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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA 2 – PROF.

MOZART FOSCHETE 1

“A arte de ensinar Economia de uma maneira simples,


sem mistérios”. De Maria Eulália, uma ex-aluna.

AULA 1: INTRODUÇÃO ÀS TEORIAS DA


INFLAÇÃO

Um observação importante: Este Curso online de


Economia II é praticamente uma continuação de nosso curso
online anterior de Economia I. Seu conteúdo se constituirá
de tópicos de Macroeconomia não abordados naquele curso
e que constam do Edital do concurso da AFRF. Por isso, para
um melhor aproveitamento, é importante que o aluno
inscrito neste curso tenha feito o Curso online de Economia
I.
Esta nossa Aula n° 1 versará sobre inflação, suas
causas e modelos explicativos do processo inflacionário. Para
um melhor entendimento deste tópico, principalmente
quando estivermos tratando dos modelos analíticos da
inflação, é importante que você dê uma revisada na Aula 10
de nosso curso online de Economia I – sobre A Oferta e a
Demanda Agregadas, ok?
Então, vamos lá, já que o tempo de vocês é curto,
aliás curtíssimo!

1 . Introdução: o conceito de inflação

Ocorre inflação quando há um aumento continuado,


permanente, do nível geral de preços - o que, em conseqüência,
provoca uma perda do poder aquisitivo da moeda.
Pela definição acima, vê-se que inflação é um processo de
aumento contínuo dos preços ao longo de um certo período.
Tecnicamente, se houver um aumento súbito do nível de preços, –
que tenha sido provocado, por exemplo, por uma medida
governamental que objetivasse a correção de alguns preços “que
estavam atrasados” – mas que não tenha continuidade no tempo,

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tal fenômeno não seria considerado inflação e, sim, um fenômeno


isolado e temporário que se esgota em si mesmo.
Da mesma forma, há que se distinguir num processo
inflacionário os aumentos de preços por efeito de, digamos,
quebras de safras ou de aumento exagerado da demanda, de
aumentos de preços de um determinado produto, frutos de
melhoria tecnológica ou de qualidade do produto. É claro que, um
novo modelo de automóvel, com novas tecnologias (vidro elétrico,
ar condicionado, etc.) deve ter seu preço elevado em relação a um
modelo anterior, porém mais simples. Este aumento de preço “por
melhoria tecnológica ou por melhor qualidade” não pode ser
considerado inflação.

2 Principais Distorções Provocadas pela Inflação

Muito embora a inflação, em qualquer grau e circunstância, seja


vista, nos países mais desenvolvidos, como um mal a ser evitado
por todos os meios, muitos economistas são de opinião que, nas
economias em desenvolvimento, uma inflação moderada, suave,
digamos de 10% ao ano, pode até ser benéfica à atividade
econômica na medida em que pode servir de estímulo a aumentos
da produção e do emprego.
No entanto, é ponto pacífico que um processo inflacionário
agudo e crônico provoca distorções e desarranjos de toda ordem
no sistema econômico, podendo ser citados os seguintes principais
efeitos perversos:

i) Efeitos sobre a distribuição de renda

Este talvez seja a pior distorção provocada por um processo


inflacionário acelerado ao reduzir drasticamente o poder aquisitivo
de todos os indivíduos que vivem de rendas fixas – como ‚ é o caso
dos assalariados, pensionistas, aposentados, ou daqueles que
vivem de aluguéis. O mesmo não se pode dizer daqueles que têm
renda variável, com possibilidades de reajustes periódicos (preços)
ou de aplicação financeira com proteção contra a corrosão
inflacionária.

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ii) Efeitos sobre pagamentos de débitos e de impostos

Ganham com a inflação todos aqueles que têm dívida de longo


prazo, mesmo que haja previsão de correção monetária – o que
dificulta o fornecimento de crédito para investimentos, crédito este
geralmente de longo prazo. A concessão de empréstimos, limitada
ao curto prazo, impossibilita os investimentos produtivos que, por
natureza, são de longo prazo. Da mesma forma, com a inflação
perde o governo na arrecadação de impostos – dada a defasagem
temporal entre o momento do fato gerador do imposto e seu
recolhimento aos cofres do governo.

iii) Efeitos sobre o mercado financeiro e de capitais

A inflação provoca um desestímulo à aplicação de recursos no


mercado primário de ações, dada a perda acentuada do valor da
moeda. Também desestimula a poupança, estimulando, isto sim, a
aplicação em imóveis, fazendas, lotes, etc., de natureza não-
produtiva.
O instituto da correção monetária, ao mesmo tempo em que
procurou reduzir estes efeitos desestimulantes sobre a poupança,
acabou por criar outros problemas, como a chamada “inércia
inflacionária”, transferindo para hoje a inflação de ontem. Este foi
um mecanismo utilizado pelo Brasil desde a segunda metade dos
anos 60 até meados da década passada, mas que, agora, com o
Plano Real, parece felizmente ter se tornado coisa do passado.

iv) Efeitos sobre o balanço de pagamentos

O aumento continuado dos preços domésticos acaba por


desestimular as exportações do País – pois compensa mais ao
exportador vender seus produtos internamente do que no exterior.
Da mesma forma, o aumento dos preços internos termina por
estimular um aumento das importações.
A solução, no caso, é uma correção permanente da taxa de
câmbio, com desvalorização da moeda doméstica. Tal como no
caso da correção monetária, a desvalorização cambial, se resolve o

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problema do balanço de pagamentos, acarreta mais inflação na


medida em que todos os produtos importados (equipamentos,
petróleo, produtos farmacêuticos, etc.) se tornam mais caros.

v) Efeitos sobre as expectativas e incertezas

Um processo inflacionário crônico e agudo, como o caso


brasileiro dos anos 80 e início dos anos 90, acaba por gerar
expectativas pessimistas dos empresários quanto ao futuro da
economia e quanto a eventuais medidas drásticas que o governo
pode vir a adotar.
O aumento do grau de incertezas daí decorrente passa a
desestimular os investimentos produtivos e a economia entra num
processo de stagflação – ou seja, estagnação com inflação.

3 Tipos ou Causas Clássicas de Inflação

Um processo inflacionário pode ter diversas origens ou causas.


Costuma-se classificar os diversos tipos de inflação de acordo com
suas causas principais. Assim, temos:

3.1 Inflação de demanda

Diz-se que a inflação é de demanda quando a demanda


agregada excede a oferta agregada de bens e serviços.
Normalmente, a inflação de demanda é interpretada como sendo o
resultado de “dinheiro demais em circulação à procura de bens e
serviços de menos!”
Tecnicamente, a probabilidade de surgimento de inflação de
demanda ocorre quando a economia estiver no ou próxima do
pleno emprego. Isto porque, caso haja desemprego em larga
escala, a demanda tende a ser relativamente pequena. Se, por um
motivo qualquer, houver um incremento ou excesso de demanda
agregada, e estando a economia com capacidade ociosa no setor
produtivo, o efeito inicial será estimular um aumento da produção,
sem que os preços se alterem. Caso esteja a economia próxima do
pleno emprego, e havendo um aumento da demanda agregada,

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não há como aumentar a oferta de bens para satisfazer esta


demanda extra. Aí, então, o ajuste ou equilíbrio se dará através de
aumentos nos preços, caracterizando um típico caso de “inflação
de demanda”.
As principais causas de inflação de demanda são:
i) gastos do governo em excesso à suas receitas tributárias,
gerando os conhecidos déficits fiscais, tal como ocorreu
sistematicamente três últimas décadas e que desaguou
na atual absurdamente elevada dívida interna pública e
que tanta dor de cabeça têm causado às autoridades
econômicas;
ii) emissões monetárias acima da taxa de crescimento do
produto interno – um fenômeno em grande parte
associado aos déficits governamentais; e,
iii) vendas a crédito – que aumentam o consumo presente,
relativamente à renda dos indivíduos.

3.2 Os choques de oferta e a inflação de custos

Quando se fala de inflação de custos, está-se falando de


inflação cuja causa principal se origina do lado da oferta. Neste
caso, o nível de demanda agregada permanece praticamente o
mesmo, enquanto os custos de produção dos bens e serviços se
elevam e são repassados aos preços.
Estes aumentos de custos, extemporâneos e abruptos,
decorrem dos chamados choques de oferta e estão geralmente
associados ao poder de mercado de grupos de empresas, ou de
sindicatos trabalhistas, de fornecedores de matérias-primas, ou
não raras vezes estão associados a algum aumento dos impostos
sobre as firmas. Como se vê, trata-se, na maioria dos casos, de
distorções de mercado, a chamada “concorrência imperfeita”.
Os choques de oferta surgem das seguintes situações:
i) Se as empresas, atuando num mercado monopolista ou
oligopolista, julgam baixas suas margens de lucro (mark-
up), elas serão capazes de aumentá-las através de uma
elevação dos preços dos bens e serviços que produzem –
o que termina por extrapolar para todos os setores
econômicos.

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ii) Da mesma forma, se os sindicatos trabalhistas mais


organizados e com maior poder de barganha são capazes
de forçar um aumento dos salários acima do aumento da
produtividade, haverá um aumento dos custos de
produção – o que, fatalmente, será repassado aos preços
dos produtos, gerando inflação.
iii) A partir da observação anterior, surge uma questão que
está sempre sendo objeto de discussão: Afinal de contas,
os reajustes de salários são ou não causa de inflação? A
resposta a esta questão é bastante simples: tecnicamente,
os reajustes de salários só serão causa de mais inflação se
eles se situarem acima da taxa de aumento da
produtividade mais a taxa de inflação corrente. Em outras
palavras, se o aumento da produtividade foi de 4% e a
taxa de inflação corrente foi de 10%, os salários deverão
ser aumentados em, no máximo 14% (numa conta
aritmética!). Se o reajuste superar esta taxa, então, pode-
se dizer que os salários estão causando um aumento da
inflação pelo lado dos custos.
iv) Uma outra fonte de inflação de custos pode ser a chamada
“inflação importada” – um aumento de preços de origem
externa e que acaba por se transmitir a toda a economia –
tal como ocorreu com o aumento dos preços do petróleo
em 1973/74 e em 1979/80, que elevou não só os preços
dos derivados deste produto, mas, também, das matérias-
primas e insumos básicos em geral.
v) Também ocorre inflação de custo quando há uma quebra
de safra agrícola. Isto porque, dado um custo do plantio, à
medida que a produção esperada se reduz (devido a
geadas, secas ou pragas), o custo unitário de produção
aumenta – o que faz elevar o preço do produto no
mercado.
Estas são, em síntese, as principais fontes ou causas de
surgimento de inflação do lado dos custos, conhecidos na literatura
econômica como choques de oferta.

3.3 Inflação estrutural

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Apenas para registro histórico, uma explicação ou justificação


para o surgimento do processo inflacionário crônico por que
passou a maioria dos países da América Latina nos anos 60/70 do
século passado, foi a chamada inflação estrutural.
A verdade é que muitos dos países desta região
experimentaram, naquelas duas décadas, um processo de rápido
crescimento econômico, associado relativamente a altas taxas de
inflação no período. Daí, surgiram inúmeras explicações para o
fenômeno, que veio a ser denominado de “escola estruturalista” a
qual raciocinava do seguinte modo:
– A inflação é uma característica típica dos países que
experimentam um rápido processo de crescimento econômico
porque:
– Primeiro, os países subdesenvolvidos apresentam uma
estrutura setorial produtiva desbalanceada ou desequilibrada,
coexistindo, lado a lado, setores bastante dinâmicos e
modernos (o setor urbano e a indústria, por exemplo) com
setores ortodoxos, atrasados (como a agricultura, a indústria
têxtil, etc.). Neste contexto, ao se iniciar um processo de
rápido crescimento econômico, os setores modernos e
dinâmicos da economia tendem a pressionar os demais
setores, com um acentuado aumento de suas demandas por
mais matérias-primas, mais alimentos, etc. Estes últimos
setores, no entanto, não têm capacidade de pronta resposta,
isto é, de satisfazer prontamente este aumento da demanda
por seus produtos e, em conseqüência, sua resposta é via
aumento de preços.
– Outra explicação residia no papel de liderança desempenhado
pelo Estado neste processo de crescimento econômico. Na
maioria dos casos, o governo se tornou a verdadeira
locomotiva da economia, puxando atrás de si o processo de
crescimento econômico, seja através de grandes projetos de
eletrificação, de telefonia, de siderurgia, de abertura de
estradas, portos e hidroelétricas; seja através de concessão
de subsídios ao setor privado. Ocorre, no entanto, que, sendo
o país pobre, a arrecadação de impostos era baixa, e a única
forma de o governo financiar seus elevados gastos era
através de emissão maciça de moeda e/ou através de
endividamento – o que só fez gerar inflação.

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– Uma outra explicação do fenômeno residia na necessidade de


o país importar matérias-primas e equipamentos para atender
ao desenvolvimento econômico. Isto exigiu endividamento
externo e/ou desvalorizações cambiais que estimulassem as
exportações cujas receitas se destinam ao pagamento das
importações. Tais desvalorizações só fizeram gerar inflação
interna.

3.4 Estagflação

Trata-se de um estado da economia em que se tem recessão


econômica concomitantemente com inflação.
O fenômeno se deve ao fato de que, com a recessão econômica
e conseqüente redução da demanda, as empresas com poder de
mercado (caso típico dos oligopólios) aumentam seus preços para
compensar as quedas nas vendas, mantendo com isso suas
margens de lucro sobre seus custos.
Em síntese, na estagflação os preços sobem enquanto a
produção e o emprego estão caindo ou, pelo menos, não estão
crescendo.

4. A função oferta agregada e a determinação dos


preços

Conforme foi visto e analisado na nossa Aula 10, do Curso online


de Economia I, a função oferta agregada indica quais as
quantidades ofertadas de produto pelo conjunto das empresas do
país para cada nível de preços.
Embora intuitivamente pareça que a curva de oferta agregada
deva ser positivamente inclinada – ou seja, quando os preços
sobem, a oferta agregada também se eleva e vice-versa, na
realidade ela pode também ser vertical – isto é, não se altera com
o aumento dos preços – e pode até mesmo ser horizontal. Neste
último caso, se, por qualquer motivo, houver um aumento da
demanda agregada, o produto ofertado se expande sem que os
preços se elevem.

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A bem da verdade, o formato da curva de oferta agregada é um


dos temas mais controversos entre os macroeconomistas.
Dependendo deste formato, os efeitos da política econômica sobre
os preços e o produto de equilíbrio podem ser os mais diferentes
possíveis. Vejamos isso com um pouco mais de detalhe:
Já foi visto na nossa Aula 10 do curso online de Economia I que
a hipótese de uma curva de oferta vertical está diretamente
associada com a Escola Clássica. Os economistas desta Escola
argumentam que tanto a oferta como a demanda por mão-de-obra
é função do salário real. Assim, dado um salário nominal e um
nível de preço vigentes num certo momento – que determinam o
nível do salário real – encontra-se o nível de emprego da
economia e, daí, o nível de produto agregado de equilíbrio.
Neste contexto, qualquer tentativa do governo para aumentar
o nível de emprego e daí o nível do produto – via aumentos na
demanda agregada - terá como única conseqüência um aumento
dos preços. Este aumento dos preços provocaria, em princípio, um
aumento no emprego, mas como a mão-de-obra percebe a perda
real de sua renda, exigirá aumentos nominais de salário
proporcionais à taxa de inflação, retornando, assim, o salário real
ao seu nível anterior. Com isso, o emprego não cresce e, em
conseqüência, o produto ofertado também não cresce.
A Figura 1 ilustra este raciocínio, mostrando a curva de oferta
agregada (OA) na posição vertical e a curva de demanda agregada
inicial (DA1). Como sabemos, a curva de demanda agregada é
determinada no mercado de produtos e no mercado monetário
(Curva IS-LM). Observe que o cruzamento da DA1 com a curva de
oferta agregada determina simultaneamente o nível do produto de
equilíbrio (Y) e nível de preços vigente na economia (P1).
Supondo que o governo resolva, por exemplo, aumentar seus
gastos na tentativa de criar mais empregos na economia, a curva
de demanda agregada se desloca para cima – para DA2. Como a
curva de oferta agregada é vertical (isto é, totalmente inelástica a
preço) o produto de equilíbrio não se altera, mas os preços se
elevam para P1.
Ou seja, no caso da oferta vertical (dos clássicos) o efeito da
política fiscal expansionista do governo foi somente sobre o nível
de preços.

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P OA P P
DA0 DA1 OA DA0 DA1
P1 P1

P0 P0 P0 OA
DA1
DA0

Y Y Y0 Y1 Y Y0 Y1 Y
Figura 1 Figura 2 Figura 3

Já na hipótese de uma curva de oferta positivamente


inclinada – esta associada com a escola keynesiana – onde se
supõe que os trabalhadores sofrem um pouco de ilusão monetária,
exigindo aumentos nominais de salário quando há aumento de
demanda por trabalho, porém sem associá-los com a taxa corrente
de inflação – uma política fiscal expansionista , ao aumentar a
demanda agregada, provoca um aumento do nível de preços
corrente. Este aumento no nível de preços não é repassado
inteiramente aos salários, gerando daí um aumento do emprego e,
por conseqüência, o produto de equilíbrio cresce de Y0 para Y1,
conforme ilustrado na Figura 2, assim como os preços que passam
de P1 para P2.
Além dessas duas versões sobre a curva de oferta agregada,
existe uma terceira versão que argumenta que, em épocas de
crise econômica com muito desemprego, a curva de oferta
agregada é horizontal até próximo do pleno emprego. Esta versão
é conhecida como keynesiano extremo. De acordo com esta
“escola”, em época de desemprego desenfreado na economia – tal
como ocorreu na grande depressão de 1929/33, - havendo um
aumento na demanda agregada por bens e serviços, os
empresários têm condições de aumentar o emprego sem
necessidade de conceder aumentos salariais, elevando, assim, o
produto ofertado sem que haja pressão sobre os preços, tal como
ilustrado na Figura 3. Feitas estas considerações, vamos analisar,
agora, a questão da inflação X desemprego.

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5. Um modelo simples de inflação de demanda

Os modelos de inflação de demanda atribuem a elevação de


preços a um excesso de demanda no mercado de produtos. Os
preços se elevam porque a demanda agregada de consumo
privado, de investimentos e de gastos governamentais excedem a
oferta agregada potencial da economia, definido essa ao nível do
pleno emprego.
Tomando-se por hipótese um modelo simples tipicamente
keynesiano – onde os salários e preços são rígidos no sentido
descendente e a oferta de mão-de-obra é função do salário
nominal vigente no mercado – a curva do produto ofertado
agregado é perfeitamente elástica ao nível de preços vigentes (P0)
até próximo ao nível de pleno emprego (Yf), quando se torna
perfeitamente inelástica às variações nos preços, como mostra a
Figura 4, onde OA representa a curva de oferta agregada e DA
representa a curva de demanda agregada.

P OA

P2

P1
DA3
P0 DA2
DA1
DA0

Y0 Yf Y

Figura 4

Sob essa hipótese, e supondo que a economia encontre-se


numa situação de desemprego, ao nível de Y0, um aumento da
demanda agregada de DA0 até DA1– seja por elevação dos gastos
do governo, seja por um aumento autônomo dos investimentos –
não deverá provocar uma elevação do nível de preços. Quando, no

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entanto, a economia atingir o nível de pleno emprego (Yf),


qualquer aumento da demanda agregada, de forma a deslocar a
curva DA para DA2, DA3, etc., provocará aumentos no nível de
preços para P2, P3, etc.
Em termos dinâmicos, a proposição é de que a taxa de
inflação (dP/P) é uma função do excesso de demanda sobre a
oferta agregada, tratando-se de uma função descontínua, não se
verificando qualquer mudança no nível de preços até que o pleno
emprego seja alcançado.
Ocorre que, na prática, é difícil se medir com exatidão o
excesso (percentual) de demanda agregada sobre a oferta
agregada. O procedimento comum, nesse caso, é tomar-se o
mercado de trabalho como “proxy” do grau de excesso de
demanda, verificando-se particularmente a taxa de desemprego
existente naquele momento.
Assim, um nível baixo de desemprego indicaria um nível alto
de demanda, e vice-versa. No entanto, a verdade é que não existe
uma simetria precisa entre o “estado” da demanda agregada por
bens e serviços e o nível de desemprego na economia. Essa
questão se torna mais problemática ainda quando se tenta aplicar
esse critério a uma economia em desenvolvimento, como a
brasileira, com elevado desemprego “estrutural” 1 que, de forma
alguma, é devido a uma deficiente ou fraca demanda agregada.
Nesses países, muito do desemprego aberto, observado nas áreas
urbanas, é explicado claramente pelos desequilíbrios estruturais
dessas economias.
De toda forma, o teste clássico para se verificar a existência
de excesso de demanda agregada seria dado pela Teoria
Quantitativa da Moeda – que mostra o elo de ligação entre
variações na quantidade de moeda existente num dado momento
na economia e o nível de preços. Se, ao nível de renda de pleno
emprego, os preços variam proporcionalmente às variações na
quantidade de moeda, obtém-se um razoável indicador da
presença de inflação de demanda2.

1
Tecnicamente, desemprego estrutural ocorre quando as pessoas desempregadas não dispõem da
qualificação necessária para ocupar as vagas oferecidas (há, por exemplo, vagas de professor universitário,
mas o desempregado é pedreiro ou enfermeiro). Nos países em desenvolvimento, o desemprego estrutural
também surge do simples fato de que a economia é incapaz de absorver toda a mão-de-obra existente.
2
Veja no anexo a esta Aula 1 uma versão detalhada da Teoria Quantitativa da Moeda.

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Antes, porém, de passarmos adiante, vale a pena observar o


seguinte: até aqui, consideramos um modelo simples keynesiano
em que a função oferta agregada da economia se apresentava em
forma de L invertido, com uma porção horizontal até atingir o
pleno emprego. Sob tal hipótese, qualquer aumento da demanda
agregada causaria um aumento no produto real (pelo
deslocamento da curva de demanda agregada ao longo da porção
horizontal da curva de oferta agregada), sem afetar o nível de
preços. Os preços só começariam a subir a partir do nível de pleno
emprego.
Essa função foi derivada da chamada versão keynesiana
extrema que argumenta que, em época de grave crise
econômica, com amplo desemprego, os trabalhadores estão
preocupados com seus salários nominais e resistem firmemente a
qualquer redução desses salários (um posição, diga-se, totalmente
contrária à opinião dos clássicos até então predominante). Desse
modo, uma redução na demanda por trabalho não deve resultar
numa queda dos salários nominais dada a sua inflexibilidade no
sentido descendente. Havendo desemprego em larga escala e
sendo a oferta de trabalho horizontal ao nível do salário nominal
vigente, mais e mais trabalhadores poderão ser contratados sem
que aquele salário se altere.
Essa interpretação, no entanto, foi posteriormente retificada,
levando a uma versão um pouco mais complexa da função oferta
agregada keynesiana3. Isso ocorreu por uma razão bastante
simples: dizer-se que a taxa salarial será constante (até o pleno
emprego), em face de variações na demanda por trabalho, não
implica necessariamente que o nível geral de preços será estável
diante de variações na demanda agregada.
Em outras palavras, é preciso deixar claro que o fato de a
curva de oferta de trabalho apresentar uma seção horizontal não
significa que a função oferta agregada da economia também
apresentará esta porção horizontal. Isso se explica pelo simples
fato de que, quanto mais se empregar mão-de-obra, menor é o
produto marginal de trabalho – o que, associado a um salário
nominal constante, W, exigirá um aumento dos preços para que a
receita marginal (=PxPMgL) se iguale ao custo marginal (W). Em

3
Confira: Wonnacott, P., Macroeconomics, R.D. Irwin Inc., Illinois, 1988, cap. 13.

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conseqüência, a curva de oferta agregada mostrará, no gráfico Y-


P, uma inclinação positiva antes de se atingir o pleno emprego.
Feitas essas considerações, vejamos, agora, um modelo de
inflação de demanda mais completo e analítico utilizando o
instrumental desenvolvido na Aula 10 de nosso curso online de
Economia I, relativo à derivação das curvas de oferta e de
demanda agregadas.

6. Inflação de demanda: um modelo mais analítico

Para desenvolver um modelo de inflação de demanda de


forma mais exaustiva, vamos recuperar as equações do sistema
IS-LM, isto é, que definem o equilíbrio no mercado de produtos e
no mercado monetário, conforme visto na Aula 10 do curso de
Economia I, ou seja:

i) Mercado de produtos (Curva IS): Y = C + I + ir + G (1)


ii) Mercado monetário (Curva LM): Ms/P = kY + hr (2)

Como já foi visto, a combinação desses dois mercados


determina os valores de equilíbrio do nível de produto demandado
(Y) e da taxa de juros (r), a um dado nível de preços. Se fizermos
variar os preços, obtemos a curva de demanda agregada (DA) da
economia, no gráfico Y-P.
De outra parte, vimos também que a oferta agregada da
economia, no curto prazo, era função do nível de emprego da
mão-de-obra, tendo, para tanto, derivado uma função de produção
da forma:

Y = f(K, L) (3)
onde, K = estoque de capital, considerado constante; e,
L = quantidade de mão-de-obra (variável).

