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ESTUDOS
DO
Preço: 1.500$00
ISSN: 0873-2019
1.2. Objectivos
2. Colaboradores
2.1. A Revista Estudos está aberta a todos os estudiosos e profissionais
dispostos a reflectir sobre quaisquer questões e experiências que
reforcem os valores humanos, aprofundem conhecimentos e
promovam a eficácia no desempenho das múltiplas tarefas exigidas
ao profissional saído do I.S.C.A.A., sem discriminação de
paradigmas teóricos ou de correntes de pensamento.
2.2. Os colaboradores naturais da Revista Estudos do I.S.C.A.A. são os
Docentes da Escola e seus diplomados, cujas páginas se podem
constituir em espaço privilegiado de divulgação dos seus trabalhos
académicos, após adaptação ao seu modelo editorial.
2.3. Não sendo uma revista para consagrados, acolherá, com gosto,
trabalhos de personalidades com prestígio no mundo da
contabilidade e vizinhos domínios científicos - podendo mesmo
solicitar a sua colaboração.
António Lopes de Sá
Professor Catedrático
Presidente do I.P.A. T.
Sumário
• Introdução
• A Estática e a Dinâmica do Capital
• A Velocidade dos Meios Patrimoniais
• Velocidade dos Elementos do Capital em Relação aos Sistemas de
Funções
• A Velocidade dos Sistemas de Funções Patrimoniais
• Velocidade e Universo Patrimonial
• Temporalidade Sistemática e Velocidade Eficaz
Introdução
7
quantitativa, isto é, nos seus elementos e nos seus componentes ou valores."1
Enquanto nos preocupamos, por conseguinte, com os elementos em si,
com a sua participação estrutural, propriedades funcionais, apenas, estamos
realizando estudos de natureza contábil que se ligam à Estática Patrimonial.
Os registos contábeis, como informações, em sua quase totalidade
referem-se a momentos determinados, como se a riqueza neles estivesse
imóvel.
A grande preocupação moderna, todavia, vem sendo exactamente a da
movimentação e não apenas a de situação inercial.
Isto demanda uma série prodigiosa e específica de estudos que se
situam no campo funcional e neste naquele circulatório.
1
MASI, Vicenzo - Stática Patrimoniale,vol. I, pag. 3, 3a edição, editor CEDAM, Pádua, 1945.
Ou seja:
(Ei + C) - Ef = Mo
Ou seja:
')
O repetir dessa sequência e de cada sequência circulatória é um giro do
elemento patrimonial que participa da transformação.
Circulação e giro não se confundem, pois, conceitualmente, em
doutrina contábil.
A circulação é a simples transformação de estado de um componente
da riqueza ou meio patrimonial, mas, o giro já é uma sucessão contínua
de circulações.
Logo:
a —> b= Ci
Logo:
10
Para fins didácticos, de maior esclarecimento, ainda, do que já foi
exposto, ampliemos os recursos de raciocínio sobre a matéria, com mais
exemplificações, apresentada sob outros ângulos, mas, também, válidos e
esclarecedores .
Admitamos, pois, a plena generalidade, aplicável a qualquer meio
patrimonial e a qualquer necessidade patrimonial, hipotetizando, em uma
linha, a imagem do fenómeno, da seguinte forma:
x+y
2
4
Dada a importância do fenómeno, para os teoremas que são desenvolvidos, não é demasiado
ampliar os ângulos de esclarecimentos sobre a questão.
5
Já que anteriormente apresentamos a fórmula, também válida, sob outro ângulo de enfoque:
n n
11
A universalidade confirma o aspecto científico da observação desses
fenómenos.
Por isto é licito falarmos de rotação ou giro de materiais, rotação ou
giro de produtos, rotação ou giro de créditos a receber, rotação ou giro de
dívidas, etc. , como aplicações dessa generalidade descrita.
Tal fórmula genérica pode comportar variações, como derivadas, mas,
não excluir-se-á, jamais, o carácter de generalidade que a mesma contém.
12
O tempo de um giro pode ser muito bom, portanto, para um sistema de
funções (como o da resultabilidade, exemplificado) e ser ruim para outro
sistema (como o da liquidez, também do exemplo).
Logo, como teorem, podemos enunciar:
E também:
13
Há um giro determinável para um sistema, decorrente da somatória dos
giros dos meios patrimoniais e daquela dos giros das necessidades
patrimoniais.
Admitamos um exemplo, com o sistema de liquidez.
Já falamos sobre as variedades que se operam entre os diferentes
movimentos, ou seja, há um giro das mercadorias, um giro dos créditos a
receber, por exemplo, e a somatória desses nos oferece, em regime de
média, um giro dos meios de pagamentos.
Há um giro de dívidas a Bancos, um giro de dívidas a fornecedores e a
somatória nos oferece, também, como base de média, um giro das
necessidades de pagamentos.
O confronto desses giros de meios e necessidades nos oferece a média
do giro da Resultante do sistema da liquidez.
Tudo, pois, em sentido dinâmico, oferece uma Resultante Dinâmica,
medida por giros (que são expressões dinâmicas).
Consideremos um exemplo prático:
Giro de estoques de 90 em 90 dias; admitindo que o valor dos estoques
demonstrados em balanço é de $900.000,00, teremos um giro diário de
$10.000,00.
Os dias de giro, referidos, são aqueles que se obtêm pela divisão dos
dias do período em estudo pelo quociente de rotação.
Quociente de rotação, repetimos, é o resultado do confronto do valor de
movimento pelo valor dos estoques médios inventariados.
Imaginemos uma situação de giro também de 90 em 90 dias para os
créditos a receber e um valor a receber de $1.800.000,00, demonstrado;
teremo, nesse caso, $20.000,00 por dia.
Os meios de pagamento diários seriam de $10.000,00 + $20.000,00,
produzindo uma realidade de entrada diária, em média de $30.000,00.
Suponhamos que dentro dos mesmos raciocínios a saída, por
pagamento de dívidas e obrigações, seja da ordem de $15.000,00, diários.
Esse valor, suposto, deriva-se, também, do mesmo critério de confrontos, ou
seja, o do valor demonstrado em uma situação, dividido pelos dias de giro.
Na década de 60, elaboramos a nossa Teoria da Liquidez Dinâmica, apresentada à Real Academia
de Ciências Económicas y Financeiras da Espanha, muito antes de elaborarmos a nossa Teoria das
Funções Sistemáticas do Património.
14
Conhecidos os meios de pagamentos em médias diárias de realizações e
as saídas por obrigações, também em médias diárias de exigibilidades, o
confronto desses factores nos oferece a resultante 8do sistema de liquidez.
O cotejo seria de realização média diária dos meios de pagamentos
contra exigibilidade média diária de desembolsos em dinheiro ou
pagamentos compulsórios médios.
A Resultante do sistema nos indicaria, pois, dentro desse regime de
velocidade e valores, um quociente dinâmico de 2, representativo da
velocidade do sistema de liquidez.
Tais exemplos práticos de apurações dinâmicas nos mostram a medida
da velocidade do sistema, a partir do confronto da velocidade média de seus
componentes.
Logo:
15
A velocidade com que os componentes de um sistema se movem é
que determina, pois, a dinâmica do Sistema e esta é uma medida de
eficácia ou de ineficácia, de acordo com cada caso e circunstância.
16
O grupamento em "circulante", "realizável", "permanente",
"imobilizado" e outras denominações, prende-se a esse aspecto, todavia, se
analisarmos a questão sob o ponto de vista dos sistemas de funções, essa
classificação, eminentemente financeira, pode sofrer modificações e não
pode ser tomada como base para encontrar-se a velocidade do Universo
Patrimonial.
Esta a razão pela qual, o critério tradicional de demonstrações não é
apto para os estudos científicos mais complexos e necessita ser adaptado e
até abandonado, sob certas circunstâncias.
A partida dobrada, absolutamente lógica e válida, oferece apenas
aspectos demonstrativos estáticos e relativos aos sistemas que enfoca e que
são os da Estabilidade (evidência das posições patrimoniais em face do
equilíbrio) e os da Resultabilidade (evidência das posições de resultados);
no máximo, e ainda insuficientemente, tem-se tentado demonstrações das
circulações, sem um êxito completo e sem uniformidade (por falta de apoio
doutrinário).
A abrangência das partidas dobradas não tem sido explorada, ainda,
com todos os recursos que pode oferecer.
Em realidade, o que denominamos débito e crédito, é apenas a
evidência de causa e de efeito de um fenómeno, sem a abrangência de
muitos outros aspectos das relações lógicas que envolvem a efectivação dos
fatos contábeis.
Para fins de decisões administrativas, de estudos de comportamento
científico da riqueza, as informações ainda são insuficientes, na forma
tradicional em que se realizam e onde a preocupação básica foi e ainda é a
legalidade apenas.
O Princípio contábil da "essência sobre a forma", buscou corrigir, em
parte, o problema, mas, longe está, ainda, de alcançar uma abrangência, em
face das limitações dos critérios de registros tradicionais.
Quando se estudam os fenómenos da velocidade, todavia, para
estabelecer os teoremas, como bases de teorias em Contabilidade, é preciso
aprofundamentos de muito maior expressão.
17
Temporalidade Sistemática e Velocidade Eficaz
O estudo das ciências se processa através das relações dos fenómenos
observados, em um curso lógico de raciocínios que conduz às proposições
lógicas.
Na metodologia moderna da pesquisa, a colecta de um grande número
de informações constitui o primeiro passo e segundo Bravo e Marques,
observar e conjecturar são elementos que devem estar coligados
fundamentalmente na busca das verdades.
Nos domínios contábeis observamos e podemos juntar razões que nos
confirmem que o tempo de maturação de uma função patrimonial parece ser,
de fato, aquele em que a prestação da utilidade, pelo meio patrimonial,
consegue anular a necessidade, promovendo a eficácia.
Tal tempo de produção da eficácia, entendo, é o da temporalidade
funcional do meio patrimonial.
Percebe-se que não basta o movimento, não é suficiente a velocidade no
tempo certo se a eficácia não se promove, ou seja, se tais dimensões não
suprem as necessidades de forma a anulá-las.
Esta a primeira verdade que na prática comprovamos quando, por
exemplo, os preços que formamos são aptos para conseguirem a colocação
tempestiva dos produtos e a produção do lucro pertinente.
Contrariamente, se o estoque é pesado e não se desfaz no tempo hábil
para produzir recursos de pagamentos, também, a temporalidade não se
cumpre satisfatoriamente, pois, aquela eficaz seria a que não oferecesse
comprometimentos na liquidez.
A temporalidade, pois, é um tempo natural de utilidade, competente
para gerar a eficácia.
Uma velocidade no tempo, pois, harmónica com as necessidades, é
condição importante para que a empresa possa cumprir os seus objectivos
sem maiores problemas.
9
BRAVO, Lúcio E. Gonzales e MARQUES, Gustavo - Metodologia de la investigación,
Editorial de Belgrano, Buenos Aires, 1996, página 61 e seguintes.
18
No contexto empresarial, por conseguinte, é preciso que tais '
temporalidades sejam harmónicas e ocorram em todos os sistemas,
produzindo a eficácia em cada um deles e de forma que cada um influa
positivamente sobre o outro.
A esse fenómeno atribuímos a denominação de Interacções Perfeitas,
em nossa teoria das funções.
E justo, pois, falar-se de uma velocidade eficaz que dimana de
interacções perfeitas entre sistemas de funções patrimoniais.
Isto implica admitir-se um conceito de "velocidades harmónicas",
gerando "temporalidades harmónicas".
De todo esse conjunto de observações e raciocínios, com a produção de
conceitos definidos, pode-se construir o "Teorema da Temporalidade e
Velocidade Eficaz", cuja proposição lógica é a seguinte:
19
Bibliografia
ALUJA, Jaime Gil, La estimación de magnitudes económicas en el
processo de inversion, in "Anales", edição da Real Academia de Ciências
Económicas y Financieras, Barcelona, 1996
AMADUZZI, Aldo, II sistema dell'imprese nelle condizioni
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BIONDI, Mário, Tratado de Contabilidad Intermedia e Superior, 4a.
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BRAVO, Lúcio E. Gonzales e MARQUES, Gustavo, Metodologia de la
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SCHMALENBACH, Eugen, Dynamische Bilanz, edição G.A.
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WITTE, Eberhard, Die Liquiditàtspolitie der unternehmung, edição
J.C.B. Mohr, Tubingen, 1963
:>.()
A Associação Comercial de Aveiro - contributo para
uma história de 130 anos*
Este trabalho evadiu-se do seio de um projecto para ser acolhido no âmbito de uma
Comemoração pela qual sobreviveu.
Permito-me transferi-lo, para um novo espaço, quase intacto - o que não quer dizer
imóvel, pois há certezas reforçadas, dúvidas que resistem , opacidades não vencidas e, até,
novas expectativas - , apesar da tessitura viável com as linhas de pesquisa sugeridas, que se
cruzam nesta rota de elite - a d'A Associação Comercial de Aveiro - , concebida e traçada por
elites regionais em consonância com ideais e interesses nacionais, que lhe emprestam toda a
sua espessura histórica.
Não se trata, ainda, da merecida história de uma prestigiosa Associação mais que
secular. Permanece um esforço no sentido de, a partir de informações e reflexões, tecidas
assumidamente com base na documentação produzida pela instituição - de valor histórico
inegável - , construir uma visão global que, sendo lacunar, não ultrpassa o período em que o
grémio aveirense se mantém autónomo, isto é, antes da sua integração no Estado Corporativo.
O título que escolhi para a palestra comemorativa - e que mantenho - espelha essa limitação.
Reitero aos Ex.mos Srs. António G. Videira e Milton S. Santos - digníssimos Presidente
e Secretário, respectivamente, desta prestigiosa Associação - os meus mais sinceros
agradecimentos pelo apoio efectivo que me concederam, nomeadamente pela forma aberta e
digna como fui acolhido naquela casa, onde trabalhei com prazer, pelo interesse com que
acompanharam a realização deste trabalho e o entusiasmo com que o receberam - , bem
expressos na publicação de uma Separata do Boletim Informativo da A. C. A. (nc101),
destinada aos sócios.
21
Sumário
1. Liberalismo e Movimento A ssociativo
2. Condições da Criação da Associação Comercial de Aveiro
3. Caracterização da Associação Comercial de Aveiro
4. A Associação Comercial de Aveiro e o Desenvolvimento Económico
Regional
4.1. O complexo lagunar
4.2. Fomento agrícola e Programa da Junta das Obras da Barra
4.3. Criação de gado
4.4. Comércio e transportes
4.4.1. O Canal de S. Roque
4.4.2. A Linha do vale do Vouga
4.5. Movimento A ssociativo
4.6. Ensino, Formação e Cultura
Concluindo
Anexos
■ 22
1. Liberalismo e Movimento Associativo
O processo de implementação do Liberalismo em Portugal tropeça nas
associações profissionais especializadas, as corporações do Antigo Regime,
e sacrifica-as aos princípios do individualismo e do liberalismo económico:
o Decreto que o Rei Soldado subscreve em 7 de maio de 1834 invoca o facto
de não se coadunarem com os princípios da Carta Constitucional e de
constituírem "outros tantos estorvos à indústria nacional que para medrar
muito carece da liberdade que a desenvolva e da protecção que a defenda"1.
1
Santos, Fernando Piteira, Direito de Associação, in Joel Serrão (Dir. de), Dicionário de
História de Portugal, vol. I Porto, Iniciativas Editoriais, 1971, p. 237.
2
Ferreira, Silvestre Pinheiro. Projecto de Associação para o Melhoramento da Sorte das
Classes Industriosas, in Maria Beatriz Nizza da Silva, Silvestre Pinheiro Ferreira: Ideologia e
Teoria, Lisboa, Livraria Sá da Costa, 1975, pp. 243 e ss..
3
Nogueira J.F.Henriques, Estudos sobre Reforma em Portugal, in Santos, Fernando Piteira,
Direito de Associação, in Joel Serrão (Dir. de), Dicionário de História de Portugal, vol. I
Porto, Iniciativas Editoriais, 197lp. 237.
4
Oliveira, César, O Socialismo em Portugal - 1850 - 1900, Porto, Afrontamento, 1973,
passim.
23
classe comercial, uma das mais numerosas, é aquela que mais tem
compreendido o princípio da associação, e a tem firmado em bases sólidas"5.
Não se pode estranhar esta realidade: os comerciantes têm uma tradição
associativa e no modelo económico da Regeneração, que se impõe na 2.a
metade de oitocentos, o comércio, a par da agricultura de exportação,
prevalece sobre a indústria6.
As associações comerciais vão surgindo, mesmo sem cobertura legal,
ao ritmo da evolução do processo económico capitalista e da tomada de
consciência local de que a sua formação pode contribuir para a defesa dos
interesses sindicados, para o progresso regional e o fomento nacional.
5
Goodolphim, Costa, A Associação, Lisboa, Seara Nova, 1974, p. 98.
Pereira, Miriam Halphern, Livre Câmbio e Desenvolvimento Económico - Portugal na
Segunda metade do sec. XIX, Lisboa, Cosmos, 1971, passim; Idem, Política Económica -
Portugal Secs. XIX e XX, Livros Horizonte, Lisboa, 1979, pp. 9 e ss..
Justino, David, A Formação do Espaço Económico Nacional. Portugal 1810 - 1913, vol. 1,
Vega, 1988, pp. 208 e 209. Obra fundamental para a compreensão da estrutura do espaço
económico português no período considerado.
24
cereais panificáveis em que Aveiro é deficitário, fornece-lhe o sustento -
milho, feijão, batatas, legumes, carne, pelo menos no interior - e ainda
alguns produtos de exportação, como as madeiras de pinho, e alguns
minérios, como as pirites8. Contudo, a parte mais dinâmica da sua economia
deriva desse conúbio genesíaco entre o mar e a terra - a Ria de Aveiro - ,
autêntica fábrica de sal, peixe e moliço, cuja produtividade se prende com o
estado da Barra.
Aveiro carrega, desde longa data, essa consciência aguda de que a sua
prosperidade depende do bom equilíbrio do complexo lagunar .
Nos finais do Século XVIII e princípios do século XIX o assoreamento
da Barra dificulta o acesso ao mar e a laguna corre o risco de se transformar
num pântano miasmático, junto ao qual a cidade poderia definhar.
A sua grande riqueza, a produção de sal, estava gravemente ameaçada,
representando apenas 1,2% da produção nacional, pois das 500 marinhas
existentes, apenas 188 estavam em funcionamento1".
Após porfiados esforços, a Barra é aberta em 1808, mas a falta de
sequência das obras de fixação dos areais não chega para dinamizar as
actividades da Ria.
A seguir à vitória liberal, os 3.000$00 reis de rendimento apurados na
Alfândega de Aveiro são modestos se comparados com os 34.885$00 reis da
Figueira da Foz ou com os 22.000$00 reis de Viana do Castelo, para não
falar do 1.087.474$00 reis da alfândega do Porto - se bem que à frente de
Esposende, Vila do Conde, Monção, etc. - isto é, ocupava o 3.° lugar entre
as alfândegas do Norte".
Justino, David, Problemas de História dos Preços: o Sal e o milho no mercado de Aveiro
(1862 - 1931), in Revista de História Económica e Social, Dir. de Vitorino Magalhães
Godinho, Julho/Dezembro, n.° 2 Lisboa, Sá da Costa, 1978, pp. 29 e ss. .
9
Gaspar, João Gonçalves, Aveiro - Notas Históricas, Ed. Da Câmara Municipal de Aveiro,
1983, pp. 97 e s s e 117 ess..
