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[1] O documento discute a importância da qualidade da água destinada ao consumo humano e os cuidados sanitários necessários.
[2] Ingerir água contaminada sem tratamento prévio pode aumentar internações hospitalares, pois a água pode transmitir doenças infecciosas e parasitárias.
[3] É necessário tratar a água para torná-la potável, livre de germes e substâncias químicas, e instalar estações de tratamento de esgoto para proteger a saúde pública de acordo com os padrões
Originalbeschreibung:
Originaltitel
A Qualidade Da Água Para o Consumo Humano - Uma Discussão Necessária
[1] O documento discute a importância da qualidade da água destinada ao consumo humano e os cuidados sanitários necessários.
[2] Ingerir água contaminada sem tratamento prévio pode aumentar internações hospitalares, pois a água pode transmitir doenças infecciosas e parasitárias.
[3] É necessário tratar a água para torná-la potável, livre de germes e substâncias químicas, e instalar estações de tratamento de esgoto para proteger a saúde pública de acordo com os padrões
[1] O documento discute a importância da qualidade da água destinada ao consumo humano e os cuidados sanitários necessários.
[2] Ingerir água contaminada sem tratamento prévio pode aumentar internações hospitalares, pois a água pode transmitir doenças infecciosas e parasitárias.
[3] É necessário tratar a água para torná-la potável, livre de germes e substâncias químicas, e instalar estações de tratamento de esgoto para proteger a saúde pública de acordo com os padrões
Editora do GVAA - Grupo Verde de Agroecologia e Abelhas - Pombal - PB www.gvaa.org.br
Revista RBGA: http:// www.gvaa.org.br /revista/ index. php/RBGA
Autores
J os Ozildo dos Santos 1*
Roslia Maria de Sousa Santos 2
Marcos Antnio Durvirgens Gomes 3
Rafael Chateaubriand de Miranda 4
Iluskhanney G. de Medeiros Nbrega 5
_______________________ *Autor para correspondncia Recebido para publicao em 10/01/2013. Aprovado em 12/03/2013.
1 Mestrando de Sistemas Agroindustriais pela UFCG. E-mail ozildoroseliasolucoes@hotmail.com
2 Aluna especial do Curso de Mestrado em Sistemas Agroindustriais (UFCG). E-mail roseliasousasantos@hotmail.com
3 Aluno do Curso de Gesto Pblica (UNINTER). Email marcosemas2012@hotmail.com
4 Aluno Especial do Curso de Mestrado em Sistemas Agroindustriais (UFCG). Email: rafamiranda290885@gmail.com
5 Aluna do Curso de Especializao em Gesto Ambiental e Desenvolvimento Sustentvel (UNINTER). Email: yluska.gmn@gmail.com
REVISTA BRASILEIRA DE GESTO AMBIENTAL GVAA - GRUPO VERDE DE AGROECOLOGIA E ABELHAS - POMBAL - PB Reviso de Literatura
A qualidade da gua para o consumo humano: Uma discusso necessria RESUMO Trata-se um estudo no qual se adotou como procedimento metodolgico a pesquisa bibliogrfica com o objetivo de mostrar a importncia dos cuidados sanitrios que se deve ter com a qualidade da gua destinada ao consumo humano. A anlise do material bibliogrfico selecionado para fundamentar o presente artigo de reviso possibilitou constatar que a gua pode constitui-se num veculo de transmisso de determinadas doenas infecciosas e parasitrias, o que torna primordial a avaliao de sua qualidade microbiolgica. Para tanto, necessrio tomar-se algumas medidas profilticas que visem proteger a sade da populao, principalmente, no que diz respeito instalao de estao de tratamento de esgotos antes de sua eliminao e a utilizao de mtodos que proporcionem gua potvel, ou seja, gua livre de germes causadores de doenas e substncias qumicas industriais. Toda gua destinada ao ser humano, deve est de acordo com os padres estabelecidos pela vigilncia sanitria ambiental, visando preservao de sua qualidade, que vulnervel s condies ambientais a qual est exposta. No entanto, na maioria das vezes, essa gua necessita um tratamento para torn-la potvel. O melhor mtodo de assegurar gua adequada para consumo humano consiste em formas de proteo, evitando-se contaminaes de dejetos animais e humanos, os quais podem conter grande variedade de bactrias, vrus, protozorios e helmintos. Dessa forma, a determinao de coliformes assume importncia como parmetro indicador de contaminao visto que indica a possibilidade da existncia de microrganismos patognicos. No caso especfico do Brasil, os cuidados com a gua que oferecida ao pblico, desde a dcada de 1970 vendo sendo disciplinados pelo Ministrio da Sade, atravs do Programa Nacional de Vigilncia em Sade Ambiental, estabelecido em 1999.
