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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

BLOGS: UMA PROPOSTA DE ESTUDO


BASEADA NA SISTEMATIZAÇÃO DE SUAS
FERRAMENTAS

MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO

Willian Fernandes Araújo

Santa Maria, RS, Brasil


2008
BLOGS: UMA PROPOSTA DE ESTUDO BASEADA NA
SISTEMATIZAÇÃO DE SUAS FERRAMENTAS

por

Willian Fernandes Araújo

Monografia apresentada ao Curso de Graduação Comunicação


Social - Habilitação Jornalismo da Universidade Federal de Santa
Maria (UFSM, RS) como requisito parcial para obtenção do grau de
Bacharel em Comunicação Social - Habilitação Jornalismo

Orientadora: Prof. Drª. Luciana Pellin Mielniczuk

Santa Maria, RS, Brasil


2008
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências Sociais e Humanas
Departamento de Ciências da Comunicação
Curso de Comunicação Social

A Comissão Examinadora, abaixo assinada,


aprova a Monografia de Graduação

BLOGS: UMA PROPOSTA DE ESTUDO BASEADA NA


SISTEMATIZAÇÃO DE SUAS FERRAMENTAS

elaborada por
Willian Fernandes Araújo

como requisito parcial para obtenção do grau de


Bacharel em Comunicação Social - Habilitação Jornalismo

COMISSÃO EXAMINADORA:

_______________________________________
Prof. Drª Luciana Mielniczuk (UFSM)
(Presidente/Orientadora)

_______________________________________
Prof. Dr. Luciano Miranda Silva de Moraes Fernandes (UFSM/CESNORS)

_______________________________________
Mestrando Leonardo Feltrin Foletto (UFSC)

Santa Maria, 11 de dezembro de 2008.


RESUMO
Monografia de Graduação
Curso de Comunicação Social – Habilitação Jornalismo
Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil.

BLOGS: UMA PROPOSTA DE ESTUDO BASEADA NA


SISTEMATIZAÇÃO DE SUAS FERRAMENTAS

AUTOR: WILLIAN FERNANDES ARAÚJO


ORIENTADORA: LUCIANA MIELNICZUK

Local e Data da Defesa: Santa Maria, 11 de dezembro de 2008.

O estudo descreve e sistematiza os principais elementos encontrados


atualmente nos blogs, para formular um roteiro de observação deste meio de
comunicação. Para isto, tomamos como parâmetro geral as ferramentas
oferecidas pelo servidor Blogger, agrupando os elementos de acordo com
quatro tipos: quanto à forma, ao conteúdo, aos mecanismos de interação e aos
aplicativos. É realizada a revisão de algumas definições sobre blogs e suas
tipologias, também é abordado o termo blogosfera, apontando definições,
características, funcionalidades e tendências atuais. Ao final do trabalho
propomos uma tabela com a sistematização. Também apresentaremos
algumas sugestões de aplicação para esta sistematização.

Palavras-chave: blog, blogosfera, ferramentas, sistematização, Blogger


RESUMEN
Monografia de Graduação
Curso de Comunicação Social – Hab. Jornalismo
Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil.

BLOGS: UMA PROPOSTA DE ESTUDO BASEADA NA


SISTEMATIZAÇÃO DE SUAS FERRAMENTAS

AUTOR: WILLIAN FERNANDES ARAÚJO


ORIENTADORA: LUCIANA MIELNICZUK

Local e Data da Defesa: Santa Maria, 11 de dezembro de 2008.

El estudio describí y sistematiza los principales elementos que actualmente se


encuentran en las bitácoras, como una alternativa a la investigación en este
medio. Para ello, vamos a considerar como un parámetro general las
herramientas ofrecidas por el servidor Blogger. Para una mejor comprensión,
agrupamos los elementos en cuatro categorías: la forma, el contenido, los
mecanismos de interacción y aplicativos. Revisaremos algunas definiciones
acerca de las bitácoras y sus tipologías, también del termo blogosfera,
mostrando sus definiciones, características, funciones y tendencias actuales.
Al final del estudio proponemos una tabla con la sistematización. También
sugieren algunas para la aplicación de la sistematización.

Palabras-chave: bitácora, blogosfera, herramientas, sistematización, Blogger

SUMÁRIO
RESUMO..................................................................................................................... 4
RESUMEN................................................................................................................... 5
7
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................

2. BLOG: CONCEITO EM MUTAÇÃO....................................................................... 9


2.1 DEFINIÇÕES PARA BLOG................................................................................... 9
2.2 UMA HISTÓRIA BREVE E INTENSA................................................................... 11
2.3 TIPOLOGIA DOS BLOGS ................................................................................... 16

3. BLOGOSFERA: O MUNDO DAS CONVERSAÇÕES


23
3.1 CARACTERÍSTICAS DA BLOGOSFERA............................................................. 24
3.2 FUNÇÕES DA BLOGOSFERA............................................................................. 28
3.3 SITUAÇÃO ATUAL DA BLOGOSFERA................................................................ 30

4. SISTEMATIZAÇÃO DOS ELEMENTOS DOS BLOGS......................................... 33


4.1 OS SISTEMA DE GESTÃO DE CONTEÚDOS.................................................... 33
4.2 BLOGGER: UMA IDÉIA DESPRETENSIOSA...................................................... 34
4.3 ELEMENTOS QUE FORMAM UM BLOG............................................................. 36
4.3.1 Quanto à forma................................................................................................. 36
4.3.2 Quanto ao conteúdo......................................................................................... 39
4.3.3 Quanto aos mecanismos de interação........................................................... 44
4.3.4 Quanto aos aplicativos.................................................................................... 48
4.4 TABELA DA SISTEMATIZAÇÃO PROPOSTA 50

5. CONCLUSÃO......................................................................................................... 52

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 53


1. INTRODUÇÃO

Já com mais de uma década de existência e com uma cultura própria


bastante difundida, os blogs apresentam um impacto cultural suficiente para
alcançar o status de meio de comunicação, como afirma José Luiz Orihuela
(2006a) em seu livro ‘La revolución de los blogs’.
Neste tempo de existência, os blogs apresentaram uma evolução rápida,
tanto em termos tecnológicos como no número de usuários da ferramenta.
Também é grande o número de servidores para blogagem com serviços
gratuitos e cada vez com mais recursos. Além disso, surgem novas tendências
como a profissionalização de alguns blogs e a maior facilidade na veiculação
de publicidades por usuários comuns.
Dentro deste contexto, que difere do início da utilização da forma blog,
necessita-se de novos parâmetros de análise dos blogs, que estejam em
consonância com a sua situação atual. A motivação para realização deste
trabalho surge da vontade de entender melhor as mudanças que são notadas
atualmente nos blogs.
Desta forma, o presente trabalho pretende fazer uma sistematização dos
principais elementos encontrados nos blogs, conceituando-os e explicando as
suas funcionalidades. Assim, desenvolvendo subsídios para uma análise
baseada mais na forma de produção e não em aspectos como o tema, como
em certas classificações que veremos.
Para realizar a sistematização, escolhemos o servidor Blogger como
parâmetro geral. Dentro das possibilidades disponibilizadas por este servidor,
elencaremos e conceituaremos as principais ferramentas que integram os
blogs, separando-as quanto à: forma, conteúdo, mecanismos de interação e
aplicativos.
Antes da sistematização, faremos a revisão de alguns conceitos
importantes para compreensão deste meio. No capítulo 2, revisaremos
algumas definições sobre blogs de Rebecca Blood (2002), Raquel Recuero
(2003a), Jaime Alonso e Lourdes Martinez (2003) e José Luis Orihuela (2004),
além de fazer um breve histórico do meio. Ainda nesse capítulo revisaremos
alguns conceitos sobre a tipologia dos blogs de Rebecca Blood (2002), Raquel
Recuero (2003a), José Luiz Orihuela (2006a) e Alex Primo (2008b).
O capitulo 3 é reservado para o espaço onde se desenvolvem as
múltiplas conversações entre os blogs, a blogosfera. Apresentaremos alguns
conceitos sobre este espaço, suas principais características e funções.
Teremos como principais autores deste capítulo, Orihuela (2006b), Rodrigues
(2004), Araújo (2003), Vivo (2008), Hewitt (2007) e Recuero (2008). Ainda
faremos uma reflexão sobre a situação atual da blogosfera, marcando algumas
tendências atuais da utilização de blogs.
A apresentação e descrição dos elementos encontrados nos blogs serão
feitas no quarto capítulo. Entretanto será precedida por uma apresentação
sobre os Sistemas de Gestão de Conteúdo e de um histórico sobre o servidor
que foi tomado como parâmetro na sistematização, o Blogger. Após a
descrição de todos os elementos, apresentaremos uma tabela com a
demonstração gráfica da sistematização realizada. As conclusões serão
apresentadas no capítulo 5.
2. BLOG: CONCEITO EM MUTAÇÃO

O que é um blog? A delimitação de um conceito do que é um blog trata-


se de uma tarefa difícil, pois este é um objeto de pesquisa jovem, que nos seus
poucos anos de vida, já sofreu muitas modificações. Os conceitos
desenvolvidos até então, talvez não abordem toda a complexidade deste objeto
de pesquisa. Para Rebecca Blood, a dificuldade para criação de um conceito
está na dificuldade de descrevê-los: “Os weblogs são mais que uma listagem
de links e menos que uma revista eletrônica, são difíceis de descrever, mas
fáceis de reconhecer”. (BLOOD, 2002. Pg. 19) 1.
Para José Manuel Noguera Vivo (2008), em muitas ocasiões tenta-se
construir o conceito de blog com muita precisão, forçando uma definição para
um termo que deveria continuar aberto. Diante da infinidade de blogs que se
verifica na internet, a criação de um conceito ideal, que aborde todas as
peculiaridades deste tipo de site, é tarefa difícil. A cada dia surgem novas
ferramentas que, mesmo em pequena escala, modificam a maneira de blogar.
Dessa forma, iremos iniciar este capítulo com uma revisão de conceitos
criados sobre o assunto. Também faremos um breve histórico sobre o
surgimento e evolução deste meio, apresentando dados importantes para a
compreensão da sua situação atual. Para finalizar o capítulo, faremos uma
revisão bibliográfica sobre tipologias criadas para os blogs.