Justino, David, Problemas de História dos Preços: o Sal e o milho no mercado de Aveiro
(1862 - 1931), in Revista de História Económica e Social, Dir. de Vitorino Magalhães
Godinho, Julho/Dezembro, n.° 2 Lisboa, Sá da Costa, 1978, p. 31.
" Senão, J. Veríssimo, História de Portugal, Vol. VIII, Lisboa, Verbo 1986, pp. 288 e 289.
25
A nova ordem liberal, para a qual Aveiro contribui com os seus
mártires , vai apoiar o desenvolvimento da Região. As obras da Barra
iniciam-se sob o comando do engenheiro António Gonçalves Chaves, que
apoia o risco de nivelamento do Cértima, enquanto é posta a concurso a
empreitada de encanamento do Vouga até São Pedro do Sul13.
26
do Douro até Ovar, tornando a Ria de Aveiro navegável até Mira ou ainda
mais longe, e o Vouga até S. Pedro do Sul"16.
A praça de Aveiro compreende os objectivos da Foz do Douro e os
riscos do projecto: acesso directo à província da Beira e forte concorrência
no seu espaço comercial. Como alternativa a tal melhoramento, Aveiro
propõe um maior empenhamento do Governo nas obras da Barra e bate-se
pela recuperação do selo da sua alfândega - que lhe fora retirado, como,
aliás, a outros portos do Norte, por alvará de 22 de Novembro 1774, sob
pretexto de uma verificação mais eficaz dos fluxos aduaneiros - , cujo
monopólio o Porto forceja por conservar17.
Começam a esboçar-se as condições para o aparecimento de uma
associação comercial: Aveiro, afastado do comércio externo, acantonado
junto ao mar no seu anfiteatro natural, quase isolado por terra, com a
segunda maior potência comercial a disputar-lhe o seu natural espaço
económico, não poderia ficar indiferente, nomeadamente os seus
comerciantes, que devem ter começado a pensar numa organização mais
eficaz da sua defesa.
16
Idem, Ibidem, p. 268.
17
Idem, Ibidem, p. 209.
18
Gaspar, João Gonçalves, Aveiro - Notas Históricas, Ed. Da Câmara Municipal de Aveiro,
1983, p. 152.
19
Justino, David, Problemas de História dos Preços: o Sal e o milho no mercado de Aveiro
(1862 - 1931), in Revista de História Económica e Social, Dir. de Vitorino Magalhães
Godinho, Julho/Dezembro, n.° 2 Lisboa, Sá da Costa, 1978, p. 31.
20
Serrão, Joaquim Veríssimo, História de Portugal, Vol. IX, Lisboa, 1986, Verbo, p. 213.
27
Aveiro, com uma única saída por terra - a estrada que passava ao lado
da fonte dos Amores rumo à Palhaça, Mamarrosa, Cantanhede, Coimbra -
consegue ver concluída, antes da década de setenta, a sua rede viária básica.
Na década de cinquenta, fica ligada à via rodoviária Lisboa - Porto; o
troço Aveiro - Albergaria (1854), continuando em 1863 - 1864, seguirá para
Viseu; em 1856 fica riscada a estrada que liga Aveiro - Penacova por
Oliveira do Bairro, Malaposta, Anadia e Luso; em 1861 está concluída, pela
Gafanha da Nazaré, a ligação ao forte da Barra que, pouco depois, seguirá
para a Barra e Costa Nova do Prado; em 1862 arranca a estrada que, por
Eixo, Eirol, Travassô aproxima Aveiro de Águeda, para depois seguir rumo
à Covilhã, via Tondela - , não sem que antes, 1869, tenha surgido a variante
que, com três pontes de ferro, une Eixo a São João de Loure. A ligação ao
sul do Distrito, a única que faltava, arranca em 1867 por Ílhavo, Vagos e
Mira - - um concelho que, em 1855, fora trocado, com Coimbra, pelo da
Mealhada.
A ligação ao Norte e ao Sul do País ficará reforçada com o bem
sucedido apoio de José Estevão, que aproximou de Aveiro o traçado do eixo
ferroviário Lisboa - Porto: em 1863 é inaugurada a ligação ao Norte,
aperfeiçoada com a conclusão da ponte Maria Pia, em 1877; a ligação
efectiva-se em 1864, após aterro do Cojo21
21
Gaspar, João Gonçalves, Aveiro - Notas Históricas, Ed. Da Câmara Municipal de Aveiro,
1983, pp. 163 ess..
28
legais para prover como mais convier à prosperidade deste importante ramo
de riqueza nacional" no espaço económico do Distrito, ao mesmo tempo que
recusa a "discussão ou ingerência em quaisquer assuntos alheios aos
interesses mercantis"22.
~~ Estatutos da Associação Comercial de Aveiro e seu respectivo Regulamento, 3.a parte, Art.
1.°, 2." e 4.°, Aveiro, Minerva Central, 1895, p. 3
Goodolphim, Costa, A Associação, Lisboa, Seara Nova, 1974, p. 108. O autor refere 32
associados, mas os documentos da Ass. referem 35.
Gaspar, João Gonçalves, Aveiro - Notas Históricas, Ed. Da Câmara Municipal de Aveiro,
1983, p. 146.
Associação Comercial de Aveiro, Relatório e Contas do Ano de 1896, Aveiro, Minerva
Central, 1897, p. 5. Aí se refere que S. C. Lima foi sócio fundador e várias vezes presidente
da Direcção da Ass. Com. de Aveiro.
26
Goodolphim, Costa, A Associação, Lisboa, Seara Nova, 1974, p. 196.
29
encargos a Associação se dispõe a assumir através do lançamento de um
imposto, cerca de 3 contos anuais, sobre o fluxo comercial da Barra27.
30
para o mercado colonial, os trabalhadores debatem-se com a queda brutal
dos salários reais; e, finalmente, a crise ideológica, bem patente no
desencontrado fervilhar de ideias em busca de soluções que o
republicanismo promete conseguir com uma força quase mística, que se
torna a base do seu triunfo político.
31
facto que parece significar a recusa do princípio sindical da irredutibilidade
de interesses dos diferentes grupos sociais que se vinha instalando na
sociedade portuguesa. A ausência de uma referência estatuária à Navegação,
se não deixa de significar o arrefecimento da mística colonial, a 15 anos do
Ultimatum, bem pode envolver uma tomada de consciência de que mais
importante do que o mercado colonial seria para Aveiro o mercado nacional
e europeu, nomeadamente o espanhol, pois seria mais difícil esperar destes a
absorção dos seus excedentes - produtos da Ria, carne, produtos hortícolas e
pomícolas - do que do mercado colonial, quase só receptivo aos nossos
vinhos e a alguns têxteis.
31
Estatutos da Ass. Com. e Industrial de Aveiro, Aprovados em Sessão Ordinária da Assem-
bleia Geral de 18 de Fevereiro de 1904, e ratificados em Sessão de 29 de Dezembro do
mesmo ano, Aveiro 1905, Art. 3.°, § 5, Minerva Central, 1905, folha 3.
" Estatutos da Associação Comercial de Aveiro e seu respectivo Regulamento, 3.a parte, Art.
1.", 2.° e 4.°, Aveiro, Minerva Central, 1895., Regulamento Art. 1 § 1.
"Estatutos da Ass. Com. e Industrial de Aveiro, Aprovados em Sessão Ordinária da Assem- -
bleia Geral de 18 de Fevereiro de 1904, e ratificados em Sessão de 29 de Dezembro do
mesmo ano, Aveiro 1905, Art. 3.°, § 5, Minerva Central, 1905, Art. 49°, folha 16.
32
mercante, os gerentes ou agentes e correspondentes dos bancos e
companhias e, excepcionalmente, os indivíduos que não pertencendo à
classe comercial e industrial se recomendem pela sua instrução e
probidade", 34 mesmo sem "serviços relevantes prestados ao comércio e
indústria do Distrito", como exigia o Regulamento de 1895. Além disso,
mantém a categoria de sócio correspondente - "os que residindo fora de
Aveiro contribuíram com informações, esclarecimentos ou quaisquer
serviços de utilidade para com o comércio e indústria locais» - e cria a
categoria de sócio honorário - "os indivíduos que prestarem serviços
relevantes ao comércio e indústria desta cidade" (Art.° 4.° § 2 e 3).
Esta abrangência, se tem como objectivo primordial revitalizar a
associação, dando-lhe força representativa, põe a descoberto a mobilidade
da sociedade portuguesa, na qual novos grupos socio-económicos adquirem
estatuto invejável; e revela que , mesmo em associações de classe, as
solidariedades horizontais podem conviver com as verticais, isto é, a
consciências de classe define-se mais pela convergência de interesses do que
pelas relações de propriedade.
33
Estes dois órgãos, dentro do princípio da separação de poderes,
aparecem totalmente distintos, deixando o Presidente e o Secretário da
Direcção de acumular os mesmos cargos na Assembleia Geral.
A gestão é assegurada gratuitamente, por dever dos sócios, e os
serviços auxiliares dispõem apenas de um cobrador, que assegura a
percepção das quotas, e de um escriturário, que se encarrega do expediente,
mas apenas desde 1901, ano em que a Associação tem sede própria, em
prédio alugado3'.
35
A. C. A., Livro de Actas da Direcção da A. C. A., Sessão de 25/10/1901.
36
A. C. I.A., Relatório da Associação Comercial e Industrial de Aveiro, Ano de 1905,
Minerva Central, 1906, pp. 7, 9 e ss.. Relatório da Direcçaão da Ass. Com. e Industrial de
Aveiro - Ano de 1908, Aveiro, Minerva Central, 1909, p. 27.
34
seguimento "por julgar de carácter estranho aos fins da associação"37.
Idêntica recusa espera o pedido de Apoio da Associação de Lojistas de
Lisboa para uma representação sobre a questão académica e os actos
ditatoriais do governo38.
Esta isenção não a inibe de apoiar ou Promover festas cívicas e
religiosas ou recepções a monarcas e membros do governo, com frequentes
deslocações a Aveiro, nesta viragem do século.
37
A. C. A., Livro de Actas da Direcção da A. C. A., Sessão de 09-04-1901.
38
A. C. I. A., Livro de Actas da Direcção da A. C. e I. De Aveiro, Sessão de 27-05-1907.
39
Gaspar, João Gonçalves, Aveiro - Notas Históricas, Ed. Da Câmara Municipal de Aveiro,
1983, pp. 188 e 189.
40
A. C. I. A., Livro de Actas da Direcção da A.C. I. A., Sessão de 05-02-1913.
41
Idem, Ibidem, Sessão de 16-01-1919.
35
Os Estatutos de 193142, embora decalcados, pelos de 1905, retiram aos
indivíduos "ilustrados e probos", alheios à actividade comercial e industrial,
o direito de serem sócios efectivos, isto é, de participarem activa e
directamente na orientação da associação - restrição que, mais do que uma
nova consciência de classe, significa a vontade de reservar o espaço
associativo às questões profissionais.
Estes são ainda os Estatutos de uma Associação autónoma, mas, já em
Julho de 1930, o Dr. Salazar lhe permitia adivinhar o seu lugar, após a
revolução política em curso: " a expressão mais fiel do que qualquer outra
do sistema representativo" deve passar pela "intervenção directa dos
organismos componentes da nação - família, freguesias, municípios e
corporações" - na "constituição dos corpos supremos do Estado"43.
Vem aí a Constituição de 1933, o Estatuto do Trabalho Nacional e a
legislação complementar, que erguem o Estado Social e Corporativo, em
cuja arquitectura, a colectividade aveirense, metamorfoseada em Grémio do
Concelho de Aveiro, a custo se acomoda.
36
espécie de marasmo que por tantos anos tem tolhido o seu natural
desenvolvimento"45.
37
preciosa ajuda na regulamentação da pesca da sardinha nas diferentes
regiões do País50.
A operacionalidade do porto de abrigo e a navegabilidade dos canais da
Ria merecem-lhe a maior vigilância. Reclama, e vai conseguir, a
permanência de um rebocador, a reforma do "Corpo de Pilotos da Barra",
com Estatutos aprovados desde 1905, a vinda de uma draga e material
complementar" - esse benefício do maior alcance económico"51 - , a limpeza
do canal que conduz a Ovar e o Cais dos Mercanteis, usado para a descarga
do pescado vindo do litoral.
A Associação luta ainda por um plano de prioridades na execução das
obras da Barra que privilegie "os trabalhos de que resultasse não só uma
utilidade imediata, mas que melhor satisfizessem as conveniências do
movimento marítimo da Ria", cujo critério esbarra com "a pertinaz e
caprichosa obstinação do chefe das obras"52, técnico dos Serviços
Hidráulicos.
38
considera "um grande passo dado para a prosperidade e regeneração
económica da nossa terra"53.
39
base em experiências lançada nas terras dos agricultores mais inteligentes,
desenvolvam uma acção geradora de disposições críticas favoráveis à
adopção dos modernos processos agrícolas54.
A. C. A., Relatório da Dir. da Ass. Com. e Ind. de Aveiro no ano de 1899, Aveiro, Minerva
Central, 1900, pp. 5 e ss..
55
Idem, Ibidem, p. 23
56
Idem, Ibidem, p. 23
40
A concretização deste projecto envolve uma reserva significativa: a
desconfiança em relação ao Estado-empresário, como agente da sua
realização. A comparação que adianta entre baixa rendibilidade do projecto
silvícola estatal da Torreira e o projecto de valorização das Gafanhas,
"executado por um limitado número de colonizadoras rudes e analfabetos,
mas habilmente dirigidos"57, cujos terrenos, ao fim do primeiro ou segundo
ano, conseguem altos níveis de produtividade, é acompanhada de acerada
crítica à capacidade empresarial do Estado.
O poder central já conhece o recado: a Associação, em consonância com
as aspirações locais, privilegia a descentralização, a iniciativa privada, com
base no contrato, e considera que o processo de desenvolvimento de Aveiro,
nomeadamente o do complexo da Ria , passa pela orientação de uma
entidade local - A Junta das Obras da Barra - , à qual se destina, penso, este
programa de colonização dos areais do litoral.
3/
Idem, Ibidem, p. 18
A C. de A. , Relatório da Direcção da Ass. Com. de Aveiro no ano de 1897, Aveiro, Tip.
Comercial, 1898, p. 51.
41
durante a Feira de Março, dia 25, que, após a feira da madeira, se vê de novo
alargada.59
Este mercado, inaugurado a 25 de A bril de 1899, apesar de
"desanimado e escasso", não lhe retira o mérito de iniciar as mostras do
gado bovino, desde 1914 - 24 e 25 de Julho - , alargadas ao gado cavalar e
lanígero, criando a A ssociação, para cada uma das espécies, um prémio
pecuniário no valor de 10 escudos60.
59
A. C. A., Relatório da Direcção da Ass. Com. d'Aveiro no Ano de 1900, Aveiro,Minerva
Central, 1901 p. 17.
60
A. C. I. A. Relatório da Direcção da As. Com. e Industrial de Aveiro - Gerência do Biénio
de 1913 e 1914, Aveiro, Minerva Central, 1915, p.34; Livro de Actas da Direcção, Sessão de
09.07.1914.
61
A.CA., Relatório da Direcção da Associação Comercial de Aveiro no Ano de 1898,
Aveiro, Minerva Central, 1899, pp. 16 e ss..
42
O ano de 1899 assiste à aprovação parcial do projecto: o alargamento
do canal e a estrada iniciam-se com a concessão de 3 contos . O ramal
ferroviário exige uma luta prolongada: a Associação demonstra à
Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses a rendibilidade do
projecto e, "dada a garantia de lucros"63, ameaça promover a criação de uma
companhia que se proponha construí-lo e explorá-lo; ao Rei D. Carlos é
representado que "seria um verdadeiro atentado ao progresso e prosperidade
dos povos" travar a construção do ramal .
Tudo em vão: o Tesouro exauriado e o receio dos particulares
inviabilizaram a obra65. A República veio a reconhecer o seu interesse, mas,
ao nível da concretização, apenas se conseguiu um pequeno ramal, sem
qualquer funcionalidade, condenado a desaparecer .
Nos finais do século XIX, o País tem uma rede viária, nomeadamente
ferroviária, aceitável. Aveiro está ligada a essa rede e pode levar os seus
produtos até à Europa... ou ficar-se apenas pela Espanha, mas a Associação
Comercial de Aveiro quer uma linha de penetração no interior que melhor
defina o seu espaço comercial.
Quando em 1899 toma conhecimento de que o projecto de via reduzida
Aveiro-Viseu, já estudado, aprovado e concessionado desde 1896, está
ausente do "Plano de Viação Acelerado", lançado pelo Governo, não hesita
mobilizar todos os meios ao seu alcance, incluindo o comício público, para
viabilizar a execução da obra67.
Numa representação ao Rei, ao mesmo tempo que exalça as vantagens
dessa via de penetração no interior, acusa que tal "preterição representa uma
injustiça na distribuição dos benefícios públicos". E, numa clara consciência
do que está em jogo no processo de estruturação da rede viária, adianta: "a
62
A. C. A., Relatório da Direcção da A C. A., Ano de 1899, Aveiro, M. Central, 1900, p. 25.
63
Idem, Ibidem p. 43.
64
Idem, Ibidem p. 47.
65
Idem, Ibidem p. 22.
66
A. C. e I. de Aveiro, Relatório da Direcção da As. Com. e Industrial de Aveiro - Gerência
de 27 de Julho de 1911 a 31 de Dezembro de 1912, Aveiro, Minerva Central, 1913, p. 20;
Relatório da Direcção da As. C. e Industrial de Aveiro - Gerência do Biénio de 1913 - 1914.
Aveiro, Minerva Central, 1915, p. 35
67
A. C. A., Livro de Actas da Direcção da A. Com. de Aveiro, Sessão de 24.12.1899.
43
zona natural de Aveiro, limitada pelo Vouga e montanhas que o ladeiam,
perde capacidade de concorrência que os novos meios de comunicação
determinam"68.
Após vicissitudes várias o melhoramento é aprovado pelo Governo de
Luciano de Castro (1905), "a cujos esforços se deve a aprovação final"69
pelo Parlamento.
A Associação mantém-se atenta à execução da Obra, tendo nela
intervenções decisivas: apoia um novo traçado, que favorece Eixo e
Águeda70, e desencadeia a reacção de Aveiro à disposição de a companhia
concessionária, ao arrepio do que ficara combinado, se preparar para dar
prioridade ao terminal de Espinho, facto que ameaçaria, com a sua
concorrência, o comércio do pescado de Aveiro na Beira Interior71.
44
transporte representa aumento de valor da mercadoria"74; desvela-se no
esforço desenvolvido para fazer baixar o preço das tarifas, que, conjugadas
com as mais baixas praticadas no Vale do Mondego, ameaçam o comércio
de Aveiro; e patenteiam-se, ainda, nas oportunas reclamações contra a
injusta concorrência dos vendedores ambulantes.
45
Comerciais e Industriais, nele se fazendo representar através de 2 delegados,
Dr. Alberto Souto e António Maria Marques da Costa, aquando da sua
realização, de 2 a 7 de Maio de 191477.
Não lhe escapa a atitude do associativismo patronal face ao surto do
movimento operário que, em 1914, sob o signo do sindicalismo
revolucionário, cria em Tomar a União Operária78. As suas reacções contra
as greves são decididas e organiza em Aveiro, diante do Governo Civil, uma
jornada de luta contra a lei das 8 horas de trabalho, uma das conquistas do
movimento operário, acentuando a forma gravosa como estava a ser
implantada. Apoia, pelo menos desde 191979, os trabalhos preparatórios do
1.° Congresso das Associações Patronais que a Confederação Patronal
Portuguesa, aparecida em 1921, sendo uma das 60 Associações
representadas80.
