira; (Past President) John e Florie Nunes; (Vice-Presidente) João e Sandra Toste; (Presidente) José e Fátima Mendonça; (Secretário) Walter e Nancy Costa;
(Tesoureira) Durvalina e Eric Snoke
Padre Paulo Borges (de Santa Maria, Açores) coroando a Rainha Grande, Saman-
tha Bass
Embaixo: Aia Hope Brasil-Braaten; Rainha Pequena Ashley Brasil, aia Lexi Nunes
Aia Jessica Teixeira, Rainha Grande Samantha Bass, aia Tracy Teixeira
Embaixo: Padre Paulo Borges tendo a seu lado Monsenhor Myron Cotta e
Leonard Trindade (que pouco se vê) coroa o Presidente da Festa, José e Fátima
Mendonça
Durante uma semana houve as novenas Azevedo e João Pinheiro. Estes últimos Dimas Toledo, Manuel Avila e Jorge Reis, Domingo, a tradicional missa da festa,
habituais, a cargo do Padre Paulo Borges, artistas foram acompanhados pelo Grupo Terminado o bodo de leite exibiram-se seguida da Procissão, com varias imagens
vindo da Ilha de Santa Maria, Açores, de Guitarras 7 Colinas. diversos grupos folclóricos - Luso Youth Leilão de ofertas e concertos de filarmó-
ajudado pelo Reverendo Leonard Trinda- Na Sexta-feira houve comédias e um acto Council #24 Northern San Joaquin Val- nicas ocuparam a tarde da festa.
de, acompanhados pelo Coro Português de variedades que foram muito aplaudi- ley; Luso Youth Council #18 de Gustine- Baile com o mesmo conjunto de Sábado e
de Nossa Senhora dos Milagres, do San- dos. Los Banos, Alma Ribatejana e Saudade depois a Imagem regressou em Procissão
tuário de Gustine. Sábado, o tradicional Bodo de Leite com do Bravo. ao Santuário.
Na Quinta-feira, dia 10 de Setembro teve o tema “Os primeiros transportes”. À noite houve missa e Procissão de Velas Na segunda-feira Corrida de Toiros com
lugar a Grande Noite de Fados, com os fa- O Pézinho esteve a cargo de José Pláci- até ao Parque, onde a Imagem de Nossa os cavaleiros Pedro Salvador e Paulo Fer-
distas Ana Marina e Bruno Iglésias, com do, Manuel Santos, Vasco Aguiar, José Senhora ficou exposta toda a noite. reira, matador Luis Procuna, com toiros
Luis Ribeiro à guitarra e à viola Duarte Fernandes, João Pinheiro, Adelino Tole- No Salao houve Baile ao som do Grupo do Pico dos Padres e Forcados de Turlock.
Santos. Também a presença de Jesualda do, José Ribeiro. Tocadores Pedro Reis, Genica, de Artesia, e cantoria ao ar livre.
PATROCINADORES 17
18 FESTAS 1 de Outubro de 2009
Vir de Colorado Springs, do Estado de Colorado, para participar na Festa de Nossa Senho-
ra dos Milagres, não só foi uma alegria para os Californianos, como será recordado por
todos os que nos visitaram.
Ao Sabor do Vento
José Raposo
Temos Cônsul
raposo5@comcast.net
A
Irmandade do Espírito Santo, Apresentei o Sr. Cônsul aos Directores e
de Sausalito, levou a efeito um Oficiais da Organização e a outras pessoas
jantar de boas vindas para os presentes. Mostrei-lhe o nosso salão e ele
novos membros da Organiza- ficou deveras admirado por os Portugueses
ção e achou por bem convidar o novo Côn- marcarem presença nessa tão bela cidade.
sul Geral de Portugal em San Francisco, o A Irmandade tem 121 anos e, que eu sai-
Dr. António Costa Moura e incumbiram- ba, esta foi a primeira vez que se fez um
me de ir buscá-lo. jantar para dar as boas vindas aos novos
Se uma pessoa marca encontro comigo, membros. Foi uma ideia do Vice Presiden-
normalmente, chego sempre alguns mi- te Vasco Morais, com a qual a Directoria
nutos adiantado. Cheguei ao consulado concordou.
quinze minutos antes da hora combinada. A ementa foi preparada pelo famoso che-
Toquei a campainha duas ou três vezes e fe do restaurante La Salette, em Sonoma,
nada. o Manuel Azevedo que juntamente com
Desci as escadas e vim para a rua. Dei uma equipa de membros da Organização
umas voltas e quando o meu relógio mar- prepararam um bacalhau á Gomes de Sá e
cava três e meia da tarde, a hora acertada uma carne de porco a Alentejana, capaz de
para o Sr. Cônsul se encontrar comigo, a ressuscitar os mortos.
porta do consulado abriu-se como que por Depois das apresentações do Sr. Cônsul,
magia e ele alí estava. Dei-lhe as boas tar- de Maria João Bonifácio, Directora do
des e disse que havia tocado a campainha Escritório do AICEP em San Francisco,
duas ou três vezes. que também havia sido convidada, o Sr.