2.1 DEFINIÇÕES PARA BLOG

O início da utilização da forma blog está ligado ao início da própria


internet. Considera-se como primeiro blog a página de Tim Berners-Lee,
criador da WWW (Word Wide Web). Chamava-se “What’s new in 92”,

1
Tradução livre do autor. Texto original: Los weblogs son más que um listado de enlaces y son
menos que una revista electrónica, son difícilmente descriptibles pero fácilmente reconocibles.
apresentando uma estrutura muito simples, apenas com links para outros sites
acompanhados de comentários do autor do blog (Paquet, 2002).
Já a nomenclatura surgiu em 1997. O termo original, ‘weblog’, foi
cunhado por John Barger. Ele juntou a palavra ‘web’, que designa a rede, com
a palavra ‘log’, que seria um registro de navegação. Assim, weblog significa um
diário online de atividades cotidianas (Araújo, 2003). Aos poucos, pela
facilidade do uso, o termo foi reduzido a ‘blog’. Esta definição etimológica pode
ser considerada o primeiro conceito do novo meio. Entretanto, o termo ‘diário
online’ não abordaria todas as peculiaridades daquele formato originário da
web.
Para autores como Rebecca Blood (2002), Raquel Recuero (2003a),
Jaime Alonso e Lourdes Martinez (2003) e José Luis Orihuela (2004) uma das
principais características dos blogs é a disposição de suas unidades de texto
(postagem) de maneira cronológica. Assim, as postagens mais recentes ficam
sempre acima. Orihuela (2004) acredita que essa disposição das postagens de
maneira cronológica, semelhante aos diários pessoais, possibilita ao blogueiro
e aos leitores seguir um caminho lógico entre os posts.
Os cinco autores também partilham a idéia de que os blogs são espaços
onde o conteúdo está ligado a informações de caráter pessoal. Segundo
Orihuela (2006a) este caráter pessoal do site se reflete principalmente na
linguagem utilizada pelo blogueiro. Trata-se de uma linguagem mais leve,
sensível e coloquial, mas não vulgar. Sobre o texto contido nos blogs, Raquel
Recuero (2003a) caracteriza-os como curtos, mas trazendo as informações
mais relevantes. Ela também cita a atualização freqüente (diária ou várias
vezes ao dia) como uma característica importante.
Já Alonso e Martinez (2003) acrescentam algumas características à sua
conceituação: conteúdos que tratam sobre qualquer assunto e que podem ser
desenvolvidos através da utilização de links para outros sites da internet; e a
interatividade, que traz um alto valor agregado como facilitador do processo de
comunicação.
Alguns autores apontam os blogs como um diário íntimo publicado na
Internet “onde os seus autores vão, através de posts, expondo a sua vida
pessoal, tornando esses relatos públicos”. (RODRIGUES, 2004). Entretanto,
esta definição apresenta muitas limitações, e até, de certa forma, um
preconceito com o novo meio. Alex Primo considera este tipo de conceito uma
generalização:

É interessante observar que ninguém ousaria definir


categoricamente que o suporte papel é jornalismo, ou que seu
conteúdo é superficial. Tampouco seria correto insistir que rádios FM
apenas tocam músicas e rádios AM veiculam tão somente
jornalismo, nem que emissoras de televisão sejam sinônimo de
novelas. Por outro lado, com grande facilidade concorda-se que
blogs são diários pessoais, escritos em tom confessional, recheados
de banalidades. É importante desconfiar de analogias e metáforas,
buscando avaliar seus alcances, já que elas não apenas salientam
certos aspectos, como também escondem outros. (PRIMO, 2008a).

Analisando as definições acerca dos blogs, acreditamos que todos os


aspectos citados acima são inerentes à prática blogueira, tendo caráter
importante no processo de evolução acadêmica deste meio de comunicação.
Além de revisar os conceitos, para uma melhor compreensão da evolução
deste meio, é importante conhecer a sua história, que apesar de breve, já
apresenta vários acontecimentos.

2.2 UMA HISTÓRIA BREVE E INTENSA

Este é o panorama do início do uso da forma blog: pessoas que


conheciam os caminhos da internet criando conteúdo para ajudar na
navegação dos novatos. Através de sites muito simples, onde se postava o link
com um comentário do autor da postagem, nascem os blogs. (Paquet, 2002).
O período é apontado por José Luis Orihuela (2007) como a primeira de
três partes da história dos blogs. Para o autor, este período inicial vai de 1992
até 1999, quando surgem os primeiros servidores para blogs.
O sucesso da forma blog, além do avanço e o barateamento da
tecnologia, levaram alguns servidores a disponibilizar blogs padrões gratuitos
para qualquer internauta. Isso fez com que este tipo de site fosse amplamente
usado no início do século XXI. Para Orihuela (2007), o aumento substancial no
número de blogs marca o início da segunda fase da sua breve história, que
compreende o período entre 2000 e 2004: “A expansão”.
Podemos considerar o início desta fase como a quebra de um
paradigma: a democratização do canal de emissão de opinião, ou mesmo de
informação, como afirmam Palácios e Munhoz:

As redes telemáticas e sua lógica de funcionamento quebraram o


último elo de controle técnico de circulação de informações, ao
romperem o monopólio dos canais de divulgação. A libertação do
pólo de emissão ocorre concomitantemente com a liberação dos
espaços de circulação de conteúdos. (PALÁCIOS, MUNHOZ, 2005,
p. 70).

Agora qualquer pessoa pode desfrutar de um suporte midiático


semelhante à de um colunista que escreva para grandes sites da internet. Com
certeza os dois não partem da mesma condição de credibilidade. Entretanto, já
se configura como um grande salto: a popularização do suporte midiático, as
fontes se tornando também produtores de conteúdo. Nas mídias anteriores, do
livro à televisão, isso era praticamente inconcebível.
Além dos fatores citados anteriormente, a expansão no período contido
entre os anos de 2000 e 2004 se deve muito também a alguns fatos ocorridos
neste período. Por exemplo, o atentado terrorista ao World Trade Center em 11
de setembro 2001. A possibilidade de levar o seu próprio relato sobre a
tragédia levou muitas pessoas a criarem blogs. Os interessados em saber mais
sobre o acontecimento, diante da confusão de informação dos meios
estabelecidos, partiram para a internet consultar blogs com relatos pessoais.
Orihuela (2007) considera este atentado, junto com o ocorrido em 11 de março
de 2004, na Espanha, como o batismo de fogo dos blogs nos Estados Unidos e
na Espanha, “que revelou, em tão dramáticas circunstâncias, o poder de
coberturas descentralizadas, baseadas na publicação de testemunhos
pessoais.” 2 (ORIHUELA, 2007).

2
Tradução livre do autor. Texto original: que revela en tan dramáticas circunstancias el poder
de las coberturas distribuidas basadas en la publicación de testimonios personales
(ORIHUELA, 2007).
Em 2003, durante a Guerra do Iraque, muito pela dificuldade da
aproximação de jornalistas ao conflito, os blogs tiveram papel importante no
processo de cobertura do conflito. Foi nesta época que surgiram os chamados
Warblogs, que trataram exclusivamente da questão da Guerra no Iraque. Para
Recuero, o mais importante a se constatar nesse fenômeno é que muitos
desses blogs foram escritos por pessoas que não possuíam formação
jornalística (RECUERO, 2003a).
Um dos blogs de maior destaque na cobertura da Guerra do Iraque foi o
de Salam Pax, um iraquiano residente em Bagdá. O blog, que teve início em
dezembro de 2002 com o objetivo de mostrar o dia-a-dia do autor na capital do
Iraque acabou se tornando um fenômeno após a explosão da guerra
(RECUERO, 2003a). O blog ganhou tanta notoriedade que se transformou em
livro, inclusive sendo editado em português, pela Editora Companhia das
Letras. O livro traz todas as postagens do blog, nos seus seis meses de
existência. No prefácio do livro de Salam Pax, Pedro Doria diz que “não houve
repórter ou analista, durante todo o conflito, que tenha produzido algo igual.
Porque todos, no fim das contas, viram com olhos de estrangeiros. Para Salam,
a esquina bombardeada era a sua”.
Por trás de um relato cotidiano, Salam Pax trazia informações valiosas,
que seriam disputadas por qualquer noticiário internacional:

A sirene de situação segura acabou de soar. As bombas iam e vinham


em ondas, nada de muito pesado, e incomparável, até agora, com o que
aconteceu em 1991. Todas as estações de rádio e TV permanecem no
ar e, no início do ataque aéreo, a TV iraquiana exibia vídeos patrióticos e
nem se deu ao trabalho de informar os espectadores de que estávamos
sendo atacados. No momento, estão reprisando a entrevista de ontem
com o ministro das Relações Internacionais. O ruído da artilharia
antiaérea é ainda mais alto do que os bums e bangs, o que significa que
eles ainda estão longe de onde moramos, mas as imagens que vimos no
canal de notícias da Al-Arabiya mostram um prédio em chamas perto da
casa da minha tia. (PAX, 2003. p. 162).

Vivo avalia a participação de Salam Pax na cobertura no conflito ocorrido


no Iraque:
Sem “nada de política”, Salam Pax se converteu em um dos
melhores correspondentes da guerra do Iraque, contando como seus
vizinhos suportavam a dor. A única coisa que se sabia do autor é
3
que era um arquiteto iraquiano de 29 anos. Atualmente é colunista
do jornal inglês The Guardian, um dos primeiros meios tradicionais
que começou a utilizar seus posts como fonte confiável sobre a
guerra e que não duvidou e seguiu contando com ele como um
4
informador a mais . (VIVO, 2008. p. 68).

Em 2004, os blogs tiveram papel fundamental no maremoto que resultou


nos tsunamis5. Desde a cobertura até a ajuda às pessoas desaparecidas, os
blogs e as tecnologias móveis tiveram papel crucial nesse acontecimento.
Foram milhares de fotografias, vídeos e histórias postadas na Internet, que
trouxeram uma quantidade enorme de dados inéditos (PALÁCIOS E MUNHOZ,
2005).
Para Palácios e Munhoz, a utilização da Internet sem fio, foi crucial no
auxílio à recuperação da comunicação nas áreas afetadas, já que grande parte
das linhas físicas de comunicação estava interrompida. Então, blogs se
transformaram na principal fonte de informação e de ajuda na busca por
pessoas desaparecidas.
Para os que procuravam por desaparecidos, blogs com listas de pessoas
encontradas foram muito importantes. Vídeos amadores e fotos veiculadas por
testemunhas da tragédia foram importantes inclusive para a cobertura
midiática. Para Lemos e Novas (2005) a rapidez, o alcance planetário e o
discurso em primeira pessoa foram os principais motivos para a legitimação
dos blogs como importantes fontes de informação de relevância jornalística e
humanitária sobre esta tragédia:

3
http://www.guardian.co.uk/Iraq/blogger
4
Tradução livre do autor. Texto original: Sin “nada de política”, Salam Pax se convirtió en uno
de los mejores corresponsales de la guerra de Irak, contando cómo soportaban el dolor sus
vecinos. Lo único que se sabía del autor es que era un arquitecto iraquí de 29 años.
Actualmente es columnista del periódico inglés The Guardian, uno de los primeros medios
tradicionales que comenzó a utilizar sus posts como fuente fiable sobre la guerra y que no ha
dudado en seguir contando con él como um informador más.
5
O Terremoto do Índico de 2004 ocorreu em 26 de Dezembro de 2004, cerca das oito da
manhã (hora local). O terramoto teve epicentro no mar (devendo por isso ser designado como
Maremoto) a oeste da ilha de Sumatra no Oceano Índico, nas coordenadas 3,298°N latitude e
95,779°O longitude. O abalo teve magnitude sísmica estimada primeiramente em 8,9 na Escala
de Richter, posteriormente elevada para 9,0, sendo o sismo mais violento registado desde
1960 e um dos cinco maiores dos últimos cem anos. Ao tremor de terra seguiu-se um tsunami
de cerca de dez metros de altura que devastou as zonas costeiras (veja animação em baixo).
O Tsunami atravessou o Oceano Índico e provocou destruição nas zonas costeiras da África
oriental, nomeadamente na Tanzânia, Somália e Quénia. Disponível em
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Terremoto_do_%C3%8Dndico_de_2004>. Acesso em 14 de
outubro de 2008.
Muitos blogueiros moravam próximos às áreas afetadas e passaram
a discutir medidas que poderiam ser tomadas para ajudar as vítimas.
Muitos sites, como o “Observatório da Imprensa”, afirmaram que os
blogs superaram, tanto em riqueza de detalhes quanto em contexto,
as notícias “oficiais” do desastre. (LEMOS E NOVAS, 2005).

