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A sociologia urbana, os modelos

ARTIGO ARTICLE
de análise da metrópole e a saúde coletiva:
uma contribuição para o caso brasileiro

Urban sociology, analytical models


for metropolisses, and collective health:
a contribution to the Brazilian case

Alberto Lopes Najar 1


Eduardo César Marques 2

Abstract In light of the historical relationship Resumo À luz da antiga relação entre a epi-
between epidemiology and geographic space demiologia e o espaço geográfico e dos diver-
and the relevance of a detailed examination of sos modelos de produção das cidades, apresen-
models for the production of cities, this article ta-se uma sistematização das noções de espa-
systematizes the notions of space/territory that ço/território, a partir da década de 1970 no
have influenced urban sociology since the 1970s Brasil. Discutem-se os principais modelos ana-
in Brazil. The principal analytical models for líticos das grandes cidades brasileiras, cujas
large Brazilian cities are discussed in such dis- raízes conceituais encontram-se em discipli-
ciplines as urban sociology, human geography, nas como a sociologia urbana, a geografia hu-
regional economics, and urban planning. The mana, a economia regional e o planejamento
article suggests that the distribution of public urbano. Sugere-se que a distribuição de inves-
investments bears a close relationship to the timentos públicos guarda relação com a estru-
social structure crystallized in space. The text tura social cristalizada no espaço. Procura-se
attempts to expand the basis for a dialogue be- ampliar as bases de um diálogo entre a litera-
tween the literature underlying the analyses of tura que apóia as análises das chamadas desi-
so-called socio-spatial inequalities and collec- gualdades socioespaciais e a saúde coletiva.
tive health. Two key points are raised in the ar- Apresenta-se sugestão de arcabouço para o de-
ticle: there are increasingly available compu- senvolvimento de tipologias de análise socioes-
tational techniques leading to more widespread pacial. Considera-se que se encontram dispo-
use of variables that are amenable to spatial níveis diversas técnicas computacionais que
expression; but, these facilities lack a more so- popularizam o emprego de variáveis passíveis
ciological or humanistic approach for both the de expressão espacial. No entanto, essas faci-
methodological design and the results of such lidades ressentem a falta de um aporte mais
1 Departamento analyses. sociológico, ou humanístico.
de Ciências Sociais, ENSP/ Key words Socio-spatial inequalities, Collec- Palavras-chave Desigualdades socioespaciais,
Fiocruz. Rua Leopoldo tive health, Geographic space, Social sciences Saúde coletiva, Espaço geográfico, Ciências so-
Bulhões, 1480/917,
Manguinhos, 21041-210,
and health. ciais e saúde
Rio de Janeiro RJ.
najar@ensp.fiocruz.br
2 Departamento de Ciência
Política, Universidade
de São Paulo e Centro
Brasileiro de Pesquisa.
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Najar, A. L. & Marques, E. C.