O nível de emprego era determinado no mercado de


trabalho, através da interação da oferta de trabalho (SL) e da
demanda por trabalho. Na ocasião, ficou claro que a demanda por

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trabalho, da parte das firmas, era sempre função do salário real (w


= W/P), enquanto a oferta de mão-de-obra podia ser função ou do
salário real (hipótese dos clássicos) ou do salário nominal (W) –
que é a hipótese associada à escola keynesiana.
Para desenvolver nosso modelo de inflação de demanda,
vamos adotar a hipótese keynesiana4, ou seja, a quantidade de
trabalho que os trabalhadores estão dispostos a oferecer é função
do nível do salário nominal (W). Em outras palavras, caso haja um
aumento na demanda por trabalho, os trabalhadores só oferecerão
mais horas de trabalho caso o salário nominal (W) aumente.
A diferença entre esta hipótese e a dos clássicos está em
que, na hipótese clássica, variações de preços provocam, num
gráfico de salário nominal, deslocamentos da curva de oferta de
trabalho para a esquerda em idêntica proporção. Ou seja, havendo
uma elevação de preços, exige-se uma idêntica elevação do salário
nominal para que a quantidade ofertada de trabalho permaneça no
mesmo nível anterior. Com essa correção salarial, o salário real
retorna ao seu valor original e, com isso, não se altera a
quantidade de trabalho demandado pelas firmas.
Já na hipótese que adotamos, os trabalhadores têm uma
certa ilusão monetária, não exigindo, a curto prazo, aumentos de
salários devido a aumentos de preços. Dessa forma, pode-se
definir a função oferta agregada de trabalho como:
SL = f(W) (4)

Enquanto a função demanda agregada de trabalho é


expressa por:

DL = f (W/P) (5)

Pela forma como aparecem, as equações (4) e (5) dizem


coisas bem diferentes. A equação (4) quer significar que P não
influi na oferta de trabalho, enquanto na equação (5) a influência
de P sobre a demanda por trabalho é tão importante quanto o
nível do salário nominal.

4
Para os nossos propósitos aqui, é indiferente adotarmos a hipótese clássica ou keynesiana.

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A visualização gráfica dessas duas funções exige uma certa


“concessão” do estudioso. A rigor, tecnicamente, seria difícil
justificar a inclusão dessas duas funções num gráfico de duas
variáveis, de vez que elas estão medindo coisas diferentes. Mas,
para fins de análise, a verificação do efeito combinado de uma
alteração no nível de preços sobre a curva de demanda e de oferta
de trabalho torna-se mais evidente quando colocadas as duas
funções num mesmo gráfico.
A Figura 5 retrata as duas funções, de demanda e de oferta
de mão-de-obra, de acordo com as hipóteses descritas acima,
estando o mercado de trabalho em equilíbrio ao nível do salário
nominal W0, havendo L0 homens empregados. Se, por qualquer
razão, houver um aumento de preços para P1, as firmas verão
suas receitas aumentarem e aumentarão sua demanda por mão-
de-obra para qualquer nível de salário nominal – o que implica um
deslocamento da curva de demanda para a direita.

SL

W2
W1
W0
DL(P2)
DL(P1)
DL(P0)
L0 L1 L2 L
Figura 5

Para atender a este aumento na demanda por trabalho, os


trabalhadores, conforme nossa hipótese, exigirão um aumento de
salário de W0 para W1 e o emprego cresce para L1. Note-se que, se
os trabalhadores não exigissem aumentos de seus salários
nominais o novo nível de emprego, ao nível do salário W0,
chegaria a L2.

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Caso o nível de preços se eleve a P2, o mesmo processo se


repete, e o salário nominal sobe para W2, e o nível de emprego
aumenta até L2.
Observe-se que embora tenha havido um aumento do
salário nominal em W1 e W2, estes dois salários representam um
salário real menor que o inicial, já que houve um aumento no nível
de emprego. Esse aumento do nível de emprego provocará um
aumento no nível do produto ofertado da economia.
Temos, agora, todo o instrumental à mão necessário para
analisarmos o processo inflacionário com origem do lado da
demanda. Assim, vamos considerar que a economia se encontra
em equilíbrio – no sentido de que a oferta agregada é igual à
demanda agregada – aos níveis de P0, W0, L0, r0, Y0, conforme
aparece na Figura 6.
Suponha, agora, que o produto corrente de equilíbrio (Y0)
situa-se abaixo do nível do produto de pleno emprego e que o
governo decida adotar uma política fiscal expansionista –
aumentando seus gastos, digamos, em ∆G – no intuito de reduzir
a taxa de desemprego da economia. Como resultado, a curva IS se
desloca para a direita até, digamos, IS1. Conseqüentemente, a
curva de demanda agregada se desloca para DA1 e, agora, ao nível
de P0, há um excesso de demanda agregada sobre o produto
ofertado igual a Y1 – Y0 – o que faz com que os preços comecem a
subir. Já vimos, na Aula 10 do curso online de Economia I, os
desdobramentos desse processo: o aumento de preços reduz a
oferta real de moeda, deslocando a curva LM para LM1, elevando a
taxa de juros e daí reduzindo o nível dos investimentos e,
conseqüentemente, o novo nível da demanda agregada até Y2
(Figura 6a). No mercado de trabalho, o aumento dos preços reduz
o salário real, provocando um aumento da demanda por trabalho
(deslocamento da DL para a direita). Esse deslocamento da curva
DL provoca uma aumento do salário nominal, e o emprego
aumenta até L1 a um salário nominal (mas não o real) mais alto
Figura 6b). Esse aumento do emprego elevará, por sua vez, o nível
do produto ofertado, implicando um deslocamento ao longo da
curva de oferta agregada, OA, no gráfico Y-P, conforme se pode
ver na Figura 6c.
r IS1
LM1

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IS0
LM0
r2
r1
r0

(a) Y0 Y1 Y2 Y

SL

W2
W0
DL2 (P2)

DL1 (P0)

(b) L0 L2 L

P
OA

P2
P0

DA1
DA0

(c) Y0 Y2 Y1 Y

Figura 6
Vale observar que o nível de preços continua se elevando
enquanto houver excesso de demanda, ou seja, até que os preços

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atinjam P1. Ao final desse processo de ajustamento, o aumento


exógeno inicial da demanda agregada terá provocado um aumento
no nível de preços, o nível de emprego se elevou (como queria o
governo, aliás), o salário nominal (mas não o real) estará mais
alto, a taxa de juros estará, também, mais alta e o produto de
equilíbrio ter-se-á elevado para Y2.
Esses, em síntese, os efeitos de um processo inflacionário
originário do lado da demanda agregada. Vejamos, agora, uma
inflação originária do lado da oferta, também, chamada inflação de
custos.

7. Inflação de custos

Diz-se que uma economia enfrenta uma inflação de custos


quando os preços se elevam independentemente de pressões da
demanda por bens e serviços. Esse fenômeno decorre,
geralmente, como já foi visto, dos chamados choques de oferta,
traduzidos na “inflação importada”, ou em quebras de safras
agrícolas, sendo também um fenômeno bastante comum numa
economia onde existem grupos monopolísticos ou oligopolísticos
com razoável poder barganha, como é o caso da indústria
automobilística, do cimento, etc e de sindicatos trabalhistas
fortemente organizados.
Nessas situações, a inflação é debitada às atividades desses
grupos que são capazes de obter, conforme o caso, aumentos de
salários ou de lucros, sem que se verifiquem pressões de demanda
no mercado de trabalho e no mercado de produtos. No caso dos
salários, os aumentos obtidos são transmitidos aos preços através
de um mark-up de preços sobre os custos salariais por unidade de
produto; no caso dos lucros, a inflação é provocada pelo aumento
do próprio valor do mark-up5.

A hipótese mais simples do mark-up pode ser algebricamente


definida por:

5
Mark-up corresponde, na prática, a um percentual de lucros calculado sobre os custos diretos de produção
(basicamente mão-de-obra e matérias-primas).

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P = W/m (1 + π) (6)
onde, P é o preço por unidade de produto
W é o nível do salário
m é a produtividade média do trabalho (= Q/L)
w é o custo salarial por unidade de produto (= W/m)
π é o percentual de mark-up sobre os custos salariais.

Da equação acima, tem-se que6:

dP/P = dW/W – dm/m + dπ/1+ π) (7)

A expressão (7) diz simplesmente que a taxa de variação dos


preços é igual à taxa de variação dos salários menos a taxa de
variação da produtividade do trabalho mais a taxa de variação de
(1 + π). Se o percentual do mark-up é fixo, então a taxa de
inflação será simplesmente a diferença entre a taxa de variação
salarial e a taxa de crescimento da produtividade do trabalho.
Para se descrever o processo de uma inflação de custos,
imagine-se que os trabalhadores, por uma razão qualquer, exijam
um reajuste salarial – o que se traduz num deslocamento da curva
de oferta de trabalho para a esquerda, até, digamos, SL1 (Figura
7b). Ao nível de preços P0, o nível de emprego ser reduz de L0 para
L1 – provocando, em conseqüência, uma queda no produto
ofertado para Y1, traduzido no deslocamento da curva de oferta
agregada para SL1, conforme ilustrado na Figura 7c.
Agora, ao nível de preços P0, verifica-se um excesso de
demanda agregada sobre o produto ofertado igual a Y0 – Y1, o que
causa uma elevação dos preços. Esse aumento dos preços, por sua
vez, reduz a oferta real de moeda (Ms/P), deslocando a curva LM
para LM1 e elevando a taxa de juros para r1 (Figura 7a). Daí, a
demanda por investimento se reduz, diminuindo a demanda
agregada ao longo da curva D0 (Figura 7c).

r LM1

6
Sabendo que a maioria de nossos alunos não têm boa formação matemática, temos evitado ao máximo o uso
de cálculos em nossas Aulas. Mas, vez por outra, isso se torna inevitável...

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LM0
ro
r2
r1

IS

(a) Y 1 Y0 Y

W SL1
SL0
W1
W0

DL1
DL(P0)

(b) L1 L2 L0 L

P
OA1
OA0

P1

P0

DA0

(c) Y1 Y2 Y0 Y

Figura 7
Do lado da oferta, a elevação dos preços provoca um
aumento na demanda das firmas por mão-de-obra, deslocando a
curva DL para a direita. Haverá, assim, um acréscimo no nível de

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emprego, de L1 para L2, implicando um aumento na oferta


agregada de bens e serviços de Y1 para Y2.
Desse modo, a elevação de preços reduz o excesso de
demanda ao longo da curva DA, ao mesmo tempo em que
aumenta a oferta agregada ao longo da curva OA1. Ao nível de
preços P1, o excesso de demanda foi eliminado, os produtos
ofertado e demandado estão novamente em equilíbrio ao nível Y2,
enquanto o nível de emprego situa-se, agora, em L2.

8. Algumas observações finais

Este aumento de preços provocado por um deslocamento


para a esquerda da curva de oferta agregada da economia é
comumente associado à inflação de custos. Como se pode
verificar, ao contrário da inflação de demanda, a inflação de custos
reduz o nível de emprego e o nível de produto de equilíbrio.
Um ponto importante a observar é que, tanto do lado da
demanda como do lado dos custos, a inflação possui uma natureza
auto-eliminadora, se deixada por conta das forças de mercado. Em
ambos os processos, a elevação de preços ocorreu, a rigor, devido
ao excesso de demanda sobre a oferta. Ora, a análise aqui descrita
mostrou que a própria elevação de preços desencadeia uma série
de mudanças nas variáveis que afetam tanto os componentes da
demanda agregada (r, Ms/P), como a oferta agregada (W, P, etc.)
de tal modo que um novo equilíbrio é alcançado com a eliminação
do excesso de demanda.
Se isso é fato, resta a pergunta: por que, em geral, uma vez
desencadeado o processo inflacionário, a inflação tende a se
perpetuar, às vezes até se agravando?
A resposta residiria no que se tem denominado política de
validação, adotada quase sempre pelos governos. Essa política se
materializa em adoção pelo governo de políticas fiscal e monetária
expansionista, na tentativa de elevar o nível de emprego da
economia. Tais políticas, como já sabemos, deslocam as curvas IS
e LM para a direita, provocando aumentos contínuos dos preços.
Esses aumentos de preços deslocam a curva de oferta de trabalho
para a esquerda, causando desemprego, o que exigirá novas

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medidas fiscais e monetárias expansionistas por parte do governo,


entrando-se no círculo vicioso de preços e salários em permanente
elevação.
Ao adotar tal política, o governo estará sancionando a
elevação dos preços e criando obstáculos cada vez maiores ao
controle da inflação.
* * *
Com essas considerações, encerramos esta nossa Aula 1, sobre inflação. Os
pontos mais importantes analisados aqui foram: as principais causas de inflação de
demanda, os choques de oferta e a inflação de custos, um modelo simples de
inflação de demanda e dois modelos mais analíticos de inflação de demanda e de
custos.
Na próxima Aula, a de n° 2, o tema será, de certa forma, uma continuação
deste, quando abordaremos o tópico “Inflação e desemprego: a Curva de Phillips”
– que mostra um modelo de inflação híbrida que incorpora elementos causais tanto
do lado da demanda como do lado dos custos.
A seguir, no Anexo 1, e como complemento, apresentamos uma abordagem
da inflação de demanda vista analisada através da Teoria Quantitativa da Moeda.
_________________________

A N E X O 1:
A Teoria Quantitativa da Moeda e a Inflação de Demanda

O teste clássico para se verificar a existência de excesso de demanda agregada seria


dado pela Teoria Quantitativa da Moeda – que mostra o elo de ligação entre variações na
quantidade de moeda existente num dado momento na economia e o nível de preços. Se, ao
nível de renda de pleno emprego, os preços variam proporcionalmente às variações na
quantidade de moeda, obtém-se um razoável indicador da presença de inflação de demanda.
Essa relação entre quantidade de moeda ou de meios de pagamento e o nível de
preços é derivada da conhecida “equação das trocas” clássica, que pode ser assim expressa:
MV = PY (1)
onde, M = quantidade de moeda ou de meios de pagamento existente na economia;
V = velocidade-renda de circulação da moeda;
P = nível médio dos preços; e
Y = renda real ou produto físico.

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Como está expressa, a equação (1) nos diz meramente que o valor das compras é
igual ao valor das vendas. Nesses termos, dir-se-ia que a equação das trocas é uma
tautologia, isto é, está afirmando o óbvio. Para transformar essa equação numa teoria de
determinação dos preços em geral, os clássicos foram adiante e supuseram que V e Y são
constantes no curto prazo, sob o argumento de que a velocidade da moeda reflete os hábitos
de compra da população e a tecnologia de compensação bancária – fatores estes que não
não mudam no curto prazo, digamos, em seis meses – enquanto Y reflete a capacidade
instalada da economia – o que também não muda no curto prazo – estando a economia, na
suposição, no pleno emprego.
Assim, com essas duas restrições a respeito dos valores de V e de Y, a teoria
quantitativa clássica torna-se a melhor representação de um modelo puro de inflação de
demanda, predizendo que o nível de preços subirá proporcionalmente a um aumento da
oferta monetária. A expansão monetária torna-se, então, o fator causal do processo
inflacionário.
Observe-se que a hipótese de V constante implica supor que a demanda por moeda é
uma função constante ou pelo menos estável do nível de renda, isto é,
Md = kPY (2)
onde,
k = 1/V
No entanto, uma corrente de economistas, geralmente associados à teoria
keynesiana, costuma fazer restrições à essa associação direta entre expansão monetária e
aumentos automáticos dos preços, argumentando que a hipótese de uma demanda por
moeda estável tinha uma certa lógica numa época em que a única função da moeda era a de
servir como meio de pagamento. No entanto, com o desenvolvimento do mercado de títulos
e o posterior reconhecimento de que parte da demanda por moeda é explicada por motivos
especulativos (à feição keynesiana), dificilmente se poderia sustentar a tese de uma função
demanda por moeda estável e conseqüentemente de V estável. Isso porque, sendo a
demanda por moeda para especulação uma função da taxa de juros, a demanda agregada
por moeda oscilaria toda vez que a taxa de juros se alterasse. Assim, para se manter a
igualdade expressa na equação (1), a velocidade , V, da moeda teria que se alterar.
Esse ponto pode ser facilmente verificando que o equilíbrio do setor monetário
ocorre quando

Ms = Md = M (3)
onde,
Ms é a oferta monetária e,
Md é a demanda total por moeda.
Substituindo Md (dado pela equação (3)) na equação (1), temos:

MdV = PY

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ou,
V =PY/Md (4)

Assim, sendo Md variável em função das alterações na taxa de juros, V torna-se


altamente adaptável. Nesse sentido, concluem aqueles críticos, a relação direta entre
aumentos na oferta monetária e conseqüentes aumentos no nível geral de preços deixa de
ser tão automática como previsto pela teoria clássica.
De toda forma, essa é apenas uma questão preliminar neste modelo introdutório de
inflação de demanda. Na realidade, um processo inflacionário, seja qual for sua origem,
exige um tratamento mais abrangente e mais analítico, enfocando não só suas causas mas,
também, seus principais efeitos nos vários setores da economia. Os modelos analíticos de
inflação de demanda e de custos apresentados anteriormente mostraram justamente isso.
_________________________

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“A arte de ensinar Economia de uma maneira simples,


sem mistérios”. De Maria Eulália, uma ex-aluna.

AULA 2: INFLAÇÃO E EMPREGO: -A CURVA DE


PHILLIPS

Esta nossa Aula 2 – do curso de Economia II – junta


dois tópicos do programa de Economia do AFRFB: Inflação e
emprego e a Curva de Phillips. Na realidade, são dois tópicos
sobre o mesmo tema. A Curva de Phillips, como veremos
aqui, nada mais é que uma relação entre taxas de inflação e
taxas de desemprego. Trata-se de um tema interessante e
de fácil assimilação, com o qual você não deverá ter
nenhuma dificuldade em aprender. Vamos lá, então!

1. Introdução

A partir do final da década de 50, o enfoque analítico do


processo inflacionário tem-se deslocado de modelos puros de
inflação de demanda e/ou de custos para os chamados “modelos
híbridos” ou mistos, que incorporam elementos explicativos tanto
do lado da oferta como do lado da demanda.
Nesses modelos, a inflação geralmente é debitada às exigências
dos sindicatos trabalhistas, mas, no mais das vezes, tais
exigências são influenciadas pela pressão de demanda no mercado
de trabalho.
Se a economia está “aquecida”, o mercado de trabalho se torna
“apertado” e, assim, os trabalhadores batalharão por aumentos
salariais mais elevados. Mas, caso o mercado de trabalho esteja
“frouxo”, devido a uma crise econômica ou recessão, por exemplo,
as exigências dos sindicatos se tornam mais brandas, reduzindo
seu poder de pressão.

O mais familiar modelo de inflação híbrida é caracterizado pela


Curva de Phillips – que, em sua versão original, relaciona a taxa

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percentual de variação de salários nominais ∆W/W com a taxa


percentual de desemprego (U%), taxa esta que reflete o nível de
pressão de demanda no mercado de trabalho. A Figura 1 mostra a
Curva de Phillips na sua versão original.

∆%W

8%

2% µn% µ%

Figura 1

O eixo vertical da Figura 1 mostra a taxa de variação


percentual de salários (∆%W) e, o eixo horizontal, a taxa de
desemprego (µ%). Já µn% representa a chamada taxa natural de
desemprego da economia – um conceito que será visto um pouco
mais à frente.
A Figura 1 ilustra o fato de que, estando o mercado de trabalho
“apertado” – isto é, com baixa taxa de desemprego, como é o caso
da taxa de 2% - os trabalhadores têm condições de obter maiores
reajustes de salários (8%, neste caso).
A curva de Phillips - assim chamada em homenagem ao
economista inglês Arthur W. Phillips que, pioneiramente, publicou
em 1958 o resultado de uma pesquisa sobre inflação e taxas de
desemprego na Grã-Bretanha - ilustra o fato de que níveis
relativamente baixos de desemprego – coincidentes com níveis
relativamente altos de demanda agregada por bens e serviços -
fazem com que os trabalhadores exijam (e consigam) maiores
reajustes do salário nominal, surgindo, assim, elementos de
inflação de custo. Deste modo, o componente “alta demanda

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agregada por bens e serviços” junto com esses aumentos de


custos (aumentos salariais) pressionam os preços para cima – e
por isso, a curva de Phillips caracteriza um modelo híbrido de
inflação.
Do mesmo modo, esta curva mostra que durante períodos de
altas taxas de desemprego, os reajustes salariais são baixos,
quando não nulos, já que demanda por bens e serviços está
“fraca” e os sindicatos trabalhistas não têm condições de
reivindicar reajustes salariais.
Em termos dinâmicos, diz-se que existe um “trade-off” (troca)
entre a taxa de aumento do salário nominal e o nível de pressão
de demanda. O argumento subjacente é que um excesso de
demanda por bens e serviços, principalmente se for acompanhado
de elevações de preços, conduzirá a um excesso na demanda por
trabalho, fazendo com que os sindicatos obtenham aumentos dos
salários nominais. Este aumento salarial será tanto maior quanto
maior for o excesso de demanda no mercado de produtos.

2. A Curva de Phillips transformada

Observe-se que a versão original da curva de Phillips


relacionava a taxa de variação de salários nominais no eixo
vertical com a taxa de desemprego no eixo horizontal. Ocorre que,
de uma forma geral, a taxa de variação salarial corresponde à
soma da taxa de inflação mais a taxa média de crescimento da
produtividade - situando-se esta última geralmente em torno de
2% ao ano, o que, a bem da verdade, em períodos de altas taxas
de inflação, pouco representam nos aumentos salários. Em outras
palavras, os reajustes dos salários nominais seguem, grosso
modo, a taxa de inflação.
Se assim é, podemos substituir no eixo vertical a taxa de
variação dos salários nominais pela taxa de inflação, resultando
daí a chamada “versão transformada” da curva de Phillips. É esta
versão que tem sido objeto de estudos e debates.

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∆%P

7%

2% µn% µ%

Figura 2

Na realidade, esta versão modificada da curva de Phillips


mostra o nível de inflação que prevaleceria na economia para
diferentes níveis de desemprego. Como mostra a Figura 2, esta
curva é negativamente inclinada, refletindo o fato de que a níveis
baixos de desemprego (ou, visto de outra forma, elevada
demanda agregada por bens e serviços), os fatores que
pressionam a demanda fazem com que aumentem, também, os
fatores que pressionam os custos (reivindicações trabalhistas por
maiores salários), elevando a inflação. De outro lado, a altos
níveis de desemprego, os fatores que pressionam os custos são
arrefecidos, reduzindo-se as pressões inflacionárias.
Observe-se que o ponto em que a curva intercepta o eixo
horizontal representa a taxa de desemprego existente quando o
mercado de trabalho está em equilíbrio – conhecida na literatura
econômica como a taxa natural de desemprego (Un%) - sendo
este nível de desemprego constituído de indivíduos que estão
desempregados por condições estruturais1 e friccionais do
mercado de trabalho. De outra parte, a curva nunca intercepta o
1
-Diz-se que há desemprego estrutural quando, mesmo havendo vagas nas empresas, seu
preenchimento é impossibilitado pelo fato de a mão-de-obra ofertada não possuir os requisitos ou
qualificações exigidas. No caso dos países em desenvolvimento, esse conceito pode ser ampliado de
forma a incluir, também, aqueles indivíduos que sempre estiveram desempregados pelo simples fato
de que a economia é incapaz de gerar empregos suficientes para absorvê-los todos, decorrendo daí a
economia informal (biscateiros, camelôs, etc.).
Já o desemprego friccional é caracterizado pelos indivíduos que estão em processo de
transferência de um para outro emprego, isto é, momentaneamente desempregados, incluindo
também aí aqueles que estão chegando, agora, no mercado de trabalho e começando a procurar seu
primeiro emprego.

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eixo vertical, devido à existência permanente do desemprego


friccional.
Vista nessa sua versão transformada, com variações de
preços no eixo vertical, a Curva de Phillips parece oferecer à
autoridade econômica um “menu de escolhas” entre dois demônios
que ela gostaria de evitar a todo custo: a inflação e o desemprego.
De fato, observando-se a Figura 2, a curva mostra que existe um
“trade-off” entre os dois demônios, e movendo-se ao longo da
mesma pode-se ter ou mais inflação com menos desemprego ou
(quase) nenhuma inflação porém com uma taxa mais alta de
desemprego.
Matematicamente, a Curva de Phillips pode ser expressa
assim:
Л = -ß(µ - µn) (1)

onde, Л é a taxa de inflação;


ß é a elasticidade da inflação em relação aos desvios da taxa
de desemprego vigente em relação à taxa natural de desemprego;
µ é a taxa de desemprego prevalecente na economia;e,
µn é a chamada taxa natural de desemprego (isto é, a taxa
de desemprego compatível com o pleno emprego).
Note-se que, quando a taxa de desemprego vigente for igual
à taxa natural, a inflação é zero. A inflação será positiva se o
desemprego estiver abaixo da taxa natural, como no caso de U1%
que leva a inflação para 7%, e será negativa (deflação), se o
desemprego estiver acima daquela taxa.
Considerando que as condições de troca entre desemprego e
inflação não parecem política e economicamente atraentes, a
“melhor” solução de política econômica estaria na tentativa de
deslocar a Curva de Phillips para a esquerda através de políticas
de formação e de aperfeiçoamento de mão-de-obra - o que
reduzirá o desemprego estrutural - além de políticas que facilitem
uma maior mobilidade setorial ou mesmo regional da mão-de-obra
desempregada.
Essas deduções retiradas da Curva de Phillips orientaram a
política econômica – notadamente na Inglaterra e nos Estados
Unidos – por mais de uma década. Nesse período, caso se julgasse

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que a taxa de desemprego estava em um nível relativamente alto,


o governo adotava uma política econômica expansionista que
reduzia a taxa de desemprego, mas à custa de uma maior taxa
(porém aceitável) de inflação.
No entanto, já na segunda metade da década de 60, notava-se
que algumas economias desenvolvidas enfrentavam o fenômeno
da “estagflação”, isto é, pouco ou nenhum crescimento da
produção nacional acompanhada, porém, de taxas de inflação
acima da média histórica.
Tal fato, em si, reduziu a importância da Curva de Phillips - e
seu trade-off implícito, dando margem ao surgimento de críticas e
contestações acadêmicas quanto à sua eficácia como orientadora
de política econômica. A crítica mais contundente e mais
comumente conhecida nos meios acadêmicos partiu dos eméritos
professores Milton Friedman e Edmund S. Phelps que
desenvolveram o chamado “modelo de expectativas inflacionárias”,
cujas linhas básicas são a seguir desenvolvidas.