Depois de uma grande expansão de usuários, decorrente de fatores


como facilidade do uso, maior acesso a rede e importância do relato individual
sobre eventos globais, os blogs passam a uma nova fase, referida por Orihuela
(2007) como a “desmistificação”. Esta fase compreenderia o período de 2005 a
2007, data de publicação do texto onde Orihuela reflete sobre o tema.
A desmistificação dos blogs pode ser entendida pela maior utilização de
seus recursos por empresas de comunicação na internet. Orihuela (2007)
atribui o titulo de marco inicial desta terceira parte à compra da rede de blogs
comerciais Weblog Inc. pela empresa America Online, em outubro de 2005:
“sem dúvida, abre-se uma nova etapa na blogosfera, caracterizada pela
paulatina profissionalização e comercialização deste meio” (ORIHUELA, 2007)
6
. Veremos no próximo capítulo que os números de um mapeamento sobre
blogs feitos neste ano apontam para a tendência identificada pelo autor.
Muitos sites, principalmente os de empresas jornalísticas, passam a
utilizar a forma blog como um novo conteúdo. Alguns desses limitam-se a fazer
uma coluna de opinião, nos moldes de blog, utilizando os próprios funcionários
ou mesmo colaboradores não remunerados. Este é o caso dos blogs mantidos
no Portal ClicRBS7, pertencente ao grupo de comunicação RBS. Blogs como o
mantido pelo jornalista e comentarista de futebol Wianey Carlet8, que também é
colunista do jornal Zero Hora, não passam de uma ampliação do conteúdo
publicado na sua coluna no jornal.
A utilização de colabores também é bastante recorrente nos blogs do
ClicRBS. É o caso do blog ‘Bons de blog’9, que é mantido por acadêmicos de

6
Tradução livre do autor. Texto original: indudablemente se abre una nueva etapa en la
blogosfera, caracterizada por la paulatina profesionalización y comercialización del medio.
7
http://www.clicrbs.com.br
8
http://www.clicrbs.com.br/blog/jsp/default.jsp?source=DYNAMIC,blog.BlogDataServer,getBlog
&pg=1&template=3948.dwt&tipo=1&section=Blogs&p=1&coldir=2&blog=217&topo=4026.dwt&u
f=1&local=1
9
http://www.kzuka.com.br/bonsdeblog
jornalismo da Universidade Federal de Santa Maria identificados com a
temática esportiva.
O pouco investimento nos blogs se manifesta também na forma e nos
recursos utilizados. Os layouts têm sempre o mesmo padrão, alterando apenas
a imagem do cabeçalho. Praticamente não existem opções de customização da
página. Os recursos disponibilizados aos blogueiros são muito limitados,
apresentando poucas formas de interação. Entretanto, podemos encontrar em
abundância a vinculação de propagandas. Nota-se também este panorama,
talvez pouco menos precário, em sites como G1, ligado às organizações Globo,
e UOL.
Entretanto existem empresas que conseguem utilizar algumas das
funcionalidades trazidas pela forma blog, como exemplifica Tiago Dória:
Sites da grande mídia, por sua vez, estão absorvendo características
e técnicas dos blogs. Vide a BBC adotando ferramentas e a dinâmica
dos blogs, como a produção “work in progress”. E o site do Clarín,
que, desde 2006, passou a adotar um layout de blog. É a notícia
mais recente e não a “mais importante” que fica em destaque.
10
(DÓRIA, Tiago, 2008) .

Não só os meios estabelecidos se aproximaram mais dos blogs, como


aumenta também o número de blogueiros que passa a utilizar o seu meio como
um espaço com objetivos profissionais. Em mapeamento divulgado em 22 de
setembro de 2008, o site de buscas em blogs Technorati11, registrou que 54%12
dos blogs mapeados têm algum tipo de anúncio publicitário. Esta estatística
mostra, como apontou Orihuela (2007) anteriormente, a tendência para uma
maior profissionalização e comercialização deste meio.
Com a consolidação dos blogs como um meio, atraindo cada vez mais
leitores e produtores de conteúdo, este se torna um mercado interessante para
táticas publicitárias. Segundo a pesquisa da Technorati, os blogs passam a se
parecer mais com as outras mídias da internet. Isso, segundo o estudo, faz
com que a fronteira do que é um blog e do que é uma mídia tradicional,
comece a ficar cada vez mais borrada.

10
Acesso em 27/09/2008. Disponível em http://www.tiagodoria.ig.com.br/2008/09/27/blogs-
cada-vez-mais-pessoal-e-ao-mesmo-tempo-mainstream/
11
http://www.technorati.com/
12
http://technorati.com/blogging/state-of-the-blogosphere/blogging-for-profit/
2.3 TIPOLOGIA DOS BLOGS

Com o crescente número de blogs que se verifica na internet, é cada vez


mais diversificado as formas de utilização desse meio. Desde o início dos
estudos sobre este tema, várias foram as tentativas de se criar categorias que
abordassem todas as peculiaridades dos blogs. Rebecca Blood (2002)
classifica “os blogs em três grandes categorias: blogs, caderno de anotações e
filtros.” (2002, p.24) 13.
Para a classificação criada por Blood, blogs são os espaços em que o
tema principal é a vida cotidiana do autor, geralmente com links para outros
textos. Já os cadernos de anotação se diferenciam dos blogs pelos seus posts,
que são mais extensos e com conteúdos especializados: “São mais breves que
um ensaio, mas maiores que as frases que se colocam em um blog (...)
destaca-se por uma redação mais editada”. (2002, p.24). 14
A categoria denominada por Blood como filtro, remete ao inicio da
utilização da forma blog. São espaços onde o blogueiro, geralmente
conhecedor do assunto que aborda, mostra o caminho da navegação na rede.
Isto é feito baseado na utilização de links.
Tomando como ponto inicial que a matéria-prima dos blogs é a
informação, sendo ela pessoal, informativa ou filtrada da internet, Raquel
Recuero (2003a) traça cinco características de blogs:
a) Weblogs Diários – São os weblogs que se referenciam
principalmente pela vida pessoal do autor. O seu objetivo não é
trazer informações ou discuti-las, mas, simplesmente, relatar fatos
cotidianos, a vida pessoal ou opiniões gerais do autor.
b) Weblogs Publicações – São weblogs que se destinam
principalmente a trazer informação de modo opinativo. São
informações que são discutidas pelo autor, sempre discutidas e
comentadas. Alguns possuem um tema central, outros tratam de
generalidades.
c) Weblogs Literários – São os weblogs destinados ou a contar uma
história ficcional, com personagens criados pelo autor, ou a
simplesmente ser um conjunto de crônicas ou poesias com ambições
literárias, sem preocupar-se com o relato do cotidiano do autor.

13
Tradução livre do autor. Texto original: los weblogs en tres grandes categorias: blogs,
cuadernos de bitácora y filtros.
14
Tradução livre do autor. Texto original: Son más breves que un ensayo, pero más largos que
lãs frases que se sueltan en un blog(...) destacan por una redacción más editada.
d) Weblogs Clippings – São os weblogs que simplesmente se
destinam a ser um apanhado de links ou recortes de outras
publicações, com o objetivo de filtrar a informação publicada em
outros lugares. Não possuem opiniões e comentários do autor, via de
regra.
e) Weblogs Mistos – São aqueles que efetivamente misturam posts
pessoais sobre a vida do autor e posts informativos, com notícias,
dicas e comentários de acordo com o gosto pessoal. (RECUERO,
2003a).

Primo (2008b) afirma que a categoria chamada por Recuero de “mistos”


“abarcariam uma grande quantidade de blogs com diferenças significativas
entre si” (2008b). Dessa forma, não teriam grande validade para uma
classificação cientificamente completa.
Existem também tipificações baseadas nos conteúdos abordados nos
blogs. É o caso da extensa lista, com 41 tipos de blogs, criada por José Luiz
Orihuela (ORIHUELA, 2006a p.76)
- Adblogs: blogs sobre publicidade.
- Audioblogs: blog com áudio nas postagens.
- Babyblogs: blogs sobre os filhos, publicados pelos pais.
- Bblogs / Bizblogs: blogs corporativos e de negócios.
- Biblioblogs: blogs dedicados a estudos bíblicos.
- Blawgs: blogs sobre leis e direito.
- Blogfarms: redes de blogs comerciais.
- Blogonovelas: narração seriada de ficção em blogs.
- Blongs: blogs de ONGs.
- Blooks: blog como suporte multimídia de um livro.
- Edublogs: blogs como ferramenta docente.
- Faithblogs: blogs sobre religião.
- Flogs / Fakeblog: blog falso sobre una pessoa real.
- Foodblogs: blogs sobre Gastronomia.
- Fotolog / Fotoblog: blogs onde as postagens são fotografias.
- Glog / Cyborglog: blog feito com wearable computing15.
- Groupblog: blog coletivo, de vários autores.

15
wearable computing: Computadores móveis adaptados ao corpo humano e utilizado como
uma extensão da funcionalidade humana. Mais informações em
http://en.wikipedia.org/wiki/Wearable_computer
- J-blogs: blogs escritos por jornalistas.
- Kblogs / Klogs: blog sobre gestão de conhecimento.
- Linguablogs: blogs sobre lingüística, línguas y traduções.
- Linklog / Linkblog: blog cujas postagens são links.
- Mediablogs: blogs sobre meios e comunicação.
- Metablogs: blogs sobre blogs.
- Metroblogs: blogs sobre cidades.
- Milblogs: blogs escritos por militares.
- Miniblog: blog entre posts.
- Moblog: blog mantido a partir de dispositivos móveis.
- Pblog: blog autobiográfico (personal blog).
- Plogs: blogs para a gestão de projetos (normalmente por intranets).
- Poliblogs: blogs de análises político.
- Pornblogs: blogs pornográficos.
- Prblogs: blogs de relações públicas.
- Schoolblogs: blogs desenvolvidos no âmbito escolar.
- Sideblog: blog na lateral de outro.
- Splogs / spamblogs: blogs com spam.
- Stripblogs: blogs de tiras cômicas.
José Manuel Nogueira Vivo (2008, p.42) afirma que em muitos casos
desta lista, são categorias não excludentes, gerando combinações numerosas.
Além disso, poderíamos enumerar mais centenas de assuntos que não foram
contemplados pelas categorias de Orihuela. Primo (2008b), sobre as
classificações por tema abordado nos blogs, reconhece a sua importância, mas
afirma que “tal procedimento não é suficiente para analisar-se com
profundidade o fenômeno do blogar em sua complexidade”. (PRIMO, 2008b).
Após revisar e refletir sobre outras tipologias, Alex Primo propõe um
novo método de tipificação dos blogs “que permita categorizá-los respeitando
suas diferenças, este trabalho propôs 16 gêneros de blogs. Tal tipificação levou
em conta principalmente as condições de produção dessas publicações
digitais” (PRIMO, 2008b). Para sistematizar melhor esta tipificação o autor criou
uma matriz gráfica, como podemos ver na figura 01:
Figura 01: Matriz criada por Primo para tipificação dos blogs.

Podemos notar que se trata de uma matriz composta por oito critérios
que se entrecruzam. São quatro na parte horizontal (profissional, pessoal,
grupal e organizacional) e outros quatro na parte vertical (auto-reflexivo,
informativo interno, informativo e reflexivo). O cruzamento dos critérios dá
origem a 16 tipos de blogs, indicados pelos números dentro da matriz.
Resumidamente, são estes os 16 tipos definidos por Primo:
Os blogs profissionais:
Primo considera um blog profissional quando é “mantido com o fim
primeiro de buscar rendimentos através da veiculação de propaganda (...) em
outras palavras, a publicação no blog constitui-se ela mesma uma atividade
profissional”. (PRIMO, 2008b).
1 - Profissional auto-reflexivo: blog individual onde um profissional
reflete as práticas de sua profissão.
2 – Profissional informativo interno: registro das atividades diárias de
um profissional. Acaba se tornando importante ferramenta para divulgação de
suas palestras e atividades afins.
3 – Profissional informativo: divulgação de textos sobre a área de
atuação do profissional.
4 – Profissional reflexivo: análises críticas do profissional sobre o seu
ramo de atuação.