Introdução ção aos quais se constroem identidades. A re-


flexão sobre os limites territoriais, as implica-
Desde a origem da epidemiologia, admite-se ções dos recortes, que atores/sujeitos sociais es-
que o espaço geográfico mantém com os fatos tariam envolvidos, são questões em relação às
da saúde relações determinantes. Podem-se ci- quais as ciências humanas em geral, as ciências
tar alguns escritos hipocráticos, especialmente sociais aplicadas e, em particular, a sociologia
o magnífico “Aires, águas e lugares” (Hippocra- urbana têm muito a contribuir.
tes, 1998), assim como os elucidativos mapas Que os problemas de saúde pública e das di-
de John Snow, que permitiram demonstrar a li- mensões territoriais da saúde podem transfor-
gação inequívoca entre a epidemia de cólera e a mar-se em questões geopolíticas diversos tra-
distribuição de água (Snow, 1990). Mais recen- balhos já o demonstraram cabalmente (Mon-
temente, a distribuição espacial de determina- monier, 1993; Hérodote, 1999). No caso brasi-
das neoplasias coloca em evidência aglomerados leiro, embora se tenham feito grandes avan-
(clusters) de ocorrência, trazendo para debate a ços de investigação no campo das técnicas e no
ação patógena de centrais de incineração, usinas campo metodológico (Najar & Marques, 1998
nucleares, linhas de transmissão, pontos de di- e Carvalho, 2001), muitas relações ainda res-
fusão de campos eletromagnéticos etc. (Wynder, tam a ser exploradas, especialmente no que se
1988; Mattos, 2002; Koifman, 1998). Seria pleo- refere às questões de análise empírica, de for-
nástico enumerar exemplos de como a epide- ma que possam efetivamente resultar em infor-
miologia vem utilizando a dimensão espacial mações que se consolidem em competência co-
como fator explicativo ou distintivo para pon- letiva do setor saúde pública no sentido de
derar os pesos de fatos genéticos e ambientais. apoiar a tomada de decisões.
Existem numerosas definições de espaço e Em outras palavras, mais do que qualquer
território, algumas opostas, outras comple- outra atividade do setor terciário, a localização
mentares. Não se fará neste artigo uma revisão criteriosa dos serviços de saúde é essencial co-
ou mesmo uma taxonomia de definições e usos mo aspecto operacional do conceito de equi-
dessas palavras no âmbito das ciências sociais, dade, e isso fica mais evidente quando se passa
especialmente pelo fato de que são conceitua- a considerar, por exemplo, os serviços de ur-
ções ainda suficientemente distantes de um gências médicas. Os modelos clássicos de aná-
consenso; o leitor interessado poderá consul- lise espacial construídos a partir do conceito
tar particularmente Santos (1988) e Verdier de distância/tempo podem ajudar a otimizar a
(2002). O motivo recorrente do presente artigo distribuição dos serviços no espaço, mas estão
é o de apresentar uma sistematização da noção longe de permitir uma abordagem mais com-
do que chamar-se-á aqui de espaço/território, plexa da situação (Vaguet, 2001).
tomada de empréstimo pela saúde pública, e Esses modelos foram utilizados em estudos
em particular pela epidemiologia, de outras espaciais da assistência médica que trabalham
disciplinas, em especial da sociologia urbana, a partir de considerações normativas, particu-
da geografia humana, da economia regional e larmente aqueles procedimentos com aspectos
do planejamento urbano, certamente por mo- de localização, distribuição das atividades dos
tivos de ordem histórico-política, e que, por serviços de saúde e de fornecimento de servi-
sua importância instrumental, pode ajudar em ços de saúde. A maior parte dos estudos parte
uma contextualização do tripé tempo, lugar e da Teoria de Localização Central ou do Lugar
pessoa. O objetivo precípuo será, então, apre- Central, estando implícito o entendimento de
sentar as principais formulações a respeito do que, para se alcançar o serviço necessário, um
espaço urbano que, no Brasil, formam verda- paciente tem de se deslocar até uma instalação
deiros paradigmas analíticos, exatamente pela de saúde apropriada. Assim, o sistema de servi-
sua capacidade explicativa. ços de saúde pode ser visto como uma hierar-
A noção de espaço/território permite con- quia teórica de localizações, com graus equiva-
siderar uma dimensão complementar que não lentes de atuação. A distância percorrida varia-
é apenas articulada em torno dos conceitos de rá de maneira regular, dependendo tanto da
tempo, distância e acessibilidade. Administrar, abrangência do serviço, quanto das especiali-
governar, dirigir são atividades que demandam dades oferecidas. Essas questões têm levado ao
freqüentemente, no que se refere a territórios desenvolvimento de modelos de alocação espa-
no interior de uma metrópole, um recorte ter- cial em estudos de geografia da assistência à