Palavras-chave: gua. Consumo Humano. Qualidade e controle.
The quality of water for human consumption: A discussion needed ABSTRACT This is a study in which it was adopted as a methodological approach to literature in order to show the importance of health care that must be given to the quality of water intended for human consumption. The analysis of the selected literature to substantiate this review article analyzes showed that the water is could be a vehicle for the transmission of certain infectious and parasitic diseases, which makes the primary assessment of microbiological quality. Therefore, it is necessary to take up some preventive measures aimed at protecting the health of the population, especially with regard to the installation of sewage treatment plant prior to disposal and the use of methods that provide drinking water, water free from disease-causing germs and industrial chemicals. All water intended for human being, must conforms to the standards set by J os Ozildo dos Santos et al Revista Brasileira de Gesto Ambiental - RBGA, Pombal - PB, v. 7, n. 2, p. 19-26, abr./jun. 2013 environmental health surveillance, in order to preserve their quality, which is vulnerable to environmental conditions to which it is exposed. However, in most cases, this water requires treatment to make it drinkable. The best method of ensuring adequate water for human consumption consists of forms of protection, avoiding contamination from human and animal waste, which can contain a great variety of bacteria, viruses, protozoa and helminths. Thus, the determination of fecal indicator parameter assumes importance as contamination seen that indicates the possible existence of pathogenic microorganisms. In the specific case of Brazil, the water care that is offered to the public since the 1970s seeing being disciplined by the Ministry of Health, through the National Environmental Health Surveillance, established in 1999.
Keywords: Water. Human Consumption. And quality control.
INTRODUO
Por um longo perodo, a problemtica da gua esteve apenas relacionada escassez desse insumo em reas ridas e semiridas do globo. Na atualidade, esse problema j se encontra presente em todas as regies do mundo, fazendo com os rgos pblicos e as organizaes no governamentais, estimulem e ao mesmo tempo, orientem a populao para o uso racional da gua, que consiste em mtodos e prticas de reduo de consumo e conscientizao contra o desperdcio. No entanto, outra questo tambm muito atual, diz respeito qualidade de gua destinada ao consumo humano. Pois, a ingesto de gua contaminada sem tratamento prvio tem aumentado o nmero de internaes hospitalares. Essa contaminao pode-se dar contaminadas por agentes biolgicos (vrus, bactrias e parasitas), bem como por riscos derivados de poluentes qumicos. Na opinio de Antunes e Freo (2008), dispor de uma gua de qualidade condio indispensvel para a manuteno da vida, visto que a qualidade da gua consumida influencia diretamente na sade das pessoas. Por outro lado, argumentam S et al. (2005), que o papel da gua como veculo de transmisso de determinadas doenas infecciosas e parasitrias um fato que merece uma ateno especial. Pois, a gua de consumo humano um dos importantes veculos de enfermidades diarreicas de natureza infecciosa, o que torna primordial a avaliao de sua qualidade microbiolgica. Esses agentes patognicos causam infeces do trato intestinal, tais como febre tifoide, disenteria bacilar, amebase e o clera (BRASIL, 2005). Tais patologias so encontradas em maior prevalncia de agravos sade, entre aquelas populaes pobres e que vivem em locais de precria infraestrutura. Amaral et al. (2003), afirmam que a gua destinada ao consumo humano um dos importantes veculos de enfermidades diarreicas de natureza infecciosa, o que torna primordial a avaliao de sua qualidade microbiolgica. Assim sendo, faz-se necessrio tomar-se algumas medidas profilticas que visem proteger a sade da populao, principalmente, no que diz respeito instalao de estao de tratamento de esgotos antes de sua eliminao e a utilizao de mtodos que proporcionem gua potvel, ou seja, gua livre de germes causadores de doenas e substncias qumicas industriais.
Por gua potvel pode ser entendida a gua para consumo humano cujos parmetros microbiolgicos, fsicos, qumicos e radioativos atendam ao padro de potabilidade e que no oferea riscos sade (BRASIL, 2004, p. 9). essa gua livre de qualquer contaminao que deve ser utilizada no consumo humano. Na no observao desse padro pode trazer srios problemas de sade para a populao em geral, pois a gua contaminada fonte de vrias doenas, a exemplo do clera, da febre tifoide, da leptospirose e da giardase. Com o presente artigo, atravs de uma reviso bibliogrfica, espera-se mostrar a importncia dos cuidados sanitrios que se deve ter com a qualidade da gua destinada ao consumo humano.
