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SÁBADO
A figueira simboliza Israel2, que não soube corresponder aos cuidados que
Javé, dono da vinha, lhe dispensava; representa também todo aquele que
permanece improdutivo3 diante de Deus.
II. SENHOR, DEIXA-A AINDA este ano, enquanto eu lhe cavo em volta e lhe
lanço esterco, para ver se assim dá fruto... É Jesus quem intercede diante de
Deus Pai por nós, que “somos como uma figueira plantada na vinha do
Senhor”7. “Intercede o agricultor; intercede quando já o machado está
levantado para cortar as raízes estéreis; intercede como Moisés diante de
Deus... Mostrou-se mediador quem queria mostrar-se misericordioso”8,
comenta Santo Agostinho. Senhor, deixa-a ainda este ano... Quantas vezes
não se tem repetido esta mesma cena! Senhor, deixa-o ainda um ano...! “Saber
que me amas tanto, meu Deus, e... não enlouqueci?!”9
Cada pessoa tem uma vocação particular, e toda a vida que não
corresponde a esse desígnio divino perde-se. O Senhor espera
correspondência a tantos desvelos, a tantas graças concedidas, embora nunca
possa haver igualdade entre o que damos e o que recebemos, “pois o homem
nunca pode amar a Deus tanto como Ele deve ser amado”10. Com a graça,
podemos oferecer-lhe cada dia muitos frutos de amor: de caridade, de
empenho apostólico, de trabalho bem feito...
Sabemos muito bem que, quando não damos toda a glória a Deus, a
existência converte-se num viver estéril. Tudo o que não se faz de olhos postos
em Deus, perecerá. Aproveitemos hoje para fazer propósitos firmes: “Deus
concede-nos talvez um ano mais para o servirmos. Não penses em cinco nem
em dois. Pensa só neste: em um, no que começamos...”12, e que daqui a uns
meses terminará.
III. NISTO É GLORIFICADO meu Pai, em que deis muito fruto e sejais meus
discípulos13. Isto é o que Deus quer de todos: não aparência de frutos, mas
realidades que permanecerão para além deste mundo: pessoas que
conseguimos aproximar do sacramento da Penitência, horas de trabalho
terminadas com profundidade profissional e pureza de intenção, pequenos
sacrifícios durante as refeições – que manifestavam estarmos conscientes da
presença de Deus e termos o corpo dominado por amor ao Senhor –, vitórias
sobre os estados de ânimo, ordem nos livros, na casa, nos instrumentos de
trabalho, empenho para que o cansaço de um dia intenso não influísse no
ambiente, pequenos serviços aos que precisavam de ajuda... Não nos
contentemos com as aparências; examinemos se as nossas obras – pelo amor
que nelas colocamos e pela rectidão de intenção – resistem ao olhar
penetrante de Jesus. As minhas obras são fruto que corresponde às graças
que recebo?: é a pergunta que poderíamos fazer na intimidade da nossa
oração.
(1) Lc 13, 6-9; (2) cfr. Os 9, 10; (3) cfr. Jer 8, 13; (4) Is 5, 1-3; (5) cfr. 2 Pe 3, 9; (6) Mt 12, 20; (7)
Teofilacto, em Catena Aurea, vol. VI; (8) Santo Agostinho, Sermão 254, 3; (9) Bem-aventurado
Josemaría Escrivá, Caminho, n. 425; (10) São Tomás de Aquino, Suma teológica, I-II, q. 6, a.
4; (11) Georges Chevrot, El evangelio al aire libre, Herder, Barcelona, 1961, pág. 169; (12)
Bem-aventurado Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 47; (13) Jo 15, 8; (14) Ronald A.
Knox, Sermones pastorales, págs. 188-189; (15) ibid.; (16) São Gregório Nazianzeno, Oração
26, em Catena Aurea, vol. VI, pág. 135.