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02. Visitas de Estudo


As visitas efectuadas inserem-se no circuito das Aldeias Históricas de Portugal.
Estas visitas constituem uma recolha de material sobre intervenções e exemplos de conservação e requalificação dentro de
estruturas rurais. Foram feitas com o intuito de abrir horizontes sobre o modo de intervir em núcleos de pequena escala, pois
podem constituir mais uma fonte de elementos necessários para definir opções, quer programáticas, quer estratégicas para o
projecto final (museu e estabelecimento de estratégias de protecção dentro dos organismos de organização territorial).

01. Almeida
1.1. Pousada de Almeida, Senhora das Neves

Esta pousada situa-se dentro do perímetro da muralha de Almeida, e actua


como um mediador entre esta e o casario.
Não foi possível averiguar o autor do projecto, mas a construção deve datar
da década de 70 ou 80.
É uma estrutura hoteleira de pequenas dimensões mas que se assume
volumétricamente perante a sua envolvente. O edifício possui três pisos com
características e valências diferentes.
Ao primeiro correspondem as zonas de serviços: as paredes são em pedra,
eventualmente numa alusão à própria muralha e é possível constatar algumas
semelhanças no aparelho da pedra.
Ao segundo piso correspondem as zonas sociais; a entrada ao edifício faz-se
perpendicularmente à rua e à muralha. Este piso funciona como uma grande
varanda coberta, para onde o restaurante e as restantes zonas sociais se
estendem. A vista da varanda abarca parte da muralha e do casario de
Almeida.
No terceiro piso e numa linguagem reinterpretativa da arquitectura tradicional
portuguesa, temos os quartos. Este piso, em parte vazado, dá para a varanda
comum numa clara vontade de optimizar as aberturas para os quartos. É
claro o uso do reboco à semelhança das construções locais. As janelas
surgem com portadas de treliças de madeira.
A cobertura do edifício é em telha cerâmica e é de notar a existência de um beirado avançado em relação à fachada acabando
por prescindir de caleiras e sistemas de recolha de águas pluviais, como acontece nas construções tradicionais.

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Para mim, é um edifício que conjuga positivamente a herança local em que se insere e ao mesmo tempo pela anulação de parte
do piso da zona social, traz o edifício para a modernidade ao se verificar a estrutura em pilares permitindo a grande varanda e o
uso de grande envidraçados. Também o tratamento dos materiais e a reinterpretação do modo como são usados na aldeia
acaba por se tornar benéfico para o complexo em geral.

1.2. Muralha

A muralha de Almeida é em forma de estrela de seis pontas, do tipo


Vauban, e foi construída no século XVIII, tendo sido uma das
fortificações mais importantes aquando das invasões napoleónicas.
A muralha alberga a aldeia de Almeida e esta encontra-se inserida
no programa das Aldeias Históricas de Portugal. Como outras
construções na aldeia, ela foi alvo de restauro por parte de uma
equipa do IPPAR. Foram restabelecidos alguns pontos de contacto
entre os redutos defensivos da muralha e, a meu ver, de forma
exemplar pois os materiais revelam a sua contemporaneidade
mantendo as funções de outrora. Outras acções, como
pavimentação e ruas de ligação à muralha, procuram sempre na
escolha de matérias minimizar impactos sobre esta.
Actualmente as muralhas encontram-se extremamente cuidadas sendo alvo de consequentes acções de conservação
preventiva.

1.3. Casario

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O casario situado no interior da muralha foi alvo de obras de restauro e de restituição dos valores materiais de outrora como por
exemplo: o tratamento de vãos com caixilhos em madeira; coberturas em telha cerâmica; pavimentos em granito; cantarias em
granito.
Em algumas construções o uso do reboco já era considerado, bem como o uso da cor, pois, as contruções interiores à muralha
já abrangem épocas distintas de construção e caracteres diferentes desde o militar (Picadeiro, Casernas); Burguês ( casas
senhoriais); o religioso ( Igrejas e Capelas).