REVISO DE LITERATURA A qualidade da gua para o consumo humano
Na atualidade, o abastecimento de gua em termos de quantidade e qualidade, constitui numa grande preocupao para a humanidade, principalmente, pela escassez desse recurso e pela deteriorao das guas dos mananciais. Nesse sentido, Freitas et al. (2002, p. 62) acrescentam que:
[...] a garantia da qualidade da gua de abastecimento pblico tem despertado o interesse dos mais diversos setores, motivando-os a elaborarem modelos de uso e gesto capazes de compatibilizar as demandas crescentes com a relativa escassez do produto na qualidade desejada.
As necessidades relativas gua potvel determinaram a elaborao de padres para sua classificao, bem como, de mtodos de tratamento, visando eliminar as impurezas e todos e quaisquer agentes que possam causar alguma alterao na sade humana. Abordando o padro fsico-qumico da gua que deve ser destinada ao abastecimento pblico, Freitas et al. (2002, p. 62) destacam que:
A gua essencial para a existncia e bem-estar do ser humano, devendo ser disponvel em quantidade suficiente e boa qualidade como garantia da manuteno da vida. Alm de ser ingerida pelo ser humano em quantidade superior a todos os outros alimentos, ela imprescindvel 10 J os Ozildo dos Santos et al Revista Brasileira de Gesto Ambiental - RBGA, Pombal - PB, v. 7, n. 2, p. 19-26, abr./jun. 2013 para a sua higiene. Para tanto, necessrio que atenda ao padro de potabilidade, que so as quantidades limites que, com relao aos diversos elementos, podem ser toleradas nas guas de abastecimento, quantidades definidas geralmente por decretos, regulamentos ou especificaes. Toda gua destinada ao ser humano, deve est de acordo com os padres estabelecidos pela vigilncia sanitria ambiental, visando preservao de sua qualidade, que vulnervel s condies ambientais a qual est exposta. No entanto, na maioria das vezes, essa gua necessita um tratamento para torn-la potvel. Informa Brasil (2005, p. 20), que a importncia da gua destinada para consumo humano como veiculo de transmisso de enfermidades tem sido largamente difundido e reconhecido. Macedo (2001), esclarece que a gua pode servir de veculo para transmisso de vrios agentes infecciosos e parasitrio. E, que a contaminao pode acontecer em diferentes momentos de sua distribuio, comprometendo alimentos e objetos que mantm contato com a boca e outras mucosas. Argumenta Foster (1993), que as principais ameaas de contaminao dos mananciais superficiais e subterrneos, so: a) o desenvolvimento industrial; b) o crescimento demogrfico; c) a modernizao da agricultura; d) a expanso urbana. O desenvolvimento econmico tem contribudo para agravar o problema da qualidade da gua, principalmente porque no se leva em considerao os cuidados que se deve ter com o meio ambiente. Por essas razes, a qualidade da gua tem sido comprometida desde o manancial, pelo lanamento de efluentes e resduos, geralmente ligados produo agrcola. Abordando o crescimento demogrfico como causa da contaminao e degradao dos ecossistemas aquticos superficiais e subterrneos, S et al. (2005), destacam a progressiva e desordenada urbanizao das cidades, que resulta na ocupao de reas inadequadas para moradia, sem infraestrutura mnima e saneamento bsico necessrios. E, acrescentam que esses problemas contribuem de diversas formas para a degradao da qualidade dos recursos hdricos disponveis, visto que aumentam o ndice de doenas provocadas pelos baixos ndices de salubridade, agravando, ainda mais, a degradao ambiental em geral. Amaral et al. (2003), registram que a gua de escoamento superficial, durante o perodo de chuva, o fator que mais contribui para a mudana da qualidade microbiolgica da gua. Nas reas de grande densidade demogrficas comum a ausncia ou a precria proteo dos recursos hdricos. Nessas reas, as excretas humanas e/ou de animais, no possuem um destino apropriado, ficando geralmente expostas e depositadas nas margens dos cursos dgua ou em terrenos baldios, introduzindo, assim, no meio ambiente, uma srie de organismos patognicos (vrus, bactrias, protozorios ou helmintos de origem intestinal), que tornam a gua um veculo de transmisso de doenas. A contaminao da gua
