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Símbolos
A palavra símbolo, em si mesma, não apresenta grandes variações, provém do termo grego
symbolon, derivado do verbo sym-ballein, que significa “lançar com, pôr junto com juntar”.
Há algumas derivações como “comparar, trocar, encontrar-se, explicar”. A etimologia da
palavra nos ensina que o símbolo implica, primeiramente, em uma dualidade e como
conseqüência disto uma unificação, já que o símbolo junta duas coisas, formando uma só.
O símbolo sempre é constituído por duas partes: o simbolizante e o simbolizado. O símbolo
sempre designa conjuntamente o simbolizante e o simbolizado, exprimindo uma totalidade
que passou por experiências de ruptura e agora é uma realidade reconstituída.
O simbolizado é o pedaço a reconstituir, é a parte ausente, impossível de se perceber. Esse
pedaço vai ser o domínio predileto do simbolismo: o invisível, o imperceptível, o
inobservável, o inexprimível; em suma, o não-sensível em todas as suas formas (o
inconsciente, o metafísico, o sobrenatural e o surreal). O simbolizante é a parte visível, o
pedaço presente acessível à nossa experiência imediata, a partir do qual a intuição tende a
reconstituir a realidade total.
Apesar de tudo isso, é importante ressaltar que o símbolo é uma criação total, que ele não se
situa nem no simbolizante nem no simbolizado. Um símbolo, por menos universal que seja,
só pode brotar das camadas mais profundas do ser humano, nas quais se acumulam e se
enraízam as recordações e os gestos mais marcantes que misturam a nossa biografia interior e,
por isso, têm sempre a função de transcender os opostos.
O símbolo é a manifestação indireta do arquétipo tornando-o constatável, já que esse nunca
pode se manifestar diretamente, pois é um elemento estrutural numinoso da psique com certa
autonomia e energia psíquica aglomerada específica. Sendo assim, as relações, as situações e
as idéias mais abstratas de natureza arquetípica são traduzidas pela alma na forma de
processos retratáveis ou de eventos expressos em imagens. Quanto mais universal for a
camada da alma de onde brota o símbolo.
Se por um lado, algo ser ou não um símbolo depende do ponto de vista de quem o contempla,
havendo a possibilidade de perceber que um determinado fato é mais do que sua aparência
concreta. Porém, há outros produtos cujo caráter simbólico não depende do ponto de vista
consciente, mas se revela a partir de si mesmo em seu efeito simbólico sobre quem o
contempla, não teria sentido algum se não tivessem um sentido simbólico.
O símbolo sempre oculta um sentido invisível e mais profundo do que o seu sentido objetivo e
visível, portanto nunca é casualmente solucionável, compreensível ou determinado
anteriormente, tendo um caráter duplo e bipolar. Sua bipolaridade é dada pelo fato do símbolo
ter a qualidade de unificar os pares opostos, por exemplo, o consciente e o inconsciente.
Sendo assim, o símbolo é formado pelo sentido, elemento do consciente reconhecedor e
formativo e a imagem como matéria prima do inconsciente coletivo, a união das duas partes
faz com que o primeiro dê significado e forma ao segundo. Apesar disto eles não figuram algo
diferente deles, mas expressam o seu próprio sentido e o representam.
Um símbolo vivo e carregado de sentido nunca pode ser criado a partir de relações
conhecidas, já que pertencem a dois níveis diferentes de realidade, ou seja, a imagem de um
conteúdo transcendente de consciência, real, com a qual é necessária uma comunicação.
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Jolande JACOBI, Complexo, Arquétipo e Símbolo, p. 90.
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e cada época têm a obrigação de traduzir o símbolo para a linguagem atual, munindo-o com
uma nova roupagem, para que a essência e o significado dele possam permanecer.
Bibliografia
JACOBI, Jolande. Complexo, Arquétipo, Símbolo na Psicologia de C. G. Jung. 10a ed. São
Paulo: Cultrix, 1995.
JUNG, Carl Gustav. Natureza da Psique. 4a ed. Petrópolis: Vozes, 1998, Obras Completas,
volume VIII/2.
________________. Psicologia e Religião. 6a ed. Petrópolis: Vozes, 1999, Obras Completas,
volume XI/1.
KAST, Verena. A dinâmica dos símbolos: fundamentos da psicoterapia junguiana. São Paulo:
Edições Loyola, 1997.