77
A. C. I. A. Relatório da Direcção da A. C. I. A. - Gerência do biénio de 1913 e 1914,
Aveiro, Minerva Central, 1915, p. 33; Livro de Actas da Direcção da A. C. I. A., Sessão de
12.04.1914.
78
Oliveira, César, A Criação da União Operária Nacional, Porto, Afrontamento, 1973.
79
A. C. I. A., Livro de Actas da A. C. I. A., Sessão de 04.12.1919.
80
Marques, A. H. de oliveira, (Dir. de), História da 1.° República Portuguesa - as Estruturas
de Base, Lisboa, Iniciativas Editoriais, 1978, p. 408.
81
A.C. A., Relatório da Dir. da A. C. A. no Ano de 1900, Aveiro, M. Central, 1901, p. 21.
46
as colónias, onde "os estrangeiros concorrem bem armados de saber, capitais
e protecção das respectivas nações"82.
Em 1907, quer transformar a escola Fernando Caldeira, - já alargada
por influência da Associação com a disciplina de Desenho decorativo, "um
precioso instrumento de Educação"83 - , dotando-a com o ainda não
conseguido Curso Elementar de Comércio e com oficinas de carpintaria e de
cerâmica, actividades propícias à aplicação prática do Desenho84 - um eco da
influência das "Escolas de Aplicação Alemãs" que, com reflexos na
pedagogia Sergiana, deslumbravam a elite pedagógica do País.
O interesse da República pelo Ensino Profissional - e a teimosia dos
aveirenses, nomeadamente do Dr. Alberto Souto - trouxe a Aveiro o Curso
Elementar de Comércio (1913-1914), mas o Curso de Pilotagem, igualmente
aprovado, encontra no Senado resistências insuperáveis.
82
Idem, bidem, pp. 20 e 21.
A. C. A., Relatório e Contas do Ano de 1896, Aveiro, Minerva Central, 1897, pp. 10 - 11.
4
A. C. I. A., Relatório da Direcção da A. C. I. A., Ano de 1907, Minerva Central, 1908 p
22
85
A. C.I.A., Livro de Actas da Direcção da A.C.I.A., Sessão de 10.02.1905
86
A. C. I. A., Relatório da Direcção da A. C. I. A. - Gerência do biénio de 1915e 1916
Aveiro, Minerva Central, 1918, p. 35
87
A. C.I.A. Relatório da Direcção da A. C. I. A. - Gerência do biénio de 1913 e 1914, Ano de
1908, Aveiro, Minerva Central, 1915, p. 24.
47
nomeadamente a aquisição de livros, merece-lhe especiais cuidados:
esforça-se por mobilizar "todos os que trabalham na República das letras",
solicita à Câmara a inscrição de uma rubrica orçamental de 50$00 reis
anuais e cativa 15% da sua receita média ordinária - facto inédito, onde se
colhe a importância atribuída a uma iniciativa que se perde nas vicissitudes
políticas da mudança de regime88.
A.C.I.A., Relatório da Dir. da A.C.I.A., Ano de 1908, Aveiro, Min. Central, 1909, p. 24.
48
do Poder, sempre vigilantes e dispostas a apoiar as justas aspirações dos
seus conterrâneos; e, finalmente, a inteligência com que a colectividade
aveirense soube evadir-se de uma acanhada visão corporativa e inserir as
suas propostas, de cunho vincadamente regional, na estratégia de
desenvolvimento nacional.
49
ANEXOS"" :
50
I. Estatutos da Associação Comercial de Aveiro90
Capítulo I
Da Formação, objecto efins da Associação
Artigo 1.° - A Associação Comercial de Aveiro é a reunião de todos os
comerciantes nacionais e estrangeiros da mesma cidade, legalmente
admitidos.
§ 1.° - A admissão é regulada pelos presentes estatutos.
§ 2.° - O associado pode ser expulso por deliberação da Assembleia
Geral, e sobre exposição motivada da Direcção.
Artigo 2.° - O objecto desta Associação é de promover o
desenvolvimento do comércio desta cidade e do distrito, indagando as suas
necessidades, e procurando todos os meios legais para prover como mais
convier à prosperidade deste importante ramo de riqueza nacional.
Artigo 3.° - Os negócios da competência da Associação serão tratados e
decididos em Assembleia geral, ou pela Direcção.
Artigo 4.° - É defesa a discussão ou ingerência em quaisquer assuntos
alheios aos interesses mercantis.
Capítulo II
Da Assembleia Geral
Artigo 5° - A Assembleia Geral reunir-se-á todas as vezes que for
convocada pela direcção, ou quando a sua convocação for requerida por
quatro ou mais associados.
Artigo 6.° - As suas decisões formam-se pela pluralidade absoluta dos
membros da Associação, que se acharem presentes.
Artigo 7.° - Haverá reunião da assembleia geral no dia 15 de Janeiro de
cada ano, para proceder à eleição do Presidente e Vogais da Direcção.
Artigo 8.° - Compete à mesma Assembleia:
1.° - Aprovar ou rejeitar os projectos ou propostas que lhe forem
apresentados pela Direcção ou pelos associados, sobre quaisquer assuntos de
que possa resultar utilidade ao comércio, e bem assim as petições,
representações ou queixas sobre matérias comercias de interesse geral, que
hajam de ser dirigidas pela Associação aos poderes superiores do Estado;
51
2.° - Votar a soma precisa para custeamento das despesas ordinárias da
Associação, ou quaisquer outras que houverem de efectuar-se.
Artigo 9.° - A Associação Comercial de Aveiro não reconhecerá como
representação do comércio desta cidade, senão aquela que for aprovada e
dirigida pela Assembleia Geral.
Capítulo III
Da Associação
Artigo 10.° - A Associação é representada pela Direcção, composta de
Presidente, Secretário e três Directores, eleitos por escrutínio secreto dos
associados presentes.
Artigo 11.° - São válidas as decisões da Direcção da Associação
Comercial de Aveiro que forem tomadas por três dos seus membros.
Artigo 12.°- Pertence á Direcção:
1.° - Toda a administração económica da Associação;
2.° - A eleição do Tesoureiro, que será um dos Directores;
3.° - Nomear os serventes necessários, arbitrar-lhes ordenados e
regular-lhes as obrigações;
4.° - Prover nos casos urgentes em benefício do Comércio;
5.° - Dar execução e seguimento às resoluções da Assembleia Geral.
Art.° 13.°- A Direcção entreterá correspondência com todos os portos
nacionais e estrangeiros que julgar conveniente.
Art.° 14.° - A Direcção reunir-se-á uma vês cada mês; além desta
reunião mensal, haverá sessão extraordinária da Direcção, todas as vezes
que for mister.
Art.° 15° - O Presidente e Secretário da Direcção exercem
cumulativamente os mesmos cargos nas reuniões da Assembleia Geral da
Associação.
Art.° 16.° - A Direcção funciona por espaço de um ano, e pode ser
reeleita.
Art.° 17.° - A Direcção cessante apresentará um relatório da sua
gerência à Associação reunida por ocasião de proceder à eleição da nova
Direcção.
52
Capítulo IV
Dos direitos e deveres dos associados
Art.° 18.° - Todos os comerciantes nacionais e estrangeiros
compreendidos na acepção do artigo 35 do Código Comercial podem ser
admitidos na Associação; e assim gozam dos direitos dos associados, e se
sujeitam aos correlativos deveres.
§ único - São considerados desde já como sócios todos os que se acham
inscritos na lista de criação da Associação, estando nas circunstâncias
requeridas.
Art.° 19.° - Todo o negociante que pretender associar-se, deve requerê-
lo à mesa da Direcção, e pode também ser proposto por algum dos
associados. Depois de havido o assentimento dela, é reputado associado; e
como tal se inscreverá no competente livro.
Art.° 20.° - Todo o associado pode apresentar à direcção e à
Assembleia Geral as propostas que bem lhe parecer relativas ao comércio.
Art.° 21.° - Haverá um regulamento interno para a casa da Associação
Comercial.
Art.° 22.° - Os associados são obrigados ao pontual cumprimento do
dito regulamento e poderão ir, todas as vezes que quiserem, à casa da
Associação, para examinar os livros e mais papeis que houver, ou para
apresentar visitantes de qualquer outra praça, assinando-se no respectivo
livro.
Art.° 23.° - O correspondente da Associação fica por esse facto na
categoria de associado sem contribuir para as despesas.
Capítulo V
Disposições gerais
Art.° 24.° - Qualquer reforma com alteração dos presentes Estatutos só
poderá ser realizada com aprovação da Assembleia Geral, e depende para
sua validade da confirmação do Governo.
53
II. Regulamento para Execução dos Estatutos91
Capítulo I
Associação e seus fins
Artigo 1.° - A Associação Comercial de Aveiro é uma associação de
classe, com a sua sede em Aveiro. O seu fim, em conformidade do disposto
no artigo segundo dos Estatutos, é promover e defender os interesses e
direitos do Comércio, Indústria e Navegação do distrito de Aveiro, usando
para o conseguir os seguintes meios:
1.° - Criar uma biblioteca e um gabinete de leitura, de livros e
publicações úteis e adequadas ao seu fim;
2.° - Promover conferências, prelecções, ou simples práticas sobre
assuntos de reconhecida utilidade para o Comércio e Indústria;
3.° Promover a convivência entre os associados procurando quanto
possível tornar amigáveis as relações de uns para os outros;
4.° - Representar perante os poderes públicos sobre qualquer assunto
que tenda a beneficiar o Comércio, Navegação e Indústria do distrito;
5.° - Estabelecer relações e correspondências com as sociedades de fim
idêntico, e com os principais centros do Comércio e Indústria do distrito;
6.° - Empregar finalmente toda a sua actividade para manter os direitos
e regalias do Comércio, Navegação e Indústria do distrito, investigar as suas
necessidades e procurar conseguir os possíveis benefícios a estes
importantes factores de riqueza pública.
§ único - A medida que os seus meios de acção o forem permitindo irá
a Associação dando cumprimento ao disposto nos números antecedentes.
Art.° 2 .° - A Associação é representada pela Assembleia Geral dos
associados a qual, depois de regularmente constituída, delega os seus
poderes em uma Direcção eleita todos os anos, em harmonia com as
respectivas disposições dos estatutos.
Art.° 3.° - A Associação adoptará um timbre especial, tendo ao centro
um emblema do Comércio e inscrição do título em volta.
Art.° 4.° - Todos os documentos emanados da Associação ou da sua
Direcção, serão selados com o timbre a que se refere o artigo antecedente.
91
Idem, Ibidem, pp. 9 e ss..
54
Capítulo II
Assembleia Geral
Art.° 5.° - A Assembleia Geral compõe-se de todos os sócios efectivos
da Associação Comercial de Aveiro.
Art.° 6o. - A mesa da Assembleia Geral é composta de um Presidente e
de um Secretário, os quais pela disposição do artigo 15.° dos Estatutos são
os mesmos da Direcção.
Art.° 7.° - Quando a qualquer das suas reuniões deixe de comparecer, à
hora marcada, o Presidente da Direcção, a Assembleia Geral nomeará dentre
os sócios presentes quem o substitua na presidência, procedendo do mesmo
modo para com o Secretário, quando este deixe também de comparecer.
Art.0 8.° - A Assembleia Geral é convocada pelo Presidente para dia,
hora e local certo, por avisos individuais por escrito, com antecedência de
um dia pelo menos.
§ único - Em casos urgentes poderá este prazo ser reduzido a seis horas,
declarando o Presidente à Assembleia o motivo da urgência.
Art.° 9.° - A Assembleia considera-se constituída quando a ela compa-
receram pelo menos 20 associados .
Art.° 10.° - Quando no dia designado para a reunião da Assembleia
Geral não compareça, à hora marcada, número suficiente de sócios para ela
se poder constituir, ficará a reunião emprazada para o dia seguinte, à mesma
hora e no mesmo local, podendo então a Assembleia funcionar com
qualquer número de associados que se ache presente.
Art.° 11.° - As reuniões da Assembleia geral são ordinárias ou
extraordinárias.
§1.° - Consideram-se reuniões ordinárias a prescrita no artigo T. dos
Estatutos, a qual terá lugar no terceiro Domingo do mês de Janeiro, e a que
lhe deve suceder no Domingo seguinte.
§ 2° - Consideram-se reuniões extraordinárias todas as que, além das
ordinárias, forem convocadas pela Direcção, ou requeridas pelos associados,
nos termos do artigo 5.° dos Estatutos.
Art." 12.° - Quando a reunião extraordinária da Assembleia Geral tenha
lugar a requerimento dos associados, não poderão estes ser menos de quatro,
declarando por escrito ao Presidente qual o assunto que desejam submeter à
apreciação da Assembleia.
Art.° 13.° - Na primeira reunião ordinária da Assembleia Geral,
apresentará a Direcção o relatório e contas da sua gerência durante o ano
55
findo, lidos os quais se procederá à nomeação de uma comissão, composta
de três membros, encarregada de examinar e dar parecer acerca do assunto.
Art.° - 14.° - Na segunda reunião ordinária da Assembleia geral,
discutirá esta o parecer da Comissão encarregada de examinar o relatório de
contas da Direcção, votando-as em seguida e passando depois à eleição da
nova Direcção, que entrará em exercício no dia 1 de fevereiro de cada ano.
Art.0 15.° - Em cada uma das suas reuniões ordinárias pode a
Assembleia Geral ocupar-se de qualquer assunto de interesse para a
Associação, quer seja proposto pela Direcção, quer por alguns associados.
Art.° 16.° - Em todas as convocações para a reunião extraordinária da
Assembleia Geral, declarará sempre o Presidente o assunto sobre que ela
tem a resolver, não sendo válidas quaisquer resoluções tomadas estranhas ao
mesmo assunto.
Art.° 17.° - Pertence à Assembleia Geral:
1.° - Eleger a Direcção de que trata o art. 10.° dos Estatutos;
2.° - Nomear uma comissão de três membros na sua primeira reunião
ordinária, para dar parecer acerca do relatório e contas apresentadas pela
Direcção;
3.° - Discutir, votar e resolver todos os assuntos que forem submetidos à
sua apreciação, e possam interessar o Comércio, Navegação e Indústria do
distrito;
4.° - Autorizar as despesas extraordinárias quando as julgue
indispensáveis,
criando ao mesmo tempo a receita correspondente;
5.° - Aprovar ou modificar os regulamentos que forem submetidos à sua
apreciação, depois de os discutir e julgar necessários;
6.° - Discutir e votar as contas e relatório anual da Direcção e o
respectivo parecer da Comissão que as examinar;
7.° - Resolver a admissão dos sócios honorários sobre proposta da
Direcção;
8.° - Deliberar sobre a eliminação de qualquer sócio quando a Direcção
assim lho proponha com fundados motivos;
9.° - Julgar os recursos em que se apele para a sua deliberação;
10.° - Conceder ou recusar aos associados a exoneração ou escusa dos
cargos para que tenham sido eleitos;
11.° - Fazer cumprir as prescrições dos Estatutos e Regulamentos por
ela aprovados e bem assim todas as suas deliberações legalmente tomadas;
56
12.° - Resolver sobre todos os casos omissos nos Estatutos e
Regulamentos da Associação.
Art.° 18.° - Todas as decisões da Assembleia Geral serão tomadas por
maioria dos sócios presentes que tomarem parte na votação em harmonia
com o disposto no Art. 6.° dos Estatutos;
Capítulo III
Associação
Art. 19. - Em harmonia com o dispostos nos artigos 1.° e 18.° dos
Estatutos, consideram-se habilitados para fazer parte da Associação
Comercial de Aveiro todos os comerciantes, nacionais ou estrangeiros, e
excepcionalmente os indivíduos que, não pertencendo à classe comercial se
recomendem pela sua ilustração, probidade e serviços relevantes prestados
ao Comércio ou Indústria do distrito.
§ único - Os sócios dividem-se em três classes: efectivos,
correspondentes e honorários.
Art.° 20.° - São sócios efectivos todos os comerciantes residentes em
Aveiro, a quem seja aplicável a doutrina dos artigos 18.° e 19.° dos
Estatutos.
1 ° - Os sócios efectivos são obrigados a contribuir para as despesas da
Associação com as quotas determinadas pela Assembleia Geral.
2.° - Aos sócios efectivos compete a Direcção da Associação, sendo os
únicos que têm ingresso nas reuniões da Assembleia Geral e que podem
votar ou ser votados para todos os cargos.
Art.° 21.° - São sócios correspondentes os comerciantes que, residindo
fora de Aveiro, concorram com informações, esclarecimentos e serviços de
reconhecida utilidade para a Associação e para o Comércio e Indústria do
Distrito.
Art.° 22.° - Pertencem à categoria dos sócios honorários os indivíduos
que, não estando no caso de ser sócios efectivos, tenham prestados
relevantes serviços ao comércio da localidade ou classe comercial do país.
§ único - Os diplomas de sócios honorários só podem ser conferidos
pela Assembleia Geral da Associação, reunida em sessão extraordinária e
em votação por escrutínio secreto.
Art.° 23.° - A admissão dos sócios efectivos é decidida pela direcção a
requerimento do candidato, ou mediante proposta de qualquer dos sócios de
igual categoria.
57
§1.° - A proposta para sócios efectivo deverá conter o nome do
proposto, o género de comércio a que se dedica, e a sua residência. Esta
proposta, de que se dará conhecimento aos associados, estará patente
durante 5 dias na sala da Associação, a fim de qualquer daqueles possa
dirigir à Direcção as observações que entender sobre a admissão do
proposto.
§2.° - A direcção resolverá a admissão ou rejeição do sócio proposto no
prazo de 15 dias, a contar da data em que lhe for entregue a respectiva
proposta ou requerimento de admissão.
§3.° - Da rejeição por parte da Direcção tem o proponente ou o próprio
candidato recurso para a Assembleia Geral.
Art.° 24.° - Não é permitido a nenhum sócio efectivo tomar parte na
Assembleia Geral da Associação sem que tenha decorrido um mês depois da
sua admissão, e sem que tenha satisfeito aos encargos de diploma e
Estatutos a que se refiram os artigos 27.° e 31.° deste Regulamento.
Art.° 25.° - Os sócios correspondentes são nomeados pela Direcção que
dará parte à Assembleia Geral, na primeira reunião posterior, das nomeações
que fizer.
Art.° 26.° - Os sócios correspondentes e honorários não pagam coisa
alguma à Associação como tais, tendo entrada na casa da Associação e
gozando todos os direitos que assistem aos sócios efectivos, menos os de
tomar parte nas discussões ou votações da Assembleia Geral.
Art.° 27.° - Haverá diplomas para as três classes de sócios, sendo os
dos correspondentes e efectivos assinados pela Direcção e os dos honorários
pela mesa da Assembleia Geral.
§ único - Estes diplomas serão gratuitos para os sócios honorários e
correspondentes, e obrigam os efectivos ao pagamento de 500 reis por uma
só vez.
Art.° 28.° - Os sócios efectivos contribuirão anualmente para a despesa
da Associação com a quota de 1$200 reis cobrada em duas prestações no
primeiro mês de cada semestre.
§ único - A importância desta quota pode ser alterada quando as
circunstâncias o exigirem.
Art. 29.° - Perde o direito de sócio todo aquele que deixe de pagar a sua
quota de um ano, depois de avisado por escrito pela Direcção para o fazer no
prazo de 15 dias, e bem assim todo aquele que praticar qualquer acto menos
conforme com a dignidade própria e da Associação.
