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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RGL
Nº 70030675557
2009/CÍVEL

APELAÇÃO CÍVEL. CONCURSO. BRIGADA


MILITAR. CONCLUSÃO DO CURSO. ATO DE
NOMEAÇÃO. SÚMULA 266 DO STJ.
Não se configura a perda do objeto quando a
pretensão do autor visa a prestação jurisdicional
no sentido de que a apresentação do certificado do
curso do ensino médio seja com a sua nomeação
ao cargo para o qual foi aprovado em todas as
fases do concurso, nos termos da Súmula 266, do
STJ, o que restou comprovado nos autos.
Sentença confirmada.
APELO DESPROVIDO.

APELAÇÃO CÍVEL TERCEIRA CÂMARA CÍVEL

Nº 70030675557 COMARCA DE SANTA MARIA

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL APELANTE

CHRYSTIANO RIBEIRO DA ROSA APELADO

ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos.
Acordam os Desembargadores integrantes da Terceira Câmara
Cível do Tribunal de Justiça do Estado, por maioria, em negar provimento ao
apelo, vencido o Des. Nelson Antonio Monteiro Pacheco.
Custas na forma da lei.
Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes
Senhores DES. JOÃO CARLOS BRANCO CARDOSO (PRESIDENTE) E
DES. NELSON ANTONIO MONTEIRO PACHECO.
Porto Alegre, 30 de julho de 2009.

DES. ROGÉRIO GESTA LEAL,


Relator.

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RELATÓRIO
DES. ROGÉRIO GESTA LEAL (RELATOR)
Trata-se de Apelação Cível interposta pelo Estado do Rio
Grande do Sul, em face da decisão de fls. 94/97, na sua parte dispositiva,
assim exarada:
Ante o exposto, julgo PROCEDENTE a presente ação
ordinária com pedido de antecipação de tutela movida
por CHRYSTIANO RIBEIRO DA ROSA contra o
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, ambos
devidamente qualificados nos autos, para em
conseqüência tornar definitiva a antecipação de tutela
concedida devendo o Certificado de Conclusão do
Ensino Médio ser entregue quando do ato de
nomeação do autor.

Nas suas razões (fls. 99/106), o apelante sustentou a perda do


objeto da ação, tendo em vista que o pedido do autor era tão somente
participar da quinta fase do certame. No mérito, sustentou que o documento
de comprovação do curso de segundo grau deveria ser entregue em
momento anterior ao curso de formação, nos termos do edital.
As contra-razões vieram às fls.109/116.
O Procurador de Justiça, Dr. Roberto Neumann, opinou pelo
desprovimento do apelo.
É o relatório.

VOTOS
DES. ROGÉRIO GESTA LEAL (RELATOR)
Avaliados, preliminarmente, os pressupostos processuais
subjetivos e objetivos da pretensão deduzida na ação, tenho-os como
regularmente constituídos, bem como os atinentes à constituição regular do
feito até aqui, conhecendo do recurso em termos de propriedade e
tempestividade.
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Quanto à perda do objeto pelo exaurimento do interesse


processual no cumprimento da antecipação de tutela, tenho que deva ser
afastada esta preliminar pelos mesmos fundamentos expressos na
sentença, de que, em face do seu caráter precário, há necessidade da
confirmação da antecipação de tutela concedida por decisão final.
Ademais, sobre o tema, assim se manifestou o Sr. procurador
de Justiça:
Como é voz corrente, o processo civil é meio para
obtenção da tutela jurisdicional, e assim deve ser visto
sempre que se coloca uma dúvida eloqüente entre a
forma e o conteúdo. Entendo que nada é mais
importante que o conteúdo, já que este representa a
finalidade da atividade jurisdicional, com a
conseqüente entrega do bem da vida.
E aqui, indiscutivelmente, está claro na inicial, e disto
o Estado não teve qualquer dúvida, que autor
pretende que dele não se exija para o prosseguimento
no certame o certificado de conclusão do ensino
médio antes de assumir as funções de soldado da
Brigada Militar.
(...)
Atendido, com esta interpretação, aliás, o conteúdo
axiológico mediato da Súmula nº 266 do STJ, que tem
sido reiteradamente utilizada para afastar requisitos
relativos à formação antes da efetiva posse de
servidores públicos.
(...)Atento, assim, às peculiaridades do caso concreto,
o parecer do Ministério Público é pela afastamento a
prefacial de perda do objeto e manutenção da
sentença de primeiro grau.
Diante destas ponderações, afasto a preliminar de perda do
objeto.
No mérito, a matéria debatida diz respeito à entrega do
certificado de conclusão do ensino médio, por ocasião da Sindicância da
vida Pregressa do certamista, nos termos do edital. O ora recorrido
sustentou o direito de apresentar este documento quando da sua nomeação,
postulando a sua participação nas demais fases do certame. A antecipação

