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A propósito da Vi gilância em Saúde do Tra b a l h a dor

Workers’ Health Surveillance

Jor ge Me s quita Huet Machado 1

Abstract This article presents a discussion about Re su m o Este texto apresenta uma discussão
the context of the Surveill a n ce in the area of co n textualizada das ações de Vi gi l â n cia em Saú-
Workers Health (SWH). It is assumed to be a de do Tra balhador (VST), na qualidade de uma
tra n sd i sciplinary so cial praxis in wh i ch a va ri ety práxis social transdisciplinar em que distintos
of social actors are orga n i zed, making part of a atores se organizam em um processo heterodoxo e
heterodox and constructivist process. The last construtivista. Destaca-se o momento histórico
decade Brazilian insti tu tional and histo rical evo- institu cional vivido pelo Brasil nas últimas déca-
lution is fo c u sed. So as the co n s ti tu tion of SWH das e a co n s ti tuição de redes de VST a partir de
netwo rks in a field marked by co n tra d i ctions be- objetos priorizados em um campo de contradições
tween so cial values su ch as the health as a pri n ci- entre a saúde e a produção como valores sociais.
ple and the production demands. Pa l avras-ch ave Vigilância em Saúde do Traba-
Key word s Surveill a n ce in Workers Health, lhador, Saúde do Tra ba l h a d o r, Tra n sd i sciplinari-
Workers Health, Transdisciplinary actions dade

1 Coordenação de Sa ú de
do Trabalhador,
DIREH/Fioc ru z .
Pavilhão F i g u ei redo
Va s con celos, sala 301,
Av. Brasil 4365,
Ma n g u i n h o s , 21045-900,
Rio de Ja n ei ro RJ.
jorgemhm@procc.fiocruz.br
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In trodução em uma gama de ex periências distintas. As di-


ferenças ob s ervadas refletem as potencialida-
As questões aqui apre s en t adas corre s pon dem a des regionais, que giram em torno da força e
algumas inquietações referentes à prática de qu a l i d ade da organização dos trabalhadores
Vi gilância em Saúde do Trabalhador (VST), qu a n to às questões de saúde. Em termos insti-
desenvolvida no Brasil nestes últimos vinte tucionais, dependem das políticas regionais e
anos. Foi a partir de 1994 que, no âmbito do da estrutu ra or ganizacional, da capac i d ade ins-
SUS, h o uve um movimen to de generalização t a l ad a , da qu a l i d ade dos prof i s s i onais envo lvi-
de experiências estaduais iniciadas na década dos e de influências advindas das instituições
anteri or e um processo de municipalização das acadêmicas (Lacaz et al., 2002; Machado, 1996).
ações de saúde do trabalhador decorren te da- Ca be de s t acar nesse cen á rio de ex periências
qu elas ex periências estaduais mais con s o l i d a- h eterogêneas algumas caracter í s ticas comuns e
das. A II Con ferência Nacional de Saúde do e s truturantes do modelo de VST desenvo lvi do
Tra b a l h ador esteve marc ada por esse con tex to no país e como são con s ti tuídas redes de ação
de significativa ampliação do número de pro- em que operam vários níveis de VST por diver-
gramas, cen tros regionais, núcl eos e coorden a- sos atore s , em um processo de integração or ga-
ções de saúde do trabalhador e inclusive dos n i z ado pelos objetos con c retos sobre os quais
m a rcos legais da áre a . se tecem teias de ligações interinstitucionais.
A pr á tica de VST é con s i derad a , no en t a n-
to, fugaz e regionalizada (Lacaz et al., 2002).