ritorial, uma re-definição de espaços em rela- saúde (Vasconcellos, 1997).
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As escolhas políticas em termos de aten- corporações da saúde pública se concentraram
dimento à população, independente do setor cada vez mais nos aspectos nosológicos e de
considerado da infra-estrutura urbana-metro- administração e planejamento dos serviços de
politana e da distribuição de quaisquer servi- saúde. Todos esses processos foram cercados
ços, estão indelevelmente impressas no espa- de fortes lutas pela hegemonia de cada saber e
ço/território, que nesse sentido pode ser consi- técnica de intervenção, conforme podemos ob-
derado corpo do tempo. O estudo dos modelos servar em Ribeiro (1993), Dias (1994) e Silva
espaciais pode revelar dimensões bastante inte- (1994).
ressantes, especialmente quando a investigação Conseqüência desse processo, a temática
se pauta pela interseção com a epidemiologia. espacial ficou de fora das preocupações cen-
trais da saúde pública, sendo tratada como ele-
mento de contextualização. A percepção do es-
Uma perspectiva histórica paço parece ter passado a ser a de um papel em
branco sobre o qual se desenvolveriam fenô-
A saúde pública brasileira é profundamente menos e processos. Essa visão não é exclusiva
marcada por preocupações espaciais desde seus da saúde, mas é partilhada por outras áreas de
primórdios. A origem das intervenções urba- conhecimento nas quais o binômio espaço/ter-
nas no Brasil esteve relacionada de forma dire- ritório cumpre papel muito mais central, como
ta a intervenções sanitárias. Durante e em con- a economia urbana e regional, por exemplo.
seqüência das epidemias de cólera e febre ama- A partir da década de 1980, a saúde públi-
rela de 1849-1853, as primeiras intervenções ca brasileira parece ter retomado seu interesse
normatizadoras sobre o urbano foram adota- direto pelo espaço e pela cidade, trazendo o ur-
das, conforme pode ser observado em Andrade bano mais para o centro das análises. Esse mo-
(1986) e Machado et al. (1978). Naquele mo- vimento aconteceu com a descoberta de rela-
mento, os campos disciplinares e profissionais ções estreitas entre o nosso padrão de produ-
estavam pouco definidos, e o espaço urbano e ção dos espaços urbanos, as condições de vida
a saúde pública eram objeto integrado de in- dele advindas e o quadro de morbi-mortalida-
tervenção para os profissionais do higienismo. de vigente nas metrópoles brasileiras. Durante
Na virada do século, cerca de 50 anos depois, as o período, parece ter ocorrido uma convergên-
ações sobre o urbano mesclavam discursos em- cia nas literaturas críticas de origem marxista
belezadores com outros de cunho sanitário, e sobre a saúde e o urbano, com forte ênfase nos
as estratégias de intervenção misturavam obras processos de expropriação e de funcionalidade,
viárias e de transportes com ações de polícia tanto da saúde como do urbano, dos processos
médica e de imunização. de acumulação na sociedade capitalista. Sob es-
Segundo alguns estudos de história do ur- sa classificação muito generalizante, podemos
banismo, como Andrade (1992 e 1993), o ur- incluir estudos tão diferenciados, mas ao mes-
banismo moderno no Brasil teria tido início mo tempo tão parecidos, como Castells (1981),
justamente com os trabalhos de engenheiros Lojkine (1981), Jaramillo (1986), Illich (1975)
sanitaristas como Saturnino de Brito e Aarão e Breilh e Granda (1983).
Reis nos anos de 1890 e 1900, e não com arqui-
tetos brasileiros influenciados por Corbusier
na década de 1930, como sustentavam autores A moda metropolitana carioca:
como Cardoso (1988). Em relação ao campo do Rio para o Brasil
próprio da saúde, ao contrário, a hegemonia já
estava claramente definida pela corporação Na década de 1970, foram produzidos no Rio
médica, em parte como resultado de um longo de Janeiro diversos trabalhos sobre estrutura-
processo iniciado em meados do século 19. ção intra-urbana, consolidando um modo de
Nas décadas seguintes, o processo de deli- entender as metrópoles brasileiras que exerce-
mitação dos campos de ação se intensificou, ria forte influência sobre os estudos e pesquisas
afastando os engenheiros do desenho, planeja- posteriores em todo o Brasil. Merece destaque,
mento e gestão urbana, localizando-os, então, nesse sentido, o trabalho Ipea/Ibam (1976), que
nas infra-estruturas e na funcionalidade da ci- consolida extensa pesquisa realizada no Insti-
dade. A hegemonia sobre a cidade como um tuto Brasileiro de Administração Municipal.
todo coube aos arquitetos, dedicando-se os Esse estudo tinha caráter eminentemente ope-
geógrafos, mais tarde, aos estudos espaciais. As racional, associando-se aos esforços para a pro-
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Najar, A. L. & Marques, E. C.

