Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
satisfeitos em abrir mais moda, ela vai lhe definir o Os dois eventos mais impor-
shoppings, eles também que é moda. Ela vai lhe dizer tantes que a gente tem de
ampliam. que moda é atitude, é com- moda em Salvador são
portamento, é estilo de vida, promovidos por shoppings, a
Semana Iguatemi de Moda e o
Você mostra um lado diferen- que é ser descolado, que é Barra Fashion. Você acha que
ciado da Moda que não esta- “pegada”, que é pensar assim realmente eles trazem um
mos acostumados. Qual a sua ou pensar assado. Isso confi- conceito de moda dentro de
visão do segmento hoje? O gura e caracteriza ainda mais todo esse contexto ou eles
mundo mudou, as exigências que o nosso segmento é um seguem um viés mais comer-
dos consumidores mudaram. segmento fútil, que a gente cial por serem ligados à
Hoje você compra uma cami- vive eternamente na esfera do shoppings? Claro que sim.
seta de malha branca que cus- glamour. São dois exemplos muito
ta 18 reais e quer comprar um importantes para a cidade
sonho. A gente compra qual- “O desfile é uma porque fomentam vários
quer “coisica” e quer se satis- empregos, fortificam as
fazer totalmente. E hoje, mui- ferramenta de
marcas que se apresentam.
to mais do que o produto é a comunicação, não Estabelecem uma comuni-
sua embalagem, é a emoção retrata o real. O cação racional, uma ligação
que ele lhe traz. O segmento entre a cidade de Salvador
é extremamente promissor. desfile é um
com outros estados como
Mas como todo segmento show.” uma cidade que está fazendo
precisa de bons profissionais, alguma coisa. Entretanto, é
porque se não tem, não tem Então seu viés é mais acadê- um evento com viés extre-
nada. O problema é que não mico... Não é que meu viés mamente comercial. O com-
tem ninguém que fale de seja mais acadêmico, é que a prometimento deles é com o
moda em Salvador. As moda se divide em três ver- público e com o lojista.
pessoas falam de desfile, do tentes. Estávamos falando da Agora, isso nada impede que
que vai usar no verão e no moda como poder social, de- a gente participe, apóie e
inverno. Eu compreendo que pois falamos de moda como ache bonito. Porque, de fato,
o consumidor não quer ler poder econômico e por últi- o desfile é uma ferramenta de
artigos de moda no jornal, ele mo de moda como poder das comunicação, não retrata o
só quer saber se vai usar pre- roupas. Ela tem que ser divi- real. O desfile é um show.
to ou verde. Claro, o nome dida pra ser entendida. Moda
dele é consumidor. Mas como poder social, que faz É por isso que vemos uma
temos que escrever de outra um retrato comportamental disparidade tão grande dos
forma, começar a introduzir da sociedade, moda como desfiles para o que realmente é
algo que não seja tão frívolo, poder das roupas, que retrata usado nas ruas? Quando você
não fortificando tanto esse a forma como o indivíduo faz o desfile você trata de
universo que é tão “ideali- precisa significar a partir dos conceito. Você vai sair de
zado”. Geralmente as pessoas seus grupos, o que se quer casa pra ver o que vê na vitri-
falam de uma forma extre- mostrar... Você pode mentir ne? Você vai, no mínimo,
mamente frívola, do desfile, através da roupa. Eu posso para ver uma performance
do sapato, das tendências... ser rica, mendigo, homem, cênica. A intenção dos estilis-
Mas isso não é culpa do con- mulher, freira, tudo isso a tas é chamar atenção para
sumidor final. Essa visão vem partir do vestuário. E a moda alguma coisa, é comunicar.
do próprio segmento. As pes- como poder econômico con- Se vão gostar ou não do pro-
soas que trabalhavam nessa templa toda a cadeia indus- duto é um outro fato. A inten-
área a tratavam também de trial e produtiva do setor. ção não é mostrar o produto
forma frívola, e ainda tratam. Tudo isso configura o sistema como ele é, é mostrar o con-
Se você pega uma pessoa da moda. ceito que as marcas desejam.
dessa e vai perguntar sobre Tem um viés mais artístico.
Entrevista VIRGINIA SABACK