3. O modelo de expectativas inflacionárias e a tese


aceleracionista.

Como foi dito acima, ao final da década de 60, alguns


economistas começaram a questionar conclusões tiradas da Curva
de Phillips, duvidando de que a autoridade econômica, de fato, se
defronte com as alternativas de inflação ou desemprego, ou seja,
se, de fato, uma taxa menor de desemprego pode ser “comprada”
ou “trocada” por uma taxa mais elevada de inflação. O expoente
maior desses críticos foi o Professor Friedman, da Universidade de
Chicago, e é dele que tomamos o argumento contrário às
prescrições derivadas da curva de Phillips.
Assim, a crítica do Professor Friedman começa por afirmar que
existe um erro crasso na Curva de Phillips original, uma vez que
seu autor analisou a variação dos salários nominais quando
deveria ter considerado a variação dos salários reais. Apoiando-se
na escola clássico-monetarista, Friedman argumenta que os
ajustamentos no mercado de trabalho se dão em função do salário

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real e não do salário nominal. A falha de Phillips, ao tomar salários


nominais, diz ele, reflete a influência keynesiana então em voga.

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4. A equação da Curva de Phillips e a tese


aceleracionista

Vejamos o que, de fato, está por trás do argumento desses


críticos: Já sabemos que os preços se alteram em decorrência de
deslocamentos das curvas de demanda e de oferta agregadas. No
caso da curva de demanda agregada, seus deslocamentos são
fruto de medidas de política econômica – expansão dos gastos do
governo, redução de impostos e expansões da oferta monetária.
Quanto à curva de oferta agregada, seus deslocamentos
geralmente decorrem dos chamados “choques de oferta”,
traduzindo estes em aumentos de custos de produção, tais como
os choques do petróleo dos anos 70, as quebras agrícolas,
aumentos de “margens de lucro” (mark-up), aumentos dos preços
das matérias-primas e, notadamente, aumentos de salários acima
da taxa de aumento da produtividade. Vamos tomar os aumentos
de salários como a principal causa do deslocamento da curva de
oferta agregada (OA) - no caso para a esquerda1.
Esse deslocamento da curva (OA) para a esquerda significa
que, com um aumento de salários, os mesmos níveis de produção
só serão oferecidos a um preço mais alto, ou seja, a um preço
que compense o aumento do custo em que se incorre para cada
nível de produção. Este deslocamento da curva de oferta agregada
para cima e para a esquerda está ilustrado na Figura 3, a seguir:

1
Atente-se que pode ocorrer, também, choques de oferta positivos, de redução de custos – o que
deslocaria a curva de oferta para a direita.

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P
OA1

P1 OA0

P0
DA

Y1 Y0 Y
Figura 3

Vamos, agora, estabelecer um padrão de comportamento


para a evolução dos salários ao longo do tempo. Por hipótese,
podemos imaginar uma situação em que os salários do período t
são negociados no período t-1 e esta negociação está
condicionada a duas variáveis: o nível do desemprego e a taxa
esperada de inflação para o tempo t, já que os assalariados têm
duas preocupações básicas: a manutenção do emprego e a defesa
do poder de compra dos seus salários.
Neste contexto, quanto maior for a taxa de desemprego no
período t-1, menor será o reajuste dos salários no período t; e
quanto maior a expectativa de aumento de preço entre t-1 e t,
maior deve ser o reajuste de salários em t. Matematicamente, esta
conclusão pode ser facilmente representada pela seguinte
equação:

Л = Лe -ß(µ - µn) (2)


e
onde, Л é a taxa de inflação esperada.

Pela equação (2), a taxa de inflação em dado período depende


de quanto os agentes econômicos esperam de inflação e do nível
da atividade econômica. Em outras palavras, pode ocorrer inflação
simplesmente porque os agentes acreditam que haverá inflação.

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Mas, como os indivíduos formam suas expectativas? Existem


duas correntes explicativas: as chamadas expectativas adaptadas
e as expectativas racionais.
De acordo com a versão das expectativas adaptadas ou
adaptativas, a inflação esperada para o período t é o resultado
de uma média ponderada da inflação observada nos últimos anos.
Já a corrente das expectativas racionais considera que os
agentes econômicos não olham o passado, mas as informações
disponíveis no presente. Para formar suas expectativas sobre a
inflação futura, o indivíduo não incorre em erros sistemáticos, e
aprende com os erros passados, incorporando essa informação às
suas expectativas.
Feitas estas considerações, voltemos às críticas e
argumentos do Professor Friedman:

5. A Curva de Phillips de longo prazo

Friedman argumenta que a curva de Phillips que nós


observamos é uma curva traçada historicamente quando os
indivíduos nunca sabiam que taxa de inflação esperar. A
possibilidade de escolha entre inflação e desemprego só existiria
no curto prazo e na medida em que exista um ajustamento
defasado dos salários em relação aos preços. Porém, quando os
trabalhadores começam a perceber e a esperar uma elevação de
preços, eles passam a lutar por reajustes salariais em montante
equivalente à taxa esperada de inflação.
A visão de Friedman, como se pode deduzir facilmente, é
inteiramente dentro da análise da escola clássica que afirma que o
mercado de trabalho funciona em termos de salários reais – tanto
do lado da demanda por trabalho (da parte das empresas), como
da parte da oferta de trabalho (da parte dos trabalhadores).
Seguindo esse raciocínio, qualquer tentativa governamental de
reduzir o nível de desemprego através de ativação da demanda
agregada que conduza a mais inflação resultará fatalmente numa
inflação em permanente aceleração, pois uma vez que se criam
expectativas inflacionárias no sistema econômico, os trabalhadores
exigirão novos reajustes salariais, retornando o salário real aos

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níveis anteriores e, portanto, não propiciando o aumento do nível


de emprego.
O desenvolvimento deste processo de ajustamento desloca a
Curva de Phillips para a direita anulando o trade-off supostamente
existente no curto prazo. A repetição deste processo por algum
período de tempo vai mostrar que a Curva de Phillips de longo
prazo é vertical.
Negando a possibilidade (no longo prazo) do trade-off implícito
na Curva de Phillips tradicional, este modelo de expectativas
inflacionárias afirma que é impossível conduzir a atividade
econômica a níveis mais altos de emprego do que a assim
chamada taxa natural de desemprego sem gerar uma inflação
em aceleração. Esta taxa é determinada no ponto em que a curva
de Phillips é vertical.
Analiticamente, a taxa natural de desemprego é aquela taxa
de desemprego que poderia ser chamada de nível de desemprego
de equilíbrio a longo prazo quando a economia se desenvolve
normalmente ao longo de seu curso de expansão de longo prazo.
Esta taxa – como já foi visto - é composta pelo desemprego
friccional - existente em qualquer momento na economia, - e pelo
desemprego estrutural, concorrendo para estes tipos de
desemprego as condições estruturais do mercado de trabalho e de
produtos.
O desenvolvimento do processo que conduz, no longo prazo, a
uma curva de Phillips vertical pode ser assim descrito:
Dada a “taxa natural” de desemprego, aparentemente só é
possível reduzir o desemprego de fato temporariamente, com
políticas expansionistas que elevam a demanda agregada – o que
provoca uma elevação dos preços e conseqüentemente redução
dos salários reais. Este aumento na demanda por produtos e a
queda do salário real levam as firmas a demandarem mais mão-
de-obra, reduzindo-se temporariamente o desemprego para um
nível menor que a “taxa natural”.
Do lado dos trabalhadores, no entanto, sua oferta de trabalho
será afetada não só pela maior demanda das firmas, mas,
principalmente, pela elevação dos preços, levando-os a exigirem
aumentos salariais compensatórios.

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U%
Curva de Phillips
P
de longo prazo

P2

P1

µ1 µn µ%

Figura 4

O aumento obtido dos salários nominais faz com que os


salários reais retornem a seus níveis anteriores, provocando
conseqüentemente um retorno do desemprego ao nível da “taxa
natural”, porém, agora, com uma inflação mais alta. Novas
tentativas de redução do desemprego através do mesmo
mecanismo já descrito provocará contínuas elevações de preços,
deslocando a curva de Phillips de curto prazo para a direita,
sucessivamente, conforme ilustrado na Figura 4.

6. Conclusões

De tudo o que foi dito, tira-se uma única conclusão: o preço


de se reduzir o nível de desemprego abaixo da “taxa natural” é
uma inflação em permanente aceleração, dado que, a cada
“rodada”, os trabalhadores, na expectativa de mais e mais
inflação, revisarão para cima suas exigências salariais,
prosseguindo-se o processo indefinidamente.
A rigor, concluiriam os defensores da tese aceleracionista, a
escolha não é entre inflação e desemprego, mas entre desemprego

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abaixo da “taxa natural” e uma inflação em permanente


aceleração. A conclusão que se tira da análise da Figura 4 é que a
curva de Phillips de longo prazo é vertical, não existindo o
suposto “trade-off” entre taxas de inflação e desemprego.
A título de conclusão, no entanto, vale registrar que ainda há
os que defendem a tese espelhada na curva de Phillips. Para esses
economistas, políticas de demanda expansionistas, que elevam os
preços e reduzem o desemprego no curto prazo, acabam por ter
efeito positivo no longo prazo na medida em que os indivíduos que
obtêm emprego se tornam mais qualificados, provocando uma
redução do nível de desemprego estrutural e, portanto, deslocando
a curva de Phillips para a esquerda.
* * *
Com isso, encerramos nossa Aula 2 de Economia II. Nesta Aula nós
abordamos a questão da inflação e do desemprego, cujo modelo mais
expressivo é a Curva de Phillips.
Nossa próxima Aula – a de n° 3 – versará sobre a Economia
Intertemporal.Até lá, então!
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4. A equação da Curva de Phillips e a tese


aceleracionista

Vejamos o que, de fato, está por trás do argumento desses


críticos: Já sabemos que os preços se alteram em decorrência de
deslocamentos das curvas de demanda e de oferta agregadas. No
caso da curva de demanda agregada, seus deslocamentos são
fruto de medidas de política econômica – expansão dos gastos do
governo, redução de impostos e expansões da oferta monetária.
Quanto à curva de oferta agregada, seus deslocamentos
geralmente decorrem dos chamados “choques de oferta”,
traduzindo estes em aumentos de custos de produção, tais como
os choques do petróleo dos anos 70, as quebras agrícolas,
aumentos de “margens de lucro” (mark-up), aumentos dos preços
das matérias-primas e, notadamente, aumentos de salários acima
da taxa de aumento da produtividade. Vamos tomar os aumentos
de salários como a principal causa do deslocamento da curva de
oferta agregada (OA) - no caso para a esquerda1.
Esse deslocamento da curva (OA) para a esquerda significa
que, com um aumento de salários, os mesmos níveis de produção
só serão oferecidos a um preço mais alto, ou seja, a um preço
que compense o aumento do custo em que se incorre para cada
nível de produção. Este deslocamento da curva de oferta agregada
para cima e para a esquerda está ilustrado na Figura 3, a seguir:

1
Atente-se que pode ocorrer, também, choques de oferta positivos, de redução de custos – o que
deslocaria a curva de oferta para a direita.

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P
OA1

P1 OA0

P0
DA

Y1 Y0 Y
Figura 3

Vamos, agora, estabelecer um padrão de comportamento


para a evolução dos salários ao longo do tempo. Por hipótese,
podemos imaginar uma situação em que os salários do período t
são negociados no período t-1 e esta negociação está
condicionada a duas variáveis: o nível do desemprego e a taxa
esperada de inflação para o tempo t, já que os assalariados têm
duas preocupações básicas: a manutenção do emprego e a defesa
do poder de compra dos seus salários.
Neste contexto, quanto maior for a taxa de desemprego no
período t-1, menor será o reajuste dos salários no período t; e
quanto maior a expectativa de aumento de preço entre t-1 e t,
maior deve ser o reajuste de salários em t. Matematicamente, esta
conclusão pode ser facilmente representada pela seguinte
equação:

Л = Лe -ß(µ - µn) (2)


e
onde, Л é a taxa de inflação esperada.

Pela equação (2), a taxa de inflação em dado período depende


de quanto os agentes econômicos esperam de inflação e do nível
da atividade econômica. Em outras palavras, pode ocorrer inflação
simplesmente porque os agentes acreditam que haverá inflação.

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Mas, como os indivíduos formam suas expectativas? Existem


duas correntes explicativas: as chamadas expectativas adaptadas
e as expectativas racionais.
De acordo com a versão das expectativas adaptadas ou
adaptativas, a inflação esperada para o período t é o resultado
de uma média ponderada da inflação observada nos últimos anos.
Já a corrente das expectativas racionais considera que os
agentes econômicos não olham o passado, mas as informações
disponíveis no presente. Para formar suas expectativas sobre a
inflação futura, o indivíduo não incorre em erros sistemáticos, e
aprende com os erros passados, incorporando essa informação às
suas expectativas.
Feitas estas considerações, voltemos às críticas e
argumentos do Professor Friedman:

5. A Curva de Phillips de longo prazo

Friedman argumenta que a curva de Phillips que nós


observamos é uma curva traçada historicamente quando os
indivíduos nunca sabiam que taxa de inflação esperar. A
possibilidade de escolha entre inflação e desemprego só existiria
no curto prazo e na medida em que exista um ajustamento
defasado dos salários em relação aos preços. Porém, quando os
trabalhadores começam a perceber e a esperar uma elevação de
preços, eles passam a lutar por reajustes salariais em montante
equivalente à taxa esperada de inflação.
A visão de Friedman, como se pode deduzir facilmente, é
inteiramente dentro da análise da escola clássica que afirma que o
mercado de trabalho funciona em termos de salários reais – tanto
do lado da demanda por trabalho (da parte das empresas), como
da parte da oferta de trabalho (da parte dos trabalhadores).
Seguindo esse raciocínio, qualquer tentativa governamental de
reduzir o nível de desemprego através de ativação da demanda
agregada que conduza a mais inflação resultará fatalmente numa
inflação em permanente aceleração, pois uma vez que se criam
expectativas inflacionárias no sistema econômico, os trabalhadores
exigirão novos reajustes salariais, retornando o salário real aos

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níveis anteriores e, portanto, não propiciando o aumento do nível


de emprego.
O desenvolvimento deste processo de ajustamento desloca a
Curva de Phillips para a direita anulando o trade-off supostamente
existente no curto prazo. A repetição deste processo por algum
período de tempo vai mostrar que a Curva de Phillips de longo
prazo é vertical.
Negando a possibilidade (no longo prazo) do trade-off implícito
na Curva de Phillips tradicional, este modelo de expectativas
inflacionárias afirma que é impossível conduzir a atividade
econômica a níveis mais altos de emprego do que a assim
chamada taxa natural de desemprego sem gerar uma inflação
em aceleração. Esta taxa é determinada no ponto em que a curva
de Phillips é vertical.
Analiticamente, a taxa natural de desemprego é aquela taxa
de desemprego que poderia ser chamada de nível de desemprego
de equilíbrio a longo prazo quando a economia se desenvolve
normalmente ao longo de seu curso de expansão de longo prazo.
Esta taxa – como já foi visto - é composta pelo desemprego
friccional - existente em qualquer momento na economia, - e pelo
desemprego estrutural, concorrendo para estes tipos de
desemprego as condições estruturais do mercado de trabalho e de
produtos.
O desenvolvimento do processo que conduz, no longo prazo, a
uma curva de Phillips vertical pode ser assim descrito:
Dada a “taxa natural” de desemprego, aparentemente só é
possível reduzir o desemprego de fato temporariamente, com
políticas expansionistas que elevam a demanda agregada – o que
provoca uma elevação dos preços e conseqüentemente redução
dos salários reais. Este aumento na demanda por produtos e a
queda do salário real levam as firmas a demandarem mais mão-
de-obra, reduzindo-se temporariamente o desemprego para um
nível menor que a “taxa natural”.
Do lado dos trabalhadores, no entanto, sua oferta de trabalho
será afetada não só pela maior demanda das firmas, mas,
principalmente, pela elevação dos preços, levando-os a exigirem
aumentos salariais compensatórios.

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Curva de Phillips
P
de longo prazo

P2

P1

µ1 µn µ%

Figura 4

O aumento obtido dos salários nominais faz com que os


salários reais retornem a seus níveis anteriores, provocando
conseqüentemente um retorno do desemprego ao nível da “taxa
natural”, porém, agora, com uma inflação mais alta. Novas
tentativas de redução do desemprego através do mesmo
mecanismo já descrito provocará contínuas elevações de preços,
deslocando a curva de Phillips de curto prazo para a direita,
sucessivamente, conforme ilustrado na Figura 4.

6. Conclusões

De tudo o que foi dito, tira-se uma única conclusão: o preço


de se reduzir o nível de desemprego abaixo da “taxa natural” é
uma inflação em permanente aceleração, dado que, a cada
“rodada”, os trabalhadores, na expectativa de mais e mais
inflação, revisarão para cima suas exigências salariais,
prosseguindo-se o processo indefinidamente.
A rigor, concluiriam os defensores da tese aceleracionista, a
escolha não é entre inflação e desemprego, mas entre desemprego

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abaixo da “taxa natural” e uma inflação em permanente


aceleração. A conclusão que se tira da análise da Figura 4 é que a
curva de Phillips de longo prazo é vertical, não existindo o
suposto “trade-off” entre taxas de inflação e desemprego.
A título de conclusão, no entanto, vale registrar que ainda há
os que defendem a tese espelhada na curva de Phillips. Para esses
economistas, políticas de demanda expansionistas, que elevam os
preços e reduzem o desemprego no curto prazo, acabam por ter
efeito positivo no longo prazo na medida em que os indivíduos que
obtêm emprego se tornam mais qualificados, provocando uma
redução do nível de desemprego estrutural e, portanto, deslocando
a curva de Phillips para a esquerda.
* * *
Com isso, encerramos nossa Aula 2 de Economia II. Nesta Aula nós
abordamos a questão da inflação e do desemprego, cujo modelo mais
expressivo é a Curva de Phillips.
Nossa próxima Aula – a de n° 3 – versará sobre a Economia
Intertemporal.Até lá, então!
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“A arte de ensinar Economia de uma maneira simples, sem mistérios”.


De Maria Eulália, uma ex-aluna.

AULA 3: A ECONOMIA INTERTEMPORAL

PARTE 1: O CONSUMO

Observação importante: O tópico 6 do programa de Economia do


concurso de AFRFB – que versa sobre Economia Intertemporal - é muito
longo e muito analítico. Por isso, resolvemos dividi-lo em quatro partes: Na
Parte I, objeto desta Aula 3, trataremos do Consumo; na Parte II,
estudaremos o Investimento; na Parte III, trataremos da restrição
orçamentária do governo e a equivalência ricardiana; e, na Parte IV, vamos
enfocar o modelo de crescimento de Solow que tem sido objeto de questões
em praticamente todas as provas de Economia do AFRF.
Apenas um alerta: trata-se de assuntos um tanto “chatos” para um
aluno, principalmente quando ele não tem uma base sólida de
conhecimentos de Economia. Mas, como faz parte do programa, não temos
como evitá-los...

1. Introdução

As decisões de consumo dos indivíduos afetam a atividade econômica


como um todo, tanto no longo como no curto prazo. Para a economia, é
importante saber como as pessoas decidem quanto de seus rendimentos
eles vão consumir hoje, e quanto pretendem poupar para consumir no
futuro.
A curto prazo, decisão de consumir e de poupar é crucial para a
determinação do nível da demanda agregada, já que, de uma forma
geral, o consumo corresponde a dois terços do produto do país.
Já a longo prazo, a decisão de consumir e de poupar é importante
para a teoria do crescimento econômico. Por exemplo, no modelo de
crescimento de Solow – que estudaremos numa outra aula mais à frente
– a taxa de poupança da economia é um determinante básico de capital
e, daí, do nível de bem-estar da população. Neste modelo, a taxa de
poupança mede quanto de sua renda a geração atual está disposta a
guardar para o seu próprio futuro e para as gerações futuras.
Foi visto na Economia I que o consumo, nos modelos keynesianos, é
uma função da renda disponível - ou, C = a +bYd), onde b é a

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propensão marginal a consumir, sendo a magnitude de b o principal


determinante dos multiplicadores dos gastos autônomos.
No entanto, com o passar dos anos pós-keynes, surgiram novas
pesquisas e novas proposições teóricas sobre o consumo e seus
determinantes, contestando, na maioria das vezes, a proposta
keynesiana sobre o assunto. Nesta Aula, vamos apresentar as principais
correntes explicativas da função consumo, apresentando a versão de
três proeminentes economistas, começando, antes, por revisar a teoria
keynesiana a respeito.

2. A função consumo keynesiana – uma crítica

Como se sabe, Keynes escreveu sua famosa Teoria Geral do Juro, do


Emprego e da Moeda na primeira metade dos anos 30 do século
passado. Por falta de base estatística e de instrumentos técnicos, como
microcomputadores, por exemplo, - inexistentes àquela época, - Keynes
teve de fazer uma série de conjecturas sobre o comportamento da
função consumo, fruto mais da observação e análise do quotidiano do
que de levantamentos “científicos” dos dados.
Provavelmente, em função disso, ou seja, da falta de pesquisa
empírica, três conjecturas afirmadas por Keynes foram, mais tarde,
objeto de críticas e até mesmo contestações, a saber:
i) Keynes supôs que a propensão marginal a consumir - um dos
seus conceitos mais inovadores para a teoria econômica - situava-se
entre zero e um, afirmando que “...os homens estão dispostos, em
regra e em média, a aumentar seu consumo à medida que a renda
aumenta, mas não tanto quanto o aumento da renda”. Ou seja, se o
indivíduo ganhar 100 reais extras, ele deverá gastar uma boa parte
disso e poupar uma outra parte.
ii) Keynes achava (e afirmava) que a propensão média a consumir
– que é dada pela razão entre o consumo total e a renda disponível - cai
à medida que a renda aumenta. Em outras palavras, para ele os ricos
têm uma tendência a poupar maior que os mais pobres. E,
iii) Para Keynes, o principal determinante, se não o único, do
consumo era a renda, e que a taxa de juros não tinha praticamente
nenhum papel relevante neste processo. Essa afirmativa contrastava
frontalmente com a opinião dos economistas clássicos1.

1
Embora o período da Escola Clássica tenha se encerrado por volta de 1880, Keynes chamou de
“clássicos” todos os economistas que vieram antes dele.

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Vale ressaltar que várias pesquisas e estudos levados a efeito nos


primeiros anos após ser publicada a Teoria Geral pareciam confirmar a
validade dessas proposições keynesianas (pelo menos no curto prazo) –
o que lhes trouxe bastante sucesso nos meios acadêmicos nos seus
primeiros anos.
Ocorre que, tomando por base a função consumo keynesiana, alguns
economistas, àquela época, começaram a fazer previsões sinistras sobre
o futuro da economia capitalista, argumentando mais ou menos o
seguinte: se é fato que o consumo vai caindo à medida que a renda
cresce – ou seja, a parcela da renda destinada à poupança seria então
cada vez maior – como seria possível conseguir mais e mais projetos de
investimentos para absorver toda esta poupança, de forma que a
economia permaneça em equilíbrio? O resultado seria que, com um
consumo caindo proporcionalmente, e sendo impraticável ou mesmo
impossível substituir integralmente a poupança por gastos com novos
investimentos, a demanda agregada seria insuficiente para manter a
economia próxima do pleno emprego, decorrendo daí um estado de
recessão permanente e cada vez mais agudo.
No entanto, felizmente para a economia, não foi isso o que se
observou no período pós 2ª Grande Guerra. Embora nesse período a
produção e a renda registrassem níveis muitíssimos maiores do que nos
anos anteriores, não se observou nenhum aumento desproporcional da
taxa de poupança.
Esta tese foi reforçada pelos estudos sobre renda e consumo
desenvolvidos por Simon Kuznets, cobrindo o período de 1869 a 1940,
estudos estes que mostraram uma relação bastante estável, ao longo
dos anos, entre consumo e renda. Tais achados negavam a hipótese de
Keynes de que a propensão média a consumir cairia à medida que a
renda aumentasse.
Ficaram no ar algumas questões sem respostas, do tipo: porque as
pesquisas de curto prazo pareciam embasar a hipótese keynesiana, mas
falhavam quando se tratava de longo prazo? As conclusões indicaram
que havia, de fato, duas funções consumo: uma para o curto prazo –
que confirmava as hipóteses keynesianas sobre o consumo - e outra
para o longo prazo que, contrastando com as conjeturas de Keynes,
indicavam uma propensão média a consumir relativamente constante.
A partir dessas constatações, os economistas passaram a procurar
explicações para essa aparente contradição. Somente na década de
1950, apareceram explicações convincentes sobre essas divergências,
sendo as principais a de Franco Modigliano e a de Milton Friedman.
Antes porém de apresentarmos as explicações desses dois economistas
para aquele fenômeno, vamos examinar, primeiro, a contribuição de

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Irving Fisher para a teoria do consumo das famílias – que serviu de base
para os estudos de Modigliano e de Friedman.

3. A restrição orçamentária intertemporal das famílias –


o que é isso?

