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Do povo
para o povo
Leonardo Boloni grandes espetáculos.
7º período de Jornalismo A cultura popular é tão forte e
diversificada em nosso país que, mesmo
Normalmente, pensamos que a periferia, sem os mecenas, o povo inventa um jeito
que margeia a zona central de uma cidade, para se expressar. Ele se organiza e realiza
é o local onde só encontramos uma seus eventos, mesmo que sejam para a
infinidade de problemas sociais, das mais comunidade local – a periferia. Iniciativas
diversas naturezas. Em consequência, destas mesmas pessoas estão dando
imaginamos que isso deve ficar isolado por resultados. Em Uberaba, podemos encontrar
lá, para que não nos atinja. Porém, além de estas manifestações “periféricas” no centro
percebermos os vários problemas, da cidade, contrariando a idéia de centro
precisamos vasculhar as ruas, alamedas e urbano/elite cultural. Além disto, está
até os fundos dos quintais, em busca de disponibilizando um fácil acesso àqueles
possíveis soluções. Se olharmos com que se interessam pelo conhecimento, base
atenção, poderemos enxergar valores para o desapareci-mento do pré-conceito.
dissociados aos Um exem-plo disto,
problemas financei- A cultura popular é tão forte e são os ternos de
ros, o mais gritante da C o n g a d a s ,
periferia. Veremos
diversificada em nosso país que, Moçambiques e E-mail enviado à redação para André Aze- acho ser, a demolição e o extrativismo
também que não é um mesmo sem os mecenas, o povo Afoxé que circulam vedo, autor da reportagem Arquitetura do des- vegetal desenfreado, o baque que mata
lugar marginal – inventa um jeito para se expressar pelos bairros e centro prezo - Escombros da memória coletiva: as possibilidades de perpetuação concre-
aquele que margeia. da cidade no dia 13 Olá amigo, Parabéns! Excelente traba- ta da memória.
Lá se produz, não em escala industrial, mas de maio. Infelizmente, o prestígio vem lho! Melhor seria um termo mais forte ain- Quanto às fotos, conseguiu transmitir o do-
sim, em escala emocional. somente das pessoas das mesma camada da, porém creio ainda não existente em lín- bro da mensagem que escreveste, já que elas
A cultura do povo não está associada a social e daqueles “curiosos”, ou ávidos pelo gua portuguesa. falam por si só e dão força à sua argumenta-
riquezas materias, abrange outros fatores conhecimento. André, não me contive, não consegui se- ção, chamando o leitor a atenção pela causa
desvinculados ao status social. São emoções, O hip-hop, movimento que surgiu nos gurar a leitura de toda a que coloca.
experiências e vivências que se desenvolveram Estados Unidos e encontrou muitos adeptos matéria que desenvol- Pois bem André, pelo
veste a respeito do des- “a cultura de nossa primor de seu trabalho
de forma simples, muitas delas, ainda utilizando no Brasil, vem dando suas caras e
um processo muito antigo, a comunicação oral. contribuindo para o crescimento social das caso com edificações gente está sofrendo acho que é fundamental
Essa cultura é passada de pai para filho, comunidades onde está inserido. Além disto, históricas de nosso mu- um processo erosivo” que encaminhe oficial-
garantindo assim a difusão e a manutenção de ele está rompendo barreiras, ou melhor nicípio, e logo preferi te- mente ao poder público
um valor social importantíssimo para o dizendo, “cercas”, como é o caso de Uberaba. cer meus comentários. (prefeito ou vereadores)
desenvolvimento das comunidades. São alternativas que fazem a diferença em A forma como você empregou as pala- uma cópia de teu trabalho para que legis-
Várias formas de expressão tiveram um uma sociedade desequilibrada em seu vras trouxe todo o primor que esta causa lem em relação a isso.
grande apoio a partir da era renascentista, aspecto geral. São propostas que enobrecem necessita. Sugiro ainda que, em oportunidades,
através dos mecenas. Porém, a partir deste a desacreditada cultura popular. Para que Bom, desculpe. Não me apresentei. Sou inscreva teu trabalho em concursos de ma-
período, houve uma elitização da arte. E possamos atingir uma melhoria na qualidade Eng° Agrônomo atuante na área de plantas térias jornalística, pois tenho certeza que
hoje, ela vêm por vários caminhos, inclusive de vida, precisamos investir na cultura do medicinais e agricultura orgânica. A tua ide- poderá ter muito bons resultados.
o popular. As grandes galerias de arte e casas povo, a primeira base de todo conhecimento ologia de preservação da memória popular (...)
de show estão aí para divulgar as humano. Não adianta protestar contra os pelas edificações é louvável. Já por meu Sempre contemplei nossas edificações
manifestações sócio-culturais. Mas para a poderosos ou fechar os olhos aos problemas lado tenho grande preocupação no resgate, pena que no dia a dia somos tragados por
realização destes eventos, precisamos que nos circundam. É preciso reconhecer os manutenção e estímulo da memória da cul- tantos encaminhamentos e não no seja pos-
recorrer aos mecenas modernos, que visam valores e propor alternativas que realmente tura popular pelo uso de plantas medicinais. sível defender todos aqueles que se fazem
o lucro por trás de suas “colaborações”. A façam uma diferença. Acreditamos que a Vamos considerar assim: a cultura de jus de maior atenção.