Blogs pessoais:
Espaço individual onde as motivações do blogueiro não passam do
prazer de expressar-se e de interagir.
5 – Pessoal auto-reflexivo: volta-se para veiculação de opiniões e
reflexões do blogueiro sobre si e seu cotidiano.
6 – Pessoal informativo interno: espaço para o simples relato das
atividades cotidianas. Primo afirma que este tipo de blog pode ser usado “como
forma de manter informados amigos e familiares separados geograficamente”
(PRIMO, 2008b).
7 – Pessoal informativo: publicação de informações sobre assuntos de
interesse do blogueiro.
8 – Pessoal reflexivo: análise crítica de informações e (ou) produtos
culturais.

Blogs grupais:
São os blogs produzidos por mais de uma pessoa, voltados para
assuntos de interesse dos envolvidos.
9 – Grupal auto-reflexivo: espaço utilizado para auto-reflexão de um
grupo. Para Primo, este tipo de blog, no contexto educacional, pode contribuir
para a criação e desenvolvimento de trabalhos em grupo.
10 – Grupal informativo interno: “o simples relato das atividades
cotidianas do grupo” (PRIMO, 2008b).
11 – Grupal informativo: meio de um grupo divulgar informações sobre
assuntos que os integrantes partilhem interesse.
12 – Grupal reflexivo: espaço de reflexão sobre temas afins entre o
grupo.

Blogs organizacionais:
São os blogs “cujos posts e interações são determinados pela
formalização das relações e sistematização das forças de trabalho em busca
de objetivos que delimitam e direcionam a atuação de cada participante do
processo”. (PRIMO, 2008b).
13 – Organizacional auto-reflexivo: discute as atividades da
organização, levantando pontos relevantes no desenvolver de suas atuações.
14 – Organizacional informativo interno: publicação de informações
relevantes para as atividades desenvolvidas pelos seus membros.
15 – Organizacional informativo: espaço para veiculação de
informações sobre o ramo de atuação da organização.
16 – Organizacional reflexivo: blog para a manifestação de opiniões da
organização.
Podemos notar que Primo (2008b) utiliza dois tipos de critérios para criar
seus 16 tipos. São levados em consideração o número de pessoas que
mantém o blog (pessoal, grupal, profissional e organizacional) e o tipo de
abordagem (auto-reflexivo, informativo interno, informativo e reflexivo).
Neste capítulo revisamos alguns conceitos já criados sobre os blogs.
Também trouxemos um breve histórico calcado nas três partes apontadas por
Orihuela (2007). Apresentamos com maior ênfase alguns casos que tiveram
importância singular no desenvolvimento deste meio. Após este histórico,
trouxemos algumas proposições de tipologias e classificações, de diferentes
autores, sobre os blogs.
Como já referimos anteriormente, consideramos todos os conceitos
apresentados de suma importância. Com certeza alguns dos conceitos trazidos
apresentam defasagens diante das mudanças que os blogs e suas práticas já
sofreram. Entretanto, não deixam de ser importantes, pois apontam os
caminhos da evolução de um meio recente.
3. BLOGOSFERA: O MUNDO DAS CONVERSAÇÕES

Os blogs, ao longo de sua história, mostraram um grande potencial de


interação entre seus participantes (consideramos como participantes tanto
blogueiros como leitores). Através das trocas de citações pelo uso do hipertexto,
intervenções pelos comentários e atribuições de certo status pelo blogroll, cria-
se uma rede de relações e significações, que é explicada por Primo e Recuero:
O leitor de um texto, por exemplo, é convidado a verificar a sua fonte
(através de um link), observa a discussão em torno do assunto
(através dos comentários), é convidado a ler outros textos que tratam
do mesmo assunto em outros blogs (através do trackback) e pode,
inclusive, fazer suas próprias relações através de uma participação
ativa como comentarista ou como blogueiro, em seu próprio blog.
(PRIMO E RECUERO, 2003).

São estas interações que geram um emaranhado de trocas de links,


transformando-se em uma malha espessa de blogs interligados. A esse
fenômeno foi dado o nome de blogosfera. Segundo Juan Varela (2006) o termo
foi criado em 1999, pelo blogueiro Brad L. Graham, mas tornou-se
mundialmente conhecido em 2001, pelo influente blogueiro Willian Quick.
Orihuela (2006b) considera a blogosfera um espaço virtual, líquido,
deshierarquizado, descentralizado e anárquico, lugar em que acontecem as
múltiplas conversações, onde existe criação de uma cultura blogueira e o
estabelecimento de comunidades:
Mediante os links que realiza para sites externos e links e
comentários que recebe, cada blogueiro se insere dentro de uma
comunidade ou “vizinhança” formada por esses vínculos comuns e
pela familiaridade que adquire com seu grupo de referência.
16
(ORIHUELA, 2006b, p.27) .

Para Catarina Rodrigues (2004), a liberdade da blogosfera, no que diz


respeito à troca de idéias, lembra em termos a esfera pública, idéia cunhada por
Jürgen Habermas: “eles podem constituir uma nova esfera pública que faz

16
Tradução livre do autor. Texto original: Mediante los enlaces a sitios externos que realiza y los
enlaces y comentários que recibe, cada bloguero se inserta dentro de una comunidad o
“vecindario” conformado por esos vínculos comunes y por la familiaridad que adquiere con su
grupo de referencia.
lembrar as idéias defendidas por Habermas e que permitem a livre discussão e
a publicação de idéias sobre os mais variados assuntos” (RODRIGUES, 2004).
Artur Vasconcellos Araújo (2003) compara a gratuidade e a facilidade do
uso dos blogs com o Hyde Park londrino, jardim público especialmente famoso
por seu speaker’s córner, uma tribuna onde anônimos e famosos tomam a
palavra e expõem suas idéias (ARAUJO, 2003).

3.1 CARACTERÍSTICAS DA BLOGOSFERA

Como vimos anteriormente, a blogosfera é um espaço cibernético onde


acontecem as múltiplas conversações entre seus interagentes (blogueiros e
leitores). Para entender este espaço é fundamental entender suas dinâmicas.
Vivo (2008) define o conjunto de práticas ou rotinas na blogosfera,
marcadas pelas conversações, através de cinco conceitos: identidade,
transparência, comunidade, conversação e ética blogueira.

a) Identidade
Para Vivo, os blogs são ferramentas fundamentais para criação de uma
identidade individual como fonte. A maneira como o blogueiro se expressa
caracteriza uma das primeiras formas de aquisição de uma identidade própria
na rede. Sobre a importância de uma referencialidade garantida por um nome
real, Vivo considera:
Se a princípio foi dito que esta ferramenta permite a democratização
da comunicação, na medida em que facilita que qualquer um possa
alçar sua voz na Internet, essa democratização não é de todo plena
se não se realiza sobre a credibilidade de um nome real. (VIVO, 2008,
17
p.66).

No entanto, Vivo pondera que o anonimato, se justificado, não pode ser


descartado. Esse é o caso do blogueiro iraquiano Salam Pax que, como vimos

17
Tradução livre do autor. Texto original: Si a menudo se ha dicho que esta herramienta permite
la democratización de la comunicación en la medida en que facilita que cualquiera pueda alzar
su voz en Internet, esa democratización no es del todo plena si no se realiza desde la
credibilidad de un nombre real.
anteriormente, fazia uma cobertura à sua maneira da Guerra do Iraque. Neste
caso, o anonimato foi importante para manter a integridade do autor diante do
regime totalitarista que se verificava no contexto do iraquiano.

b) Transparência
Vivo cita algumas formas pelas quais o blogueiro expressa sua
18
“obsessão por deixar clara a fonte de procedência dos dados” (2008, p.72) .
Isso se daria pela utilização de algumas ferramentas e características dos blogs
como as citações pelo hipertexto para referenciar a fonte e o blogroll:

A transparência informativa dos blogs (linkar as fontes originais,


autores geralmente identificados, vontade de contestar as perguntas
surgidas nos comentários…) pode considerar-se como um aspecto
19
inerente a este meio de comunicação. (VIVO, 2008, p.71).

No próximo capítulo, detalharemos as funções dessas ferramentas,


mostrando sua importância na aquisição de transparência na informação.

c) Comunidade
As comunidades, como dissemos anteriormente, se formam através das
interações entre blogueiros que têm interesses afins. A troca de links através
dos mecanismos de interação, conceito que iremos detalhar no próximo
capítulo, são fundamentais para o início das comunidades.
A participação em uma comunidade na blogosfera não está restrita
apenas aos blogueiros, mas também, como afirma Antonio Cambronero no
prólogo do livro “La revolución de los blogs” de José Luis Orihuela: “Um leitor
que não escreve um weblog pertence também à comunidade, deixando

18
Tradução livre do autor. Texto original: “obsesión” por dejar clara la fuente de procedencia de
los datos.
19
Tradução livre do autor. Texto original: La transparencia informativa de las bitácoras (enlazar
a las fuentes originales, autores generalmente identificados, voluntad de contestar a lãs
preguntas surgidas en los comentarios…) puede considerarse como um aspecto inherente a
este medio de comunicación.
comentários e participando nas teias de conversação, sem nenhuma restrição”
(In ORIHUELA, 2006a, p. 15) 20.
O blogueiro Juan Julián Merelo21 (2006a apud ORIHUELA) criou duas
categorias de visitantes nos blogs: a paróquia e os turistas. Orihuela (2006a,
p.108) agrega um terceiro tipo: os surfistas. A paróquia representa os visitantes
fiéis, que de maneira recorrente freqüentam o blog. Os turistas são os visitantes
que chegam ao blog acidentalmente, principalmente através de buscadores na
rede. Geralmente este tipo de visitante não conhece o contexto em que a
informação comentada está inserida. Já os surfistas, se distinguem dos turistas
por aportarem no blog não por acidente, e sim pela navegação através de links
em outros blogs, que acabaram levando-o àquele espaço.

d) Conversação
Talvez a maior potencialidade trazida pelos blogs. Os blogs têm grande
capacidade de ampliar as conversações. Isto se dá, na prática, através de
algumas ferramentas que já são inerentes à estrutura dos blogs: hipertexto,
blogroll, comentários e o RSS. Neste trabalho, chamaremos estas ferramentas
de mecanismos de interação. No próximo capítulo, daremos maior atenção a
estas ferramentas.
O blogueiro americano Hugh Hewitt22 dá um exemplo de como a
conversação de desenvolve na blogosfera através de citações pelo hipertexto.
O autor também comenta sobre a influência que o material criado por ele acaba
exercendo: Hewitt estava na convenção do partido republicano, onde seria
escolhido o candidato do partido às eleições americanas de 2004. Hewitt tem
um programa de rádio, então entrevistou três assessores de Bush e o
presidente do Comitê Nacional Democrata, além de ter sido entrevistado por
outro radialista. Ele transcreveu todas estas entrevistas e postou em seu blog:
Desses textos, tem sido sistematicamente tirado e despachado pela
blogosfera um grande número de citações, que têm o poder de mudar
a percepção de dezenas de milhares, talvez centenas de milhares,

20
Tradução livre do autor. Texto original: Un lector que no escriba un weblog pertenece también
a la comunidad anotando comentarios y participando en los hilos de la conversación sin ninguna
restricción.
21
http://atalaya.blogalia.com/
22
www.hughhewitt.townhall.com/blog
sobre a convenção e a disputa presidencial da qual ela era um marco.
(HEWITT, 2007, p. 15 e 16).

Orihuela acrescenta mais alguns fatores da grande capacidade de


conversação dentro da blogosfera:
Os interesses comuns, o conhecimento compartilhado, a
interatividade mediante links e comentários, a leitura regular de fontes
que se atualizam periodicamente e a reciprocidade como
característica cultural dos blogueiros, fazem da blogosfera uma
grande conversação, ou melhor, o lugar de conversação de múltiplas
23
entre comunidades. (ORIHUELA, 2006a. p. 140) .

