Ocf 15

1 O Captião Fracasso | Capítulo 15
WEBTV Destino apresenta
O Capitão Fracasso
Novela de
Evana Ribeiro
Livremente baseada em
Le Capitaine Fracasse, The Fortunes and Misfortunes of the Famous Moll Flanders
e Arlequim, il servitore di due patroni
Capítulo 15
CENA 01. CASA DE PANTALEÃO. 1º ANDAR. CORREDOR. INT. NOITE
PANTALEÃO SOBE O ÚLTIMO LANCE DE ESCADA, SEGURANDO CLARICE, QUE

SE DEBATE. PARAM NA PORTA DO QUARTO DELA, ELE TIRA A CHAVE DO
BOLSO, ABRE A PORTA E OS DOIS ENTRAM.
CLARICE - Não estou reconhecendo o senhor... Sempre me deu

tanta liberdade!
PANTALEÃO - Esse foi o meu erro, te dar asas demais!
CLARICE - Quanto tempo vou ficar presa?
PANTALEÃO - Você não vai ficar presa, filhinha... Só está proibida
de sair sem minha companhia ou a de seu noivo. Vou mandar trazerem o seu
jantar. [vai saindo]
CLARICE - Tenho que comer no quarto também?
PANTALEÃO - Só hoje, porque você está muito nervosinha.
ELE SAI. CLARICE COMEÇA A ANDAR DE UM LADO PARA O OUTRO,

ANGUSTIADA. SONOPLASTIA: Love story – Taylor Swift.
CLARICE - Por que o mundo tem que ser tão cruel comigo?
Maldita hora em que eu fui nascer mulher pra sofrer tanto.
CLARICE SENTA NA CAMA, TIRA OS SAPATOS E ARREMESSA OS DOIS NA

PORTA.
CLARICE - Que inferno!
ESMERALDA ENTRA, TRAZENDO A BANDEJA COM O JANTAR.
ESMERALDA - Alegre-se, eu cheguei!

CLARICE - Alegria só quando eu sair daqui.
ESMERALDA - Seu pai mandou outra criada trazer o jantar, mas eu
fui mais rápida... Prometi que emprestava a ela aquele vestido amarelo que
seu Horácio me deu.
CLARICE - O seu preferido, que ninguém pode pegar.
ESMERALDA - É, mas quando ela vier cobrar eu dou uma de doida.
Mas me conte o que houve.
CLARICE - Estou perdida! Papai me proibiu de sair sozinha,
como vou fazer para ver Sílvio?
ESMERALDA - Posso tentar burlar o castigo e mandar um recado para
ele.
CLARICE - O casamento é daqui a um mês e eu não sei mais o
que fazer para evitar!
AS DUAS FICAM CALADAS POR UM INSTANTE. ENTÃO ESMERALDA LEVANTA

E VAI PARA A PORTA.
ESMERALDA - Vou embora antes que seu pai me ouça dizer que tive
uma ideia.
CLARICE - [sorri, esperançosa] Que ideia?
ESMERALDA - Depois eu conto. Agora acalme o seu coraçãozinho e
obedeça o velho!
ESMERALDA SAI. SOZINHA, CLARICE COMEÇA A COMER.
CORTA PARA
CENA 02. ALBERGUE. QUARTO DE BEATRIZ. INT. NOITE
BEATRIZ ENTRA NO QUARTO, TIRANDO AS LUVAS, QUE JOGA EM UM CANTO.

VAI TIRANDO AS OUTRAS PEÇAS DA ROUPA E JOGANDO PELO CHÃO, ATÉ
FICAR QUASE DESPIDA. O CORPO DELA NÃO É COMPLETAMENTE
MOSTRADO; O SEU ROSTO APARECE MAIS, DEMONSTRANDO ALÍVIO.
A PORTA SE ABRE E PANTALEÃO ENTRA, MAS ELA NÃO VÊ.
PANTALEÃO - Olá, meu genro!
NO MESMO INSTANTE, BEATRIZ SALTA PARA A CAMA E SE COBRE

COMPLETAMENTE COM O LENÇOL.
PANTALEÃO - O que houve?