02. Castelo Melhor


Centro de Recepção do Parque Arqueológico do Côa – Obras de remodelação e recuperação

Este edifício insere-se dentro do conjunto de três centros de recepção do Parque Arqueológico do Vale do Côa junto com Vila
Nova de Foz Côa (sede) e Muxagata.
A cada centro corresponde um percurso arqueológico sobre três dos principais núcleos de arte rupestre do Côa ( Canada do
Inferno; Vila Nova de Foz Côa; Ribeira de Riscos; Muxagata e Penascosa – Castelo Melhor).
Como premissa de desenvolvimento do Parque Arqueológico foi definido que os Centros de Recepção de Muxagata e Castelo
Melhor fossem edifícios antigos recuperados para o efeito.
No que diz respeito a Castelo Melhor; o edifício recuperado situa-se junto ao centro da aldeia sendo que até lá somos sempre
guiados por estruturas direccionais e informativas.
A construção em causa é de feições populares, mas pelo desenho das cantarias da sua fachada principal verificamos que
alguns traços mais eruditos, que podem denunciar uma construção do século XVII.

Ao contrário do uso dos materiais da beira interior, aqui verificamos o uso de xisto como principal material construtivo sendo que
o granito é usado como um elemento mais estrutural em cantarias de vãos e cunhais entre paredes.

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Programaticamente, o edifício desenvolve-se em dois pisos, no piso 0 o bar, recepção e loja e no piso 1 a zona de exposição e
multimédia.

Quanto ao seu interior o uso dos materiais deixa a impressão de


não se coadunar com a riqueza das suas paredes e do seu exterior.
Os materiais usados no seu interior variam entre o ferro para a as
estruturas e lagetas cerâmicas para o chão.
Não foi possível averiguar o autor da intervenção ou o porquê da
tomada de certas atitudes. De certa forma, condeno a radicalidade
entre o interior e o exterior do edifício e as diferenças e falta de
complementaridade entre eles.
Apesar de Castelo Melhor não fazer parte de nenhum programa de
preservação de aldeias históricas foi interessante constantar alguns
exemplos de arquitectura popular e constatar as diferenças
radicais em relação a outros pontos do país. Lamento no entanto a pouca atenção dada aos mesmos e a forma como as novas
construções vêm alterar o significado, escala, forma e matéria destes exemplares.

03. Muxagata
Centro de Recepção do Parque Arqueológico do Côa – obras
de remodelação e recuperação.
Como já foi descrito anteriormente em Castelo Melhor, o Centro de Recepção
da Muxagata insere-se no Parque Arqueológico do Vale do Côa, e sofreu obras
de remodelação e recuperação para se tornar parte do Parque.
Situa-se num pequeno largo paralelamente a um edifício de habitação que,
como este possui, algumas feições eruditas e a sua entrada principal é feita
paralelamente a um pelourinho.
O edifício possui dois pisos , sendo que parte do piso 0 é em cave e alberga o
bar enquanto o piso 1 alberga a recepção, loja, zona de exposições e sala
multimédia.

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Exteriormente apresenta as características comuns das


construções populares locais , os seus cunhais são em granito e
o enchimento das paredes é em xisto. Nas fachadas mais nobres
encontram-se rebocadas e pintadas de cores fortes. Em todo o
seu exterior é visível a preocupação na sua recuperação e
manutenção de forma e carácter original, quer das coberturas,
quer do alpendre e vãos.
Interiormente, o edifício mantém os pavimentos em madeira, mas os seus tectos, que seriam feitos por caixotões de madeira,
foram substituídos por recriações dos mesmos, dotados de iluminação , que, quanto a mim adulteram a imagem do que poderia
ter sido o edifício ou um restauro exemplar, tornando-se num exercício abstractizante e com pouco interesse.
Em geral, a recuperação e remodelação do edifício foi exemplar no que diz respeito ao exterior, embora a existência de guardas
em inox apareçam descontextualidadas, quanto ao interior já não penso da mesma forma sobretudo na adulteração das suas
qualidades espaciais, lumínicas e compositivas.