dução de mecanismos técnicos de gestão dos vos meramente instrumentais e de descrição


aglomerados metropolitanos em todo o Brasil, geral e, nesse contexto, poderia ser considera-
criados pela lei complementar 14/1974; e, mais do apropriado. A sua utilização posterior, no
especificamente, para as áreas da região metro- entanto, ultrapassou em muito aqueles objeti-
politana do Rio de Janeiro, incorporadas a um vos, tornando-o problemático. Primeiramente
único poder estadual com a fusão dos estados porque a aplicação do modelo levou a certo de-
do Rio de Janeiro e da Guanabara em julho de terminismo das estruturas sobre o espaço. Isso
1974 (lei complementar 20/1974). O trabalho fica claro, por exemplo, quando Santos (1980)
representou um marco por inovar as análises afirma que podem ser verificadas, nas grandes
sobre aglomerados metropolitanos: a estrutu- cidades brasileiras, as formas de estruturação es-
ração do aglomerado metropolitano do Rio de pacial correspondentes à implantação e ao desen-
Janeiro e de seu entorno foi descrita e analisa- volvimento do capitalismo no país. Excessiva-
da como um núcleo metropolitano forte e hi- mente genérica, a afirmação, ao mesmo tempo
pertrofiado, no qual se concentravam serviços em que diz tudo, não diz nada, pois, sem dúvi-
e recursos econômicos, e uma vasta periferia, da, as relações sociais se inscrevem concreta-
que se organizava de forma concêntrica em um mente nos espaços. Se assim não fosse, todos os
gradiente decrescente de recursos e integração países do Terceiro Mundo teriam seus espaços
com o núcleo. A região metropolitana do Rio construídos de forma semelhante, e isso não
de Janeiro seria, então, composta de quatro ocorre porque o espaço herdado constrange os
anéis: o núcleo, as periferias imediata, interme- atores sociais em suas práticas e relações. O es-
diária e distante. paço, assim como acontece com as instituições,
O trabalho que divulgou esse modelo de produz ao mesmo tempo em que é produzido
forma ampla foi publicado dois anos mais tar- pela sociedade. Essa dialética é intrínseca, visto
de por Santos e Bronstein (1978), depois da que o espaço é uma das dimensões da vida (e,
realização de um seminário organizado pelo portanto, da sociedade), o que torna impossí-
Banco Nacional de Habitação (BNH) e pelo vel descobrir quem produz ou reproduz quem.
Instituto Brasileiro de Administração Munici- O segundo problema de utilização do mo-
pal (Ibam). Esses autores estavam interessados delo é de natureza metodológica: excessiva-
no estudo da relação entre o modelo de desen- mente simplificador da complexidade metro-
volvimento adotado pós-1964 e a organização politana, levou boa parte das análises a tratar
dos espaços metropolitanos: o Rio de Janeiro como similares espaços dessemelhantes sob o
está servindo e servirá cada vez mais de mode- ponto de vista de sua composição e constitui-
lo de metropolização para as cidades brasilei- ção social. Já no início da década, Vetter (1981)
ras. Em outros termos, o Rio tende a ditar a mo- advertia que talvez seja interessante passar a
da metropolitana (Op. cit.), que seria – ou é? – pensar em termos de um sistema de núcleos e pe-
uma tendência a desenvolver núcleos hipertro- riferias, uma vez que a estrutura interna da ci-
fiados cercados de periferias crescentemente dade parece muito mais variada do que poderia
carentes de serviços e de infra-estrutura, habi- ser explicada por uma simples estrutura núcleo-
tados por população de baixa renda. Segundo periferia. Marques (1993) pôde comprovar a
essa formulação, o Rio de Janeiro e outras cida- existência, já em 1980, de conteúdos sociais di-
des brasileiras se estruturariam de forma opos- versos em espaços considerados homogêneos
ta às cidades americanas. Os ricos, aqui, amon- pela literatura. A estruturação interna da região
toam-se próximos da infra-estrutura existente metropolitana do Rio de Janeiro era aparente-
no centro da metrópole, e os pobres habitam mente não-concêntrica e não-contígua entre
cidades-dormitório distantes e carentes. Esse espaços com conteúdos sociais similares, asse-
modelo, talvez por sua simplicidade e capaci- melhando-se muito mais a um mosaico com-
dade operacional, exerceu, e continua exercen- plexo do que a um gradiente decrescente de cír-
do, influência sobre estudos dos mais variados culos concêntricos. Esse aspecto também se re-
matizes, desde o excelente trabalho de Abreu velou em outras análises, particularmente em
(1987) sobre a construção histórica do espaço Najar (1997 e 2000): o aglomerado metropoli-
carioca, até trabalhos na área da epidemiologia tano comandado pela cidade do Rio de Janeiro
como Duchiade (1991) e Leal (1995), e plane- se apresentou, não como uma cidade segrega-
jamento em saúde (Galvão et al., 1999). da, partida, mas como uma heterópolis, no sen-
O modelo núcleo-periferias concêntricas tido de Jencks (1993), um verdadeiro e sofisti-