BEATRIZ - Você não viu nada, não é?
PANTALEÃO - De quê?
BEATRIZ - Sei lá! Não viu nada anormal, não é?
PANTALEÃO - [rindo] Ah, Guilherme, você tem um senso de humor
tão refinado... [sério] Mas eu não consegui ver graça nessa sua coisa de se
comportar igual a uma mulherzinha.
BEATRIZ - É... O que o trouxe aqui mesmo?
PANTALEÃO - Bem, primeiro desculpe-me o avançado da hora e o
mau jeito para entrar, mas tenho uma proposta a fazer.
BEATRIZ - Diga.
PANTALEÃO - O que acha de ir trabalhar na loja da fábrica?
BEATRIZ - Não me parece mau.
PANTALEÃO - Vai ser muito bom para você e Clarice ficarem mais
próximos. Sabe como é, para ver se ela esquece um rapaz que andou
virando a cabeça dela...
BEATRIZ - Quem é?
PANTALEÃO - O filho do médico, recém-chegado na cidade.
BEATRIZ - Quais as intenções dele?
PANTALEÃO - Quem sabe? O que interessa é que suas intenções são
ótimas e quanto a ele, bem, arranja uma moça desimpedida e casa. Moças
bem nascidas há às pencas. Mas vai trabalhar?
BEATRIZ - Vou, vou sim.
PANTALEÃO - Ótimo, nos vemos amanhã. Tenha uma boa noite!
BEATRIZ - Boa noite para você também.
PANTALEÃO SAI E BEATRIZ SE DESCOBRE. SUSPIRA ALIVIADA.
CORTA PARA
CENA 03. MILLSHIRE. ESTRADA. EXT. NOITE
TAKE DA PARTE DA ESTRADA MAIS PRÓXIMA DO SOLAR DE ARTHUR.

SONOPLASTIA: De primeira grandeza – Belchior.
CORTA PARA
CENA 04. SOLAR. QUARTO DE HÓSPEDES. INT. NOITE
LEONARDO ESTÁ SOZINHO, SE PERFUMANDO DIANTE DO ESPELHO. ARTHUR

ENTRA, DANDO TRÊS BATIDAS NA PORTA.
ARTHUR - Incomodo?
LEONARDO - [sem tirar os olhos do espelho] Está em sua casa.
ARTHUR - Quero falar com você; sobre o monólogo.
LEONARDO - Vai se vangloriar e dizer que eu sou um peso morto
nessa droga de companhia?
ARTHUR - Quero que você vá e faça o monólogo. É justo,
imagino que você esteja esperando por uma oportunidade dessas há tempos.
LEONARDO - Não era só isso que eu esperava.
ARTHUR - E o que quer mais?
LEONARDO - Isabelle.
ELES FICAM SE ENCARANDO SÉRIOS POR UM INSTANTE.

LEONARDO - Eu a quero desde que a conheci; e eu estava quase

conseguindo, mas aí vem o senhor e a toma!
LEONARDO TOMA FÔLEGO E VAI CONTINUAR A FALAR, MAS SE CALA.
ARTHUR - Continue! [T] Creio que você ia dizer que eu vou

desgraçar a vida dela, pobrezinha, que não tenho nada a oferecer a ninguém.
Eu sei que mal tenho onde cair morto, mas... Você também não tem. E outra
coisa: não creio que você estivesse tão perto assim de conquistá-la.
LEONARDO - Isabelle e eu somos do mesmo mundo.
ARTHUR - Defina mundo.
ARTHUR SAI. LEONARDO VAI ATRÁS DELE, MAS PÁRA NA SAÍDA DO QUARTO.
LEONARDO - [grita] Ela não ia suportar viver um dia sem as luzes

do palco! [voltando ao espelho] Com tanto lugar para ficar, por que
logo aqui? [T] Mas logo vamos para Londres e tudo vai voltar ao normal.
NA EXPRESSÃO IRRITADA DELE,
[1º intervalo comercial]
CENA 05. RUA. EXT. NOITE
SONOPLASTIA: Na dúvida – Ana Martins

ESMERALDA SAI SORRATEIRAMENTE DA CASA DE PANTALEÃO, OLHANDO
PARA OS LADOS O TEMPO TODO, COMO SE TEMESSE SER PEGA NO FLAGRA.
QUANDO ESTÁ COMEÇANDO A ATRAVESSAR A RUA, PANTALEÃO CHEGA.
PANTALEÃO - Onde a senhorita pensa que vai?

ESMERALDA - Ali...
PANTALEÃO - Horácio já a liberou do castigo?
ESMERALDA - Não, mas eu só estava...
PANTALEÃO - Vamos, voltando para casa!
ELA SUSPIRA, IRRITADA, E SEGUE PANTALEÃO.
CORTA PARA
CENA 06. TURIM. EXT. NOITE
TAKE DE UMA RUA POUCO MOVIMENTADA DA CIDADE. SONOPLASTIA: Na

dúvida – Ana Martins.
CORTA PARA
CENA 07. CASA DE FERNANDO. QUARTO. INT. NOITE
DANIELA ESTÁ SOZINHA, AJOELHADA JUNTO À CAMA, RASGANDO PAPEIS

QUE COLOCA DENTRO DE UMA CAIXA. FERNANDO ENTRA E DEIXA SUA
BOLSA JUNTO DA PORTA; SE APROXIMA DELA SEM DIZER NADA POR UM
INSTANTE.
FERNANDO - O que está fazendo aí, ajoelhada?