Casa de arquitectura popular, Muxagata

04. Castelo Mendo

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Castelo Mendo é uma aldeia relativamente próxima de Almeida, mas o seu casario é abraçado não por uma muralha de estrelas
como Almeida, mas por uma muralha medieval. Esta aldeia encontra-se também inserida dentro das Aldeias Históricas de
Portugal. As acções desenvolvidas na Aldeia dizem sobretudo respeito a acções de conservação e restauro. Á semelhança de
outras aldeias históricas, possui os elementos característicos: cruzeiro, cisterna, capela, portas principais, torre, pelourinho,
cadeia, casa da câmara e capela. Mas a sua arquitectura é mais singela e não apresenta grandes riquezas face a outras
aldeias com construções mais eruditas.
As obras de conservação e restauro visam naturalmente a manutenção dos materiais tradicionais e das técnicas.
Diferentemente de outras aldeias, como Sortelha ou Marialva, o uso da cor e dos panos de reboco já é mais comum.

05. Castelo Rodrigo


Palácio de Castelo Rodrigo e Centro de Acolhimento, obras de recuperação, beneficiação da visita ao
castelo – Arquitectos: Rapagão e César Fernandes

A existência de Castelo Rodrigo remonta a 500 A.C.,


transformou-se em castro aquando da chegada dos
romanos defendida por muralhas torreadas. Da
presença de povos bárbaros (suevos e visigodos) não
restam vestígios, mas são visíveis nas construções e
paredes das próprias edificações sinais de ocupação
muçulmana.
Em termos documentais sabe-se que Castelo Rodrigo
já fazia parte de Portugal desde 1297, e que obteve o
primeiro foral em 1508. Castelo Rodrigo constitui um dos
poucos exemplares fortificados da península ibérica.
Como as suas muralhas assim é o casario desta aldeia,
feito em pedras de granito ligadas com uma argamassa
argilosa, em que as peças de granito de maiores dimensões assumem uma postura mais estrutural.
A sua arquitectura, de um modo geral, é muito singular, predominando o cheio sobre o vazio ao longo das suas ruas sinuosas.
Depois das acções de conversação e restauro promovidas pelo IPPAR, verificamos uma coordenação entre pavimento,
construções originais e o próprio mobiliário urbano.

Palácio de Castelo Rodrigo


A construção do palácio de Cristóvão de Moura data do período filipino, o qual foi arrasado pela população após os eventos de
1640, dada a revolta contra o alcaide que tinha jurado fidelidade a Castela.

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Actualmente encontra-se em ruína mas o palácio quinhentista de feições maneiristas foi erguido no lugar da antiga alcáçova do
castelo e possui um importante portal gótico.
A intervenção de Rapagão e César Fernandes sobre as muralhas do palácio teve um carácter mínimo. Não se pretendia
reconstruir o palácio nem dotá-lo de um programa, mas promover uma visita pelas ruínas de forma segura. A meu ver esta
atitude possui algum tipo de afinidades às atitudes de John Ruskin e o valor da ruína, defendidas por ele no principio de século.
As ruínas assumem o seu papel de expectantes e a reconstrução do palácio é deixada para a imaginação do visitante.
As estruturas desenvolvidas para o recinto do palácio acabam por ser guardas, degraus, pavimentos para uma protecção das
ruínas e promovendo uma visita mais confortável para o próprio visitante.
A distinção entre novo e antigo entre acções de conservação e restauro entre elementos novos e antigos é imediata.
Como os princípios de Camillo Boito defendem, nesta intervenção explora-se a diferenciação entre novo e antigo e entre os
materiais e a sua constituição, de notar as diferenças entre o granito, a forma como o mesmo é aparelhado, as estruturas
metálicas de protecção, passagem, escadas.