para o Rio de Janeiro tinha inicialmente objeti- cado mosaico urbano (Timms, 1971), marcado
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tanto por dégradés quanto por dicotomias, de- tuem um campo próprio com interesses especí-
sautorizando-nos a pensar o espaço urbano ca- ficos, tanto analíticos quanto explicativos. Abor-
rioca como uma cidade dual, visto que ele se dagens desse tipo são eminentemente teóricas e
nos apresentava como uma cerzidura, um mo- compostas por dois momentos. Em uma pri-
saico complexo, bem mais próximo ao que pa- meira fase, orientadas por hipóteses, produzem
rece ter-se transformado a própria sociedade um modelo, e, em um segundo momento,
brasileira nas últimas décadas. Resultados tam- orientadas pelos dados, comparam o modelo às
bém confirmados por outros trabalhos indi- situações empíricas. É com esta produção que
cam, por exemplo, que há bairros e favelas den- dialogamos.
tro de uma mesma favela (Preteceille e Valla- O conjunto dos saberes produzidos sobre o
dares, 2000; Vetter, 1981 e o clássico Machado urbano assim como sobre a saúde pública não
da Silva, 1967). Especialmente com relação às constitui uma matriz disciplinar, como sugere
favelas cariocas, os resultados recomendam que Oliveira (1988), mas uma matriz multidiscipli-
se deve ter cuidado ao se discutir a periferiza- nar, sempre com pretensões transdisciplinares.
ção das favelas em relação à metrópole. Como São campos do conhecimento – emprega-se a
seria possível, então, incorporar em um mode- expressão entendendo que tais campos são, ou
lo a enorme complexidade dessa realidade? podem ser, constituídos por parcelas menores,
a saber, áreas do conhecimento formadas por
axiomas, conceitos, categorias, paradigmas e
Modelos analíticos socioespaciais enfoques oriundos de diversas áreas do saber,
com perspectivas disciplinares diferenciadas e
Pode-se dividir a literatura relevante sobre a es- geralmente com premência de definir e/ou ado-
truturação intra-urbana em grandes cidades tar técnicas de intervenção. Esses procedimen-
em três grandes grupos. O primeiro deles se tos convergem para uma tríade – tempo, lugar
compõe da extensa bibliografia que se dedica a e pessoa –, que constitui seu próprio objeto.
estudar o crescimento histórico das cidades, Essa tríade, por sua vez, desdobra-se, do ponto
tentando descrever as diversas dinâmicas en- de vista operacional, em cinco dimensões: uma
contradas. Esses estudos são patrimônio da tra- dimensão temporal, três dimensões espaciais –
dição arquitetônica/urbanística e recebem nor- x, y, z; e uma dimensão para o indivíduo/po-
malmente a designação de estudos sobre for- pulações. Tudo isso inter-relacionado pelo diá-
ma urbana. Essa produção não será discutida logo e coexistência no interior de uma mesma
aqui e será referida e utilizada à medida que comunidade.
ajudar a esclarecer questões relativas à história No conjunto de saberes dos estudos urba-
e à geometria dos aglomerados urbanos (Mor- nos, nem todos produziram modelos de estru-
ris, 1984; Linch, 1974). turação. Isso se deve às diferentes preocupa-
Um segundo grupo aborda a estruturação ções presentes, assim como a diferentes postu-
interna das cidades com caráter propositivo e ras com relação à atividade de pesquisa. Tradi-
normativo. Trata-se de análises que, mesmo ções de caráter cientificista, por exemplo, ten-
quando voltadas para o passado, pretendem dem a procurar padrões e leis gerais, ao contrá-
projetar ou planejar o futuro das cidades. Nes- rio de tradições empiristas. Tradições que não
sa linha, podemos incluir toda a tradição urba- privilegiam a natureza autônoma do espaço ur-
nística e do planejamento urbano stricto sensu, bano, por outro lado, tendem a rejeitar a cons-
ou seja, a produção de modelos, análises e ins- trução de modelos. A combinação dessas duas
trumentos que possibilitam, uma vez imple- características tem definido a existência de di-
mentados, alterar a estruturação urbana em um versos modelos. A tradição da sociologia urba-
certo sentido predeterminado (Choay, 1979; na de cepa marxista, por exemplo, apesar de ci-
Hall, 1990). entificista, nega a autonomia do espaço e, por-
O terceiro grupo se refere a tentativas de re- tanto, não produziu modelos (Castells, 1981).
produção, em modelos, do padrão de estrutura- O enfoque da geografia brasileira, por outro la-
ção urbana percebido e mediado pelos sentidos do, defendendo a autonomia do espaço, mas
e pelo pensamento. Esses modelos se apóiam na adotando postura empirista, também não pro-
observação e no estudo de grande número de duziu modelos.
análises do primeiro grupo (históricos e de for- Em função do que foi anteriormente pon-
ma urbana) e se relacionam com os do segundo derado, não se considerará no presente artigo,
tipo (normativos e propositivos), mas consti- três importantes tradições de estudos urba-
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Najar, A. L. & Marques, E. C.

