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PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI

SINTAXE DE CONCORDÂNCIA – PARTE 2


Hoje, daremos continuidade ao estudo da sintaxe de concordância, desta vez
analisando os casos de concordância verbal.
Segundo a regra geral, o verbo concorda com o núcleo do sujeito em número e
pessoa. Em uma linguagem mais simples, o núcleo do sujeito manda no verbo, mas
é a partir do verbo que conseguimos identificar o sujeito.
O técnico escalou o time.
Os técnicos escalaram os times.
Para isso, perguntamos ao verbo quem/o que é o seu sujeito: quem escalou o
time? O técnico / os técnicos.
As construções dos exemplos acima apresentam sujeito simples (um único núcleo)
e dispõem os elementos da oração na ordem direta, ou seja, SUJEITO + VERBO +
COMPLEMENTOS.
Em frases como essas, fica bem fácil identificar o sujeito e seu núcleo e perceber
qualquer erro de concordância. Veja como isso caiu em uma das mais recentes
provas da ESAF (essa acabou de sair do forno!):

(ESAF/AFT/2006) Os trechos abaixo constituem um texto. Assinale a opção


que apresenta erro.
a) A Primeira Revolução Industrial pode ser entendida como uma guinada
de todos os indicadores econômicos ingleses, sobretudo nas duas últimas
décadas do século XVIII.
b) Tal avanço dos indicadores econômicos tiveram várias razões: a
intensificação do Comércio Internacional desde o século XVI, a Revolução
Agrícola (e a expulsão de vastos contingentes de campesinos para as
cidades), o surgimento de uma indústria têxtil inglesa etc.
c) Esses acontecimentos propiciaram o que o historiador Eric Hobsbawm
chama de a “partida para o crescimento auto-sustentável”. Por “crescimento
auto-sustentável” entende-se: o poder produtivo das sociedades humanas,
até então sujeito a variáveis climáticas ou demográficas, tornou-se
crescente e constante – livre de epidemias, fomes, pestes ou intempéries,
que regularmente ceifavam grandes contingentes de mão-de-obra em
quase toda a Europa.
d) Contraposto à Idade Média, em que o problema crônico da produção era
a falta de homens e mulheres nos campos (e não de terras), o período que
se segue à Revolução Industrial é aquele em que o homem começa a
tornar-se um pouco mais supérfluo.
e) Como explicita Hobsbawm, trata-se de período em que, às grandes
massas de desempregados e campesinos desapossados, juntou-se um
sistema fabril mecanizado que produzia “em quantidades tão grandes e a
um custo tão rapidamente decrescente a ponto de não mais depender da
demanda existente, mas de criar o seu próprio mercado”.
(Raquel Veras Franco, Breve Histórico da Justiça e do Direito do Trabalho no
Mundo.http://www.tst.gov.br/Srcar/Documentos/Historico)

Será que você acertou???


O gabarito deu como incorreta a construção da opção B. Note que o núcleo do
sujeito é avanço (“Tal avanço dos indicadores econômicos...”). Com este elemento,
o verbo TER deve concordar. Os demais elementos (“tal”, “dos indicadores
econômicos”) só vêm complementar o sentido do núcleo. Normalmente, devido à

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proximidade do verbo com vários elementos no plural, não notamos que ele deve
permanecer no singular. Para evitar erros como esses (muito comuns nas provas
da ESAF), uma boa dica é assinalar o núcleo de alguma forma (sublinhando,
envolvendo com um círculo etc).
A construção correta seria: “Tal avanço dos indicadores econômicos teve várias
razões...”. Esse é um caso de construção na ordem direta (sujeito + verbo +
complemento) com apenas um núcleo do sujeito (sujeito simples).
Se você achou essa questão complicada, prepare-se, pois pode piorar! Vida de
concursando não é essa maravilha aí, não... Normalmente, as construções vêm em
ordem invertida e/ou com o sujeito bem distante do verbo, o que dificulta a
constatação de um equívoco na concordância. Esse, aliás, é o estilo da ESAF. Entre
o núcleo do sujeito e o verbo são dispostos vários elementos em número diverso do
apresentado pelo sujeito. Resultado: sem que percebamos, acabamos
“contaminados” e aceitamos uma concordância incorreta.

Daquela mesma prova, tiramos este outro exemplo de erro de concordância, um


pouco mais complicadinho. Resolva a questão e leia o comentário.

(ESAF/AFT/2006) Os trechos a seguir constituem um texto. Assinale a


opção que apresenta erro de concordância.
a) As riquezas geradas eram, de fato, imensas e as condições de vida nas
cidades costumavam ser horríveis. Para se ter idéia, alguns recenseamentos
ingleses, da década de 1840, relatam que o homem do campo vivia, em
média, 50 anos e o da cidade, 30 anos.
b) Talvez esses números sejam indicadores da dramaticidade das
modificações ocasionadas, na vida de milhões de seres humanos, pela
Revolução Industrial.
c) Essa dramaticidade que, muitas vezes, nos escapa, mas que podemos
entrever, como nos informa Hobsbawm, se levarmos em conta que era
comum, nas primeiras décadas dos oitocentos, encontrar trabalhadores
citadinos vivendo de forma que seria absolutamente irreconhecível para
seus avós ou mesmo para seus pais.
d) A fragmentação das sociedades campesinas tradicionais, que originou as
grandes massas nas cidades, fazem com que, nas palavras de Hobsbawm,
“nada se tornasse mais inevitável” do que o aparecimento dos movimentos
operários.
e) Aqueles trabalhadores, que viviam em condições insuportáveis, não
tinham quaisquer recursos legais, somente alguns rudimentos de proteção
pública.
(Raquel Veras Franco, Breve Histórico da Justiça e do Direito do Trabalho no
Mundo - http://www.tst.gov.br/Srcar/Documentos/ Historico)

O gabarito é a letra d. Desta vez, o núcleo do sujeito (fragmentação – núcleo do


sujeito na construção “A fragmentação das sociedades campesinas tradicionais”)
está bem distante do verbo (fazer) e, entre eles, elementos no plural – e não são
poucos: “das sociedades campesinas tradicionais, que originou as grandes massas
nas cidades”. Nada disso interessa! O núcleo do sujeito continua sendo o mesmo –
fragmentação – no singular, e com ele deve o verbo concordar: “a fragmentação
(...) faz com que...”.
LEMBRE-SE DA DICA: em questões como essa, MARQUE o núcleo do
sujeito, para não perdê-lo de vista nem da memória.

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A seguir, apresentamos alguns casos especiais de concordância verbal que


devem ser observados.
Caso 1 - Sujeito composto – No sujeito composto, há mais de um núcleo do
sujeito.
Quando o sujeito composto estiver:
1.a) anteposto ao verbo (SUJEITO + VERBO), o verbo vai para o plural, ou
seja, obedece à concordância gramatical – o verbo concorda com os núcleos do
sujeito. Como o sujeito (com todos os seus núcleos) já foi apresentado, não resta
outra saída a não ser concordar com todos os elementos.
O técnico e os jogadores chegaram ontem a São Paulo.

1.b) posposto ao verbo (VERBO + SUJEITO), o verbo pode concordar com o


sujeito mais próximo (concordância atrativa) ou ir para o plural, concordando com
todos eles (concordância gramatical). O raciocínio dessa concordância é este: como
o sujeito ainda não foi apresentado, o verbo pode “garantir” a concordância logo
com o primeiro (concordância atrativa) ou “aguardar” a apresentação de todos e
com todos eles concordar (concordância gramatical).
Chegou(aram) ontem o técnico e os jogadores.
Se houver idéia de reciprocidade, obrigatoriamente o verbo vai para o
plural; afinal, por ser recíproca, a ação necessita de mais de um agente.
Agrediam-se mãe e filha.

1.c) Havendo pronomes pessoais, formado com pessoas diferentes: verbo


fica no plural da pessoa predominante (1ª, 2ª ou 3ª), obedecendo à seguinte
ordem de preferência:
PREVALECE A 1ª PESSOA – VERBO NA 1ª PESSOA DO PLURAL
Eu, você e os alunos iremos ao museu.(NÓS)
NA AUSÊNCIA DA 1ª PESSOA, PREVALECE A 2ª PESSOA – VERBO NA 2ª
PESSOA DO PLURAL:
Tu, ela e os peregrinos visitareis o santuário.(VÓS)
Nesse segundo caso, modernamente vários autores (Rocha Lima, Sacconi, dentre
outros) já aceitam a conjugação na 3ª pessoa do plural, haja vista o desuso das
segundas pessoas na linguagem coloquial brasileira.
Tu, ela e os peregrinos visitarão o santuário (VOCÊS).
Se a oração estiver em ordem inversa (VERBO + SUJEITO COMPOSTO), pode haver
a concordância atrativa, ou seja, o verbo pode também concordar com o primeiro
elemento:
Irá ao museu ela e eu (3ª p.sing.) / Irei ao museu eu e ela (1ª p.singular)
OU
Iremos ao museu ela e eu/eu e ela (1ª p.plural)