Centro de Acolhimento
O centro de acolhimento situa-se no lado direito da entrada principal do palácio e
esconde-se, como se de mais uma parede em ruínas se trata-se.
É um corpo de pequenas dimensões com recepção, loja, WC, e uma pequena sala
de exposições.
A intervenção apresenta-se pela sua diferenciação de modernidade e rigor material
no que diz respeito aos vãos coberturas planas. Este corpo não se quer impor na sua
relação com a envolvente próxima, surge como composição de vários elementos
pousados: a cobertura solta em relação à fachada principal, vãos recuados, as
escadas são elementos robustos e com desenho rígido.

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06. Celorico da Beira


Museu do Agricultor e do Queijo, Iniciativa da Autarquia – Arquitecto Victor Gama.

Numa das principais entradas de Celorico, junto ao IP5, situa-se o Museu do Agricultor e do Queijo.
Criado por iniciativa da autarquia o museu promove os produtos e outras actividades locais.
O museu está dentro de um recinto relvado e possui três edifícios com funções distintas:
1º A casa, alvo de recuperação, recepção e exposição.
2º Loja de produtos artesanais.
3º Um recinto coberto destinado à exposição de alfaias e outros instrumentos agrícolas.

Na minha perspectiva museu possui três níveis correspondentes às três construções:


Em primeiro plano a casa, alvo de acções de recuperação possuí as características das habitações tradicionais e faz uso do
granito, das coberturas de quatro águas em material cerâmico, agora com elementos actuais como os vãos de folha única e em
alumínio.
O segundo nível e numa posição intermédia a loja, que funde a linguagem contemporânea de grandes panos de vidro com as
coberturas cerâmicas de uma só agua e um muro em granito, características da arquitectura local.
E por fim, em terceiro plano, como se trata-se de um pano de fundo entre a paisagem a loja e a casa, surge uma estrutura
metálica porticada que suporta uma cobertura de uma água, numa acepção moderna, conjugando novos materiais como a
madeira. Um corpo paralelipipédico com grandes panos de reboco pintado divide esta estrutura entre um exterior coberto e o
corpo em si mesmo pontuado com vãos de pequenas dimensões.
Quanto a mim esta intervenção revela-se interesante exactamente por estes três patamares distintos a nível programático como
a nível formal, bem como pela ideia de museu em si que procura divulgar e aumentar a economia local através dos seus
produtos alimentares pela sua etnografia.

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07. Linhares da Beira


7.1. Recinto do Castelo, IPPAR
Também inserida no circuito das aldeias históricas de Portugal, foi alvo de obras de recuperação e restauro , quer sobre o
castelo, quer sobre o seu casario.
No que diz respeito ao castelo medieval, as acções sobre ele efectuadas visaram a
recuperação da torre de menagem e a utilização da mesma como centro de
acolhimento, bem como o estabelecer de um percurso dentro do castelo, para que
a visita seja mais segura para o visitante dada a altura do maciço rochoso sobre o
qual assenta o castelo.
Pela entrada do castelo somos conduzidos por uma série de degraus em blocos
quadrados de cimento pré-fabricados assentes sobre uma estrutura metálica que
nos guiam pelo maciço rochoso. As guardas em aço inox servem de protecção sobre a escarpa, sem se imporem na estrutura
do castelo, elas são meros elementos de protecção.
Á torre de menagem coube a função de centro de acolhimento com loja; pequena zona de exposições e uma sala de
conferências. A sua estrutura é metálica e acaba por ser um elemento removível caso houvesse a necessidade de devolver esta
estrutura ao seu estado original e os pavimentos em madeira.
Toda a intervenção, quanto a mim, baseia-se nos princípios defendidos por Camillo Boito e pela Carta de Veneza, sobretudo no
que concerne ao respeito pela estrutura em que se intervém, na distinção material e de tempos de intervenção.