DANIELA - Me livrando de trambolhos inúteis. Já que não saio
daqui para nada...
FERNANDO - Não saía! Hoje de manhã estive na casa de uma
cliente antiga, que acabou de perder uma criada. A pobre está tão angustiada
que comenta isso com todo mundo; comentou comigo e indiquei você para
o serviço.
DANIELA - [desapontada] Criada?
FERNANDO - É o melhor que se pode arranjar por aqui.
DANIELA FICA QUIETA POR UM INSTANTE.
DANIELA - Pena que não estamos em condições de exigir.

Quando começo?
FERNANDO - Levo você amanhã.
DANIELA - E se ela não for boa patroa, desconto em você, ouviu?
ELE SAI PARA O BANHO E DANIELA CONTINUA MEXENDO NOS PAPEIS

VELHOS.
CORTA PARA
CENA 08. TURIM. EXT. NOITE/DIA
TAKE DA CIDADE AO AMANHECER. AS PESSOAS COMEÇAM A SAIR DE SUAS

CASAS. SONOPLASTIA: Medo de amar – Joyce Moreno.
CORTA PARA
CENA 09. CASA GOLDONI. SALA. INT. DIA
O LOCAL É RICAMENTE DECORADO, COM MUITAS PEÇAS DE PORCELANA;

ALGUNS QUADROS; UMA ESTATUETA DE MARFIM. FERNANDO E DANIELA
ENTRAM ACOMPANHADOS POR UMA CRIADA.
CRIADA - Podem esperar aqui.
A CRIADA SE RETIRA. DANIELA COMEÇA A OLHAR EM VOLTA,

IMPRESSIONADA.
DANIELA - Não me disse que tinha clientes tão ricos!

FERNANDO - Só tenho essa. E nem é tão rica assim, a família é que
é muito tradicional, aí parece rica.
DANIELA - Tudo bem, contanto que pague pontualmente...
CELINA ENTRA.
CELINA - Bom dia, Fernando!

FERNANDO - Bom dia, dona Celina. Esta aqui é minha esposa,
Daniela.
CELINA - Hmm, uma bela moça! Já trabalhou como criada
antes?
DANIELA - Já, quando eu era mais mocinha.
CELINA - Fernando me falou muito bem de você. Agora deixe-
me explicar as suas funções.
CELINA CONTINUA FALANDO, FORA DE AULA. NA ATENÇÃO DE DANIELA,
CORTA PARA
CENA 10. MILLSHIRE. EXT. DIA
TAKE DA CIDADE, JÁ BASTANTE MOVIMENTADA. SONOPLASTIA: Jogo 1 – Edu

Lobo.
CORTA PARA
CENA 11. CASA DE PANTALEÃO. SALA. INT. DIA
PANTALEÃO E BEATRIZ ESTÃO SENTADOS EM POLTRONAS, ESPERANDO EM

SILÊNCIO. CLARICE DESCE, DESANIMADA.
BEATRIZ - Bom dia, minha querida!

CLARICE - [irônica] É mesmo?
PANTALEÃO - Isso lá é jeito de falar com o futuro marido? Vamos, a
fábrica os espera.
CLARICE - Achei que eu estivesse proibida de ir para lá também.
PANTALEÃO - Mas Guilherme vai com você! E os pombinhos vão
passar um belo dia trabalhando juntos. Estou certo de que no fim do dia
você estará amando esse rapaz tão encantador.
CLARICE - Oh, maravilha...
BEATRIZ LEVANTA, TOMA O BRAÇO DE CLARICE E OS TRÊS SAEM DA CASA.
CORTA PARA
CENA 12. SOLAR WHITFORD. SALA DE JANTAR. INT. DIA
ARTHUR TOMA UMA XÍCARA DE CAFÉ, SOZINHO. MATAMOUROS CHEGA E

SENTA JUNTO DELE.
MATAMOUROS - Bom dia!

