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1. Síntese do tema
Atentados contra bases da polícia militar e guarda civil metropolitana na grande São
Paulo.
2. Objetivos do trabalho
Analisar a forma como a mídia tem construído essa narrativa, e como define os papéis
3. Referência teórico-conceitual
4. Hipótese do trabalho
5. Pertinência do trabalho
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6. Questões que provoca
dos fatos. Ao glamourizar o PCC e, ao mesmo tempo, abrir espaço para declarações que
defendem um Estado mais “duro”; ao informar que a Polícia Militar irá utilizar a ROTA
questionar a eficácia de seus métodos (nem sequer uma única alusão ao período da
7. Metodologia utilizada
Leitura crítica de matérias publicadas no jornal escolhido, à luz dos textos teóricos
8. Amostragem
9. Descrição e análise
São Paulo. Os atentados são atribuídos ao PCC (Primeiro Comando da Capital), cuja
Diferenciado), sob o qual estão submetidos alguns de seus líderes. Desde então, é
uma guerrilha, ainda que o cenário seja uma praça aparentemente tranqüila, em pleno
domingo à tarde.
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No período de 03 a 16 de novembro, foram publicadas cerca de 30 matérias no jornal A
Folha de São Paulo em relação ao tema, sendo duas charges e três editoriais. A grande
maioria não passa de relatos presos aos fatos, divulgando nomes e números, e poucas
dos cadernos não há espaço para esse tipo de discussão. Pelo contrário, o que se faz é
Isso pode ser verificado, a princípio, pelo vocabulário utilizado para caracterizar os
(alguns desses termos foram retirados de declarações dos entrevistados; ainda assim,
caracterizados por ao menos um dos adjetivos acima citados. As charges reforçam essa
imagem:
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É interessante notar como esse vocabulário foi sendo alterado e, conforme colocam
única vez, no editorial “Guerra Urbana”, publicado em 04/11: “O que se tem visto nessas
Estado de São Paulo, a crer nos dados oficiais, a polícia mata cerca de três vezes mais
Tal vitimização também pode ser notada por meio de algumas matérias focadas na vida
(04/11 – “Sargento morto estava de folga”) e sobre o cabo Pedro Cassiano da Cunha
(06/11 – “Cabo assassinado escondia que era policial”). As matérias contam que tanto o
sargento como o cabo tinham mais de vinte anos de carreira e estavam para se
Nada de errado em dar uma dimensão humana aos policiais; o problema é que não há um
amedrontada, ela está farta de ouvir falar de direitos humanos para os presos; entende
estigmatizar outro com eficácia quando está bem instalado em condições de poder das
quais o grupo estigmatizado é excluído. Acrescentam, ainda, que nas disputas de poder,
falido, arrisca a vida diariamente por um salário abaixo do razoável; não tem mais
orgulho de pertencer à sua categoria. “Com a diminuição nas disparidades de força (ou
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desequilíbrio de poder) os antigos outsiders tendem à retaliação e contra-
respeito desses assuntos, bem como o relativo aos casos ‘ ordinários’ de violência, o
pública e do Judiciário”. Como já foi dito, tais discussões, apesar de sugeridas nos
A sociedade civil espera e exige uma atitude por parte dos governantes, e esses
matéria de 06/11 (“Tropas de elite vão reforçar segurança”) informa que o comando da
Polícia Militar resolveu mandar às ruas duas de suas tropas de elite: a Rota (Rondas
informa que “das 19h de anteontem à 1h de ontem, a PM realizou 630 blitze na região
metropolitana”. Oras, 630 blitze em seis horas é um número alarmante. Como e onde
feito. Entretanto, o que muda, estruturalmente? Tais medidas podem cessar os ataques
por alguns meses, ou alguns anos, mas o problema persiste. Marcelo Beraba, no artigo
“As duas irmãs” (14/11), sobre a violência que assola Rio de Janeiro e São Paulo, afirma:
“Os secretários de Segurança das duas cidades têm políticas semelhantes e com
resultados igualmente ineficazes. São políticas reativas, anunciadas ao sabor das ações
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Em discurso feito em Angola, o presidente Luís Inácio Lula da Silva defende um
“Estado duro”, conforme aponta a matéria de 05/11. O que seria o “Estado duro”
defendido por Lula? A linha fina complementa: “Em Angola, presidente diz que bandidos
estão ficando desaforados”. Bandidos desaforados. Estado duro. São expressões que
devem ser questionadas. Não se trata de uma guerra entre mocinhos e vilões.
Precisamos de um Estado que educa, antes de castigar. Um policial que não quis ser
da falta de apoio por parte de seus superiores: “Se a gente der um tapa em um bandido,
sentimento de vingança: “Do mesmo jeito que eles estão jogando bomba, daqui a pouco
vamos começar a chutar a bomba de volta”, diz o capitão Belantoni. É nesse clima que os
policiais são preparados para lidar com uma realidade tão complexa.
separação entre o “nós” (a sociedade civil, trabalhadora, digna e honesta) e “eles” (os
um pouco da história da facção. Após ter sido acusado de apologia ao crime, o site
conta com uma página de abertura que afirma tratar-se do Trabalho de Conclusão de
Curso do jornalista João Xavier, e cujo objetivo é “debater a facção criminosa sem
pelo PCC. Independente das origens do site, algumas informações interessantes podem
ser tiradas dali: o texto conta que, inicialmente, as revoltas contra os maus-tratos nas
prisões eram atos individuais, isolados; nos anos 70, entretanto, esses presos entraram
discutir idéias e articular-se como grupo. Da mesma forma que os traficantes atuam
como “protetores” dos moradores dos morros, no Rio, o PCC “protege” as famílias dos
membros, provendo alimentos, enxoval do bebê, fretando ônibus para visitar parentes
em prisões no interior, etc. Ou seja, o PCC ocupa o espaço vazio deixado pelo Estado.
Longe de querer justificar as atitudes da facção, o que se quer mostrar aqui é que a
origem do PCC está nas deficiências que a sociedade não é capaz de resolver. A
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cobertura jornalística deveria passar por essa discussão. Ao demarcar a diferença
entre PCC e sociedade civil, a linha que divide é a da criminalidade. Bem antes disso,
duas sociedades, com leis, culturas e vidas completamente separadas: a sociedade das
que houver uma real quebra dessa segregação é que se poderá vislumbrar uma solução
10. Conclusões
games violentos? Após fazer uma comparação com outros países, a conclusão a que
chega é que os grandes culpados são o Estado e a mídia, responsáveis pela “cultura do
medo”.
para o diálogo, a mídia acaba semeando o caminho para que medidas totalitárias sejam
A presença de tropas do Exército nas ruas jamais pode ser considerada sinônimo de
de que uma verdadeira guerra civil pode eclodir a qualquer momento. A sensação de
segurança dispensa esses aparatos: é quando o medo pouco a pouco sai de cena, e
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11. Bibliografia
novembro de 2003.
novembro de 2003.
novembro de 2003.
novembro de 2003.
Filmes de referência