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de tutela foi deferida e confirmada na sentença, para, nos termos da


Súmula 266, autorizar o certamista a fazer a entrega do referido diploma na
data de sua nomeação.
Veja-se que a presente decisão mostra-se coerente com a
posição adotada em situações semelhantes julgadas por esta Câmara, em
que fui Relator, cujas ementas foram as seguintes:
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. MANDADO DE SEGURANÇA.
CONCURSO PÚBLICO. PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA.
MUNICÍPIO DE SANTIAGO. Exigência de certificado de conclusão
do curso no ato da inscrição. A escolaridade plena para o exercício
de determinada atividade profissional deve ser exigida por ocasião
da posse e não da inscrição, visto que se trata de requisito para o
efetivo exercício da função. Precedentes desta Corte e do STJ.
Aplicação da Súmula 266 do STJ. AGRAVO DE INSTRUMENTO
DESPROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70013994355, Terceira
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rogerio Gesta
Leal, Julgado em 16/03/2006)”1

“ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO


PÚBLICO. EDITAL. AUSÊNCIA DE IMPLEMENTAÇÃO DE
REQUISITOS. O mandado de segurança é o remédio cabível contra
ato de dirigente de sociedade de economia mista quando tiver
caráter de Direito Público. Exigência de certificado de conclusão do
curso no ato da inscrição. A escolaridade plena para o exercício de
determinada atividade profissional deve ser exigida por ocasião da
posse e não da inscrição, visto que se trata de requisito para o
efetivo exercício da função. Precedentes desta Corte e do STJ.
Aplicação da Súmula 266 do STJ. APELO PROVIDO. (Apelação
Cível Nº 70014652614, Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça
do RS, Relator: Rogerio Gesta Leal, Julgado em 18/05/2006)”2
Pelo exposto, afasto a preliminar e, no mérito, nego provimento
ao apelo.
É o voto.
Des. Rogério Gesta Leal

1
Julgado em 16/03/2006, de minha Relatoria, em composição com os ilustres colegas Des.
Paulo de Tarso Vieira Sanseverino e Dr. Mário Crespo Brum.
2
Julgado em 18/05/2006, de minha Relatoria, em composição com os ilustres colegas
Desa. Matilde Chabar Maia e Dr. Mário Crespo Brum.
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DES. NELSON ANTONIO MONTEIRO PACHECO (REVISOR)


Encaminho voto pelo provimento da apelação, rogando vênia
ao Relator, mantendo a coerência dos julgamentos desta 3ª Câmara Cível e
a especialidade da carreira policial militar.
O Edital que rege o certame (nº 01/2005) trata no item 2 dos
requisitos para inclusão na Brigada Militar. O item 2.5 tem a seguinte
redação:
Ter obtido aprovação na 1ª Fase – Exame Intelectual,
ter sido considerado APTO nas 2ª, 3ª, e 4ª Fases
(saúde, capacitação física e psicológico) atender todas
as exigências da 5ª Fase – Sindicância da Vida
Pregressa do Candidato, exigidos para a inclusão na
Brigada Militar e matrícula no Curso Básico de
Formação Policial Militar;

Adiante, o item 7.5.2 prevê expressamente os documentos


necessários à 5ª fase e processo de inclusão. Consta do item 7.5.2.2 a
exigência do seguinte documento, in verbis:
Certificado de conclusão do Ensino Médio (2º Grau) e
respectivo histórico – Delegacia Regional de
Educação, conforme a região, ou 01 (uma) cópia
reprográfica autenticada pela Escola que forneceu o
Certificado e/ou histórico (desde que já aposto o
carimbo do SECOE ou da DRE).