A gua primordial vida. No entanto, observam Paro e Panza (2008), que essencial conhecer aspectos sob os quais ela pode trazer alguma nocividade, representando risco para a vida do ser humano. Isto porque ela pode servir como vetor de doenas ao homem. De acordo com Bettega et al. (2006), as principais fontes de contaminao dos recursos hdricos so: a) esgotos de cidades sem tratamento que so lanados em rios e lagos; b) aterros sanitrios que afetam os lenis freticos; c) os defensivos agrcolas que escoam com a chuva sendo arrastados para os rios e lagos; d) os garimpos que lanam produtos qumicos, como o mercrio, em rios e crregos e as indstrias que utilizam os rios como carreadores de seus resduos txicos. Os ecossistemas aquticos superficiais so contaminados principalmente pelos poluentes carreados pelo deflvio superficial, podendo ser depositados diretamente nas fontes de gua para consumo, na forma solvel ou particulada (AMARAL et al., 2003). Por outro lado, analisando as caractersticas de um manancial, percebe-se que a gua est poluda quando suas caractersticas fsicas, qumicas e/ou biolgicas se encontram alteradas pela ao antrpicas, de tal modo que sua utilizao fica inviabilizada. Segundo Antunes e Freo (2008), dados divulgados pela Organizao Mundial de Sade (OMS), revelam que centenas de milhares de pessoas no mundo sofrem de doenas transmitidas por alimentos (DTAs) ou pelo consumo de gua contaminada. A contaminao de guas doces ou marinhas por lanamentos de guas de esgoto no somente traz prejuzo ao ambiente aqutico. Ela tambm traz prejuzo sade humana, pois tem contribudo para a ocorrncia de epidemias de diarreia e hepatite A, na populao de diversos pases. Informa Grassi (2001, p. 34) que:
As primeiras evidncias da relao entre doenas e o consumo de gua poluda foram estabelecidas na metade do sculo passado em Londres, na Inglaterra, atravs da ocorrncia de uma epidemia de clera. Sabe-se hoje que a gua um dos principais vetores na transmisso de doenas.
Aps a confirmao de que existia uma relao entre as doenas e a qualidade da gua consumida, a cincia mdica passou a estudar mais os parasitas e a entender melhor o ciclo de desenvolvimento de alguns organismos, principalmente aqueles que esto associados a doenas como a desinteria e o clera. De acordo com Grassi (2001, p. 34), a poluio das guas principalmente fruto de um conjunto de atividades humanas. E os poluentes alcanam guas superficiais e subterrneas de formas bastante diversas. No entanto, as atividades humanas que poluem as guas so vrias. Assim, para efeito de legislao, ainda
A qualidade da gua para o consumo humano: Uma discusso necessria Revista Brasileira de Gesto Ambiental - RBGA, Pombal - PB, v. 7, n. 2 p. 09 - 16, abr. jun. 2013 segundo Grassi (2001), as fontes poluidoras so classificadas da seguinte forma: a) Fontes pontuais: compreendem a descarga de efluentes a partir de indstrias e estaes de tratamento de esgoto, dentre outras; b) Fontes difusas: incluem o escoamento superficial urbano, escoamento superficial de reas agrcolas, deposio atmosfrica (seca e mida). Uma caracterstica das fontes pontuais a sua fcil identificao, o que tambm facilita seu monitoramento e regulao. A segunda caracterstica apresentadas por esse tipo de fonte poluente a facilidade de se determinar a composio dos resduos, e, desta forma, determinar os impactos que podem causar ao meio ambiente. Por outro lado, as fontes difusas apresentam caractersticas bastante diferenciadas: se espalham por inmeros locais e so difceis de serem determinadas. No caso especfico das fontes pontuais, a melhor opo para a reduo dos contaminantes tem sido o tratamento dos resduos. Pois, tratando os resduos, reduz-se a contaminao tanto nas fontes pontuais quanto difusas. Grassi (2001), afirma que no controle da poluio aqutica pode ser aplicadas as seguintes estratgias: a) reduo da contaminao na fonte; b) tratamento dos resduos de forma a remover os contaminantes ou ainda de convert-los a uma forma menos nociva. importante destacar que a falta de proteo adequada do local de coleta leva degradao da qualidade da gua. Assim, em reservatrios que no recebem tratamentos prvios comum se registrar a presena de coliformes totais, coliformes fecais e pseudmonas, que causam srios riscos sade humana. Observa Bettega (2006, p. 951), que:
A avaliao da presena de organismos patognicos na gua determinada pela presena ou ausncia de um organismo indicador e sua respectiva populao. O isolamento e identificao de cada tipo de microrganismo exige uma metodologia diferente e a ausncia ou presena de um patgeno no exclui a presena de outros.