Ele perguntou-me: não era às três e meia Cônsul usou da palavra e tenho a dizer
que me vinha buscar? Eu disse que sim que ele falou muito bem. A certo ponto do
e expliquei que gosto de vir sempre mais seu discurso disse que era essa a sua pri-
cedo, ao que ele me retorquiu: três e meia, meira visita oficial como Cônsul Geral em
são três e meia! San Francisco e que a comunidade poderia
Pedi desculpa de ter tocado a campainha contar com ele para o que fosse necessário, Maria João Bonifácio, Directora do AICEP e o novo Cônsul António Costa Moura
mais cedo e ele disse-me a razão porque que estava aqui para servir a comunidade
não havia aberto a porta e que para mim e que era essa a sua missão. Acrescentou bém convidado especial e novo Pároco da a fim de ver se o saldo era positivo. Correu
foi justa e válida. Voltei a pedir desculpas que o consulado era a nossa casa e que Igreja Católica Star of the Sea, em Sausa- tudo às mil maravilhas e não achei nada
e lá fizemos viagem para Sausalito. veio parar aqui por um acaso, mas que nós lito. Nunca havia tido a oportunidade de que fosse necessário corrigir, quando me
Ao atravessar a ponte ele ficou admira- é que cá estamos para ficar, engrandecer e falar com Maria João e tenho a dizer que lembrei das palavras do Sr. Cônsul: três e
do com a beleza e paramos no vista point honrar o nome de Portugal. a Senhora foi muito simpática. Penso que meia, são três e meia.
para ver a cidade. Seguimos viagem e em Durante o jantar troquei impressões sobre o escritório do AICEP, em San Francisco, Pensei com os meus botões: se o Homem
poucos minutos chegávamos ao salão da vários assuntos com ele, com a Sra. Maria tem uma Directora com nível. continua assim, temos Cônsul.
IDESST. João e com o Padre Thomas Parenti, tam- Na vinda para casa, fiz um balanço da noite
Sabor Tropical
Sorriso amarelo...
Elen de Moraes
elendemoraes_rj@globo.com
D
epois das férias pro- tador, sim, mas positivo, se levar- mas de direitos humanos”. A pesquisa ouviu 10 mil pessoas Copa do Mundo de futebol que
longadas passadas mos em conta o estardalhaço feito Acabar com a violência numa so- em mais de 20 países. “Desde que iremos sediar em 2014! Quem vi-
dentro de casa por em torno da doença, todo aparato ciedade dominada pela exclusão Fred Astaire e Ginger Rogers apa- ver verá!
causa do vírus da gri- para evitá-la – louvável da parte e pelas desigualdades sociais re- receram no filme ‘Voando para o Só espero que não nos encontrem
pe suína – H1N1 - o carioca res- dos encarregados da saúde dos conheço que é difícil, porém não Rio’, em 1933, o mundo ficou fas- de sorriso amarelo.
pira aliviado com a chegada da brasileiros - e se compararmos será impossível se houver boa cinado com o Rio de Janeiro. O
primavera e o calor ameno dos esse número ao das mortes ocor- vontade, educação e empregos ideário popular da cidade é reple-
seus dias ensolarados. Com o fim ridas pela violência urbana, só na para todos e se os nossos políti- to de imagens de jovens dançan-
do inverno despede-se também – cidade do Rio de Janeiro. No en- cos derem exemplo e o primeiro do pela noite, tendo ao fundo as
e por enquanto - o receio da do- tanto, nos entristecem as provi- passo, mandando para a cadeia os montanhas e o mar”, afir-
dências tomadas, pois bem pouco que entre eles assaltam os cofres ma a revista em seu site,
ença e faz renascer aquele sorriso
têm adiantado. públicos. sem esquecer-se de citar
alegre que se abre com facilidade,
Os turistas e os moradores da E em meio ao caos do medo da o carnaval carioca.
característica nossa, o que denota
zona sul da cidade contam com gripe e da violência urbana, uma Quem sabe essa tal
que a vida volta à rotina. um policiamento mais ostensivo, notícia publicada pela revista “felicidade”saia da fic-
Triste rotina, hoje em dia, a do conseqüentemente com maior Forbes, do inicio de setembro, ção e se torne, nova-
medo, que nos faz reféns da gri- proteção, entretanto, quem mora devolveu um pouco da alegria – mente, realidade! Nossa
pe, da crise financeira, dos assal- nos subúrbios vive prisioneiro e do orgulho - do carioca: nova- esperança são as mu-
tos, dos narcotraficantes, da polí- em seus próprios lares para se mente o Rio de Janeiro lidera a danças e os melhora-
cia e o pior de todos os medos que resguardar dos assaltos, da bru- lista das dez cidades mais felizes mentos que estão sendo
é o medo de ter medo. talidade dos narcotraficantes, do mundo, segundo o ranking da feitos na cidade para a
O Governo mobilizou-se para das balas perdidas trocadas entre revista.
conter o avanço da gripe. Impor- bandos rivais e em confrontos
tou remédios, comprou milhões entre policiais e bandidos.