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1.d) Com núcleos em correlação (tanto...como; como; não só ... bem como)
POLÊMICA À VISTA! Vários autores registram o emprego do verbo concordando
com o primeiro.
O cientista assim como o médico pesquisa a causa do mal.
Esse é o posicionamento do mestre LUIZ ANTÔNIO SACCONI (em Gramática
Básica) – Os exemplos dados pelo professor apresentam o segundo elemento
isolado por vírgulas, com a flexão somente com o primeiro elemento:
Meus amigos, assim como eu, gostam de estudar Português.
Eu, bem como meus amigos, gosto de estudar Português.
No entanto, também há registros de concordância com todos os elementos.
- CELSO CUNHA & LINDLEY CINTRA (em Nova Gramática do Português
Contemporâneo) - O posicionamento dos professores Celso Cunha e Lindley Cintra
é que, se não houver pausa entre os sujeitos (ou seja, não houver vírgula), o verbo
irá para o plural:
“Qualquer se persuadirá de que não só a nação mas também o príncipe
estariam pobres.”
Os gramáticos ainda destacam o caso de sujeitos ligados por conjunção
comparativa. Segundo eles, quando dois sujeitos estão unidos por uma das
conjunções comparativas como, assim como, bem como e equivalentes, a
concordância depende do valor que atribuímos ao conjunto. O verbo concordará
com o primeiro elemento se quisermos destacá-lo:
A íris, como a impressão digital, é única em cada pessoa.
Nesse caso, a conjunção conserva seu valor comparativo, e o segundo termo vem
enunciado entre pausas, indicadas na escrita pelas vírgulas.
Se os elementos se adicionam, se complementam, o verbo vai para o plural,
seguindo o modelo apresentado nas estruturas correlativas não só... mas
também, tanto...como, visto acima.
- ROCHA LIMA (em Gramática Normativa da Língua Portuguesa)- O mestre
registra a dupla possibilidade de flexão, destacando como preferível a flexão no
plural:
“Se o sujeito é construído com a presença de uma fórmula correlativa, deve
preferir-se o verbo no plural.
‘Assim Saul como Davi, debaixo do seu saial, eram homens de tão grandes
espíritos, como logo mostraram suas obras’ (ANTÔNIO VIEIRA)”
Segundo o autor, é raro aparecer o verbo no singular:
‘(...) tanto uma, como a outra, suplicava-lhe que esperasse até passar a maior
correnteza’.”
- EVANILDO BECHARA (em Moderna Gramática Portuguesa)- Também merecem
registro as palavras do emérito professor Evanildo Bechara, que apresenta a
possibilidade de construir no singular ou no plural, indistintamente:
“Se o sujeito composto tem os seus núcleos ligados por série aditiva enfática
(não só... mas, tanto...quanto, não só...como, etc.), o verbo concorda com o mais
próximo ou vai ao plural (o que é mais comum quando o verbo vem antes do
sujeito).

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Vamos eliminar esse monstro que apareceu aí: série aditiva enfática. “Série”
porque estamos diante, não de uma, mas de várias palavras (não só...mas
também, tanto...como, por exemplo). “Aditiva” por apresentar idéia de adição,
equivalente à conjunção “e”. Finalmente, “enfática” por enfatizar cada um dos
elementos da construção, ou até mais um do que outro, ao contrário do que faria
uma mera conjunção “e”, que coloca os dois elementos no mesmo patamar.
Compare: “Eu e meu irmão vimos o acidente.” / “Não só eu como também meu
irmão vimos o acidente.”. Percebeu a diferença?
Parece que ouvi alguém gritar: “Claudia, o que eu faço na hora da prova???”.
Resposta: vai depender da banca examinadora. Primeiramente, há as que indicam
bibliografia. Se isso acontecer, siga o que diz o gramático indicado. Em outros
casos (a maioria, infelizmente), devemos tomar todo cuidado. Vejamos como se
comportou a ESAF:

(ESAF/Assistente de Chancelaria/2002)
As viagens ao exterior e os encontros com figurões estrangeiros constituem,
desde o reinado de Dom Pedro II, um trunfo na estratégia das lideranças
brasileiras. De fato, as críticas às viagens internacionais do Presidente da
República ou de outros dirigentes parecem despropositadas. Tanto o governo
como a oposição devem reposicionar os interesses brasileiros num mundo em
plena mutação. O problema que se coloca é de outra natureza e se resume
numa interrogação pouco formulada na campanha presidencial: quais devem
ser os rumos de nossa diplomacia?
(Luiz Felipe de Alencastro, Veja, 10/04/2002, com adaptações)
d) o conectivo “Tanto...como”(l.4-5) for substituído por Não só ... mas
também, o verbo seguinte pode ser empregado no plural, “devem”(l.5), ou
no singular, deve.

A banca considerou CORRETO este item, ou seja, a partir dessa questão,


podemos afirmar que o entendimento da ESAF é que, em séries aditivas
enfáticas, o sujeito poderá facultativamente se flexionar no singular ou no plural,
com ou sem pausa (vírgula).
Precisaríamos analisar como se comportam as demais bancas, mas algumas
passam ao largo da discussão e não exploram questões como essa.

1.e) Ligado por COM : verbo concorda com o antecedente do COM ou vai para o
plural, entendendo que formam um sujeito composto.
O professor, com os alunos, resolveu o problema.
O maestro com a orquestra executaram a peça clássica.
A opção por uma ou outra flexão é livre, mas não indiferente. Vai depender da
ênfase que se queira dar. O plural destaca o conjunto dos elementos, com idéia de
“cooperação”, enquanto que o singular enfatiza somente um deles.
Se a intenção for realçar apenas um dos núcleos, o verbo concorda com ele. Neste
caso, como nos ensina Rocha Lima, o segundo sujeito (ligado pela preposição com)
“é posto em plano tão inferior que se degrada à simples condição de um
complemento adverbial de companhia”. A vírgula, neste caso, é facultativa.
A carta com o documento foi extraviada.

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1.f) Ligado por OU: verbo no singular ou plural, dependendo do valor do OU. Se
for alternativo, com idéia de exclusão dos demais, o verbo fica no singular.
Valdir ou Leão será o goleiro titular.
Também permanece no singular se a conjunção “ou” exprimir equivalência, de tal
forma que o verbo possa se dirigir a qualquer dos elementos.
Um cardeal, ou um papa, enquanto homem, não é mais do que uma pessoa”.
(MANUEL BERNARDES)
Se o valor da conjunção for aditiva, de modo que a ação possa abranger todos os
sujeitos, indistintamente, o verbo vai para o plural.
Alegrias ou tristezas fazem parte da vida.(tanto umas como outras)
O mesmo acontece quando um dos elementos já se apresenta no plural.
O policial ou os populares poderiam ter prendido o perigoso assassino.

1.g) Ligado por NEM: segue o mesmo raciocínio que o caso 1.f (sujeito composto
ligado por OU) – verbo pode ficar no plural ou no singular.
Nem Paulo nem Maria conquistaram a simpatia de Joana.(valor aditivo)
Nem Ciro nem Enéas será eleito presidente.(valor alternativo ou excludente)
Nesses dois últimos casos (1.f e 1.g - sujeito composto ligado por OU / NEM),
havendo, entre os sujeitos, algum expresso por um pronome reto, devemos seguir
a regra 1.c (primazia das pessoas – 1ª. e 2ª):
Nem meu primo, nem eu freqüentamos tal sociedade.(1ª p.plural)

1.h) Resumido com pronome indefinido: o verbo concorda com o pronome, que
exerce a função de aposto resumitivo. Esse é um caso de concordância especial, em
que o verbo concorda, não com o sujeito (todos os elementos), mas com o aposto
(pronome indefinido).
Jovens, adultos, crianças, ninguém podia acreditar no que acontecia.

1.i) Modificado pelo pronome CADA: quando o pronome indefinido cada é


seguido por substantivo ou pronome substantivo, o verbo fica na 3ª pessoa do
singular.
Cada homem, cada mulher, cada criança ajudava os flagelados.

Caso 2 - Sujeito constituído por:


2.a) Um e outro. O verbo no singular ou plural, indiferentemente.
Um e outro médico descobriu(ram) a cura do mal.
Nem um nem outro problema propostos foi(ram) resolvido(s).
Estude este ponto juntamente com o caso 1.6 da Aula 3 (concordância nominal
com um e outro)
2.b) Um ou outro. Em função da presença da conjunção ou, há nessa construção
um valor excludente, que leva o verbo para o singular.

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Um ou outro candidato será aprovado.


2.c) Nem um nem outro – POLÊMICA À VISTA.
A posição majoritária é no sentido de manter o verbo no SINGULAR, como ocorre
com “um ou outro”:
- EVANILDO BECHARA (em Lições de Português pela Análise Sintática): “Com nem
um nem outro continua de rigor o singular para o substantivo e o verbo se porá
no singular: Nem uma coisa nem outra é necessária”.
- CELSO CUNHA E LINDLEY CINTRA: “As expressões um ou outro e nem um nem
outro, empregadas como pronome substantivo ou como pronome adjetivo, exigem
normalmente o verbo no singular: Nem um nem outro havia idealizado previamente
este encontro.”
- ROCHA LIMA: “Também a expressão nem um, nem outro, seguida ou não de
substantivo, exige o verbo no singular (só excepcionalmente se encontrará o verbo
no plural): Nem um nem outro havia idealizado previamente esse encontro” (pode
parecer incrível, mas o mesmo exemplo de TASSO DE OLIVEIRA é apresentado nas
duas obras citadas com divergência no emprego do pronome demonstrativo – este
/ esse).
Precisamos, contudo, registrar o posicionamento divergente de DOMINGOS
PASCHOAL CEGALLA em Novíssima Gramática da Língua Portuguesa: “Um e outro
/ Nem um nem outro – o sujeito sendo representado por uma dessas expressões,
o verbo concorda, de preferência, no plural. Exemplos: Depois nem um nem outro
acharam novo motivo para diálogo (Fernando Namora)/ Nem uma nem outra foto
prestavam (ou prestava).
Você pode estar se perguntando por que eu citei todas essas posições doutrinárias.
A resposta é simples: como nosso curso é amplo, voltado para as diversas bancas
examinadoras do país, caberá ao candidato seguir o gramático mencionado na
bibliografia. Em provas realizadas por bancas como a FCC, ESAF, que não oferecem
indicação bibliográfica, deve seguir a posição majoritária, tomando sempre o
cuidado de analisar todas as opções.