dita “arte” se distancia cada vez mais de diversificação cultural, seja qual for sua nossa gente está sofrendo um processo
nosso povo, que não tem dinheiro para natureza, é um forte instrumento para a erosivo. Onde, no caso específico das Forte abraço
comer, muito menos para assistir aos evolução humana. edificações e das plantas medicinais, Sebastião Evaristo Arantes Neto
Jornal-laboratório do curso de Comunicação Social, produzido e editado pelos alunos de Jornalismo e Publicidade & Propaganda da Universidade de Uberaba
Edição: Alunos do curso de Comunicação Social • • • Supervisão de Edição: Alzira Borges • • • Projeto Gráfico: André Azevedo (andre.azevedo@uniube.br) • • • Diretor do Curso de Comunicação Social:
Edvaldo Pereira Lima (edpl@uol.com.br) • • • Coordenadora da habilitação em Jornalismo: Alzira Borges da Silva (alzira.silva@uniube.br) • • • Coordenadora da habilitação em Publicidade e Propagan-
da: Érika Galvão Hinkle • • • Professores Orientadores: Norah Shallyamar Gamboa Vela (norah.vela@uniube.br), Vicente Higino de Moura (vicente.moura@uniube.br) e Edmundo Heráclito
(heraclit@triang.com.br) • • • Técnica do Laboratório de Fotografia: Neuza das Graças da Silva • • • Distribuição: Assessoria de Imprensa • • • Reitor: Marcelo Palmério • • • Ombudsman da Universidade
de Uberaba: Newton Mamede (ombudsman@uniube.br) • • • Jornalista e Assessor de Imprensa: Ricardo Aidar • • • Impressão: Jornal da Manhã Internet: http://www.revelacaoonline.uniube.br •••
Contatos: Universidade de Uberaba - Depto. de Comunicação Social - Bloco L - Av. Nenê Sabino 1801 - Bairro Universitário - Uberaba/MG - CEP 38.055-500
As opiniões emitidas em artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.
2 4 a 10 de março de 2002
Elas foto
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As garras da fêmea
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fácil à universidade
ção e acompanhamento do Fies entrevista- do sexto período de Odontologia da Uni-
rá os candidatos pré-selecionados, que de- versidade de Uberaba, Ângela Maria Ribei-
verão comparecer a entrevista munidos com ro, está cadastrada no FIES desde agosto
o original e fotocopia dos documentos pes- de 2001. Segundo ela o valor da mensali-
Cássia Rocha relação aos anos anteriores. soais e dos familiares. dade do curso era de R$ 728,00 e, agora,
4º período de Jornalismo Marilach, informou que as inscrições A taxa de juros é fixada por todo o pe- com o Fies é de R$ 258,00. “Na minha opi-
Sana Suzara para o Fies deverão ser feitas pela Internet ríodo de vigência do financiamento. No 1º nião, o processo de seleção é bastante jus-
6º período de Jornalismo até o dia 22 de março. Para se inscrever o semestre de 2002 , a taxa é de 0,72073% ao to, pois analisa realmente as condições só-
candidato deverá entrar no endereço do Fies mês (9% ao ano), sem qualquer tipo de al- cio-ecômicas de cada aluno”, declara
Cerca de 130 alunos já se inscreveram na Internet (www.mec.gov.br) e preencher teração monetária. Os pagamentos serão Ângela
para o Fies (Fundo de Financiamento ao a ficha de inscrição com dados que ele po- executados em três fases distintas: durante O contrato de financiamento poderá ser
Estudante do Ensino Superior) que neste derá comprovar no momento da entrevista. o período de estudos; a cada três meses, cancelado a pedido do próprio estudante;
ano prevê o investimento de 300 mil reais No 1º dia de abril, no site do Fies e nos quando serão pagas parcelas de juros, limi- por conclusão do curso; ou simplesmente
para a Universidade de Uberaba. De acor- quadros de aviso da Universidade , será tadas a R$ 50,00; e nos doze primeiros por situação que impeça sua manutenção do
do com a coordenadora do programa, Luiza divulgada a relação dos candidatos cujas meses após a conclusão do curso, quando financiamento, como por exemplo a não-
de Marilach , entre 90 e 95 alunos deverão inscrições foram confirmadas. O candidato as prestações mensais serão em valor equi- obtenção de aproveitamento acadêmico em,
ser contemplados. O número de inscritos, que não encontrar seu nome na relação terá valente à parcela que não era financiada pelo no mínimo, 75% das disciplinas cursadas
até o momento, é considerado pequeno em até o dia 04 de abril para recorrer e apre- FIES no último semestre do curso. durante o último período letivo financiado.