Desta forma, a contaminao da gua indica que um ou mais de seus usos foram prejudicados, podendo atingir o homem de forma direta. Pois, ela usada por este para ser bebida, para tomar banho, para lavar roupas e utenslios e, principalmente, para sua alimentao e dos animais domsticos. Por outro lado, informam DAguila et al. (2000), que a contaminao biolgica um parmetro que requer uma anlise laboratorial mais apurada a fim de demonstrar a viabilidade da gua para o consumo. Nesse tipo de contaminao, a cor, que pode ser um parmetro prtico na aceitao da gua para o consumo, no revela as condies reais de potabilidade da gua. Abordando a contaminao dos mananciais subterrneos, informam Silva e Arajo (2005) que os mesmos podem ser contaminados por: a) microorganismos patognicos, b) substncias e compostos qumicos provenientes, principalmente, de despejos domsticos e industriais; c) disposio inadequada do lixo. Existe uma grande variedade de produtos qumicos que podem contaminar a gua, destacando-se entre estes os agrotxicos, que so utilizados na produo, armazenamento e beneficiamento na agricultura. Afirmam Fernandes Neto e Sarcinelli (2000, p. 69), que a maioria dos contaminantes qumicos presentes em guas subterrneas e superficiais est relacionada s fontes industriais e agrcolas. A presena de agrotxicos em mananciais dificulta o tratamento da gua destinada ao consumo humano, uma vez que para tanto necessrio recursos tecnolgicos mais complexos do que aqueles normalmente empregados na potabilizao (FERNANDES NETO; SARCINELLI, 2000). Freitas; Brilhante; Almeida (2001), ressaltam que as mudanas que ocorrem na gua, de sua central de distribuio at chegar s residncias, podem ser causadas por: a) qualidade qumica e biolgica da fonte hdrica; b) eficcia do processo de tratamento, reservatrio (armazenagem) e sistema de distribuio; c) idade, tipo, projeto e manuteno da rede; d) qualidade da gua tratada. Para o consumo humano, a gua deve apresentar aspecto limpo, pureza de gosto e estar isenta de microorganismos patognicos. Essas condies so obtidas atravs do seu tratamento, desde a retirada dos rios at a chegada nas residncias urbanas ou rurais. Observa Brasil (2005), que a qualidade da gua decai no sistema de distribuio pelos seguintes fatores: a) pela intermitncia do servio; b) pela baixa cobertura da populao com sistema pblico de esgotamento sanitrio; c) pela obsolescncia da rede de distribuio; d) manuteno deficiente, dentre outros. importante destacar que a contaminao da gua somente no ocorre nos mananciais e nos sistemas de abastecimento. Ela tambm ocorre nos domiclios, onde se eleva, principalmente, pela precariedade das instalaes hidrulico-sanitrias, pela falta de manuteno dos reservatrios e pelo manuseio inadequado da gua (BRASIL, 2005, p. 21).
Padres de potabilidade da gua para consumo humano
Quando os mananciais de superfcie tm a finalidade de abastecimento pblico e passam a fazer parte de um sistema de captao, devem-se examinar cuidadosamente todos os elementos que digam respeito s condies mnimas de qualidade dessa gua. DAguila et al. (2000), informam que o melhor mtodo de assegurar gua adequada para consumo humano consiste em formas de proteo, evitando-se contaminaes de dejetos animais e humanos, os quais podem conter grande variedade de bactrias, vrus, protozorios e helmintos. Dessa forma, a determinao de J os Ozildo dos Santos et al Revista Brasileira de Gesto Ambiental - RBGA, Pombal - PB, v. 7, n. 2, p. 19-26, abr./jun. 2013 coliformes assume importncia como parmetro indicador de contaminao visto que indica a possibilidade da existncia de microrganismos patognicos. No caso especfico do Brasil, os cuidados com a gua que oferecida ao pblico, desde a dcada de 1970 vendo sendo disciplinados pelo Ministrio da Sade, atravs de portarias e outros atos normativos. Nesse contexto, em 1999, o governo federal instituiu o Programa Nacional de Vigilncia em Sade Ambiental, estabelecendo os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilncia da qualidade da gua para consumo humano (BRASIL, 2004). Informam Freitas et al. (2002), que as aes do referido programa foram estabelecidas pela Portaria MS/GM n 1.469, de 29 de dezembro de 2000. E, que atravs dessa portaria foram estabelecidas medidas tcnicas e governamentais visando otimizao do processo de controle de qualidade da gua, ressaltando como prioritrias as determinaes de cor, turbidez, cloro residual, pH e fluoretos. importante destacar que atualmente encontra-se em vigor a Portaria MS/GM n 518, de 25 de maro de 2004. Traando as bases do Programa Nacional de Vigilncia em Sade Ambiental relacionadas qualidade da gua para consumo humano, a Secretaria de Vigilncia em Sade, rgo vinculado ao Ministrio da Sade (BRASIL, 2005, 14-15), afirma que:
A vigilncia da qualidade da gua para consumo humano deve ser uma atividade rotineira, preventiva, de ao sobre os sistemas pblicos e solues alternativas de abastecimento de gua, a fim de garantir o conhecimento da situao da gua para consumo humano, resultando na reduo das possibilidades de enfermidades transmitidas pela gua.