2.d) Expressões partitivas ou quantitativas (a maioria de, grande parte de,


grande número de), seguidas de nome plural: Em expressões que indicam
uma parte de um todo (por isso chamadas de termos ou expressões partitivas), o
verbo pode concordar com o núcleo do sujeito (maioria, parte, metade), ficando no
singular, ou com o especificador (substantivo que se segue). Assim, pode-se
destacar o conjunto (singular) ou os elementos desse conjunto (plural). Neste
último caso, realiza-se a concordância ideológica (com a idéia).
A maioria dos candidatos conseguiu/conseguiram aprovação.

2.e) Coletivo geral: A idéia é que o substantivo coletivo já exerce a função


agregativa, ou seja, contém o valor de conjunto, deixando o verbo no singular.
O povo escolherá seu governante em 15 de novembro.

2.f) Expressões que indicam quantidade aproximada (cerca de, perto de,
mais de) seguida de numeral: Nesses casos, o verbo concorda com o numeral
que acompanha o substantivo.
Mais de um jogador foi criticado pela crônica esportiva.

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Cerca de dez jogadores participaram da briga.


Esse é um dos casos em que o português se afasta completamente da lógica.
Enquanto “mais de um jogador” (que indica, no mínimo, dois) mantém o verbo no
singular (“mais de um jogador foi criticado”), a expressão “menos de dois” levaria o
verbo para o plural (“menos de dois jogadores foram criticados”), mesmo que
indique ser UM JOGADOR!
Se houver idéia de reciprocidade ou a expressão for repetida, o verbo fica
obrigatoriamente no plural.
Mais de um torcedor agrediram-se.
Mais de um candidato, mais de um fiscal se queixaram da extensão da prova
(exemplo de BECHARA em Lições de Português pela Análise Sintática)

Veja uma questão de prova que “brincou” com esse conceito.

(NCE UFRJ / BNDES/ 2005)


A língua portuguesa e os conhecimentos matemáticos nem sempre estão de
acordo. A frase abaixo em que a concordância verbal contraria a lógica
matemática é:
(A) 50% da torcida brasileira gostaram da seleção;
(B) mais de três jornalistas participaram da entrevista;
(C) menos de dois turistas deixaram de participar do passeio;
(D) são 16 de outubro;
(E) participaram do congresso um e outro professor.

O gabarito foi letra C. Mesmo que o sujeito apresente a idéia de UM TURISTA


(menos de dois só pode ser um!), por concordar com o numeral que acompanha a
expressão (“menos de dois turistas”), o verbo deve ser flexionado no plural –
“deixaram de participar”.
Note que, na opção B, foi respeitada a idéia de plural (mais de três), caso em que o
verbo foi para o plural para concordar com o numeral (“três”).
Em relação à opção E, vimos que, com a expressão “um e outro”, o verbo tanto
pode ir para o plural como ficar no singular (“participou/ participaram um e outro
professor”).
Os demais casos de concordância serão vistos mais adiante (número percentual e
verbo ser).

2.g) Pronomes (indefinidos ou interrogativos)


- no singular, seguidos de pronome: verbo no singular, concordando com o
pronome.
Qual de nós será escolhido?
- no plural, seguidos de pronome: o verbo concorda com o pronome pessoal ou
vai para a 3ª pessoa do plural.
Poucos dentre eles serão chamados pelo Exército.
Alguns de nós seremos / serão eleitos.

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O que está em jogo é a intenção do autor em incluir, na ação, a figura representada


pelo pronome. Compare:
Alguns de nós sabem o resultado do jogo.
Alguns de nós sabemos o resultado do jogo.
Pergunta-se: em qual dos dois casos está clara a inclusão do autor da frase no
grupo de pessoas que sabe o resultado do jogo? Resposta: no segundo caso,
indicada essa circunstância pela desinência verbal (sabemos).

2.h) Pronome QUEM: A concordância vai depender da classificação da palavra


QUEM.
Se o verbo ficar na 3ª pessoa do singular, indica-se que a palavra é um pronome
indefinido.
Se for realizada a concordância com seu antecedente, entende-se que se trata de
um pronome relativo, assim como acontece com o pronome relativo QUE (caso
2.i).
Sou eu quem pago o seu salário.
Sou eu quem paga o seu salário.
Nas orações interrogativas iniciadas pelos pronomes QUEM, QUE, O QUE, o verbo
SER concorda com o nome ou pronome que vier depois (BECHARA, op.cit.).
Quem são os culpados?
Que são os sonhos?
O que seremos nós sem fé?

2.i) Pronome relativo QUE na função de sujeito: verbo concorda com o


antecedente.
Não fui a aluna que chegou primeiro.
Dos sonhos que me atordoam, esse é o mais recorrente.
Pronome relativo é assim chamado por fazer referência a algum outro termo
(substantivo, pronome substantivo, oração substantiva) já mencionado
anteriormente (ANTECEDENTE).
Nas duas passagens, o que é um pronome relativo.
O pronome relativo dá início a uma oração que atribui a esse antecedente uma
característica, estado ou condição. Por esse motivo, a oração iniciada pelo pronome
relativo é uma oração subordinada adjetiva. Assim, concluímos que SEMPRE UM
PRONOME RELATIVO DÁ INÍCIO A UMA ORAÇÃO ADJETIVA.
Quando esse pronome relativo exerce a função sintática de sujeito da oração
adjetiva, para respeitar as regras de concordância, deve-se observar a qual termo o
pronome relativo está se referindo, e com ele será feita a concordância verbal.
Em outras palavras, é como se o pronome relativo fosse o “CHEFE SUBSTITUTO”.
Na oração adjetiva, é o pronome que exerce a função de sujeito, mas a
concordância é feita com o elemento que ele substitui na oração (o “CHEFE” de
verdade é o antecedente).
Assim, funciona como se o pronome relativo dissesse ao verbo: “Olha aqui, você
me respeita, pois aqui eu sou o sujeito. No entanto, só estou aqui substituindo

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aquele lá. Então, se você quiser saber o que fazer, se vai para o plural ou para o
singular, vai perguntar para ele...”.

Veja como esse assunto foi tratado em uma questão de prova.

(FCC/TRT 24ª Região/2006)


(B) As maravilhas da geologia, da fauna e da flora do Brasil Central
representa um paraíso que não foram feitas para o turismo de massas de
visitantes.

Este item foi considerado INCORRETO.


Há, nessa passagem, dois erros de sintaxe de concordância.
Primeiro erro: em “As maravilhas da geologia, da fauna e da flora do Brasil Central”
o núcleo do sujeito é maravilhas. O verbo deve, pois, concordar com ele e ir para
o plural – representam (caso clássico).
Em seguida, o segundo erro: o pronome exerce a função de sujeito. Como seu
antecedente é o substantivo “paraíso”, com ele devem o verbo e o adjetivo da
oração adjetiva (foram feitas) ficar em harmonia. Nota-se, aí, o deslize de
concordância: a forma correta seria no singular e, no caso do adjetivo, masculino:
“As maravilhas da geologia, da fauna e da flora do Brasil Central representam um
paraíso que não foi feito para o turismo de massa de visitantes”.
E, já que estamos falando em pronome relativo, vamos tratar de mais dois casos
que envolvem esse termo.

2.j) Um dos (...) que: O verbo pode concordar com “um”, permanecendo no
singular, ou com o complemento, flexionando-se no plural. Essa faculdade permite
que se dê ênfase ao elemento individual (singular) ou aos elementos que compõem
o grupo (plural).
Ele foi um dos alunos desta classe que resolveu / resolveram o problema.
Seu filho foi um dos que chegou / chegaram tarde.

2.l) Com a expressão “o que” – a concordância se faz com o pronome relativo


que.
O que falta são recursos.
O sujeito, nesse caso, não é “recursos”, mas o pronome relativo “que” (a coisa que
falta). Já o verbo “ser” respeita as regras mais adiante expostas (caso 5).
Vejamos como foi abordado o assunto em prova:

(FCC/TCE SP/2005)
O que se ...... (SEGUIR) à concentração de renda, do desemprego e da
exclusão social são as manifestações violentas dos maiores prejudicados.

A concordância do verbo da lacuna deve ser feita com “que” (pronome relativo).
Assim, o verbo é conjugado na 3ª pessoa do singular, independentemente do
número (singular ou plural) do elemento que vem após o verbo “ser” – “O que se
segue (...) são as manifestações violentas...”. O verbo que preenche a lacuna
fica no singular, pois.

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Além da concordância com a expressão “o que”, um dos casos de concordância


mais especiais, e que merece o nosso comentário, é com o verbo ser (“... são as
manifestações...”).
Mais adiante, trataremos da concordância com o verbo SER (caso 5).

2.m) Palavras sinônimas: O verbo concorda com o mais próximo (preferência)


ou fica no plural.
A Ética ou a Moral preocupa-se com o comportamento humano.
A música e a sonoridade sempre nos diz / dizem algo.
Observação: Expressando uma gradação, mantém-se o verbo no singular:
Um gesto, um olhar, um aperto de mão bastaria.
Deste modo, a ênfase recai no último elemento, que representa a série.

2.n) Verbos no infinitivo substantivado: verbo no singular.


Estudar e trabalhar engradece o homem. (O fato de...)
- Se vierem determinados ou forem antônimos - verbo no plural.
O falar e o escrever caracterizam um sábio.
Rir e chorar fazem parte da vida.