7.2. Pousada de Linhares, obra em fase de conclusão – Gabinete de


projectos da ENATUR

A criação de pousadas dentro de aldeias históricas tem sido uma prática comum ao
estado desde os anos 30 sob o pretexto de recuperar património arquitectónico relevante
sob um uso o mais adequado possível.
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Esta pousada em fase de conclusão compreende acções de recuperação, restauro e ampliações, de um solar e de algumas
habitações anexas.
Este solar encontra-se num dos extremos de Linhares e a sua fachada assume grande destaque face ao largo em que está
inserido, e posteriormente por um casario adjacente integrado na pousada.
Compreendem-se as zonas técnicas e compreendemos o compromisso entre hoje e ontem, em que o contraponto é feito entre
as paredes em pedra, os volumes e lajes em betão e os grandes envidraçados.

Desenvolvendo –se do lado direito da fachada do solar, temos uma grande parede em pedra que corresponde parte da área de
ampliação englobando a piscina, campo de jogos e jardim. Apesar de o muro servir de elemento barreira e fronteira para a
pousada, parece-me pelo que foi possível averiguar que o desenvolvimento intra-muros não terá sido tão exemplar como a
recuperação exterior do Solar. Aparecem-nos uma sucessão de palas e elementos estruturais, volumes em betão. Poderia ter
sido intenção por parte dos projectistas promover um contraste tão grande em relação à envolvente, mas penso que esta parte
da intervenção peca por uma falta de erudição no contacto entre tempos, histórias e valores de paisagem diferentes.

08. Marialva
8.1. Casas do Coro – Turismo
no Espaço Rural

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Este complexo de turismo de habitação situa-se junto às muralhas do Castelo da Aldeia de Marialva.
São um conjunto de diversas construções populares que foram recuperadas e adaptadas para o efeito dispondo de: 5 quartos,
uma suite, 5 casas independentes de um a cinco quartos como sala e kitchnet; sala de reuniões; sala de refeições; loja; piscina;
jardim; sauna e terraços panorâmicos. Além de ser um complexo turístico promove acções de interesse cultural que passam
pelo desporto, festas, gastronomia, provas de vinhos e etc.

A recuperação efectuada neste complexo turístico revela-se muito profícua pelos seguintes motivos: promove o crescimento da
economia local; promove o dinamismo e afluxo de visitantes e promove a cultura local e regional.
De um ponto de vista arquitectónico, contribui com qualidade para o conjunto que é a aldeia histórica de Marialva. As habitações
mantém o seu carácter rural sem renunciar ao conforto da actualidade.

Exteriormente o cuidado tido com a intervenção começa no aceitar os materiais locais e introduzir-lhe elementos
contemporâneos. As coberturas mantém-se em cerâmica com beirado pronunciado, sem caleira; os vãos de pano único
introduzem o elemento cor nas paredes, a madeira é usada cirurgicamente para colmatar vãos e outros elementos. As novas
ampliações, embora em pedra, assumem a sua contemporaneidade com o uso da cobertura plana. Guardas, portões e escadas
entre pátios são em estruturas metálicas, são como suturas funcionais que se sobrepõem à construção em pedra sem renunciar
ao desenho e à modernidade.

8.2. Centro de Acolhimento, castelo de Marialva - IPPAR – Arquitecto José Amaral


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O castelo Medieval de Marialva encontra-se em ruínas, e em breve terão


inicio as obras de recuperação do seu interior bem como a implantação de
um museu no seu interior, cujas obras são dirigidas pelo IPPAR de Castelo
Branco.
O centro de acolhimento encontra-se situado junto às muralhas do castelo
paralelamente à entrada do mesmo, sendo que a entrada principal do centro
de acolhimento se faz pela cota inferior à cota de entrada no castelo.
O programa deste centro compreende recepção, loja, instalações sanitárias, arrumos, zona de exposições e gabinete
administrativo.
Situa-se sobre as ruínas de uma antiga habitação . A proposta do Arquitecto
José Amaral prima por distinguir-se face ao contexto da aldeia com as suas
casas em pedra. Dai que esta atitude tenha sido alvo de contestações por
parte de habitantes locais segundo os quais por um lado não prima pela
manutenção das características da arquitectura local e por outro porque o
IPPAR tem condicionado o uso de panos de reboco e outras soluções
construtivas contemporâneas sobre obras particulares.
À parte destas polémicas, o edifício cria um bom compromisso, por um lado, prima pela distinção face ao local o que torna-o
facilmente identificável, e por outro pela conjugação de materiais.
É essa distinção material que trás o edifício para o seu tempo, como já defendia Camillo Boito tornando-se, a meu ver, muito
eficaz.