A função consumo keynesiana relaciona o consumo presente com a


renda atual, mas esta relação é um tanto incompleta. Na verdade, ao
decidirem sobre quanto consumir e quanto poupar, as pessoas levam
em conta não só o presente mas também o futuro. Quanto mais
consumirem hoje, menos poderão consumir amanhã.
A maioria das pessoas preferiria aumentar a quantidade e/ou a
qualidade dos bens e serviços que consome: comprar melhores roupas,
viajar mais, ir a bons restaurantes. Mas, sofrem uma restrição: seu
consumo é limitado pelo seu nível de renda – o que, na teoria
microeconômica é chamado de restrição orçamentária intertemporal
das famílias. Esta restrição orçamentária intertemporal mede os
recursos disponíveis para consumo hoje e no futuro.
O economista Irving Fisher desenvolveu um modelo sobre como
consumidores racionais tomam suas decisões envolvendo períodos
diferentes, isto é, envolvendo opções intertemporais. Vejamos como
funciona este modelo:
Para simplificar, vamos imaginar um consumidor que tem dois
períodos de vida: o período 1 – que corresponde à sua juventude - e o
período 2 - que representa sua velhice. No período 1, o consumidor
ganha a renda Y1 e consome C1, e, no período 2 ele ganha a renda Y2 e
consome C2 .
Assim, no período 1, a poupança (S) é igual à renda menos o
consumo. Ou seja,
S = Y 1 – C1 (1)
Já no período 2, o consumo é igual à poupança acumulada, inclusive
os juros recebidos sobre aquela poupança, mais obviamente a renda
deste período. Ou seja,
C2 = (1+r)S + Y2. (2)
onde, r é a taxa de juros real.
Assim, por exemplo, se r=10%, para cada R$ 1 de poupança no
período 1 o consumidor pode contar com um extra de R$ 1,10 de

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consumo no período 2. Vale observar que, como por hipótese só existem


2 períodos, o consumidor não poupa no período 2.
Observe mais que, se o consumo no período 1 for maior que a sua
renda neste período, o consumidor estará, então, tomando emprestado,
e sua poupança neste período é negativa.
A restrição orçamentária do consumidor pode ser obtida pela
combinação das equações (1) e (2), inclusive substituindo S da equação
(2) pelo seu valor dado na equação (1), resultando:

C2 = (1+r)(Y1-C1) + Y2 (3)

Para tornar mais fácil a interpretação da equação (3), podemos


rearranjar os seus termos, colocando do lado esquerdo os termos que
têm consumo, obtendo:

(1+r)C1 + C2 = (1+r)Y1 + Y2 (4)

Dividindo os dois lados de (4) por 1+r, temos:

C1 + C2/(1+r) = Y1+ Y2/(1+r) (5)

A equação (5) relaciona o consumo dos dois períodos com a renda


dos dois períodos. Ou seja, esta é a sua restrição orçamentária
intertemporal.
Observe que, se a taxa de juros é zero, a restrição orçamentária
mostra que o consumo total nos dois períodos é igual à renda total nos
dois períodos. Sendo a taxa de juros maior que zero, o consumo futuro
e a renda futura devem ser descontados pelo fator 1+r. Isso ocorre
porque se o consumidor ganha juros sobre a renda corrente poupada, a
renda futura vale menos que a renda corrente.
Uma análise gráfica talvez contribua melhor para o entendimento do
que é a restrição orçamentária intertemporal. A Figura 1 mostra o
máximo de renda e de consumo que o consumidor pode ter no período 1
e no período 2. No eixo horizontal, aparece, além do consumo total
possível no período 1 (C1), o máximo de renda disponível que o
consumidor poderia obter quando somamos a renda dos dois períodos,
descontada a do período 2 pelo fator 1+r. No eixo vertical, além do
consumo total possível no período 2 (C2), aparece o máximo de renda
que o consumidor poderia ter para gastar (dada pela renda do período 2
mais a eventual poupança do período 1 acrescida dos juros). O limite
máximo da renda total e do consumo total nos dois períodos
correspondem, respectivamente, aos pontos A e B. A reta que liga

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estes dois pontos constitui, então, a restrição orçamentária do


consumidor. Além daqueles dois pontos, há que se considerar ainda o
ponto A.

Consumo no
2° período, C2

(1+r)Y1 + Y2 B Restrição orçamentária


do consumidor

Y2 A
Empréstimo

Y1 Y1 + Y2/(1+r)
Consumo no 1° período, C1

Figura 1

Observe que, no ponto A, o consumidor estaria consumindo


exatamente sua renda em cada período (C1 = Y1 e C2 = Y2), não
havendo, portanto, nem poupança nem empréstimos entre os dois
períodos. No ponto B, o consumidor nada consome no primeiro período
(C1 = 0), poupando toda a renda. Assim, o consumo no segundo período
C2 é (1+r)Y1 + Y2. Já no ponto C, o consumidor não pretende consumir
nada no segundo período (C2 = 0), e toma emprestado tanto quanto
possível contra a renda do segundo período.
Resumindo o que está na Figura 1: Esta Figura mostra as
combinações de consumo no primeiro e no segundo períodos que o
consumidor pode escolher. Se ele escolhe os pontos A e B, o consumidor
consome menos que a sua renda no primeiro período e poupa o resto
para o segundo período. Se escolhe os pontos A e C, ele consome mais
do que a sua renda no primeiro período e toma emprestado para
compensar a diferença.
Vale observar que essas são apenas três das muitas combinações de
primeiro e segundo períodos que o consumidor pode se permitir. Na

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verdade, todos os pontos na linha, de B a C, estão disponíveis para o


consumidor.

4. As preferências do Consumidor e as curvas de


indiferença

As preferências do consumidor em relação ao consumo nos dois


períodos são geralmente representadas por curvas de indiferença.
Uma curva de indiferença mostra as combinações de consumo no
primeiro período e no segundo período que tornam o consumidor
igualmente satisfeito. A Figura 2 mostra duas das muitas curvas de
indiferença com que o consumidor pode se defrontar.
Vamos entender bem o que representa uma curvas de indiferença:
pontos situados sobre uma mesma curva de indiferença oferecem ao
consumidor o mesmo nível de satisfação e, portanto, para ele é
indiferente situar-se nos pontos A, B e C, da CI1. Já as curvas de
indiferença mais altas – como a CI2 - oferecem maiores combinações de
consumo e, por isso, são preferidas pelo consumidor em comparação
com as curvas mais baixas – como CI1. Assim, ele prefere o ponto D
em relação a qualquer daqueles três pontos, uma vez que D situa-se
numa curva de indiferença mais alta.

Consumo no
2° período, C2

A
B D CI2
C
CI1

Consumo no 1º período, C1

Figura 2
Uma observação importante: a inclinação em qualquer ponto da
curva de indiferença mostra o quanto de consumo no segundo período
o consumidor exige para compensar a redução de 1 unidade do
consumo no primeiro período. Esta inclinação fornece a taxa marginal

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de substituição (TMS) – taxa esta que indica o quanto o consumidor


está disposto a substituir o consumo no primeiro período pelo consumo
no segundo período.

A otimização e o equilíbrio do consumidor

Mas, em que curva de indiferença e em que ponto desta curva irá


o consumidor se situar? Para responder esta questão, temos de colocar
num mesmo gráfico a reta da restrição orçamentária e as curvas de
indiferença. O consumidor gostaria de escolher a curva de indiferença
mais alta. Mas, este desejo esbarra nos recursos ou renda de que dispõe
e que definem sua reta orçamentária.
A Figura 3 ilustra bem as escolhas com que se defronta o
consumidor. De acordo com sua restrição orçamentária, o consumidor
poderia escolher entre os pontos A, B e C. Sua escolha, logicamente,
recairá sobre o ponto C – situado sobre a CI3 – que é tangente à reta
orçamentária e que, portanto, é a mais alta curva de indiferença que ele
pode atingir. Claro que ele preferiria o ponto D, mas este ponto ou nível
de consumo não é atingível com renda de que ele dispõe.

Consumo no
2° período, C2

D
C CI4
CI3
B CI2
A CI1

Consumo no 1° período, C1

Figura 4

Em resumo, o consumidor alcança seu nível mais alto de


satisfação ao escolher o ponto da restrição orçamentária que está na

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curva de indiferença mais alta. No ponto ótimo, a curva de indiferença é


tangente à restrição orçamentária.

Note-se que no nível ótimo, isto é, no ponto C, a inclinação da curva


de indiferença é igual à inclinação da reta orçamentária – que dá a taxa
marginal de substituição TMS. Esta inclinação da reta orçamentária é
dada por 1 mais a taxa de juros real. Ou seja, no ponto C,

TMS = 1+r (6)

Duas observações importantes para nossos objetivos aqui dizem


respeito aos efeitos de eventuais variações da renda e de variações na
taxa de juros real sobre o consumo.

No caso de variações da renda, deve ficar claro que, caso ocorra um


aumento na renda do consumidor, no primeiro período ou no segundo
período, a reta da restrição orçamentária se desloca para fora e para
cima. Se o consumo nos dois períodos é de bens normais, este aumento
da renda leva o consumidor a atingir uma curva de indiferença mais
alta, indicando que o consumo desses bens se elevou nos dois períodos.
Uma das conclusões que se pode tirar da análise anterior é que,
independentemente do período em que tenha ocorrido o aumento da
renda, o consumidor estende seu consumo pelos dois períodos. Este
comportamento costuma ser chamado de nivelamento do consumo. Ou
seja, como o consumidor pode emprestar parte de sua renda ou tomar
emprestado entre um período e outro, o período da renda se torna
irrelevante para a definição do quanto ele consome.
Observe que esta conclusão é muito diferente da conclusão
keynesiana. Keynes afirmava que o consumo corrente de um indivíduo
depende em sua maior parte de sua renda presente. Já o modelo de
Fisher diz que, em vez disso, o consumo baseia-se nos recursos que
consumidor espera ter ao longo de sua vida.
Quanto às variações na taxa de juros real e seus efeitos sobre o
consumo, sabemos que o consumidor pode optar por poupar no período
1 e consumir mais no período 2, ou tomar emprestado no período 1,
aumentando seu consumo neste período e reduzindo seu consumo no
período 2 – quando vai pagar o empréstimo.
Vamos supor que o consumidor opte por poupar no primeiro período,
reduzindo, então, seu consumo neste período e aumentando sua renda
e conseqüentemente o seu consumo no segundo período. Graficamente,
isso implica um giro da reta da restrição orçamentária, interceptando o
eixo horizontal num valor menor que anteriormente, e o eixo vertical
num valor maior. Tal rotação possibilita que o consumidor atinja uma

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curva de indiferença mais alta, implicando uma nova combinação de


consumo dos dois períodos, com ligeira redução no consumo do período
1 e um maior consumo no período 2. Como a nova combinação de
consumo situa-se numa curva de indiferença mais alta, o consumidor
obrigatoriamente está mais satisfeito agora do que antes.
Apenas um detalhe: os economistas decompõem o impacto de um
aumento na taxa de juros real sobre o consumo em dois efeitos: o efeito
renda e o efeito substituição. Os manuais de microeconomia estudam
esses dois efeitos em detalhes. Mas nós aqui vamos apenas defini-los:
i) Efeito-renda: corresponde à mudança do consumo que
resulta do movimento para uma curva de indiferença mais alta.
Como sua renda, ao final dos dois períodos, será maior que
antes – devido aos ganhos com os juros reais – o consumidor
estará consumindo mais, no frigir dos ovos, do antes. Ademais,
este consumidor vai querer consumir mais nos dois períodos do
que consumia antes.
ii) Efeito-substituição: corresponde à mudança na estrutura do
consumo que resulta da mudança no preço relativo do
consumo nos dois períodos. Ou seja, o consumidor troca parte
do consumo no período 1 por mais consumo no período 2.
Observe que a composição final do consumo do consumidor
depende dos dois efeitos: ambos os efeitos atuam no sentido de
aumentar o consumo do segundo período e, com certeza, o consumo
deste período será aumentado. Já com relação ao consumo do período
1, o efeito final é incerto, pois o efeito-renda (positivo) pode mais que
compensar o efeito-substituição (negativo).
Feitas essas considerações, vamos analisar duas outras
importantes teorias sobre o consumo – desenvolvidas a partir deste
modelo de Irving Fisher - e que, de certa forma, contrastam com a
função consumo keynesiana.

5. A hipótese do ciclo da vida

Através de uma série de pesquisas e trabalhos publicados nos


anos 50, o economista Franco Modigliani, tomando por base o modelo
de comportamento do consumidor desenvolvido por Fisher, chegou à
conclusão que, diferentemente do que Keynes propôs, o consumo
depende da renda auferida pelo indivíduo ao longo da sua vida.
De fato, Modiglini observou que a renda varia sistematicamente ao
longo da vida das pessoas. Nesta situação, as pessoas poupam na época

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de renda alta (época das “vacas gordas”) e transferem esta poupança


para a época de baixa renda (época da “vacas magras”). Esta conclusão
levou-o a elaborar a sua teoria do consumo a que ele denominou de
hipótese do ciclo da vida.

O raciocínio de Modigliani é o seguinte: As pessoas, em sua


maioria, pretendem se aposentar por volta dos 65 anos. Na
aposentadoria, esperam que sua renda caia bastante, provocando,
então, uma queda acentuada no nível de consumo. Assim, pensando em
como evitar esta queda no seu padrão de vida (ou de consumo), as
pessoas optam por poupar enquanto podem, isto é, enquanto estão
ganhando uma renda razoável.
Agora imagine a situação de um indivíduo que tem uma riqueza
W, que espera viver T anos, e espera receber uma renda Y até a data de
se aposentar daqui a R anos. Caso este indivíduo pretenda, quando se
aposentar, manter seu nível de consumo mais ou menos como está
hoje, que nível de consumo ele deverá escolher hoje? Ou seja, qual a
implicação disso para a função consumo?
Bem, os recursos do consumidor ao longo de sua vida são
compostos pela riqueza inicial (W) e pelos recursos que ele deve auferir
ao longo de seus anos de trabalho (R x Y). O consumidor pode dividir os
seus recursos de toda a sua vida entre os T anos que lhe restam de
vida. Supondo que ele queira manter seu consumo mais ou menos no
mesmo nível ao longo dos anos, ele deve dividir os seus recursos totais
(W + RY) pelos T anos que lhe restam de vida, consumindo em cada
ano:
C = (W+RY)/T (7)
A partir daí, pode-se escrever esta função consumo do indivíduo
como
C = (1/T)W + (R/T)Y (8)

Um exemplo numérico pode ajudar no entendimento desta função


consumo: suponha que o consumidor espera viver mais 40 anos e
trabalhar durante 25 anos desses anos. Então, T = 40 e R=25. Assim, a
função consumo da equação (8) será dada por:
C = 0,025W + 0,5Y (9)
Ou seja, pela equação (9), o consumo depende não só da renda
presente mas, também, da riqueza. O que a equação (9) está dizendo é
que se o consumidor receber R$1,00 extra de renda por ano, seu
consumo deve aumentar em R$0,50, e R$1,00 extra de riqueza
aumenta o seu consumo em R$0,025.

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Generalizando a função consumo da equação (9) para toda a


economia, veremos que o consumo agregado depende da renda e da
riqueza, e a função consumo da economia passa a ser representada por:
C = αW + βY (10)
Onde, o parâmetro α é a propensão marginal a consumir decorrente
da riqueza (W) e o parâmetro β é a propensão marginal a consumir
decorrente da renda.

Implicações dessa nova função consumo

Pela equação (10), pode-se constatar que, se a renda (Y) cair a zero,
haveria ainda um consumo igual a αW – que pode variar conforme a
variação em W -, não sendo portanto um valor fixo como é a parcela
autônoma do consumo na função consumo keynesiana.
De outra parte, pela função consumo do ciclo da vida, a propensão
média a consumir é dada por:

C/Y = α(W/Y) + β (11)

Como a riqueza não varia na mesma proporção da renda de pessoa


para pessoa e de ano para ano (em períodos curtos), podemos concluir
que a uma renda elevada corresponde uma baixa propensão média a
consumir. Já em períodos mais longos, no entanto, a riqueza e a renda
crescem juntas, resultando em um razão W/Y praticamente constante e,
daí, em uma propensão média a consumir constante. Em outras
palavras, como a riqueza aumenta com o passar dos anos, a propensão
média a consumir não cai, constrastando, assim, com a propensão
média a consumir keynesiana – que é decrescente ao longo do tempo.
Interessante observar que as pesquisas de pós-guerra (particularmente
as de Simon Kuznets) estão mais de acordo com a teoria do ciclo da
vida.
Uma outra previsão importante do modelo do ciclo da vida é a de que
a poupança varia ao longo da vida das pessoas. Em outras palavras,
pode-se imaginar um indivíduo jovem que está começando a trabalhar
agora e, como tal, não dispõe de nenhuma riqueza. Sua riqueza vai
sendo, então, acumulada durante seus anos de vida economicamente
ativa para, depois, usufruir dela durante seus anos de aposentadoria.
Ou seja, segundo a hipótese do ciclo da vida, como as pessoas querem
um consumo estável ao longo da sua vida, os jovens que estão
trabalhando poupam, enquanto os velhos aposentados despoupam.

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6. A hipótese da renda permanente

Ainda analisando a economia intertemporal, uma teoria sobre a


função consumo bastante difundida nos anos 60/70, também
constrastando com a função consumo keynesiana, foi a chamada
hipótese da renda permanente, de Milton Friedman, que, de certa
forma, complementa a teoria do ciclo da vida. Note-se que tanto a
teoria do ciclo da vida como a da renda permanente pretendem
demonstrar que o consumo não depende apenas da renda atual como
diz Keynes. Vejamos, então, com mais detalhes, os argumentos
subjacentes à teoria da renda permanente:
Para Friedman, a renda Y é constituída de dois componentes: a renda
permanente (YP) – que corresponde à parte da renda que os indivíduos
esperam que vai permanecer ao longo dos anos - e a renda transitória
(YT) – que é a parte da renda que os indivíduos não esperam que vai
persistir. Ou seja:
Y = YP + YT (12)
Em outras palavras, pode-se dizer que a renda permanente
corresponde à renda média que as pessoas recebem, enquanto a renda
transitória é o desvio aleatório e eventual dessa média. Para ficar mais
claro como se distinguem essas duas rendas, considere os seguintes
exemplos:
i) Pedro, um advogado, ganhou este ano mais do que Antônio,
que abandonou os estudos no curso médio. Como Pedro tem
curso superior, sua renda permanente foi maior e deverá
permanecer maior do a de Antônio.
ii) João, um plantador de café do sul de Minas, ganhou menos do
que o habitual este ano porque uma geada destruiu seu
cafezal. Já o Beto, um plantador de café do Espírito Santo
ganhou mais do que o normal, porque a geada do sul de Minas
provocou um aumento no preço do café e ele acabou sendo
beneficiado por isso. Este ganho de renda maior de Beto nada
mais é que uma renda transitória, eventual. É possível que este
fato (a geada) se repita no próximo ano e o Beto volte a ter
uma renda maior que João. Mas, pode ser que isso não ocorra
novamente. Tal ocorrência, como se vê, é aleatória. Da mesma
forma, João teve uma perda transitória de renda neste ano e,
como tal, este prejuízo não deve representar sua renda
permanente.

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Daí, pode-se concluir que diferentes formas de renda têm diferentes


possibilidades de persistirem. No caso de Pedro, sua boa instrução lhe
garante uma renda maior em caráter permanente, enquanto no caso de
Beto, o bom tempo lhe proporcionou uma renda maior em caráter
transitório.
Para Friedman, o consumo depende principalmente da renda
permanente, porque os consumidores usam poupanças prévias e
empréstimos para estabilizar o consumo em reação a mudanças
transitórias na renda. Para entender melhor, suponha que um indivíduo
recebeu um aumento permanente de renda de R$2.000,00 por mês.
Neste caso, seu consumo aumentaria neste valor. Mas, se este indivíduo
tivesse ganho R$ 5.000,00 na loteria, ele não consumiria tudo em um
ano. Ao contrário, ele deve estender o consumo extra pelo resto da
vida. Ou seja, o consumidor gasta sua renda permanente, mas poupa a
maior parte da renda transitória para gastá-la ao longo dos anos.
Com este raciocínio, Friedman propôs que a função consumo fosse
assim representada:
C = αYP (13)
onde α é uma constante que mede a fração da renda permanente
que é consumida.
Ou seja, de acordo com a hipótese da renda permanente, o consumo
é uma proporção da renda permanente.

Implicações da hipótese da renda permanente

Quais são as implicações por trás da proposta da renda permanente?


Uma primeira implicação diz respeito à propensão média a consumir.
Para visualizar melhor isso, vamos dividir os dois lados da função
consumo expressa na equação (13) por Y, obtendo:
PMeC = C/Y = αYP/Y (13)
Pelo que se deduz da equação (13), na hipótese da renda
permanente, a propensão média a consumir (PMeC) depende da razão
entre a renda permanente e a renda corrente. Quando a renda corrente
(Y) aumenta temporariamente acima da renda permanente, a propensão
média a consumir cai temporariamente; quando a renda corrente cai
temporariamente, a PMeC aumenta temporariamente.
Para Friedman, essas oscilações de ano para ano da renda são
dominadas pela renda transitória. Mas, considerando longos períodos –
digamos, décadas para décadas – a variação na renda vem do
componente permanente. Em conclusão, em prazos mais longos, deve-
se observar um propensão média a consumir relativamente constante –

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(tal como as pesquisas pós-guerra, principalmente as de Kuznets -


mostraram).

7. Um resumo do que foi analisado aqui, nesta nossa Aula 3

Tudo o que foi discutido e analisado nesta Aula 3 (de Economia 2) pode ser
assim resumido:
i) Keynes afirmou que a propensão marginal a consumir (PMgC) situa-
se entre 0 e 1, e que a propensão média a consumir (PmeC) cai à
medida que a renda sobe, e que a renda corrente (Y) é o principal
determinante do consumo. Alguns estudos sobre o consumo, de
curto prazo, pareceram comprovar a afirmação keynesiana. No
entanto, nos estudos de longo prazo, não foi encontrada qualquer
tendência de a PMeC cair quando a renda aumenta.
ii) Irving Fisher elaborou um modelo de consumo do consumidor onde
este se defronta com uma restrição orçamentária intertemporal, e
escolhe o consumo para o presente e para o futuro, a fim de alcançar
o mais alto nível de satisfação durante a vida. Enquanto o
consumidor puder poupar e tomar emprestado, o consumo depende
dos seus recursos ao longo de sua vida.
iii) A hipótese do ciclo da vida, de Modiliani, enfatiza que a renda varia
de maneira um tanto previsível ao longo da vida de uma indivíduo, e
que os consumidores usam a poupança e o empréstimo para manter
o consumo estável ao longo da vida. Segundo esta hipótese, o
consumo depende da renda e da riqueza.
iv) Já a hipótese da renda permanente, de Friedman, enfatiza que as
pessoas experimentam oscilações permanentes e oscilações
transitória em sua renda. Como os consumidores podem poupar e
tomar emprestado, e porque querem manter seu consumo estável, o
consumo não reage muito à renda transitória. O consumo depende
então principalmente da renda permanente.
_________________________
Bibliografia consultada:
Este texto foi elaborado tomando por base, fundamentalmente, o
capítulo 16 de Mankiw, N. G., Macroeconomia, LTC Editora, R.Janeiro,
5ª Edição, 2004.
Complementarmente, foram também consultados o Manual de
Macroeconomia, da equipe de Professores da FEA-USP, Editora Atlas,
S.Paulo, 1998, 1ª Edição, e Macroeconomia, de Olivier Blanchard,
S.Paulo, Prentice Hall, 3ª Edição, 2004.

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“A arte de ensinar Economia de uma maneira simples, sem mistérios”.


De Maria Eulália, uma ex-aluna.

AULA 4: A ECONOMIA INTERTEMPORAL

Parte 2: O INVESTIMENTO
(Veja observação contida no início da Aula 4, anterior).

1. Introdução

O investimento tem um duplo papel nos modelos


macroeconômicos: primeiro, constitui-se num importante
componente da demanda agregada da economia; segundo,
contribui para o aumento da capacidade produtiva da economia ao
longo dos anos. Também é, certamente, o componente da
demanda agregada mais volátil. De uma forma geral, quando os
gastos com bens e serviços caem durante uma recessão, um boa
parte desta queda decorre do redução dos gastos de investimento.
Os modelos de produto e de demanda agregada que
estudamos em tópicos anteriores como, por exemplo, no caso do
modelo IS-LM, baseavam-se em hipóteses simples, ora fazendo o
valor do investimento como uma variável autônoma (I = I), não
dependente de nada, ora relacionando negativamente o
investimento com a taxa de juros: I = I - ir.
Há três tipos de gasto com investimento: o investimento em
capital fixo privado – que inclui os máquinas e equipamentos que
as empresas compram para usar na sua produção; o investimento
em imóveis residenciais – que inclui a construção de imóveis
novos que as pessoas compram para morar ou para alugar; e o
investimento em estoque – que inclui tanto as matérias-primas
que as empresas guardam, como os próprios bens produzidos pela
empresa e eventualmente não vendidos.

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Neste texto, nós vamos nos concentrar no estudo do


investimento em capital fixo privado que, na verdade, representa
quase 80% do total de investimento da economia. O termo
“privado” aqui significa que não estamos tratando dos gastos de
investimento do governo e sim dos bens de capital adquiridos
pelas empresas particulares para sua produção futura.
Já o termo “capital fixo” significa um capital que vai ficar
instalado por algum tempo, o que não é o caso, por exemplo, do
investimento em estoque que será vendido ou usado logo, num
futuro mais ou menos breve. A rigor, o investimento em capital
fixo inclui desde uma fábrica até um aparelho de fax,
microcomputadores e caminhões que a empresa utiliza.
Nesta Aula 4, nós examinaremos mais a fundo a teoria
subjacente à função investimento, tentando responder as
seguintes questões principais:
. Por que o investimento se relaciona negativamente com a
taxa de juros?
. O que causa o deslocamento da função investimento?
. O que faz o investimento aumentar durante os períodos de
crescimento econômico e diminuir nos períodos de
recessão?