2.o) Número percentual - pode concordar com o numeral ou com o termo


posposto.
80% da população acreditam (oitenta) / acredita (população) na moeda.
Dez por cento das pessoas declaram Imposto de Renda.
(A única forma é plural – dez e pessoas)
Se vier determinado, vai para o plural.
Os 10% mais ricos do Brasil possuem a maior parte da renda.
Voltando ao exemplo do caso 2.f: “50% da torcida brasileira gostaram da
seleção”, o verbo poderia ir para o plural (como foi apresentado na opção,
concordando com o numeral) ou ficar no singular, concordando com o complemento
(torcida).

Caso 3 - Verbo acompanhado da palavra SE


Agora, iremos ver um dos casos mais recorrentes em questões de provas,
especialmente da Fundação Carlos Chagas e ESAF – construção de voz passiva
pronominal.
3.a) SE = pronome apassivador: verbo concorda com o sujeito paciente.
Na aula sobre VERBOS (Aula 2), vimos que, na voz passiva pronominal (ou
sintética), o verbo TRANSITIVO DIRETO ou DIRETO E INDIRETO, quando
acompanhado do pronome SE, deve concordar com o sujeito paciente (que está
sublinhado nos exemplos abaixo).
Viam-se ao longe as primeiras casas.

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Ofereceu-se um grande prêmio ao vencedor da corrida.


Assim, para confirmação dessa passividade, temos de fazer duas perguntas:
1 – O verbo é transitivo direto (TD) ou transitivo direto e indireto (TDI)?
2 – Existe uma idéia passiva na construção?
Se ambas as respostas forem SIM, estamos diante de uma construção de voz
passiva e, então, o verbo deverá se flexionar de acordo com o sujeito paciente
(mais precisamente com o seu núcleo).
Veja uma questão de prova que abordou o assunto.

(FCC / TCE SP / Dezembro 2005)


Analise a afirmação:
(E) Ainda que se vejam as fogueiras e se ouçam os gritos dos
manifestantes, não há sinais de medidas que levem à solução da crise social
que a tantos vitima.

Este item está CORRETO.


Logo no primeiro período, junto ao verbo ver (que é TRANSITIVO DIRETO), há o
pronome “se”.
Quando um verbo de transitividade direta ou direta e indireta estiver
acompanhado do pronome se, podemos estar diante de uma construção de voz
passiva.
Para confirmarmos essa passividade, teremos de fazer aquelas duas perguntinhas:
1 – Os verbos apresentam transitividade direta (TD) ou direta e indireta (TDI)?
SIM (alguém vê / ouve alguma coisa).
2 – Existe uma idéia passiva na construção? SIM, existe idéia passiva (as fogueiras
são vistas e os gritos são ouvidos).
Como ambas as respostas foram SIM, estamos diante de construções de voz
passiva e, então, os verbos deverão se flexionar de acordo com os sujeitos
pacientes (mais precisamente com seus núcleos).
No primeiro caso, o sujeito está representado por “as fogueiras”, cujo núcleo está
no plural (fogueiras).
Desse modo, o verbo deverá ficar no plural, como, aliás, se apresentou.
Em seguida, o núcleo é gritos, também no plural, tendo sido apresentada a correta
flexão verbal.
Portanto, essa assertiva apresenta correção gramatical.
Temos nessa questão alguns outros exemplos de concordância: com o verbo HAVER
(impessoal), a ser estudado a seguir, e, em duas passagens, com o pronome
relativo que, recentemente estudado.
O pronome relativo exerce a função de sujeito nas duas orações adjetivas (“que
levem à solução da crise social” e “que a tantos vitima”). Na primeira, tem por
antecedente o substantivo medidas (medidas que levem à solução), o que justifica
a flexão verbal no plural. Na segunda, o referente é a palavra crise, deixando o
verbo vitimar no singular (crise social que a tantos vitima). Perfeita está a
construção.

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Você precisa treinar bastante este tipo de questão (concordância com verbos em
voz passiva pronominal), pois, especialmente nas provas da FCC e da ESAF, esse
tópico é reiteradamente explorado.
Vamos, então, analisar um item de questão elaborada pela ESAF.

(TCE ES/2001 - adaptada)


Na rede esperam-se serviço nota 1000 - ou nada aquém disso.

Houve um erro de sintaxe de concordância.


O verbo esperar está acompanhado do pronome se. Devemos, então, analisar se
forma voz passiva e se a concordância do verbo em relação ao sujeito foi
respeitada.
Vamos “passo a passo”:
1 – o verbo esperar, na construção, é transitivo direto ou direto e indireto? SIM -
o verbo esperar é transitivo direto (Alguém espera alguma coisa)
2 – Há idéia passiva na construção? SIM – O serviço nota 1000 é esperado pelo
consumidor.
Podemos, então, concluir que se trata de uma construção de voz passiva
pronominal, devendo o verbo estar de acordo com o sujeito paciente (núcleo =
serviço).
A construção correta, portanto, seria “Na rede, espera-se serviço nota 1000”).

3.b) SE = índice de indeterminação do sujeito: verbo sempre na 3ª pessoa do


singular.
Usa-se construção de sujeito indeterminado quando não se sabe - ou não se quer
dizer – quem é o agente da ação verbal. Também é usado em orações de sentido
genérico, vago.
São duas as formas de construção do sujeito indeterminado:
Forma 1 - o verbo (exceto transitivo direto ou direto e indireto) permanece na 3ª
pessoa do singular acompanhado do pronome se (índice / partícula de
indeterminação):
Necessitava-se, naqueles dias, de novas esperanças. (verbo transitivo indireto)
Estava-se muito feliz com o resultado das provas. (verbo de ligação)
Morria-se de tédio nas noites de inverno.(verbo intransitivo)
Forma 2 – o verbo (qualquer que seja sua transitividade na construção), sem o
pronome, fica na 3ª pessoa do plural:
Desviaram dinheiro dos cofres públicos.
Bateram na porta.
Falaram mal de você.
No primeiro caso, a exemplo do que ocorre na voz passiva, o verbo está
acompanhado do pronome SE. Você deverá saber se este pronome tem função
apassivadora ou indeterminadora do sujeito. A chave desse mistério está na
transitividade do verbo.
Analise, agora, uma opção de prova, apresentada pela Fundação Carlos
Chagas:

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(TRE AP – Analista Judiciário / Janeiro 2006)


As "operações" a que se aludem nessa crônica referem-se à redução de uma
cabeça humana a proporções mínimas.

Um verbo acompanhado do pronome SE pode formar voz passiva (verbos


transitivos diretos ou diretos e indiretos) ou construção de sujeito indeterminado.
Já em primeira análise, podemos constatar que o verbo “aludir” não poderia se
submeter a uma construção passiva, pois é transitivo indireto: Alguém alude a
alguma coisa.
Diante dessa impossibilidade, concluímos que se trata de uma construção com
sujeito indeterminado, devendo o verbo ficar na 3ª pessoa do singular (Forma 1):
“As "operações" a que se alude nessa crônica ...”.
Este item estava, pois, INCORRETO.
As bancas adoram um verbo transitivo indireto para esse tipo de questão: tratar-
se de. Veja como recentemente já caiu em uma prova da ESAF:

(AFRF/ 2005) Assinale a opção que constituiria, de maneira coerente com a


argumentação e gramaticalmente correta, uma possível resposta para a
pergunta final do texto.
d) Segundo alguns pensadores modernos, não se tratam de projeções
utópicas os empreendimentos culturais e sociais que renovam valores
modernistas, enriquecendo saberes especializados.

Observe que o verbo tratar foi indevidamente flexionado. Ele é um verbo transitivo
indireto, regendo a preposição DE. Por fazer parte de uma construção com sujeito
indeterminado, o verbo deve ficar na 3ª pessoa do singular. A forma correta,
portanto, seria “não se trata de projeções utópicas”.

Caso 4 - Verbos impessoais


São IMPESSOAIS, ou seja, não possuem SUJEITO, os verbos que indicam
fenômenos da natureza (Chove lá fora.); verbo HAVER indicando existência (Há
muitas pessoas na sala.) ou tempo (Há muito tempo não o vejo.); os verbos
FAZER, IR, indicando tempo (Faz muito tempo que não o vejo./ Vai pra dez anos
que não o vejo.).
Como não possuem sujeito (casos de oração sem sujeito), os verbos ficam
“neutros”, na 3ª pessoa do singular.
Durante o inverno, nevava muito.
Ainda havia muitos candidatos para a Universidade.
Ontem fez dez anos que ela se foi.
Vai para dez meses que tudo terminou.

Como vimos na aula sobre verbos, deve ser respeitada a correlação entre o verbo
impessoal que denota tempo decorrido e o verbo principal da oração
correspondente.
Há muito tempo ele está sem dormir. (Ele ainda permanece nesse estado)

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Havia muito ele não via seu pai. (Tal situação não persiste pertence ao passado.
Por isso, ambas construções verbais são conjugadas no pretérito).
São inúmeras as questões de prova, especialmente de bancas como FCC,
CESGRANRIO, UFRJ, que abordam a concordância com verbos impessoais.

Agora, veremos uma dessas questões.

(NCE UFRJ / ADMINISTRADOR PIAUÍ / 2006)


13 - “Haverá milhões de pessoas com Aids”; a alternativa abaixo em que a
substituição da forma do verbo haver está gramaticalmente INCORRETA é:
(A) deverá haver;
(B) poderá haver;
(C) poderá existir;
(D) existirão;
(E) deverão existir.