Fu ga z , em virtu de do grau de instabi l i d ade das Ca ra c terísticas estrut u ra n tes da VS T
experiências e da sua limitada resistência às f re-
q ü en tes mudanças internas – pri n c i p a l m en te A relação interinstitucional
no âmbi to municipal –, que invi a bilizam o de-
senvolvimen to de muitas iniciativas, algumas Ao recortarmos a vigilância ten do como fo-
das quais nem ch egam a deco l a r. E regi on a l i z a- co o campo da saúde do tra b a l h ador, def ron t a-
da, por se concentrar principalmente em São mo-nos, na prática, com o problema da integra-
Paulo – devi do à influência em sua ori gem do ção. Verifica-se intensa multiplicidade tem á ti-
m ovimen to sindical e de sanitaristas da Sec re- ca, a bra n gen do diversas disciplinas, que não re-
taria de Estado de Saúde – e em algumas re- dundam necessariamente na elaboração de u m a
giões no Su de s te e Su l , bem como na Bahia pe- política públ i c a , radicalmen te inters etorial e
lo papel estrutura n te exerc i do pelo Cen tro Es- a rti c u l ada com outros âmbi tos da vigilância.
t adual de Sa ú de do Tra b a l h ador (CESAT) . A maioria das insti tuições se ressente da in-
Nos últimos três anos, com a implantação fluência de con cepções técnicas e de recursos
da Rede Nac i onal de Atenção In tegral à Saúde humanos form ados seg u n do uma lógica ac ad ê-
do Tra b a l h ador (Ren a s t ) , há uma ten t a tiva de mica com p a rti m entar em faculdades e depar-
pro t a gonismo maior do SUS na formulação de t a m en tos que dificulta a integração entre as
uma política clara de expansão das ações em disciplinas. Veri f i c a m - s e , apen a s , algumas ilhas
s a ú dedo trabalhador. interdisciplinares vo l t adas para a Sa ú de Co l eti-
É nece s s á rio men c i onar ainda que as ações va . Mesmo nessas ilhas, atri bui-se pouca ênfase
de saúde do trabalhador passam por um pro- à saúde dos trabalhadore s , tornando inadequ a-
cesso de amadu recimen to e difusão, derivado da e insu f i c i en te a formação de rec u rsos huma-
da con f i g u ração do SUS e de suas relações com nos. As barrei ras disciplinares mais uma vez se
o movimen to sindical, com instâncias do Mi- i n terpõem diante da racionalidade necessária
n i s t é rio da Previdência, do Trabalho e do Meio para uma ação transversal em saúde do tra b a-
Am bien te , com setores empre s a riais, corpora- lhador. A reprodução de uma estrutura disci-
ções técnicas, aparatos formadores técnico- plinar or ganizada secularmen te faz com qu e
c i en t í f i cos e agências de regulação envo lvidas e s tejam consolidados poderes e preconcei to s ,
de forma mais próxima na interação da saúde ac a rretando, do ponto de vista do co tidiano
com o trabalho (Mach ado, 2003). ac ad ê m i co, pouca disponibilidade para o diá-
Em termos gerais, pode con s t a t a r-se que a l ogo. Tal lógica termina por fundamentar a re-
implantação de ações de VST de s envo lvidas no produção do saber e a perpetuação de pr á ti c a s
s etor saúde por gru pos institu c i onais loc a l i z a- corpora tiva s .
dos em vários pon tos do Bra s i l , com o grau de O processo de su peração desse cen á rio ins-
con cen tração referi do anteriorm en te , re sultou titucional é ainda incipien te e vem permeado
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por uma série de con f l i to s , alguns deles de tipo tuições de refer ê n c i a . Isso inclu i , de forma per-
corporativo mais relac i on ados a disputas no versa, os corpora tivismos que se auto - reprodu-
campo das práticas institucionais ainda não zem como fim de sua ação insti tu c i on a l , con s-
harmon i z adas pós-Constituição de 1988. As- ti tu i n do-se num campo fech ado de negócios e
sim, auditores fiscais do Ministério de Traba- sabere s .