Vivo não atribui a conversação apenas ao desenvolvimento tecnológico


de ferramentas que possibilitam a interação nestes espaços. Para o autor, isto
se trata de uma questão de pré-disposição:
A simples prática de referenciar qualquer tema de um post com links
de outros artigos, não é nada que não possa realizar-se nos inícios da
rede, mas sim uma clara mostra do desejo para contrastar versões,
propor os diferentes pontos de vista e definitivamente, criar um
24
debate. (VIVO, 2008, p.83) .

Juan Varela (2006, p.136) corrobora o que é dito por Vivo. O autor
acredita que a navegação pela blogosfera não se dá apenas pelo recurso
técnico do hipertexto, e sim pelas indicações através da opinião e informação:
“A blogosfera não é mais que uma conversação ordenada pela ação social
através dos temas, da informação e do pensamento dos autores”. (VARELA,
2006, p.136). 25

e) Ética blogueira
Vivo considera que a blogosfera partilha de um leque de propostas
éticas, com objetivo de deixar cada vez mais transparente a divulgação de
informações e opiniões neste meio:

23
Tradução livre do autor. Texto original: Los intereses comunes, el conocimiento compartido, la
interactividad mediante enlaces y comentarios, la lectura regular de fuentes que se actualizan
periódicamente y la reciprocidad como rasgo cultural de los bloguers, hacen de la blogosfera
una gran conversación, o mejor aún, el lugar de conversación de multitud de comunidades.
24
Tradução livre do autor. Texto original: El simple hecho de referenciar cualquier tema de un
post con vínculos de otros artículos no es nada que no pudiera realizarse en los inicios de la
Red, pero sí una clara muestra del deseo por contrastar las versiones, proponer los diferentes
puntos de vista y en definitiva, por plantear un debate.
25
Tradução livre do autor. Texto original: La blogosfera no es más que una conversación
ordenada por la acción social a través de los temas, la información y el pensamiento de los
autores.
Uma forma de ser e estar que sem dúvida permite que se trate de um
coletivo precursor de determinadas práticas na Internet (redação
hipertextual, uso dos marcadores na informação, copyleft,
26
aproveitamento do critério social da rede…). (VIVO, 2008, p.93) .

Este tipo de prática blogueira é considerado de extrema importância para


consolidar os blogs como meios com credibilidade. Para Orihuela (2006b), isso
acontece quando o blogueiro deixa explícito ao seu leitor as condições do que
escreve.
Os cinco critérios de Vivo que definem as comunidades são baseados
nas práticas e rotinas dentro da blogosfera. Entretanto o autor adverte que nem
sempre os critérios citados são encontrados nos grupos criados pelas
conversações, chamado por Orihuela (2006b) de vizinhanças. Uma comunidade
que não apresente algum dos conceitos, não deve deixar de ser considerada
como tal.

3.2 – FUNÇÕES DA BLOGOSFERA

Com o desenvolvimento e a popularização dos blogs, a blogosfera


tornou-se um local onde acontecem certas práticas, como vimos no histórico
sobre os blogs. Estas potencialidades mostradas pela blogosfera, hoje já são
consideradas como funções deste espaço virtual. Basicamente, a maioria
destas funções são fruto da mobilização dos integrantes da blogosfera.
Orihuela, considerando o novo cenário comunicativo, atribui múltiplas funções à
blogosfera:

é um filtro social de opiniões e notícias, sistema de alerta rápido para


os meios, sistema de controle e crítica dos meios, fator de
mobilização social, novo canal para as fontes transformadas em
meios, novo formato aplicável nas versões eletrônicas dos meios
tradicionais para cobertura de continuidade, catástrofes e acidentes,
um gigantesco arquivo que opera como memória da web, o alimento
privilegiado dos buscadores por sua renovação constante e alta

26
Tradução livre do autor. Texto original: Una forma de ser y estar que sin duda ha permitido
que se trate de un colectivo precursor de determinadas prácticas en Internet (redacción
hipertextual, etiquetado de la información, copyleft, aprovechamiento del critério social de la
Red…)
densidade de links de entrada e de saída, e finalmente é a grande
conversação de múltiplas comunidades cujo ponto em comum é o
27
conhecimento compartilhado. (ORIHUELA, 2006b, p.28-29).

A crítica dos meios tradicionais ganha destaque dentre as funções


citadas por Orihuela. Certos erros nas informações ou mesmo omissões, levam
a blogosfera a se manifestar fortemente.
Nos Estados Unidos tivemos talvez os precursores, e talvez mais fortes,
movimentos levantados pela blogosfera de crítica à mídia. Em 2002, o senador
republicano do Mississipi Trent Lott cometeu uma gafe imperdoável para os
padrões da sociedade americana, mas que passou despercebida pela
imprensa. Em um discurso no aniversário de 100 anos do senador
segregacionista James Strom Thurmond, Lott afirmou que se os Estados Unidos
tivesse escolhido Thurmond como presidente em 1948, o país não passaria
pelos problemas que estava enfrentando.
Aos ouvidos desatentos dos jornalistas que cobriam o evento, aquilo
pareceu apenas um elogio desmedido. Entretanto a blogosfera ampliou a
cobertura sobre o ocorrido. James Strom Thurmond concorreu à vaga na Casa
Branca com o seguinte slogan: “Nem as leis de Washington nem as baionetas
do exército vão forçar o negro para dentro das nossas casas, nossas escolas,
nossas igrejas” (HEWITT, 2007, p.37).
A blogosfera ampliou o assunto trazendo fatos que comprovavam as
inclinações segregacionistas do senador Trent Lott. Os rumores na blogosfera
se tornaram tão grandes que os meios jornalísticos americanos foram obrigados
a ter uma cobertura sobre o caso. Foi então que este se tornou um fato com o
estofo necessário para causar a renúncia do senador Lott, que ocorreu do dia
20 de dezembro de 2002, 15 dias após o início das publicações sobre o assunto
na blogosfera.

27
Tradução livre do autor. Texto original: es um filtro social de opiniones y noticias, es um
sistema de alerta temprana para los médios, es um sistema de control y crítica de los médios, es
um factor de movilización social, es un nuevo canal para las fuentes reconvertidas en médios,
es um nuevo formato aplicable em lãs versiones electrónicas de los médio tradicionales para
cobertura de continuidad, catástrofes y accidentes, es um gigantesco archivo que opera como
memória de la web, es el alimento privilegiado de los buscadores por su renovación constante y
su alta densidad de enlaces de entrada y de salida, y finalmente es la gran conversación de
múltiples comunidades cuyo anclaje común es el conocimiento compartido.
Já em 2003, o alvo da blogosfera americana foi um dos meios de
comunicação mais respeitados do mundo, o jornal New York Times (NYT).
Jayson Blair, jornalista novato, que era considerado dentro do NYT como uma
das promessas, foi desmascarado pela blogosfera. Ele inventou e plagiou
algumas de suas matérias. Segundo levantamento feito por um dos blogueiros
protagonistas neste caso, a cada 14 matérias de Blair, era publicada uma
correção (HEWITT, 2007).
Investigando a fundo e com ajuda de rumores que partiam da própria
redação do NYT, chegou-se à conclusão de que a rápida ascensão de Blair era
fruto de uma política de diversidade racial no NYT, já que Blair era negro. As
acusações se voltaram para as duas maiores autoridades do jornal: Gerald
Boyd e Howell Raines. Os dois foram demitidos.
Durante a campanha eleitoral americana de 2004, a blogosfera ajudou a
fazer a diferença no resultado. Um dos candidatos à presidência era o
democrata John Kerry, veterano da Guerra do Vietnã, de onde havia voltado
fazendo denúncia sobre irregularidades na atuação do exército americano. Com
a ajuda de informações contidas em um livro de outro veterano de guerra que
havia servido com ele e não concordava com os fatos relatados por Kerry,
blogueiros iniciaram apurações que acabaram na admissão pública de Kerry
que os fatos que ele havia relatado eram mentira.
Outro caso envolvendo a eleição americana de 2004 foi a acusação em
matéria feita por Dan Rather, da rede CBS News, a George W. Bush. Ele
apresentou memorandos que comprovariam a desobediência de Bush diante de
ordens de seus superiores no exército. Com o acesso aos documentos, alguns
blogueiros conseguiram comprovar que os memorandos não passavam de
falsificações mal feitas:
28
(...) após Charles Johnson, de Little Green Footballs , ter reproduzido
os memorandos utilizando processadores de texto e então ter
conseguido superpor as falsificações e sua recriação no site –
demonstrando a todos que o caso estava encerrado. O enxame
continuou a enxamear, claro, acrescentando detalhes após detalhes
da inacreditável obtusidade e ingenuidade de Rather e sua equipe
(...). (HEWITT, 2007, p.71).

28
http://littlegreenfootballs.com/
Hugh Hewitt (2008, p.30) usa a expressão “infestação blogueira” para
designar o movimento surgido na blogosfera quando muitos blogueiros
resolvem acompanhar o desenrolar de um tema: “Uma infestação blogueira é
um dos primeiros sinais de surgimento de uma tempestade de opinião”. (HEWITT,
2007, p.30).

3.3 SITUAÇÃO ATUAL DA BLOGOSFERA

A blogosfera continua em expansão. O site Technorati, um dos maiores


buscadores de blog do mundo, registrava, em mapeamento29 de 2006, 50
milhões de blogs cadastrados em seu site. O mais interessante é que a partir
março de 2004, o número de blogs dobrava em um tempo estimado entre cinco
e sete meses.
Em 200830, o Technorati divulgou mais um mapeamento da blogosfera.
Foram encontrados nos cadastros do site cerca de 133 milhões de blogs. O
número é quase três vezes maior que o de 2006, e o dobro de que em 2007 (70
milhões). Com isto, nota-se que o crescimento continua, mas praticamente com
metade do ritmo que se empreendia até 2006.
Como foi citado anteriormente, o estudo do site Techonorati também
revelou uma maior profissionalização dos blogs e o crescimento da utilização de
publicidade, mesmo em blogs em que o objetivo principal não é a obtenção de
lucros. Entretanto, nota-se que os blogs pessoais ainda são amplamente
praticados. O estudo revela que entre os blogueiros pesquisados, 79% admitem
ter um blog pessoal, 46% têm blog profissional e 12% blogs corporativos. Dados
que formam o diagrama exposto pela figura 02:

29
Estudo disponível em: http://www.sifry.com/alerts/archives/000436.html
30
Estudo disponível em: http://www.technorati.com/blogging/state-of-the-blogosphere/
Figura 02 – Diagrama integrante do estudo divulgado pela Technorati que mostra os
tipos de blogs definidos pelos seus próprios autores.

Podemos notar que o número de blogs pessoais ainda é grande.


Entretanto, também é notável o crescimento dos blogs profissionais, que já
chegam a quase 46% dos blogueiros estudados pela Technorati. Outro ponto
interessante abordado pela pesquisa são as motivações apontadas pelos
pesquisados para manter um blog. Segundo o Technorati, 79% dos usuários
blogam como forma de auto-expressão, 73% para compartilhar pensamentos e
experiências e com 62% a aproximação com pessoas de pensamento
semelhante. Já o sucesso do blog foi atrelado pelos pesquisados 75% à
satisfação pessoal, 58% ao número de post e 53% aos comentários e visitantes.
Raquel Recuero (2008), em análise sobre estes dados, afirma que em
questionário aplicado a blogueiros brasileiros para saber o porquê blogavam,
encontrou as mesmas razões que aponta o relatório da Technorati. Ela afirma
que isto reflete dois elementos: a tentativa da construção de reputação e a
sociabilidade.
A primeira viria da divulgação de conhecimento/informação especializada
em um espaço pessoal, podendo obter alguma reputação através de seus
leitores. A segunda vem da possibilidade de conhecer novas pessoas com
afinidades ideológicas. Recuero (2008) acredita que as razões que os
blogueiros afirmaram para manter um blog estão intimamente ligadas a um
capital social percebido na blogosfera. Conseqüentemente, o uso do blog como
instrumento de construção de uma reputação.
Entenda-se capital social pelo:
conjunto de recursos resultante do conteúdo das trocas sociais na
rede, que possui aspectos coletivo e individual de modo simultâneo,
ele também é diretamente relacionado à capacidade de interação
social de um grupo e de seus laços sociais. (RECUERO, 2003b).