A observncia completa desses princpios de fundamental importncia porque a qualidade da gua para consumo humano deve ser garantida para que haja uma melhor qualidade de vida na populao. Para se conseguir esse objetivo so necessrias aes centradas nos conceitos de vigilncia e controle da qualidade da gua para consumo humano, visando preveno e ao controle de doenas e agravos transmitidos pela gua. Abreu et al. (2000, p. 258), destacam que necessrio assegurar-se a qualidade da gua e, para tal, padres ambientais devem ser impostos e sua fixao constitui um elemento de poltica de preveno que visa diminuir os riscos sanitrios ligados gua. De acordo com Brasil (2004), a gua para ser considerada potvel deve estar em conformidade com os seguintes padres, estabelecidos pela PT/MS/GM n 518/2004: a) Padro microbiolgico de potabilidade da gua para consumo humano b) Padro de turbidez para gua ps-filtrao ou pr-desinfeco; c) Padro de potabilidade para substncias qumicas que representam risco sade; d) Padro de radioatividade para gua potvel; e) de aceitao para consumo humano Saber controlar a qualidade das guas destinadas ao consumo humano alvo que preocupa as autoridades sanitrias em todo o mundo. O controle da qualidade da gua para consumo humano, de acordo com Brasil (2004, p. 10), pode ser definido como:
[...] o conjunto de atividades, exercidas de forma contnua pelo(s) responsvel(is) pela operao de sistema ou soluo alternativa de abastecimento de gua, destinadas a verificar se a gua fornecida populao potvel, assegurando a manuteno desta condio.
Dessa forma a vigilncia da qualidade da gua para consumo humano, refere-se a um conjunto de aes adotadas continuamente pela autoridade de sade pblica, a quem cabe verificar se a gua consumida pela populao atende as disposies contidas no anexo da Portaria MS/GM n 518/2004. Para se adequar aos padres de qualidade da gua para consumo humano, estabelecidos pela mencionada portaria, as autoridades sanitrias vm enfrentando vrios problemas. E, de acordo com Abreu et al. (2000), pode-se relacionar os seguintes: a) a grande dimenso territorial; b) a precariedade da rede viria; c) a carncia de laboratrios necessrios ao monitoramento da qualidade da gua; d) a m qualidade da gua dos mananciais; e) os problemas tcnicos e operacionais dos sistemas; f) as redes de distribuio antigas; g) a carncia de recursos humanos capacitados e treinados. A potabilidade da gua pode ser alcanada por intervenes ou tratamentos, os quais ficam a encargo de empresas estatais ou privadas, denominadas de companhias de saneamento (FELSKI; ANAISSI; QUINIA, 2008). Esses rgos tm como misso levar gua at as torneiras dos consumidores dentro dos padres de potabilidade estabelecidos internacionalmente e so responsveis tambm pelo monitoramento da gua. Atravs do monitoramento contnuo da qualidade da gua, possvel se obter um produto dentro das normas de qualidade da gua para consumo humano. E nisso se resume a finalidade dos sistemas de abastecimento/distribuio de gua.