lho e sanitaristas do SUS, voltados para as a ç õ e s O desafio de su perar o que poderia qu a l i f i-
de saúde do tra b a l h ador, vivem em con f l i tona c a r-se como uma tendência de inércia con f l i ti-
m a i oria dos Estados bra s i l ei ros, on de se re a l i- va é bastante atual e só acon tecerá se en f ren t a r-
zam, com maior ênfase, pr á ticas nesse campo. mos, conceitualmen te e de forma con s c i en te ,
as bases de nossas práticas co ti d i a n a s , em suas
A transdisciplinaridade dimensões ex ternas aos pr ó prios setores, com o
a implem entação de po l í ticas públicas e de a ç õ e s
A Vi gilância em Saúde do Trabalhador co- situadas num con tex to social mais amplo.
mo uma área de promoção da saúde requ er pe- Con cei tos derivados do campo da saúde do
la natureza de suas práticas uma com preensão tra b a l h ador e das relações do trabalho são fun-
transdisciplinar e uma ação tra n s versal inter e d a m entais para o en tendimento e para as ações
i n tra-setori a l . con c retas desenvo lvidas nos últimos anos nas
Essa exigência de uma formulação con cei- insti tuições e na ac ademia por dep a rtamen to s
tual que acolha e condicione as ações de VST mul tiprof i s s i onais e interd i s c i p l i n a re s . As ba-
perm i te avançar na reflexão lógica para além ses da ep i dem i o l ogia social da Am é rica Latina
das disciplinas e arc a bouços interd i s c i p l i n a re s ( L a u rell & Nori ega , 1989) e da er gon omia fra n-
fundamen t ados em esferas de dominância de s- cesa de Alain Wi s n er(1987), a p l i c adas ao mu n-
ta ou daqu ela disciplina. Sob uma ótica de in- do do trabalho, trouxeram avanços e repre s en-
tegração transdisciplinar, os compon en tes bá- tam fundamen tos essenciais para a interven ç ã o
sicos – soc i a i s , t é c n i cos e ep i dem i o l ó gi cos – da sanitária no campo das relações en tre a saúde e
a bord a gem interdisciplinar da saúde do tra b a- o tra b a l h o. E n tret a n to, con cei tos como carga e
l h ador se articulam harm on i c a m en te de form a a tividade , oriu n dos de disciplinas e arranjos ain-
a que não mais prevaleçam vieses tecnicistas, da interd i s c i p l i n a re s , não dão conta da dimen-
s oc i o l ó gi cos ou sanitári o s , qu a n ti t a tivos ou qu a- são soc i oeconômica como um con d i c i on a n te
litativos. Somam-se a isso processos de cons- macroe s trutu ral da relação saúde - tra b a l h o, tra-
trução de redes intra- e interi n s titu c i onais com zen do tensões aos gru pos que de s envo lvem suas
vistas à pre s ervação da saúde dos trabalhado- práticas institucionais. Diante desse impasse, é
re s , ten do como estratégia a exclusão dos con- nece s s á ria a adoção de con cei tos que con c i l i em
d i c i on a n tes de desgaste ou, ao menos, a redu- o arc a bouço mu l tidisciplinar em uma pers pecti-
ção de seus impacto s . va transdisciplinar, de modo que tais con cei to s
A falta de uma base conceitual capaz de sejam com p a rti l h ados por diversas disciplinas.
a justar as ações tra n s vers a i s , a l i ada a hierarqu i- A abord a gem dos condicion a n tes sócio-
zações que não corre s pon dem aos papéis pos- t é c n i cos repre s enta um el em en to de qu a l i d ade
s í veis de serem de s em penhados por uma ou e um com pon en te fundamental para o enten-
outra instituição isoladamen te , constitui um d i m en to da VST como estra t é gia tra n s d i s c i p l i-
dos em pecilhos fundamentais para a obj etiva- nar de atuação con s truída a partir dos obj eto s ,
ção das ações de VST. A proposta do SUS, em ou seja, a partir da ob s ervação e intervenção na
sua formulação da Sa ú de do Tra b a l h ador, esta- relação en tre múltiplos processos de trabalho e
belece uma cen tralidade disciplinar da epide- s a ú de , con s i dera n do suas especiais caracter í s ti-
miologia, configurando um saber dogmático cas con s trutivistas e históri c a s .