nos: (1) a antropologia urbana de Velho (1975) competição-sucessão-acomodação, válido não


e Durham (1988), entre outros; (2) as aborda- apenas para atividades e residências, mas tam-
gens de talho marxista, quer sociológicas (Le- bém para grupos étnicos (ethnic succession e re-
febvre, 1969; Castells, 1981; Lojkine, 1981), sidential invasion). A diferença entre esses pro-
quer dos estudos espaciais (Leborgne e Lipietz, cessos e as formas naturais de competição (vá-
1990); (3) a geografia brasileira de origem fran- lidas para plantas e animais) estaria na capaci-
cesa (Monbeig, 1941). Interessam-nos especifi- dade humana de transformar as condições am-
camente outras duas tradições: a ecologia ur- bientais.
bana e a geografia e economia urbanas. Dada à Ao longo das décadas de 1940 e 1950, Amos
sua importância para esse ensaio, resume-se a Hawley ao fazer nova análise da ecologia urba-
seguir, em largos traços, cada uma das duas. na reduziu a ênfase na competição e aumentou
A chamada ecologia urbana é aplicação ao a importância da cooperação. Para a primeira
meio urbano do ferramental analítico da eco- Escola de Chicago, a estruturação do espaço era
logia humana. Sua versão original foi desen- um produto da luta dos indivíduos e grupos
volvida pela Escola de Chicago nas décadas de por recursos escassos; para a segunda versão da
1920 e 1930. Essa perspectiva estudou a cida- tradição ecológica, a distribuição socioespacial
de sob aspectos culturais, comportamentais e seria uma adaptação funcional de cada espaço
espaciais tendo como objetivo último analisar particular a transformações provocadas na so-
a vida do homem moderno. Segundo Park ciedade urbana como um todo. A sociedade se-
(1925), um de seus fundadores, a cidade é um ria um sistema que, buscando equilíbrio, im-
estado de espírito, ... é um produto da natureza, e primiria funções diversas a cada uma de suas
particularmente da natureza humana. Esta na- partes. Uma transformação em determinada
tureza seria composta de características bioló- configuração espacial representaria uma mu-
gicas e culturais. Às primeiras estaria associada dança homeostática das partes daquele sistema.
uma volição à competição, que alocaria os in- De forma aproximadamente concomitante
divíduos no espaço segundo suas aptidões. À à abordagem ecológica, ganhou expressão, tan-
segunda estaria relacionada a necessidade de to na geografia quanto na economia, outra li-
comunicação, a de interação social e da cons- nha de estudos sobre o espaço urbano com pre-
trução de uma ordem moral. tensões de constituir uma teoria do urbano, a
A contribuição dos autores da Escola de qual se designa aqui geografia e economia ur-
Chicago ocorreu em duas direções principais. banas.
Em uma primeira linha, os autores da Escola Em 1926, Robert Haig lançou a idéia de
realizaram um extenso trabalho empírico so- uma complementaridade entre renda da terra e
bre cultura urbana, tentando determinar a es- custos de transporte. Enfocando os custos de
pecificidade do "urbanismo como modo de vi- transporte, e não as distâncias, o autor abriu um
da". Esses estudos enfocaram os diversos com- vasto campo para as análises a partir da idéia
portamentos na comunidade urbana, a vizi- de custos de fricção. Estes seriam representa-
nhança, a delinqüência, a mobilidade intra-ur- dos pela soma da renda e do custo de transpor-
bana, a vida nos bairros fortemente segregados te relacionados a cada localização em um dado
etnicamente etc. Para Velho (1973), os estudos tempo. Os custos de fricção variariam em fun-
realizados pelos principais autores do movi- ção de transformações urbanas e das tecnolo-
mento – Robert Park, Ernest Burguess, Rodrick gias de transporte, mas sua minimização para
McKenzie e principalmente Louis Wirth – re- dado grau de acessibilidade expressaria a lo-
presentaram as primeiras análises de sociologia calização perfeita para certo uso. O modelo de
urbana. Haig permitia a explicação de localizações agrí-
Em uma segunda linha de análise, desen- colas e de indústrias, mas não lhe permitia afir-
volvida principalmente por McKenzie e Bur- mar nada sobre atividades comerciais, indiví-
guess, foi realizado um esforço de generaliza- duos e famílias. Como afirmou Alonso (1964),
ção, tentando construir uma teoria científica O volume de vendas de um comércio varejista va-
do crescimento urbano e da estruturação espa- ria com a sua localização, e a firma tem que pe-
cial baseada nas cidades norte-americanas. Pa- sar os custos de fricção contra este fator. Os cus-
ra McKenzie, a localização no espaço não só era tos de fricção não são por eles próprios suficientes
produto dos recursos e funções de cada grupo para determinar a localização, a não ser que va-
e atividade na competição, como também esta- riações no volume de vendas também sejam con-
va associada a um ciclo ecológico de invasão- siderados de alguma forma custos de fricção.
