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Não se aplicam à chamada arte indígena – que no caso do índio brasileiro pode-se dizer que
a executa com maestria, superando os limites do meramente utilitário - os mesmos
conceitos que regem a arte ocidental, como por exemplo o de arte pura, ou arte pela arte.
PINTURA CORPORAL
É no corpo humano que o indígena encontra o suporte por excelência de sua pintura,
“tela onde os índios mais pintam, e aquela que pintam com mais primor” (Darcy Ribeiro),
A pintura corporal indígena, para muito além do conteúdo estético possui finalidade
mágico-simbólica, vinculada que está ao universo mítico-cosmológico da comunidade, além
de, entre outras funções, servir de “carteira de identidade” de quem a exibe,revelando em si
a etnia, posição, prestígio social, sexo, idade, filiação e estado civil.
A busca (documentada) por esse significado inicia-se no século XVII quando um
missionário indaga a um índio porque se pintava, e o índio respondeu-lhe ‘- Para
diferenciarem dos bichos.’
Explicação idêntica é dada pelos integrantes da tribo Wayana que pintam seus corpos, para
não se assemelharem aos macacos.
MOTIVOS
CORES E PROCEDIMENTOS
Araweté. Os Araweté (ou Bïde = nós, seres humanos, em oposição a awi, os outros, os
inimigos), habitantes do Sul do Pará, não são mais de 300 na atualidade. Constantemente
ameaçados por belicosos vizinhos ou pelo homem branco, o que os levou no passado a
sucessivos deslocamentos, é compreensível que sua cultura material seja limitada. Pintam
cabelos e corpo com o vermelho do urucum, e no rosto traçam em preto uma linha
horizontal sobre as sobrancelhas, uma vertical de alto a baixo no nariz e duas diagonais que
vão do lóbulo da orelha à comissura labial.
Bakairi. São hoje cerca de 1000 e vivem em Mato Grosso. Homens e mulheres costumam
pintar seus corpos com jenipapo, urucum e tabatinga em ocasiões especiais, como o
casamento, a primeira menstruação ou a morte, bem como no início da colheita do milho,
na cerimônia de perfuração da orelha etc. Suas máscaras, em número de 23, cada uma
dedicada a um animal, são pintadas com os mesmos motivos.
Karajá – Divididos em três subgrupos: o Karajá propriamente dito, que é o mais numeroso,
o Javaé e o Xambioá, totalizavam na atualidade pouco menos de 3.000 indivíduos, os
Karajá - ou Iny (“nós”), como se auto-denominam -, habitam uma vasta área dos Estados de
Tocantins, Goiás e Mato Grosso, ao longo dos rios Araguaia e Javaé, nela incluída a Ilha do
Bananal. Na sociedade Karajá a pintura desempenha papel de relevo, não só a ornamental,
com que enfeitam sua cerâmica utilitária ou figurativa (os famosos licocós), como
sobretudo a corporal. Num e noutro casos os padrões ornamentais são constituídos por
linhas horizontais ou verticais que ora se aproximam ora se afastam ou se entrecruzam,
entremeadas de pontos, representando partes fortemente estilizadas de corpos de animais
(cobra, peixe, tartaruga etc., nunca o animal inteiro).