ARTHUR - Bom dia.
MATAMOUROS - Então, preparado para começar a ensaiar?
ARTHUR - Não. Na verdade, eu pensei muito e agradeço por
acreditar tanto no meu inexistente potencial artístico, mas acho melhor que
Leonardo fique com o papel.
MATAMOUROS – Ele só serve para príncipes e galãs.
ARTHUR - Pode perfeitamente servir para outras coisas, se derem
a oportunidade.
MATAMOUROS - Tem certeza de que não quer fazer?
ARTHUR - Tenho. Dê uma chance ao rapaz... E além disso, não
quero me indispor mais com ele, que já não gosta muito de mim. Posso
continuar ajudando com outras coisas, enquanto estiverem aqui.
MATAMOUROS - Muito bem, que seja! [T] Aliás, parece que nossa
estada aqui vai se estender mais um pouco. Fomos convidados para outra
festa, no solar dos Bronkhart. Conhece?
ARTHUR FAZ CARA DE DESGOSTO AO OUVIR O NOME DO SOLAR.
CORTA PARA
CENA 13. SOLAR WHITFORD. JARDIM. EXT. DIA
SARAH E LEONARDO ESTÃO SENTADOS NA FONTE QUEBRADA. CONVERSA

INICIADA.
LEONARDO - Queria que ele desistisse de Isabelle com a mesma

facilidade com que desistiu do monólogo.
SARAH - Eu também!
LEONARDO - E você não estava apaixonada pelo Homem
Bancarrota, hein?
SARAH OLHA FEIO PARA ELE.
LEONARDO - Tudo bem, pode ser incoerente à vontade.

SARAH - É bem mais fácil que ela desista. Já a ouvir dizer, e
mais de uma vez, que se encontrasse parentes vivos, ia ficar com eles.
Suponhamos que os tais parentes estejam em um lugar bem distante...
Distante como a Polônia, por exemplo.
LEONARDO - E sua ideia é mandar Isabelle para a Polônia?
SARAH - Justamente! Já pensei em tudo. Forjamos uma carta
pedindo que ela vá receber uma herança...
LEONARDO - E o namoradinho vai junto, crente que vai tirar o pé
da lama.
SARAH - Não, seu burro! A condição para ela receber a
'herança' é ir desacompanhada. Enquanto ela estiver longe, e há de ficar
longe para sempre, eu assumo o lugar dela na companhia e no coração de
Arthur.
LEONARDO - E eu fico sem ela. Belo plano, belo plano!
SARAH - Pode ir atrás dela se quiser e posar de herói quando
ela descobrir que foi enganada. Vai me ajudar ou não?
LEONARDO - O que eu faço?
SARAH - Só me arranje selos da Polônia e papel de carta. O
resto pode deixar comigo.
ELES CONTINUAM CAMINHANDO. SONOPLASTIA: Alla chitarra – Chico Pinheiro e

Anthony Wilson.
CENA 14. RUA. EXT. DIA
ALICE, ISABELLE E SIMONE CAMINHAM JUNTAS, COM ALGUNS PEQUENOS

CARTAZES EM MÃOS. CONVERSAM, FORA DE ÁUDIO. ISABELLE SEGUE PARA
UM LADO, SOZINHA, ENQUANTO AS OUTRAS DUAS VÃO PARA O ALBERGUE.
CORTA PARA
CENA 15. ALBERGUE. SAGUÃO. INT. DIA
HORÁCIO DESCE O ÚLTIMO LANCE DE ESCADA, CARREGANDO UM LIVRO.

ESMERALDA VAI AO SEU ENCONTRO, TRAZENDO UM MAÇO DE CARTAS.
ESMERALDA - As cartas, seu Horácio.

HORÁCIO - Obrigado. Agora pegue esse livro da contabilidade e termine de organizar.
Mas não...
ELE PÁRA DE FALAR AO VER ALICE ENTRANDO COM SIMONE. SORRI.

SONOPLASTIA: Fonte abandonada – Guinga e Leila Pinheiro.
ESMERALDA - Não o quê? Seu Horácio...
ESMERALDA OLHA PARA O LADO E VÊ ALICE SE APROXIMAR, SIMPÁTICA.

OLHA DE VOLTA PARA HORÁCIO, QUE AINDA SORRI COM ENCANTAMENTO.
TROCA UM RÁPIDO OLHAR COM SIMONE, QUE TAMBÉM PARECE ENTENDER
O QUE ACONTECE.
ALICE - Bom dia, senhor Horácio!