O tratamento da gua destinada ao consumo humano
Como a gua fator determinante para a sade do ser humano, ela, quando destinada ao consumo precisa ser avaliada sob vrios parmetros, determinados pelos rgos de sade pblica. No caso do Brasil, esses parmetros esto estabelecidos no anexo da Portaria MS/GM n 518/2004 (BRASIL, 2004). Assim, captada nos mananciais, a gua tratada e posteriormente enviada para o consumo nas aglomeraes humanas. No entanto, antes de chegar ao reservatrio
A qualidade da gua para o consumo humano: Uma discusso necessria Revista Brasileira de Gesto Ambiental - RBGA, Pombal - PB, v. 7, n. 2 p. 09 - 16, abr. jun. 2013 domiciliar, a gua passa por uma srie de etapas de tratamento, visando adapt-la para uso domstico Abordando o padro fsico-qumico da gua destinada ao abastecimento pblico, Freitas et al. (2002) esclarecem que o tratamento convencional inclui as seguintes etapas: a) coagulao: adio de sulfato de alumnio que reage com a alcalinidade natural da gua, formando hidrxido de alumnio; b) floculao: processo que transforma as impurezas em partculas mais densas que a gua, os flocos; c) decantao: separao de partculas slidas suspensas na gua que tendem a se depositar; d) filtrao: reteno dos flocos em suspenso e demais materiais que no decantaram atravs da passagem por substncias porosas como areia e carvo; e) desinfeco: remoo de microrganismos presentes na gua atravs da adio de cloro ou hipoclorito de clcio; f) fluoretao: a fim de prevenir crie dentria infantil, adiciona-se flor na gua. O tratamento da gua destinada ao consumo humano comea pelos ensaios de turgidez, cor e pH. Removidas a cor e a turgidez, pelas operaes de floculao, decantao e filtrao, faz-se uma clorao. As etapas de sedimentao, coagulao e filtrao, por sua vez, removem parte dos organismos patognicos e outros presentes na gua. Felski; Anaissi e Quinia (2008), informam que os processos especficos de desinfeco podem ser classificados como: a) tratamento fsico: aplicao de calor, irradiao, luz ultravioleta e outros agentes fsicos; b) ons metlicos: cobre e prata; compostos alcalinos; c) compostos tensoativos: sais de amnia quaternrios; d) oxidantes: halognios, oznio e outros compostos orgnicos e inorgnicos. importante destacar que para que a gua seja considerada potvel, aps o tratamento convencional os parmetros fsico-qumicos e microbiolgicos devero estar de acordo com a Portaria n 518, de 25 de maro de 2004, que em seu Anexo apresenta as normas e o padro de potabilidade da gua destinada ao consumo humano, a serem observadas em todo o territrio nacional (BRASIL, 2004).
Doenas ligadas qualidade da gua
Muitas das doenas atribudas gua poderiam ser diminudas com saneamento bsico e conscientizao da populao em relao preservao das guas superficiais e subterrneas de forma a disponibilizar a gua com qualidade para o consumo e outros usos. Nos pases em desenvolvimento, onde os meios de saneamentos so deficientes, a maior parte das enfermidades existentes causada por bactrias, vrus, protozorios e helmintos (MACDO, 2001). Explica Brasil (2005, p. 20), que os organismos presentes na gua causam enfermidades que variam em intensidade e vo desde gastrenterites a graves enfermidades, algumas vezes fatais e/ou de propores epidmicas. Segundo DAguila et al. (2000), os riscos sade relacionados com a gua podem ser distribudos em duas categorias principais: a) riscos relativos ingesto de gua contaminada por agentes biolgicos (vrus, bactrias e parasitas), atravs de contato direto ou por meio de insetos vetores que necessitam da gua em seu ciclo biolgico; b) riscos derivados de poluentes qumicos e, em geral, efluentes de esgotos industriais. Acrescentam DAguila et al. (2000), que os principais agentes biolgicos descobertos nas guas contaminadas so: a) as bactrias patognicas: constituem uma das principais fontes de morbidade, sendo responsveis pelos numerosos casos de enterites, diarreias infantis e doenas epidmicas (como a febre tifoide), com resultados frequentemente letais; b) os vrus: os mais comumente encontrados nas guas contaminadas por dejetos humanos, entre outros, so os da poliomielite e da hepatite infecciosa; c) os parasitas: dentre os que podem ser ingeridos atravs da gua destaca-se a Entamoeba histolytica, causadora da amebase e suas complicaes, inclusive para o lado heptico. Tundisi (2005) informa que, frequentemente, nas guas contaminadas, so encontradas as seguintes bactrias patognicas: a) Shigella (causadora da desinteria