Este documento foi exigido não no momento da inscrição no


concurso, mas apenas na 5ª fase deste, nominada como sindicância da vida
pregressa do candidato.
No caso concreto, o autor obteve provimento liminar permitindo
que participasse da 5ª fase sem a entrega do Certificado para o ato de
nomeação. A meu ver, isto efetivamente fere a isonomia, criando situação
privilegiada a um candidato, que se beneficiaria de prazo mais dilatado para
apresentação de documentos, contrariando o que foi determinado no edital e
vinculou a Administração e todos os demais certamistas. De fato, quantos
outros possíveis bons candidatos não deixaram de se inscrever nesta edição
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do certame ao se encontrar na mesma condição do autor? Com a


concessão do provimento, o Poder Judiciário estaria chancelando esta
desigualdade formal e material.
O caso concreto, em que o demandante acabou por lograr
aprovação no Ensino Médio sensibiliza, porque a exigência foi cumprida,
embora a destempo, mas não pode conduzir à quebra do princípio da
impessoalidade e da legalidade.
Com efeito, é importante sopesar que se o candidato não fosse
aprovado no Ensino Médio, o que era uma possibilidade real e concreta,
estaria o Poder Público, em última análise, investindo tempo e recursos na
seleção de candidato que sequer preencheria os requisitos para prosseguir
no certame. E o interesse do particular não pode se sobrepor ao interesse
público.
Por outro lado, a frequência ao curso de formação já implica a
nomeação e pagamento de bolsa-auxílio, caracterizando a incidência do
entendimento materializado no verbete nº 266 da Súmula do Superior
Tribunal de justiça exatamente na 5ª fase do concurso.
O seguinte precedente, de cujo julgamento participei, tratou de
questão análoga, ainda que houvesse naquele caso exigência do certificado
na inscrição:
CONCURSO PÚBLICO. AÇÃO DECLARATÓRIA.
SOLDADO DA BRIGADA MILITAR. REQUISITOS
PARA O PROVIMENTO DO CARGO.
ESCOLARIDADE MÍNIMA. Candidato a Soldado
PM, que se inscreveu no concurso sem ter
concluído o 2º grau. Constatação posterior pela
administração com a conseqüente exclusão do
candidato. Conclusão do 2º grau em momento
posterior. Legalidade da exigência, que está
prevista no Decreto 35.664/94, que é o
regulamento do concurso,estabelecido em
conformidade com o art. 10, parágrafo único, da
Lei n. 10.990/97, delega ao Poder Executivo a
fixação das condições específicas para
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provimento no concurso, revelando-se razoável a


exigência. O momento de comprovação dos
requisitos, inclusive a escolaridade, era a data de
inscrição, segundo o edital. Ainda que aplicada a
Súmula 266 do STJ, não beneficiaria o
demandante, considerando que o prazo máximo
que poderia ser considerado seria a data da sua
inclusão nos quadros da Brigada Militar, como
aluno soldado, sendo posterior a data de
conclusão do ensino médio. Por se tratar de ato
vinculado, dispensava maior motivação.
Inaplicabilidade da teoria do fato consumado, em
face da ausência de boa-fé na conduta no
demandante. SENTENÇA MANTIDA. APELAÇÃO
DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70013858659,
Terceira Câmara Cível, Relator: Paulo de Tarso Vieira
Sanseverino, J. em 20ABR06)

Destarte, voto pelo provimento da apelação, julgando


improcedente a demanda. Condeno o autor ao pagamento das custas
processuais, e de honorários advocatícios fixados em R$ 500,00, ficando
dispensado em vista do deferimento da AJG (fl. 57).

DES. JOÃO CARLOS BRANCO CARDOSO (PRESIDENTE) - De acordo.

DES. JOÃO CARLOS BRANCO CARDOSO - Presidente - Apelação Cível


nº 70030675557, Comarca de Santa Maria: "AFASTARAM A PRELIMINAR
E, NO MÉRITO, NEGARAM PROVIMENTO AO APELO. POR MAIORIA,
VENCIDO O DES. NELSON ANTONIO MONTEIRO PACHECO."

Julgador(a) de 1º Grau: DENIZE TEREZINHA SASSI

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