HORÁCIO - Bom dia, dona Alice. Como vai?
ALICE - Estamos bem, obrigada. Veja, nós vamos fazer uma
pequena série de apresentações na cidade, e gostaríamos de colocar um
cartaz na frente de seu albergue. Será que/
HORÁCIO - Claro que pode! Fiquem à vontade. Aliás, não querem
tomar um chá, comer um pedaço de torta?
ALICE - Agradeço, mas/
HORÁCIO - Vamos, eu faço questão.
OS QUATRO ACABAM INDO PARA O RESTAURANTE.
CORTA PARA
CENA 16. ALBERGUE. RESTAURANTE. INT. DIA

ALICE E SIMONE SE ACOMODAM EM UMA MESA PERTO DA ENTRADA,
ENQUANTO ESMERALDA E HORÁCIO LEVAM TORTA E CHÁ PARA A MESA.
SENTAM-SE LOGO DEPOIS. TODOS SE SERVEM.
HORÁCIO - Então, quanto tempo mais vão ficar na cidade?

ALICE - Um mês. Depois vamos para Londres.
ELES CONTINUAM CONVERSANDO, FORA DE ÁUDIO. HORÁCIO NÃO TIRA OS

OLHOS DE ALICE, ENQUANTO ESTA PARECE FICAR SEM JEITO. ESMERALDA,
COMENDO, SE INCLINA NA DIREÇÃO DE SIMONE.
ESMERALDA - Ela é casada?

SIMONE - E muito bem!
ESMERALDA - Parece que alguém aqui não sabe disso...
AS DUAS DÃO MAIS UMA GARFADA EM SEUS PEDAÇOS DE TORTA.
CORTA PARA
CENA 17. TURIM. EXT. DIA
TAKE DA FACHADA DA CASA GOLDONI. SONOPLASTIA: Medo de amar – Joyce

Moreno.
CORTA PARA
CENA 18. CASA GOLDONI. BIBLIOTECA. INT. DIA
DANIELA ARRUMA OS LIVROS DE UMA DAS PRATELEIRAS. AUGUSTO, UM

RAPAZ DE MAIS OU MENOS DEZOITO ANOS, ENTRA NO RECINTO; ELA NÃO
PERCEBE SUA CHEGADA. O RAPAZ PÁRA AO LADO DELA E PEGA UM LIVRO
QUE ELA ACABA DE COLOCAR NO LUGAR. AO VER O LIVRO SAIR, ELA SE
VIRA E OLHA PARA ELE, QUE SORRI.
AUGUSTO - Você é a criada nova.

DANIELA - Sim, sou eu. Meu nome é Daniela.
AUGUSTO - Minha mãe já tinha dito. Meu nome é Augusto.
AUGUSTO ESTENDE A MÃO PARA QUE DANIELA O CUMPRIMENTE. ELA OLHA

PARA A MÃO, INDECISA.
AUGUSTO - Vamos, aperte minha mão! Não costumo fazer

cerimônia com os criados.
ELA APERTA A MÃO DO RAPAZ, QUE APROVEITA PARA BEIJAR-LHE A MÃO.

DANIELA DESVIA O OLHAR, SEM GRAÇA. SORRINDO, ELE SAI COM O LIVRO.
DANIELA - Que eu esteja errada, mas sinto que vai começar tudo
de novo...
DANIELA CONTINUA O SERVIÇO.
CENA 19. MILLSHIRE. EXT. DIA
TAKE DA FACHADA DO ALBERGUE. SONOPLASTIA: Fonte abandonada – Guinga e

Leila Pinheiro
CORTA PARA
CENA 20. ALBERGUE. SAGUÃO. INT. DIA

ALICE E SIMONE SAEM. HORÁCIO FICA PARADO NA PORTA, OBSERVANDO AS

DUAS SE AFASTAREM E ESMERALDA VAI PARA JUNTO DELE.
ESMERALDA - Pode descer da nuvem!

HORÁCIO - [levemente irritado] Que nuvem, menina?
ESMERALDA - Ela é bem bonita, não é? [T] Dona Alice...
HORÁCIO - Pois é.
ESMERALDA - Sabia que ela é casada?
HORÁCIO - Sabia.
ESMERALDA - E o senhor flertando com ela assim mesmo? Que
safado!
HORÁCIO - Vai fazer o que eu mandei, vai!
ESMERALDA - Não precisa ficar bravo, eu estava brincando.
HORÁCIO - Não estou bravo.
ESMERALDA - Mas que estava olhando para ela com cara de
apaixonado, estava! Tão bonitinho...
HORÁCIO - Ah, Esmeralda... Não tenho mais idade para essas
paixões. Deixo isso para os jovens, como você.
ESMERALDA - Pois saiba que se não fosse Oséias, eu me casaria
com o senhor. Partido melhor que o senhor, só Levi, o joalheiro!
HORÁCIO - [rindo] Vai trabalhar, menina!
ESMERALDA SE AFASTA, RISONHA, E APANHA O LIVRO DE CONTABILIDADE

SOBRE O BALCÃO. HORÁCIO CONTINUA OLHANDO O MOVIMENTO DA RUA.
CORTA PARA
CENA 21. RUA. EXT. DIA
SIMONE E ALICE, NOVAMENTE COM ISABELLE, ESTÃO VOLTANDO PARA O

SOLAR.
ISABELLE - Vocês demoraram!