2. O Modelo Neoclássico de Investimento

O modelo padrão de análise do investimento em capital fixo


privado é o chamado modelo neoclássico de investimento. Este
modelo examina os benefícios e os custos que as empresas têm
com a posse de bens de capital, mostrando como os acréscimos ao
estoque de capital se relacionam com o rendimento marginal do
capital, com a taxa de juros e com as regras tributárias relativas
às empresas.
Para desenvolver e entender o modelo, vamos imaginar que
há dois tipos de empresas na economia: as empresas de produção
- que produzem bens e serviços usando máquinas e equipamentos
(bens de capital) alugados – e as empresas de locação que, de
fato realizam todos os investimentos na economia, comprando

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máquinas e equipamentos e alugando-os para as empresas de


produção.
Na economia real, a maioria das empresas desempenha, de
fato, as duas funções, ou seja, investem em capital para produção
futura e também produzem bens e serviços. Mas, para tornar a
análise mais simples, é melhor separar as empresas naquelas duas
categorias acima. Vamos, então, primeiro analisar a empresa de
produção típica, isto é, aquela que aluga as máquinas para
produzir bens e serviços.
Ao decidir alugar capital, a empresa compara, antes, o custo
e o benefício de cada unidade de capital. A empresa aluga a
máquina a um custo de aluguel A, e vende sua produção pelo
preço P. O custo real desta máquina para a empresa é A/P. O
benefício real de uma unidade de capital é o produto marginal do
capital – PMgK – ou seja, a produção extra que se obtém com o
uso de mais uma unidade de capital. Observe que o PMgK declina
à medida que aumenta a quantidade de capital utilizada. Pela
teoria microeconômica, sabemos que, para maximizar seu lucro, a
empresa alugará o capital até que o PMgK se iguale com o custo
do capital, isto é, com o valor do aluguel.

A/P
Oferta de capital

A/P = preço real


do capital

Demanda por Capital


PMgK

Quantidade de
capital
Figura 1

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A Figura 1 mostra a curva de demanda por capital que, na


verdade, coincide com a curva do PMgk. Esta curva de demanda é
negativamente inclinada, indicando que quanto maior a quantidade
de capital utilizada, menor é o PMgK. Em qualquer momento,
existe um estoque de capital fixo e, por isso, a curva de oferta de
capital é vertical. O preço real do aluguel de capital é determinado,
no ponto de equilíbrio entre a oferta e a demanda por capital – o
que ocorre no cruzamento das duas curvas, tal como ilustrado na
Figura 1.
Já que, em equilíbrio, o preço do aluguel é igual ao produto
marginal do capital, podemos concluir o seguinte:
i) Quanto mais baixo for o volume de capital instalado
(maior, portanto, é o PMgK), mais alto será o preço real
do aluguel;
ii) Quanto melhor a tecnologia, maior é o PMgK e, então,
maior será o preço real do aluguel.

3. O custo do capital

Vamos, agora, analisar a situação das empresas de locação.


Tal como as locadoras de automóveis, essas empresas compram
bens de capital e os oferecem para alugar. A exemplo do que
ocorre com as empresas de produção, as empresas de locação, ao
fazer investimentos em mais capital, comparam o benefício e o
custo de se possuir capital.
A vantagem ou benefício de se possuir capital é a receita
obtida ao alugá-lo para as empresas de produção. Já o custo de se
possuir o capital é um pouco mais complexo pois, na verdade,
para cada período de locação, a empresa arca com três custos:
i) Para adquirir o capital, a empresa ou pega dinheiro
emprestado no banco e paga juros (r), ou usa o próprio dinheiro e
deixa de ganhar juros sobre ele. De qualquer forma, a empresa
tem um custo de juros que será dado por rPk – sendo Pk o preço do
capital;
ii) um segundo custo ocorreria se, durante a locação, o preço
do capital se alterar: se Pk cai, a empresa perde porque o valor de

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seu ativo diminuiu; se Pk sobe, a empresa ganha, porque o valor


de seu ativo aumentou. O custo desta perda ou deste ganho pode
ser representado por -∆Pk (sinal de menos significa que estamos
medindo custos e não benefícios).
iii) um terceiro tipo de custos para a empresa é a
depreciação, que corresponde ao desgaste da máquina enquanto
está alugada. Chamando de δ a taxa de depreciação, o custo da
depreciação será dado por δPk.
Assim, o custo total de aluguel de uma unidade de capital
(Ck) por um período qualquer é dado por:

Ck = rPk - ∆Pk + δPk (1)


Ou,
Ck = Pk(r - ∆Pk/ Pk + δ) (2)

Ou seja, o custo do de uma unidade de capital depende do


preço do capital, da taxa de juros, da taxa à qual o preço do
capital varia e da taxa de depreciação.
Um exemplo numérico pode facilitar a compreensão do que
estamos dizendo. Vamos imaginar uma empresa que aluga carros
para empresas e que o preço de compra de cada carro seja
R$20.000,00. A taxa de juros (r) é de 10% ao ano, ou seja,
R$2.000,00 para cada carro. Supondo que o preço do carro suba
5% ao ano, a empresa tem um ganho de R$1.000,00 por ano e,
supondo, ainda, que o carro sofra uma depreciação de 15% ao
ano, então δPk é de R$3.000,00. Temos, assim:

Ck = 2000 + 1000 + 3000 = 6000

Agora, supondo que o preço do capital suba na mesma


proporção da taxa de inflação (π), e que a taxa de juros real (r*)
seja dada pela taxa nominal de juros (r) menos a taxa de inflação
(π), podemos definir o custo do capital como:

Ck = Pk(r* – δ) (3)

A equação (3) diz que o custo do capital depende do preço do


capital, da taxa de juros real e da taxa de depreciação.

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Por fim, queremos expressar o custo de capital relativamente


a outros bens da economia, encontrando, assim, o custo real do
capital (CRk) que será dado por:

CRk = (Pk/P)(r* + δ) (4)

A equação (4) diz, simplesmente, que o custo real do capital


depende do preço relativo de um bem de capital (Pk/P), da taxa de
juros real (r*) e da taxa de depreciação (δ).

4. Os determinantes do investimento

Vamos analisar, agora, a situação em que uma empresa de


locação decida aumentar ou diminuir seu capital instalado. Note-se
que cada unidade de capital gera uma receita real para a empresa
igual a R/P e acarreta um custo real igual a (Pk/P)(r* + δ). Assim,
o lucro real por unidade de capital será dado por:

Lucro = Receita – Custo (5)

Lucro = R/P - (Pk/P)(r* + δ) (6)

Como, em equilíbrio, o preço real do aluguel é igual ao


produto marginal do capital (PMgK), podemos escrever o lucro
como:
Lucro = PMgK – (Pk/P)(r* + δ) (7)

Ou seja, a empresa de locação só terá lucro se o PMgK for


maior que o custo de capital (Pk/P)(r* + δ), e terá prejuízo se o
PMgK for menor que o custo de capital.
A partir daí podemos deduzir os determinantes da decisão da
empresa de investir ou não, ou seja, de aumentar seu estoque de
capital ou se deixa que o capital instalado se deprecie. Pelo que foi
visto, esta decisão depende de se determinar se é lucrativo possuir
ou alugar capital.
Em outras palavras, a variação do capital instalado –
chamado de investimento líquido – depende da diferença entre
produto marginal do capital e o custo do capital, podendo-se
afirmar o seguinte:

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i) se o PMgK > (Pk/P)(r* + δ), as empresas consideram


vantajoso, isto é, lucrativo, aumentar o estoque de
capital instalado;
ii) se o PMgK < (Pk/P)(r* + δ), as empresas preferirão
deixar o capital instalado diminuir.

5. A demanda por investimento em geral

A separação que fizemos entre empresas de produção e


empresas de locação de capital, embora torne mais fácil a análise
do investimento, não é essencial nem necessária para se deduzir a
maneira como as empresas decidem quanto investir. Assim, por
exemplo, vamos imaginar o caso de uma empresa que possui e
utiliza o capital (que é o caso mais comum). Para esta empresa, o
benefício de uma unidade extra de capital é o seu produto
marginal, e o custo é o custo de capital.
A exemplo do que acontece com uma empresa que possui e
aluga capital, essa empresa só aumentará seu estoque de capital
se o produto marginal do capital superar o custo do capital. Ou
seja:

∆K = i[(PMgk - (Pk/P)(r* + δ)] (8)

onde i seria o coeficiente que mostra o quanto o


investimento reage ao incentivo de investir. Em outras palavras, o
coeficiente i corresponderia à elasticidade do investimento ao
incentivo de investir, sendo este último dado pela expressão:

I = i[(PMgk -(Pk/P)(r*+δ) + δK (9)

De outra parte, o gasto total em investimento em capital fixo


privado, isto é, o investimento bruto, é dado pela soma do
investimento líquido e a substituição do capital depreciado. E, pela
expressão (9), este investimento bruto depende do produto
marginal do capital, do custo de capital e da depreciação do
capital.
Neste raciocínio, chegamos à conclusão de que o
investimento privado depende essencialmente da taxa de juros
real (r*). Caso r* se reduza, o custo do capital também se reduz,

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aumentando, portanto, o lucro do capital e, daí, estimulando novos


investimentos. O contrário ocorrerá caso a r* se eleve.
Esta relação negativa entre o volume de novos investimentos
e o valor de r* está mostrada na Figura 2. Já a Figura 3 mostra
um deslocamento da curva de investimento para direita provocado
por, digamos, uma melhoria tecnológica que aumente o produto
marginal do capital, elevando, em conseqüência, a lucratividade do
investimento. Este aumento na lucratividade do investimento
aumenta a quantidade de unidades de capital que a empresa
gostaria de adquirir para qualquer nível de r*.

r* r*

Investimento, I Investimento, I

Figura 2 Figura 3

A Figura 2 mostra que o investimento em capital fixo privado


aumenta quando a taxa de juros cai. Isso acontece porque uma
taxa de juros mais baixa reduz o custo do capital e faz com que
possuir capital seja mais lucrativo. Já a Figura 3 mostra um
deslocamento para fora da função investimento, o que pode se
decorrente de um aumento do produto marginal do capital.
Agora, vejamos o que pode ocorrer ao longo do tempo: Se o
produto marginal está acima do custo de capital, haverá novos
investimentos, reduzindo o produto marginal do capital; se o
produto marginal estiver abaixo do custo de capital, o estoque de
capital cairá, aumentando, em conseqüência, o produto marginal
do capital.

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Neste raciocínio, podemos concluir que o nível ótimo de


investimento será aquele em que o produto marginal do capital se
iguala com o custo do capital, quando a empresa atinge, então, o
estado estacionário que ocorre quando:

PMgK = (Pk/P)(r* + δ) (10)

Em conclusão, no longo prazo, o produto marginal do capital


é igual ao custo real do capital. A velocidade de ajuste do estoque
de capital ao estado estacionário depende da rapidez com que as
empresas ajustam seu capital instalado – o que, por seu turno,
depende do custo de fabricar, entregar e instalar capital novo.
* * *
Com essas considerações, encerramos esta 2ª Parte do tópico
“Economia Intertemporal”. Com já prevenimos nossos alunos, trata-se de um
assunto um tanto abstrato para a maioria dos estudantes de Economia. Mas,
infelizmente, este tópico está no programa... e o jeito é estudá-lo, gostemos
dele ou não!
Nossa próxima Aula – a de n° 5 – continuaremos nesta mesma linha de
estudo, analisando a restrição intertemporal do governo. Até lá!
______________________
Bibliografia consultada:
Este texto foi elaborado tomando por base, fundamentalmente, o
capítulo 17 de Mankiw, N. G., Macroeconomia, LTC Editora, R.Janeiro,
5ª Edição, 2004.
Complementarmente, foram também consultados o Manual de
Macroeconomia, da equipe de Professores da FEA-USP, Editora Atlas,
S.Paulo, 1998, 1ª Edição, e Macroeconomia, de Olivier Blanchard,
S.Paulo, Prentice Hall, 3ª Edição, 2004.

_____________________

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“A arte de ensinar Economia de uma maneira simples, sem mistérios”.
De Maria Eulália, uma ex-aluna.

Aula 5: A ECONOMIA INTERTEMPORAL

Parte 3: A restrição orçamentária


intertemporal do governo e a
equivalência ricardiana
Observação: A Economia intertemporal, como já foi dito, é um tópico
uma tanto complexo e constituído de temas que exigem tratamento diferente. Foi
esta a razão que nos levou em separar o tópico em quatro tópicos distintos, pois,
apesar de se enquadrarem no título “Economia Intertemporal”, não guardam
relação um com o outro. Depois do tema dessa Aula 5, ainda teremos uma Parte 4
– que trata do modelo de crescimento de Solow – que , das quatro partes, é a que
tem maiores chances de cair na prova.
Voltamos a repetir que Economia Intertemporal se constitui, sem dúvida, na
parte mais “chata” do programa do concurso do AFRFB, principalmente para os
candidatos não economistas. A vida, também, não é feita só de flores, concorda?
Então, vamos lá.

1. Introdução

Como é sabido, as contas do setor público brasileiro


apresentam um déficit crônico de forma recorrente, um
fenômeno que vem ocorrendo desde meados dos anos 70 do
século passado. Para financiar ou cobrir este déficit, o governo
conta com quatro alternativas:
i) emissão monetária;
ii) tomada de empréstimos bancários;
iii) aumento da carga tributária; e,
iv) venda de títulos públicos.

A emissão monetária foi um mecanismo bastante utilizado


pelo governo ao longo dos anos 70/80, do século passado, mas
devido aos seus efeitos perversos sobre o processo inflacionário,
praticamente foi eliminado pela proibição constitucional de
1988. Mas, vale registrar que a emissão monetária destinada a
atender as necessidades da economia acaba se constituindo,
ainda, numa fonte de financiamento do déficit público. Este é
conhecido fenômeno da “senhoriagem”, bastante estudado em
Finanças Públicas.

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Da mesma forma, a tomada de empréstimos bancários,
também bastante utilizada em anos passados, hoje já não se
constitui em alternativa de financiamento do déficit graças a
inúmeros dispositivos legais que impedem que órgãos do
governo se endividem junto ao setor bancário.
Restaram como opções, então, o aumento da carga
tributária e a venda de títulos públicos – mecanismos que o
governo tem usado e abusado. A carga tributária no Brasil tem
crescido de forma sistemática ao longo das duas últimas
décadas, saltando de algo como 22% do final dos anos 70 para
algo em torno de 32% na virada do século e, segundo
estimativas recentes, já está atingindo cerca de 38% do PIB,
agora em 2005.
Para se ter uma idéia da magnitude desta taxa, basta dizer
que não existe paralelo em nenhum país de estágio de
desenvolvimento equivalente ao do Brasil. Na América Latina, os
países com maiores cargas tributárias são o México e a
Argentina, mas ambos giram em torno dos 20%-21% do PIB –
ou seja, praticamente a metade da taxa registrada no Brasil.
A venda de títulos públicos – outro mecanismo bastante
usado pelos sucessivos governos brasileiros para financiar o
déficit fiscal ou orçamentário - tem como principal resultado a
formação da chamada dívida interna pública (DIP) que, no caso
brasileiro, mercê dos elevados juros, tem crescido de forma
geométrica nos últimos 15 anos. Assim, por exemplo, em 1994,
quando se iniciou o Governo FHC, a DIP situava-se em torno de
R$ 64,0 bilhões; já em 2002, isto é, oito anos depois, quando
Lula assumiu o governo, aquela dívida havia se multiplicado por
10, situando-se em cerca de R$ 650,0 bilhões. Agora, dois anos
e meio depois, a dívida interna pública, situa-se em
aproximadamente R$ 1,0 trilhão!
Qual a principal implicação desta monstruosa dívida? A
resposta é muito simples e óbvia: uma despesa com juros que
supera, de longe, qualquer outro item da despesa
governamental. Com uma taxa média de juros incidente sobre a
DIP da ordem de 17% ao ano, a despesa anual do governo
federal com juros está projetada, este ano, para algo como R$
170,0 bilhões – o correspondente a um terço da arrecadação
tributária total do governo e equivalente a mais do dobro dos
gastos previstos com educação e saúde somados! Registre-se
que o volume dos juros devidos pelo governo é tão elevado que,
por maior que seja o “superávit primário”, não é suficiente para

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o pagamento daquele montante. Conseqüentemente, a
alternativa é a venda de mais títulos no mercado para pagar os
juros vencidos, elevando mais ainda a DIP.
Neste contexto, está, então, criado o círculo vicioso da
dívida pública: mais dívida leva a mais juros que leva a mais
dívida, e assim, sucessivamente.
Diante desse quadro um tanto desanimador, para não
dizer aterrador, o que deve ser feito? A resposta de qualquer
economista com um mínimo de sensatez é: redução dos gastos
públicos, via corte de gastos com pessoal, redução das
aposentadorias, dos gastos supérfluos, do empreguismo político,
das obras desnecessariamente suntuosas, e coisas do gênero.
Infelizmente, no entanto, tais cortes contrariam fortes
interesses de grupos com grande poder de pressão
(magistratura, procuradoria, auditores fiscais, militares e
assemelhados) – o que tem inviabilizado todas as tentativas e
esforços naquele sentido.
Feitas estas colocações, vamos analisar a chamada
“equivalência ricardiana” relativa às contas públicas. O objeto
desse tema é verificar a reação dos indivíduos – ou agentes
econômicos – diante do anúncio por parte do governo de que
vai cortar parte dos impostos, e que o eventual déficit público
daí derivado será financiado com empréstimos.

2. A visão tradicional da dívida do Governo

Suponha, apenas, para raciocinar, que o Governo,


pressionado por amplos setores da sociedade para reduzir a
carga tributária, decide efetuar um corte no nível dos impostos
da ordem de 20%. Antes, porém, de adotar esta medida,
resolve consultar a área econômica do Ministério da Fazenda
sobre os efeitos benéficos e maléficos de tal medida.
Para analisar os efeitos dessa mudança na política fiscal, no
curto e no longo prazo, e fornecer uma resposta técnica ao
Presidente, os economistas do Ministério da Fazenda recorrem
aos modelos keynesianos, ao modelo IS-LM, ao modelo Mundell-
Fleming, aos modelos de crescimento econômico e a outros que
constam dos manuais de macroeconomia.
Depois de muito analisarem e discutirem os efeitos da
redução dos impostos, à luz dos modelos macroeconômicos, a

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área econômica fornece a resposta ao Governo, mais ou menos
nas seguintes linhas:
“O corte dos impostos provoca, de imediato, um aumento na renda
pessoal disponível, aumentando, em conseqüência, os gastos de consumo
das famílias. Este aumento do consumo afeta a atividade econômica no
curto e no longo prazos.
No contexto do modelo de curto prazo da IS-LM, o aumento do consumo
se traduz num aumento da demanda agregada por bens e serviços,
provocando um aumento do produto (ou da renda) agregado e do emprego.
No entanto, mantida a oferta monetária atual, o aumento do produto e da
renda causa uma maior demanda por moeda para transações, elevando a
taxa de juros doméstica – o que desestimula o investimento mas, ao
mesmo tempo, estimula a entrada de capitais externos. Esta entrada de
capitais externos (dólares), aumenta o valor do Real em relação à moeda
americana (e, também, em relação às outras moedas. Com isso, as
exportações brasileiras perdem competitividade no mercado internacional,
ao mesmo tempo em que as nossas importações tenderão a se elevar.
A longo prazo, o corte fiscal reduz a poupança do governo e, daí, a
poupança interna se reduz também. Com conseqüência, os investimentos
domésticos se reduzem e o produto do país deve cair.
Quanto ao efeito do corte fiscal sobre o bem-estar da economia, vale
registrar que as gerações atuais se beneficiariam de um consumo maior e
de um emprego maior, ainda que talvez com inflação mais alta.
Certamente, as gerações futuras arcarão com grande parte do ônus dos
déficits orçamentários de hoje, pois sua herança será uma dívida pública
impagável.
Pelo exposto acima, a área econômica deste Ministério não recomendaria
a adoção desta medida. Sem mais para o momento, agradecemos a
confiança em nós depositada. a) Chefe da Coordenação Econômica.

Dias depois, o Chefe da Coordenação Econômica do Ministério


da Fazenda recebe do Chefe da Casa Civil da Presidência da
República a seguinte resposta:
“Prezado Chefe da Coordenação Econômica,
O governo recebeu sua análise sobre os efeitos de um eventual corte
dos impostos e achou que se trata de um documento sério e bem
elaborado. No entanto, ontem, um proeminente economista – que se
declarou “ricardiano” – em visita ao Palácio do Planalto, leu seu relatório e,
em seguida, prestou um longo depoimento às Chefias do Palácio, inclusive
com a presença do Sr. Presidente, e chegou a conclusões totalmente
diferentes daquelas que sua Coordenação Econômica apresentou. Entre
outras coisas, aquele economista declarou que o corte dos impostos não
estimularia o consumo das famílias e, sendo assim, o déficit orçamentário
não provocaria os efeitos maléficos apontados por vocês da Coordenação
Econômica.

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Deste modo, tendo por base a análise daquele economista “ricardiano”,
gostaria de comunicar a V.Sa. e à sua equipe que o governo levará adiante
a proposta do corte fiscal.
Atenciosamente,
J.D. – Secretário do Governo”.

3. A visão ricardiana da dívida do Governo

Como foi visto, pela visão tradicional da dívida do governo,


exposta pelo Chefe da Coordenação Econômica do Ministério da
Fazenda, quando o Governo reduz os impostos, provocando um
déficit orçamentário, os consumidores, ao perceberem que estão
recebendo uma renda maior, passarão a gastar mais.
No entanto, alguns teóricos da economia e das finanças
públicas, baseados na chamada equivalência ricardiana,
questionam estas conclusões “tradicionais”. Segundo esta
abordagem, os consumidores são mais previdentes do que
alguns supõem e, por isso, baseiam seus gastos não só na
renda presente, ma também na renda esperada no futuro.
Como será, então, o raciocínio deste consumidor previdente
diante de um eventual corte dos impostos? Para esse
consumidor, o corte de impostos provocará um déficit
orçamentário que terá de ser financiado com empréstimos.
Esses empréstimos gerarão despesas do governo maiores no
futuro, seja para pagar os juros desse empréstimo, seja para
quitar o próprio empréstimo. Essas despesas maiores no futuro
exigirão forçosamente um aumento nos impostos.
Ou seja, o corte dos impostos de hoje representa um
aumento dos impostos amanhã. Isso significa que o corte fiscal
proporciona a ele, hoje, um ganho de renda que é transitório e
que, eventualmente, lhe será tomado de volta amanhã. E se
assim é, não convém alterar seu consumo hoje para se
sacrificar amanhã!
Na verdade, o raciocínio que está por trás do comportamento
deste consumidor previdente é que a dívida atual do governo
equivale a impostos no futuro e os impostos futuros equivalem
aos impostos correntes. Portanto, financiar o governo com mais
dívida é o mesmo que financiá-lo com mais impostos. Essa é a
conhecida equivalência ricardiana – denominação esta devida a

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David Ricardo1 que foi o economista a tratar desse tema, no
século XIX.
Em outras palavras, a equivalência ricardiana argumenta que
um corte fiscal hoje, que gera um déficit orçamentário
financiado por dívida, deixa o consumo inalterado. Neste
contexto, as famílias prevenidamente deverão destinar à
poupança a renda extra obtida, visando pagar o aumento futuro
dos impostos conseqüente do corte fiscal de hoje. Esse aumento
da poupança privada compensa exatamente o decréscimo da
poupança pública fruto daquele corte nos impostos.
Ou seja, no frigir dos ovos, a poupança nacional – que
corresponde à soma da poupança pública mais a poupança
privada – permanece a mesma. Esta conclusão é, portanto,
bastante diferente daquela prevista pela visão tradicional.
Agora, vejamos um outro desdobramento do corte dos
impostos: suponha, por exemplo, que, ao cortar os impostos, o
governo deixa claro que pretende cortar também suas
despesas, reduzindo suas compras no futuro. Caso o
consumidor perceba que isso é um fato, ele acreditará que não
haverá aumento de impostos no futuro, e então se sentirá mais
rico e, nesta situação, ele aumenta seu consumo presente.
Mas, note-se que a aumento do consumo, nesta hipótese, se
deveu ao corte dos gastos do governo e , não, ao corte nos
impostos. Em outras palavras, caso o governo anunciasse uma
redução futura das suas compras, o consumo aumentaria hoje,
mesmo que os impostos atuais permanecessem inalterados, já
que isso implicaria impostos mais baixos amanhã.

4. As bases da equivalência Ricardiana – uma


síntese

De todo o raciocínio exposto acima pode-se deduzir que o a


teoria da equivalência Ricardiana está embasada em três
argumentos principais:
i) Primeiro, os agentes econômicos tomam suas
decisões no presente olhando para o futuro. Este
futuro pode ser bastante longo, extrapolando para
1
David Ricardo foi, sem dúvida, um dos economistas (clássicos) mais brilhantes do século XIX, hábil
negociador e aplicador na Bolsa de Valores onde, ao que consta, ficou rico. É autor, entre outros, da
conhecida Teoria das Vantagens comparativas que, por longos e longos anos, orientou o comércio em
todos os países.