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De forma paralela e independente, em 1933, razão pela qual o Estado não deveria interferir
Christaller publicou sua Teoria do lugar central, regulando os usos do solo.
que exerceu forte influência entre economistas O modelo espacial resultante é dinâmico e
e geógrafos. Segundo ela, a função das cidades versátil, incorporando diversos fenômenos as-
seria a de fornecer bens e serviços ao seu entor- sociados às diferentes curvas de preferências
no, denominado região complementar. O mo- dos agentes econômicos e dos grupos sociais.
tor do processo de crescimento urbano seria o Não há nenhuma forma urbana específica de-
desenvolvimento econômico, que elevaria mais finida a priori, ao contrário dos modelos eco-
do que proporcionalmente a demanda por seus lógicos, mas um resultado contingente da defi-
serviços. A partir das diversas atratividades se- nição das preferências. Com este modelo, tor-
ria possível construir uma hierarquia de luga- nou-se possível explicar a até então aparente-
res centrais, e a sobreposição das regiões com- mente contraditória localização de pobres e ri-
plementares resultaria em um mosaico de he- cos nas cidades americanas. Pobres se locali-
xágonos contíguos cobrindo toda a região. A zariam nas regiões mais centrais e de maior
teoria do lugar central pode ser utilizada tam- renda da terra por priorizarem a acessibilida-
bém para o contexto intra-urbano e, em espe- de, mesmo que para isso tivessem de consumir
cial, intra-metropolitano. O resultado da apli- pouca terra (áreas de alta densidade), conside-
cação desse modelo é um sistema multicentra- rando suas limitações orçamentárias. Cama-
do de núcleos e periferias em inter-relação e das ricas da população, ao contrário, não se in-
hierarquia. Esse modelo é mais interessante pa- comodariam com localizações mais distantes
ra descrição da estruturação metropolitana mo- (por utilizarem transporte individual) para po-
derna do que um modelo concêntrico de inspi- derem consumir maiores quantidades de terra.
ração ecológica, apesar de se adequar melhor a A chave para o entendimento da distribuição
atividades econômicas do que a grupos sociais. dos suburbs estaria no fato de que a acessibili-
No que diz respeito à modelagem da estru- dade é um bem inferior, enquanto a baixa den-
turação e dinâmica intra-urbana, a contribui- sidade é um bem superior – suas demandas são
ção mais importante da escola neoclássica es- relativamente inversa e diretamente proporcio-
pacial está nos trabalhos de William Alonso nais à renda.
(especialmente Alonso, 1964). Esse autor cons- Através de sua teoria, Alonso polemizou
truiu uma teoria da renda da terra urbana a com os reformadores urbanos da década de
partir das simplificações características das 1960 acerca dos planos de reestruturação e re-
análises da economia espacial – a redução de vitalização dos centros então em execução. Pa-
todas as escolhas e estratégias individuais ao ra Alonso (1974), mesmo depois de revitaliza-
cálculo econômico racional, a consideração de dos, os centros não conseguiriam atrair grupos
todas as empresas como firmas indiferenciadas, de renda mais alta, visto que seu padrão de vi-
a inexistência de regulamentações estatais e a da seria incompatível com as regiões centrais.
desconsideração de quaisquer características Essa polêmica é interessante, pois, ao mesmo
topográficas, considerando o território como tempo que demonstra a aplicabilidade do mo-
uma planície isotrópica. Os preços da terra ur- delo, indica que, aparentemente, Alonso não le-
bana seriam o resultado de um leilão entre os vou sua capacidade explicativa até às últimas
diversos usos (e grupos diferentes de usuários conseqüências, modelando preferências dife-
no interior de cada uso). Os diagramas dos renciadas para diversos subgrupos no inte-
preços da terra expressariam as variações dos rior de grupos de renda. Como sugerido em
lances ofertáveis por cada consumidor de loca- Castells (1994) e Sassen (1991 e 1998), existem
lização para cada lugar na cidade. O orçamento grupos sociais específicos de alta renda para
e a estrutura de preferências de cada consumi- quem a localização central está associada a um
dor (exógena ao modelo como para todo neo- padrão de vida específico altamente valorado,
clássico), por outro lado, definiriam uma curva o que tem levado os centros das chamadas “ci-
de demanda por localização. O encontro das dades globais” a um intenso processo de eliti-
duas curvas – a de lances ofertáveis e a de de- zação. O acesso a determinados bens e serviços
manda – definiria a localização ótima para ca- também pode ser um bem superior.
da consumidor. A renda seria um alocador óti-
mo de usos, e qualquer regulação e interferên-
cia nesse mecanismo de mercado para melho-
rar a situação de alguém pioraria a de outro,
710
Najar, A. L. & Marques, E. C.