09.Sortelha

Aldeia dentro das muralhas do Castelo

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Sortelha é mais uma das dez aldeias históricas de Portugal. De notar a


peculiar localização sobre um grande maciço rochoso de altura considerável.
As habitações apresentam as características tipológicas apresentadas no
Inquérito à Arquitectura Popular Portuguesa, que define as habitações desta
zona como habitações cujo emprego da pedra é latente – ganito ou xisto
travado por cunhais; as casas são de planta rectangular, sem grande
regularidade, dominando sobretudo as de dois pisos, primeiro para animais e
segundo para alfaias (hoje já não é tão frequente este tipo de uso), com
escadas exteriores em pedra e varandas alpendradas; telhados em telha solta
canudo.
O estado de conservação de Sortelha é exemplar, sendo que se mantém as características acima descritas, verificando-se a
similitude entre as habitações do Norte com a variação do material em consequência da qualidade geológica dos solos (xisto),
que cria algumas diferenças ao longo do país, como havia descrito também Orlando Ribeiro nos seus três volumes da geografia
de Portugal, os quais confirmam que o território português apresenta distintas qualidades de norte a sul, quer morfológicas,
climatéricas e etnográficas que criaram profundas diferenças desde a ocupação dos solos à tipologia e matéria das habitações.

10. Trancoso

10.1. Pavilhão Multiusos - Iniciativa da Autarquia – Arquitecto Gonçalo Byrne – 1998/2004

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Trancoso era até à pouco tempo mais uma vila de


origem medieval e que possui um núcleo histórico de
grande importância. No entanto, foi recentemente
elevada a cidade. Como qualquer cidade os
equipamentos públicos são necessários para o
desenvolvimento da mesma, tanto a nível social como
económico e sobretudo cultural.
Dadas as limitações físicas da cidade, cintada pelas
suas muralhas, é natural que o crescimento da cidade
seja externo às muralhas bem como a opção de
construir estes equipamentos.
Este multiusos encontra-se situado a cerca de 100
metros da muralha medieval de Trancoso, num eixo
perpendicular a esta e medeia entre um arruamento e
o espaço da tradicional feira semanal. O edifício
compreende dois corpos: um longitudinal e esguio que
serve de barreira entre a entrada principal do
multiusos e a zona de feira, que vence um desnível de
cotas entre eles, ao qual correspondem as instalações sanitárias públicas e a zona de bilheteira; o segundo é o recinto do
multiusos propriamente dito que assume a sua volumetria e cuja entrada se faz ainda a uma cota mais inferior, por intermédio de
uma grande escadaria.

Quanto a mim esta intervenção tem um carácter de erudição e alguns pontos a seu favor: em termos funcionais – o programa
através do corpo longitudinal serve também de apoio à feira; a riqueza da implantação do edifício que por sucessivos desníveis
de cotas distingue zona de feira, zona de bilheteira, zona de entrada para o multiusos; esta sucessão de desníveis faz com que
o corpo principal anule em parte a sua altimetria em algumas frentes de rua e consequentemente o impacto sobre as
construções envolventes; o contraste entre pequeno e grande, massa e estrutura, cheio e vazio que acontece entre os dois
corpos o longitudinal e o corpo multiusos respectivamente.
As opções materiais vão de encontro com os materiais locais com características modernas quer na aplicação a pedra quer no
uso de grandes vãos envidraçados, em contraste com as construções envolventes onde o cheio predomina sobre o vazio, entre
a muralha e a sua patine do tempo.