de máscaras, montou postos de Infelizmente a nossa polícia
saúde para atender a população, também é violenta e este é um
fez campanhas educativas ensi- fato histórico segundo afirma o
nando que após segurar maça- Sociólogo Ignácio Cano, Profes-
netas para abrir portas, apoiar-se sor de Sociologia numa Univer-
em corrimãos, etc., devíamos la- sidade do Rio: “Esta violência
var as mãos com bastante água e tem origem histórica. A polícia
sabão e deixou-nos aterrorizados foi criada no século XIX (com
quanto às pessoas que espirra- a chegada da família Real) para
vam ao nosso redor sem que es- controlar os grupos mais pobres,
tivessem usando proteção. Pela os negros e os imigrantes, e gol-
primeira vez vi o rico e o pobre pear os escravos. Quando um
no “mesmo barco”, porque o re- proprietário considerava que seu
médio para combater o vírus não escravo merecia um castigo, o le-
era vendido em farmácias: só os vava até à polícia que o golpeava
postos do Governo podiam dis- e logo o devolvia. Esta tradição
ponibilizá-lo. de violência não evolucionou por
No final, um saldo alarmante pu- 200 anos”. As autoridades deci-
blicado pelo Ministério da saúde, diram mudar esta péssima tradi-
em princípio de setembro, relata- ção e aceitaram ajuda da CICV
va a morte, em todo país, de 899 (Cruz vermelha internacional),
pessoas pelo vírus H1N1, dos com o objetivo de “introduzir
9.249 casos confirmados. Assus- nas diretivas das polícias as nor-
Carlos Queiroz
convoca 22
Carlos Queiroz convocou 22 jogadores
para o duplo e decisivo compromisso
do Grupo 1 de apuramento para o Mun-
dial-2010, com a Hungria (10 de Out., no
Estádio da Luz) e Malta (14, no Estádio
D. A. Henriques, em Guimarães).
Destaque para os regressos de César
Peixoto, do Benfica, e Nuno Assis, do
V. Guimarães, bem como de Paulo Fer-
reira, do Chelsea, este último após longa
ausência dos relvados devido a lesão.
«Depois de um longo processo de re-
cuperação de uma lesão grave, [Paulo
Ferreira] voltou à competição e ao grupo
dos seleccionados, pela confiança que
tenho nele», disse Queiroz, justificando
a chamada de Assis e Peixoto com as
«exibições, capacidades e qualidades
que têm vindo a mostrar no V. Guima-
rães e Benfica».
Face à entrada destes três jogadores, e
em relação aos eleitos para os jogos com
a Dinamarca e Hungria, Carlos Queiroz
deixou de fora o central José Castro (De-
portivo), o lateral direito Miguel (Valên-
cia) e o médio Maniche (Colónia).
«O conjunto de jogadores que está nes-
ta convocatória dá-me garantias. Estou
optimista de que vamos cumprir com os
nossos objectivos, que passam por ga-
nhar os dois jogos com a Hungria e com
Malta», afirmou Queiroz, em declara-
ções ao site da Federação Portuguesa de
Futebol.
«Temos uma boa equipa, temos jogadores
convictos, um espírito de grupo fantásti-
co e uma vontade extrema de conseguir
o grande objectivo que é qualificarmo-
nos para o Mundial», reforçou o timo-
neiro da equipa das quinas, apelando ao
apoio dos adeptos portugueses.
«Há um jogador especial que eu convo-
co de forma inequívoca, que são os nos-
sos adeptos. Com a ajuda do Cristiano
Ronaldo, do Simão, do Pepe, do Bruno
Alves e de todos os outros, este jogador
fantástico que são os nosso adeptos vai
ajudar-nos a ganhar», vaticinou.
A dois encontros do final da fase de qua-
lificação para o Mundial-2010, a equipa
das quinas ocupa a terceira posição do
Grupo 1, com 13 pontos, menos dois que
a Suécia, segunda classificada, e a cinco
da líder Dinamarca. Portugal precisa por
isso de vencer os encontros com Hungria
Super
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Blue label $147.99 Santa Clara, Nine Islands
Forcados de Turlock
Quarto Tércio
José Ávila
em Albufeira josebavila@gmail.com
Tiro o meu
chapéu ao José
Luis Gomes, Cabo de
Forcados de Lisboa,
pelos conselhos e
amizade que dedi-
cou aos Forcados de
Turlock durante a sua
estadia em Portugal.
Diniz Borges
Perguntam-me do outro lado do materiais que abalaram atrás do sonho de
mundo, assustados com as notícias da uma América que lhes matou a fome, essa d.borges@comcast.net
TV, voz é também a dos homens das ilhas, que
se o temporal nas Flores fez muitos es- nestas páginas igualmente se reverão em
tragos. cheio. Ao entrarmos no Outono de 2009, pu-
Cá nada! Os versos do livro são crónicas e só a blicamos um magnífico texto do nosso
Aqui, não há tempestade que valha a intimidade os distingue do tom da prosa amigo e distinto colaborador Onésimo
pena. porque toda essa prosa poderia, como no Teotónio Almeida, professor catedrático
Estou sempre a ver se há qualquer coisa caso que eu acima citei, ser transformada na prestigiosa Brown University e um
para animar este marasmo formalmente em verso. Afinal, esta lin- dos escritores mais prolíferos e profícu-
um vulcão guagem é toda ela linguagem poética. os na língua portuguesa. Para esta pági-
um tsunami. Como o livro tem mais uma autora – Aida na de artes e letras é sempre uma honra
Mas nada! Baptista – passarei a ela, mas antes disso termos um texto de Onésimo Almeida.