Dessa vez, a banca explorou a diferença entre os verbos HAVER e EXISTIR, em


locuções verbais.
Enquanto o verbo EXISTIR possui sujeito, o verbo HAVER é impessoal, e o que se
lhe segue exerce a função de complemento verbal. Assim, na oração “Haverá
milhões de pessoas com Aids”, a expressão “milhões de pessoas com Aids” é o
objeto direto, devendo o verbo, por ser IMPESSOAL, permanecer inalterado na
3ª.pessoa do singular (“Haverá”).
As formas das opções (A) e (B) apresentam locuções verbais, em que o verbo
HAVER funciona como verbo principal. Essa lição fez parte de nossa aula 2. Nesses
casos, o verbo auxiliar (respectivamente DEVER e PODER) devem “seguir” as
ordens do principal, mantendo-se inalterados na 3ª.pessoa do singular (deverá
haver / poderá haver).
As opções (C), (D) e (E) trocam o verbo HAVER pelo verbo EXISTIR.
Apesar de semanticamente idênticos, o tratamento a ser dispensados aos verbos é
totalmente diferente. O que exercia a função de complemento do verbo HAVER
passa a ser o sujeito do verbo EXISTIR. Como a expressão está no plural (“milhões
de pessoas”), o verbo EXISTIR irá também para o plural, conforme foi apresentado
na opção (D): existirão. O mesmo ocorre em locuções verbais, em que o verbo
auxiliar deverá se flexionar: (C) poderão existir e (E) deverão existir. Nota-se,
assim, a incorreção do item (C), apontado como gabarito da prova.

Caso 5 - Verbo SER


Esse é um verbo bastante especial. Para começar, admite a concordância, não só
com o sujeito (regra geral), mas também com seu complemento (predicativo do
sujeito).
Vejamos caso a caso.
5.a) Expressões que indicam tempo, distância, datas, horas: concorda com o
predicativo.

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Hoje é dia três de outubro, pois ontem foram dois e o amanhã serão quatro.
Daqui até o centro são dez quilômetros.
É uma hora e quinze minutos.

5.b) Com expressões é muito , é pouco , é bastante , é mais de - quando


denotarem idéia de preço, quantidade, medida, o verbo fica no singular. Se vier
determinado, irá se flexionar.

Dez feijoadas era muito para ela.


Vinte milhões era muito por aquela casa.
As dezenas de famílias que pediam socorro eram poucas diante do universo de
miseráveis.

5.c) Em predicados nominais - Por estabelecer uma relação entre o sujeito e o


seu predicativo, a concordância pode se dar tanto com o primeiro quanto com o
segundo elemento. Há, contudo, algumas regras que prevalecem sobre essa
faculdade. Algumas dessas regras já foram apresentadas no caso 1.c (pronomes
pessoais).
Qualquer que seja a sua função sintática (sujeito ou predicativo), prevalece a
concordância com o elemento que estiver representado por:
1ª – PRONOME PESSOAL RETO:
Todo eu era olhos e coração. (Machado de Assis)
2ª – PESSOA, em detrimento de outro que seja “COISA” (substantivo, pronome
substantivo, oração substantiva):
Ovídio é muitos poetas ao mesmo tempo, e todos excelentes. (A.F.Castilho).
Havendo elementos personativos em ambas as funções (PESSOA x PESSOA), a
concordância é facultativa com o sujeito ou com o predicado, a não ser que em um
deles haja um pronome pessoal, caso em que prevalece a concordância com este
elemento (recai na 1ª regra de prevalência).
O homem sempre foi suas idéias. (pessoa x coisa = PESSOA)
Santo Antônio era as esperanças da solteirona. (pessoa x coisa = PESSOA)
Ele era os meus sonhos. (pronome reto x coisa = PRONOME RETO)
O professor sou eu. (coisa x pronome reto = PRONOME RETO)
Quando os dois elementos (do sujeito e do predicativo) forem “COISAS”
(substantivos, orações substantivas ou pronomes substantivos, como TUDO, NADA,
ISSO, AQUILO), a concordância é facultativa, dando-se preferência à concordância
com o elemento no plural, por questão de eufonia:
A casa era / eram ruínas.
O mundo é / são ilusões.
O problema era / eram os móveis.
Hoje, tudo é / são alegrias eternas.
Em resumo, na concordância verbal com o verbo ser, em predicados nominais:

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• entre PRONOME RETO x COISA/PESSOA – prevalece PRONOME RETO;


• entre PESSOA x COISA – prevalece PESSOA;
• entre COISA x COISA – concordância facultativa, PREFERÊNCIA para o
termo no plural.

Voltemos, agora, ao exemplo apresentado no item 2.l:

(FCC/TCE SP/2005)
O que se ...... (SEGUIR) à concentração de renda, do desemprego e da
exclusão social são as manifestações violentas dos maiores
prejudicados.
De um lado, temos uma oração (COISA): “O que se segue à concentração de
renda, do desemprego e da exclusão social”.
De outro, também COISA: “as manifestações violentas dos maiores prejudicados”.
Nesse caso, a concordância é facultativa, dando-se PREFERÊNCIA ao elemento no
plural. Essa é a justificativa para a flexão no plural do verbo “ser” na questão. Ele
concorda com o predicativo do sujeito por estar no plural – concordância
preferencial.

5.d) Com a expressão “é que” – A expressão de realce “é que”, em que os dois


elementos se apresentam juntos, é invariável, devendo o verbo concordar com o
substantivo ou pronome que a precede, pois são eles efetivamente o seu sujeito.
Vamos transcrever a lição e o exemplo apresentados por Celso Cunha e Lindley
Cintra, em Nova Gramática do Português Contemporâneo:
“A locução é que é invariável e vem sempre colocada entre o sujeito da oração e o
verbo a que ele se refere. Assim: ‘José é que trabalhou, mas os irmãos é que se
aproveitaram do seu esforço.’.”
Por ter mera função de realce, pode ser retirada sem que acarrete prejuízo ao
período: “José trabalhou, mas os irmãos se aproveitaram do seu esforço.”.
E continuam os professores:
“É uma construção fixa, que não deve ser confundida com outra semelhante, mas
móvel, em que o verbo ser antecede o sujeito e passa, naturalmente, a concordar
com ele e a harmonizar-se com o tempo dos outros verbos.
Compare-se, por exemplo, ao anterior o seguinte exemplo:
‘José é que trabalhou, mas foram os irmãos que se aproveitaram do seu
esforço.’
Ou este:
‘Foi José que trabalhou, mas os irmãos é que se aproveitaram do seu
esforço.’
Assim, quando o “é que” estiver juntinho, não se modifica – é uma expressão
denotativa e, portanto, invariável (você ainda se lembra daquele quadro das
classes de palavras? Pois estão lá do lado das INVARIÁVEIS as palavras
denotativas).

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Se a expressão se separar, ficando um dos elementos antes do sujeito, com ele


deve o verbo SER concordar (Foi José que trabalhou).

5.e) com pronomes interrogativos QUE/QUEM/O QUE - o verbo SER concorda


com o nome/pronome que vem após.
Sei que este ponto já foi mencionado no caso 2.i, mas por que não repeti-lo?
Quem são os culpados?
Quem és tu?

Caso 6 - Verbo DAR


Verbo dar (bater e soar) + hora(s): segue a regra geral, concordando com o
sujeito.
Deram duas horas no relógio do campanário.
(sujeito = duas horas; neste caso, o verbo é intransitivo)
Deu duas horas o relógio da igreja.
(sujeito = o relógio da igreja; o verbo é transitivo direto, com “duas horas” como
complemento verbal)

Caso 7 - Sujeito com nome próprio plural


7.a) Topônimos
Caso clássico de concordância verbal é com topônimos - nomes próprios que
indicam lugares.
- com artigo singular ou sem artigo
Caso o topônimo não exija o artigo, mesmo sendo representado por um nome no
plural, ou esteja acompanhado de artigo no singular, indicando a omissão de um
substantivo (rio, município), o verbo ficará na 3ª pessoa do singular.
Bruxelas é a capital da Bélgica.
Minas Gerais é o estado mais elevado do país, com 57% das terras acima dos 600
metros de altitude (você sabia???).
O Amazonas deságua no Atlântico.
Minas Gerais exporta minérios.
- com artigo plural
Os topônimos que estiverem acompanhados de artigos flexionam os verbos e
pronomes a ele correspondentes no plural.
“Estados Unidos (da América)” é um exemplo de topônimo que SEMPRE vem
precedido de artigo definido masculino plural (Eu vou para os Estados Unidos. / Eu
morei nos Estados Unidos.).
Por conseqüência, quando exerce a função de sujeito, obriga a flexão do verbo no
plural. Isso acontece mesmo que esteja representado por sua sigla (EUA), motivo
que levou à anulação de uma questão de prova da ESAF (a próxima a ser
comentada).

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O mesmo acontece com qualquer outro nome precedido de artigo definido (“Os
Emirados Árabes Unidos consistem de uma federação de sete emirados
localizados no Golfo Pérsico.”).
Os Estados Unidos enviaram tropas à zona de conflito.

7.b) Obras
O mesmo acontece com qualquer outro nome próprio precedido de artigo definido
Os Lusíadas narram as conquistas portuguesas.
Se o título da obra estiver entre aspas, o verbo fica no singular.
“Grandes Sertões Veredas” é um clássico nacional.