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Sana Suzana Veras
Uma reconquista
social
Dedicação, esforço e muito trabalho foram os motivos
que levaram várias pessoas ao bairro Santa Marta,
durante evento, cuja proposta foi de integrar
e melhorar o ambiente de lazer da comunidade
foto Atualmente a creche Mônica Budeus e Ricardo Misson atende 80 crianças
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Wesley Jacinto na d próprios moradores, a venda de Missão
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Sana Suzana Veras artesanato, os visitantes receberam A instituição existe há cinco anos. Foi
7º período de Jornalismo assistência de profissionais da saúde e fundada no dia 10 de fevereiro de 1997 com
Luana Neri beleza. a missão de ajudar a comunidade na
1º período de Jornalismo complementação da educação das crianças
Organização durante a jornada de trabalho dos pais. O
No último dia 24 de fevereiro, Os recursos adquiridos com as atendimento ao público só foi possível
a Praça da Ressurreição, loca- atividades desenvolvidas na feira, graças à união dos membros da comunidade
lizada no bairro Santa Marta foi serão destinados à manutenção da paroquial que trabalharam na construção da
cenário do projeto denominado creche comunitária, que apesar de creche. A luta para promover o
“Ressurreição da Praça”. Trata-se ter um convênio com a prefeitura,
de uma oportunidade para as busca sua autonomia. Divina do
pessoas desenvolverem o exercício Vale afirmou que a proposta do
da cidadania em benefício da projeto é realizar a feira uma
comunidade em geral. A idéia foi criar vez por mês e destacou ainda
um espaço no local onde as pessoas que ele será implantado por
pudessem ter acesso à cultura , lazer e a etapas, de acordo com o
oportunidade de complementar sua fonte sucesso da feira. A
de renda, pois trabalharam com barracas Bloco dos palhaços animou a praça da igreja intenção é atrair outras
de alimentação, artesanato entre outras comunidades, de modo
modalidades. A iniciativa partiu da que mais pessoas possam
experiência das educadoras da creche utilizavam a praça para recreação. Como ser beneficiadas.
Mônica Budeus e Ricardo Misson que o local é propriedade da paróquia e estava Outra meta é garantir
sendo mal utilizado com a presença de cursos e oficinas que serão
usuários de drogas, resolveu-se realizar oferecidos pela Creche a
o projeto. quem estiver interessado.
“O evento superou às expec- A voluntária disse que em
tativas”, assim garantiu a 1998 o projeto já estava em
voluntária da creche Divina fase de estudos, tanto por parte
Oliveira do Vale, que da Creche como da Igreja da
também é orientadora Ressurreição. mas só agora foi
religiosa do colégio colocado em prática devido a Oficina ensinou artesanato aos interessados
Marista. Ela disse que burocracia.
os expositores corres- “ To d a s a s p e s s o a s t e r ã o u m
ponderam com a ambiente saudável e descontraído, e desenvolvimento da sua estrutura física
iniciativa em criar a contarão com a presença de reforço continua para que possa acolher mais 40
feira através da mostra policial durante a mostra” declarou crianças além das 80 que recebem
de seus trabalhos. O Divina do Vale. Ela afirmou ainda que atendimento.
público pôde acompa- todos da Creche Mônica Budeus e
nhar a apresentação de Ricardo Misson, estão sensibilizados
peças teatrais, shows com a participação de estudantes de
artísticos, recreação com as Comunicação Social da Universidade Participaram das entrevistas:
Moradores crianças e oficinas de Uberaba, pelo interesse em divulgar Mariana Marajó e Karine Rogério
contaram com
avaliação nutricional
profissionalizantes. Além da e assegurar o bem-estar social de 1º período de Jornalismo
variedade de pratos feitos pelos moradores e paroquianos.
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objetivo. “Além de trabalhar o
desenvolvimento cultural dos adolescentes,
essa experiência acaba dando chances para
uma auto afirmação dos jovens da periferia,
conscientizando-os sobre a realidade social”.
Para ele, este é o início de um processo que
pode modificar o nível de consciência do
futuro cidadão.
Hip-hop em Uberaba
A periferia é aqui
O movimento hip-hop surgiu há
aproximadamente 15 anos em Uberaba. Do
surgimento aos dias de hoje, mesmo
enfrentando o preconceito de uma cidade
tradicional, ele tem crescido nas camadas
menos favorecidas. O Projeto Periferia
Cultural consegue atrair estes adeptos para o
centro da cidade, servindo de palco para os
disque-joquéis (DJs) e para a galera ensaiar
alguns passos do break.
Para Cristiane Ribeiro Caetano Fonseca,
16 anos, a Miguel Cris do grupo U.B.A. Crew,
o break é a liberdade de expressão através da
dança. De acordo com ela, a filosofia do
movimento hip-hop se resume em três
palavras: “paz, harmonia e união”. Outro
aspecto importante observado pela jovem é
Leonardo Boloni teatro e percussão Tribais. O grupo surgiu em a questão do trabalho social que é feito
7º período de Jornalismo 97, quando Filó dava aulas de teatro para através do movimento. “Nós usamos o hip-
Não importa o lugar, o que importa é criar. Assim, os adolescentes de
meninos carentes de uma instituição hop como uma alternativa para os jovens
O Projeto Periferia Cultural é a união de religiosa. Durante o curso, ele percebeu que manterem-se afastados das drogas. Em vez
diferentes bairros da cidade assumem o que gostam e fazem arte,
vários movimentos sócio-culturais da periferia a garotada tinha “uma certa indisciplina”. O do garoto estar cheirando cola ou usando
de Uberaba. É uma alternativa para criar espaço batuque nas carteiras era constante durante cocaína, ele pode estar dançando, cantando,
para as manifestações culturais da comunidade. as aulas. “Aí pensei, por quê não fazer algum aprendendo artes gráficas como o graffite”,
De acordo com o presidente da Companhia trabalho em cima do batuque deles”, se explica Cris.