Ventos a 100 quilómetros à hora? não resisto a uma sugestão da Leonor, mi- É que os textos do Onésimo são sempre
Isso é alguma coisa? nha mulher. Sobre a Gabriela encontrou
obras de arte. Desta vez escreve sobre
Cada um tem as tempestades que mere- um retrato em prosa num quadro depen-
um livro de duas amigas e grandes se-
ce.
Onésimo Almeida durado na parede da sua casa, que a define
magistralmente. O texto vem assinado por
nhoras: Gabriela Silva e Aida Baptista.
Neste livro, Gabriela surge igualmente Pintos (que não sabemos quem seja, e reza Leiam o texto do Onésimo e comprem o
G
vulcânica, mas mais serena. Se ele é todo assim: livro da Gabriela e da Aida.
abriela Silva pediu-me que produto de uma escrita “uterina”, como ela
mesma sem rebuço a classifica, há também Gabriela Abraços
fosse eu a oficializar o lança-
nesta escrita uma humanidade sem género. Feminino de Gabriel que significa “ho- diniz
mento na sua ilha do livro que
escreveu de parceria com a sua “Dia de Vapor”, “Noites de Julho”, “Chei- mem de Deus”.
amiga Aida Baptista. Acedi, nem poderia ro intenso a amor”, o próprio prefácio, são Gabriela é um mistério. A sua sensibi-
textos de um vigor notável, jactos em verbo lidade e vulnerabilidade obrigam-na a belos livros açorianos e portugueses sobre
ser de outro modo, mas depois de me ocor-
fluente, rico e sugestivo, autênticos mergu- proteger-se. Revela-se obstinada, inteli- o sonho americano.
rer que se tratava de um livro de autoras
lhos no imaginário ilhéu, particularmente gente e possui uma intuição que raramen- Outro texto que ajuda a classificar este
que afirmam a sua condição de mulheres
o das Flores. Mas destacarei aqui “Onde te engana. como um livro sobre a experiência emi-
e dela fazem gala, julgo que não deveriam
fica a América”, peça antológica sobre a Criativa, com imaginação e inspiração, grante é “Candeias às avessas”, sobre o
ter aceitado um galo na festa (por mais que
presença histórica no imaginário açoriano consegue fazer surgir das suas obras a livro Arquipélago de Solidões, de Maria
me queiram lembrar que o livro tem – ele
das Califórnias perdidas de abundância de beleza e o amor universais. Candeias Leal, uma emigrante com a quar-
próprio – a presença de um homem, o pin-
que fala o clássico (e tantas vezes citado) ta classe. Essas páginas de Aida Baptista
tor Manuel Martins).
poema “Ilha”, de Pedro da Silveira. Não é Não sei dizer melhor. são emblemáticas da sua postura perante a
Como já me aconteceu pior – no Funchal
Sobre a co-autora, Aida Baptista, terei emigração, da sua compreensão dessa rea-
pediram-me uma vez que fosse eu a falar
de falar em separado. Se o livro reflecte lidade e dos seus dramas.
no lançamento de um livro sobre “O Padre
posturas idênticas e um afecto intenso e A força da sua escrita revela-se primoro-
António Vieira e as mulheres “ – não me
profundo entre ambas e se fala abundan- samente na crónica “Presépio vivo”, onde
será sobremodo difícil atravessar de novo
temente de interesses e preocupações co- a prosa expressiva recria uma fortíssima
para o outro lado do género. Dizia-se há
muns às duas escritoras são diferentes e, experiência na sua vida de menina ainda
décadas a propósito do socialismo de Má-
sobretudo, têm percursos diferentes. Nas- desconhecedora de grandes realidades
rio Soares que desse socialismo até Ro-
cida em terra firma, Aida Baptista foi cedo da vida. Se já não são muitas as moças
nald Reagan gostava. Pois agora também
para outra América – a África ao tempo que poderão ter presenciado e intervin-
eu digo que deste feminismo até eu gosto,
portuguesa que um dia se evaporou, dei- do numa situação daquelas, muito menos
mas por razões que nada têm a ver com
xando em todos os que lá viveram uma ainda são as que conseguiriam descrevê-la
essa piada a Mário Soares, como adiante
saudade sem remédio nem apelo. Angola com aquela digna propriedade.
espero demonstrar.
ficou-lhe nos olhos que de lá trouxeram Regresso à crónica sobre o livro de Maria
Sou de há muito admirador da verve e do
cores com sabores e cheiros e nunca mais Candeias, que acabou voltando à sua ilha
verbo de Gabriela Silva. Foi exactamente
a deixaram. Fala disso abundante e pre- natal, o Pico. E faço-o por não resistir a
essa admiração que me levou a convidá-
claramente no seu belo livro de crónicas retomar o tópico que há pouco versei na
la para a série de entrevistas que há quase
O Chão da Renúncia sobre o tempo em minha charla sobre o modo como os nos-
uma década fiz para a RTP-Açores com
que, integrada num projecto de Ensino da sos escritores se têm relacionado com as
personalidades açorianas. A reacção a
Língua do Instituto Camões, voltou à sua suas pátrias – a pátria-berço e a adoptiva.