freq ü en te na área de saúde . Por sua ve z , no âm-
bito do Ministério do Trabalho, o arc a bo u ç o A construção de processos
i n terdisciplinar da saúde do tra b a l h ador ac a b a arti c u l a dos de interven ç ã o
reduzindo-se à su bmissão das disciplinas a
po s s i bi l i d ade de negociação no âmbi to das re- A análise da relação da saúde com o proce s-
lações de trabalho e do en ge s s a m en to de sua so de trabalho – con tex tu a l i z a n do as situações
pr á tica por um mosaico inac a b ado de referen- de ri s co técnico com as relações de trabalho e
ciais normativos. Essa disputa te ó rica é muitas com as formas de resistência e de sga s te da saú-
ve zes intuitiva e, s obretu do, con d i c i on ada pe- de dos tra b a l h adores – con s ti tui o obj eto gen é-
los pr ó prios micropoderes ex i s ten tes nas insti- rico de todas os processos de vigilância em saú-
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de do tra b a l h ador (Mach ado, 1996). Esse obj e- s erviços de saúde e segurança do trabalho das
to está inseri do como um núcleo de uma célula em presas e dos sindicatos, no sentido de dar
com várias esferas de raios distintos e ainda maior ou men or perm e a bilidade às forças decor-
com con exões en tre as diversas esferas con c ê n- ren tes dos campos esféricos de fora do núcl eo.
tricas ao redor do núcl eo, conform a n do uma Um pri m ei ro ti po de VST é exercido no pr ó-
rede de vigilância (Figura 1). Essa repre s en t a- prio interior dos núcleos pelos atores aí pre-
ção sintetiza o campo de ação da VST com su a s s en te s , tra b a l h adores e seus repre s en t a n tes (ci-
várias formas de intervenção e suas distintas pistas e sindicato s ) , p a trões e seus repre s entan-
respon s a bi l i d ades e rel a ç õ e s . tes (ch efias) e técnicos dos serviços espec i a l i z a-
No núcl eo, de s t acam-se os nucléolos, con- dos, tradicionalmente ch a m ados de Serviços
figurando os trabalhadores e o ambi ente de Especializados em Segurança e Medicina do
trabalho, e uma divisão en tre os hem i s f é rios do Trabalho (SESMT) .
patron a to e dos tra b a l h adore s . Aí re s i de o foco A pri m ei ra camad a , form ada por órgãos do
das ações de VS T, e s t a belec i do a partir das con- poder exec utivo, tem como caracter í s tica bási-
tradições en tre a produção e a saúde dos tra b a- ca o alto grau de instabi l i d ade. Volatiliza-se se
l h adore s . Con s titui um espaço da ação indivi- não vem acom p a n h ada de outras para con s ti-
dual e co l etiva de resistência dos trabalhadore s tuir uma rede de apoio que con s o l i de as ações
d i a n tedo processo de gestão do trabalho exer- decorren tes deste âmbito de interven ç ã o. Os
cido pelas forças de comando no interior das n ú cl eos corre s pon dem aos cen tros de referên-
em presas que con formam estra t é gias de dom í- cia, aos serviços e às coordenações do SUS, que
nio da organização do trabalho e, con s eqüen- desempenham ações de intervenção e discus-
tem en te , das tecnologias ado t adas ou vi gen te s são nos locais de trabalho e também a outras
nos processos de trabalho. instituições que podem ou não estar articula-
Ao nível da mem brana que sep a ra o núcl eo das ao SUS, como as Delegacias Regionais do
do re s t a n te da célula, operam-se as ações dos Tra b a l h o, Secretarias de Meio Ambiente e da

Fi g u ra 1
Rede de vi gilância em saúde do tra b a l h ador.