5H
§1.° - Esta perda de direitos pode ser temporária pelo prazo que
Assembleia Geral determinar, ou definitiva.
§2.° - A Direcção dará todos os anos conhecimento à Assembleia Geral
dos sócios que se achem incursos neste artigo, para que ela se resolva acerca
da sua suspensão ou expulsão.
§3.° - A votação da Assembleia Geral à cerca da suspensão ou expulsão
dos sócios é sempre em escrutínio secreto.
Art.0 30.° - O Sócio que pretender retirar-se da Associação deverá fazer
constar por escrito a sua resolução à Direcção.
§ único - O sócio que deixar de fazer parte da Associação só poderá ser
novamente admitido por deliberação da Assembleia Geral.
Art.° 31.° - A cada sócio efectivo será distribuído um folheto contendo
os Estatutos da Associação e regulamentos em vigor, sendo obrigado ao
pagamento de 200 reis em que se avalia o custo da impressão.
Art.° 32° - Os sócios efectivos poderão apresentar como visitantes
pessoas de fora da terra, suas conhecidas, ficando estas com o direito de
frequentar a Associação por espaço de quinze dias.
Capítulo IV
Direcção
Art.° 33.° - A Direcção compõe-se de cinco membros, conforme o
disposto no art. 10.° dos estatutos, sendo um Presidente, um Secretário e três
Vogais, um dos quais acumulará as funções de tesoureiro.
Art.° 34.° - Os sócios podem pertencer à Direcção por mais de dois anos
seguidos, salvaguardado o disposto no Art.° 49.° do presente Regulamento.
Art.° 35.° - As deliberações da Direcção são tomadas por maioria de
três, pelo menos, dos seus membros.
Art.° 36.° - Compete á Direcção:
1.° - A Administração Económica da Associação;
2.° - Nomear empregados, quando necessários, estipulando respectivo
ordenado com a autorização da Assembleia Geral, e despedi-los quando seja
justo;
3 o - Representar perante as estações oficias sobre os assuntos de
interesse comercial para a localidade;
59
4o - Distribuir pelos seus membros os diferentes trabalhos da
Associação de modo que eles se executem com toda a regularidade,
5.° - Votar a admissão ou propor a exclusão dos sócios a que sejam
aplicáveis as disposições dos Estatutos e deste Regulamento;
6.° - Cumprir e fazer cumprir os Estatutos, Regulamento em vigor, e
deliberações da Assembleia Geral;
7.° - Apresentar, em devido tempo, à Assembleia Geral o relatório dos
trabalhos da Associação e as contas da sua receita e despesa;
8.° Ter um livro das actas de todas as reuniões e os que forem precisos
para que o expediente da Associação, a cargo do Secretário;
9.° - Representar a Associação em todos os actos públicos e particulares
para que seja convidada;
10.° - Deliberar nos casos omissos sem ofensa da lei orgânica da
Associação, e com a aprovação da Assembleia Geral;
Art.° 37.° - Pertence ao presidente da Direcção:
1.° - Regular os trabalhos da Direcção e da Assembleia Geral,
presidindo às sessões tanto de uma como de outra;
2.° - Fazer um resumo imparcial, antes de propor a votação, das
questões a que dizem respeito;
3.° - Dar execução às deliberações tanto da Assembleia Geral como da
Direcção;
4.° - Superintender em todas as dependências da Associação, sendo
coadjuvado pelos outros membros da Direcção;
5.° - Assinar a correspondência, ordens de pagamento, expediente da
Associação.
Art.° 38.° - Pertence ao Secretário:
1.° - Redigir e lavrar as actas, tanto da Assembleia Geral como da
Direcção;
2o. - Organizar o serviço da secretaria tendo a seu cargo o expediente da
Associação;
3.° - Fazer passar as ordens de pagamento, assinando-as juntamente
com o Presidente da Direcção.
Art.° 39.° - Pertence ao tesoureiro:
1.° - Efectuar a arrecadação dos rendimentos da Associação;
2.° - Fazer os pagamentos em face das respectivas ordens assinadas pelo
Presidente e Secretário de Direcção;
3.° - Examinar a escrituração da receita e despesa, verificando se o
saldo está conforme com o dinheiro em cofre.
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Capítulo V
Eleições
Art. 40°. - As eleições fazem-se por escrutínio secreto e vencem-se por
maioria absoluta dos votantes.
§ único - Quando na primeira eleição se não consiga maioria absoluta,
ou haja empate, proceder-se-á à nova eleição que se vencerá então por
maioria relativa.
Art. 41°. - Nas listas para a eleição da Direcção deve designar-se bem claro
para cada nome o cargo respectivo
Capítulo VI
Fundos da Associação
Art.° 42.° - Constitui o fundo da Associação toda a sua receita, quer
ordinária quer extraordinária.
§1.° - Considera-se receita ordinária a proveniente das quotas anuais
dos associados, do prémio dos diplomas e Estatutos, e o rendimento de
quaisquer haveres que de futuro a Associação possa a vir a possuir.
§2.° - Considera-se receita extraordinária toda a proveniente de
qualquer procedência, não especificada no parágrafo antecedente.
Art.° 43.° - Logo que o seu fundo o permita, e em harmonia com o
disposto no Art." 21.° dos Estatutos, arrendará a Associação uma casa
adequada, onde possa estabelecer a sua secretaria celebrar as suas reuniões,
e oferecer aos associados um ponto de reunião diária a que possam
concorrer todos os que desejarem.
§ 1.° - Para a guarda, limpeza e serviço desta casa, nomeará a direcção
um servente que desempenhará ao mesmo tempo os cargos de contínuo e
cobrador da Associação.
§2.° - À Direcção compete o regulamento interno desta casa, em
harmonia com os meios de que puder dispor.
§3.° - Para a fiscalização do regulamento desta casa nomeará a direcção
mensalmente um dos seus membros.
Art.° 4.4.° - As despesas da Associação dividem-se em ordinárias e
extraordinárias.
§1.° - São ordinárias as que dizem respeito ao expediente da secretaria,
renda de casa, ordenado do servente, limpeza e conservação da mobília, e
cobrança das receitas.
61
§2.° São extraordinárias todas as não compreendidas no parágrafo
antecedente.
Art.° 45.° - Para ocorrer às despesas ordinárias da Associação está a
Direcção autorizada a dispor das suas receitas.
Art.° 46.° - As despesas extraordinárias só podem ser feitas com
autorização especial da Assembleia Geral que, ao autorizá-las, votará ao
mesmo tempo a receita necessária para lhe fazer face.
Art." 47.° - É indispensável a autorização especial da Assembleia Geral
para votar e cobrar as receitas extraordinárias.
Art.° 48.° - A Direcção é responsável para com a Associação por
qualquer infracção dos artigos antecedentes.
Capítulo VII
Disposições Gerais
Art.° 49.° - Nenhum sócio poderá recusar-se a exercer o cargo para que
for eleito.
§ único - Exceptuam-se os casos de doença ou força maior devidamente
justificados e o de haver exercido algum cargo no ano anterior.
Art." 50.° - Os cargos da Associação são todos gratuitos.
Art.° 51.° - Nenhuma representação sobre assuntos relativos ao
comércio, ou de interesse geral para a localidade, poderá ter seguimento sem
que seja deliberado pela Assembleia Geral.
Art.° 52.° - Nos casos omissos nos Estatutos e Regulamentos em vigor
observar-se-ão as disposições para casos análogos nas leis das sociedades
anónimas e associações.
62
Art.° 53.° - Este regulamento, depois de aprovado pela Assembleia
Geral, obrigará tão rigorosamente como os Estatutos.
A Direcção
O Presidente
Sebastião de Carvalho Lima
Secretário
Domingos José dos Santos Leite
Directores
Carlos da Silva Melo Guimarães
Eduardo Augusto Ferreira
63
III. Estatutos da Associação Comercial e Industrial de
Aveiro92
Capítulo I
Denominação, Sede efins da Associação
Art.0 1.° - A Associação Comercial de Aveiro, criada por decreto de
vinte e cinco de Novembro de 1858, passará a denominar-se Associação
Comercial e Industrial de Aveiro, e reger-se-à pelos presentes estatutos.
Art.° 2.° - Para todos os efeitos esta Associação considera-se fundada
em 25 de Novembro de 1858.
Art.° 3.° - Os seus fins são os seguintes:
1.° - Discutir, dentro dos limites das leis, todas as questões de interesse
comercial e industrial, e particularmente aquelas que digam respeitam às
classes que compõem esta Associação.
2.° - Representar aos poderes constituídos sobre todos os aspectos que
interessem às mesmas classes;
3.° - Iniciar, desenvolver e ilucidar quaisquer assuntos ou
melhoramentos comercias e industriais que interessem directa ou
indirectamente às classes de que se compõe esta associação;
4.° - Procurar colocação para os filhos que os sócios deixarem na
orfandade, sem meios de subsistência, encaminhando-os na vida comercial
ou outra qualquer, auxiliando-os segundo o seu comportamento e aptidão;
5.° - Subsidiar dentro das forças do cofre, quando a Assembleia Geral o
determinar, quaisquer estabelecimento de instrução onde principalmente
sejam leccionadas as disciplinas que constituem a educação indispensável a
um bom empregado do comércio;
6.° - Subsidiar nas mesmas condições quaisquer serviços públicos ou
particulares que facilitem o movimento do comércio desta praça,
nomeadamente a permanência de um rebocador para auxílio da navegação
da Barra de Aveiro;
64
1° - Finalmente, promover o desenvolvimento do comércio e indústria
desta cidade e distrito por todos os meios legais.
Capítulo n
Admissão dos Sócios
Art.° 4.° - A Associação tem três classes de sócios: efectivos,
correspondentes e honorários.
§ 1.° - São Sócios efectivos os indivíduos nacionais ou estrangeiros,
residentes em Aveiro ou nos concelhos limítrofes, que se dediquem ou
tenham dedicado a qualquer ramo de comércio ou indústria, os oficiais de
marinha mercante, os gerentes ou agentes e correspondentes de bancos e
companhias, e excepcionalmente os indivíduos que, não pertencendo à
classe comercial ou industrial, se recomendem pela sua ilustração e
probidade.
§ 2.° - São Sócios correspondentes os que, residindo fora de Aveiro,
contribuírem com informações, esclarecimentos ou quaisquer serviços de
entidade para o comércio e indústria locais.
§ 3.° - Sócios honorários são os indivíduos que prestarem serviços
relevantes ao comércio e indústria desta cidade
Art.° 5.° - A admissão de sócios efectivos pertencem à Direcção, e será
precedida de proposta assinada por um ou mais sócios, na qual se menciona
o nome do proposto, profissão e lugar onde a exerce.
Art.° 6.° - A proposta para admissão de qualquer sócio considera-se
aprovada, quando for votada pela maioria da Direcção.
§ único - Da deliberação que admita ou registe qualquer sócio, haverá
recurso para a Assembleia Geral, que sobre ele resolverá definitivamente .
Art.° 7.° - Perdem o direito de sócios:
1.° - O que, devendo os recibos de dois semestres, os não pagou dentro
de quinze dias depois de avisado por ofício da Direcção;
2.° - O que infringir o preceituado nestes estatutos e seu regulamento
interno;
3.° - O que pelo seu irregular comportamento prejudique ou deslustre a
associação ou a classe a que pertence;
4.° - O comerciante que estiver falido, e o tribunal julgue a quebra
fraudulenta;
5.° - O que o sem motivo justificado se recuse a aceitar qualquer cargo
para que tenha sido eleito, salvo o caso de reeleição.
65
§ 1.° - Todas estas penalidades são da competência da Direcção, que,
sempre que as aplique, o participará dentro de cinco dias ao sócio arguido,
avisando-o de que pode recorrer no prazo de dez dias para a Assembleia
Geral.
§ 2.° - A penalidade de que trata o número um pode ser remida, se a
Direcção assim o entender, readmitindo o sócio depois de ele pagar o que
estiver devendo ao cofre social.
Art.° 8.° - A admissão dos sócios correspondentes pertence à
Assembleia Geral.
Art.° 9.° - A nomeação de sócios honorários é da exclusiva
competência da Assembleia Geral em presença de proposta, na qual devem
relatar-se os serviços que o proposto tenha prestado.
§ I o - A proposta deve ser firmada pela Direcção ou pela mesa da
Assembleia Geral, ou por nove sócios no gozo dos seus direitos.
Art.° 10.° - Aos sócios de todas as classes será enviado grátis o diploma
e um exemplar dos estatutos.
Art.° 11.° - Os sócios honorários e correspondentes têm os mesmos
direitos que os sócios contribuintes. Não podem eleger nem ser eleitos para
os cargos da Associação, e não são obrigados a apagar quotas.
Capítulo Hl
Deveres do Sócios
Art." 12.0 - Os Sócios efectivos são obrigados:
Io - A pagar a quota semestral de 600 reis desde o mês de Janeiro ou
Julho, anterior à data da sua nomeação;
2.° - A servir gratuitamente os cargos da Associação para que forem
eleitos ou nomeados, não sendo todavia obrigados a aceitar a reeleição sem
que hajam decorridos dois anos desde que deixaram de exercer qualquer
cargo;
3.° - A concorrer quando lhe seja possível para o engrandecimento da
Associação , acatando e cumprindo as suas determinações;
4.° - A comparecer às reuniões da Assembleia Geral, onde lhes não é
permitido fazer-se representar por qualquer outra pessoa;
5.° - A velar quando moralmente possam pelas famílias pobres dos
sócios falecidos.
§ único - Os sócios podem reunir o pagamento das suas quotas pagando
por uma só vez as quotas de dez anos. O produto da remissão constitui fundo
de reserva.
66
Art.° 13.° - A quota designada no número um do artigo doze, pode ser
alterada quando a Assembleia Geral o julgar necessário.
§ único - A alteração da quota para ter efeito carece de aprovação do
governo.
Capítulo IV
Direitos dos Sócios
Art.° 14.° - Os Sócios têm direito:
1,° - A discutir todos os assuntos que se tratarem em Assembleia Geral
e a emitir votos sobre eles;
2.° - A eleger e ser eleitos para qualquer cargo da Associação;
3.° - A indicar, por escrito, aos corpos gerentes tudo quanto julgarem
conveniente a bem das classes que a Associação representa;
4.° - A requerer a convocação extraordinária da Assembleia Geral,
sendo o requerimento assegurado por nove ou mais sócios, e designando-se
o fim da reunião. Não poderá porém a Assembleia ocupar-se do assunto sem
que esteja presente a maioria dos representantes;
5.° - A examinar os livros e mais documentos pertencentes à
Associação na época para isso designada;
6.° - A gozar todos os benefícios que lhe conferem os estatutos e bem
assim, aqueles que, pela Direcção ou por determinação da Assembleia Geral
forem novamente criados.
§ único - Estes direitos só se adquirem depois de dois meses de
Associados.
Capítulo V
Dos Fundos da Associação
Art.° 15.° - Os fundos e haveres da Associação são representados:
1.° - Pelas quotas dos Sócios;
2.° - Pelo produto de reunião de quotas;
3.° - Pelo juro de fundos capitalizados;
4.° - Por quaisquer outras receitas que a Associação venha a perceber.
§ único - Todos estes fundos são arrecadados pelo tesoureiro, sob a sua
imediata responsabilidade.
Art.° 16.° - O Capital da Associação é destinado a satisfazer os
encargos consignados nestes estatutos e bem assim os que dimanarem de
resoluções tomadas em Assembleia Geral .
67
§ 1.° - Quando o Capital disponível não chegar para ocorrer às despesas
consignadas, a Direcção requererá expressamente à Assembleia Geral a fim
de esta resolver as dificuldades.
§ 2.° - Não obstante o que fica exposto no parágrafo antecedente a
Direcção não poderá aplicar quantia alguma aos fundos capitalizados sem
prévia resolução da Assembleia Geral, expressamente convocada para esse
fim.
Capítulo vi
Da Assembleia Geral
Art.° 17 - A Assembleia Geral compõe-se de todos os associados
que estiverem no gozo dos seus direitos. E convocada com vinte e quatro
horas de antecipação por meio de aviso directo aos sócios.
Art.° 18.° - A Assembleia Geral é o poder soberano da Associação.
Julga-se constituída e são válidas as suas deliberações, logo que estejam
presentes vinte sócios.
§ 1.° - Quando a Assembleia Geral for convocada para alterar os
presentes estatutos, ou para tratar da dissolução da Associação, então só se
julgará constituída com a maioria dos sócios existentes.
§ 2.° - Se à primeira sessão, convocada para os fins designados no
parágrafo antecedente, não comparecer a maioria referida, far-se-à segunda
convocação, e a Assembleia Geral funcionará com o número de sócios que
concorrer, sendo válidas as suas deliberações, salvo o disposto no Art.° vinte
e sete.
Art.° 19.° - Pertence à Assembleia Geral:
1.° - Eleger a mesa, direcção, as comissões e mais cargos que julgar
precisos ao bom funcionamento da Associação;
2.° - Determinar o emprego dos fundos disponíveis;
3.° - Conceder ou recusar a exoneração que os sócios pedirem dos
cargos para que forem eleitos;
4.° - Conhecer e julgar os recursos que lhe forem afectos;
5.° - Cumprir e fazer cumprir as prescrições destes estatutos e bem
assim todas as demais deliberações tomadas em Assembleia Geral;
68
Art.0 20.° - A mesa da Assembleia Geral é composta de um presidente,
um Vice-Presidente, um Secretário e Vice-Secretário .
Art.° 21.° - Ao Presidente da Assembleia Geral compete:
1.° - Convocá-la e dirigir os seus trabalhos;
2° - Despachar no prazo de três dias os requerimentos que lhe forem
apresentados;
3.° - Rubricar os respectivos termos de abertura e encerramento nos
livros da Associação;
4.° - Assinar os diplomas dos sócios e as actas;
5.° - Instalar as comissões que forem eleitas pela Assembleia Geral;
6.° - Manter a ordem nas sessões.
Art.° 22.° - Ao Secretário compete:
1.° - Redigir e assinar as actas;
2.° - Redigir e expedir os avisos de convocação da Assembleia Geral,
quando superiormente lhe for ordenado;
3.° - Assinar com o presidente os diplomas dos sócios;
4.° - Prover a todo o expediente da mesa.
Art.° 23.° - As atribuições do presidente pertencem na falta deste ao
vice-presidente e assim sucessivamente até ao vice-secretário.
§ único - Na falta de todos os membros da mesa da assembleia Geral
presidirá o sócio que a Assembleia escolher. Este nomeará o secretário.
Art.0 24.° - A Assembleia Geral terá reuniões ordinárias e
extraordinárias:
1.° - As reuniões ordinárias terão lugar no dia quinze de Dezembro e
quinze de Fevereiro, ou no primeiro dia útil imediato se aqueles forem
santificados.
2.° - As reuniões extraordinárias terão lugar:
a) Quando o presidente da Assembleia Geral julgar necessário;
b) Quando a direcção o requerer por escrito;
c) Quando tiver de julgar os recursos de que tratam o parágrafo único
do Art.° seis e parágrafo único do Artigo 7.°;
d) Quando nove ou mais associados o requerer devendo neste caso
observar-se o disposto no número 4 do Art.° 14.°
Art.° 25.° - Na reunião ordinária do mês de Dezembro far-se-à a eleição
dos corpos gerentes que devem servir no biénio seguinte e que entrarão em
exercício no dia dois de Janeiro.
69
§ único - Nesta mesma sessão eleger-se-á uma comissão de três
membros que examine as contas e dê o seu parecer sobre os actos da
direcção cessante.