esse programa confirmou perante os meus
pátria adoptiva. Aida Baptista cita Maria Candeias preci-
amigos e o público em geral que eu tinha
Antes disso, as voltas da vida levaram-na samente sobre esse tema. Ela escreve:
razão nas referências que a ela frequente-
mente fazia. Imagino que o impacto dessa como leitora aos rigorosos frios da Fin-
lândia e depois aos não menos gélidos in- A verdade é que adoro esta ilha que me
sua presença televisiva terá levado a pró-
nada comum alguém que atingiu estatuto vernos do Canadá. Toronto virou cidade viu nascer e onde me criei. Porém, não
pria RTP-Açores a lembrar-se dela ao criar
social nos Açores atrever-se a extravasar sua como tão nitidamente ficou registado é menos verdade que amo Toronto. [...]
um programa exclusivamente dedicado às
sobre a América sentimentos como os nos escritos que por aqui e por ali foi es- estarei sempre dividida. Nunca serei to-
mulheres e por elas produzido. A Gabrie-
nesse texto expressos, porque eles são no palhando e depois reuniu também nou- rontina, como nunca serei picoense. É
la –uma das três produtoras - encheu esse
fundo os sentimentos das gentes da clas- tro notável livro de crónicas, Passaporte esta a sina de um emigrante: ficar sem
programa com a sua presença, a sua voz, o
se mais pobre que nunca acreditou que a Inconformado, onde revela uma imensa pátria.
seu espírito.
Sempre achei que eram de gravar muitas República Ideal sonhada por Platão fosse capacidade de identificação com os emi-
na Atlântida dos seus Açores. Para esses grantes portugueses (em grande parte aço- Cá na minha, acho que é mais enriquece-
das suas frases. Já o fiz com e-mails seus.
açorianos, a Ilha da Felicidade sonhada rianos) daquele geograficamente imenso dor pensar-se que ficámos com duas pá-
De uma vez agarrei de um deles e, sem
pela Margarida de Mau Tempo no canal país e, particularmente, daquela cidade de trias. A atitude positiva da Aida tem-lhe
tocar no conteúdo, apenas lhe dei a forma
ficava bem mais para Oeste, precisamente Toronto. É por isso outra feliz coincidên- permitido viver com mais.
de poema partindo-o em versos. Enviei-o
no continente americano. Nesse belo texto cia o lançamento deste livro aqui na Festa De resto, as autoras deste Entre Margens
depois à própria Gabriela e a alguns ami-
de Gabriela Silva – e que oportuna coin- do Emigrante, se bem que nele não sejam de Afectos cruzam também elas, constan-
gos. Há dias, na Universidade dos Açores,
cidência é salientá-lo aqui nesta Festa do muitas as suas referências a essa experiên- temente, margens culturais e de género. O
o professor Urbano Bettencourt disse-me
Emigrante! – a voz da autora assume sem cia. Mas basta o texto sobre o livro Sorriso livro salda-se por um atraente equilíbrio
que, ao ter de falar numa aula a alunos es-
querer uma representatividade colectiva por Dentro da Noite para justificar a minha entre algo que toca todas as pátrias e gé-
trangeiros (da Galiza, Alemanha e Estados
passando a simbolizar todas as mulheres alusão a essa faceta da escrita da autora neros: a sua humanidade. Ele não está de
Unidos) sobre o tempo meteorológico aço-
que ela diz no prefácio pretender homena- pois trata-se na verdade de um retrato pre- modo nenhum nas margens, e tem-na mes-
riano, socorreu-se desse e-mail-poema e
gear com este livro. Mas porque não fo- ciso da dramática situação actual da saúde mo bem no seu centro.
leu-o aos alunos visitantes. Diz assim:
ram apenas as mulheres com dificuldades de uma mulher que escreveu um dos mais
Lajes das Flores, 17 de Julho de 2009
COLABORAÇÃO 27
A
ntes de apresentar os numa área que considero ser um vo para o lento apagamento que nistradores, professores, alunos, em escolas e comunidades.
projectos para o ano prolongamento do meu anterior a língua portuguesa está a sofrer famílias e representantes das ins- . Apresentação de comunicações
lectivo de 2009/2010 trabalho como leitora de língua neste estado. tituições comunitárias nos seus e realização de oficinas em con-
da Coordenação de e cultura portuguesas na mesma locais de trabalho e residência. ferências da especialidade sobre
Ensino Português na Califórnia universidade onde, na década de Tendo pois sido feita a instalação . Levantamento das necessidades, o trabalho desenvolvido na Cali-
e outros estados ocidentais (CEP. 90, criei e organizei o currículo e divulgação das estruturas da problemas e possíveis soluções. fórnia, nomeadamente na intro-
CA), gostaria de referir aquilo de Estudos Portugueses. CEP.CA durante o seu primei- . Curso online e presencial de dução de novos materiais e tec-
que foi feito até agora no âmbito ro ano de vida, as actividades formação de professores nologias no ensino.
desta estrutura de apoio técnico Por outro lado, no seguimento de apoio técnico e pedagógico . Jornada de formação de profes- . Estabelecimento de relações de
e pedagógico que, contando já dessa minha primeira estada na aprofundaram-se no ano lectivo sores no âmbito da conferência trabalho com editoras, sobretudo
com praticamente dois anos de Califórnia, importantíssima eta- de 2008/2009, com o desenvolvi- anual da Luso-American Educa- de material bilingue.
existência, continua no entan- pa da minha vida profissional e mento de acções e projectos junto tion Foundation.