(ESAF/AFC STN/2000) Assinale a opção que apresenta erro de morfologia


ou de concordância verbal.
a) A diferença entre as taxas de crescimento dos Estados Unidos, do Japão
e da Europa, no longo prazo, é um indício do descompasso da economia
global. Apesar das alegações européias de que os mercados estão
subestimando o euro, a moeda continua flutuando pouco acima de sua mais
baixa cotação, 93 centavos de dólar.
b) O iene está pouco abaixo de seu pico diante do dólar e permanece
próximo de seu teto histórico ante o euro. Com resultados aquém dos
desejados, Japão e Europa vêm a exuberância econômica dos Estados
Unidos como uma ameaça - o que não é errado.
c) Em 98 e 99, a economia dos Estados Unidos cresceu cerca de 4% ao
ano, enquanto as três principais economias da zona do euro - Alemanha,
França e Itália - atingiram 2%, 3% e 2% ao ano, respectivamente, no
período. O Fundo Monetário Internacional prevê que os três países cresçam
cerca de 3% este ano.
d) Com esse resultado, a Europa não é mais vista como causa de
debilidade. Agora o ritmo do crescimento europeu é tão rápido que uma
intervenção do Banco Central Europeu - elevando as taxas de juros - é
apenas uma questão de tempo.
e) Isso deixa o principal fardo da remoção dos desequilíbrios econômicos
aos cuidados do EUA, que precisam reduzir o ritmo de seu crescimento
(hoje perto de 6% ao ano). A diferença entre os ciclos econômicos na
Europa, Estados Unidos e Japão traz o fantasma da crise mundial.

Inicialmente, a banca apresentou como gabarito a opção B.


Em “Japão e Europa vêm a exuberância econômica dos Estados Unidos como uma
ameaça”, o que se registrou foi a 3ª pessoa do plural do verbo vir: vêm. Contudo o
contexto indica ser, na verdade, o verbo ver (a exuberância é vista pelo Japão e
Europa...), cuja flexão apresenta a forma vêem.
O que levou à anulação da questão foi o erro no emprego do artigo definido
masculino singular antes da sigla EUA (Estados Unidos da América), na passagem
da opção e: “Isso deixa o principal fardo da remoção dos desequilíbrios econômicos
aos cuidados do EUA,...”.

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Mesmo sob a forma de sigla, o artigo que deveria acompanhá-lo seria o masculino
plural (os EUA), já que, como vimos, esse topônimo não só exige a flexão dos seus
adjuntos adnominais, como também da forma verbal que o tenha como núcleo do
sujeito.
Havia, portanto, duas respostas válidas: B e E.
Na seqüência, observe que foi respeitada a concordância verbal. O pronome
relativo que em : “... remoção dos desequilíbrios econômicos aos cuidados do
EUA, que precisam reduzir o ritmo de seu crescimento ...” tem por antecedente
EUA (Estados Unidos da América), levando a locução verbal (“precisam reduzir”)
para o plural.

Caso 8 – Sujeito oracional


Todo cuidado é pouco em construções com sujeito oracional. Primeiramente, é
saber diferenciar SUJEITO ORACIONAL de LOCUÇÃO VERBAL.
Em locuções verbais, os dois verbos formam um conjunto, em que um deles é o
principal (chefe) e o outro é auxilliar (pode até haver mais de um auxiliar, como
vimos na aula 2). O verbo auxiliar irá se flexionar, para concordar com o sujeito, na
forma que o verbo principal o faria.
Quando for o caso de um sujeito oracional, o verbo correspondente deverá
permanecer “neutro”, na 3ª pessoa do singular. Os verbos, nesse caso, pertencem
a estruturas sintáticas distintas – um é o sujeito (oracional) enquanto que o outro
faz parte do predicado.
A você compete estudar.
Nesse exemplo, o sujeito do verbo COMPETIR (o que compete a você?) é ESTUDAR.
Esse sujeito oracional pode se apresentar na forma reduzida (infinitivo) ou
desenvolvida (acompanhado de uma conjunção integrante).
Parece que ele decidiu o que fazer.
E agora: qual é o sujeito do verbo PARECER (o que parece?)? Resposta: “que ele
decidiu o que fazer”. Neste caso, o sujeito oracional vem precedido de uma
conjunção, designando-se uma oração desenvolvida.
Vejamos alguns casos em que este ponto foi abordado. Essa questão é longa, mas
vale a pena comentá-la por apresentar diversas formas de sujeito oracional.

(FCC /TRT 13ª Região / Dezembro 2005)


O verbo entre parênteses deverá ser flexionado, obrigatoriamente, numa
forma do plural para preencher corretamente a lacuna da frase:
(A) Mesmo que não ...... (caber) a vocês tomar a decisão final, gostaria que
discutissem bem esse assunto.
(B) Eles sabiam que ...... (urgir) chegarem à pousada, mas não conseguiram
evitar o atraso.
(C) A nenhum de vocês ...... (competir) decidir quem será o novo líder do
grupo.
(D) Tais decisões não ....... (valer) a pena tomar assim, de afogadilho.
(E) A apenas um dos candidatos ...... (restar) ainda alguns minutos para
rever a prova.

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O gabarito é a letra E. Esse é um tipo muito comum de questão da Fundação Carlos


Chagas. A flexão exigida ora é no plural, ora é no singular.
Relembremos que o sujeito apresentado sob a forma oracional leva o verbo
correspondente para a 3ª pessoa do singular.
Então, vamos às opções:
(A) Alguma coisa cabe a alguém. Vamos perguntar, então: o que cabe a vocês?
Resposta: “Tomar a decisão final” cabe a vocês. Como o sujeito do verbo caber
está sob a forma de oração reduzida de infinitivo (“tomar”), o verbo se conjuga na
3ª pessoa do singular: “Mesmo que não caiba a vocês tomar a decisão final,
...”.
(B) Algo urge (é urgente). O que urge? “Chegarem à pousada”. O verbo
chegar foi flexionado por estar em correspondência com o pronome pessoal reto já
apresentado na oração principal “Eles sabiam”. Se esta oração reduzida do infinitivo
(“Chegarem...”) fosse desenvolvida, ou seja, apresentada com uma conjunção,
teríamos: “... urge que chegassem à pousada”, o que comprova a flexão do verbo
chegar no plural (eles).
Assim, também, fica mais evidente a relação do verbo urgir com a oração que
exerce a função de sujeito (“chegarem à pousada / que chegassem à pousada”).
Novamente, por apresentar sujeito oracional, o verbo da lacuna deve ficar no
singular: “Eles sabiam que urge chegarem à pousada...”, equivalente a “Eles
sabiam que isso – chegarem à pousada – urge (era urgente)”.
(C) O que não compete a nenhum de vocês? “Decidir quem será o novo líder
do grupo”. O sujeito oracional exige o verbo competir na 3ª pessoa do
singular:“A nenhum de vocês compete decidir...”.
(D) Note que, muitas vezes, devemos “ajeitar” a oração, colocando-a na ordem
direta, para realizar a análise. Para isso, devemos partir do verbo. Há dois: valer e
tomar. A princípio, isso poderia causar confusão e levar a pensar que se trata de
uma locução verbal. Mas, veja bem. Quem é o sujeito do primeiro verbo (valer): o
que não vale a pena? Tomar tais decisões. Opa! O segundo verbo faz parte do
sujeito do primeiro e, portanto, não forma com ele uma locução (cada macaco no
seu galho...).
Assim, essa oração reduzida de infinitivo (“tomar tais decisões”) é o sujeito do
verbo valer: “Tomar tais decisões não vale a pena.”. O verbo, portanto, fica no
singular (3ª. pessoa) por ter um sujeito oracional.
(E) Esse é o gabarito da questão. O que resta? Alguns minutos. Mais uma vez,
o sujeito vem posposto ao verbo, o que poderia levar o candidato a pensar que, em
vez de sujeito, seria esse elemento um objeto direto. Não!!! Partindo do verbo
“restar”, colocamos a oração na ordem direta: “Alguns minutos ... restam a
apenas um dos candidatos.”. Todo cuidado é pouco em construções invertidas
como essa.

Caso 9 - Verbo PARECER + Verbo no infinitivo


Quando possui o significado de “dar a impressão”, seguido de infinitivo, permite
duas construções:
1ª – PARECER no plural e INFINITIVO no singular – Nesse caso, estamos
diante de um simples caso de LOCUÇÃO VERBAL, em que o verbo auxiliar se
flexiona e o principal se mantém em uma forma nominal (infinitivo).
Os cientistas pareciam procurar grandes segredos. (locução verbal)

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2ª – PARECER no singular e INFINITIVO no plural – Agora, é o caso de sujeito


oracional. Como vimos no tópico anterior, o verbo que possui um sujeito oracional
(quer desenvolvido ou reduzido de infinitivo) se mantém na 3ª pessoa do singular.
Os cientistas parecia procurarem grandes segredos. (sujeito oracional)
Fica estranho, não é? Mas nem sempre o que é esquisito está errado. Não confie no
seu “bom senso”.
O que se afirma nessa construção é que “ALGO (os cientistas procurarem grandes
segredos) PARECIA”. Desenvolvida, essa construção seria: Parecia que os cientistas
procuravam grandes segredos.
Para complicar a sua vida que já não é nem um pouco fácil, a banca pode deslocar
o sujeito da oração subordinada para antes do verbo PARECER:
Os meninos parecia que queriam sair.
Ai,... que coisa feia!!! Mas está CORRETO! Na verdade, o que está registrado aí é
“Parecia que os meninos queriam sair”. A construção está certinha. Agora,
sinceramente, atire a primeira pedra quem não teve vontade de colocar o verbo
PARECER no plural...
BIZU: Em qualquer dos casos, somente um dos verbos se flexiona – nunca
flexione os dois ao mesmo tempo.

Caso 10 - Flexão do infinitivo


O infinitivo é uma das três formas nominais do verbo, junto com o gerúndio e o
particípio. Isso vimos na aula 2 – Verbos.
O infinitivo pode ser IMPESSOAL (não se flexiona em número ou pessoa) ou
PESSOAL (possui sujeito e com ele pode concordar, havendo, nesse caso, flexão
de número e pessoa).
O infinitivo PESSOAL pode se flexionar ou não, a depender da construção.
Flexionar quer dizer conjugar em todas as pessoas, por exemplo: vender, venderes,
vender, vendermos, venderem.