Brasileira de Teatro e Percussão e coordenador lembra Filó. Então, eles começaram a juntar O breaker e grafiteiro Ricardo Wemerson,
geral do projeto, Órfilo Fraga, ou Filó, como é galões de plástico, peças de ferro velho e de 18 anos, o R-Loco, também do U.B.A.
mais conhecido, a periferia da cidade é um outros materiais que produziam sons, como Crew, diz que o grupo está aberto a toda
terreno rico para realização e produção de mangueiras de plástico e tubos de PVC. comunidade, seja para dançar, aprender a
manifestações populares. “Ao contrário do que Formou-se o grupo Tribais, com um trabalho pintar ou simplesmente ter uma atividade
a maioria das pessoas pensam, não é um lugar rítmico-expressivo, unindo batuques e cultural. Para ele, isso fortalece o próprio
onde só existem pessoas de baixa renda e performances teatrais. O grupo que já fez movimento hip-hop de Uberaba. Ele afirma
problemas sociais. Todos pensam que lá só várias apresentações na região, também que apesar de ter suas raízes nos Estados
precisam de ajuda. Na verdade, o que eles participou de uma oficina de música com o Unidos, o “hip-hop tupiniquim” busca uma
precisam é de oportunidades para desenvolver grupo Wakiti, de Belo Horizonte, que identidade coerente com nossa realidade
enfrentando abertamente a discriminação
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delinqüentes ou coisa pior”, exemplo disto é o grupo de rap uberabense hop, que significa “sacudir o quadril”.
critica. Ele que já integrou Conspiração Positiva, que precisou ir até Mas o movimento não se prendia somente
grupos antigos na cidade Ribeirão Preto para gravar o primeiro CD. O nisto, era também motivo de festa, de protesto,
como Suite Power, o primeiro MC (mestre de cerimônia) Alessandro de ensinar e aprender, de se amar, enfim, uma
em Uberaba e Infratores do Elisiário Dornelos, 26 anos, o Bazaka, diz maneira de viver e se expressar das comunidades
Sistema, diz que acostumou que não encontrou apoio em Uberaba. “Como negras americanas. Ele trazia três elementos
a lidar com a situação. a gravadora de lá é independente e só lança artísticos como base de tudo para se expressar: o
Atualmente, Manu Gordo é trabalhos do estilo, vimos uma maior rap (a música), o break (a dança) e o graffite
B.Boy, ou break boy oportunidade para a gravação de nosso (desenhos com tintas spray).
(dançarino) do U.B.A. Crew disco”. O lançamento do CD está previsto No Brasil, o hip-hop chegou no início da
e Dj do Atak Realista. Ele diz para o primeiro semestre de 2002. década de 80 por intermédio das equipes de baile,
das revistas e dos discos vendidos na rua 24 de
que isso ainda acontece nas Seja dando espaço, unindo forças e
Maio ( região central de São Paulo). Os pioneiros
grandes capitais, mas em agregando valores culturais, a Periferia
do movimento, que inicialmente dançavam o
Uberaba o preconceito da Cultural está de portas abertas para a
Break, foram Nelson Triunfo, depois Thaíde &
sociedade parece ser maior. realização de trabalhos artísticos e sociais na
DJ Hum, MC/DJ Jack, Os Metralhas, Racionais
Apesar das dificuldades, cidade. Pessoas que tenham trabalhos ou MC’s, Os Jabaquara Breakers, Os Gêmeos
o hip-hop uberabense está idéias que possam contribuir para o e muitos outros.
bem posicionado em relação desenvolvimento do espaço Em 1988 foi lançado o
ao cenário nacional. O criativo, devem procurar a sede primeiro registro fonográfico de
integrante Antônio Carlos do que fica na região central da Rap Nacional, a coletânea “Hip-
Nascimento, ou Pretinho, do cidade, na rua Vigário Silva, hop Cultura de Rua” pela
grupo Ready Style Crew, de nº 13, próximo a praça Rui gravadora Eldorado. Desta
São Paulo, vem sempre a Barbosa. “Nós precisamos coletânea participaram Thaide
Uberaba para se reunir com mostrar que a periferia não tem & DJ Hum, MC/DJ Jack,
os amigos e trocam apenas carência. Ela possui Código 13 e outros grupos
novidades e referências valores culturais e sociais, iniciantes.
sobre os trabalhos atuais. Ele precisamos dar espaço a estas formas
diz que Uberaba tem um de expressão artística e cultural. Periferia Graffite
bom trabalho desenvolvido é somente uma questão de posicionamento Graffiti é um termo tão antigo quanto a velha
pelos vários grupos. Pretinho geográfico”, finaliza Filó. Roma. Os antigos romanos, em sua sociedade,
aponta dois aspectos que tinham o costume de escrever com carvão nas
fotos: Leonardo Boloni podem ser positivos ou HIP-HOP paredes de suas construções. Eram manifestações
negativos para os grupos. O movimento surgiu nos guetos de Nova de protesto, palavras proféticas, ordens comuns
fazem com o ar e rios, agredindo o meio “Existe uma certa disputa entre as galeras. O Yorque, no início dos anos 70. Na época, envolvia e outras formas de divulgação de leis e
ambiente. “O graffite é outra forma de lado bom é que eles estão sempre se a figura de um DJ ( Disc Jokey ) e um MC ( Mestre acontecimentos públicos, como se fossem
expressão ideológica, é preciso saber diferenciar aperfeiçoando nas idéias e nas atitudes, o que de Cerimônia ), fazendo a harmonia entre a mensagens em cartazes. No final da década de
arte de vandalismo”, argumenta Cris. melhora seus trabalhos cada dia mais. O outro máquina e a voz. O DJ nas Pick-ups rolando o 60 e início da década de 70 no nosso século,
é a questão dos conflitos ideológicos, que som e o MC cantando frases e refrões sobre a base jovens do bairro do Bronx reestabeleceram esta
feita pelo DJ. Vinha gente de tudo quanto era forma de arte, mas desta vez não com carvão e
Preconceito e modismo também servem para refletir sobre as várias
bairro: Brooklin, Queens, Harlem, Bronx, etc.... sim com tintas spray, criando um novo diálogo
O hip-hop ainda enfrenta problemas com idéias diferentes”, explica Pretinho. Mas de
Juntando as condições de vida daquele povo, de graffite, colorido e muito mais rico, tanto
a sociedade, como o preconceito em relação uma maneira geral, ele afirma que há
que na maioria eram negros, mais a repressão dos visualmente quanto no conteúdo de mensagens
aos grupos de jovens, muitas vezes desenvolvimento cultural coerente com os
americanos junto aos latinos e imigrantes, a guerra que eram passadas.