SIMONE - O dono do hotel nos convidou para um chá. Pena que
você não estava com a gente, a torta estava tão gostosa... E dona Alice
arrebatando corações! [ri]
ALICE - É brincadeira dela.
SIMONE - Você tinha que ver, minha amiga. Foi só a gente pisar
no hotel e seu Horácio abriu um sorriso que mal cabia na boca!
ISABELLE - Vai ver ele só estava sendo gentil com vocês.
ALICE – Isso mesmo.
SIMONE - Que seja. Ele não olhou pra mim nem um minuto,
quase não me dirigiu a palavra e estava sendo 'só' gentil com a senhora. O
velho está é apaixonado!
ISABELLE - Só não diga isso na frente de Matamouros! Ciumento
do jeito que ele é...
ALICE - Sem motivo! Ele sabe melhor do que ninguém que eu
não o trocaria por nada nem ninguém nesse mundo.
AS TRÊS MULHERES SEGUEM CONVERSANDO, SEM ÁUDIO. SONOPLASTIA: Jogo 1 –

Edu Lobo.
CORTA PARA
CENA 22. FÁBRICA LEÃO. LOJA. INT. DIA
BEATRIZ ESTÁ SENTADA À ESCRIVANINHA. TERMINA DE ASSINAR ALGUNS

PAPEIS. CLARICE ESTÁ LONGE DELA, COMENDO CHOCOLATES, COM O
OLHAR PERDIDO.
BEATRIZ - Clarice, pode vir aqui por favor?

CLARICE SAI DE SEU LUGAR, A CONTRAGOSTO, E VAI ATÉ A ESCRIVANINHA.
CLARICE - O que quer?

BEATRIZ - Poderia preencher esses envelopes?
CLARICE - Claro.
ELA PUXA UMA POLTRONA, SENTA E COMEÇA A ESCREVER. PARECE SE

CONCENTRAR MUITO.
BEATRIZ - Enquanto escreve, gostaria de conversar? [T]

Pantaleão disse que você cozinha maravilhosamente bem.
CLARICE - [sem olhar para ele] É, você não vai precisar contratar
uma criada para fazer a comida.
BEATRIZ - Foi um péssimo começo, não é? Deixe-me tentar de
novo. O que você gosta de ler?
CLARICE - A Bíblia, para ver se Deus me ajuda a enfrentar as
provações. O Livro de Jó é muito bom, sabia?
BEATRIZ - Eu sei que você não quer casar e que gosta de outro...
CLARICE - Então por que insiste? Puxa vida, Guilherme, eu gosto
tanto de você! Mas um casamento ia estragar todo o apreço que sinto.
SÍLVIO - [entrando, feliz] Bom dia...
SÍLVIO PÁRA DE FALAR ASSIM QUE VÊ BEATRIZ; FICA MUITO SÉRIO. CLARICE
SE VIRA PARA SÍLVIO E DÁ UM SORRISO NERVOSO.
BEATRIZ - [baixinho] É ele.
OS TRÊS FICAM SE ENTREOLHANDO, O CLIMA É DE TENSÃO. INSTANTES E

CLARICE SAI CORRENDO, COM SÍLVIO ATRÁS DELA.
CORTA PARA
CENA 23. FÁBRICA LEÃO. EXT. DIA
O CASAL ACABA DE SAIR. CLARICE SE ENCOSTA NA PAREDE E SÍLVIO A BEIJA.
SÍLVIO - É ele?
CLARICE - É.
SÍLVIO - Veio fazer o que aqui?
CLARICE - Agora só posso andar com ele e papai. E o casamento
cada vez mais próximo...
SÍLVIO - Eu não vou deixar isso acontecer, confia em mim.
CLARICE - Faça tudo, só não mate nem machuque Guilherme.
SÍLVIO - Ele te força a fazer algo que você não quer e ainda
assim você quer que ele viva! Impressionante.
CLARICE - Já disse que antes de ser meu noivo, ele é meu primo
e é assim que eu gosto dele. E além disso não quero ver sangue
derramado. Nem dele, muito menos o seu.
SÍLVIO - Meu sangue não ia ser derramado; sou rápido no
gatilho.
CLARICE - [irritada] Sílvio!
SÍLVIO - Disse isso só porque você fica uma gracinha com
raiva.
SÍLVIO COMEÇA A BEIJÁ-LA NOS LÁBIOS, BOCHECHAS, PONTA DO NARIZ,

PESCOÇO. SONOPLASTIA: Love story – Taylor Swift.
CLARICE - E nunca mais faça isso.