Art.° 26.° - O parecer de que trata o artigo antecedente será impresso
juntamente com o relatório e contas da direcção e distribuído aos sócios até
ao dia cinco de Fevereiro, para serem discutidos na reunião ordinária
seguinte.
Art.0 27.° - Às deliberações da Assembleia Geral que não tenha
concorrido a maioria dos associados poderão ter um único recurso para a
mesma Assembleia; mas, para que esse recurso seja admitido é preciso que a
petição seja assinada e acompanhada em Assembleia Geral por um número
de sócios em dobro daqueles que sancionaram a deliberação recorrida, e
deve ser apresentada dentro de quinze dias.
Art.° 28.° - Das deliberações da Assembleia Geral se lavrarão as
competentes actas que serão lançadas no livro respectivo.
Capítulo VII
Da Direcção
Art.° 29.° - A Direcção será composta de um presidente, um secretário
três directores, um dos quais servirá de tesoureiro.
§ único - Para os substituir haverá cinco suplentes.
Art.° 30.° - A direcção compete:
1.° - Administrar todos os negócios da Associação;
2.° - Adquirir casa apropriada aos misteres e fins da Associação, no
lugar mais central possível;
3.° - Cumprir e fazer cumprir as disposições dos presentes estatutos,
bem como todas as deliberações da Assembleia Geral;
4.° - Promover a arrecadação da receita e pagar todos os encargos da
associação;
5.° - Conhecer da veracidade e justiça das reclamações e mais
exigências dos sócios;
6.° - Admitir os empregados necessários ao serviço interno e externo da
Associação, arbitrando-lhes os vencimentos e demiti-los quando não
cumpram os seus deveres;
7.° - Participar aos sócios os prazos para reclamar sobre as
contribuições;
8.° - Deliberar sobre as despesas extraordinárias não podendo estas
exceder vinte por cento da receita média dos últimos três anos e dando conta
70
à Assembleia Geral, na sua primeira sessão ordinária, do uso que fizer desta
faculdade;
9.° - Dar contas da sua gerência à Assembleia Geral em tempo
competente e na conformidade dos estatutos;
10.° - Requerer a convocação da Assembleia Geral todas as vezes que o
julgar conveniente;
11.° - Prover de remédio a qualquer falta ou incidente que não esteja
previsto nos estatutos;
12.° - Ter patentes na época própria os livros e mais documentos
relativos à sua gerência, para serem examinados pelos sócios;
13.° - Auxiliar as comissões que a Assembleia Geral elegeu;
14.° - Nomear os sócios efectivos e correspondentes, excluir os que
estiveram compreendidos nas disposições do artigo sete;
15.° - Mandar distribuir a todos os associados um exemplar do
relatório, no tempo e condições que determina o artigo vinte e seis;
16.° - Promover conferências, prelecções ou palestras de reconhecida
utilidade;
17.° - Promover e sustentar a dignidade, interesses e boa ordem da
Associação;
18.° - Deliberar em casos urgentes, sobre qualquer assunto, dando conta
à Assembleia Geral;
§ único - A direcção não pode dispensar protecção aos sócios que não
estiverem correntes no pagamento das suas quotas.
Art." 31.° - Ao presidente da Direcção compete:
1.° - Abrir e encerrar as sessões e regular os trabalhos;
2.° - Assinar com o secretário todas as actas, cheques e todas as ordens
de pagamento.
§ único - Na sua falta presidirá às sessões o vice-presidente, e, no
impedimento dos dois, o director efectivo que a Direcção escolher.
Art.° 32.° - Ao Secretário da Direcção pertence:
1.° - Redigir e assinar as actas e fazer todo o mais expediente;
2.° - Assinar conjuntamnete com o presidente as contas e ordens de
pagamento;
3.° - Matricular no livro competente todos os sócios que fizerem parte
da Associação.
Art.° 33.° - O tesoureiro é o único que recebe todos os fundos da
Associação e como tal compete-lhe:
71
1.° - Assinar com o secretário todos os recibos de quotas e quaisquer
outras receitas da Associação;
2.° - Fiscalizar a cobrança de todos os rendimentos da Associação e
propor qualquer meio que facilite a sua melhor arrecadação;
3.° - Satisfazer prontamente todas as ordens de pagamento que se lhe
apresentarem da parte da Direcção, assinadas pelo presidente e secretário.
Art.° 34.° - A Direcção é solidariamente responsável por todos os seus
actos, bem como por todos os valores da Associação, salvo os casos de força
maior devidamente comprovados.
Art.° 35.° - As funções e responsabilidades da Direcção só terminam
quando esta tenha feito entrega de todos os valores pertencentes à Direcção.
Capítulo VIII
Das Eleições
Art.° 36.° - As eleições gerais da associação serão feitas por escrutínio
secreto e na conformidade do estabelecido no Art.0 vinte e cinco.
§ único - As funções da Direcção e da mesa da Assembleia Geral são
de exercício bienal, podendo os seus membros ser reeleitos.
Art.° 37.° - No dia designado para a eleição depois de lida e aprovada a
acta da sessão anterior, o presidente interromperá a sessão pelo tempo
suficiente para a factura das listas, as quais deverão ser compostas do
seguinte modo:
1.° - Para os cargos da mesa da Assembleia Geral contendo quatro
nomes, designando-se adiante de cada um o cargo respectivo;
2.° - Para a Direcção, contendo dez nomes, sendo os cinco efectivos
designados no Art.° vinte e nove e os seus respectivos substitutos.
Art.° 38.° - Reaberta a sessão, o presidente mandará proceder à
chamada dos sócios e recepção das listas pela inscrição de presença, e
concluído que seja o acto começará o escrutínio.
Art." 39.° - Se contra o acto eleitoral houver algum protesto que a
Assembleia entenda dever tomar em consideração, será eleito um conselho
intendente composto de cinco membros, sendo um presidente, um secretário
e três adjuntos, o qual dará o seu parecer perante a Assembleia Geral,
convocada para esse fim dentro do prazo de oito dias, sobre se deverá ou
não proceder-se a novas eleições. Se o parecer for afirmativo, terão estas
lugar dentro de quinze dias, anulando-se previamente as anteriores.
72
Capítulo IX
Disposições Gerais
Art.° 40.° - As diferentes classes de que se compõe esta Associação
poderão reunir quando o julguem conveniente nas salas da Associação, para
tratarem dos assuntos que mais particularmente lhes interessem, sob a
direcção do presidente e secretários especiais, observando-se sempre nestas
sessões parciais as disposições contidas nos presentes estatutos.
§ 1.° - Estas reuniões não deverão complicar com as da Assembleia
Geral nem com os dos corpos gerentes.
§ 2.° - As despesas feitas com o expediente das reuniões de que trata
este artigo, ficam a cargo das respectivas classes que as promoverem.
Art.° 41.° - Os assuntos levados ao conhecimento da Assembleia Geral
por qualquer das classes que se reunirem nos termos dos artigos
antecedentes e seus parágrafos, serão por aquelas tomadas na consideração
que merecerem, prestando-se-lhes todo o seu apoio, quando entenda dever
dispensar-lho.
Art.° 42.° - Quando em Assembleia Geral ou pela Direcção forem
eleitas ou nomeadas comissões especiais para se ocuparem de qualquer
assunto, estas lavrarão actas dos seus trabalhos devidamente assinadas pelos
respectivos presidente e secretário, para serem competentemente arquivadas.
Art." 43.° - Quando a Associação possuir um número de sócios muito
superior à lotação da sala das suas sessões e tenha de reunir em Assembleia
Geral para qualquer assunto poderá a mesma assembleia ser convocada para
local apropriados, subentendendo-se neste caso que está funcionando na sua
sede.
Art." 44.° - Os corpos gerentes poderão, sempre que julgarem
conveniente para o interesse das classes de que se compõe a Associação,
ouvir e constatar quaisquer indivíduos ou colectividades estranhas à
Associação.
Art.° 45.° - Só podem fazer parte dos corpos gerentes ou da mesa da
Assembleia Geral os súbditos portugueses no gozo dos seus direitos civis.
Art.° 46.° - Quando a Assembleia Geral se constituir em sessão solene
para comemorar qualquer acontecimento grandioso ou facto histórico,
poderá convidar para abrilhantar esses actos quaisquer oradores estranhos à
Associação.
73
Art." 47.° - Os regulamentos aprovados em Assembleia Geral servirão
de complemento aos presentes estatutos e obrigarão aos sócios como lei
orgânica da Associação.
Art.° 48.° - Os presentes estatutos poderão ser alterados quando a
Assembleia Geral, expressamente convocada para esse fim, assim resolva,
devendo nessa sessão ser discutido o relatório que justifique a necessidade
da sua alteração.
Art.° 49.° - Quando as forças do cofre o permitam, publicar-se-à
mensalmente um "Boletim da Associação", jornal em que deverão ser
tratados os assuntos que mais directamente interessem aos associados
debaixo do ponto de vista comercial e industrial e bem assim todos os que
respeitem à prosperidade da Associação.
Art.° 50.° - Os casos omissos nestes estatutos serão regulados pelo
decreto de nove de Maio de 1891.
Art.° 51.° - A dissolução da Associação só poderá verificar-se quando o
número de sócios for menos de vinte e um, ou quando a Assembleia Geral o
resolver em sessão especial, convocada expressamente para esse fim, e
conforme o parágrafo primeiro do artigo dezoito.
74
Art.° 52.° - Dada a dissolução, todos os livros e mais documentos serão
relacionados, encerrados e entregues à autoridade competente, e o espólio,
depois de liquidado, será entregue à Santa Casa de Misericórdia de Aveiro.
Está conforme.
Aveiro, e Secretaria da Associação Comercial, 10 de Janeiro de 1905
Presidente,
Domingos José dos Santos Leite
Secretário,
António da Cunha Pereira
Tesoureiro
João Francisco Leitão
Os Directores
Elias dos Santos Gamelas
Francisco Ferreira da Maia.
75
Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria. - Direcção Geral do
Comércio e Indústria. - Repartição do Comércio.— Eu El Rei faço saber aos que
este Alvará virem que, Atendendo ao que me representou a associação de classe
estabelecida em Aveiro, com a denominação de Associação Comercial de Aveiro,
pedindo a minha Aprovação para os estatutos por que pretende reger-se em
substituição dos que foram aprovados por Alvará de vinte e cinco de Novembro de
1858.
Visto o artigo 3.° do decreto de 9 de Maio de 1891:
Hei por bem aprovar os estatutos da Associação Comercial de Aveiro que passa
a denominar-se Associação Comercial e Industrial de Aveiro, que constam de nove
capítulos e cinquenta e dois artigos e baixam com este Alvará assinados pelo
Ministro e Secretário de Estado dos Negócios das Obras Públicas, Comércio e
Indústria com a expressa cláusula de que esta aprovação será retirada quando a
associação se desvie dos fins para que é instituída, não cumpra fielmente os seus
estatutos, não preste ao Meu Governo as informações que ele lhe pedir sobre os
assuntos da sua especialidade a que se refere o n.° 6 do artigo 4.° do citado decreto
de Maio de 1891, não desempenhe devidamente as funções que lhe forem
incumbidas por leis especiais, ou finalmente, quando infrinja o mesmo decreto por
cujas disposições sempre e em qualquer hipótese se deverá regular. Pelo que mando
a todos os tribunais, autoridades e mais poderes a quem o conhecimento deste Alvará
competir e guardar tão inteiramente como nele se contém.
Não pagou direitos de mercê por não os dever. E por firmeza do que dito é
este vai por mim assinado e selado com o selo das Armas Reais e com o de verba.
Dado nos paço, aos quatro de Fevereiro de 1905.
El Rei
Eduardo José Coelho.
Lugar do selo
Alvará pelo qual Vossa Majestade Há por bem Aprovar os estatutos da
associação de classe denominada Associação Comercial e Industrial de Aveiro.
Passou-se por despacho de catorze de Dezembro de 1904.
76
A Derivação das Funções de Custo.
O Problema da Minimização.
78
Introdução
Chamamos factores de produção a todos os inputs que entram no
processo de fabrico de um produto. Entenda-se aqui input não só o material
em si, como também capital, trabalho, espaço, etc. (Muitas vezes
utilizaremos o termo "bens" em vez de inputs). Ao conjunto de todos os
factores de produção, isto é, de todos os inputs e aos resultados finais
obtidos, chamamos conjunto de produção. E, uma vez que para obter um
input é necessário um pagamento, uma questão importante é a de saber
como maximizar o resultado final, dado um nível inicial de input. À função
que limita o conjunto produção, chamamos função produção. Ou seja, a
função produção relaciona a quantidade de produto final que é possível
obter a partir de um dado nível de factores de produção, para uma dada
tecnologia, num determinado período de tempo.
A Função Produção
Podemos falar em inputs fixos e em inputs variáveis.
Quando, na função produção, todos os inputs são fixos, à excepção de
um, dizemos que estamos em presença de uma função produção com
factores fixos. Quando este tipo de relação ocorre falamos em função
produção a curto prazo. Por exemplo, no caso de haver dois tipos de input, 1
e 2 a função produção f(x2,x] ) com x, fixo, mede o máximo de produto
final que é possível obter a partir de x, unidades do bem 1 e de x2 unidades
do bem 2.
Produto tota
.
/ conjunto
de
/ ^ produção ^
X2
79
A fim de que, reunindo input se possa obter o produto final da maneira
mais eficiente possível, precisamos de utilizar determinado caminho, a que
chamaremos processo de produção, ou seja, de uma forma abrangente, o
processo de produção pode ser definido como a técncia por meio da qual um
ou mais produtos vão ser obtidos a partir da utilização de determinadas
quantidades de factores de produção, usando os meios mais eficientes de
produção.
80
b) função produção com factores variáveis.
Um caso importante é o da função C.E.S. (constant elasticity of
substitution). A sua expressão analítica é da forma
i
p p
f(xl,x2) = A[ôxl- + (l-õ)x2~ p
onde ô e p são parâmetros, estando p relacionado com a elasticidade
1
de substituição pela fórmula seguinte <J = , sendo o a elasticidade de
1+ p
substituição. (A elasticidade de substituição relaciona as variações relativas
na intensidade de utilização dos factores com a variação relativa das
produtividades marginais - a definir posteriormente - Simbolicamente,
representando por a a elasticidade de substituição e por PM', a
<5ln(^)
x,
produtividade marginal do factor 1, temos a = j^rz—).
L
<5( )
PM2
Particularizando para o=\ e recorrendo à regra de L'Hôpital,
encontramos outro caso frequentemente usado que é o da função produção
Cobb-Douglas, do tipo f(xs,x2) = Axl"x2h com xl, x 2 >0 e A>0. O
parâmetro A mede, a quantidade de produto obtido por cada unidade
utilizada do factor 1 e do factor 2. Os parâmetros a e b medem o quanto
do produto obtido se deve à variação dos valores de x, e x2.
81
produto marginal do factor 1, ( PM , (x, ,x2)) ou mais simplesmente PM ,
como o quociente entre a variação do produto final, quando o factor 1 sofre
uma variação unitária; simbolicamente
_ Ay ^f(xl+Axi,x2)-f(xl,x2)
Ax, Ax,
Analogamente definimos produto marginal do factor 2.
De um modo pouco rigoroso, podemos descrever o produto marginal do
factor 1 como o aumento extra de produto final que obtemos ao
aumentarmos de uma unidade o factor 1. Convém no entanto recordar que o
produto marginal, do modo que foi definido é sempre o acréscimo verificado
na produção quando se utiliza mais uma unidade de um factor. No caso
particular da função em causa ser contínua, o produto marginal toma a
dy
forma PM. = .
dxx
Suponhamos agora outra situação: pretendemos saber o quanto
podemos prescindir do factor 1 de tal forma que, aumentando o factor 2 na
medida certa, obtenhamos exactamente a mesma quantidade de produção.
Ou seja, de que quantidade extra do facto 2, Ax 2 , precisamos se podermos
prescindir de uma pequena quantidade do factor 1, Ax,, de modo a obter o
mesmo nível do produto final?
A resposta é dada pela noção de taxa marginal de substituição técnica,
simbolicamente TMST( xx,x2).
Para determinar a expressão analítica da taxa marginal de substituição
técnica, consideremos as variações nas quantidades dos factores 1 e 2 que
mantêm constante o nível de produção.
&y = f(xi + Axi , x 2 ) + / ( x , , x 2 + Ax 2 ) = 0
ou seja
/(x,+Ax,,x2) /(x,,x2+Ax )
!
Ay —— Ax, + — — Ax.,
Ax, Ax2
A_y = PM, Ax, + PM 2 Ax 2
Ac2 _ PM{
Ax, ~ PM2
82
A esta razão chamamos taxa marginal de substituição técnica e dá a
resposta à pergunta anterior, isto é,
Ax2 P M{
Ax, P M,
Ou seja, a taxa marginal de substituição técnica não é mais do que o
quociente entre os produtos marginais dos factores de produção. No campo
Ax
contínuo, tomando-se o limite da relação - — - quando A x, tende para
Ax,
zero, temos TMST = -:Z1Á- ■ Note-se que, numa isoquanta, para haver
dx\
eficiência é necessário que as produtividades marginais sejam positivas.
Analisemos agora o gráfico seguinte:
X2
X 2
X 1
83
conclui-se que o declive de uma isoquanta é sempre negativo. Ainda
analisando o gráfico e se tomarmos o valor da TMST em termos absolutos,
vemos que esta é decrescente ao longo da curva o que traduz a ideia de que
se está disposto a renunciar cada vez menos a x2 para obter mais uma
unidade de x1.
Esta relação vai ter uma aplicação importante quando considerarmos a
questão de como obter um determinado nível de produção ao menor custo
possível.
Custo de Produção
Os exemplos discutidos até agora, colocam a empresa perante a
oportunidade de comprar apenas dois inputs diferentes. É desnecessário
dizer que esta não é uma situação real. De uma forma muito geral os
problemas orçamentais da empresa podem ser colocados como uma escolha
entre não apenas dois, mas n inputs, em que n pode ser um número muito
elevado. Considerando apenas dois bens (n=2), a isocusto é uma linha recta,
como veremos posteriormente. Considerando três bens (n=3), é um plano.
Quando temos mais de três bens, a isocusto transforma-se naquilo a que os
matemáticos chamam hiperplano ou plano multidimensional.
Genericamente, podemos representar uma função produção tal que
q = f(xx,x2,...,xn), representando xí,x2,...,xn as quantidades
utilizadas dos factores, durante um certo periodo de tempo.
1
Tudo o que foi dito para a empresa pode ser visto em termos de consumidor porque,
parafraseando os autores neoclássicos, a satisfação das necessidades do consumidor não é
mais do que uma produção. Alfred Marshall (séc. xix) propôs uma solução muito simples para
este problema. É considerar a escolha do consumidor como uma escolha entre um bem
particular, chamemos-lhe 1, e uma amálgama de outros bens, designados por 2. Actualmente
esta amálgama é conhecida por dois nomes: dinheiro marshalliano ou bem composto.
Podemos pensar no bem composto como a quantidade de rendimento com que o consumidor
fica de pois de comprar o bem 1.
análogo àquele que condiciona o desempenho de um consumidor individual,
que é o da maximização dos resultados.
Vejamos como o conceito de custo pode ser entendido de maneira
simples. Já dissemos que, para obtermos os produtos finais, é necessário
dispor de uma certa variedade de inputs, inputs esses que têm os seus custos.
O pagamento total que deve ser feito para se poder usar esses factores é
designado custo total da produção.