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outras gerações, mostrando uma certa
preocupação com os próprios descendentes da
atual geração e com seu bem-estar. Portanto, pela
teoria da equivalência ricardiana, não há razão
para os agentes econômicos alterarem seu nível
de consumo presente em razão de eventuais
reduções de impostos e aumento do déficit
público, porque isso terá repercussões nas
próximas gerações;
ii) Segundo, o setor público defronta-se com uma
restrição orçamentária intertemporal que precisa
ser atendida. Mas, o governo, como qualquer
outro agente econômico, não pode acumular
dívida indefinidamente. Assim, menor carga
tributária hoje significa maiores impostos amanhã.
Em conclusão, os agentes econômicos não
definem seu consumo pelo nível dos impostos
vigentes, mas pelo valor presente desses
impostos.
iii) Terceiro, a teoria da equivalência ricardiana se
apóia na hipótese da renda permanente, ou seja,
as famílias tomam decisões quanto ao nível de seu
consumo tendo por base sua renda permanente, e
não sua atual renda disponível. Como já vimos na
Aula 3, a renda permanente é definida como o
valor presente esperado dos rendimentos líquidos
(descontados os impostos). Portanto, flutuações
abaixo ou acima do valor presente dos impostos
alteram a renda disponível das famílias, mas não
interferem em sua trajetória de consumo.

5. Contraargumentos da visão tradicional

Pelo que foi visto acima, a essência da equivalência ricardiana


reside na crença de que as pessoas, quando decidem consumir,
avaliam racionalmente os impostos futuros, conseqüentes do
endividamento do governo hoje. Ou seja, na visão ricardiana, as
pessoas têm considerável conhecimento do que se passa e uma
ótima previsão do que ocorrerá no futuro.
Mas, até que ponto os consumidores são assim tão
previdentes? Na visão tradicional da dívida governamental, a

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perspectiva de impostos futuros não tem uma influência tão
grande no consumo atual, como sugere a visão ricardiana.
Esses “tradicionalistas” apresentam três argumentos
contrários à visão ricardiana: primeiro, eles argumentam que as
pessoas são “míopes”, sendo incapazes de compreenderem
plenamente as implicações dos déficits orçamentários do
governo. Nesta hipótese, um corte fiscal financiado, hoje, por
endividamento, levará esta pessoa a acreditar que sua renda
permanente aumentou, mesmo que isso não tenha ocorrido. Daí
afirmarem que o corte fiscal levará a um consumo maior hoje e
a uma poupança nacional menor.
Um segundo argumento dos tradicionalistas pode ser descrito
assim: a visão ricardiana da dívida do governo parte do
pressuposto de que os consumidores baseiam seu consumo não
apenas na renda presente, mas também na renda permanente,
que inclui não só a renda atual mas também a renda esperada
no futuro. Neste raciocínio, um corte fiscal financiado por
endividamento aumenta a renda atual, mas não altera a renda
nem o consumo permanente. No entanto, os defensores da
visão tradicional da dívida do governo argumentam que a renda
atual é mais importante do que a renda permanente para os
consumidores, especialmente levando-se em conta que os
consumidores enfrentam restrições para contrair empréstimos.
Ora, uma pessoa que deseje consumir mais do que sua
renda atual permanente – talvez porque espera uma renda
maior no futuro – só precisa tomar emprestado. Mas, se ela não
pode tomar empréstimo para financiar seus consumo ou se só
pode tomar emprestado uma quantia limitada, a renda atual
determina seu nível de gasto – independentemente de qual é a
sua renda permanente. Nesse caso, um corte fiscal financiado
por dívida do governo aumenta, sim, a renda atual e, em
conseqüência, aumenta também o consumo, mesmo que a
renda futura seja mais baixa. Em outras palavras, este corte de
impostos funciona, para o consumidor, como um empréstimo
que o governo lhe faz e este empréstimo deverá ser pago no
futuro com aumento dos impostos. E se assim é, o corte fiscal,
ao contrário do que afirma a visão ricardiana, amplia, sim, o
consumo presente
. Além da miopia e das restrições aos empréstimos, os teóricos
da visão tradicional da dívida do governo argumentam, mais,
que os consumidores esperam que os impostos futuros maiores

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recairão não só sobre eles, mas também sobre as gerações
futuras.
Vejamos um exemplo de tal situação: suponha que o
governo corte impostos hoje e, para compensar, emita títulos
com prazo de 30 anos e, ao encerrar este prazo, aumente os
impostos para pagar os títulos. Nesse caso, dívida hoje do
governo representa uma transferência de riqueza da próxima
geração de contribuintes – que vai ter de pagar aqueles
impostos – para a geração atual de contribuintes (que recebeu o
aumento de renda fruto do corte dos impostos). Ou seja, um
corte fiscal financiado com dívida estimula o consumo pois
propicia à atual geração a chance de consumir às custa da
próxima geração.

6. Algumas conclusões

De tudo o que se disse acima pode-se concluir que o debate


sobre a dívida do governo é, na verdade, um debate sobre o
comportamento do consumidor.
A equivalência ricardiana pressupõe que os consumidores são
previdentes e não aumentarão seu consumo de imediato
quando houver um corte dos impostos, pois julgam que, mais
cedo ou mais tarde, virão novos impostos para pagar o
conseqüente endividamento do governo. Nesta visão, os
consumidores tenderão a poupar a renda extra que obtiveram
com o corte dos impostos com o objetivo de poderem pagar os
impostos de amanhã.
Já a visão tradicional acredita que os consumidores, por uma
série de razões – seja porque são míopes e não compreendem
os efeitos de um déficit orçamentário, seja porque sofrem
restrições quanto à possibilidade de contraírem empréstimos,
ou, ainda, seja porque acreditam que os impostos de amanhã
recairão sobre um maior número de indivíduos – optam por
aumentar seu consumo presente sempre que houver um corte
de impostos que aumente sua renda disponível.
De qualquer forma, a conclusão desse debate acerca da
validade da teoria da equivalência Ricardiana não deve assumir
posições extremas. De um lado, muito economistas acreditam
que a equivalência ricardiana é uma mera construção teórica e
de pouco interesse como mecanismo orientador das políticas
econômicas. De outro lado, há aqueles economistas que,

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mesmo reconhecendo as limitações desta teoria, acreditam
fortemente que ela representa uma boa aproximação da
realidade.
É difícil tomar partido nesse debate. De qualquer forma, se a
visão tradicional da dívida pública estiver correta, palmas para a
análise do Coordenador da Área Econômica do Ministério da
Fazenda. Sua interpretação dos efeitos do corte dos impostos
estava correta. E o Palácio com suas Chefias míopes que pague
o “pato” do corte dos impostos!
______________
Bibliografia consultada:
-Esta Aula 5 foi inteiramente embasada, com as devidas adaptações e
reduções nas seguintes duas obras:
1. Rezende, F. – Finanças Públicas – 2ª Edição, Editora Atlas,
S.Paulo, 2001.
2. Mankiw, N.G. – Macroeconomia – 5ª edição, Editora LTC,
R.Janeiro, 2004.

_______

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“A arte de ensinar Economia de uma maneira simples, sem mistérios”.


De Maria Eulália, uma ex-aluna.

AULA 6: ECONOMIA INTERTEMPORAL

Parte 4: Teoria do crescimento:


O modelo de Solow

Observação: Embora se enquadre em Economia


Intertemporal, a rigor, a rigor, teoria do crescimento não
consta do programa de Economia do concurso do AFRFB. No
entanto, em quase todas as provas anteriores deste concurso
aparece pelo menos uma questão relativa ao modelo de
crescimento de Solow. Esta é a razão pela qual decidimos
incluir este tópico em nossa Economia 2.
Mas, vale um alerta: trata-se de um tópico relativamente
avançado da teoria econômica, apresentado através de
equações e funções matemáticas que podem complicar para o
aluno não iniciado em Economia e em matemática. Por isso,
vale o conselho: se o texto parecer confuso, procure guardar
pelo menos as premissas do modelo e suas conclusões. Isso
pode ajudá-lo a resolver uma eventual questão deste tipo na
prova. Feita essa ressalva, vamos lá:

1. Introdução

A teoria econômica vista por nós até agora – tal como mostrada
nos modelos keynesianos de determinação do nível da renda/produto
de equilíbrio, no sistema iS-LM, na geração e análise das curvas de
oferta e demanda agregadas e, também, na análise do processo
inflacionário - enfocava a economia no curto prazo. Como se
costuma dizer, a análise de curto prazo da economia é uma análise
estática, como se fosse uma fotografia num determinado instante da
economia.
No entanto, se quisermos uma explicação por que o produto
interno do país cresce, e por que algumas economias crescem mais
depressa que outras, temos de ampliar nossa análise para ver o que
acontece no longo prazo. Ao fazer isso, transformamos nossa análise
de estática em dinâmica, tal como num filme, ao invés de uma
fotografia.

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Para tanto, vamos tomar como exemplo o chamado modelo de
crescimento de Solow – não por julgarmos que é o modelo mais
representativo e completo da teoria do crescimento, mas sim por
que, como dissemos, este modelo tem sido objeto de questões das
provas de Economia dos concursos públicos, particularmente do
AFRFB.
O modelo de crescimento de Solow mostra como a poupança, o
crescimento populacional e o progresso tecnológico afetam o nível do
produto da economia e sua expansão no longo prazo. Neste texto,
nós vamos expor o modelo de forma resumida, porém por partes,
primeiro analisando o papel da poupança e do crescimento
populacional e, depois, o do progresso tecnológico. Em fazendo assim
acredito que esta análise se tornará mais “palatável” aos nossos
alunos.

2. A função de produção de longo prazo

Como foi dito acima, o modelo de crescimento de Solow procura


mostrar como o crescimento do estoque de capital, o crescimento do
emprego da mão-de-obra e o progresso tecnológico interagem em
uma economia e como afetam a produção total de bens e serviços de
um país. Vamos apresentar este modelo por etapas, primeiro
partindo da hipótese de que tanto a força de trabalho como a
tecnologia são fixos, e, depois, relaxamos esta hipótese.

Tal como aconteceu na nossa análise estática de curto prazo,


também no modelo de Solow a oferta e a demanda agregadas de
bens e serviços desempenham um papel fundamental. Uma primeira
questão que, então, se levanta é: o que determina a quantidade do
produto disponível num dado momento e quais os destinos ou como
se distribui esse produto?
A oferta de bens e serviços, no modelo Solow, baseia-se na função
de produção – já nossa conhecida, - que diz que o nível de produção
de depende do estoque de capital (K) e da quantidade de mão-de-
obra empregada (L). Ou,

Y = f(K,L) (1)

Uma observação importante é que a função de produção de Solow


apresenta rendimentos ou retornos constantes de escala. Isso quer
dizer, simplesmente, que, se se aumentar a quantidade dos dois
fatores em 10%, o produto (Y) crescerá também 10%; se a
quantidade de fatores crescer 5%, o produto crescerá os mesmos
5%! Pode-se dizer, então, que o produto tem elasticidade unitária em
relação à variação daqueles dois fatores de produção.

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Agora, se dividirmos todos os termos da equação (1) por L, nós
teremos:
Y/L = f(K/L, 1) (2)

Ou seja, pela equação (2), o produto por trabalhador (Y/L)


depende, ou é uma função do estoque de capital por trabalhador
(K/L) – lembrando que o nº 1 é uma constante e, como tal, pode ser
ignorado. Agora, substituindo o produto por trabalhador – Y/L – por y
e o capital por trabalhador (K/L) por k, a nossa função de produção
pode ser expressa por:
Y = f(k) (3)
Esta função de produção está ilustrada na Figura 1, onde a
inclinação desta função nos permite ver qual será o produto extra de
um trabalhador quando é acrescentada uma unidade a mais de
capital. Essa produção extra corresponde ao produto marginal do
capital – PMgK – que, matematicamente, pode ser assim expresso:
PMgK = f(k + 1) – f(k) (4)

Observe que, à medida que o capital aumenta, o produto


marginal do capital se mostra decrescente. Isso decorre do fato de
que, quando k é baixo, o trabalhador dispõe de pouco capital com
que trabalhar e, assim, uma unidade adicional de capital é muito útil
e gera um produto adicional relativamente grande; se, no entanto, k
é alto, o trabalhador tem muito capital com que trabalhar, e assim
uma unidade extra de capital pouco acrescenta em termos de
produção.

Visto como atua a oferta de produtos, vejamos agora a demanda


agregada por bens e serviços. No modelo de Solow, a demanda
agregada (y) se compõe do consumo por trabalhador (c) e do
investimento por trabalhador (i), ou seja:

y=c+i (5)

A equação (5) omite, por conveniência, os gastos do governo e,


por pressupor uma economia fechada, também omite as exportações
líquidas (X - M).
Também o modelo de Solow pressupõe que as pessoas poupam
uma fração s de sua renda e consomem uma fração (1-s). Ou seja, a
função consumo do modelo pode se assim definida:
c = (1 –s)y (6)
onde s é a taxa de poupança da economia, com um valor
variando entre zero e 1.

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Para verificar o que essa função consumo (6) acarreta para o
investimento, vamos substituir c na equação (5) por essa função,
encontrando:
y = (1 – s)y + i (7)
E, rearrumando os temos da equação (7), obtemos:

i = sy (8)

A equação (8) diz simplesmente o que nós já sabemos de aulas


anteriores – ou seja, que o investimento é igual à poupança. Deste
modo, a poupança s é também a fração do produto ou renda
destinada ao investimento.
Com as informações acima, podemos concluir que, para qualquer
estoque de k dado, a função de produção y = f(k) determina quanto
de produto a economia gera, enquanto a taxa de poupança s
determina a distribuição desse produto entre consumo e
investimento.

3. O estoque de capital e o estado estacionário

O estoque de capital – que é crucial para determinar o nível de


produto da economia – pode variar ao longo do tempo, provocando
com isso, crescimento econômico.
O nível do estoque de capital é afetado por dois fatores: o
investimento e a depreciação. O primeiro corresponde aos gastos
com uma nova filial, ou a aquisição de novos equipamentos – o que
aumenta aquele estoque; o segundo, isto é, a depreciação, refere-se
ao desgaste das máquinas e equipamentos já existentes – o que
reduz o estoque de capital. Vejamos um de cada vez.
Como se viu acima, o investimento por trabalhador i é igual a sy.
Pela substituição que fizemos por y, podemos expressar o
investimento por trabalhador como uma função do estoque de
capital por trabalhador, assim:
I = sf(k) (9)
A equação (9) relaciona o capital existente k à acumulação de
novo capital i.
Observe-se que, para qualquer valor de k, o produto é
determinado pela função de produção f(k), e a repartição desse
produto entre consumo e poupança é determinada pela taxa de
poupança s.
Para incorporar a depreciação no modelo, pressupomos que uma
certa fração δ do estoque de capital se desgasta a cada ano. Aqui, a

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letra grega δ é chamada de taxa de depreciação. Assim, por
exemplo, se o capital tem uma vida média de 20 anos, a taxa de
depreciação é de 5% ao ano (δ = 0,05).
Podemos expressar o impacto do investimento e da depreciação
sobre o estoque de capital pela seguinte equação:
Variação do estoque de capital = investimento – depreciação
Ou, ∆k = i - δk (10)
Como o investimento i é igual a sf(k), podemos substituir este
valor na equação (10), obtendo:

∆k = sf(k) – δk (11)

Pode-se afirmar que quanto maior o nível do estoque de capital,


maior é o nível do produto, mas também maior será a depreciação,
como está ilustrado na Figura 4. Como se pode ver na Figura 4, há
um único estoque de capital k* em que o investimento iguala a
depreciação. Se a economia atingir este nível de estoque de capital, o
estoque de capital não variará, porque os dois fatores atuando sobre
ele – o investimento e a depreciação – se equilibram, isto é, são
iguais. Ou seja, em k*, k = 0; logo, o estoque de capital, k, e o
produto f(k) são constantes ao longo do tempo (em vez de crescerem
ou diminuírem). Chamamos k* de nível de capital de estado
estacionário.
E o que há de diferente neste estado estacionário? Há duas coisas
importantes neste estado: primeiro, uma economia no estado
estacionário, nele permanecerá; segundo, se uma economia não se
encontra neste estado, para ele caminhará.
Para entender por que uma economia sempre caminha para e
acaba no estado estacionário, vamos raciocinar do seguinte modo:
suponha que a economia esteja com menos estoque de capital do que
o nível de capital do estado estacionário, ao nível, digamos, de k1.
Nesse ponto, o nível de investimento supera a depreciação. Ao longo
do tempo, o estoque de capital aumentará e continuará aumentando
– junto com o produto f(k) – até se aproximar do estado estacionário
k*.
Do mesmo modo, suponha que a economia esteja com mais capial
do que o do estado estacionário, como ocorreria, digamos, no nível
k2. Neste ponto, o investimento é menor que a depreciação – ou seja,
o capital se desgasta mais que o investimento novo. Então, o capital
cairá, até se aproximar do nível do capital estacionário.
Quando o estoque de capital alcança o estado estacionário, o
investimento igual a depreciação e não há pressão para o estoque de
capital aumentar nem para diminuir. Nesse sentido, o estado
estacionário representa o equilíbrio da economia no longo prazo.

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Um exemplo numérico:

Vamos suor que a função de produção seja dada por:

Y = K1/2L1/21 (12)

Para obtermos a função de produção por trabalhador f(k),


dividimos os dois lados da função de produção pela trabalho, L.

Y/L = K1/2L1/2/L

Rearrumando os termos, temos:

Y/L = (K/L)1/2 (13)

E, como já vimos que y = Y/L e k = K/L, a equação (13) se torna:

Y =k1/2 (14)

Esta equação (14) também pode ser escrita como:

Y = √k (15)

O que a equação (15) está dizendo é que a produção por tralhador


é igual à raiz quadrada do capital por trabalhador.
Usando um exemplo com números, suponha que 30% do produto
são poupados (s = 0,3), que 10% do estoque de capital realizado
depreciam todo ano (δ = 0,1) e que a economia esteja com 4
unidades por trabalhador (k = 4). Dados esses números, podemos
agora examinar o que deve acontecer com essa economia no longo
prazo.
Vamos começar pelo estudo do produto e sua distribuição no 1º
ano. Pela função de produção, as 4 unidades de capital por
trabalhador geram 2 unidades de produto por trabalhador. Como
30% do produto são poupados e investidos, e 70% são consumidos, i
= 0,6 e c = 1,4. Como também 10% do estoque de capital se
depreciam, δk = 0,4.
Assim, com investimento = 0,6, e depreciação = 0,4, a variação
do estoque de capital é ∆= 0,2. Deste modo, o 2º ano já começa com
4,2 unidades de capital por trabalhador. Fazendo novos cálculos como
este por muitos anos, a cada ano um capital novo é acrescentado e o
produto cresce, aproximando-se do estado estacionário, até atingir 9
unidades de capital por trabalhador. Nesse ponto, o investimento de

1
Esta é a conhecida função de produção Cobb-Douglas, onde o expoente ½ corresponde `a elasticidade do
produto (Y) a uma variação percentual de K e de L,

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0,9 compensa a depreciação de 0,9. Aí, o estoque de capital e o
produto não estão mais crescendo.

4. Efeito da poupança sobre o crescimento

Vamos ver o que acontece com uma economia quando sua taxa de
poupança aumenta. Supõe-se que a economia esteja em um estado
estacionário, com a taxa de poupança s1, e o estoque de capital k*1.
Quando a taxa de poupança aumenta de s1 para s2, a curva sf(k) se
desloca para cima. À taxa de poupança inicial s1 e ao estoque de
capital inicial k*1, o investimento apenas compensa a depreciação.
Logo após o aumento da taxa de poupança, o investimento torna-se
maior, mas o estoque de capital e a depreciação permanecem
inalterados. Portanto, o investimento excede a depreciação. O
estoque de capital aumentará gradativamente, até que a economia
alcance o novo estado estacionário k*2, que tem um estoque de
capital maior e um nível de produto superior ao estado estacionário
anterior.
O modelo de Solow mostra que a taxa de poupança é um
determinante fundamental do estoque de capital do estado
estacionário, podendo ser concluído que:
-Se a taxa de poupança é alta, a economia terá um grande
estoque de capital e um nível de produto elevado; se a taxa de
poupança é baixa, a economia terá um pequeno estoque de
capital e um nível de produto reduzido.
E o que diz o modelo Solow sobre a relação entre poupança e
crescimento econômico? A resposta é: a poupança maior leva a um
crescimento mais rápido, mas apenas temporariamente, só até que a
economia atinja o novo estado estacionário. Se a economia mantém
uma alta taxa de poupança, manterá um grande estoque de capital e
um alto nível de produção, mas não será capaz de manter uma
elevada taxa de crescimento para sempre.

5. Os efeitos do crescimento populacional

O modelo de Solow básico mostra que a acumulação de capital,


por si só, não pode explicar o crescimento econômico sustentado:
taxas elevadas de poupança levam a um grande crescimento
temporário, mas a economia acaba se aproximando de um estado
estacionário, em que capital e produto são constantes.
Para explicar o crescimento econômico sustentado, devemos
introduzir em nosso modelo o crescimento populacional e o progresso

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tecnológico. Nessa seção, vamos analisar o crescimento populacional.
Para tanto, vamos imaginar que a população e a força de trabalho
crescem a uma taxa constante η. Assim, se a população do Brasil
crescer a uma taxa de 2% ao ano, η = 0,02.
Mas, então, qual é o efeito do crescimento populacional sobre o
estado estacionário?
Como já foi dito, o investimento aumenta o estoque de capital por
trabalhador, enquanto a depreciação o reduz. Mas, agora, o
crescimento do número de trabalhadores faz, também, com que o
capital por trabalhador diminua.
Vamos continuar utilizando letras em caixa baixa para representar
as quantidades por trabalhador. Assim k = K/L é o capital por
trabalhador e y = Y/L é o produto por trabalhador. Como, agora, o
número de trabalhadores está crescendo ao longo do tempo, a
variação do estoque de capital por trabalhador é:

∆k = i – (δ+ η)k (16)

A equação (16) mostra como o investimento, a depreciação e o


crescimento populacional influem no estoque de capital por
trabalhador. O investimento aumenta k, enquanto a depreciação e o
crescimento populacional diminuem k.
Pode-se imaginar o termo (δ+ η)k como definindo o investimento
de equilíbrio, que é a quantidade necessária de investimento para se
manter constante o capital por trabalhador, incluindo nesse
investimento não só a depreciação do capital existente – que é igual
a δk – como também o investimento necessário para proporcionar
capital aos novos trabalhadores. O investimento necessário para esse
propósito é nk, porque há η novos trabalhadores para cada
trabalhador existente, porque k é o capital por trabalhador.
A equação (16) mostra que o crescimento populacional reduz a
acumulação de capital por trabalhador, como também o faz a
depreciação.
Nossa análise com o crescimento populacional prossegue agora
como antes. Primeiro, substituímos sf(k) por i. A equação (16) pode
então ser escrita como:
∆k = sf(k) – (δ+ η)k (17)
Note-se que uma economia está no estado estacionário se o
capital por trabalhador permanece inalterado. Como antes,
designamos o valor no estado estacionário de k como k*. Se k é
menor k*, o investimento é maior do que o investimento de
equilíbrio; portanto, k aumenta. Se k é maior que k*, o investimento
é inferior ao investimento de equilíbrio e, então, k diminui.

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Ou seja, no estado estacionário, o efeito positivo do investimento


sobre o estoque de capital por trabalhador equilibra exatamente os
efeitos negativos da depreciação e do crescimento populacional.
Depois que a economia está em estado estacionário, o investimento
tem dois propósitos. Uma parte (δk*) substitui o capital depreciado, e
o restante (ηk*) proporciona aos novos trabalhadores o capital de
estado estacionário.

6. Os efeitos do progresso tecnológico


Vamos, agora, introduzir no modelo de crescimento de Solow o
progresso tecnológico. Para tanto, devemos retornar à função de
produção, que relaciona o capital total – K – e o trabalho total – L –
com o nível do produto total – Y. Com isso, a função de produção que
era expressa por Y=F(K,L), passa a ser expressa por:

Y=F(K,L x E) (18)

onde E é uma variável chamada eficiência do trabalho – que


reflete o nível de conhecimento da sociedade sobre técnicas e
métodos de produção. Assim, novas tecnologias melhoram a
eficiência do trabalho. A rigor, esta eficiência do trabalho também
melhora quando melhora a saúde e a educação.
O termo LxE, da equação (18), é a força de trabalho medida em
unidades de eficiência e que leva em conta o número de
trabalhadores L e a eficiência de cada trabalhador. No caso da função
de produção, os aumentos da eficiência do trabalho E funcionam
como se houvesse aumentos da força de trabalho L.
Trocando em miúdos, o progresso tecnológico faz com que a
eficiência do trabalho E cresça a uma taxa constante g. Assim, se g =
0,02, cada unidade de trabalho torna-se 2% mais eficiente a cada
ano e o produto aumenta como se tivesse sido aumentada a
quantidade de trabalho naquele montante.
Essa forma de progresso tecnológico é chamada de incorporadora
de trabalho, e g é a taxa de progresso tecnológico incorporador
de trabalho. Como a força de trabalho L está crescendo à taxa η e a
eficiência de cada unidade de trabalho E cresce à taxa g, o número de
unidades de eficiência LxE cresce à taxa η + g.
Vale registrar que nossa análise da economia continua da mesma
maneira que ocorria quando examinamos o crescimento populacional.
O que altera é a equação que mostra a evolução de k ao longo do
tempo que, agora, muda para:
∆k = sf(k) – (δ+ η +g)k (19)

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Como antes, a mudança do estoque de capital ∆ké igual ao
investimento sf(k) menos o investimento de equilíbrio (δ+ η +g)k.
Uma observação importante é que, com inclusão do progresso
tecnológico, o modelo de Solow pode explicar os aumentos
sustentados dos padrões de vida que se observam nos países
desenvolvidos. Enquanto a poupança só leva a uma alta taxa de
crescimento até que se alcança o estado estacionário, o progresso
tecnológico pode levar a crescimento sustentado do produto por
trabalhador. No estado estacionário, a taxa de crescimento do
produto por trabalhador depende apenas do progresso tecnológico.