bacilar); b) Salmonella typhi (associada febre tifoide); c) Campylobacter; d) Scherichia coli txica; e) Vibrio cholera (clera); f) Yersinia. Deve-se registrar que os agentes virais so tambm importantes contaminadores. Entre entes agentes, destacam-se os vrus da hepatite A, do rotavirus, do parvovrus e da gastroenterite. Casali (2008), classifica as doenas ligadas qualidade da gua da seguinte forma: a) doenas transmitidas pela gua: quando a gua atua somente como um veculo passivo para o agente infeccioso; b) doenas controladas pela limpeza da gua: deixam de ser transmitidas quando gua recebe um tratamento adequado; c) doenas associadas gua: uma parte necessria do ciclo da vida ao agente infeccioso se passa num animal aqutico; d) doenas cujos vetores se relacionam com a gua: so propagadas por insetos que nascem na gua ou ficam perto dela; e) doenas associadas ao destino de dejetos e por muito afetadas pela gua mais diretamente: podem ser adquiridas somente por meio da ingesto de peixes ou de outros organismos aquticos crus e contaminados. Para um melhor entendimento, as doenas ligadas qualidade da gua podem ser agrupadas da seguinte forma: J os Ozildo dos Santos et al Revista Brasileira de Gesto Ambiental - RBGA, Pombal - PB, v. 7, n. 2, p. 19-26, abr./jun. 2013 Quadro 1 - Doenas ligadas qualidade da gua Classificao Patologias Transmitidas pela gua Clera, febre tifoide, leptospirose, giardase, amebase e hepatite A
Associadas gua Esquistossomose retal, esquistossomose urinria, drancunculose Vetores de doenas relacionados com gua Febre amarela, dengue, encefalite por arbovrus, filarose Bancroft e malria Doenas associadas ao destino de dejetos Necatoriose, clonorquase, difilobotrase Fonte: Casali (2008)
As doenas ligadas qualidade da gua so causadas principalmente por microrganismos patognicos de origem entrica, animal ou humana. Esses microorganismos so transmitidos basicamente pela rota fecal-oral, ou seja, so excretados nas fezes de indivduos infectados e ingeridos na forma de gua ou alimento contaminado por gua poluda com fezes (AMARAL et al., 2003, p. 511). Existe uma intrnseca relao entre gua e a sade humana e, atualmente, a gua uma preocupao mundial em funo da atual crise quali e quantitativa dos recursos hdricos que, em sua maioria, encontram-se contaminados com substncias txicas ou agentes patognicos causadores de enfermidades ao homem e a outros animais (FREITAS; BRILHANTE; ALMEIDA, 2001).
CONSIDERAES FINAIS
A gua um produto essencial para a existncia do ser humano. E, por essa razo, deve ser disponibilizada em quantidade suficiente e em boa qualidade para garantir a manuteno da vida. No entanto, o que se percebe que a observncia desses parmetros nem sempre possvel. Por diversos fatores a qualidade da gua vulnervel, principalmente, devido s condies ambientais a qual est exposta. Preservar a qualidade da gua, um necessidade e ao mesmo tempo um problema universal, que vem exigindo o empenho no somente dos organismos de governo, mas tambm da sociedade civil organizada. Nos mananciais, cuja gua destinada ao consumo humano, frequente o registro de contaminao por microrganismos patognicos de origem entrica, animal ou humana. Essa condio faz da gua um veculo de transmisso de agentes de doenas infecciosas e parasitrias, exigindo que um tratamento adequado antes de ser colocada disposio da sociedade para consumo. Nesse contexto, percebe a importncia do controle e da anlise da qualidade da gua, medidas fundamentais que eliminam os riscos de potencial contaminao. Atravs da presente reviso de literatura foi possvel constatar que entre os patgenos disseminados em fontes de gua, os patgenos entricos so os mais frequentemente encontrados. E, que a presena desses microorganismos constitui numa das principais fontes de morbidade e mortalidade no mundo, principalmente, nos pases em desenvolvimento. Desta forma, para que a gua destinada ao consumo humano seja de boa qualidade, estritamente necessrio o desenvolvimento de aes preventivas de monitoramento dos mananciais de abastecimento pblico, bem como de campanhas informativas, visando esclarecer a populao sobre os riscos a sade, que a ingesto de gua contaminada pode trazer. Em resumo, a preocupao com a preservao das fontes de gua e a qualidade desse produto, so medidas necessrias e importantes, pois diminuem ao mximo os riscos sade pblica, permitindo uma melhor qualidade de vida.
REFERNCIA
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