interpretados como gangues, ou pelo grandes centros.
do Vietnã e outros problemas sociais, causou o Desde o início os artistas eram chamados de
modismo que acabam deturpando sua Outra dificuldade para os grupos da writers (escritores), costumavam escrever seus
surgimento de um novo movimento chamado hip-
imagen. R-Loco, assim como outros, afirma cidade está no apoio dado aos eventos. Um próprios nomes ou chamar atenção para
que o modismo serve para promover uma ou problemas do governo ou questões sociais da
outra pessoa e não a coletividade. Além de realidade que viviam. Tais desenhos eram feitos,
ter pouca cobertura da imprensa, alguns na maioria em trens, porque o verdadeiro
grupos acabam aparecendo na mídia de uma interesse do graffiteiro era passar aquela
forma prejudicial ao movimento. Um destes mensagem para o maior número de pessoas.
casos foi o “Bonde do Tigrão”, em que as Outro modo de passar sua mensagem eram os
músicas incitam comportamentos muros das cidades. As teorias se unificam a partir
inadequados aos jovens. “Apesar de ser um do momento que se aceita que os graffiteiros ou
grupo formado nas favelas cariocas, o Bonde escritores de trens, fossem os mesmos integrantes
do Tigrão, como outros grupos em evidência, das gangues dos guetos de Nova York. Não
estão muito distantes das raízes verdadeiras podemos esquecer ainda que neste período século
do hip-hop. Nosso objetivo não é o XX, nos grandes centros urbanos, as academias
estrelismo e sim o trabalho cultural e social. e escolas de arte começaram a entrar em crise e
Nossas músicas pregam união e cair no conceito dos jovens artistas, que queriam
conscientização, falam de nossa realidade e uma linguagem nova, mais direta, mais humana
também servem para a diversão, mas e que mexesse com as pessoas, fazendo assim
achamos que esta diversão deve vir com com que esse tipo de arte fosse bem aceita por
responsabilidade”, diz o breakker. um público mais comum. Com isso ocorreu um
Outro problema é a discriminação social. avanço no mundo do graffiti, graffiteiros criaram
Para Ricardo Ranieri, 24 anos, o Manu as chamadas “tags” que são na verdade como
Gordo, um dos pioneiros do hip-hop em uma marca registrada, ou seja, suas assinaturas.
Alguns até criam figuras, personagens, usados
Uberaba, o preconceito vem de uma
em seus graffites, os chamados “bonecos”. Hoje,
sociedade mal esclarecida. “Seja pelo visual,
o graffite está nas maiores cidades do mundo,
o jeito de ser ou simplesmente por fazermos
inclusive nas principais cidades brasileiras.
parte da periferia, as pessoas nos taxam de
4 a 10 de março de 2002 7
Elas
Uma história de amor
construída pelo bem
arquivo Revelação
Por Luciana Alves de Souza trabalhar, até então, nunca tinha pensado em
7 º período de Jornalismo trabalhar com doentes. Ela cresceu, casou-
se, em 1934, com Clarimundo Emídio
Com passos calmos e cheios de Martins e começou a trabalhar para pegar
amor, lá vai dona Aparecida, com crianças de rua para criar.
seus 87 anos, passando de quar- Devido a um acidente com seu marido,
to em quarto, semeando suas pa- Aparecida teve que duplicar seus trabalhos
lavras de bondade e carinho aos para que não faltasse o pão em seu lar. A
internos e funcionários do hos- família mudou-se para a cidade mineira de
pital do Fogo Selvagem. Tra- Nova Ponte, onde ela exerceu o magistério
balhando até hoje na institui- na zona rural, além de trabalhar como
ção, a “vó”, como é chamada parteira.
pelos pacientes do Pênfigo De volta a Uberaba ela foi trabalhar
Foliácio – também chamado como enfermeira técnica, na Santa Casa de
vulgarmente de Fogo Selva- Misericórdia, no setor de Isolamento. Em
gem devido à semelhança com 1957 começaram a chegar pacientes com a
queimaduras-, vai ao nosso doença do Fogo Selvagem. Mas a
encontro para contar a sua his- permanencia dos portadores do pênfigo não
tória de amor e caridade, agradava a direção do hospital. A primeira
mostrando o quanto foi difí- ação da diretoria, na época recém
cil fundar um hospital para empossada, foi expulsar esses doentes.
tratar de uma doença tão Revoltada, dona Aparecida saiu pelas ruas
desconhecida e, de como com os doentes tentando várias alternativas
conseguiu passar por cima em vão. Ao voltar para o hospital,
do preconceito. desanimada pela rejeição demonstrada pelas
pessoas de Uberaba e diante do estado
crítico dos doentes, que deixavam rastros
Como tudo começou de sangue onde pisavam, dona Aparecida
Aparecida Conceição encontrou um homem que se interessou
Ferreira nasceu em 19 de pelo assunto e a levou ao hospital.