7. Um resumo do modelo de Solow (guarde isso!)

Podemos resumir os principais pontos e características do modelo


de Solow do seguinte modo:
i) O modelo de crescimento de Solow mostra que, no longo
prazo, a taxa de poupança de uma economia determina o
tamanho do seu estoque de capital, e com isso seu produto.
Em outras palavras, quanto maior a poupança, maior o
capital realizado, e mais alto o produto.
ii) No modelo de Solow, um aumento da taxa de poupança
proporciona um período de rápido crescimento, mas
eventualmente esse crescimento diminui à medida que se
alcança o novo estado estacionário. Ou seja, embora uma
alta taxa de poupança proporcione um produto elevado em
estado estacionário, a poupança por si só não pode gerar o
crescimento sustentado.
iii) O nível de capital que maximiza o consumo no estado
estacionário é chamado de nível da Regra de Ouro.
iv) Ademais, o modelo de Solow mostra que a taxa de
crescimento populacional de uma economia é outro
determinante do padrão de vida no longo prazo. Quanto
maior a taxa de crescimento populacional, menor o produto
por trabalhador.
v) Incluindo no modelo o progresso tecnológico, a taxa de
crescimento da renda per capita, no estado estacionário, é
determinada exclusivamente pela taxa exógena do
progresso tecnológico.
vi) E, por fim, como conclusão, o modelo de Solow mostra que
a poupança, o crescimento populacional e o progresso
tecnológico se constituem nos motores propulsores do
crescimento do padrão de vida de uma nação.

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* * *
Com esse resumo-conclusão, encerramos esta nossa Aula de n° 7 -
que, certamente, se constitui na parte teórica mais complexa e mais difícil
entendimento.
Como dissemos no início, a rigor este tópico não consta do programa
de Economia do Edital do concurso do AFRFB, mas fizemos questão de
transformá-lo num dos temas de nossas Aulas de Economia 2 porque em
praticamente todas as provas de Economia dos concursos mais recentes de
Auditor Fiscal aparece uma ou mais questão sobre este modelo de Solow.
Por que isso acontece, eu não sei. Talvez algum dos elaboradores da prova
gosta desse modelo. Afinal, existe gosto pra tudo, não é mesmo?
Na nossa próxima (e última) Aula versará sobre Contas do Sistema
Financeiro – a rigor, o único tópico do programa de Economia que ainda não
foi abordado em nossas Aulas. Até lá, então!

__________________
Bibliografia consultada:
Este texto foi extraído, com algumas alterações na redação, do Cap.
7 do livro de N.G.Mankiw, Macroeconomia, 5ª edição, Editora LTC, R.
Janeiro, 2004. As alterações que introduzimos na redação objetivaram,
precipuamente, tornar o texto mais palatável ao aluno não-economista.
Este mesmo tópico está exposto também em R.Vasconcelos –
Macroeconomia – porém de uma forma mais matemática e menos descritiva
– o que torna o modelo praticamente ininteligível para os não iniciados em
economia e para aqueles que não têm muita base matemática.

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“A arte de ensinar Economia de uma maneira simples,
sem mistérios”. De Maria Eulália, uma ex-aluna.

AULA 7: AS CONTAS DO SISTEMA FINANCEIRO

Observação: Este é, a rigor, o único tópico que faltava


para cobrirmos todo o programa de Economia do
concurso de AFRFB e, com ele, nós encerramos os textos
de Economia 2. Com estes sete textos mais os dez textos
de Economia 1 (afora o de exercícios), nós podemos dizer
que cobrimos todo o vasto programa de Economia daquele
concurso.
E mais: Podemos afirmar com certeza que nenhum
outro curso ou apostila ou livro – cobre ou cobriu tão
exaustivamente aquele programa como estes nossos dois
cursos e com uma vantagem a mais para vocês: os textos
foram escritos numa linguagem fácil, dirigida
principalmente aos não-economistas, e, temos certeza
que, se você conseguiu assimilar bem o conteúdo desses
textos, você tem excelentes condições de fazer uma boa
prova de Economia. Assim, só me resta lhe desejar uma
boa sorte!

1. Introdução

O sistema financeiro nacional é constituído de dois grupos


de instituições: o chamado sistema monetário e o sistema não-
monetário. O sistema-monetário é constituído pelas instituições
financeiras que criam moeda, ou seja, é constituído de apenas o
Banco Central – que emite moeda – e dos bancos comerciais – que
recebem depósitos à vista.
Já o sistema não-monetário é constituído de todas as
demais instituições financeiras (as que não criam meios de
pagamento), aí compreendidos os bancos de investimento, os
bancos de desenvolvimento, as sociedades de crédito,
financiamento e investimento (financeiras), o sistema brasileiro de
2

poupança e empréstimo (cadernetas de poupança), as


distribuidoras, as corretoras e tantas outras.
No programa de Economia do concurso de Auditor Fiscal da
Receita Federal contém, como um de seus tópicos “As contas do
sistema financeiro nacional” – o que, evidentemente, parece ser
um engano. Certamente, o elaborador deste programa cometeu
um ato falho ao se referir às contas do sistema financeiro quando,
na verdade, queria dizer “As contas do sistema monetário”.
Dizemos isso porque seria inimaginável se exigir num
programa de concurso público o conhecimento das contas de
inúmeras e tão diversas e díspares instituições financeiras que
compõem o sistema financeiro como um todo, especialmente as
que compõem o sistema não-monetário. Tratando-se de
instituições com objetivos e ações tão diferentes uma da outra,
torna-se impraticável, senão impossível por irrealista, a
consolidação de seus balancetes.
Assim considerado, o que vamos fazer aqui é uma descrição
das principais contas das duas instituições do sistema monetário:
o Banco Central e os bancos comerciais. Após apresentar de forma
sintética as contas de cada um, faremos uma consolidação dos
dois balancetes para mostrar as contas do sistema monetário
como um todo. Comecemos pelos Bancos Comerciais.

2. Balancete consolidado dos Bancos Comerciais

As contas do sistema monetário aparecem no balancete


consolidado deste sistema, destacando-se as principais contas do
passivo (fonte dos recursos) e do ativo (aplicação ou destino dos
recursos) dos bancos públicos e privados e da autoridade
monetária – o Banco Central.
Seguindo os princípios contábeis, o balancete dos bancos
comerciais apresenta, de um lado, as contas (operações) ativas,
isto é, aquelas que dizem respeito à aplicação dos recursos e, do
outro, as contas (operações) passivas – que se referem à
captação ou origem dos recursos.
Assim entendido, quando um banco faz um empréstimo, esta
operação é registrada no lado do Ativo, pois trata-se de uma
3

operação de aplicação de recursos. Já o recebimento de depósitos


à vista é registrado no lado do Passivo pois trata-se de uma
operação de captação de recursos. Em síntese, os recursos
registrados no Passivo se destinam ao financiamento das
operações ativas do banco, observando-se, sempre, a regra
contábil de que o total do Passivo deve sempre se igualar ao total
do Ativo.
A Tabela 1 mostra as principais contas que normalmente
aparecem no balancete consolidado sintético de todos os bancos
comerciais (os números são fictícios). Do lado do Passivo, para
financiar suas aplicações, os bancos comerciais contam com
recursos de depósitos (principal fonte), os redescontos e outros
empréstimos obtidos junto Banco Central, as operações cambiais
(resultado de empréstimos externos e transações internas com
exportadores/importadores), os recursos próprios, as obrigações
por arrecadações (impostos, luz, água, telefone, etc)
considerando-se a defasagem entre o recebimento dessas contas
pelos bancos comerciais e o seu posterior recolhimento ao Banco
Central ou à empresa credora do recurso.
Do lado do Ativo, as diversas rubricas mostram o destino dos
recursos: um percentual dos depósitos permanece em caixa, como
moeda corrente, para atender, principalmente, cheques à vista ou
saques no caixa eletrônico; outro percentual se destina aos
depósitos voluntários dos bancos comerciais no Banco Cetral
(principalmente para cobertura da compensação de cheques); e
um terceiro percentual corresponde ao recolhimento compulsório
de parte dos depósitos à vista ao Banco Central.
4

TABELA 1
BALANCETE CONSOLIDADO SINTÉTICO DOS BANCOS
COMERCIAIS
Saldo em R$ bilhões

Ativo (Aplicações) Dez/ Passivo (Recursos) Dez/


2004 2004

1. Encaixe total 239,0 1.Depósitos 1.200,0

a) Caixa (moeda corrente) 29,0 a) À vista (Rec. Monetários) 907,0

b)Dep. Voluntário no Bacen 18,0 b) A prazo 183,0

c) Depósito Compulsório 192,0 c) Judiciais e outros 110,0

2. Empréstimos 1.585,0 2. Obrig. junto ao Bacen. 410,0

3. Títulos e Val. Mobiliários 306,0 a) Redescontos de liquidez 76,0

4. Imobilizado 139,0 b) Outros empréstimos 334,0

5.Outras contas (Saldo líq.) 131,0 3.Obrigações por Arrecadações 141,0

4. Operações cambiais (S.Líq.) 329,0

5. Recursos próprios 320,0

TOTAL 2.400,0 TOTAL 2.400,0

Uma outra importante aplicação dos bancos comerciais são os


empréstimos ao público e a entidades governamentais. Além
desses, os bancos possuem aplicações em títulos públicos federais
e outros valores mobiliários, incluindo aí LFT, LTN, NTN, letras de
câmbio, letras imobiliárias, etc. O restante dos recursos está
aplicado em diversas outras pequenas contas e sob a forma de
ativo fixo, ou seja, o imobilizado.
Vale observar que, de todas as fontes de recursos dos bancos
comerciais, a única que constitui “recursos monetários” são os
depósitos à vista do público que são parte dos meios de
pagamentos (M1). Todos os demais são recursos não monetários.
5

3. O Balancete do Banco Central

As contas que aparecem no balancete consolidado do Banco


Central refletem claramente as funções que lhe são atribuídas, no
Brasil.
Pelo modo como o sistema financeiro brasileiro foi (e está)
estruturado, o Banco Central, diferente dos países capitalistas
mais adiantados, além de exercer as funções típicas de um banco
central, ainda exerce (melhor diríamos, exercia até pouco tempo
atrás) funções de fomento, administrando uma série de programas
para a agricultura, o turismo, o comércio exterior. É verdade que,
caminhando rapidamente para a tão sonhada autonomia e
independência em relação ao governo ou ao Ministério da Fazenda,
o Banco Central tem repassado esta função de fomento para
outros bancos oficiais de desenvolvimento (BNDEs) e Caixa
Econômica Federal e outros, mas em seus balancetes há ainda
resíduos dessas operações (que, por serem, assim, residuais, não
estão mostradas no balancete mostrado na Tabela 2).

Tradicionalmente, as funções típicas de um Banco Central são:


i) banco emissor de papel-moeda;
ii) banqueiro dos bancos comerciais;
iii) agente depositário dos recursos do Tesouro Nacional; e
iv) depositário das reservas internacionais do país.

Todas estas funções típicas de Banco Central aparecem em


algumas contas do balancete consolidado da Autoridade Monetária,
tal como mostrado na Tabela 2.

Como se pode ver pela Tabela 2, as contas do passivo do Banco


Central estão divididas em dois grupos: o passivo não-
monetário e o passivo monetário, conforme a natureza da
conta. Os recursos que fazem parte do passivo não-monetário são
aqueles que não se encontram à disposição do público e, como tal,
não são exigíveis a curto prazo. Já os recursos monetários se
constituem de todos aqueles valores exigíveis a curto prazo (o
Papel-moeda em circulação – PMC -, os depósitos voluntários e
compulsórios dos bancos comerciais).
6

TABELA 2
BALANCETE CONSOLIDADO SINTÉTICO DO BANCO
CENTRAL
Saldo em R$bilhões

Ativo (Aplicações) Dez/ Passivo (Recursos) Dez/


2004 2004

1. Crédito ao Setor Financeiro 410,0 A – Passivo não-monetário 1.104,0

a) Redescontos de liquidez 76,0 1. Oper. Com T.N. , ligadas à (13)


execução orçamentária

b) Outros Empréstimos 332,0 2. Reserva monetária (iof, etc) 105,0

2. Créd. A Inst. Não financeir. 216,0 3. Depósitos diversos 642,0

3. Contas cambiais (s. líquido) 181,0 4. Depósitos a prazo 134,0

4.Títulos e valores mobiliários 676,0 5. Recursos próprios 223,0

5. Imobilizado 65,0 B- Recursos monetários 529,0

6. Demais contas (saldo) 95,0 6. Papel-moeda em circulação 319,0

a) Caixa dos bcos. comerciais 29,0

b) Papel-moeda em p.público 290,0

7.Depósitos dos Bcos. Comerc. 210,0

a) Voluntários 18,0

b) Recolh. compulsório 192,0

TOTAL 1.643,0 TOTAL 1.643,0

Feita esta colocação, vamos voltar ao Balancete do Banco


Central. Como órgão emissor de papel-moeda, o total emitido
deve aparecer no lado do passivo (monetário) como uma das
fontes de financiamento das operações do Banco Central.
Observe que, na Tabela 2, aparece apenas o papel-moeda em
circulação (PMC) de vez que, na consolidação deste balancete, no
7

Ativo deveria aparecer o “dinheiro em caixa” existente naquele


Banco. Deste modo, subtraindo-se, na consolidação, este encaixe
de ambos os lados, este dinheiro em caixa do Bacen desaparece
do lado do Ativo, e, do lado do Passivo, o papel-moeda emitido
vira PMC (lembre-se que “papel-moeda emitido” menos dinheiro
em caixa do Banco Central é igual a moeda em circulação – PMC).
Como banqueiro dos bancos, aparecem no passivo os depósitos
voluntários e recolhimentos compulsórios dos bancos comerciais,
enquanto, no ativo aparecem os redescontos de liquidez e outros
empréstimos e adiantamentos que o Banco Central faz àqueles
bancos.
Como banqueiro do Tesouro Nacional, aparecem no passivo os
depósitos da União (geralmente, recursos tributários) e, no ativo o
saldo dos títulos públicos federais e empréstimos ao Tesouro.
Na função de depositário das reservas internacionais do país,
aparece no ativo o contra-valor, em reais, dessas reservas.
Feitos estes registros, podemos observar que, se subtrairmos
do Ativo Total do Banco Central o total do Passivo-não monetário,
obtemos o passivo monetário que, por definição, é igual à base
monetária.

Para guardar: o PASSIVO MONETÁRIO do Banco Central


é, por definição, igual à BASE MONETÁRIA!

4. O Balancete Consolidado Sintético do Sistema


Monetário

Sinteticamente, o balancete consolidado do Sistema Monetário


consiste na soma algébrica dos valores das contas comuns
constantes dos balancetes consolidados do Banco Central e dos
bancos comerciais (como, por exemplo, é o caso dos “recursos
próprios”, “depósitos a prazo”, “contas cambiais”, etc.) repetindo-
se, por outro lado, os valores daquelas contas peculiares a cada
balancete (por exemplo, “obrigações por arrecadações”, “recursos
do Tesouro Nacional”, etc., conforme é mostrado na Tabela 3.
8

TABELA 3
BALANCETE CONSOLIDADO SINTÉTICO DO SISTEMA
MONETÁRIO
Ativo (aplicações) Dez/ Passivo (recursos) Dez/
2004 2004
1. Empréstimos 1.585,0 A) Passivo não-monetário 1.868,0

2. Títulos e valores mobiliários 982,0 1. Rec. Tesouro Nacional (13)

3. Contas Cambiais (s.líquido) (148,0) 2.Depósitos a prazo e outros 1.069,0

4. Imobilizado 204,0 3. Obrigações por arrecadaç. 141,0

5. Outras contas (saldo líquido) 226,0 B) Passivo monetário 1.197,0

1. Papel-moeda em poder do 290,0


público (PMP)

2. Depósitos à vista 907,00

TOTAL 3.065,0 TOTAL 3.065,0

Um ponto importante a observar é que, nesta consolidação, as


contas que aparecem no ativo do Banco Central e,
correspondentemente, no passivo dos bancos comerciais, e vice-
versa, são automaticamente eliminadas – como é o caso dos
encaixes e depósitos voluntários e compulsórios - que aparecem
no ativo dos bancos comerciais e no passivo do Banco Central –
como também é o caso dos outros empréstimos e adiantamentos
do Banco Central aos bancos comerciais.
Mais uma vez, aqui também o passivo está decomposto em
dois grupos de recursos: os recursos não-monetários e os
recursos monetários.
Observe-se que, com as eliminações feitas, os recursos
monetários restantes correspondem exatamente ao total dos Meios
de Pagamento (M1) – que são constituídos pelo Papel-moeda em
Poder do Público mais os Depósitos à vista do Público nos bancos
comerciais.
9

Para guardar: O PASSIVO MONETÁRIO do sistema


monetário é igual, por definição, aos MEIOS DE
PAGAMENTO!

* * *
Feitas estas colocações, encerramos este nosso último texto
de Economia 2. Como dissemos no início, com este texto,
podemos afirmar que todo o programa de Economia do concurso
de AFRFB foi coberto – algo que você não encontrará em nenhum
outro livro, ou apostila ou “cursinho preparatório”.
Assim, mais uma vez, só nos resta lhe desejar muito sucesso.
Boa sorte e muito obrigado! Vou ficar torcendo por você!
E até uma nova oportunidade.
Prof. Mozart Foschete.

_______________________
Bibliografia consultada:
Este Texto foi extraído, com as devidas adaptações de redação,
de: Foschete, M. – MANUAL DE ECONOMIA – Ed. Vestcon,
Brasília, 3ª Edição, 1996.

______________________
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“A arte de ensinar Economia de uma maneira simples, sem mistérios”.


De Maria Eulália, uma ex-aluna.

AULA 8 - EXERCÍCIOS DE REVISÃO:


2ª BATERIA - COM SOLUÇÃO COMENTADA
Observação: Esta lista não contém somente questões da matéria vista em
Economia 2, mas, sim, questões de provas recentes de Economia, selecionadas de
acordo com a intensidade com que têm aparecido naquelas provas. Ou seja, são
questões que, por caírem repetitivamente nas provas elaboradas pela Esaf, servem de
indicador para o candidato sobre onde concentrar seu estudo de revisão final. Um
abraço e boa sorte!

1. (AFRF-2002.2) Considere um sistema de contas nacionais para uma economia


aberta sem governo. Suponha os seguintes dados:
Importações de bens e serviços não-fatores = 100
Renda líquida enviada ao exterior = 50
Renda nacional líquida = 1.000
Depreciação = 5
Exportações de bens e serviços não-fatores = 200
Consumo pessoal = 500
Variação de estoques = 80
Com base nessas informações, é correto afirmar que a formação bruta de capital fixo
é igual a:
a) 375
b) 275
c) 430
d) 330
e) 150.
Solução: Lembre-se de que, a nível macroeconômico, a Oferta Agregada (OA) = PIB a
preços de mercado + importações de bens e serviços não-fatores (M) e que a Demanda
Agregada (DA) = consumo pessoal ou final (C) + formação bruta de capital fixo
(FBKF) + gastos do governo (G) + exportações de bens e serviços não-fatores (X) +
variações de estoques (∆est). De outra parte, a OA = DA, ou seja:
PIBpm + M = C + FBKF + G + X + ∆est
No caso presente, não havendo governo, não há G nem impostos e só existe o PIB a
custo de fatores. Então, temos de achar o valor do PIBcf que é igual à Renda Interna
Bruta (RIB).
Para acharmos a RIB, procedemos da seguinte forma: Renda Nacional líquida (1000)
mais RLEE (50) = RIL (1050) + depreciação (5) = RIB = 1055 = PIBcf. Assim,
1055 + 100 = 500 + FBKF + 200 + 80
FBKF = 375.
Logo, a resposta é a letra a.

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2. (AFRF-2002.2) No ano de 2000, a conta de produção do sistema de contas


nacionais no Brasil apresentou os seguintes dados (em R$1.000.000,00):
Produção: 1.979.057
Consumo intermediário: 1.011.751
Impostos sobre produto: 119.394
Imposto sobre importação: 8.430
Produto interno bruto: 1.086.700
Com base nestas informações, o item da conta “demais impostos sobre produto”,
foi:
a) 839.482
b) 74.949
c) 110.964
d) 128.364
e) 66.519
Solução: Este tipo de questão tem caído bastante, quando se trata de “contabilidade
nacional e estão sempre pedindo para calcular um dos valores listados na questão. A
fórmula geral para resolver este tipo de questão (e que você deve saber de cor) é a
seguinte:
Produto interno bruto = produção – consumo intermediário + impostos sobre produto.
Os impostos sobre produto são compostos de impostos indiretos (IPI + ICMS + imposto
sobre importação).
No caso presente, como foram dados os valores dos impostos sobre produtos e
discriminado apenas o imposto sobre importação, fica fácil achar o valor dos “demais
impostos”: basta subtrair dos impostos sobre produto o imposto sobre importação,
encontrando:
119.394 – 8.430 = 110.964
Logo, a resposta é a letra c.

3. (Esaf-APO-MP-2005) Considere os seguintes dados de um sistema de contas


nacionais, que segue a metodología do sistema adotado no Brasil, em unidades
monetárias:
- Produção = 1200
- Importação de bens e serviços = 60
- Impostos sobre produtos = 70
- Consumo final = 600
- Formação bruta de capital fixo = 100
- Variação de estoques = 10
- Exportações de bens e serviços = 120.
Com base nessas informações, o consumo intermediário é igual a:
a) 500
b) 400
c) 450
d) 550
e) 600
Solução: Lembre-se do que dissemos na questão anterior: a fórmula para este tipo de
questão – que, como foi dito, tem caído muito nas provas de Economia – é a seguinte:
Produto interno bruto = produção – produção intermediária + imposto s sobre produto.

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Para resolver esta fórmula, temos de ter o valor do PIB que, pelos dados do problema,
pode ser assim encontrado:
PIB + importações = C + FBKF + G + X + ∆est
PIB + 60 = 600 + 100 + 120 + 10 (não há G).
PIB = 770. Ssubstituindo este valor na fórmula anterior:
770 = 1200 – consumo intermediário + 70
Consumo intermediário = 500
Logo, a resposta é a letra a.

4. (AFRF-2002.2) No ano de 1999, a conta de capital do sistema de contas


nacionais no Brasil apresentou os seguintes dados (R$1.000.000,00):
Poupança bruta: 149.491
Formação bruta de capital fixo: 184.087
Variação de estoques: 11.314
Transferências de capital recebida do resto do mundo: 91
Transferências de capital enviada para o resto do mundo: 29
Com base nessas informações, é correto afirmar que a necessidade de financiamento foi
igual a:
a) 334.566
b) 45.848
c) 80.414
d) 11.282
e) 195.401
Solução: Este é outro tipo de questão que está sempre caindo nas provas de
Economia. Para resolver, você deve colocar do lado esquerdo os investimentos e do
lado direito as poupanças, assim:

Investimentos Poupanças
FBKF = 184.087 Poupança bruta = 149.491
Var. estoques = 11.314 Transf. de cap. Resto do mundo = 91
Transf. de cap. p/ resto mundo = -29
Total = 195.401 Total = 149.553
Como os dois lados da tabela acima têm de apresentar valores totais iguais,
constata-se que há uma diferença de poupança igual a 195.401 – 149.553 =
45.848. Esta é, então, a “necessidade de financiamento”.
Logo, a resposta é a letra b.

5. (AFRF-2002.2) Considere:
. Curva de demanda agregada derivada do modelo IS/LM
.Curva de oferta agregada de longo prazo horizontal
.Curva de oferta agregada de curto prazo vertical.
Considere a ocorrência de um choque adverso de oferta como, por exemplo, uma
elevação nos preços internacionais do petróleo. Supondo que este choque não desloca a
curva de oferta de longo prazo, é correto afirmar que:

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a) Uma elevação na demanda tenderá a intensificar a queda no produto que decorre
do choque de oferta.
b) O choque adverso de oferta aumenta os custos e, portanto, os preços. Se não
houver alterações na demanda agregada, teremos uma combinação, no curto
prazo, de preços crescentes com redução do produto. No longo prazo, com a
queda dos preços, a economia retornará ao seu nível de pleno emprego.
c) Se não ocorrer deslocamentos na curva de demanda agregada, o choque de
oferta causará deflação.
d) O choque de oferta alterará apenas o produto de pleno emprego.
e) Não ocorrerá alterações nem nos preços, nem no nível do produto, tanto no curto
quanto no longo prazo, uma vez que, se o choque de oferta não desloca a curva
de oferta de longo prazo, também não deslocará a curva de oferta de curto prazo.
Solução: Este é o típico modelo clássico. Caso haja algum choque de oferta (aumentos
abruptos de custos, como o aumento dos preços do petróleo, mencionado nesta
questão), os preços devem se elevar no curto prazo. Graficamente, a curva de oferta
vertical se desloca para a esquerda, cortando a curva de demanda agregada (DA) num
ponto mais elevado e reduzindo o produto de equilíbrio e elevando os preços no curto
prazo. Com o passar do tempo, no entanto, com preços e salários flexíveis, tudo volta
ao nível original, definido pela curva de oferta de oferta horizontal. Assim considerado,
vejamos as afirmativas da questão:
i) a letra a está errada porque, com uma curva de oferta vertical, um aumento
da DA desloca esta curva para a direita, porém ela continua interceptando a
curva de oferta vertical no mesmo nível de produto (Y) de equilíbrio – não
intensificando, assim, o efeito do choque de oferta.
ii) a letra b está correta e responde à questão.
iii) Pelo que se disse acima, as demais alternativas estão erradas.

6. (AFRF-2003) Não fazem parte do ativo do balancete consolidado dos bancos


comerciais:
a) Os encaixes em moeda corrente
b) Os redescontos e demais recursos provenientes do Banco Central
c) Os empréstimos ao setor público
d) Os empréstimos ao setor privado
e) Os títulos privados.
Solução: Todas as alternativa desta questão – exceto a descrita na letra b – são,
tecnicamente, aplicações ou destino dos recursos que vêm do passivo. Já os descontos e
outros recursos que o Banco Central fornece aos bancos comerciais fazem parte do
passivo dos bancos comerciais.
Logo, a resposta é a letra b.