Mod i f i c ado de Porto MSF, Mach ado JMH & Freitas, CM 2000.
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Agri c u l tu ra, Mi n i s t é rios Públ i cos e instâncias nais ou regi on a i s , como no caso da Comissão
da Previdência Social, que exec utam uma ação de Di rei tos Humanos da Câmara e de As s em-
i n s ti tu c i onal de VS T, ou seja, um seg u n do ti po bléias Legislativas de Estados e Municípios
de VS T. ( Ci rn e , 2000; Lima 1993).
Uma segunda camada é repre s en t ada por Esses pólos de con s ti tuição de redes não são
um segmen to estratégico estrutura n te que é o únicos nem primários, entretanto são funda-
a p a relho form ador e de formulação e reprodu- mentais, pois consolidam processos de nego-
ção do con h ec i m en to. É um lócus do saber, em ciação aprox i m a n do pólos antagônico s , insti-
que se disputam as bases fundamentais das tuições e atores dispers o s . Repre s entam espa-
ações e se produzem técnicos e discursos com ços concretos de formulação e acompanha-
lógicas que auxiliam as instituições exec utivas men to da ação transdisciplinar em um aju s te
em suas ações. As repercussões das formula- permanente em que as forças atuantes possam
ções transdisciplinares, i n terd i s c i p l i n a res e dis- ter um fundamen to lógi co comu m .
ciplinares ado t adas por dep a rt a m en to s , em pre- Con s ti tu i n doa camada mais ex terna, com o
sas e insti tuições se tornam visíveis e palpáveis uma mem brana celular ex terna que delimita a
nas con tendas por entendimentos e con cei to s rede de VS T, a pre s enta-se a instância do sen s o
que fazem evo luir para um lado ou outro a de- comum e de disputa do discurso na soc i ed ade,
limitação dos hem i s f é rios do núcl eo que repre- em que os con s ensos se tornam senso comu m ,
s enta o maior ou men or desga s te do tra b a l h a- sen do estes bons sensos ou não. É o campo em
dor no exercício de seu trabalho. Pode ser vi s to que se def i n emos diferentes graus de perigo e
como com pon en te ep i s tem o l ó gi co da vigilân- de risco que a soc i edade perm i te em um deter-
cia, ou mesmo de vigilância ep i s temológica, e minado momen to e território. Expressa tam-
se con f i g u ra em um terceiro ti po de VS T. bém as situações de exclusão e de inclusão qu e
A próxima camada é constituída por ele- estão va l en do e quais serão os ti pos de “n ú cl eo s”
m en tos estra t é gi cos na con s trução da rede tra- ( processos de trabalho) possíveis e de s ejávei s .
becular e das relações entre as instâncias da A difusão da informação e o direi to do sa-
mesma camad a . Exemplos de seus mecanismos ber são estra t é gi cos nessa disputa da form a ç ã o
são os Fóruns de Acordos, as Câmaras Técni- ética da soc i edade diante do trabalho e, con s e-
cas, os Con s elhos e outras formas de agluti n a- q ü en tem en te, do modelo de produção e con su-
ção inter e intra - i n s ti tu c i onais. A sua função é mo a que estaremos con d i c i on ados como po-
tecer a rede , que perm i te dar flex i bi l i d ade e re- p u l a ç ã o, tra b a l h adores, agen tes insti tu c i onais,
sistência ao processo de VS T, torn a n do-se o ló- agen tes patronais e intelectuais. A mídia é um
cus das negoc i a ç õ e s , dos con f l i tos e da con s tru- dos campos de disputa da informação mais sig-
ção de consensos e avanços estruturantes que n i f i c a tivos assim como todos os processos edu-
vão se consolidar na camada a seguir. Essa é a cativos formais ou informais. Da mesma for-
camada da síntese de acordos e formalizações ma, as empresas através da propaganda e de
em termos legais, sendo consolidada por pac- suas campanhas internas de con trole de atitu-
tos ju r í d i cos institucionais, estabelecendo des buscam estabelecer padrões de comport a-
avanços no tec i do social dem oc r á ti co e solidifi- m en to e de adesão aos princípios de produ ç ã o,
c a n do os progressos con qu i s t ados pelo proce s- muitas vezes inadequados aos mecanismos de
so de VS T. Essas duas camadas são mu i to pró- resistência dos trabalhadores organizados e
ximas e se tocam con s t a n temente, uma estru- mesmo incom p a t í veis com as con cepções e va-
tu ra n do a outra em uma figura en trel a ç ad a , co- lores del e s .