Como vimos no capítulo anterior, o mapeamento do buscador Technorati


também registrou que 54% dos blogs mapeados têm algum tipo de anúncio
publicitário. Estão incluídos dentro desta estatística de blogs com publicidades,
muitos espaços pessoais, que não tem como objetivo principal a obtenção de
lucro com a veiculação de publicidade. Isto se dá pela facilitação da colocação
de publicidades através de ferramentas como o AdSense, do Google, que
detalharemos no próximo capítulo.
A blogosfera é o espaço onde acontecem as conversações e interações
entre blogs, blogueiros e seus leitores. Este espaço apresentou grande pré-
disposição para mobilização, como apontamos anteriormente. Neste capítulo,
também apresentamos as cinco características criadas por Vivo (2008) para
entender as rotinas e conversações dentro da blogosfera: identidade,
transparência, comunidade, conversação e ética blogueira.
Através do mapeamento feito em 2008 pelo buscador Technorati,
tentamos demonstrar as novas tendências da blogosfera e dos blogs: maior
profissionalização dos blogs, o aumento do uso de publicidades e blogs se
aproximando cada vez mais dos outros meios existentes na internet.
Dentro da blogosfera que apresentamos, os blogs vêm sofrendo algumas
modificações que condizem com o contexto identificado. Para entender as
alterações, propomos no próximo capítulo uma sistematização dos principais
elementos dos blogs.
4. SISTEMATIZAÇÃO DOS ELEMENTOS DOS BLOGS

Como vimos no capítulo anterior deste trabalho, a conceituação do que


é um blog configura-se em uma tarefa difícil. Grande parte desta dificuldade
vem da sua grande capacidade de mudança. Cada novo recurso que é
incorporado altera a maneira de blogar. Dessa forma, diante das mudanças de
contexto que vêm acontecendo na blogosfera, como vimos no capitulo anterior,
proporemos uma reflexão sobre o que é um blog atualmente.
Tentaremos pensar os blogs pelos recursos que oferecem e a utilização
destes. Assim, iremos sistematizar alguns dos elementos principais nos blogs,
conceituando-os e explicando as suas funcionalidades. Através desta
sistematização, tentaremos refletir sobre o panorama deste meio de
comunicação.
Antes de iniciar a sistematização, é importante retratar o ambiente
encontrado pelo internauta comum brasileiro ao criar um blog. Também
faremos um breve histórico sobre os Sistemas de Gestão de Conteúdo,
ferramenta de extrema importância na expansão e popularização dos blogs.

4.1 OS SISTEMA DE GESTÃO DE CONTEÚDOS

O primeiro passo para criar um blog é encontrar um servidor de


hospedagem de blogs. Estes servidores são baseados em um software
conhecido com CMS (Content Management System31) que possibilita um
usuário manter e gerenciar uma página na internet, sem grandes
conhecimentos de linguagem HTML. Com uma interface simples e com
ferramentas de fácil utilização, estes servidores facilitaram o acesso de leigos
ao universo dos blogs, como explicita José Luiz Antúnez (2006):
Desde então, qualquer pessoa que sabe usar um computador,
escrever um texto, navegar pela Internet, pode criar um weblog.
Definitivamente já se pode administrar uma página na internet

31
Sistema de Gestão de Conteúdos.
através de um painel de controle online que administra processos
automatizados sem a tediosa dependência de atualizar desde seus
32
equipamentos até o servidor . (ANTÚNEZ, 2006, p. 51).

Para blogueiros brasileiros podemos identificar dois servidores gratuitos


com maior abrangência: Blogger (atualmente sob a posse do conglomerado
Google) e WordPress33. Esses são os servidores que disponibilizam um blog
com mais opções de personalização. São empresas que trabalham
basicamente com um suporte para blogs. Por esta dedicação exclusiva,
acabam proporcionando melhores opções aos seus usuários.
Também são referências os servidores como UOL, IG, Terra e Abril.
Empresas que já atuavam no mercado da internet, mas que não têm blogs
como ramo principal, utilizando-os apenas para atrair internautas para seus
sites principais. Assim, disponibilizam aos seus usuários blogs simples e com
poucas possibilidades de personalização.
Pelas características, potencialidades e penetração na comunidade
blogueira brasileira, decidimos utilizar como parâmetro geral nesta
sistematização, os blogs do servidor Blogger. Acreditamos que essa escolha
não atrapalha a conceituação proposta, pois os servidores de blogagem
apresentam opções muito semelhantes. Desta forma, optamos pela escolha do
mais completo, que consideramos ser o Blogger.

4.2 BLOGGER: UMA IDÉIA DESPRETENSIOSA

O Blogger foi criado em agosto de 1999 pela empresa Pyra Labs,


sediada em São Francisco, Estados Unidos. A empresa era de três amigos que

32
Tradução livre do autor: Texto orgininal: Desde entonces cualquier persona que sepa
encender un ordenador, escribir un texto, navegar por Internet puede crear um weblog. En
definitiva, administrar una web desde un panel de controle on-line que gestiona procesos
automatizados sin la tediosa dependência de subir actualizaciones desde el equipo local al
servidor.
33
Servidor ainda não está totalmente adaptado aos usuários brasileiros. O servidor já tem uma
versão em português, mas que se limita as opções básicas. Também ainda não é totalmente
gratuito como o Blogger. Opções extras como espaço para Upgrade ou adição de usuários
privados, custam entre 8 e 25 centavos de dólar por dia.
estavam tentando se lançar no promissor mercado da internet. Sem muita
pretensão, a empresa criou o Blogger. “Nossa intenção original já não tem
tanta importância assim. Mas enquanto perseguíamos nosso sonho criamos o
Blogger, assim, sem planejar nada, e pensamos – Hum... isso até que é
interessante” 34.
Apesar de não ter sido a empresa pioneira neste serviço, pode ser
considerada a mais importante da história dos blogs. Para Orihuela (2007), o
êxito do Blogger, que alcançou 40.000 usuários em nove meses de existência,
foi o responsável pela popularização dos blogs fora do âmbito de
programadores e jornalistas.
Antúnez (2006) considera o Blogger o símbolo da revolução
protagonizada por este tipo de site. O autor enumera alguns fatores
responsáveis pelo sucesso do Blogger diante de outros servidores:
A eficácia do portal com slogans na parte superior, que motivavam a
criação de um weblog, a publicação de noticias sobre o crescente
fenômeno dos blogs, a lista de últimos atualizados, idéia iniciada por
weblogs.com, que ajudava consolidar o sentimento de comunidade,
passando pela facilidade no processo criação (nick, senha, título do
blog, URL, e e-mail); por outro lado, o painel de administração com
um leque de possibilidades de configuração melhor, ao menos, que
os apresentados pelos seus primeiros competidores (...) Esses
fatores foram decisivos pra o Blogger consolidar-se como a iniciativa
35
líder . (ANTÚNEZ, 2006, p. 57-58).

Depois de algumas crises, a empresa retomou a estabilidade em 2002.


Já somavam centenas de milhares de usuários, mas a equipe ainda era
pequena. Foi então que o Google, empresa com grande atuação na internet,
comprou o Blogger.
Atualmente, o Blogger conta com seus serviços em mais de 170
idiomas36, e é um dos servidores de blogs mais utilizados em todo o mundo.

34
Disponível em <http://www.blogger.com/about>. Acesso em 19 de setembro de 2008.
35
Tradução livre do autor: La eficácia de la portada con eslóganes em la parte superior que
motivaban a la creación de um weblog, la publicación de noticias em torno al emergente
fenómeno blog, la lista de últimos actualizados, idea iniciada por weblogs.com, que ayudaba a
consolidar el sentimiento de comunidad, pasando por la sencillez em el proceso de alta (nick,
contrasenã, título del blog, URL, y email); y por outro lado el panel de administración com um
abanico de posibilidades de configuración superior, o al menos, mejor presentadas que sus
primeiros competidores como la opción de exportar el weblog a un domínio, fueron decisivos
para consolidarse como la iniciativa líder.
36
Disponível em <http://www.googlebrasilblog.blogspot.com/2007/09/novos-idiomas-no-
google.html> Acesso em 25 de agosto de 2008.
Segundo texto disponível no site do Blogger, o serviço continua com uma
equipe pequena, mas que consegue fazer o que sempre quis: ajudar as
pessoas a ter uma voz na internet e organizar as informações globais do ponto
de vista pessoal.

4.3 ELEMENTOS QUE FORMAM UM BLOG

Os servidores para blogagem têm muitas características em comum. A


maioria disponibiliza layouts padrões que podem sofrer alterações, como
mudança de cor, do estilo e fontes. Com sistemas de publicações bastante
simples, muito semelhante às ferramentas de e-mails, o ambiente de criação
de um blog nada difere das atividades cotidianamente desempenhadas durante
o acesso à rede. Desta forma, para criar um blog, ou mesmo deixá-lo
minimamente atraente para os leitores, não é necessário nenhum
conhecimento aprofundado de informática.
Assim, como referimos anteriormente, optamos por dar foco principal de
nossos estudos às características dos blogs disponibilizados pelo servidor
Blogger. Esta escolha foi tomada levando em conta a grande semelhança entre
os servidores gratuitos. Então, optamos pelo servidor mais completo.
Para facilitar a sistematização das descrições dos principais elementos
dos blogs, dividimos as características em quatro tipos: referentes à forma, ao
conteúdo, aos mecanismos de interação e aos aplicativos. Estas características
irão facilitar a conceituação de cada elemento e posterior reflexão sobre sua
atual importância dentro dos blogs.

4.3.1 Quanto à forma


Esse tipo de característica, como o próprio nome diz, aborda as
peculiaridades referentes à forma do blog. Identificamos dois elementos
principais: o layout e a disposição cronológica inversa das postagens

a) Layout
A primeira identificação que temos de um layout de blog pode ser
reportada, de maneira geral, através da figura 01. Localizamos as três
principais regiões que compõem a estrutura básica de um blog. Geralmente
esses três segmentos são independentes, onde são dispostas diferentes
ferramentas.
Considerando os 16 layouts disponibilizados pelo servidor Blogger,
apenas um não apresenta a estrutura similar à figura 01. Este, não dispõe da
parte 3, a barra lateral. As ferramentas que ficariam colocadas neste setor
lateral, passam para um espaço abaixo da parte 2. Nos outros 15 layouts
disponibilizados pelo Blogger, verifica-se a parte 3. Entretanto, a localização
desta parte, em relação a parte 2, varia, podendo ficar a direita, a esquerda ou
dos dois lados.
Figura 01: Diagrama que aponta de maneira geral, através de áreas geométricas, a
principal identidade gráfica dos blogs.