7. (AFRF-2003) Considere uma economia hipotética aberta e sem governo.


Suponha os seguintes dados, em unidades monetárias:
- renda líquida enviada ao exterior = 100
- soma dos salários, juros, lucros e aluguéis = 900
- importações de bens e serviços não-fatores = 50
- depreciação = 10
- exportações de bens e serviços não-fatores = 100

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- formação bruta de capital fixo mais variação de estoques = 360
Com base nestas informações e considerando a identidades macroeconômicas de um
sistema de contas nacionais, é correto afirmar que a renda nacional líquida e o consumo
pessoal são, respectivamente:
a) 950 e 600
b) 900 e 500
c) 900 e 600
d) 850 e 550
e) 800 e 500
Solução: A soma de salários + juros + aluguéis + lucros = 900, corresponde ao
produto interno líquido a custo de fatores – que é igual, por definição, à renda interna
líquida (RIL).
Subtraindo-se da RIL a renda líquida enviada ao exterior (100) encontramos a “renda
nacional líquida” (RNL) = 800.
Para encontrarmos o consumo pessoal, temos de usar a fórmula já vista atrás: OA =
DA, ou seja:
PIB + M = C + FBKF + G + X + ∆est
O PIB = RIL (900) + depreciação (10) = 910. Assim:
910 + 50 = C + 360 + 100 (não há G nem variação de estoques!)
Ou, C = 500.
Logo, a resposta é a letra e. Vale observar que o gabarito oficial deu como correta a
letra c, mas, como se pode ver pelas contas acima, o correto é a letra e.

8. (AFRF-2002) Suponha uma economia hipotética que produza apenas 2 bens


finais: A e B. Considere a tabela a seguir:
Ano bem A bem B
Preço Quantidade Preço Quantidade
1 2,00 10 3,50 15
2 2,50 12 4,83 10
Com base nestas informações e utilizando-se o índice de preços de Laspeyres, é correto
afirmar que, entre os períodos 1 2:
a) O produto nominal apresentou uma variação positiva de 8% e o produto real não
apresentou variação.
b) O produto nominal apresentou uma variação positiva de 12% e o produto real
uma variação negativa de 19,65%, aproximadamente.
c) O produto nominal apresentou uma variação positiva de 8% e o produto real
uma variação negativa de 8,33%, aproximadamente.
d) O produto nominal apresentou uma variação positiva de 8% e o produto real
uma variação positiva de 2,5%.
e) O produto nominal apresentou uma variação positiva de 8% e o produto real
uma variação negativa de 19,66%, aproximadamente.
Solução: O critério ou fórmula de Laspeyres para o cálculo de variações de preços
é expressa por:

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Lto . tj =
∑ QoPj
∑ QoPo
Onde,
to = ano base
tj = ano atual
QoPo = quantidades e preços vigentes no ano base.
QoPj = quantidades vigentes no ano base e preços vigentes no ano atual.
Ou seja, pela fórmula de Laspeyres, o índice de preços toma como constantes as
quantidades produzidas nos dois anos (igual à do ano base), fazendo distinção
apenas entre os preços vigentes nos dois anos.
Assim, aplicando o índice de preços de Laspeyres nos dados da questão, temos:
Σ QoPj = 10 x 2,50 + 15 x 4,83 = 97,45
Σ QoPo = 10 x 2,00 + 15 x 3,50 = 72,50
Dividindo-se 97,45 por 72,50 encontramos 1, 344. Logo, a taxa de inflação entre o
ano 1 e o ano 2 foi de 34,4%.
Vamos, agora, achar o valor do produto nominal no ano 1 e no ano 2:
Ano 1: 10 x 2 + 3,50 x 15 = 72,50
Ano 2: 2,50 x 12 + 4,83 x 10 = 78,30
Para acharmos a taxa de crescimento nominal entre os dois anos, dividimos 78,30 por
72,50, encontrando 1,08. Logo, houve um crescimento nominal de 8%.
Para acharmos a taxa de crescimento (ou queda) real do Ano 2 em relação ao Ano 1,
temos de deflacionar o valor do produto nominal do Ano 2 pela taxa de inflação
(dividindo por 1,344), assim:
97,45/1,344 = 58,40
Agora, o produto do Ano 2 é “real”, estando medido aos preços do Ano 1. E verifica-se
que, em termos reais, o produto do Ano 2 é menor que o do Ano 1. Para sabermos de
quanto foi a queda real, dividimos o produto real do Ano 2 pelo produto do Ano 1,
assim:
58,40/72,50 = 0,8055
(0,80,55–1) x 100 = -19,45
Logo, a reposta é a letra e.

9. (AFRF-2002) Considere o modelo a seguir, também conhecido como modelo


IS/LM para uma pequena economia aberta com livre mobilidade de capital:
Y = C(Y-T) + I(r) + G + NX(e)
M/P= L(r,Y); Lr < 0 e Ly >0
r = r*
Onde,
Y = produto;
(T-Y) = renda disponível;
C = Consumo;
I = Investimento;
G = Gastos de governo;
NX = exportações líquidas;
e = taxa de câmbio;
r = taxa de juros;
M/P = oferta de saldos monetários reais;

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L(r,Y) = demanda de saldos monetários reais;
Lr = derivada parcial da função demanda de saldos monetários reais em relação à taxa
de juros;
Ly = derivada parcial da função demanda de saldos monetários reais em relação à renda;
r* = taxa de juros mundial.

Com base neste modelo, é incorreto afirmar que:


a) O modelo é compatível com a hipótese de perfeita mobilidade de capital.
b) Um aumento dos gastos do governo não exerce influência sobre a renda
agregada quando as taxas de câmbio são flutuantes.
c) Os efeitos tanto da política monetária quanto fiscal dependem do regime cambial
adotado.
d) No modelo a curva LM é positivamente inclinada.
e) Uma expansão monetária exerce influência sobre a renda, se a economia
trabalha com um regime de taxas de câmbio fixas.
Solução: Este é o nosso conhecido modelo de Mundell-Fleming – para o sistema IS-LM
com uma economia aberta. Como já vimos em nossa Aula 9 de Economia 1, este
modelo prevê perfeita mobilidade de capital – o que faz com que a taxa de juros interna
(r) seja igual à taxa de juros externa (r*). Também sabemos da análise deste modelo,
que, num regime de taxas de câmbio flutuantes, a política monetária é a única eficaz
para alterar o nível da renda ou produto de equilíbrio; enquanto que, num regime de
câmbio fixo, a política fiscal é a única eficaz para aquele fim.
Assim, analisando as afirmativas propostas, verifica-se que a opção contida na letra e é
claramente incorreta e, como tal, responde à questão. No entanto, vale observar que,
no gráfico do modelo Mundell-Fleming, aparece no eixo horizontal os valores do
produto – Y, enquanto no eixo vertical aparece a taxa de câmbio (e), em lugar da taxa
de juros (r). Assim, como na equação da LM a taxa de câmbio não aparece, a curva LM
é desenhada, sempre, verticalmente no modelo Mundell-Fleming. Assim, a rigor, a
alternativa d também está errada. Mas, como temos de escolher apenas uma
alternativa, ficamos com a letra e sobre a qual não paira dúvidas.
Logo, a resposta é a letra e.

10. (Esaf- APO/MPOG-2002) Considere os seguintes dados para uma economia


hipotética, em unidades monetárias e num determinado período de tempo:
- déficit comercial = 100
- transferências unilaterais recebidas = 10
- saldo líquido positivo do movimento de capitais autônomos =
100
Considerando que o saldo total do Balanço de Pagamentos foi nulo e supondo a
ausência de erros e omissões, é correto afirmar:
a) o balanço de serviços apresentou saldo negativo de 110 e o saldo em transações
correntes foi deficitário em 110.
b) O saldo do balanço de sérvios foi nulo e o saldo em transações correntes foi
deficitário em 90.
c) O balanço de serviços apresentou saldo negativo de 10 e o saldo em transações
correntes foi deficitário em 100.
d) O saldo do balanço de serviços foi nulo e o saldo em transações correntes foi
deficitário em 110.
e) O saldo do balanço de serviços foi igual ao saldo em transações correntes.

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Solução: Lembre-se de que o resultado do Balanço de Pagamentos é dado pela soma
do saldo da balança de transações correntes (BTC) + o saldo da conta de capitais
autônomos. Como o resultado do BP = 0 e como a conta de capitais autônomos teve um
saldo positivo de 100, o saldo da BTC foi, obrigatoriamente, negativo em 100.
Assim, como o saldo da conta comercial (-100) + o saldo da conta de serviços (+10) foi
de –90, então a conta de serviços apresentou um saldo negativo de 10.
Logo, a resposta é a letra c.

11. (AFC/STN-ESAF-2005) Com relação ao conceito de produto agregado, é incorreto


afirmar que:
a) o produto agregado a preços de mercado é necessariamente maior do que o
produto agregado a custo de fatores.
b) O produto agregado pode ser considerado como uma “variável-fluxo"
c) É possível uma elevação do produto agregado nominal junto com uma queda no
produto real.
d) O produto agregado pode ser entendido como a renda agregada da economia.
e) O produto interno bruto pode ser menor do que o produto nacional bruto.
Solução: Este é o tipo de questão que a gente deve torcer para cair na nossa prova, de
tão trivial que é. Senão vejamos:
- A opção a está incorreta porque, caso os subsídios sejam maiores que os
impostos indiretos (algo surrealista, mas possível!), o produto a preços de
mercado torna-se menor que o produto a custo de fatores.
- A opção b está correta: produto agregado começa a ser medido no dia 1° de
janeiro de um ano e é encerrado no dia 31/dezembro deste mesmo ano. Logo é
uma variável-fluxo pois ocorre num período e não em uma data específica.
- O produto nominal pode crescer, sim, enquanto cai o produto real. Um exemplo
disso foi o problema que nós resolvemos na questão 8, acima.
- Em macroeconomia, o valor do produto agregado é, por definição, igual ao
valor da renda agregada. Assim, a alternativa d está correta.
- A letra e está correta: se um país recebe mais renda do exterior do que envia
para o exterior, seu PNB é maior que seu PIB.
Logo, a resposta é a letra a.

12. (Esaf-AFC/STN – 2005) No modelo IS/LM sem os denominados casos clássico


e keynesiano, a demanda por moeda:
a) Não varia com a renda e com a taxa de juros.
b) Não depende da renda.
c) Só depende da taxa de juros quando esta taxa produz juros reais negativos.
d) É inversamente proporcional à renda.
e) É inversamente proporcional à taxa de juros.
Solução: Para responder esta questão, é preciso que você releia o texto de nossa Aula
8, da Economia 1. De toda forma, vamos lá:

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a) No modelo IS-LM, a demanda por moeda é uma função positiva do nível
de renda (para transações) e uma função inversa da taxa de juros (para
especulação). Assim, a opção a está errada.
b) Pela explicação dada na letra (a) anterior, as opções b, c e d estão
erradas.
c) Resta, assim, a letra e como resposta da questão. Porém, devemos fazer
uma ressalva: não se trata de uma relação inversamente proporcional à
taxa de juros e, sim, simplesmente, uma relação inversa à taxa de juros.
Diz-se que a relação é proporcional quando as duas variáveis se alteram
na mesma proporção ou no mesmo percentual (exemplo, ambas variam
10% por cento). Mas, como não resta outra alternativa melhor, ficamos
com esta letra e.
Logo, a resposta é a letra e.

13. (Esaf-AFC/STN -2005) Considere um regime de câmbio fixo. Seja a taxa de


câmbio representada pela letra “e” e considere o conceito de taxa de câmbio utilizado no
Brasil. Suponha que o Banco Central fixe a taxa de câmbio em “e1”. Com base nessas
informações, é correto afirmar que:
a) O Banco Central é obrigado a comprar qualquer demanda por moeda estrangeira
a uma taxa menor que “e1”.
b) Não é possível utilizar a política fiscal.
c) Se existem pressões no mercado de câmbio para uma taxa maior do que e1 o
Banco Central deverá vender a moeda estrangeira à taxa e1.
d) O Banco Central não precisa intervir no mercado cambial uma vez que o regime
de câmbio fixo é determinado por lei.
e) Se o mercado sinaliza para uma taxa maior do que e1, o Banco Central deve
emitir moeda para manter a taxa fixa.
Solução: A regra é: Quando um país adota um regime de câmbio fixo, o Banco Central
é obrigado a vender e a comprar qualquer quantidade de divisa estrangeira à taxa que
ele mesmo fixou. Assim:
i) A letra a está incorreta;
ii) Como já foi visto na questão 9, num regime de câmbio fixo, somente á
política fiscal é eficaz. Logo, a opção b também está incorreta.
iii) Pelo que afirmamos anteriormente, a opção c está correta.
iv) A letra d não tem nem sentido lógico. Está errada.
v) Não existe a relação mencionada na letra e.
Logo, a resposta correta é a letra c.

14. (Esaf-AFTN-1998) O governo pode afetar a demanda agregada usando uma política
fiscal recessiva quando:
a) Diminui os gastos do governo e/ou aumenta os impostos.
b) Aumenta os dispêndios governamentais.
c) Aumenta o nível da renda e a taxa de juros.
d) Aumenta o nível de impacto fiscal a um nível de renda de pleno emprego.
e) Aumenta os gastos públicos e diminui os impostos, introduzindo um diminuição
no consumo.

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Solução: Como já sabemos dos modelos keynesianos, todas as medidas listadas nas
alternativas b, c, d e e são expansionistas, isto é, aumentam a demanda agregada da
economia. A única que não tem esta característica é a letra a.
Logo, a resposta é a letra a.

15. (Esaf-Gestor-2003) Considere os seguintes dados extraídos da Conta de Produção


do Sistema de Contas Econômicas Integradas:
- Produção: 1.323.410.847
- Produto Interno Bruto: 778.889.727
- Imposto de importação: 4.183.987
- Demais impostos sobre produtos: 79.736.442
Com base nestas informações, é correto afirmar que o consumo intermediário é:
a) 628.444.549
b) 632.628.536
c) 600.000.000
d) 595.484.200
e) 550.000.003
Solução: Mais um exemplo de um tipo de questão que tem se tornado repetitivo nas
provas de Economia. Como já dissemos anteriormente (veja questões 2 e 3, acima), a
fórmula para responder este tipo de questão é:
Produto interno bruto = produção – consumo intermediário = impostos sobre produtos.
No caso presente, os impostos sobre produtos foram abertos em “imposto de
importação” e “demais impostos sobre produtos”. Assim, temos:
778.889.727 = 1.323.410.847 – consumo intermediário + 4.183.987 + 79.736.442
Consumo intermediário = 628.444.549.
Logo, a reposta é a letra a.

16. (Esaf-Gestor-2003) Considere os seguintes dados extraídos da Conta de Bens e


Serviços do Sistema de Contas Econômicas Integradas:
- Produção: 1.323.410.847
- Importação de bens e serviços: 69.310.584
- Impostos sobre produtos: 83.920.429
- Consumo intermediário: 628.444.549
- Consumo final: 630.813.704
- Variação de estoques: 12.903.180
- Exportações de bens e serviços: 54.430.127
Com base nessas informações, é correto afirmar que a formação bruta de capital fixo é
igual a:
a) 150.050.300
b) 66.129.871
c) 233.970.729
d) 100.540.580
e) 200.000.000
Solução: Para acharmos a FBKF, usamos a equação da OA = DA, ou seja:
PIB + M = C + FBKF + G + X + ∆est.

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Temos, assim, de achar o valor do PIB através daquela já nossa bastante conhecida
equação:
PIB = produção – consumo intermediário + impostos sobre produto
Ou: PIB = 1.323.410.847 – 628.444.549 + 83.920.429
PIB = 778.889.727
Assim: 778.889.727 + 69.310.584 = 630.813.704 + FBKF + 54.430.127 + 12.903.180
E, FBKF = 150.050.300
Logo, a resposta é a letra a.

17. (Esaf-Gestor-2003) Considere que as exportações brasileiras dependam da taxa de


câmbio real calculada a partir da relação entre o real e o dólar e considerando as taxas
de inflação no Brasil e Estados Unidos da América. É então correto afirmar que:
a) A inflação americana tende a desestimular as exportações brasileiras.
b) Tudo o mais constante, a inflação brasileira tende a estimular as exportações
brasileiras.
c) Tudo o mais constante, uma desvalorização do dólar frente ao real tende a
estimular as exportações brasileiras.
d) Tudo o mais constante, uma desvalorização do real frente ao dólar tende a
desestimular as exportações brasileiras.
e) Tudo o mais constante, a inflação americana tende a estimular as exportações
brasileiras.
Solução:
i) Caso a inflação americana implique em desvalorização do dólar perante o real,
isto é, o dólar compraria menos produtos brasileiros cotados em real, tal fato
tenderia a reduzir as importações americanas de produtos brasileiros. Mas,
mantida a taxa de câmbio, o fato de os preços nos Estados Unidos estarem mais
altos em dólares, tende a aumentar as exportações brasileiras para aquele país.
ii) A inflação brasileira tende a estimular os exportadores a vender no mercado
doméstico, e as exportações brasileiras tenderia a se reduzir. A letra b está
errada.
iii) Se o dólar perder valor frente ao real, as exportações brasileiras tenderão a se
reduzir. Logo, a alternativa c está incorreta.
iv) Com uma desvalorização do real frente ao dólar, a moeda americana estará
valorizada, isto é, pode comprar mais produtos brasileiros que antes. As
exportações tendem a aumentar. A afirmativa d está errada.
v) Se consideramos a alternativa a errada, então, por conclusão a alternativa e
está correta.
Logo, a opção e é a resposta.

18. (Esaf-AFC/STN-2002) Não faz(em) parte do balancete consolidado do sistema


monetário:

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a) Empréstimos dos bancos comerciais ao setor privado.
b) Reservas internacionais.
c) Empréstimos do Banco Central ao setor privado.
d) Papel-moeda em poder do público.
e) Aplicações dos bancos comerciais em títulos públicos e privados.
Solução: Há um engano do examinador na formulação desta questão: Na verdade,
todos os itens fazem parte do balancete consolidado do sistema monetário. Só que todos
os itens, exceto a opção d, fazem parte do ativo do sistema monetário. De fato, a letra
d é a única que faz parte do passivo. A proposição correta seria: “Não faz parte do
Ativo do balancete consolidado do sistema monetário”...:

19. (Esaf-AFC-STN-2002) Considere:


c = papel-moeda em poder do público/meios de pagamentos
d = depósitos à vista nos bancos comerciais/meios de pagamento
R = encaixes totais dos bancos comerciais/depósitos à vista nos bancos comerciais.
Sabendo-se que c = d e R = 0,3, pode-se afirmar que o valor do multiplicador será de,
aproximadamente:
a) 1,2234
b) 2,1023
c) 1,9687
d) 1
e) 1,5385.
Solução: Se Meios de pagamento = papel-moeda em poder do público (PMP) mais
Depósitos à vista do público nos bancos comerciais (DV) e se c = PMP/MP e se d =
DV/MP e, mais ainda, se c = d, então c = d = 0,5. Sabendo que R = taxa de encaixe
total
dos bancos comerciais, então o multiplicador dos meios de pagamento é dado por:

k = 1/1-d (1-R) >> k = 1/1-0,5 (1-0,3) >> k = 1/0,65 >> k = 1,5385


Logo, a resposta é a letra e.

20. (Esaf-Gestor-2005) Considere os seguintes dados de um sistema de contas


nacionais que segue a metodologia do sistema adotado no Brasil, em unidades
monetárias:
- Produção: 1.300
- Importação de bens e serviços: 70
- Imposto sobre produtos: 85
- Consumo intermediário: 607
- Consumo final: 630
- Variação de estoques: 13
- Exportação de bens e serviços: 55
Com base nessas informações, a formação bruta de capital fixo é igual a:
a) 150
b) 100
c) 50
d) 200
e) 250.

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Solução: Como podem ver, seja em provas de 2002 ou de 2003, ou de 2005, como esta,
este tipo de questão está sempre se repetindo. Aqui, como já foi visto, temos de usar a
equação da OA = DA, ou seja:
PIB + M = C + FBKF + G + X + ∆est
Para resolver a questão, temos de achar, antes, o valor do PIB que é dado por:
Produto interno bruto = produção – consumo intermediário + impostos sobre produtos
Assim: PIB = 1.300 – 607 + 85
PIB = 778
Substituindo este valor na fórmula OA = DA:
778 + 70 = 630 + FBKF + 55 + 13
FBKF = 150
Logo, a resposta é a opção a.

21. (Esaf-AFC/STN-2002) Considere:


- A = Poupança privada
- B = Investimento privado
- C = Poupança externa
- D = Déficit público.
Com base nas identidades macroeconômicas básicas, é correto afirmar que:
a) D = C –A
b) D = A –B+C
c) D = C-B
d) D = B – C
e) D = - A-B-C
Solução: Se o investimento é igual à poupança total (D + A + C), temos que:
Déficit público (D) = à poupança privada (A) mais a poupança externa (C) menos o
investimento privado (B).
Ou seja, D = A + C – B.
Logo, a resposta é a letra b.

21. (AFRF-2003) Com relação ao modelo de crescimento de Solow, é correto afirmar


que, no equilíbrio de longo prazo:
a) Quanto maior for a taxa de depreciação, maior será o estoque de capital
por trabalhador.
b) A taxa de crescimento do produto por trabalhador é igual à taxa de
depreciação.
c) Quanto maior for a taxa de poupança, maior será o consumo por
trabalhador.
d) Quanto maior for a taxa de crescimento populacional, maior será o
estoque de capital por trabalhador.
e) Quanto maior a taxa de poupança, maior será o estoque de capital por
trabalhador.
Solução: A rigor, o modelo de crescimento de Solow não consta do programa
do concurso do AFRF. Se se forçar muito a barra, o examinador da ESAF

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argumentaria que este modelo faz parte da economia intertemporal. Mas, na
realidade, não faz, mesmo!
No entanto, em praticamente todas as provas de concursos elaboradas pela
Esaf, aparece pelo menos uma questão do modelo de Solow. Esta é a razão pela
qual resolvemos incluir três questões deste modelo. Quem sabe, com a
orientação que damos a seguir, você acerta a resposta. Quem sabe?
Mas, veja bem: o modelo de Solow é um tanto complexo, complicado mesmo,
cheio de equações confusas para os não-matemáticos. Assim, me parece uma
perda de tempo um candidato de concurso – que luta contra o tempo e o relógio
– pretender gastar boa parte de seu precioso tempo procurando entender este
modelo. Por isso, achei melhor fornecer a você, candidato, algumas dicas e
definições importantes sobre as características deste modelo e que, certamente,
o ajudarão a resolver qualquer questão sobre Solow que vier na prova e que,
por isso mesmo, você deve procurar decorar (e, não necessariamente,
entender!). São as seguintes:
1) No modelo de Solow, a taxa de poupança (s) de uma economia determina, no
longo prazo, o tamanho do estoque de capital e, também, por conseqüência,
o nível do produto desta economia.
2) “Estado estacionário” – corresponde a uma situação de equilíbrio da
economia de longo prazo.
3) “Estado estacionário da regra de ouro” corresponde ao nível de capital que
maximiza o consumo da população.
4) O modelo de Solow mostra que a taxa de crescimento da população de uma
economia é um dos determinantes do padrão de vida no longo prazo.
5) Quanto maior a taxa de crescimento populacional, menor é o produto por
trabalhador.
6) Pelo modelo de Solow, somente o progresso tecnológico explica o
crescimento de longo prazo.
7) No modelo de Solow, valem as seguintes definições:
k = estoque de capital por trabalhador;
y = produto por trabalhador = √k, ou seja, o produto por trabalhador
é dado pela raiz quadrada do estoque de capital.
s = taxa de poupança da economia;
∂ = taxa de depreciação do estoque de capital.
Com estes esclarecimentos e com estas simbologias, pode-se deduzir que a
única alternativa correta dentre as opções da questão 21 é a letra e.
Logo, a resposta é a letra e.

22. Com relação ao modelo de Solow, é incorreto afirmar:


a) O estado estacionário que maximiza o consumo é aquele definido pela
denominada “regra de ouro”.
b) A taxa de poupança determina a quantidade do estoque de capital por
trabalhador e, portanto, o nível do produto por trabalhador no estado
estacionário.

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c) Quanto maior a taxa de poupança, maior o bem-estar da sociedade.
d) O estado estacionário pode ser considerado como um equilíbrio de longo
prazo.
e) Somente o progresso tecnológico explica o crescimento de longo prazo.
Solução: Pelo que foi resumido na solução da questão 21, anterior, a resposta
que está incorreta é a letra c.
Logo, a resposta é a letra c.

25. Considere os seguintes dados para o modelo de crescimento de Solow:


k = estoque de capital por trabalhador
δ = taxa de depreciação
y = produto por trabalhador
s = taxa de poupança.
0,5
Sabendo-se que y = (k) , δ = 0,1 e s = 0,4, os níveis de k e y no estado estacionário
serão, respectivamente:
a) 16 e 4
b) 16 e 8
c) 4 e 16
d) 4 e 8
e) 4 e 12.
Solução: Parece até que estes números foram retirados do próprio texto onde Solow
expõe seu modelo de crescimento. Há mais uma ou duas questões em outras provas
passadas semelhantes a esta, com variação apenas dos números. O padrão de solução
para esta questão é:
k/√k = s/ δ
ou, k/√k = 0,4/01 >> k/√k = 4
Elevando-se ambos os lado desta última equação ao quadrado, temos:
k2/k = 16 >> k = 16
e y = √k = √16 = 4.
Ou seja, k = 16 e y = 4.
Portanto, a resposta é a letra a.

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