Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
q=pt/node/39906/print
Morte cerebral
Criado em 10/07/2008 - 11:23
Não há como dizer mais do que disse o pai de João na TV. Esta tragédia viola
os termos constitucionais, os acordos internacionais de que o Brasil é
signatário, a doutrina da própria PMERJ.
Resta o esforço de compreender por que isto pode acontecer, por que já
aconteceu antes, por que pode continuar acontecendo. E apontar de forma
inequívoca que existe como impedir que isso aconteça de novo.
Que fique muito claro: isso não é um caso isolado, e vai mais longe do que os
que tinham as armas na mão. Resulta de uma rede de omissões e equívocos
sistemáticos. Que fique ainda mais claro: isso tem solução sim.
1 of 3 7/10/08 4:44 PM
Morte cerebral http://www.comunidadesegura.org/?q=pt/node/39906/print
se dizer que se está em guerra quando se faz segurança pública. Que leva até
o João. Regras que se pode estabelecer e disseminar no âmbito interno de
uma Secretaria de Segurança, de uma polícia, de uma unidade policial –
amanhã.
O erro tático. O estado das práticas e dos saberes policiais qualificam como
um equívoco, um erro, atirar contra um veículo em rajadas sem ter alvo
visado e, portanto, responsabilidade por cada tiro deflagrado. Atirar a esmo,
reconhecendo pelo fogo, abrindo mão de tudo que caracteriza o uso da arma
de fogo pelos agentes da lei. Abrir fogo de fuzil em rajadas sobre um veículo
parado, sem que haja risco letal, sem que haja ameaça ou resistência
armada, sem que se tenha identificado em quem se atira e por que.
Atirar é algo que se prepara em dois níveis. O primeiro é no ato de colocar o
projétil no que se visa, com consciência e precisão. Há polícias em que só se
qualifica para as ruas quem acerta mais de 95 tiros em 100 em cada um dos
armamentos que pode vir a utilizar, sabendo quando cada um tem seu uso.
Isso é algo que se faz 90% do tempo “a seco”, sem munição. Para tratar
cada tiro como um exame final, educar a responder pelo motivo e destino de
cada projétil. Isso não é utopia. Esse é o requisito profissional corriqueiro das
polícias das democracias consolidadas e fortes. Onde os policiais têm lugar e
vez. O segundo é o ato de decidir que atirar é a melhor resposta diante de
uma dada situação, e daí saber escolher como fazê-lo. Onde e em quem ou
no que mirar e atirar, e com qual armamento. Isso também se ensina e se
aprende. Há polícias em que um tiro não visado e justificado, ou a má escolha
de armamento, encerra uma carreira.
2 of 3 7/10/08 4:44 PM
Morte cerebral http://www.comunidadesegura.org/?q=pt/node/39906/print
Fonte:
http://www.comunidadesegura.org/?q=pt/node/39906
3 of 3 7/10/08 4:44 PM