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10.2. Cinema municipal, Auditório –Iniciativa da Autarquia - Arquitecto Gonçalo Byrne – 2002/04

Poucos metros mais à frente do multiusos, já distanciados das muralhas da cidade, situa-se o cinema e auditório municipal junto
à Igreja do Convento dos Franciscanos de feições barrocas e paralelamente a um centro cultural ainda em fase de conclusão.
O Auditório e o Centro Cultural, perpendiculares ao eixo de entrada da igreja , definem no seu paralelismo um corredor pedonal
central, com rampas e uma escadaria.
Mais próximo da igreja, o acesso a faz-se pela cota de entrada da Igreja por intermédio de um corpo de vidro “miesiano” e
depois desce-se para aceder a sala do auditório, que se encontra encerrada num corpo revestido de pedra granítica lateral e
superiormente.

Este edifício prima por um rigor geométrico e, por outro lado, compreende a
sua localização e a sua envolvente, assume a sua contemporaneidade numa
linguagem despojada e sem decorações ou elementos que intrefiram com a
sua leitura ou com a compreensão da Igreja, reduz o seu protagonismo ao

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assumir dois volumes distintos em que um prima pela transparência e outro pela massa, mas que ao mesmo tempo funde-se
com o terreno como se de muros de suporte se trata-se, criando um plateau.

10.3. Centro Cultural – Iniciativa da Autarquia – Gabinete de Arquitectura Marginal (Lisboa) – ainda
em conclusão.

Paralelo ao Auditório, o Centro Cultural é um projecto de iniciativa da Câmara de Trancoso que foi projectado já há alguns anos
e que depois de ter entrando em obras ficou algum tempo parado por problemas relativamente à empresa de construção à qual
foi adjudicada a obra, encontrando-se ainda em fase de conclusão.
A entrada principal é feita pelo corredor que medeia entre ele e o Auditório, e fecha-se á rua por intermédio de um embasamento
em granito. Este embasamento suporta uma cobertura em arco de elipse colmatada lateralmente por panos de reboco pintado e,
num dos seu topos, por um grande envidraçado apresentando um desenho moderno de feições “futuristas”.
Possui uma implantação coerente com a sua envolvente, ao estar a uma cota inferior da igreja e agora colmatado com o
auditório, o edifício tira mais partido de elementos que me parecem pertinentes, sendo claro a dualidade entre aberto (corredor
central) e fechado (rua), o edifício tira mais partido do corredor central entre ele e o auditório; a utilização dos materiais locais
(granito) e de opções construtivas contemporâneas surgem como elementos que contribuem para compreender a modernidade
do edifício, mais do que a forma da sua cobertura.

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11.Estruturas de sinalização/ informação - mobiliário urbano

No decorrer destas visitas de estudo constatei que, além da recuperação do próprio edificado e do espaço público há uma
preocupação constante na valorização dos mesmos, quer pela utilização de mobiliário urbano quer pelo uso de estruturas de
sinalização, orientação e informação. Estas estruturas ou redes, situadas ao longo do espaço público contribuem para uma
orientação do visitante e para um sedimentar de conhecimentos relativamente ao local onde se inserem.

No caso das aldeias históricas estas estruturas apresentam uma uniformidade em termos formais e construtivos, sendo que a
informação reporta-se à realidade em questão através do uso de plantas esquemáticas e informativas dos locais mais
significativos de cada aldeia complementada com informações acerca da história dos mesmos.
Em relação ao Parque Arqueológico do Vale do Côa, surgiam, ao longo das vias várias estruturas de sinalização e orientação
sobre os centros de recepção, mantendo também esse carácter de uniformidade entre todos, tornando-se bastante claros e
objectivos.

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Do mesmo modo as estruturas de iluminação assumem um importante papel na valorização plástica e visual do espaço público,
das muralhas, etc.. Estes dois casos Sortelha e Castelo Rodrigo são em meu ver muito interessantes, apesar da modernidade
destes elementos acabam por se fundir no seu contexto tornando-se quase imperceptíveis, e no entanto cumprem a sua função.

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