mo uma coroa de espinhos. Deve-se destacar Ao vi su a l i z a rmos esse arc a bouço celular re-
aqui o papel do MTE, pois sua ação nesse cam- pre s en t a tivo de processos de vigilância con s ti-
po de negociações é exemplar e fundamental tuídos em rede, ob s ervamos que a natureza
pela sua tradição de regulação das condições de tra n s versal da ação da VST é algo com p l eta-
trabalho. Nesse sentido, são ilu s trativos acor- men te eviden te . Significa a obviedade da re s-
dos como o da CNP-Ben zen o, o dos Vasos sob ponsabilidade múltipla das instâncias sociais
Pre s s ã o, o da Comissão da Resolução 174 e o envo lvidas nos processos concretos constru í-
das Prensas In j etora s , en tre outras ex periências dos ou a serem constru í dos a partir das qu e s-
de regulação das condições do trabalho em si- tões apre s en t adas pelos também múltiplos ob-
tuações de alto risco. Mais recentem en te , c a be jeto s . As teias terão caracter í s ticas e atores dis-
também destacar as ações parlamen t a res nas ti n to s , t a n tos qu a n tos forem os obj etos de ação
discussões de marcos legais, sejam eles nac i o- pri ori z ados pelas ações de VS T. Nesse proce s s o
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de priorização, devem ser balance adas as de- senvo lvi m en to ado t ado s . Con c ret a m en te , é ex-
mandas soc i a i s , os impactos ep i dem i o l ó gi cos e p l i c i t adoque a VST é um processo social con t í-
as forças ex i s ten tes para o exercício das ações nuo em que vários atore s , inclu s ive a socieda-
decorrentes das disputas e negociações a serem de, executam o seu pro t a gonismo co ti d i a n a-
travadas nos vários âmbi tos da célula ou da re- m en te em níveis disti n tos de ação e com inte-
de de VST. grações organizadas por processos de promo-
ção da saúde ou de reprodução do capital, em
con tex tos percept í veis e impercept í veis se to-
Con s i derações finais cando con ti nu a m en te .
Finalmente de s t acamos o papel das formu-
Esse modelo de redes de VST com suas caracte- lações científicas e ideo l ó gicas que perm eiam a
r í s ticas heterodoxas e con s trutivistas perm i te a c a ptu ra ética do que fazer no mu n do do tra b a-
vi sualização do con tex to da ação insti tu c i onal lho em sua opera ç ã o. E n contram-se pre s en tes
de VST relacionada às con tradições no âmbi to nas disputas dos padrões de pre s ervação da vi-
dos processos de tra b a l h o, bem como das for- da no trabalho a que estão su bm etidos todos
mas em que se or ganizam o Estado e a soc i ed a- tra b a l h adore s , indepen dentem ente do tipo de
de para dar conta dos desafios da reprodução relação de venda da força de trabalho.
social e da su s ten t a bi l i d ade dos modelos de de-

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Escola Nac i onal de Saúde Pública, Fiocruz, Rio de
Janeiro. Arti go apre s en t ado em 20/07/2005
Aprovado em 31/08/2005
Versão final apre s en t ada em 5/09/2005

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