maio de 1915, na cidade de O homem conversou com a diretora do
Igarapava, estado de São hospital e deu a ordem para que Aparecida
Paulo. Criada por um tio, e os doentes ficassem ali. Depois de tudo
vendia doces, verduras e resolvido, ela descobriu que o tal homem
frutas para ajudar na era o Promotor de Justiça.
manutenção da casa e A mágoa com a direção do hospital
para aprender a permanecia. Dona Aparecida decidiu ir
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embora e os doentes resolveram uma pomada. No outro dia foi até um hospital do Fogo Selvagem. O presidente
acompanha-la. Na ocasião, eles não podiam O preconceito farmacêutico que a fez. da instituição naquela época, sabendo da
sair pela porta, então ela quebrou um pedaço A luta para manter o hospital era, e ainda Seu ingresso no espiritismo vontade de Aparecida em ter um novo
do muro para passarem. Depois que todo é, incessante. Dona Aparecida percorreu por “Eu estava fazendo a campanha do tijolo lugar para os doentes, mostrou uma
mundo passou, ela colocou as pedras no várias vezes os escritórios de empresários em São Paulo. Como não conhecia a cidade proposta de compra de um terreno no
lugar e chegando em casa enfrentou mais em São Paulo e pessoalmente conversava direito, arrumei uma pessoa chamada Lauro bairro Abadia, onde hoje é o hospital. O
um greve problema: a família. O marido e com cada um deles. Quando aconteceu a e mais duas meninas para andar junto. Eles valor do imóvel era de trezentos mil
filhos mandaram que ela escolhesse entre inauguração do hospital São Domingos, estavam indo para o bairro do Brás, quando cruzeiros. Aparecida junto com seus
eles e os doentes. Aparecida não tutibiou, teve contato com o governador Magalhães subiram a Avenida Rio Branco e passaram doentes conseguiram o dinheiro no dia
escolheu os enfermos. Os Pinto, mas ele não a perto do Palácio de Justiça”, conta dona de finados, pois ficaram em frente ao
vizinhos lhe deram o ajudou. Aparecida. “Em frente ao palácio tinha uma cemitério pedindo para a obra. Ela pagou
colchão, cavalete, tábua, Os episódios mais guarita. Entrei na casa e eles foram atrás. o terreno e com o passar do tempo
caixote e tudo que pudesse “Só vou descansar tristes vividos por dona Havia um guarda sentado lendo jornal, descobriu através do governador de
servir de cama. À tarde Aparecida foram quando mostrei o álbum de fotos do hospital, Minas Gerais, Magalhães Pinto, que o
estavam todos os doze
depois de ver o protagonizados por ele ficou zangado se levantou a mandou terreno não lhe pertencia pois não havia
agasalhados. hospital pronto” pessoas que tentaram agente acompanhar ele. Nós entramos num nada que comprovasse o pagamento.
Dois dias depois, dona aparecer às suas custas e salão que era enorme. Subindo uma escada Dona Aparecida, falando com Chico
Aparecida recebeu a visita da entidade, mostrando encontramos dona Leonor Mendes de Xavier, foi indicada ao gerente da Caixa
do diretor da Saúde que estavam fazendo Barros conversando com um senhor e na Econômica Federal que entrou em
Pública e o Assessor de Educação que doações gigantescas, mas que nunca foram outra poltrona estava o contato com os
arrumaram uma parte do asilo São Vicente repassadas. Alguns bancos tentaram Bispo de São Paulo, dom proprietários do terreno
de Paulo (que antes era necrotério) e disse receber taxas sobre operações que não Evaristo. Quando D. Leonor e levou a ela a proposta
que ficassem dez dias até arrumar local existiram. foi conversar comigo, “O amor é algo de duzentos mil cruzei-
melhor. Foram dez anos. Nunca mais se Nunca ninguém a tratou mal a não ser Sheila, um espírito que ros para a compra, desta
ouviu falar no diretor da escola, nem em Uberaba. Quando Aparecida e seus perfuma, entrou no salão e sublime e deve vez real, do terreno.
assessor de educação. Mesmo assim ela enfermos saiam pelas ruas da cidade quando foi sentar-se em sua vir da alma” Voltando a conversar
continuou seu trabalho, em 1961 havia 363 pedindo dinheiro para o hospital as pessoas poltrona quebrou um vidro com Chico Xavier, ela
enfermos. passavam álcool no portão, somente de perfume que virou cinzas recebeu um cartão
Eles tinham somente a roupa do corpo e porque eles tinham colocado a mão. Às entre eles. Infelizmente endereçado ao radialista
a roupa de cama. Em 1964, ela percebeu vezes, Aparecida saía com os doentes para Leonor não podia ajudá-la porque a Moacir Jorge, em São Paulo.
que naquele lugar não dava mais e foi para pedir e as pessoas saíam da calçada porque instituição ficava no Estado de Minas Chegando em São Paulo, Aparecida
São Paulo. No viaduto do Chá ela pedia eles estavam passando. Quando subiam no Gerais, mas doou uma máquina de costura, dirigiu-se aos Diários Associados onde
esmola para os doentes do Hospital do Fogo ônibus, por estarem cansados de andar a duas peças de cretone e dez Cruzeiros que encontrou Assis Chateaubriant, que lhe
Selvagem de Uberaba. Um médico e um pé, as pessoas que estavam nele desciam. era uma quantia alta naquela época”, abraçou e disse que a casa era dela.