to a constituir uma inovação no pessoal, tenho vindo a desenvol- de escolas, professores, alunos e . Apoio pedagógico presencial e Não esquecendo que a CEP.CA é
panorama educativo deste estado ver um trabalho de investigação famílias, de acordo com os prin- regular a professores nas suas es- na verdade uma estrutura unipes-
e um interessante modelo de Co- e de intervenção pedagógica no cípios estratégicos definidos: colas; assistência a aulas e mode- soal condicionada pela capacida-
ordenação sem paralelo noutros âmbito da formação de professo- lação de aulas, em vários níveis de diária de trabalho de uma só
contextos. res de Português Língua Estran- 1. Desenvolvimento de relações de ensino; consultadoria e apoio pessoa (a Coordenadora é a sua
geira com apoio das tecnologias pessoais e profissionais de con- a projectos de professores e esco- única funcionária técnico-peda-
O principal traço inovativo desta que, enquanto Coordenadora, fiança e proximidade; las. gógica e administrativa), penso
Coordenação é o facto de ter a sua posso melhor traduzir na prática. 2. Criação de um sentido deper- . Criação e partilha de material poder afirmar que a Coordena-
sede numa universidade (Califor- Tendo toda a minha experiência tença a uma comunidade de prá- didáctico e desenvolvimento de ção se pode hoje afirmar como
nia State University, Stanislaus a ver com o ensino, a formação e tica e aprendizagem em torno do portais de recursos online. um parceiro importante no pa-
em Turlock) e não num consula- o desenvolvimento de currículos Ensino Português; . Oferta de material pedagógico, norama do Ensino Português na
do (ou embaixada), sendo regida e professores, e pouco com a ad- 3. Promoção de uma cultura de livros, etc. Califórnia, estando actualmente
por um Memorando de Entendi- ministração de pendor burocráti- colaboração e partilha entre to- . Conceptualização e introdução em marcha o desenvolvimento
mento (Memorandum of Unders- co, penso trazer uma mais-valia dos os profissionais no terreno, do Portuguese Enrichment Pro- de colaborações e parcerias com
tanding) assinado pelo Governo importante ao Ensino Português independentemente da sua for- ject que introduz segmentos de outras organizações e individua-
Português e representantes da- na Califórnia. Ou seja, o meu já mação e qualificação. Ensino Português no currículo de lidades para de forma mais eficaz
quela instituição, o qual compre- longo relacionamento com este escolas públicas do ensino bási- e célere levar a cabo os seus pro-
ende, para além das obrigações contexto permite-me ter a pers- Seguindo estes princípios enu- co (Elementary School) e 2º ciclo jectos no próximo ano lectivo.
de serviço contidas na lei portu- pectiva histórica de uma realida- meram-se as principais acções (Middle School).
guesa, várias outras incumbên- de que me é muito próxima mas, desenvolvidas no ano lectivo pas- . Realização do projecto PEN in- Esse será precisamente o assunto
cias de ensino e desenvolvimento ao mesmo tempo, pelo facto de sado: terface, que promove o intercâm- do próximo artigo.
curricular inexistentes noutras não me ter aqui estabelecido de- bio entre turmas e professores do
coordenações. Tendo colaborado finitivamente, é-me possível uma . Visitas a áreas escolares onde ensino secundário na Califórnia e
na definição deste perfil de co- certa independência e distancia- existem ou se pretendem criar Portugal.
ordenação, eu própria aceitei as- mento crítico que me ajuda a pen- ofertas de Ensino Português. . Participação em actividades de
sumir maiores responsabilidades sar e propor um futuro alternati- . Contactos pessoais com admi- carácter cultural e de divulgação
209-545-8727
www.ModestoBacktoNeck.com
28 ENGLIH SECTION 1 de Outubro de 2009
serving the portuguese–american communities since 1979 • ENG L ISH SECTION
Ideiafix
portuguese
Miguel Valle Ávila
miguelvalleavila@tribunaportuguesa.com
T
first inhabitants, hailing from Bra- addition to accompanying many his role as the foremost exponent
he Napa Valley’s Hélio of the original instrument’s de- ga on mainland Portugal, brought fado singers on California stages,
of and composer for the viola da
Beirão is recognized as sign; hosted, with his wife, many with them their native guitar, cal- in 1991 Hélio expanded his mu-
terra as a concert instrument, the
led the viola braguesa. Then, du- sical leadership by co-founding
today’s foremost player Portuguese musical and literary Government of the Azores asked
ring the invasion and occupation the vocal ensemble Harpejo, to
of the viola da terra events at their adega (salon); and of the Azores by Spanish troops “preserve the musical traditions Hélio to join artists, writers and
(sometimes called the viola da donated his recording profits to from 1580 to 1640, the Spanish brought by the immigrants from musicians from Portuguese com-
Terceira) - a 15-string guitarlike a charitable organization serving guitar was introduced into the ge- the Azores and add what we are munities in creating a book and
instrument unique to his home Portuguese-American seniors. neral population. Soon thereafter, now.” The success of this group, CD entitled Construir Cultura
island of Terceira in the Azores. From an early age this self-tau- Terceira’s ever-inventive natives in both originality and quality of (Building Culture).
