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O documento discute a importância do ato de ler através da experiência pessoal do autor. Ele descreve como foi alfabetizado no quintal de casa e como sua leitura inicial do mundo o preparou para ler palavras. Também reflete sobre como sua prática como professor reforçou a importância da leitura e como entendeu que ler envolve interpretação e reescrita, não apenas decodificação.
O documento discute a importância do ato de ler através da experiência pessoal do autor. Ele descreve como foi alfabetizado no quintal de casa e como sua leitura inicial do mundo o preparou para ler palavras. Também reflete sobre como sua prática como professor reforçou a importância da leitura e como entendeu que ler envolve interpretação e reescrita, não apenas decodificação.
O documento discute a importância do ato de ler através da experiência pessoal do autor. Ele descreve como foi alfabetizado no quintal de casa e como sua leitura inicial do mundo o preparou para ler palavras. Também reflete sobre como sua prática como professor reforçou a importância da leitura e como entendeu que ler envolve interpretação e reescrita, não apenas decodificação.
Brasileiro de Leitura, realizado em Campinas, nov.1981.
Fichamento de Citao Por: Letcia Oliveira de Jesus e Rosimeire Araujo dos Santos
Me parece indispensvel, ao procurar falar de tal importncia, dizer algo do momento mesmo em que me preparava para aqui est hoje;dizer algo do processo em que me inseri enquanto ia escrevendo este texto que agora leio, processo que envolvia uma compreenso crtica do ato e ler, que no se esgotava na decodificao pura da palavra escrita ou da linguagem escrita. Ao ensaiar escrever sobre a importncia do ato de ler, eu me senti levado e at gostosamente a reler momentos fundamentais de minha prtica, guardados na memria. A retomada da infncia distante, buscando a compreenso do meu ato de ler o mundo particular em que me movia e at onde no sou trado pela memria -, me absolutamente significativa. Me vejo ento na casa mediana em que nasci, no Recife, rodeada de rvores. Os textos, as palavras, as letras daquele contexto em cuja percepo me experimentava e, quanto mais o fazia, mais aumentava a capacidade de perceber se encarnavam numa srie de coisas, de objetos, de sinais, cuja compreenso eu ia apreendendo no meu trato com eles nas minhas relaes com meus irmos mais velhos e com meus pais. No havia melhor clima para peraltices das almas do que aquele. Me lembro das noites em que, envolvido no meu prprio medo, esperava que o tempo passasse, que a noite se fosse, que a madrugada semiclareada viesse chegando, trazendo com ela o canto dos passarinhos manhecedores. Mas, importante dizer, a leitura do meu mundo, que me foi sempre fundamental, no fez e mim um menino antecipado em homem, um racionalista e calas curtas. Fui alfabetizado no cho do quintal de minha casa, sombra das mangueiras, co palavras do meu mundo e no do mundo maior dos meus pais. O cho foi meu quadro- negro; gravetos, o meu giz. Ao chegar escolinha particular de Eunice Vasconcelos, j estava alfabetizado. H pouco tempo, com profunda emoo, visitei a casa onde nasci. Pisei o mesmo cho em que me pus de p, andei, corri, falei e aprendi a ler. Algum tempo depois, como professor tambm de portugus, nos meus vinte anos, vivi intensamente a importncia do ato de ler e de escrever, no fundo indicotomizveis, com alunos das primeiras sries do ento chamado ginasial. Creio que muito de nossa insistncia, enquanto professoras e professores, em que os estudantes leiam, num semestre, um sem-nmero de captulos de livros, reside na compreenso errnea que s vezes temos do ato de ler. Em algumas vezes cheguei mesmo a ler, em relaes bibliogrficas, indicaes em torno de que pginas deste ou daquele captulo de tal ou qual livro deveriam ser lidas: Da pgina 15 37. No entanto, um dos documentos filosficos mais importantes de que dispomos, As teses sobre Feuerbach, de tem apenas duas pginas e meia.... Parece importante, contudo, para evitar uma compreenso errnea do que estou afirmando, bublinhar que a minha crtica magicizao da palavra no significa, de maneira alguma, uma posio pouco responsvel da minha parte com relao necessidade que temos educadores e educandos de ler, sempre e seriamente, de ler os clssicos neste ou naquele campo do saber, de nos adentrarmos nos textos, de criar uma disciplina intelectual, sem a qual inviabilizamos a nossa prtica de professores e estudantes. Venho tentando deixar claro, neste trabalho em torno da importncia do ato de ler e no demasiado repetir agora -, que meu esforo fundamental vem sendo o de explicar como, em mim, aquela importncia vem sendo destacada. A alfabetizao a criao ou a montagem da expresso oral. De alguma maneira, porm, podemos ir mais longe e que a leitura da palavra no apenas precedida pela leitura do mundo mas por uma certa forma de escrev-lo ou de reescrev-lo, quer dizer, de transformar-lo atravs de nossa prtica consciente. No fundo, esse conjunto de representaes de situaes concretas possibilitava aos grupos populares uma leitura da leitura anterior do mundo, antes da leitura da palavra. Concluindo estas reflexes em torno da importncia do ato de ler, que implica sempre percepo crtica, interpretao e re-escrita do lido, gostaria de dizer que, depois, de hesitar um pouco, resolvi adotar o procedimento que usei no trabalho do tema, em consonncia com a minha forma de ser e com o que posso fazer.
Trabalho solicitado pela professora Vanuza Santos Araujo na disciplina Metodologia do Trabalho Cientfico. Graduandas em pedagogia pela faculdade Facite.