advogado, que eram vereadores Aparecida confessa que algumas pessoas relembra. Desde então encontrou sempre as portas
uberabenses, foram até lá e vendo dona a julgam como ladra, mas segundo ela, Saindo do palácio, dona Aparecida e seus abertas em rádio, televisão e jornais,
Aparecida naquela situação, acharam que nem roupa pessoal ela compra, tudo é companheiros seguiram para o Brás rumo a para suas campanhas beneficentes. E
ela estava desmoralizando Uberaba. Foram ganhado. um Centro Espírita com o ideal de fazer sua Chateaubriant tornou-se grande amigo e
à delegacia e aos Diários Associados e campanha do tijolo. Chegando lá Aparecida benfeitor da instituição. Com dinheiro
fizeram a denúncia. Isto fez com que Pomada abençoada recebeu o recado do Mentor Espititual para acima do valor pedido no imóvel,
Aparecida ficasse presa quatro dias, sendo Aparecida dava banho nos pacientes e dar passe na presidente do centro que estava Aparecida voltou para Uberaba
solta por intermédio de uma advogada passava uma pasta que se parecia com a doente. Como Aparecida nunca havia comprando o terreno e investindo o
voluntária, chamada Dra. Izolda M. Dias, tradicional Minâncora, cor de rosa e dura. aplicado passes antes, não se manifestou restante na obra de construção do
que a defendeu no processo. “Aquela pomada para o tratamento. Ao hospital.
Ao saber do ocorrido, Saulo Gomes, grudava nas feridas término da reunião o No dia dois de fevereiro de 1962 o
repórter da TV Tupi, fez uma reportagem. e para sair era uma recado tornou a ser prédio começou a ser levantado. O
Ele andou por todo o pavilhão do asilo São dificuldade. O “Vamos rezar porque o dado. Então ela dirigiu- hospital demorou dez anos para ser
Vicente de Paulo, filmando e mostrando doente chorava, se até a enferma e lhe construído pois foi tudo com dinheiro de
para o público a realidade dos enfermos. gritava era muito mundo está precisando transmitiu o passe esmola. Segundo Aparecida A instituição
Com essa atitude promoveu-se uma triste”, relata. Ela muito de oração” fazendo com que a não tem um grão de areia da Prefeitura, é
campanha beneficente e muitas cidades conta que uma vez, enferma se curasse. tudo esmola que ela trouxe de São Paulo.
participaram ajudando os doentes. quando estava Daí em diante, dona O Hospital será ampliado. Dona
Aparecida passou muita necessidade. dando banho em Aparecida começou a Aparecida disse que só vai descansar
Quando a situação financeira piorava, ela ia uma menina de oito anos que se chamava trilha pelos caminhso do espiritísmo, depois de ver tudo pronto. Ela deixa uma
para São Paulo onde recebia ajuda da Ivete, ela chorava tanto de dor que pedia a obtendo grande influência de Chico Xavier, mensagem de esperança:“Muito amor,
comunidade espírita paulistana. Enquanto morte. Isto a impressionou. Dona que a ensinou a trabalhar com a doutrina muita sinceridade no trabalho e muita fé
isso, sua filha ficava com os doentes. Segundo Aparecida rogou a Deus para que lhe desse espírita. Também recebeu várias doações em Deus. Vamos rezar, porque o mundo
Aparecida, o povo de São Paulo a ajudou a inspiração para fazer uma pomada para dele e de pessoas ligadas a ele. está precisando muito de oração. O povo
muito mais que o povo de Uberaba. Quando os enfermos não sofrerem tanto. Depois de está de cabeça baixa. Não tem ninguém
ela precisava de comida pegava um caminhão, três dias, Aparecida estava deitada e veio Nova sede do hospital fogo selvagem com a cabeça certa. Então é muito amor,
que não era dela, e passava nas fazendas da uma voz mandando que ela misturasse Aparecida não tirava de sua cabeça a o amor mesmo e carinho. O amor é algo
região, recebendo alimentos dos fazendeiros. alguns ingredientes para a fabricação de idéia de construir uma nova sede para o sublime e deve vir da alma,”conclui.
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Fotos: Ricardo Bavaresco
ambiente no Brasil.
Programa atende
Meio Ambiente várias hidrelétricas
Na parte baixa do lago foi construída
uma estação de piscicultura onde é feita a
criação de espécies de peixes existentes na
região. José Lucas de Freitas, coordenador
do programa, fala que com a implantação
da barragem, os peixes ficaram retidos nesta
área, impedidos inclusive de subir o rio,
prejudicando desta forma a reprodução das
espécies. “Aqui nós fazemos a reprodução
induzida por hormônios. Esse produto é
muito caro, pois é natural e sua obtenção
não é muito fácil, já que somos obrigados a
matar os peixes. Precisamos ainda da
autorização do IBAMA. O produtor destes
hormônios precisa reproduzir as espécies
em cativeiro e comercializá-las para o abate.
