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Simão, também chamado Zelote, talvez por ter pertencido ao partido judeu dos zeladores
da Lei, era natural de Caná da Galileia. Judas, de cognome Tadeu (o valente), é apontado
explicitamente desde os começos, pela tradição eclesiástica, como o autor da Epístola de São
Judas. Pregaram a doutrina de Cristo, segundo parece, no Egipto, Mesopotâmia e Pérsia, e
morreram mártires em defesa da fé.
Dos dois grandes Apóstolos, Simão e Judas, cuja festa celebramos hoje,
chegaram-nos poucas notícias: de Simão, só sabemos ao certo que foi
escolhido expressamente pelo Senhor para fazer parte dos Doze; de Judas
Tadeu, sabemos além disso que era parente do Senhor e que, na Última Ceia,
formulou uma pergunta a Jesus – Senhor, qual é causa por que te hás de
manifestar a nós e não ao mundo?5 – e que, segundo a tradição eclesiástica, é
o autor de uma das Epístolas católicas. Desconhecemos onde foram
enterrados os seus corpos e não sabemos bem quais as terras que
evangelizaram. Não se preocuparam em levar a cabo uma tarefa em que
sobressaíssem os seus dotes pessoais, as suas conquistas apostólicas, os
sofrimentos que padeceram pelo Mestre. Pelo contrário, procuraram passar
ocultos e dar a conhecer Jesus Cristo. Nisso encontraram a plenitude e o
sentido de suas vidas. E, apesar das suas condições humanas, insuficientes
para a missão para a qual foram escolhidos, chegaram a ser a alegria de Deus
no mundo.
A voz dos Apóstolos, que ressoará até o fim dos séculos, foi o eco diáfano
dos ensinamentos de Jesus: os seus corações e os seus lábios transbordavam
de veneração e respeito pelas palavras do Senhor e pela sua Pessoa. Era um
amor que fazia Pedro e João exclamarem diante das ameaças do Sinédrio:
Não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos12.
São muitos os séculos que nos separam dos Apóstolos que hoje
celebramos. No entanto, a Luz e a Vida de Cristo que eles pregaram ao mundo
continuam a chegar até nós. “A luz de Cristo não se extingue! Os Apóstolos
transmitiram essa luz aos seus discípulos e estes aos seus, até chegar a nós
através dos séculos e até o fim dos tempos. Por quantas e quão diversas mãos
não passou essa luz! [...]. Devemos um grande reconhecimento a todos.
Também para nós – o rebanho que actualmente se aproxima dos pastos
divinos –, o Senhor previu os mestres, pastores e sacerdotes. Ele realiza por
meio desses pobres braços a maravilha da nossa salvação. Ele cuida de nós
com amor divino. Todas as estrelas reflectem o seu esplendor. Todos os mares
o cantam. Todos os céus o louvam”13. Não deixemos de fazê-lo também.
Esses homens estiveram com Jesus nas fadigas do apostolado, nas horas
de descanso, em que Ele lhes ensinava com voz pausada os mistérios do
Reino, nas caminhadas esgotantes sob o sol... Compartilharam com Ele as
alegrias quando a multidão acolhia a sua pregação, e as penas quando
notavam a falta de generosidade de um ou outro em seguir o Mestre. “Com que
intimidade se confiavam a Ele, como um pai, como um amigo, quase como a
sua própria alma! Conheciam-no pelo seu porte nobre, pelo cálido tom da sua
voz, pela sua maneira de partir o pão. Sentiam-se inundados de luz e
estremeciam de alegria quando os seus olhos profundos pousavam sobre eles
e a sua voz lhes vibrava aos ouvidos. Coravam quando os repreendia pela sua
pobreza de vistas, e, quando os corrigia, humilhavam os seus rostos curtidos
pelos anos, como crianças apanhadas em falta... Sentiam-se profundamente
impressionados quando lhes falava repetidamente da sua Paixão. Amavam o
seu Mestre e seguiam-no não apenas porque queriam aprender a sua doutrina,
mas sobretudo porque o amavam”16.
Peçamos hoje aos Apóstolos Simão e Judas que nos ajudem a conhecer e a
amar cada dia mais o Mestre, o mesmo a quem um dia seguiram, e que foi o
eixo em torno do qual girou toda a sua vida.
(1) Jo 2, 25; (2) O. Hophan, Los Apóstoles, pág. 16; (3) Mc 8, 17; (4) Josemaría Escrivá, É
Cristo que passa, n. 2; (5) Jo 14, 22; (6) Josemaría Escrivá, Forja, n. 1051; (7) Josemaría
Escrivá, Sulco, n. 555; (8) 2 Pe 1, 16; (9) 1 Jo 1, 1; (10) Lc 1, 3; (11) Act 2, 42; (12) Act 4, 20;
(13) O. Hophan, op. cit., pág. 46-47; (14) Mt 10, 27; (15) Act 1, 21; (16) O. Hophan, op. cit.,
pág. 25.