10.a) casos em que o infinitivo se flexiona obrigatoriamente – SUJEITOS


DIFERENTES
1. Quando o sujeito da forma nominal está claramente expresso, ou seja, o
infinitivo estiver acompanhado de um pronome pessoal ou de um substantivo – é o
único caso de flexão obrigatória.
A eleição de 2006 será o momento de os eleitores decidirem por uma renovação
do Congresso Nacional.
O sujeito do verbo SER é “A eleição de 2006”. Já o sujeito de DECIDIR é “os
eleitores”. Como são sujeitos diferentes, a flexão do infinitivo é obrigatória.

2. Quando se deseja indicar o sujeito não expresso a partir da desinência verbal:


Está na hora de irmos embora.
Observe que, se não houvesse a indicação pela desinência, não ficaria claro quem
deveria ir embora (Está na hora de ir embora... quem vai embora????). Nesse caso,
a flexão passa a ser obrigatória para definir o sujeito da forma nominal.

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10.b) casos de flexão facultativa do infinitivo – SUJEITO DO INFINITIVO É O


MESMO DA ORAÇÃO ANTERIOR, OU SEJA, JÁ APARECEU.
Quando o sujeito do infinitivo já estiver expresso em outra oração, geralmente na
oração principal, a flexão torna-se facultativa.
Recomenda-se, inclusive, omitir a flexão para o texto mais enxuto e objetivo, a não
ser que exista o risco de ambigüidade, caso em que a flexão será necessária para
dissipar qualquer dúvida (como vimos no item 2 acima).
De qualquer forma, a flexão do infinitivo, nesses casos, é opcional – pode-se
flexionar ou não, a critério do autor.

As mulheres se reuniram para decidir/decidirem a melhor forma de conduta.


As trabalhadoras discutiram uma forma de se proteger/protegerem dos abusos no
ambiente de trabalho.
O ministro convidou os índios para participar/participarem do debate.

Tomando o primeiro exemplo, quem se reuniu e quem iria decidir eram as mesmas
pessoas: “as mulheres”. Assim, como o sujeito já se encontrava expresso na oração
anterior, a flexão do infinitivo tornou-se facultativa.

10.c) casos de flexão do infinitivo em voz passiva


Com relação à flexão do infinitivo passivo, no esquema PREPOSIÇÃO + SER
(INFINITIVO) + PARTICÍPIO, há duas possibilidades:

1 - Quando os sujeitos das orações são distintos e o do infinitivo vem logo após a
preposição, a flexão do infinitivo é FACULTATIVA, ou seja, as duas formas –
flexionada ou não - estão certas, dando-se preferência à flexão verbal.
Essa preferência se dá em virtude da proximidade do particípio.
O objetivo é coletar informações mais precisas para ser / serem cruzadas com
outros bancos de dados.
Indique as providências a ser / serem tomadas.
Envio os documentos para ser / serem analisados.

2 - Prefere-se a não-flexão:
a) quando o sujeito (plural) das duas orações for o mesmo:
Doenças desse tipo levam até cinco anos para ser / serem tratadas.
Eles estão para ser / serem expulsos.
Saíram sem ser / serem percebidos.
Os pedidos levaram dez dias para ser / serem analisados.
b) quando se tem um adjetivo antes da preposição:
São obras dignas de ser / serem imitadas.
Os alimentos estavam prontos para ser / serem comercializados.

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As presas pareciam fáceis de ser / serem apanhadas.


Apresentamos exercícios simples de ser / serem feitos.

Observe que se trata de PREFERÊNCIA, a depender da ênfase que o autor queira


dar. Não podemos tachar de certo ou errado. Ao não flexionar, valoriza-se a ação;
com a flexão, dá-se ênfase ao sujeito que a pratica. Muitas vezes, a escolha é feita
por questão de eufonia ou de clareza textual.
Encerramos com as palavras de Pasquale Cipro Neto e Ulisses Infante (Gramática
da Língua Portuguesa, Editora Scipione) de que "o infinitivo constitui um dos casos
mais discutidos da língua portuguesa", e "estabelecer regras para o uso de sua
forma flexionada, por exemplo, é tarefa difícil", e, "em muitos casos, a opção é
meramente estilística".

Vamos ver, agora, uma questão de prova da ESAF que tratou desse ponto do
estudo.

(Auditor RN/2005) Marque a opção que não substitui corretamente o item


sublinhado no texto, respeitando-se a ordem em que ocorrem.

Na medida em que a dinâmica da acumulação privada e a mobilidade dos


capitais já não são controladas pelo Estado através da tributação, os
direitos humanos, numa visão jurídico-positiva, encontram-se em fase
regressiva. Eles podem até continuar existindo no plano legal,
sobrevivendo, em termos formais, aos processos de tributação. Mas não
têm mais condições de ser efetivamente implementados no plano real (se é
que o foram, integralmente, um dia).

a) Considerando que
b) por meio
c) continuarem
d) já não têm
e) serem

O erro está na opção C, pois, em uma locução verbal (“podem continuar


existindo”), não se admite a flexão do verbo “continuar”, o segundo verbo
auxiliar. O único verbo que se flexiona é o primeiro auxiliar (poder).
Os demais (segundo auxiliar – CONTINUAR - e verbo principal - EXISTIR)
permanecem em uma das formas nominais – infinitivo, gerúndio ou particípio.
O que nos interessa nessa questão é sugestão de troca do item e, que está
correta.
“Mas [os direitos humanos] não têm mais condições de ser efetivamente
implementados no plano real.”
A troca pelo infinitivo flexionado (serem) é válida, pelos motivos expostos no caso
11.c / 2 / b acima. Como vimos, prefere-se a forma não flexionada, para não
tornar o texto repetitivo, mas isso não causaria erro de concordância. Estão
corretas, portanto, as duas formas: não têm mais condições de ser implementados
ou não têm mais condições de serem implementados.

10.d) Verbos Causativos/ Sensitivos + Pronomes Oblíquos + Infinitivo

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Para começar, vamos entender o que são os verbos causativos e sensitivos.


CAUSATIVOS indicam causa/conseqüência (fazer, permitir, deixar, mandar) e
SENSITIVOS expressam sensações (ouvir, sentir, ver).
Quando estes verbos (causativos e sensitivos) estiverem acompanhados de
PRONOME PESSOAL OBLÍQUO ÁTONO (que exercem a função de sujeito do
verbo no infinitivo que lhe segue), o infinitivo, mesmo pessoal (ou seja,
possuindo um sujeito) não deve ser flexionado.
Estou falando grego? Então, vamos a um exemplo para compreender.
Ouvi os meninos sair/saírem.
Mandei os meninos sair/saírem.
Quem vai sair? Resposta: os meninos.
Nesse tipo de construção, quando, no objeto direto do verbo causativo/sensitivo,
houver um substantivo (nome) não há consenso entre os gramáticos: há autores
que exigem a flexão obrigatória (saírem), outros que indicam uma faculdade
(sair/saírem – tanto faz) e, por fim, os que se recusam a flexionar o infinitivo
(sair).
Contudo, todos os gramáticos concordam em um aspecto: quando esse
substantivo (nome) é representado por um pronome pessoal oblíquo átono
(o/ os/ a/ as). Nesse caso, o infinitivo NÃO PODE se flexionar!
Ouvi-os sair.
Mandei-os sair.

Caso 11 - PODER/DEVER + SE + INFINITIVO + SUBSTANTIVO NO


PLURAL

Na voz passiva, quando os verbos PODER/DEVER estiverem acompanhados do


pronome apassivador SE, de um verbo no infinitivo e, por fim, de um substantivo
no plural, há duas formas de análise e, conseqüentemente, de construção.
Pod...-se identificar duas formas de contágio.
1ª. POSSIBILIDADE: o verbo PODER forma com o verbo IDENTIFICAR uma
locução verbal, em que aquele atua como verbo auxiliar e este, principal. Como
acontece em qualquer locução verbal, quem se flexiona é o verbo auxiliar.
Observamos, também, que existe um pronome SE acompanhando o verbo
auxiliar. Como o verbo principal é TRANSITIVO DIRETO (Alguém identifica
alguma coisa), a locução faz parte de uma construção de voz passiva sintética.
Quem, então, é o sujeito dessa oração (o que se pode identificar?)? Resposta:
duas formas de contágio. O sujeito paciente (voz passiva) está no plural,
levando o verbo auxiliar à mesma flexão. A construção correta seria: Podem-se
identificar duas formas de contágio.
2ª. POSSIBILIDADE: Agora, o verbo PODER tem como sujeito uma oração
reduzida de infinitivo “identificar duas formas de contágio”. Equivale dizer: “É
possível identificar duas formas de contágio = ISSO é possível”. Assim, mesmo
em construção de voz passiva (o verbo PODER é transitivo direto e a construção
apresenta idéia passiva), o verbo PODER permanece na 3ª pessoa do singular por
apresentar um SUJEITO ORACIONAL (caso 8). A forma correta seria: Pode-se
identificar duas formas de contágio.

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Note que ambas as formas verbais (flexionada ou não) estão corretas, mas a
análise que se faz de uma é diferente da da outra.
Treine a análise com mais um exemplo:
1 - Devem-se manter os animais nas jaulas. – Os animais devem ser mantidos
nas jaulas. – construção de voz passiva = verbo auxiliar concorda com o núcleo
do sujeito: animais.
2 – Deve-se manter os animais nas jaulas. – Deve-se [manter os animais nas
jaulas] - sujeito oracional = verbo na 3ª pessoa do singular.

A ESAF adora questões como essa. Vejamos como o examinador abordou em


uma de suas provas.