SÍLVIO - Não quer que eu te beije assim?
CLARICE - Não é isso; nunca mais insinue que vai ferir
Guilherme. Eu levo as coisas muito a sério.
SÍLVIO - Sim, senhorita... Eu só vou falar muito sério com
você.
ELES SE BEIJAM, COM MUITO DESEJO. BEATRIZ APARECE NA PORTA DA

FÁBRICA, OS VÊ.
EFEITO. NO LUGAR DE SÍLVIO E CLARICE, SURGEM FERNANDO E BEATRIZ,
COMO UMA VISÃO DELA. LOGO VOLTA A APARECER O CASAL ORIGINAL.
BEATRIZ COMEÇA A SORRIR E CHORAR AO MESMO TEMPO.
BEATRIZ - Igualzinha a mim! Eu avisei, meu irmão... Clarice

nunca vai negar o sangue apaixonado que corre nas veias.
CORTA PARA
CENA 24. TURIM. EXT. TARDE
TAKE DA FRENTE DA CASA GOLDONI.
CORTA PARA
CENA 25. CASA GOLDONI. SALA. INT. TARDE
AUGUSTO ESTÁ LENDO UM LIVRO, SENTADO EM UMA POLTRONA E COM OS

PÉS APOIADOS SOBRE UM PEQUENO MÓVEL DE MADEIRA TRABALHADA.
DANIELA ENTRA, CANTAROLANDO E TIRANDO O PÓ DOS MÓVEIS. ELA VAI
LIMPANDO, SEM PERCEBER QUE ELE ESTÁ LÁ. SÓ NOTA A PRESENÇA DO
RAPAZ QUANDO VAI LIMPAR O MÓVEL SOBRE O QUAL ELE PÔS OS PÉS.
DANIELA - Senhor Augusto, me desculpe...

AUGUSTO - Não foi nada. Meus pés estavam mesmo precisando
de uma massagem.
DANIELA SE AFASTA SEM DIZER NADA E COMEÇA A LIMPAR OUTRO MÓVEL.
AUGUSTO SEGUE OS MOVIMENTOS DELA COM O OLHAR.
AUGUSTO - Você é uma mulher muito bonita, sabia? É a mulher

mais bonita que eu já vi.
ELE SE LEVANTA, VAI ATÉ ELA E TOMA O PANO QUE ELA SEGURA.
AUGUSTO - Estou completamente encantado.

DANIELA - [se afastando] Não sei se o informaram, mas já sou
casada. E estou trabalhando.
AUGUSTO - Eu sei. E é como seu patrão que quero lhe dar mais
uma atribuição. [a puxa com violência contra si] Vai ser minha mulher
essa noite.
DANIELA - [se soltando] O senhor bebeu?
AUGUSTO - Não vai negar que você gostou!
DANIELA - [tentando pegar o pano] Por favor, me deixe trabalhar
em paz; senão serei obrigada a falar com sua mãe.
AUGUSTO RI, COM DEBOCHE.
AUGUSTO - Falar com a minha mãe? Pára de fazer fita, mulher!
E ELE A PUXA NOVAMENTE COM TRUCULÊNCIA. TENTA BEIJÁ-LA NA BOCA,

MAS ELA DESVIA E O BEIJO ACERTA O PESCOÇO. DANIELA COMEÇA A CHUTÁ-
LO E ELE FINALMENTE A SOLTA. DANIELA SAI CORRENDO, BATENDO A
PORTA.
[Fim do capitulo]

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1 O Captião Fracasso | Capítulo 15

WEBTV Destino apresenta

PANTALEÃO SOBE O ÚLTIMO LANCE DE ESCADA, SEGURANDO CLARICE, QUE

CLARICE - Não estou reconhecendo o senhor... Sempre me deu

ELE SAI. CLARICE COMEÇA A ANDAR DE UM LADO PARA O OUTRO,

CLARICE SENTA NA CAMA, TIRA OS SAPATOS E ARREMESSA OS DOIS NA

CLARICE - Que inferno!

ESMERALDA ENTRA, TRAZENDO A BANDEJA COM O JANTAR.