Apesar de, à primeira vista, o conceito de custo parecer de fácil
entendimento, alguns problemas se levantam. De facto, o conceito mais
frequente de custo é um conceito monetário. Ora, tal noção não é
inteiramente correcta. Distinguimos assim entre custos explícitos e custos
implícitos. Desginamos por custos explícitos as despesas com a compra ou
aluguer de factores de produção. São exemplos de custos explícitos a
compra de materiais, o pagamento de salários, o aluguer de instalações. Por
outro lado, são exemplos de custos implícitos o salário do empresário, o
equipamento da empresa ou os seguros da empresa. Não sendo este tipo de
custo tão óbvio como o custo explícito, põe-se o problema de como o
determinar. Definimos então um novo conceito: o do custo de oportunidade.
De acordo com este princípio "o custo de um input (é a oportunidade
perdida) é o valor que teve de ser renunciado em não o utilizar da melhor
maneira possível".
Isocustos
O nosso objectivo é o de minimizar os custos de produção, na obtenção
de um certo nível de produto final; isto é a procura do ponto óptimo.
Podemos seguir duas vias: minimizar os custos sujeitos à restrição da
quantidade a produzir ou maximizar a produção para uma despesa total em
factores fixa. No presente trabalho optou-se pelo primeiro processo. Para o
segundo caso os procedimentos seriam semelhantes embora com o objectivo
de maximização. Em ambos os casos as conclusões finais são exactamente
as mesmas.
Para resolver este problema de minimização, comecemos por
determinar quais as possíveis combinações de quantidades de input que são
possíveis de obter uma vez fixado o custo total.
Definimos isocusto (ou curva de igual custo) como o lugar geométrico
dos pontos representativos de combinações de quantidades utilizadas dos
factores, para um mesmo custo total.
85
i) Representação analítica de isocusto
Considerem-se dois factores de produção que dão origem a um único
produto final. Suponham-se as condições de produção homogéneas e que se
trata de uma função produção a longo prazo, isto é, em que ambos os
factores são variáveis. E, sendo os factores variáveis os custos também são
variáveis.
Designemos por x, e x 2 as quantidades dos factores de produção e por
w, e vv7 os preços de uma unidade de cada factor, respectivamente. (É
claro que supomos w, > 0. .e.. w2 > 0). Então, a função isocusto para um
certo nível de custo n pode ser escrita tal que C = wlx[ +w2x2 .
Para se obterem as diferentes quantidades de x, ou x2 ao longo da
mesma recta de isocusto, deve-se resolver a expressão anterior em ordem a
w, C
x, ou x 2 . Resolvendo em ordem a x 7 , vem x2 = x, + — .
w2 w2
Facilmente se vê que esta não é mais do que a expressão analítica de
w>, C
uma recta, de declive negativo — — e ordenada na origem — . Fazendo
w2 w2
variar o valor de C, obtemos uma família de rectas de isocusto. Observe-se
que, por definição, cada ponto de uma recta de isocusto tem o mesmo custo
C e curvas de isocusto superior estão associadas a valores superiores do
custo C.
2
a) Evidentemente, se o custo fosse hipoteticamente dependente apenas da utilização de certa
quantidade X, , o custo seria C= Wx X j . Do mesmo modo procederíamos se a produção só
dependesse do segundo factor.
b) Num processo a curto prazo, o factor fixo (digamos X2 ) tem um custo fixo dado pelo
preço unitário desse factor , VV2 e o factor variável tem um custo variável; o custo seria então
C - w,x, + w2x2
86
ii) Representação gráfica de isocusto
Na representação gráfica de uma isocusto, utilizemos um referencial
cartesiano onde, nos eixos vertical e horizontal figurem as quantidades
físicas, possíveis de serem utilizadas, dos dois factores.
Como vimos na representação analítica de uma isocusto, existem várias
alternativas de combinação das quantidades x, e x2 dos factores produção
utilizados na obtenção de determinados bem, de forma a que o somatório do
produto dessas quantidades pelo preço de cada factor, resulta no mesmo
valor do custo total.
Como uma isocusto é uma recta e para a representar graficamente,
bastará, para um mesmo nível de custo n, determinar dois pontos da recta,
digamos os pontos de intersecção com os eixos coordenados.
W:
isocusto
87
Vamos pois referir neste capítulo, condições necessárias e suficientes
na procura do óptimo de uma função, para diferentes formulações do
problema.
Definição 1
Uma função / (x) tem um mínimo relativo ou local no ponto 1 = 1 se
f(x)<f(x + h), para valores de h suficientemente pequenos.
Analogamente, um ponto x diz-se um máximo relativo ou local da
função f(x) se f(x)>f(x + h) , para valores de h suficientemente
próximos de zero.
Definição 2
Diz-se que a função / (x) tem um mínimo global ou absoluto no ponto
x = x se f(x)< f(x), para qualquer valor de x pertencente ao domínio
da função (não apenas para pontos numa vizinhança de x ).
Analogamente, um ponto x é um máximo global ou absoluto de
f(x), se f(x)> f(x), para qualquer ponto x do domínio da função.
Definição 3
Ao máximo e mínimo de uma função, chamamos extremos da função.3
A partir de agora e sempre que se nos afigurar útil faremos o estudo, salvo indicação em
contrário, apenas para os mínimos, uma vez que para os máximos basta considerar a função
simétrica. Assim e sem perda de generalidade, optimização pode entender-se como
minimização já que, o máximo de uma função pode ser encontrado procurando o mínimo da
função simétrica.
Os teoremas 1 e 2 que se seguem indicam, respectivamente, condições necessárias e
condições suficientes para a determinação do mínimo relativo de uma função com uma única
variável (Rao, 1979).
88
Teorema 1
Se uma função / (x) está definida no intervalo [a,b] , tem um mínimo
relativo no ponto x = x com a<x <b e ainda se existe e é finita
df
— = f'(x) no ponto x = x , então / (x*) = 0
dx
(A um ponto onde / (x*) = 0 chamamos ponto estacionário)
Teorema 2
Sejam / " (*') = / " (*') =...= f'"~l) (x*) = 0 e fM(x*)*0.
Então f(x*) é:
i) um mínimo de / (x) se / (x ) > 0 e n é par;
ii) um máximo de f(x) se / '" (x ) < 0 e n é par;
iii) nem máximo nem mínimo se n é ímpar.
Teorema 3
Se f(x) (onde x é um vector de n componentes) tem um extremo no
ponto x = x e se existe a primeira derivada parcial de / (x) no ponto x ,
então
JL(x-).JL(Jt-)^...|l(;O-0
oxí ox2 oxn
Teorema 4
Uma condição suficiente para um ponto estacionário x ser um ponto
extremo da função é que a matriz Hessiana (matriz formada pelas segundas
derivadas parciais) de f(x) , calculada no ponto x seja:
89
i) definida positiva se x é um mínimo;
ii) definida negativa x se é um máximo.
Definição 4
Diz-se que uma função f(x) tem um máximo local ligado em x — x
se existe um e>0 tal que f(x)<f(x*) para todo o x satisfazendo
| x-x* | < £ e as ligações de (1).
4
Uma matriz A diz-se definida positiva se todos os seus valores próprios são positivos. Os
valores próprios são os valores de X que são soluções da equação \A — Âl\ = 0 .
90
Definição 5
Diz-se que uma função f(x) tem um mínimo local ligado em x — x ,
se existe e>0 tal que f(x)>f(x*) para todo o x satisfazendo
■ *
Teorema 5
Seja f(xl,x2) uma função sujeita à restriçãog(xl ,x2) = 0. É
condição necessária para que f(x{,x2) tenha um ponto extremo em
(x,*,x 2 *)que
(x,\x/) = 0 (2)
dxx dx2 dx2 dxx
(Rao, 1979).
91
df _ dx2 dg
(x, ,x2 ) = 0 (3)
dxx dg_ dxx
dx1
ax-,
(4)
dx2
que denominamos multiplicador de Lagrange. Substituindo em (3) vem
(x',x2') =0 (5)
dx{ dx}
(x]\x2) =0 (6)
dx2 dx2
df „ dg
(x. ,x 2 ) = 0
ox{ oxx
(x,\x2*) = 0 (7)
oí*2 ar-
g(x{ ,x2 ) = 0
92
Mas as condições expressas em (7) poderiam também ter sido
determinadas usando uma função do tipo
F ( x , , x 2 , A) = / ( x , , x 2 ) + A g ( x , , x 2 )
Assim
dF_ df „ dg
(x, ,x2 )= 0
dx\ dx. dx.
dF
= 0 <=> (x. ,x2 )= 0 (7.1)
cà"7 dx-, dx-,
dF_ g(x, ,x2 ) = 0
= 0
dg . .
Observe-se que, ao exigirmos ~ — ( x , ,X 2 ) # 0 na definição de A , poderíamos
ax7
dg , 4
igualmente e sem perda de generalidade, ter exigido "T~~ (Xj , X 2 ) ^ 0 , se tivéssemos
ca,
escolhido para variável independente X2 . Ou seja, a dedução das condições necessárias pelo
método dos multiplicadores de Lagrange requer apenas que uma das derivadas parciais
g ( x , , X2 ) seja não nula, no extremo da função.
93
palvavras, é a condição necessária para que a função f(x) tenha um
extremo no ponto x que dz = 0; isto é
df^^-dx^O (8)
i=\ dX;
(Rao, 1979).
Multiplicando cada uma das equações de (9) por uma constante X-t e
somando, para todos os valores de j , com (8), formamos uma expressão que
designamos por dF tal que
Oí!
dF = df+JjXj(JJdx,
-^dxl)\x* (10)
a,+P''ãT0--'='•-' m (12)
94
Com isto, a equação (11) passa apenas a envolver as variações
dxm+,,...,dxn. Mas e porque as variáveis xm+[ ,...,xn são independentes,
os diferenciais dxm+l,...,dxn correspondentes podem ser escolhidos não
nulos, permitindo a variação de cada uma delas. Logo
^ + è ^=0-'-/=m+1'-'n (13)
df v o dg>n • ,
~Z^T +
2-i^i ~\— = 0..,..i = \,...,n
<*i j=\ dXi (15)
gj{x*) = Q..,...j-\,...,m
95
ii) Condições Suficientes para um mínimo local ligado
É importante recordar que as condições expressas em (15) não são
suficientes para a existência de um mínimo local ligado d e / ( x ) ) . As
condições suficientes envolvem derivadas de 2a ordem e novas definições.
Tal como no caso de um extremo não condicionado, é possível
expressar essas condições de segunda ordem sob a forma de um
determinante. No caso de um extremo condicionado falamos em
determinante Hessiano orlado.
Seja então z = f(x) uma função de várias variáveis sujeita a restrições
gi(x) = bi com i = l,...,m, em que as funções / e gi são supostas
possuírem derivadas parciais de primeira ordem com respeito a todas as
variáveis e x é um vector de n componentes. Construa-se o determinante
quadrado de ordem m+n, a que chamamos determinante Hessiano orlado
\H\ e que é da forma
0 0 o g 8i~
0 0 o g §2
0 o o g Sm
\H
8„ ^11 ^ \2
8n * 21 22 F2n
e " F F F
Sm n\ ' nl
g|
onde o i = e F com índice duplo denota as derivadas de segunda
d2F
ordem da função de Lagrange, tal que Fkl = A função z = f(x)
dxkdx,
tem um máximo no ponto x = X se os menores principais orlados \Hm+l ,
96
Observações:
97
sujeita a restrições Gj(x,y) = gj(x) + y * = 0 com j = l,...,m, onde y
é o vector dos y ■ desconhecidos. O problema pode então ser resolvido
utilizando os multiplicadores de Lagrange. Para tal, construa-se a função F
tal que
m
— - ( x , y , A ) = 2A.y J . = 0 j = \,...,m
(21)+(22)+(23)
Definição 6
Sejam g;. (x) < 0, m restrições a uma dada função z = f(x). A s
restrições g , tais que g . (x) = 0 no ponto óptimo, chamam-se restrições
activas. A s restrições g . tais que gj(x) < 0 no ponto óptimo, chamam-se
restrições inactivas.
98
Voltando um pouco atrás, tínhamos visto que 2X. y. = 0 implicava
Ãj=0 ou yj=0. Se Xj = 0 , (logo y ^ . ^ 0 ) , então g . < 0 e as
restrições são inactivas, pelo que não nos interessam. Se y. = 0, então
gj. = 0 (por (22)) e as restrições são activas no ponto óptimo. Designemos
por G, o conjunto dos índices das restrições activas no ponto óptimo e por
G2 o conjunto dos índices de todas as restrições inactivas, tais que
G, + G 2 representa o conjunto total dos índices das restrições. Então, para
j e Gj, y . = 0, isto é, as restrições são activas; para j € G 2 , X, — 0 e as
restrições são inactivas.
+
T~ 2 A ^ T = 0..,..i = l,...,n (24)
99
6
Às condições expressas neste sistema, chamamos condições de Kuhn
Tucker, em homenagem aos seus autores, ou seja, as condições de Kuhn
Tucker não são mais que as condições necessárias à existência de um
mínimo local ligado, numa optimização de restrições com desigualdades,
conforme exposto no início deste capítulo (o tratamento de restrições com
desigualdades), contudo tais condições são apenas necessárias e não
suficientes para garantirem a existência de um máximo local ligado. Há,
todavia, uma classe de funções, funções côncavas e convexas, para as quais
as condições de Kuhn Tucker são necessárias e suficientes na determinação
do máximo global da função.
No caso de o conjunto das restrições activas ser desconhecido, as
condições de Kuhn Tucker têm o seguinte aspecto:
100
Resumindo:
/-+Z^3r = 0 i = l...,n
àxi i=1 de,
^jgj = ° 7 = 1,...,m (29-1)
gj ^ 0 7 = 1,...,m
Ay > 0 7 = 1,...,m
^lx-^-°- i= l n
-
hjgj = ° 7 = 1,...,m (29-2)
■gj ^ 0 7 = 1,...,m
Ay>0 7 = 1,. ..,m
T-+Z^^r =o / = i,...,n
*,-£; = 0 7 = 1,....m (30-1)
•g,- ^ 0 7 = 1,...,m
A, < 0 7 = 1,...,m
101
Condições de Kuhn Tucker num problema de maximização sujeito a
restrições do tipo gj < 0.
Definição 7
Chamamos conjunto convexo ao conjunto S de todos os pontos tais
que, dados dois pontos de S, então o segmento de recta que os une ainda
pertence ao conjunto.
Simbolicamente:
S é conjunto convexo <=> se para xx,x2 e S , então x e S onde
x = ax2 + (1 -<xt, )...com...a e xl
Definição 8
Uma função f(x) diz-se convexa sobre o conjunto convexo X se, para
quaisquer dois pontos x , , x 2 e X e para todo o Xe [0,1 ] se tem
f(Áx2+(\-Áxl))<Xf(x2) + (\-Ã)f(xl)
Isto é; se o segmento que une os dois pontos, está sempre acima ou
coincide com o gráfico de / (x).
Definição 9
Uma função f(x) diz-se concava sobre o conjunto convexo X se,
— f(x) é convexa.
Isto é, se o segmento que une os pontos está sempre abaixo ou coincide
com o gráfico de / (x).
102
Teorema 6
Um mínimo local de uma função convexa num domínio convexo é
também um mínimo global.
No caso de função objectivo ser estritamente convexa, esse mínimo
global é único.
(Rao, 1979).
Teorema 7
Um máximo local de uma função concava num domínio convexo é
também em máximo global.
No caso de função objectivo ser estritamente concava, esse máximo
global é único.
(Rao, 1979).
103
O Custo Mínimo para um Determinado Nível de
Produção
Os princípios básicos que norteiam o comportamento de uma empresa
são análogos àqueles que condicionam o desempenho de um consumidor
individual: o da maximização dos resultados e o da minimização dos custos.
Do ponto de vista do consumidor, essa maximização/minimização
consiste em um indivíduo disfrutar o maior nível de satisfação decorrente da
utilização de determinados bens, compatível com o mesmo nível de renda
possível.
(Após tudo o que aqui foi dito sobre optimização, entendemos que, por
facilidade de representação, seria melhor abordar apenas o caso de
existência de dois bens).
Em termos de empresa, o ponto de tangencia entre uma particular
isoquanta e uma determinada isocusto identifica o ponto óptimo no que se
refere à combinação ideal de recursos para uma certa quantidade de produto
final.
i) A solução gráfica
Já vimos anteriormente que há várias combinações possíveis de input
capazes de produzirem um determinado nível de produto final e que essa
relação podia ser graficamente traduzida através de uma isoquanta. De um
modo geral, cada ponto de uma isoquanta corresponde a um método
específico de produção de determinado produto final. E, perante as
alternativas tecnológicas, a empresa deve escolher o método óptimo que
corresponda ao custo mínimo, para atingir esse nível de produção.
Suponhamos, por facilidade de exposição, que utilizamos somente dois
factores de produção 1 e 2 de preços, respectivamente, w, e w2.
Designemos novamente por x{ e x2 as quantidades dos inputs 1 e 2,
respectivamente.
104
Nestas circunstâncias a empresa contará com uma única isoquanta e uma
família de isocustos. A questão fundamental é a da determinação da menor
isocusto para que seja atingido determinado nível de produção pre-
estabelecido. Graficamente, consideremos a figura junta
105
marginal de substituição técnica. Combinando isto com a ideia de que o
custo mínimo ocorre num ponto de tangencia com a linha de isocustos (cujo
w, P Mi w,
declive é - — ) resulta que = — no ponto óptimo ( x, *, x, *), ou
w2 P M2 w2
PM, P M, w, w2
cruzando a multiplicação = ou ainda = —.
w, w2 P M{ P M2
w
\
Observação: Entende-se por custo marginal a variação
Condição Necessária
106
As condições necessárias à existência de um mínimo ligado devem
verificar as equações (7.1) tal que
ou seja
„ dq
O.-A^f)
ox
(x*,x 2 )=0
w = A dx
dq
x
x
dq
(w2 -A——) (x, ,x2 ) = 0 <=> w-, = l dx2 (31)+(32)+(33)
dx7
r/-/(x,\x2') = 0 q = f(xl.x2)
107
Esta expressão, que estabelece que a razão da produtividade marginal
de cada factor pelo respectivo preço deve ser igual ao quociente da
produtividade marginal do outro factor pelo seu preço, é pois a condição
necessária para a determinação do custo mínimo, condicionado a um dado
nível de produção.
Condição Suficiente
0 w,
^
X7 X
d q d q
H -X
X dxldx2
2
âq d\
-X' -X
X dx1dxx dx^
108
Atendendo às propriedades dos determinantes,
0 w, W-,
2
<9 g , <92g
1
-A -A-
A2
d2 q d q
-A- -A
dx7dx. dxn~
w. w7
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âc," ckjáx,
d2q
vv. A •A
dx^dx. <3x,"
d'q
tenham sido calculadas separadamente, elas são iguais desde que
cbc2dx\
109
Neste caso, a ordem pela qual a diferenciação parcial é feita torna-se
d'q dq
irrelevante, uma vez que ——-— = ———.
oxxax2 ox2oxl
Resumindo:
Um Exemplo Final
Resolução:
110
Comecemos por estudar as condições necessárias.
A
4l_
dL 41 2K2
dF r- 1
A=
— = 2-8AKJL = 0 <=>4 AK^IL
dK Q = 4K24Z
oA
Logo K = 2L.
111
dK2
d2Q K2
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dK dt
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112
Bibliografia:
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Chiang, A. (1982) Matemática para Economistas. São Paulo, McGraw-
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Frank, R. H. (1994) Microeconomia e Comportamento. Lisboa,
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Garófalo, G. L. e Carvalho, L. C. P. Teoria Microeconómica. São
Paulo, Editora Atlas S. A.