Besides possessing impeccable ght musician harbored a love for combined the best attributes of interpretations, has led to many The Portuguese Heritage Pu-
musicianship, this Portuguese his native island’s folk music and both instruments to form a new requests to perform around the blications of California believe
emigrant residing in Northern the characteristic instrument at one, creating the world’s unique state. Hélio Beirão is highly deserving
its core, the viola da terra, whi- marvel—the viola da terra. La- In 1997, Hélio assumed direc-
California for the past 43 years of an NEA National Heritage
ch originated on his native Ter- cking instructors and print ma- torship of the Sacramento-based
has: performed widely as a so- Fellowship. The NEA’s recogni-
ceira—an island of 148 square terials, Hélio mastered the viola Grupo 9 Ilhas (Nine Islands
loist, accompanist, in ensembles, miles and a population of just tion will redouble Hélio’s deter-
da terra himself. Through many Group, referring to the number
and with folk music and dance over 50,000 in Portugal’s Azo- years of dedication, he developed of inhabited islands in the Azo- mination to continue teaching
groups, including ones he has res archipelago in the middle of chords that not only enhance the res), which includes both vocal this instrument, it will allow him
organized; composed his own the Atlantic Ocean. In childhood fingering over the fret board but and instrumental sections. Upon more time to compose, help gua-
music for the instrument; rese- Hélio mastered the classic Spa- also enrich the songs. Such te- accepting his role, Hélio imme- rantee the preservation a unique
arched the traditional Azorean nish guitar—on which, by his chnique can be clearly heard in diately began researching old ar- musical instrument and bring
music associated with the viola early teens, he would often ac- his recording Violas da Terra. chives, interviewing local senior great joy and pride to California’s
da terra extensively; educated company the most renowned lo- Through this process of expan- citizens and consulting experts Portuguese community, of which
others (especially in Portuguese- cal viola da terra players as well ding Azorean folk music and the around the world in a quest to find Hélio is such a beloved and res-
as many of mainland Portugal’s instrument’s potential, Hélio has original, nearly forgotten songs
American communities) about pected member.
finest fado singers when they affirmed that the viola da terra from every island in the Azorean
the folk music of which the viola came to perform in the Azores. possesses the capacity to execute archipelago. The enormous suc-
da terra forms such an integral Hélio Beirão’s departure from José Rodrigues, PHPC President
neo-classical music, catapulting cess of this group captured the
part, including advocating for the Azores in 1966 spurred his the instrument beyond its role as attention of the Portuguese me- From the nominating letter
the preservation of the integrity love for the music and unique strictly a folk instrument to that dia, and soon shows were being to the NEA
ENGLISH SECTION 29
F
Franciscan order.
ernando Martins de Bulhões, ve-
nerated as Anthony of Padua or On the return trip to Portugal, his ship was
Anthony of Lisbon, (1190 or 1195 driven by storm upon the coast of Sicily
– 13 June 1231) is a Catholic saint and he landed at Messina. From Sicily he
who was born in Lisbon, Portugal to a we- made his way to Assisi and sought admis-
althy family and who died in Padua, Italy. sion into a monastery in Italy, but met with
difficulty on account of his sickly appea-
Anthony was born in Lisbon to Martim rance. He was finally assigned, out of pure
Vicente de Bulhões and wife Teresa Pais compassion, to the rural hospice of San
Taveira (a descendant of Alfonso VI of Paolo near Forlì, Romagna, Italy, a choi-
ce made after considering his poor health.
There he appears to have lived
as a hermit and was put to work
in the kitchen.
A
One day, on the occasion of an nthony of Padua has been cal- Canonized: 30 May 1232, Spoleto, Italy by
ordination, when a great many led the most celebrated of the Pope Gregory IX
visiting Dominican monks were followers of Saint Francis of Major shrine: Basilica of Saint Anthony of
present, there was some misun- Assisi. He is the patron saint Padua in Padua, Italy
derstanding over who should of Padua and of Portugal, and is especially Feast: June 13
preach. The Franciscans natu- invoked for the recovery of lost things.[2] Attributes: Book; Bread; Infant Jesus;
rally expected that one of the Lily
Dominicans would occupy the Proclaimed a Doctor of the Church on
pulpit, for they were renowned January 16, 1946, he is sometimes called Patronage: American Indians; animals;
for their preaching; the Domi- “Evangelical Doctor”. barrenness; Beaumont, Texas; San Anto-
nicans, on the other hand, had nio, Texas; Brazil; Elderly people; faith in
come unprepared, thinking that Each year on the weekend of the last Sun- the Blessed Sacrament; Ferrazzano, Italy;
a Franciscan would be the ho- day in August, Boston’s North End holds a Fishermen; Franciscan Custody of the
milist. feast in honor of St. Anthony. Referred to Holy Land; Harvests; Horses; Lisbon; lost
as the “Feast of all Feasts”, St. Anthony’s articles; lower animals; Mail; Mariners;
In this quandary, the head of Feast in Boston’s North End was begun in oppressed people; Padua, Italy; Philippines
the hermitage, who had no one 1919 by Italian immigrants from Monte- (Cavite, Masbate & Sibulan); poor people;
among his own humble friars falcione, a small town near Naples, where Portugal; pregnant women; seekers of lost
suitable for the occasion, called the tradition of honoring St. Anthony goes articles; shipwrecks; starvation; sterility;
upon Anthony, who he suspec- back to 1688. The feast has become the lar- Swineherds; Tigua Indians; travel hostes-
ted was most qualified, and en- gest Italian religious festival in the United ses; travelers; Watermen
gineered him to speak whatever States.