Concluindo sem fechar ra das economias e a adaptação ao processo de


globalização. A sua conseqüência é não só uma
Para finalizar, deve-se ter presente que a utili- submissão à dinâmica global mas também uma
zação de modelos espaciais para a descrição do imensa diferenciação no interior das grandes
urbano no Brasil se iniciou através dos estudos metrópoles, o que sugere um modelo analítico
da geografia. Foi através dessa disciplina que as que parta da premissa de que a distribuição dos
duas grandes linhas disciplinares descritas an- investimentos públicos guarda relação estreita
teriormente entraram na literatura brasileira com a estrutura social corporificada no espa-
sobre o espaço e o urbano. A tradição geográfi- ço, ou, segundo Vetter (1982), há uma “causa-
ca brasileira, no entanto, não guarda nenhuma ção circular” provocada por uma superposição
relação com a produção de modelos abstratos entre renda real e renda monetária. Acrescenta-
e só recentemente os incorporou. Através da mos que essa renda real, no caso das políticas
produção geográfica ocorreram a introdução públicas de saúde, são benefícios líquidos que
da preocupação com modelos e a convergência se traduzem em mudanças dos perfis epide-
em torno da descrição e explicação da estrutu- miológicos da população. Dada à melhoria ge-
ração interna das metrópoles brasileiras. Quan- neralizada das condições de vida da população
do esse modelo se constituiu para o caso da re- nas grandes cidades brasileiras, tais mudanças
gião metropolitana do Rio de Janeiro não re- só podem ser detectadas, num sentido opera-
presentava mais um patrimônio da produção cional que interessa grandemente à saúde pú-
geográfica, mas reunia geógrafos, arquitetos, blica, e especialmente à epidemiologia, caso se
administradores, etc. A sua ancestralidade, no trabalhe com níveis de agregação convenientes,
entanto, está ligada diretamente à produção por exemplo, setores censitários ou domicílios,
geográfica, mais especificamente a trabalhos que serão posteriormente reagrupados através
como Geiger (1960) e Santos (2001) durante o de técnicas especiais – análise de clusters, por
primeiro momento de transformação da geo- exemplo –, oferecendo assim novas “visões” so-
grafia tradicional, e Bernardes e Duarte (1974). bre os aglomerados urbanos, no nosso caso, re-
A desigualdade espacial, sendo um aspecto giões metropolitanas.
da desigualdade em geral, tem sua importância Espera-se ter apresentado o que se acredita
reforçada quando segregações espaciais e re- ser o arcabouço básico de uma sugestão para o
gionais alinham-se com tensões políticas e ét- desenvolvimento de tipologias de análise so-
nicas. O crescimento da desigualdade espacial cioespacial no âmbito daquilo que ousamos
está relacionado também a uma maior abertu- chamar o lugar do espaço na saúde coletiva.

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