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PisKounov, N. (1979) Cálculo Diferencial e Integral. Porto, Lopes da
Silva Editoras.
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Wiley Eastern Limited.
Varian, H. R. (1984) Microeconomic Analysis. London, W. W. Norton
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Varian, H. R. (1990) Intermediate Microeconomics. London, W. W.
Norton & Company.
113
Contabilidade de Gestão e Seu Futuro
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c) Vinca a ideia de que a Contabilidade interna deve, para ser útil na gestão
das empresas, incorporar conceitos como encargos figurativos, custos de
oportunidade, custos e proveitos marginais, sistemas de informação
integrados na (e servindo) a estratégia (e a reformulação da estratégia) da
empresa -conceitos estranhos à Contabilidade financeira e, por vezes, à
Contabilidade de custos, pelo menos em visão tradicional;
119
própria Contabilidade financeira contém um manancial de informações para
gestão quantas vezes desprezado -atente-se na figura "Gestão de Clientes".
Pretende-se salientar com essa figura que se dada empresa quiser classificar
os seus clientes em 4 grupos (com o intuito de vir a contar, sobretudo, com
clientes como os tipificados no lado esquerdo da diagonal do quadrado), terá
que se apoiar em informações da Contabilidade financeira -não da
Contabilidade interna.
É, pois, dentro da concepção de Contabilidade de gestão que
expusemos -concepção próxima da "renovadora", encarando-se a
Contabilidade de custos como uma Contabilidade de gestão, não como a
Contabilidade de gestão e tendo presente que também a Contabilidade
financeira pode (melhor, deve) ser útil para decisões nas empresas - 2 que
vamos passar ao ponto seguinte, apoiados, principalmente, em Kaplan e
Atkinson.
2.1. O passado
As origens da moderna Contabilidade de gestão remontam à Revolução
Industrial, sobretudo à indústria têxtil e às unidades metalúrgicas das duas
primeiras décadas do século XIX.
A construção dos caminhos de ferro (nos países mais desenvolvidos,
por volta de 1850) proporcionou, logo de seguida, um impulso decisivo à
Contabilidade de gestão. Tratava-se de empreendimentos gigantescos,
mobilizando enormes recursos financeiros e humanos, com dispersão por
vastíssimas áreas geográficas. Dispôs-se, porém, de comunicações
telegráficas e contou-se com o apoio de adequadas medidas da
"performance"concebidas para o tipo de empreendimento.
Medidas como o custo por tonelada/milha (ou km), o custo por
passageiro/milha (ou Km) e rácios operacionais (do tipo custos
operacionais
Tendo, porém, presente que a Contabilidade financeira está marcada por princípios, normas,
critérios e convenções que visam, sobretudo, a análise (com relevância e fiabilidade) por
parte de utilizadores exteriores às entidades que elaboram demonstrações financeiras.
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divididos por proveitos operacionais), aplicadas ainda nos dias de hoje, vêm
da época.
Mais tarde, as empresas siderúrgicas, dados os elevadíssimos
investimentos em capital fixo e a concorrência que enfrentavam,
desenvolveram (no último quartel do século XIX) processos de apuramento
dos seus custos de produção: nos E.U.A., por exemplo, tornou-se conhecida
a "obsessão" pelos custos de Andrew Carnegie, o "rei do aço".
No início do século XX, grandes empresas distribuidoras (como a
Sears-Roebuck e a Woolworth) utilizavam, também, rácios adequados à sua
actividade, tais como a margem bruta sobre as vendas e rácios de rotação de
stocks.
De comum, salientava-se a preocupação com a medida e o controlo da
eficiência.
O desenvolvimento da Contabilidade de gestão prosseguiu e na
primeira década do presente século, nos E.U.A., as grandes unidades
siderúrgicas, químicas, petrolíferas e vidreiras aplicavam custos padrões
(em materiais e mão de obra) no controlo dos seus custos industriais.
122
E quando, em 1919, a DuPond salvou a General Motors da falência
iminente e lhe transmitiu os seus processos de medida e controlo da
"performance", difundiram-se ainda mais os instrumentos de orçamentação e
controlo de gestão.
Também as noções de economias de escala e de economias de alcance
-sendo estas derivadas da descentralização combinada com medidas de
controlo e de uma gestão comuns- se enraizaram por volta de 1920.
123
-à clara preferência, nos E.U.A., por sistemas monistas, relevando num
só conjunto os movimentos das empresas com o exterior e os seus
movimentos internos.
Atente-se, quanto a este aspecto, no custeio variável, que tanto pode ser
encarado como uma modelização simples permitindo a antevisão dos
resultados em diferentes níveis de produção e vendas,5 como pode ser visto
Como se sabe, no custeio variável a componente fixa dos encargos gerais de fabrico é
tratada como custo do período, logo, custo extinto, não imputável a existências. Isso permite a
definição de funções lineares de resultados (em que a variável independente simboliza
quantidades vendidas), proporcionando fácil determinação do "break-even" (ponto crítico de
vendas) e a previsão de resultados para diferentes níveis de vendas. Também no custeio por
absorção se podem efectuar previsões e análises custo/volume/resultado; só que, então, as
funções-resultados que se definem são não lineares a duas variáveis (simbolizando
quantidades produzidas e quantidades vendidas), tendo as análises custo/volume/resultado
que assentar na utilização de derivadas parciais combinadas com o cálculo diferencial.
Prevêem-se então variações nos resultados, em consequência de alterações em quantidades
produzidas e em quantidades vendidas, com diferenças (em regra) irrelevantes. Tanto quanto
é do nosso conhecimento, este caminho (aplicação do cálculo diferencial a funções-resultados
em custeio por absorção) não tem sido suficientemente desbravado. No entanto, entre nós,
Matos de Carvalho tem procedido a modelizações de resultados tanto em custeio variável
como em custeio por absorção; o recurso a derivadas parciais, mas não ao cálculo diferencial,
tem, porém, limitado as análises do autor ao impacte sobre os resultados de variações
unitárias no custeio por absorção -o que , sendo relevante em termos económicos, apresenta
escasso interesse em termos empresariais. Pode, contudo, afirmar-se que o caminho está já
iniciado...
124
como reacção à perda de relevância no apuramento dos custos por absorção
-nos moldes em que esse apuramento se efectuava.
125
-Importância acrescida dos serviços, das actividades de enquadramente
e de suporte da produção, logo, dos custos indirectos; vide a automação:
começa-se pelo CA.D. ("Computer Aided Design"), passa-se para o C.A.D-
C.A.M. ("Computer Aided Design" e "Computer Aided Manufacturing"),
entra-se no F.M.S. ("Flexible Manufacturing Systems") e, depois, no C.I.M.
("Computer Integrated Manufacturing", com ligação em rede e sob controlo
computorizado da produção e da armazenagem, combinando-se produção
robotizada com veículos automatizados que transportam e armazenam
matérias primas, produtos em curso e produtos acabados, sendo a
intervenção humana quase inexistente, ou melhor, quase invisível); e,
verificam-se: elevadas amortizações de equipamentos, necessidade de
engenheiros de "software", de operadores de sistemas, de trabalhadores
especializados na conservação de equipamentos sofisticados; de tudo isso
resulta o crescimento dos custos indirectos e a premência em responder à
velha questão de imputar com relevância esse tipo de custos; outros
exemplos: na 2a Guerra Mundial, "por detrás" de cada combatente
encontravam-se 2 militares de suporte, na Guerra do Golfo (em 1991), cada
combatente norte-americano contava com 10 militares de apoio; os custos
em mão de obra directa de um Macintosh rondam os 2% do custo total;
126
Pode, porém, perguntar-se: o quê que a Contabilidade gestão tem que
ver com tudo isso?
Tem tudo; tudo porque houve e há que superar a "Relevance Lost" (a
relevância perdida):
127
d) Requer-se atitude crítica e actuante -não "fatalista"- perante os
custos; isto é, que se determinem custos relevantes para decisões,
oportunamente obtidos, analisados e comunicados, mas, mais do que isso,
que se conclua se são custos adequados, "sustentáveis" perante os custos dos
melhores concorrentes, quais as respectivas tendências evolutivas (em si
mesmas e perante os melhores) e que fazer para os reduzir;
Não terá, por certo, vida nem tarefas fáceis. Mas quem as terá, no
futuro?
128
2o) Da modelização do comportamento dos custos da empresa, por
forma a permitir previsões válidas;
129
unidades/ano do produto X, repartidas por 1.001 gamas (variando a
produção de cada gama das 100 às 100.000 unidades/ano).
Acentuam os citados autores que os custos (ditos) fixos são os que mais
tendem a crescer na moderna produção, tendendo a variar com a diversidade
dos produtos, ou das gamas, bem como com a complexidade da produção.
130
3.2.2. "A.B.C." (Custeio Baseado nas Actividades), valor
acrescentado e "A.B.M." (Gestão Baseada nas Actividades)
° Dizemos que são as actividades, mais que os produtos, que consomem recursos, dado que,
embora no mercado os produtos se apresentem como os efectivos portadores dos custos,
podem existir actividades que não se transmitem (ou não transmitem utilidade) aos produtos.
y
"Cost drivers" são "vectores de custos" traduzindo adequadas relações de causa-efeito, de
tal modo que a situações de maiores utilizações de actividades sejam atribuídas maiores
custos, a situações de menores utilizações de actividades sejam atribuídas menores custos; os
autores franceses chamam aos "cost drivers" indutores de custos, enquanto os seus colegas
espanhóis lhes chamam geradores de custos.
Atendendo às características da moderna produção, os "cost drivers" assentam em larga
medida em factores como o número de ordens de fabricação, o número de reafinações, de
reprogramações, de movimentos de controlo de itens em stock; raramente (ou melhor, apenas
em tipos determinados de actividades) os "cost drivers" são "volúmicos", no sentido de se
basearem em quantidades de horas homem trabalhadas, ou de horas máquina dispendidas.
Como facilmente se deduz, os "cost drivers" têm funções idênticas às das unidades de obra no
método das secções homogéneas, conduzindo, porém, a outra "finura" de imputações, em
especial na moderna produção.
131
■§.
§ 1
Actividades são processos, conjuntos de tarefas ou de acções,
desenvolvidos com dadas finalidades, que dispõem de meios (consomem
recursos) e assentam em sistemas de conduta (métodos, modos não únicos
de dispor os meios com vista às finalidades).10
' " Alguns exemplos de actividades : qualificar fornecedores, recepcionar matérias, reafinar
máquinas, (re)programar uma máquina de comando numérico, produzir, efectuar controlos de
qualidade, expedir produtos. É óbvio que as actividades podem/devem ser desagregadas em
subactividades (vide "produção", actividade extremamente abrangente), devendo, porém,
como sempre, ter-se presente o binómio custo-benefício.
' ' Importantíssima é, do ponto de vista do apuramento dos custos, a classificação das
actividades, nas empresas, em: actividades ao nível unitário (exemplo, cortar dada quantidade
de pele para produzir sapatos), actividades ao nível de lote (exemplo, reafinar ou reprogramar
uma máquina, devido ao lançamento em fabricação de um novo lote), actividades ao nível dos
produtos (exemplo, formação do pessoal, devido à fabricação de um novo produto, ou a
alterações na concepção dos produtos), actividades ao nível da empresa (exemplo, actividades
da Contabilidade, ou de gestão geral). É que, como se deduz, os custos variam, nos quatro
tipos de actividades, em função de factores muito diferentes e só no primeiro tipo (ao nível
unitário) os "cost drivers" são, ou podem ser, "volúmicos".
133
-b) como ferramenta para análise crítica das actividades, conduzindo ao
"A.B.M." e a actuações ligadas à estratégia da empresa.
lz
Duas observações finais sobre o "A.B.C.":
a) Não nos iludamos: apesar das potencialidades do método, continua válida a mensagem do
Professor Gonçalves da Silva (em "Contabilidade Industrial", citando Costa André) de
que na lógica do pensamento económico não se requerem medidas exactas, mas sim
medidas relevantes. Também no "A.B.C.", devido (não só) à relação custo-benefício, os
apuramentos não são (não podem ser ) exactos; podem, isso sim, ser relevantes.
b) Um autor francês (Michel Lebas), com a subtileza e argúcia que lhe são reconhecidas,
chama ao 'A.B.C." "Comptabilité" (observe-se agora) "À Base des Causes"; pensamos
que, de facto, na simplicidade do método, conjugada com o ir à origem das coisas, reside
a sua fecundidade; e não podemos, mais uma vez, deixar de recordar o Professor
Gonçalves da Silva (em "Contabilidade Industrial"), citando Kipling (traduzimos sem
preocupações de rigor literário):
"Tenho seis honestos servidores,
Ensinaram-me tudo o que sei.
Chamam-se O Quê e Porquê e Quando
E Como e Onde e Quem."
1 o
Uma tradução aceitável de "performance" é desempenho; mas, brincando um pouco
(embora muito seriamente): não se traduza a palavra "performance", porque o próprio
impacte sonoro do termo veicula um dinamismo que se perde com "desempenho".
134
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Deste modo, empresa com elevada "performance" é aquela que, entre
outros aspectos:
137
empresas concorrentes? Atente-se na figura "Medidas da ""Performance" E
"Benchmarking"". 14
Alguns exemplos:
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-Em empresas que adoptaram o "J.I.T" pode não fazer sentido apurar
medidas de eficiência (relações "inputs'Voutputs") centradas neste ou
naquele trabalhador, nesta ou naquela máquina: nesse ambiente tendem a só
ser significativas medidas ao nível de toda a linha, porque uma ineficiência
"aqui" resulta, quase sempre, de um problema "acolá";
-Por outro lado, em muitas produções cerca de 80% dos custos totais
dos produtos, ao longo do seu ciclo de vida, estão predeterminados no
momento da fabricação da Ia unidade de um novo produto; isto salienta a
importância da concepção dos produtos e das despesas de investigação e
desenvolvimento: é muito mais fácil e racional conceber devidamente e, por
isso, produzir economicamente, do que dar pouca atenção à concepção e
conseguir, depois, produzir economicamente; mas isso evidencia duas
questões fundamentais para a Contabilidade de gestão:
' " Com o "target costing", aquando da decisão de fabricar um novo produto, define-se um
preço de venda compatível com as condições do mercado e com os objectivos de vendas, ao
qual se deduz uma margem (margem alvo, que assenta na estratégia da empresa, bem como na
sua política de crescimento e de financiamento), assim se obtendo um custo de fabricação
("target cost", custo alvo). Estima-se, depois, o custo de produção do novo produto que é,
normalmente, largamente superior ao custo "alvo", havendo, por isso, desvio a anular.
Desenvolvem-se, nesse sentido, todos os esforços na fase da concepção do produto e faz-se
intervir a "engenharia de valor", para simplificar e eliminar componentes do produto, sem
diminuição do interesse do consumidor. De seguida, o planeamento da produção e a redução
contínua de custos durante a fabricação ("kaizen", termo japonês) conduzem a situar o custo
efectivo nos limites do custo alvo. A técnica foi desenvolvida pela Toyota (há cerca de vinte
anos) e é aplicada pela totalidade dos construtores japoneses de automóveis, bem como por
cerca de 75% dos fabricantes japoneses de produtos electrónicos.
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4. Conclusões
143
Principais obras e artigos de apoio
144
Diálogo Estratégico Empresas /Estado*
* Lição apresentada em Provas públicas - Dec. - Lei n° 185 / 81, de 1 de Julho, art. 26, n°
ai. a), no I.S.C.A. de Aveiro, em Abril de 1996.
Sumário :
Anexo
146
1. A Comunidade Económica no Seio da Tríade
1
Conclusões da Presidência, Conselho Europeu de Corfu, 24-25 de Junho de 1994, pág. 7.
*■ Grupo de Lisboa, Limites à Competição , Fundação Calouste Gulbenkian, 1994 ,
Coordenação da Ed. Portuguesa : J.L. Cardoso e C.I.S.E.P.., Tradução de Maria José Silveira,
Economia & Gestão, Pub. Europa - América , Portugal, 1994, pág. 45.
■* Idem , ibidem pág. 114 a 116.
147
1.1.1. Crescimento e Emprego
1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990
P.I.B. 4,58 II 1,62 2,14 -0,17 -1,87 2,81 4,14 5,25 3,92 5,16 4,37
Emprego * -0,39 1,06 -1,9 -1,15 -1,5 0 -2,7 || 0,5 0,08 1,04 0,87
Fonte : National Accounts.Detailed Tables.Vol. II, 1979 - 1991 , O.C.D.E., Paris, 1993
* Os valores utilizados em 87 / 90 são previstos
148
Portugal - Taxas de variação, em relação ao ano anterior,
do P.I.B.p.m. e do Emprego Total - Gráfico n" 1
1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 li 1988 11989 1990 1991
P.I.B. | 1,62 1,18 2,55 0,69 1,31 1,88 2,52 2,25 li 4,5 li 4,1 2,25 1,16
Emprego II 0,05 -0,6 0,16 -0,39 -0,93 -0,31 0,11 0,29 li 0,79 II 1,1 0,99 0,41
Fonte : National Accounts.Detailed Tables.Vol. II, 1979 - 1991 , O.C.D.E., Paris, 1993
149
França- Taxas de variação, em relação ao ano anterior,
do P.I.B.p.m. e do Emprego Total - Gráfico n" 2
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P.I.B. -2,18 J]-1,31 1,69 II 3,66 2,33 3,75 4,15 4,82 4,31 II 2,11 || 0,52 -2,25
Emprego -0,26 -3,9 1-1,8 -1,25 1,9 1,26 -0,09 1,8 3,2 2,5 I 1,1 -2,99
150
Reino Unido - Taxas de variação, em relação ao ano anterior,
do P.I.B.p.m. e do Emprego Total - Gráfico n° 3
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li 19801198111982 li 1983 1984 1985 11986 O 1987 1988 1989 1990 1991
P.I.B. 1,07 0,17 -0,95 1,54 2,78 [I 1,89 2,23 1,42 3,72 3,41 5,09 3.71
Emprego || 1,55 -0,1 -1,19 -1,42 II 0,16 0,74 1,39 0,72 0,78 1,46 3 2,57
Fonte : National A ccounts.Detailed Tables,Vol. II, 1979 - 1991 , O.C.D.E., Paris, 1993
151
Alemanha - Taxas de variação, em relação ao ano anterior,
do P.I.B.p.m. e do Emprego Total - Gráfico n" 4
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152
E.U.A. - Taxas de variação, em relação ao ano anterior,
do P.I.B.p.m. e do Emprego Total - Gráfico n° 5
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Fonte : Quadro n° 5 , na página anterior
1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991
P.I.B. 13,63 3,58 3,16 2,7 | 4,27 4,98 2,63 4,11 6,21 4,71 4,82 4,05
Emprego 0,68 0,77 0,82 1,51 0,34 0,56 0,85 0,85 1,67 1,96 2,11 2,05
Fonte : National Accounts.Detailed Tables.Vol. II, 1979 - 1991 , O.C.D.E., Paris, 1993
153
Japão - Taxas de variação, em relação ao ano anterior,
do P.I.B.p.m. e do Emprego Total - Gráfico n° 6
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154
O ano de 83 evidencia um gap razoavelmente elevado entre o
crescimento do P.I.B. e do emprego manifestamente devido ao crescimento
negativo do emprego. Bons anos de crescimento económico como os de
89/91 revelam diferenciais crescimento / emprego reduzidos e boas taxas de
crescimento do emprego.