incentiva Ecologia
Envolvida em programas de responsabilidade social,
corredeiras é realizada somente uma vez
por ano, no período da Piracema. A
técnica utilizada é estressante para os
peixes, podendo ocasionar a morte de
algumas matrizes. A produção dos
alevinos é totalmente voltada para o
hidrelétrica transforma a região onde está instalada repovoamento dos rios, já que a Cemig
trabalha em sistema de cotas, ou seja, cada
hidrelétrica tem uma quantidade de peixes
Ricardo Bavaresco Controle da águas reservatório. Estes técnicos fiscalizam toda para o repovoamento da sua região. José
6o período de Jornalismo dá maior vida à usina a área que forma o lago de Volta Grande, Lucas explica que ficou um pouco mais
Volta Grande tem um reservatório de desde a ponte da Br 050 - que liga os difícil para manter uma quantidade maior
Em 1974, entrava em funcionamento 2,3 bilhões de metros cúbicos e uma estados de Minas Gerais e São Paulo – de algumas castas no rio por causa do
a Usina Hidrelétrica de Volta Grande, barreira de 36 metros de altura, com uma até a represa. Ao localizarem uma fonte aparecimento de espécimes exóticas,
localizada em Conceição das Alagoas. produção total de 380.000 KW (Kilo Wats) poluidora, o ponto é marcado em um dentre os quais, o Tucunaré (Cichla sp. –
Para possibilitar a construção da de potência. A técnica em Química da usina, mapa e são coletadas amostras de água Norte do Brasil), que é carnívoro e
hidrelétrica, uma ampla área foi Sônia Maria Ramos, explica que a para análise. Depois de detectado o tipo reproduz mais vezes durante o ano,
inundada e outra desmatada para a preocupação com as águas do rio veio com poluente, a hidrelétrica envia um causando assim um descontrole e
retirada de terra, utilizada nas obras da a implantação da represa. “Nós já fizemos relatório para o IEF (Instituto Estadual desaparecimento de outros peixes, dentre
barragem. Sendo assim, a usina foi uma mudança muito grande no ecossistema de Floresta) e para o Ibama (Instituto eles o Lambari (Astyanax bimaculatus).
obrigada pela lei a recuperar a área da região, alterando o curso das águas do Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos O ribeirinho, Guilherme Landucci
degradada e deixá-la como era. rio, de correntes para represadas, isso foi Hidricos responsável pelo meio Golmanetti, conta que começou a
Para reparar os danos ao meio ambiente causa de um enorme impacto em toda a área,
a Cemig – Companhia Energética de Minas inclusive para as plantas aquáticas, que
Gerais – administradora perderam parte de seus
e proprietária da alimentos, vindos junto
hidrelétrica, implantou Com a implantação da à correnteza”.
um centro de pesquisa e barragem, os peixes ficaram Sônia Ramos
monitoramento das impedidos de subir o rio, ressalta que o maior
águas do lago de Volta prejudicando a reprodução problema de hoje é a
Grande; uma estação de poluição causada pelos
piscicultura; um viveiro
das espécies esgotos das cidades, que
para produção de mudas ficam às margens do rio
de árvores nativas e uma reserva para e de córregos que lançam sua água em Volta
refúgio de animais originários daquela Grande. Outro caso que aflige é o distrito
região, atendendo assim, às exigências industrial de Uberaba, formado em sua
impostas pelas leis ambientais. Para maioria por fábricas de fertilizantes,
supervisionar estes projetos a Cemig responsáveis pelo lançamento de produtos
mantêm uma equipe de sete funcionários, tóxicos. Com uma maior quantidade de
entre os quais, biólogos, técnicos poluentes o número de algas cresce
ambientais e químicos, têm ainda consideravelmente, disputando o oxigênio
parceria com a Universidade Estadual de com os peixes.
São Paulo (Unesp), Universidade de Para tentar amenizar estes problemas, a
Uberaba e Universidade de Lavras hidrelétrica mantém uma equipe coletando
(UFLA). e analisando a qualidade da água do
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aparecer a Piracanjuba (Brycon a Cemig administra. José Ricardo ressalta
orbignyanus) após o programa “que no começo era difícil promover o
desenvolvido pela hidrelétrica. Segundo plantio de matas ciliares, pois os
ele, fazia muito tempo que não eram proprietários das terras vizinhas às das
hidrelétricas não ajudavam e, na maioria
encontrados no rio e hoje já está mais fácil
até para pescá-la. das vezes, as mudas eram queimadas ou
consumidas pelo gado. Hoje em dia, eles
Viveiro de mudas supera expectativas não estão conseguindo produzir reservas
O trabalho de preservação não é no viveiro em função da demanda. Só este
apenas voltado para as águas e peixes do ano, já foram produzidas cerca de
Rio Grande, mas também para as matas duzentas e cinqüenta mil mudas e as que
ciliares, pois caso não estão aqui no viveiro já
existissem, não haveria tem destino certo”.
alimentos para os seres
“Programas simples José Ricardo Silveira
aquáticos e fontes para estão gerando resultados afirma que “a consci-
formar os rios, e transformando a fauna entização da população e
surgindo as erosões que e flora da região” a melhor atuação da
acabariam com os polícia florestal são os
mananciais. A Hidrelé- responsáveis diretos por
trica de Volta Grande mantém um canteiro este aumento. Com o constante
de mudas das espécies nativas da região monitoramento da área e o rigoroso
para o reflorestamento das margens. cumprimento da lei, o lago da Represa de
Segundo José Ricardo Silveira, técnico Volta Grande volta a propiciar o
ambiental e coordenador do viveiro, as verdadeiro contato do Homem com a
mudas produzidas são plantadas nas Natureza. Programas simples, mas que
margens do Rio Grande e de seus afluentes. estão gerando resultados e transformando
São também levadas para outras usinas que a fauna e flora da região”.
Programa de
psicultura atende
outras hidrélicas
onde as mudas
também são
distribuídas
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