ESMERALDA - Alegre-se, eu cheguei!

AS DUAS FICAM CALADAS POR UM INSTANTE. ENTÃO ESMERALDA LEVANTA

ESMERALDA SAI. SOZINHA, CLARICE COMEÇA A COMER.

CENA 02. ALBERGUE. QUARTO DE BEATRIZ. INT. NOITE

BEATRIZ ENTRA NO QUARTO, TIRANDO AS LUVAS, QUE JOGA EM UM CANTO.

PANTALEÃO - Olá, meu genro!

NO MESMO INSTANTE, BEATRIZ SALTA PARA A CAMA E SE COBRE

PANTALEÃO - O que houve?

PANTALEÃO SAI E BEATRIZ SE DESCOBRE. SUSPIRA ALIVIADA.

CENA 03. MILLSHIRE. ESTRADA. EXT. NOITE

TAKE DA PARTE DA ESTRADA MAIS PRÓXIMA DO SOLAR DE ARTHUR.

CENA 04. SOLAR. QUARTO DE HÓSPEDES. INT. NOITE

LEONARDO ESTÁ SOZINHO, SE PERFUMANDO DIANTE DO ESPELHO. ARTHUR

ELES FICAM SE ENCARANDO SÉRIOS POR UM INSTANTE.

LEONARDO - Eu a quero desde que a conheci; e eu estava quase

LEONARDO TOMA FÔLEGO E VAI CONTINUAR A FALAR, MAS SE CALA.

ARTHUR - Continue! [T] Creio que você ia dizer que eu vou

LEONARDO - [grita] Ela não ia suportar viver um dia sem as luzes

NA EXPRESSÃO IRRITADA DELE,

[1º intervalo comercial]

CENA 05. RUA. EXT. NOITE

SONOPLASTIA: Na dúvida – Ana Martins

PANTALEÃO - Onde a senhorita pensa que vai?

ELA SUSPIRA, IRRITADA, E SEGUE PANTALEÃO.

CENA 06. TURIM. EXT. NOITE

TAKE DE UMA RUA POUCO MOVIMENTADA DA CIDADE. SONOPLASTIA: Na

CENA 07. CASA DE FERNANDO. QUARTO. INT. NOITE

DANIELA ESTÁ SOZINHA, AJOELHADA JUNTO À CAMA, RASGANDO PAPEIS

FERNANDO - O que está fazendo aí, ajoelhada?

DANIELA FICA QUIETA POR UM INSTANTE.

DANIELA - Pena que não estamos em condições de exigir.

ELE SAI PARA O BANHO E DANIELA CONTINUA MEXENDO NOS PAPEIS

CENA 08. TURIM. EXT. NOITE/DIA

TAKE DA CIDADE AO AMANHECER. AS PESSOAS COMEÇAM A SAIR DE SUAS

CENA 09. CASA GOLDONI. SALA. INT. DIA

O LOCAL É RICAMENTE DECORADO, COM MUITAS PEÇAS DE PORCELANA;

CRIADA - Podem esperar aqui.

A CRIADA SE RETIRA. DANIELA COMEÇA A OLHAR EM VOLTA,

DANIELA - Não me disse que tinha clientes tão ricos!

CELINA - Bom dia, Fernando!

CELINA CONTINUA FALANDO, FORA DE AULA. NA ATENÇÃO DE DANIELA,

CENA 10. MILLSHIRE. EXT. DIA

TAKE DA CIDADE, JÁ BASTANTE MOVIMENTADA. SONOPLASTIA: Jogo 1 – Edu

CENA 11. CASA DE PANTALEÃO. SALA. INT. DIA

PANTALEÃO E BEATRIZ ESTÃO SENTADOS EM POLTRONAS, ESPERANDO EM

BEATRIZ - Bom dia, minha querida!

BEATRIZ LEVANTA, TOMA O BRAÇO DE CLARICE E OS TRÊS SAEM DA CASA.

CENA 12. SOLAR WHITFORD. SALA DE JANTAR. INT. DIA

ARTHUR TOMA UMA XÍCARA DE CAFÉ, SOZINHO. MATAMOUROS CHEGA E

MATAMOUROS - Bom dia!

ARTHUR FAZ CARA DE DESGOSTO AO OUVIR O NOME DO SOLAR.

CENA 13. SOLAR WHITFORD. JARDIM. EXT. DIA

SARAH E LEONARDO ESTÃO SENTADOS NA FONTE QUEBRADA. CONVERSA

LEONARDO - Queria que ele desistisse de Isabelle com a mesma

SARAH OLHA FEIO PARA ELE.