the Holy Spirit should put into Source: Wikipedia
his mouth. Anthony objected On January 27, 1907 in Beaumont, Texas,
but was overruled, and his ser- a church was dedicated and named in ho-
mon created a deep impression. nor of St. Anthony of Padua. The church
Not only his rich voice and ar- was later designated a cathedral in 1966
resting manner, but the entire with the formation of the Roman Catho-
30 FESTAS 1 de Outubro de 2009
California Chronicles
Ferreira Moreno
Castles on Terceira Island
O
n the Archipelago of (Saudades daTerra, Volume VI). Sebastião reached the age of 14.
the Azores, the once António Cordeiro, another early Several historic accounts portray
called Jesus Christ’s historian, spoke of it as a fortress Sebastião as a megalomaniac in-
Island was later rena- “surrounded by a great wall and dividual, who fancied himself to
med Terceira Island, due to the battlements, with several pieces be a messianic God’s Captain,
fact that it was the third island of artillery to provide protection a Holy Crusader and the incar-
discovered by the Portuguese in against attacks by invaders.” nation of Sir Galahad. Every at-
the 15th century, after the islan- (Historia Insulana). tempt made to get him married
ds of Santa Maria and S Miguel King Sebastião, born in 1554, was simply unsuccessful. He was
were first sighted. Terceira’s ca- was the son of Prince João, heir so obsessed with dreaming up sis. Some attempts were made to the Castelo and named São João
pital took the name of Angra, apparent to King João III, and the military adventures and heroic secure a dispensation of his vows Baptista. It was destroyed by a
because it fronts a bay, (angra in sole survivor of that king’s eleven battles, that he completely ne- from Rome, as well as permis- fire in 1818 and rebuilt in 1820.
Portuguese). children. The Prince, plagued glected to perform his duties as a sion to get married, with faint ho- Later it was closed and made
On opposite sides of the bay, by chronic infirmities, married sovereign. Contrary to everyone’s pes of presenting a rightful heir into a mess hall for the soldiers.
the city of Angra is flanked by Princess Joana of Spain in 1552. advice, including that of King Fi- to the throne. However, it never In the 1960’s it was repaired and
a couple of what have become He was 15 years old and she was lipe II of Spain, Sebastião (at age materialized one way or another, opened for church services. The
popularly known as Castelos 17. The prince died on January 24) led a motley army of 17,000 as the Cardinal died on January Castelo is presently used as hea-
(castles). The first is the Fort of S 2, 1554 before reaching his 17th men (conscripts and mercenaries) 31, 1580, having ruled the coun- dquarters for a Portuguese Infan-
Sebastião, also called Castelinho birthday. On January 19 of that for an invasion of Morocco. try for 16 months. try Regiment.
(littlecastle). It is located on the year, princess Joana gave birth The fleet left Portugal on June 25, It was during Spain’s annexation The construction of Castelo São
east side of Angra Bay, and was to a son, who was named Sebas- 1578. At Alcacer Quibir, on Au- of Portugal that the mighty for- João Baptista, dubbed the Azo-
named in memory of King Se- tião. On June of 1557, King João gust 4, the Moors defeated and tress of São Filipe was built at rean Gibraltar, most probably be-
bastião of Portugal. Its construc- III died unexpectedly, when Se- annihilated the invaders. Sebas- the foot of Monte Brasil, on the gan in 1591 as a Spanish Presidio.
tion began in 1555. In the 1960’s bastião was only three years old. tião was killed, leaving no heirs western edge of Angra on Tercei- According to Francisco Ferreira
it served as headquarters for the (Joaquim Ferreira, Historia de and a country in the throes of ra Island. Drumond, (Annals of Terceira Is-
Port Authority, Maritime Defen- Portugal, 1951 Edition). total ruin. Two years later, Spain It was later renamed Castelo São land, Volume I), the British Earl
se and Radio Naval. Presently, it In his minority, Sebastião’s gran- annexed Portugal. The Spanish João Baptista, after the 1640 re- of Essex unsuccessfully tried to
has been remodeled for a Pousa- dmother and widow-queen, Cata- kings ruled Portugal for the next volt which took place in Lisbon, attack Angra in 1597, as he was
da (touristic inn). rina, became the royal regent. She six decades. when Portuguese nobles and pe- pursuing the fleet of Spanish
The renowned and earliest Azo- resigned in 1562, and transferred After the disaster of Alcacer Qui- asants expelled the Spaniards, Captain Guarivai, who had taken
rean historian, Gaspar Frutuo- the regency to her brother-in- bir, Cardinal Henrique was crow- restored Portugal’s independence refuge there, and transferred a
so, wrote: “On the east side of law and Sebastião’s grand-uncle, ned the new king of Portugal. He and elected the Duke of Braganca treasure of millions of gold to the
the bay and harbor of Angra is Cardinal Henrique. The regency was already a feeble old man at as King João IV. safety of the fortress.
the fortress called S Sebastião.” ended on January of 1568 when age 66, suffering from tuberculo- In 1643 a church was built inside
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