Considerando as três áreas identificadas na figura 01, podemos


considerar: 1 é o cabeçalho da página, onde geralmente é colocado o título do
blog ou até uma descrição. Neste setor encontra-se uma grande ferramenta de
personalização do layout: a utilização de uma imagem no cabeçalho. Esta
imagem pode ser utilizada ao invés do titulo do blog, ou sob ele.
Na parte 2 da figura 01, localiza-se a parte que ocupa a maior área
dentro do blog, o setor das postagens. Esta pode ser considerada a parte mais
importante do layout dos blogs. Precedem as postagens algumas informações
como a data de publicação do post e o título. Quanto ao texto, o espaço de
publicação é ilimitado. Podem ser agregados ao texto elementos como
imagens, vídeos e links para outros blogs e sites, através da ferramenta
hiperlink.
Após a postagem, verifica-se o nome do usuário que fez o post, o
horário e, se disponível a ferramenta, o link para os comentários. Ainda nesta
parte ficam os marcadores das postagens. São palavras-chaves que o
blogueiro usa para definir os temas do texto postado.
A parte 3 é a chamada barra lateral. Segundo Blood (2002, p.58) “a
barra lateral é uma tradição do weblog existente há muito tempo”. Este é o
espaço reservado para a colocação de vários elementos dos blogs como
arquivo de postagens, links com outras publicações (blogroll), apresentação do
autor do blog, marcadores, contadores de acessos, fotos, etc.
É importante salientar que a Blogger, assim como grande parte dos
servidores de blogs, disponibiliza opções para que cada blogueiro monte seu
layout através de códigos HTML. Através desta ferramenta, o blogueiro pode
customizar totalmente seu blog. Entretanto, para utilizá-la necessita-se de um
relativo conhecimento de linguagem HTML.

b) Disposição cronológica inversa das postagens


Na parte 2 da figura 01, localiza-se o espaço destinado aos textos, que
ficam divididos em unidades (postagens) organizadas na ordem inversa de
publicação. Sempre ficará acima da postagem mais recente, mantendo esta
seqüência durante todo o blog.
Estas características, como ressaltamos anteriormente, são apontadas
por Blood (2002), Recuero (2003a), Alonso e Martinez (2003) e Orihuela (2004)
como uma das principais formas de identificação de um blog diante de um site
comum. Orihuela (2004) ainda ressalta uma funcionalidade para esta
disposição. Para ele, a lógica na disposição dos textos cria um caminho entre
as postagens que poder ser seguido pelos leitores do blog, ou mesmo, pelo
próprio blogueiro.
Para uma melhor esquematização das postagens, o Blogger
disponibiliza um menu dos arquivos do blog. Este recurso separa os posts por
data e postagem. Localizado na barra lateral, divide as postagens em sub-
menus de acordo com o ano e o mês em que o texto foi postado, como
podemos notar na figura 02.

Figura 02: A ferramenta apontada pela seta é o arquivo de postagens do blog. As


postagens ficam dividas de acordo com o critério de temporalidade. No caso desta figura, por
ano e por mês.

4.3.2 Quanto ao conteúdo


Esta característica trata sobre os elementos do texto nos blogs e as
ferramentas que são utilizadas pelo blogueiro para desenvolver a sua
postagem. Podemos incluir elementos como o hipertexto, vídeos e imagens, as
características do texto e os marcadores de postagem.
a) Hipertexto
A utilização dessa ferramenta na construção do texto em blog além de
ser uma característica marcante e inerente, é uma ferramenta imprescindível
para legitimação das informações veiculadas. Trata-se de um elemento
protagonista dentro dos blogs (VIVO, 2008). Em um espaço que qualquer
pessoa pode ter acesso, nada mais importante do que o blogueiro apresentar
as fontes que utilizou na elaboração do seu texto.
Para Vivo (2008) a utilização do hipertexto deve ser irrestrita, buscando
apresentar os links que possam mostrar todo o itinerário informativo
perpassado pelo blogueiro antes de escrever o texto “para que desta forma, o
visitante possa seguir, com precisão, o itinerário do que foi publicado, até o
ponto que possa ver, inclusive, o que o autor provavelmente preferiu eliminar.”
(VIVO, 2008. p. 71).37
A utilização de informações contidas em outros blogs, acompanhadas da
referência, através do hipertexto, podem ser consideradas também uma
ferramenta de interação. Isso acontece quando o fato de citar outro blog causa
uma relação de interação entre os blogueiros. Esse tipo de relação foi facilitado
pelos permalinks. Expediente que gera um link fixo para cada postagem,
subdividindo cada postagem com seu link independente. É utilizado para
facilitar a referenciação de conteúdos contidos em outros blogs, como explica
Primo e Smaniotto:
Se alguém prefere escrever em outro blog sobre um tema surgido
em um texto alheio, ele pode referenciar o post que deu origem a
sua reflexão. Porém, pelo caráter dinâmico dos blogs, um link para a
página inicial (home) de outro blog pode não ajudar os internautas,
pois aquele post que originou o prolongamento alhures do tópico já
não se encontra mais na home, e sim em alguma página de arquivo

37
Tradução livre do autor: para que de esta forma, el visitante pueda seguir com precisión el
itinerário de lo publicado, hasta el punto de poder ver incluso lo que el autor probablemente
hubiese preferido eliminar.
do blog (normalmente listadas por intervalo de data em uma coluna
lateral). Os permalinks visam resolver tal problema de interconexão.
(PRIMO E SMANIOTTO, 2006).

No caso do servidor Blogger, para ter acesso ao permalink basta clicar


no título da postagem, que será redirecionado para uma nova página onde
haverá apenas a postagem escolhida. No navegador aparecerá o endereço
deste permalink. Este recurso também pode ser agregado logo abaixo da
postagem, ao lado do link para comentário. Basta selecionar a opção “links
para esta postagem”.

b) Imagens e vídeos
A utilização de imagens e vídeos, como forma de agregar conteúdo às
postagens, é bastante simples em servidores como o Blogger. Tanto foto como
vídeo podem ser colocados de duas formas: através da alocação dessas
matérias visuais no próprio servidor, ou através do link para uma foto ou um
vídeo disponível em outro lugar da internet. No caso dos vídeos, são fontes
recorrentes servidores específicos deste formato, como YouTube ou Google
Vídeos. Podemos verificar isso na figura 03, onde foi colocado no blog um
vídeo hospedado no YouTube. O processo é feito através de um link
disponibilizado pelo YouTube, que é colocado pelo blogueiro junto ao texto da
postagem.
Figura 03: incorpora-se, no local da postagem, um player de vídeo do site YouTube
que apresenta um vídeo selecionado pelo blogueiro

Esta possibilidade de colocação de fotos e vídeos teve papel essencial


na legitimação do blog como um meio de divulgação de informação de
relevância jornalística. Palácios e Munhoz (2005) afirmam que foi durante a
Guerra do Iraque que ocorreu o boom do uso de fotografias postadas em blogs,
realmente com a intenção de informar sobre os fatos ocorridos. “Essas fotos
foram majoritariamente produzidas por máquinas digitais amadoras e por
cidadãos residentes nas áreas do conflito” (PALACIOS E MUNHOZ, 2005, p.
65).
Esta ferramenta também serviu como ajuda às famílias de pessoas que
moravam nas áreas atingidas pelos Tsunamis de 2004, resultantes de um
maremoto no Oceano Índico. Segundo Lemos e Novas (2005):
Diversos blogs se empenharam na divulgação de fotos, vídeos e
fatos e também no apoio às vítimas, ajudando a localizar pessoas e
manter contato entre familiares. Moradores das áreas afetadas que
possuíam diários virtuais produziam relatos em tempo real durante a
tragédia. (LEMOS E NOVAS, 2005)
c) Características do texto
Além da utilização dos recursos enfatizados anteriormente, o texto neste
meio de comunicação apresenta mais algumas características. Pode-se
considerar a construção subjetiva, onde as visões e observações dos que
escrevem aparece de maneira muito clara. Estes efeitos de aproximação do
texto dão um caráter de personificação da figura do blogueiro como autor, se
afastando ainda mais do texto informativo praticado pelos meios jornalísticos,
onde se busca a objetividade através dos efeitos de afastamento.
Esta aproximação do texto pode ser verificada pela linguagem
encontrada nos blogs, geralmente caracterizada por ser “informal, dialógico,
38
irônico, espontâneo e descontraído” (ORIHUELA, 2006a, p.54) . Entretanto,
com a diversidade encontrada na blogosfera, não podemos considerar esta
uma característica absoluta dos blogs, e sim uma tendência.
Alguns autores afirmam que a atualização freqüente (pelo menos uma
vez ao dia) é característica fundamental dos blogs. Podemos afirmar que os
que conseguem manter uma freqüência diária, (ou até que postam mais de
uma vez por dia) têm maior número de leitores. Desta forma, este se torna um
expediente muito eficaz para a criação de uma boa reputação como blogueiro.

d) Marcadores
Consiste nas palavras-chaves escolhidas pelo blogueiro para designar
os assuntos das postagens. Elas ficam dispostas abaixo de cada postagem
(figura 05).

38
Tradução livre do autor. Texto original: informal, dialógico, irônico, espontâneo y
desenfadado.
Figura 05: As palavras-chave ficam agrupadas logo abaixo da postagem, junto com as
informações pós-texto.

Estas palavras-chaves podem ser agrupadas como um menu (figura 06)


que divide as postagens de acordo com os assuntos escolhidos pelo blogueiro.

Figura 06: o menu apontado pela seta representa os marcadores. Ao lado de cada
palavra-chave fico o número de postagens que o blogueiro incluiu em cada assunto.

Esta é uma forma de mostrar os assuntos que vêm sendo abordados no


blog. Trata-se de um recurso importante pela comodidade que traz ao leitor,
pois facilita a busca de algum tema especifico. Também é importante para o
blogueiro, pois aumenta as possibilidades de navegação em seu blog. Esta
prática é interessante também como um modo de revitalização de postagens já
antigas, que normalmente estariam no final da fila de postagens.

e) Perfil do blogueiro
É a forma do blogueiro se apresentar diante de seus leitores e tentar dar
mais credibilidade aos seus textos. Para Vivo (2008), o mínimo de informação
pessoal é necessário no momento de blogar:
A inclusão de um link com informação pessoal sobre o autor (about
page) é umas das soluções mais apropriadas para construir a
identidade e portanto também a credibilidade do site. Fomentar o
respeito de uma pagina é muito mais fácil com uma identidade, do
39
que no anonimato. (VIVO, 2008, p. 66) .

Assim, para legitimar um espaço como um blog é necessário que se


inclua conteúdos com referencialidade fora da internet. Desta forma, o perfil do
blogueiro é uma boa opção.

4.3.3 Quanto aos mecanismos de interação

Os mecanismos de interação dos blogs são as ferramentas que


possibilitam existir uma das principais características e funcionalidades dos
blogs: a conversação. A utilização destes mecanismos proporciona ao
blogueiro uma série de benefícios. A redação hipertextual, quando se dirige a
outros blogs, também pode ser considerada um mecanismo de interação.
Entretanto, neste critério iremos listar os mecanismos que têm como principal
objetivo estabelecer interações entre blogueiros, ou mesmo, entre o blogueiro e
os leitores. Desta forma, incluímos neste critério três ferramentas: o blogroll, os
comentários e o RSS.

a) Blogroll
É a lista de blogs ou sites que são recomendados pelo blogueiro.
Geralmente esta lista tem o nome personalizado pelo autor do blog e assim
apresenta de maneira mais clara o que ela representa. São exemplos da
utilização de termos personalizados no blogroll títulos como ‘Blogs que
recomendo’, ‘sites que leio’, etc. Podemos tomar como exemplo a figura 07,
que apresenta três tipos de blogroll.

39
Tradução livre do autor: La inclusión de un enlace con información personal sobre el autor
(About page) es una de las soluciones más apropiadas para construir la identidad y por tanto
también la credibilidad del sitio. Fomentar el respeto de una página es mucho más fácil desde
una identidad que desde el anonimato.
Figura 07: Nessa figura podemos notar, na barra lateral, os três tipos de blogroll que
apresentam links para sites e blogs diferentes.