E.U.A. - revela-se como país modelo na apresentação dos menores
diferenciais crescimento / emprego sendo o pior resultado atingido em 1983.
O crescimento do emprego é sempre positivo, com excepção do ano de
82 - o pior ano do ciclo. Os anos de 80 e 91, apesar de ostentarem um
crescimento negativo do P.I.B., revelam-nos um crescimento do emprego
positivo, o que é um facto a merecer destaque.
Japão - apresenta diferenciais elevados, atingindo o máximo nos anos
de maior crescimento do P.I.B., ou seja, em 85 e 88.
Apesar de ostentar grandes diferenciais crescimento / emprego, este
país apresenta umas boas taxas de criação de emprego.
De assinalar a redução do diferencial crescimento / emprego em 91
apesar da boa taxa de crescimento do P.I.B..
Os anos de 88 /91 são bons anos para a criação de emprego neste país.
155
Taxas de variação, em relação ao ano anterior,
do P.I.B.p.m. ( a P.C. de 85 ) e do Emprego Total
em % ( média em 80 / 91 ) - Quadro n° 7
Portugal * França Reino Alemanha E.U.A. Japão
Unido
P.I.B. p.m. 2,89 2,17 1,8 2,17 2,1 4,07
Emprego -0,37 0,14 0,12 0,81 1,72 1,18
Gap 3,26 2,03 1,68 1,36 0,38 2,89
Fonte : Quadros 1 a 6
referente ao período 80/90
| ! S — *
MP.I.B.p.m. :
1 J Emprego
Gap
T;i|ião"
156
maior depois do Japão - corresponde uma taxa de crescimento do emprego
negativa , a única , no valor de 0,37. Parece evidente que o crescimento da
economia portuguesa não tem sido um crescimento intensivo em emprego,
mas intensivo em capital, com uma forte vertente importada que se constitui
como um factor negativo na criação de postos de trabalho.
Segue-se o Japão que, apesar de apresentar o segundo maior gap, 2,89,
ostenta, também, a segunda melhor taxa de criação de emprego , 1,18.
Neste país as altas taxas de crescimento do P.I.B.p.m. aparecem
associadas a elevados níveis de produtividade do trabalho, em obediência à
lei de Kaldor - Vendoorn : "um crescimento elevado ( fraco ) do P.I.B. induz
um crescimento elevado ( fraco ) da produtividade do trabalho "4 . Por outro
lado, os elevados níveis de produtividade reduzem os custos salariais e
permitem uma boa rendibilidade do factor trabalho que assim aparece como
um factor de produção privilegiado do sistema produtivo japonês.
Dos países comunitários em estudo aquele que apresenta um menor gap
é a Alemanha , com 1,36 - país cujo sistema produtivo , nível de
investimento e produtividade mais se aproxima do Japão.
Os casos da França e do Reino Unido são preocupantes principalmente
devido ao seu fraco crescimento do emprego.
Finalmente os E.U.A. , embora com uma taxa de crescimento do P.I.B.
que é cerca de metade da japonesa, ostentam uma taxa de criação de
emprego de 1,72 - a maior de todos os países em observação - o que permite
um gap reduzido - o mais reduzido - de 0,38. A reduzida taxa de crescimento
americana, associada a uma taxa elevada de criação de emprego, pode ser
explicada pela baixa dos ganhos de produtividade representando o
dinamismo do emprego no sector terciário.
4
Gourlaouen, J. P., Économie , de L' Entreprise à L'Économie Nationale, Vuibert Gestion,
Paris, 1986, pág. 234.
157
" Um aumento da intensidade de emprego do crescimento comunitário
comparável ao realizado nos E.U.A. " 5 é um grande objectivo da Europa
dos nossos dias.
1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990
Ag.,Silv. Pesca 100 98,9 91,4 86,7 87,2 90,2 83,3 83,8 80,2 75,8 72
Indústria 100 100,7 100,1 99,8 95,3 93,1 89,7 88,7 89 90,5 92,2
C. e Serviços 100 103 103,9 104,6 104,6 104,6 105,9 107,7 110,3 114,8 118,3
3
Comissão Europeia, Crescimento, Competitividade, Emprego - Os Desafios e as Pistas para
Entrar no Séc. XXI, " Livro Branco " , Luxemburgo, Serviço das Publicações das C.E., 1994,
pág. 64.
158
Evolução do Emprego Total por Grandes Ramos,
em Portugal - Base 100: 1980 Gráfico n° 8
i IAg.,Silv. Pesca
Indústria
Com. e Serviços
Ag.,Silv. Pesca 100 96,6 93,4 90,2 I 87,4 I 85 | 82,5 79,4 76,5 73,4 70,3 67,5
Indústria II 100 | 97,3 95,9 93,6 I 90 I 87 J] 85,8 84,2 83,5 83,9 84,3 83,4
C. c Serviços 100 101,1 102,7 103,91104,9 II 106,5 II 107,8 109,7 111,9 114,1 116 117,7
Fonte : National Accounts.Detailed Tables.Vol. II, 1979 - 1991 , O.C.D.E., Paris, 1993
159
Evolução do Emprego Total por Grandes Ramos,
em França - Base 100: 1980 Gráfico n° 9
O O O O O O O O O O O O S C S O O C 0 0 9 \ 0 \
1980 1981 1982 1983 1198411985 1986 1987 1988 1989 1990
Ag.,Silv. Pesca 100 97,7 96,6 95,1 I 94 I 94,2 92,2 J) 90,4 88,7 86,5 86,9
Indústria 100 91,3 86,6 II 82,6 I] 81,8 | 81,3 79,2 79,2 J 80,7 82,5 82,8
C. e Serviços 100 99 99,1 99,7 103,2 105,5 106,7 109,6 114 117,8 121,9
Fonte : National Accounts.Detailed Tables.Vol. II, 1979 - 1991 , O.C.D.E., Paris, 1993
160
Evolução do Emprego Total por G. Ramos,
no Reino Unido - Base 100: 1980 Gráfico n° 10
Ag.,Silv. Pesca
140
Indústria
Com. e Serviços
1980 1981 1982 li 1983 li 1984 1985 1986 II1987 li 1988 1989 1990
Ag.,Silv. Pesca 100 li 97,5 94,2 91,2 88,3 | 85,2 | 83,9 80,2 76,8 73,3 70,9
Indústria 100 98,4 95,4 li 92,5 li 92,1 92,1 93,1 J 92,9 92,7 93,8 96,6
C e Serviços | 100 I|l01,4|| 102 102 102,911104,6 li 106,6 108,5 110,6 112,8 116,7
Fonte : National Accounts,Detailed Tables.Vol. II, 1979 - 1991 , O.C.D.E., Paris, 1993
161
Evolução do Emprego Total por G. Ramos,
na Alemanha - Base 100:1980 Gráfico n° 11
]Ag.,Silv. Pesca
120
Indústria
100 Com. e Serviços
1980 1981 1982 II1983 || 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991
Ag.,Silv. Pesca 100 99,5 I 97,9 I 99 | 96,5 91,2 90,9 J) 93,2 93,8 92,9 91,8 92,7
Indústria 100 99,7 || 93 I 91,7 | 97,3 97,7 1 97,2 97,8 1100,11| 100,4 99,5 95
C. e Serviços 100 f 101,7II102,2 II104,4 109,5 113,2 116,2 120,7 124,4 128,4 131 130
Fonte : National Accounts.Detailed Tables.Vol. II, 1979 - 1991 , O.C.D.E., Paris, 1993
162
Evolução do Emprego Total por G. Ramos,
nos E.U.A.- Base 100:1980 Gráfico n° 12
1980 1981II198211983 11984 1985 1986 1987 1988 19891| 1990 1991
Ag.,Silv. Pesca 100 96,9 I 95 I 91,9 | 88,4 | 87,2 85 83,7 82,2 81,1 80,1 77,6
Indústria 100 100,4| 99,7 |100,6| 101 II 101,411101,1 100 102,7 105,1 106,7 110
C. e Serviços 100 102 104,51107,6 II108,9 II 110 || 112,5 115,2 117,1 119,9 123,5 126,3
Fonte : National A ccounts.Detailed Tables.Vol. II, 1979 - 1991 , O.C.D.E., Paris, 1993
163
Evolução do Emprego Total por G. Ramos,
no Japão- Base 100: 1980 Gráfico n°13
I Ag.,Silv. Pesca
Indústria
Com. e Serviços
00 00 00 00
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00 00 00 00 Os 0\
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164
Estrutura do Emprego Total ( em % )
Comp. Internacional em 1991
Quadro n" 14
Portugal * França R. Unido * Alemanha * E.U.A. Japão
Ag.,Silv. Pesca 20,3 5,7 2,1 3,5 2,7 8,8
Fonte : National Accounts.Detailed Tables,Vol. II, 1979 - 1991 , O.C.D.E., Paris, 1993
* ( em 1990)
165
A Alemanha, potência industrial desde o séc. XIX, aposta
decisivamente na inovação e aproxima-se fortemente da última etapa - a da
riqueza, 8 o que lhe acarreta uma tendência para o decréscimo do
investimento de longo prazo e uma crescente sensibilidade às cotações das
acções e aos lucros de curto prazo . A sua debilidade nos serviços é notória e
a aposta na criação de novas empresas será fundamental para a eliminação
do desemprego.
166
A indústria americana sofre da falta de investimento e de inovação: é
que " a crescente « eficiência » dos mercados de capitais em muitos países
encerra riscos paradoxais de reduzir a taxa de investimento das empresas"12.
Portugal , para ser competitivo, terá que ultrapassar a fase " dos
factores", característica dos países em desenvolvimento, para diminuir a sua
vulnerabilidade aos ciclos económicos e às oscilações de taxas de câmbio.O
volume de emprego , ainda possível na Ag.,Silv.,Caça e Pesca e na Indústria,
associado a baixos índices de produtividade e a baixos salários , deverá ser
defendido através do investimento material e imaterial .
167
A repartição secundária do V.A., ou seja do E.B.E., em impostos sobre
o rendimento, em juros, dividendos, etc., até ao saldo final - a poupança
bruta - permite o cálculo da taxa de poupança ( Sb / V.A.B.).
Em vários países, como sabemos, é nítida a degradação da taxa de
poupança, nomeadamente das empresas não financeiras, associada à viva
progressão dos encargos financeiros tanto maior quanto a subida de taxas de
juro coincinda com baixas taxas de autofinanciamento.
E assim que - dado o facto de o rendimento das aplicações financeiras
superar, muitas vezes, o rendimento económico do investimento - a
motivação para a especulação tem vindo a superar a motivação para o
investimento.
168
A política fiscal deverá apoiar o investimento, nomeadamente de longo
prazo, motivar para uma melhor gestão dos recursos raros e incentivar a
criação de emprego.
UN5(S61)/P.I.B.
□ N5(S62)/P.I.B.
□ N5(S63)/P.I.B.
169
Contribuição de cada subsector de S60 para o equilíbrio global
( em % do P.I.B.p.m.) - Espanha - ( 87 / 89 ) - Gráfico n" 15
HN5(S61)/P.I.B.
□ N5(S62)/P.I.B.
ON5(S63)/P.I.B.
HN5(S61)/P.I.B.
□ N5(S62)/P.I.B.
□ N5(S63)/P.I.B.
170
Contribuição de cada subsector de S60 para o equilíbrio global
( em % do P.I.B.p.m.) - Reino Unido - ( 87 / 89 ) - Gráfico n° 17
@N5(S61)/P.I.B.
DN5(S62)/P.I.B.
□ N5(S63)/P.I.B.
HN5(S61)/PXB.
□ N5(S62)/P.I.B.
□ N5(S63)/P.I.B.
171
Contribuição de cada subsector de S60 para o equilíbrio global
( em % do P.I.B.p.m.) - E.U.A.- ( 87 / 89 ) - Gráfico n° 19
HN5(S61)/P.I.B.
□ N5(S62)/P.I.B.
□ N5(S63)/P.I.B.
HN5(S61)/P.I.B.
□ N5(S62)/P.I.B.
□ N5(S63)/P.I.B.
172
A comparação internacional em 87 / 89 mostra a situação favorável
dos E.U.A. e especialmente do Japão tanto no que diz respeito à taxa de
poupança do sector S63 como à sua capacidade de financiamento ( gráfico
número 21 , em baixo, e 22 na página seguinte ) : como se pode também
observar a situação é cada vez mais favorável , para estes dois países, ao
longo do período em observação.
H1987 D1988
Q1989
173
CF. ou N.F. de S63 ( em % do P.I.B.p.m.)
Comp.Internacional Gráfico n" 22
S1987
01988
D1989
-0,5*
Portugal Espanha França Reino Alemanh E.U.A. Japão
Unido a
174
Equilíbrio de S63 - Comparação Internacional em 87
Gráfico n° 23
D(Sb+Tc)/P.I.B.
3
1 '
2,5] □ I/P.I.B.
2
1,54
1 /\ffi SC.F./P.I.B.
lj f J"l
0,5 \ s íí
04^ f B r C.F./P.I.B.
L / I/P.I.B.
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■5 F (Sb+Tc) / P.I.B.
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175
Equilíbrio de S63 Comparação Internacional em 89
Gráfico n" 25
C.F./P.I.B.
I/P.I.B.
(Sb+Tc) / P.I.B.
176
R.L.E. no P.N. B.p.m.( em % )
Comparação Internacional em 91
Gráfico n° 26
1991
Japão Í
c = 0
E.U.A. | ' i
i
Alemanha r — 3= u
Reino Unido r — * D1991
França r —i
Espanha ! : UR
Portugal (*) |
■1' A - —A ^ /
-1,2 -1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8
177
França - Os R.L.E. no P.N.B. p.m. ( em % ) em 1980 / 1991
Gráfico n° 27
R.L.E./P.N.B.p.m.
R.L.E./P.N.B.p.m.
R.L.E./P.N.B.p.m.
178
Japão - Os R.L.E. no P.N.B. p.m. ( em % ) em 1980 / 1991
Gráfico n° 29
R.L.E./P.N.B.p.m.
0,2 1D X / 00
-0,4 1
179
- fazer investimentos imateriais insistindo na chamada
" desmaterialização" da economia ;
- manter um crescimento sustentável do sector industrial,
nomeadamente através das eco-indústrias e das tecnologias limpas;
- reduzir o desnível entre oferta global e procura global, fazendo
crescer os serviços mas sem perda de importância da indústria
transformadora uma vez que ela determina a competitividade do sistema
produtivo14 ;
- conduzir um crescimento mais intensivo em emprego, numa tentativa
de conciliação de progresso económico e social, uma vez que o Recurso
Humano é o mais precioso de todos;
- produzir com Qualidade.
180
produtividade, provocando desemprego e transferindo custos para a
colectividade - os custos resultantes dos subsídios e do aumento da pressão
fiscal e das contribuições sociais sobre a mão de obra ainda resistente e,
consequentemente, também, sobre elas próprias, conduzindo a um círculo
vicioso infernal. Este processo é desencadeador de desigualdades já que as
empresas mais empregadoras acabam por ser penalizadas e sucessivamente
afastadas da competição permanecendo no mercado precisamente aquelas
que menos mão de obra ocupam.
Por outro lado, o crescimento conduzido por essas empresas
dominantes tem provocado a degradação do ambiente, sem a respectiva
contrapartida, num perfeito desrespeito por esses valores, quase sempre
conduzidas no caminho cego do lucro, sem o emprego de tecnologias limpas
e esquecendo a " contabilidade verde ".
181
E que, muito para além da privatização da propriedade , as empresas
têm vindo a privatizar o papel do Estado ao tentarem conquistar a sua
função reguladora. Será, então, o fim do Welfare State ?
No seio da globalização ( triadização ) assiste-se a privatizações
crescentes, erguendo-se a competitividade a objectivo n° 1 e esquecendo-se
irremediavelmente o emprego.
182
intermédio da iniciativa privada, têm toda a probabilidade de aumentarem
com o aumento do rendimento do país e do seu grau de desenvolvimento.
Reconhece, também , que o aumento do consumo privado requer um
aumento do consumo público, ao mesmo tempo que a crescente
complexidade das economias requer um maior poder regulador.17
17
Gemmell, Norman e outros , The Growth of the Public Sector - Theories and Internatio-
nal Evidence, Edward Elgar Publishing Limited, Hampshire, England, 1993, pág. 103 a 120.
183
Muito há a fazer em domínios fundamentais como os da investigação e
desenvolvimento, da educação , dos regimes e estruturas legislativas, fiscais
e financeiras.
1S
Giorgio Ruffolo, Os Paradoxos da Riqueza, in Revista Finisterra n° 17, Lisboa 1995 náe
103. 'FS'
Greffe , Xavier, Politique Économique - Programmes, Instruments et Perspectives, Eco-
nómica, Paris,
1987, pág. 257.
20
Op. cit. in nota n° I, pág. 12.
71
íi
Op. cit. in nota n° 19 , pág. 445.
184
Anexo
186
Contribuição de cada subsector de S60 para
o equilíbrio global ( em % do P.I.B.p.m.)
Alemanha - ( 87/89 ) - Quadro n° 19
1987 1988 1989
187
Contribuição de cada subsector de S60 para
o equilíbrio global ( em % do P.I.B.p.m.)
Japão - ( 87/89 ) - Quadro n° 21
1987 1988 1989
N5(S61)/P.I.B. -1,96 -1,13 -1,23
NS(S62)/P.I.B. -0,11 0,07 0,61
N5(S63)/P.I.B. 2,75 3,27 3,32
Fonte:National Accounts, Detailed Tables, Vol. II, 1979 - 91
O.C.D.E., Paris, 1993.
188
Capacidade de financiamento ou N.F. ( N5)
de S63 ( em % do P.I.B.p.m.)
Comparação Internacional - Quadro n° 23
1987 1988 1989
189
Equilíbrio de S63 ( Comparação Internacional em 1988 )
Quadro n° 25
Portugal Espanha França Alemanha Japão
(Sb+Tc) / P.I.B. 0,683 0,18 0,502 0.11 3,29
I/P.I.B. 0,048 0,19 0,286 0,05 0.02
CF. / P.I.B. 0,635 -0,01 0,216 0,06 3,27
Fonte: para Portugal : Q.E.C., Contas de subsectores. Contas Nacionais ,
1986-89,1.N.E.,Lisboa, 1994 , para os outros países : National Accounts, Detailed Tables,
Vol.11.1979-91, O.C.D.E., Paris, 1993
190
R.L.E. no P.N.B.p.m.( em % )
Comparação Internacional
em 91 - Quadro n° 27
| 1991
Portugal * | -0,55
Espanha -1,05
França -0,67
Alemanha 0,705
E.U.A. 0,47
Japão 0,703
* Anode 1990
Fonte: National Accounts, Detailed
Tables,Vol.Il,1979-91, O.C.D.E., Paris, 1993
R.L.E./P.N.B.p.m. 0,45 0,32 0,06 -0,29 -0,54 -0,55 -0,33 -0,23 -0,2 -0,16 -0,36 -0,67
191
E.U.A. - Os R.L.E. no P.N.B. p.m. ( em % ) em 1980 / 1991
Quadro n" 29
1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991
R.L.E./P.N.B.p.m. 1,3 1,2 1 0,98 0,77 0,5 0,36 0,27 0,32 0,45 0,53 0,47
R.L.E./P.N.B.p.m. -0,03 -0,21 0,02 0,11 0,17 0,35 0,37 0,59 0,62 0,71 0,69 0,7
192
ÍNDICE
1. Os originais podem ser acompanhados por uma nota biográfica que não exceda três linhas.