Este mecanismo cumpre uma tarefa social muito importante nas


relações entre blogs. Ele é a principal ferramenta de atribuição de capital
social, através da troca de links entre os blogueiros. Geralmente, um blogueiro
conhece um blog interessante e o linka em seu blogroll esperando que a
atitude seja retribuída. Esta ferramenta também é importante por ser uma
forma do blogueiro mostrar em que comunidade pretende se inserir, os textos
que lê e até as suas orientações ideológicas. Para Orihuela, o blogroll é a
manifestação pública do que lêem os que escrevem no blog, sendo assim uma
forma de transparência da informação que vincula naquele espaço. (Orihuela,
2006a)
Para Vivo (2008), mais que uma amostra pública do que lê o autor do
blog, o blogroll trata-se de “uma visão rápida do tipo de blogs com os quais
possivelmente o autor quer se identificar (...). Portanto, também é a primeira
representação gráfica da comunidade que participa, ou que pretende participar,
o editor do blog”. (VIVO, 2008, Pg. 78).40

b) Comentários

Figura 08: Representa a página onde o leitor pode deixar comentário. No lado direito
fica o campo onde se escreve o comentário, e a direita os comentários já feitos.

Os comentários (figura 08) também se inserem na parte de mecanismos


de interação. Eles têm funções muito importantes para o crescimento de um
blog dentro da comunidade que atua. Através de manifestações interessantes,
que venham a contribuir com outros pontos de vista sobre o assunto da
postagem, ou mesmo acrescentando uma nova informação, podemos ter uma
construção conjunta de conhecimentos, como afirma Juan Varela:
Os blogs convertem a informação em uma conversação entre o autor
e os leitores, que colaboram com seus comentários. É o primeiro

40
Tradução livre do autor: una visión rápida del tipo de blogs con los que posiblemente el autor
quiere identificarse (...). Por tanto, también es la primera representación gráfica de la
comunidad que forma o pretende formar el editor de la bitácora.
meio nascido na internet e por isso a interatividade e a
intertextualidade estão mais presentes que em outros estilos e
41
formatos usados na World Wide Web. (VARELA, 2006, p.135).

Os comentários podem servir também como termômetro da qualidade


da postagem ou mesmo como feedback. Quanto mais comentários detêm um
blog, mais prestígio terá dentro da comunidade que atua. Comentários, assim
como o blogroll e as citações no texto, também podem servir como uma
tentativa de interação entre blogueiros. Ao deixar um comentário sobre a
postagem, acrescenta à informação o link para o seu blog, deixando explícito o
interesse em manter um diálogo, uma parceria, ou mesmo uma troca de
citações no blogroll.

c) RSS

O RSS é muito utilizado nos blogs para alertar os leitores das


atualizações, ou mesmo compartilhar textos completos e até arquivos
multimídia. Este mecanismo facilita a fidelização do público que pretende
continuar lendo o blog. Esta ferramenta, diferentemente do blogroll, é um meio
de interação mais eficaz entre blogueiros e seus leitores.
Os RSS são “feeds” (alimentadores) que servem para descrever
estruturas e conteúdos de páginas na web, permitindo ao usuário
coletar informações de diferentes blogs e sites e agregar todo este
conteúdo em uma só tela, sabendo de antemão o que foi ou não
atualizado em cada blog ou site do seu interesse. Esses “feeds” são
colecionados na forma de uma lista, usando-se para isso um
programa (Agregador de RSS) que pode ser baixado e instalado em
seu computador ou – ainda melhor – recorrendo-se a um serviço de
agregação disponível na Internet, que pode ser utilizado a partir de
qualquer computador conectado. (PALACIOS e RIBAS, 2007,
p.18).

Diante dos milhões de blogs que verificamos atualmente na internet, a


tarefa do internauta de selecionar os links dos seus blogs prediletos fica mais
fácil e prática se o blog selecionado dispor da ferramenta de RSS. Esta é uma
oportunidade importante do blogueiro manter os leitores eventuais do seu blog.

41
Tradução livre do autor: Los blogs convierten la información em uma conversación entre el
autor y los lectores, que colaboran com sus comentários. Son el primer médio nacido em y
desde internet y por eso la interactividad y la intertextualidad están más presentes que em
otros estilos y formatos usados em la World Wide Web
Os mecanismos de interação, como um todo, são responsáveis pela
criação de um emaranhado de trocas de links, que deu origem à blogosfera.

4.3.4 Quanto aos aplicativos

São ferramentas que não fazem parte das necessidades essenciais de


um blog, mas que são utilizadas para agregar algum tipo de serviço. São todos
os serviços extras que podem ser incorporados aos blogs. A utilização desses
aplicativos vem sendo uma tendência cada vez maior. Muitos dessas
ferramentas dão potencialidades aos blogs antes só experimentadas por
grandes sites, como colocação de chats, enquetes, players de música, etc.
Para facilitar a explicação destas ferramentas dividimos em duas categorias de
aplicativos: internos e externos.
a) Internos
São aplicativos disponibilizados pelo próprio servidor, no nosso caso,
como justificado anteriormente, o Blogger. Essas ferramentas não são
estritamente necessárias, mas que podem melhoram a forma de blogar. Dos
aplicativos mais simples, chamados pelo Blogger de ‘básicos’ temos
ferramentas como as enquetes, slides de fotos, barra de vídeos do YouTube,
Feeds com conteúdos de outros sites, e AdSense: ferramentas de inclusão de
propaganda no blog (figura 09).

Figura 09: A seta aponta a ferramenta publicitária AdSense que é colocada nos blogs.
Esta última ferramenta merece atenção especial, pois como apontamos
nos dados do Technorati, o número de publicidade em blogs tem aumentado
substancialmente. Funciona da seguinte forma: os anúncios são escolhidos
automaticamente de acordo com o assunto do blog, exibindo produtos que
tenham o mínimo de afinidade com os assuntos tratados. Toda esta parte da
escolha do anunciante é feita pelo próprio Google, dono do Blogger. O
pagamento pela cessão de espaço para publicidade é feito de acordo com o
número de acessos que o anúncio recebe.
Atualmente, a publicidade também já pode ser incluída como uma
característica inerente aos blogs. Antigamente, para um blog ter patrocínio
necessitava que seu dono detivesse um grande capital social ou que estivesse
filiado a um grande site. Agora, qualquer blogueiro pode incluir em seu layout
cotas publicitárias, no caso do Blogger, o serviço AdSense, e ganhar de acordo
com o número de acessos ao site do patrocinador. Julio Alonso analisa a
adaptação deste tipo de publicidade aos blogs:
Ainda que não tenha sido pensado para blogs, mas sim para
pequenos anunciantes em geral, suas características se adaptam
muito bem às necessidades dos editores de blogs. O AdSense
permite aos editores incluir facilmente em seus blogs módulos de
42
publicidade contextual, fundamentalmente em formato texto.
(ALONSO, 2006, p.199).

b) Externos
São conteúdos e ferramentas disponibilizadas por outros sites, que
podem ser incorporadas no blog. O próprio Blogger tem uma série de
ferramentas em seu menu de aplicativos, que são disponibilizadas por outros
sites. Estas aplicativos são divididos em oito categorias: notícias (1318
opções), ferramentas (5421), comunicação (1418), diversão e jogos (3428),
financeiro (427), esportes (290), estilo de vida (4940) e tecnologia (669)43.
Certas ferramentas são muito importantes para melhorar a maneira de
blogar. Opções como contadores de acessos e localização dos visitantes já são

42
Tradução livre do autor. Texto original: Aunque no fue pensado para blogs, sino para
pequeños anunciantes em general, sus características se adaptan muy bien a las necesidades
de los editores de blogs. AdSense permite a los editores incluir fácilmente em sus blogs
módulos de publicidad contextual fundamentalmente en formato texto.
43
Números atualizados em 26 de novembro de 2008.
disponibilizadas por inúmeros sites de maneira gratuita. Palacios e Ribas
acrescentam as informações que podem ser trazidas por estas ferramentas:
(...)é essencial acompanhar seu funcionamento no dia-a-dia.
Quantas pessoas estão visitando seu blog? De que países procedem
seus visitantes? Quanto tempo gastam em média em cada visita?
Como descobriram seu blog? Através de um site de buscas? Através
de indicação de outros blogs? Essas e outras questões são
respondidas através de gráficos e mapas produzidos por site
especializados em acompanhamento a produtos disponibilizados na
web. (PALACIOS E RIBAS, 2007. p. 22).

4.4 TABELA DA SISTEMATIZAÇÃO PROPOSTA

Após revisar os conceitos e o contexto onde estão inseridos os blogs,


tentamos sistematizar os elementos principais deste meio de comunicação. De
maneira taxonômica, dividimos os elementos quanto à: forma, conteúdo,
mecanismos de interação e aplicativos. Usamos esta prática para entender a
situação atual dos blogs e propor uma reflexão sobre o seu conceito. Como
justificamos anteriormente, usamos como parâmetro geral as disposições do
servidor Blogger.
Para facilitar a compreensão, fizemos uma tabela (figura 10) com a
sistematização proposta:
Figura 10: Tabela que mostra as quatro características escolhidas para separar os
elementos dos blogs.

Na figura 10, o elemento hipertexto, por suas atuações, ficou delegado a


duas características: conteúdo e mecanismos de interação. O hipertexto foi
utilizado como ferramenta para acrescentar conteúdos ao texto. Mas no
momento que a informação veiculada vem acompanhada do crédito para o blog
criador da informação. Neste momento, o hipertexto se torna também um
mecanismo de interação entre os blogs.
5. CONCLUSÃO

No quarto capítulo foram sistematizados os principais elementos que


constituem o publicador Blogger. Para melhor compreensão, agrupamos os
elementos de acordo com quatro tipos: quanto à forma (layout e disposição
cronológica inversa das postagens); ao conteúdo (hipertexto, imagens e
vídeos, característica do texto, marcadores e perfil do blogueiro); aos
mecanismos de interação (hipertexto, blogroll, comentários e RSS); e aos
aplicativos (internos e externos).
A definição e a sistematização desses elementos visa contribuir para o
estudo sobre blogs, no seu contexto atual, calcada principalmente nas
utilizações dos seus elementos, e menos nos temas que abordam, como
algumas classificações anteriores. Trata-se de uma abordagem que não
pretende substituir ou revogar as anteriores, e sim complementar com uma
visão mais voltada para a ferramenta blog.
Acreditamos que a sistematização proposta pode ser bastante eficaz
para trabalhos que queiram identificar os recursos que são utilizados em um
blog. Deixamos como sugestão de estudos futuros a aplicação desta
ferramenta em blogs de empresas jornalísticas, que geralmente são alvos de
debates sobre se são blogs ou apenas colunas de opinião ampliadas e
disponibilizadas na internet. A tabela com a sistematização proposta pode ser
usada também como um roteiro de criação de um blog, pois mostra todas as
funcionalidades deste meio de comunicação.
A sistematização não deve ser considerada uma proposta final, e sim, o
início de uma alternativa para estudo dos blogs. Podemos identificar vários
pontos do quadro formulado que podem ser ampliados e aprofundados em
pesquisas posteriores. Ferramentas como os aplicativos, que acrescentam
diferentes e variadas opções aos blogs, apresentam um vasto campo para
estudos futuros. As alterações que o layout pode sofrer através da edição dos
códigos HTML também é um exemplo de um aspecto que pode ser ampliado
dentro desta sistematização.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALONSO, Jaime; MARTINEZ, Lourdes. Medios interactivos: caracterización


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