(TCE RN/2000) Marque o item em que um dos dois períodos está


gramaticalmente incorreto:
c) No gênero das leis federativas, é possível discernir duas espécies bem
visíveis: leis federais intransitivas e transitivas. / No gênero das leis
federativas, podem-se discernir duas espécies bem visíveis: leis federais
intransitivas e transitivas.

Os dois períodos apresentados na opção C estavam CORRETOS.


O verbo PODER, no segundo período, está acompanhado do pronome se (“podem-
se discernir duas espécies bem visíveis”). Vamos analisar a passividade dessa
construção. Então, devemos fazer aquelas perguntas (como é, ainda se lembra???):
1- É verbo TD ou TDI?
Sim. Se considerarmos que os verbos formam uma locução verbal (“poder
discernir”), a transitividade de discernir (verbo principal) é DIRETA, pois significa
diferenciar, distinguir, discriminar.
2 – Há idéia passiva?
Sim, duas espécies de leis federativas poderão ser discernidas, ou seja,
diferenciadas.
Então, trata-se de voz passiva pronominal (sintética) e o verbo auxiliar deverá
se flexionar de acordo com o núcleo do sujeito paciente – espécies – e ir para o
plural – podem-se discernir.
A outra possibilidade de análise e construção seria: “pode-se discernir duas
espécies bem visíveis: leis federais intransitivas e transitivas.”
Neste caso, o sujeito da forma verbal “pode-se” é a oração reduzida de infinitivo
“discernir duas espécies...”.
São formas igualmente válidas, cada uma com uma análise sintática diferente.

CUIDADO COM CERTAS CONJUGAÇÕES


Você precisa tomar cuidado especial quando a questão de prova envolver
concordância com os verbos derivados dos verbos pôr, ter e vir. Suas formas
plurais não apresentam nenhuma distinção fonética em relação às formas
singulares.

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Vamos lá: para perceber essa coincidência, fale alto, não ligue se a sua vizinha
pensar que você enlouqueceu – depois que você passar no concurso, ela vem puxar
o seu saco...: DISPÕE/DISPÕEM, MANTÉM/MANTÊM, CONVÉM/CONVÊM...
Viu só? Isso pode enganar o seu ouvido direitinho.
Por isso, sempre que surgir um verbo com esse tipo de “casca de banana”,
sublinhe, circule, desenhe uma caveira, faça qualquer coisa para perceber se a
forma verbal está de acordo com o sujeito correspondente.
Para encerrarmos nossa aula de hoje, veja só como pode ser maldosa uma questão
assim:

(ESAF/TRF/2000) Assinale a opção em que há erro gramatical.


No Primeiro Reinado, as idéias de justiça fiscal e capacidade de contribuição,
que pressupõe(A) que a cada cidadão deva ser cobrado o imposto de acordo
com suas possibilidades, simplesmente não existiam, já que(B) não havia
legislação coerente que garantisse a defesa desses princípios. Como o clero e
os senhores rurais eram livres das obrigações fiscais, os privilégios subsis-
tiam(C). Em face do(D) baixo grau de informação, da falta de instituições
independentes e da ausência de liderança, era impossível qualquer
manifestação que fosse contrária ao(E) sistema em vigor.

a) A
b) B
c) C
d) D
e) E

Mais uma vez, temos de observar a qual palavra o pronome relativo que se refere
(caso 2.i). Na passagem “que pressupõe”, o relativo que tem como antecedente o
substantivo plural idéias (“as idéias de justiça fiscal e capacidade de contribuição,
que pressupõe...”). Por isso, o verbo PRESSUPOR deve com esse substantivo no
plural concordar – pressupõem.
Olhe aí um desses verbos perigosos. Foneticamente, não há diferença entre a
forma singular e a plural da conjugação verbal nas terceiras pessoas (pressupõe /
pressupõem – notou alguma diferença?).
Por isso, todo cuidado é pouco na prova. Dificuldade maior reside quando a questão
transcreve um texto e apresenta em somente uma das opções a incorreção
gramatical (sem sublinhar, como nessa). Em meio a tantas possibilidades de
incorreção, ainda mais com grande distância entre o verbo e o sujeito
correspondente, um erro como esse (de concordância) pode passar despercebido
aos ouvidos e à retina.
Felizmente, chegamos ao fim de nosso encontro de hoje (ufa!!!), mas
não sem antes treinarmos os conhecimentos aqui adquiridos.
Então, mãos à obra. Resolva as questões extraídas de diversos concursos
para, só depois, ver o gabarito e ler os comentários.
Grande abraço.
QUESTÕES DE FIXAÇÃO
1 - (NCE UFRJ / INCRA / 2005)
Texto 4 - PERIGO REAL E IMEDIATO

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Vilma Gryzinski – Veja, 12/10/2005


Desde que a era das fotografias espaciais começou, há quarenta anos, uma
nova e prodigiosa imagem se formou no arquivo mental da humanidade sobre o
que é o planeta no qual vivemos. Do nosso ponto de vista no universo,
provavelmente não existe nada que se compare à beleza desta vívida esfera
azul, brilhando na imensidão do espaço, água e terra entrelaçadas num abraço
eterno, envoltas num cambiante véu de nuvens.
(...)
As regras de concordância nominal dizem que o adjetivo posposto a dois
substantivos concorda com o mais próximo ou com o plural dos dois; no caso de
“água e terra entrelaçadas”, a afirmativa correta, entre as que estão abaixo, é:
(A) o adjetivo também poderia aparecer na forma “entrelaçada”;
(B) a forma “entrelaçados” do adjetivo também estaria correta;
(C) se anteposto, a única forma possível do adjetivo seria “entrelaçada”;
(D) por coerência lógica, a única forma possível do adjetivo é “entrelaçadas”;
(E) o adjetivo refere-se exclusivamente ao substantivo “água”.

2 - (NCE UFRJ / ANALISTA FINEP / 2006)


Assinale a alternativa em que a concordância nominal NÃO é adequada:
(A) A temperatura do Sol obrigava a cuidado e proteção obrigatória;
(B) A temperatura do Sol obrigava a cuidado e proteção obrigatórios;
(C) A temperatura do Sol obrigava a cuidado e proteção forçadas;
(D) A temperatura do Sol obrigava a obrigatório cuidado e proteção;
(E) A temperatura do Sol obrigava a obrigatória proteção e cuidado.

3 - (NCE UFRJ / ANALISTA FINEP / 2006)


“A elevação da temperatura no terceiro planeta do sistema solar tornará inviável a
sobrevivência de qualquer criatura”; sobre os aspectos da concordância nominal e
verbal dessa frase, podemos dizer que:
(A) o adjetivo inviável concorda com criatura;
(B) a forma verbal tornará concorda com o sujeito posposto;
(C) o pronome qualquer é invariável;
(D) o numeral terceiro não concorda com o substantivo planeta;
(E) no plural, quaisquer criaturas não modificaria a forma do adjetivo inviável.

4 - (FUNDAÇÃO JOÃO GOULART/PGM RJ/2004)


Há má construção gramatical quanto à concordância em:
A) Os médicos consideravam inevitável nos pacientes pequenas alterações
psicológicas.
B) As internações por si sós já causam certos distúrbios psicológicos aos pacientes.
C) Uma e outra alteração psicológica podem afetar os pacientes hospitalizados.

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D) Distúrbios e alterações psicológicos são normais em pacientes hospitalares.

5 - (FGV/PREF.ARAÇATUBA/2001)
A alternativa correta quanto à concordância nominal é
A. A empregada mesmo viu tudo.
B. Já fiz isso bastante vezes.
C. Passado a crise, voltaram.
D. As frutas chegaram meio estragadas.

6 – (ESAF / AFC STN / 2000) Marque o segmento do texto que contém erro de
estruturação sintática.
a) Se alguém tinha alguma dúvida quanto à retomada do crescimento econômico,
os últimos dados divulgados pelo IBGE e pela Confederação Nacional da Indústria
se encarregaram de sepultá-las.
b) Todos os indicadores disponíveis confirmam uma forte reação na produção
industrial brasileira, que começou ainda no ano passado, mas ganhou maior força
nos primeiros meses do ano 2000.
c) A produção em fevereiro cresceu 16% em comparação com o mesmo mês do
ano passado, enquanto as vendas cresceram 18%.
d) Em uma perspectiva mais longa, que analisa a produção nos últimos 12 meses,
houve um crescimento de 1,4%, invertendo uma seqüência de resultados negativos
que se arrastavam desde agosto de 1998.
e) Em fevereiro, foram criados 18.000 novos postos no mercado formal, segundo
dados do Ministério do Trabalho.
(André Lahóz, com adaptações)

7 - (NCE UFRJ / Guarda Municipal /2002)


Assinale o item que está de acordo com as normas gramaticais.
a) O fato nada teve a haver com o assalto ocorrido a cerca de 10 dias;
b) O fato nada teve a ver com o assalto ocorrido há cerca de 10 dias;
c) O fato nada teve a haver com o assalto ocorrido há cerca de 10 dias;
d) O fato nada teve a haver com o assalto ocorrido acerca de 10 dias;
e) O fato nada teve a ver com o assalto ocorrido acerca de 10 dias.

8 - (FGV/PREF.ARAÇATUBA/2001)
Assinale a alternativa errada quanto ao emprego de "acerca de", "há cerca de" e "a
cerca de".
A. Ficou há cerca de dez passos da esquina.
B. Fez uma exposição acerca do impasse.
C. Viajou há cerca de uma semana.
D. Dirigiu-se a cerca de cem pessoas.

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9 - (FCC / ICMS SP / 2006) Considere a seguinte frase:


A busca de distinção entre o que é “do bem” e o que é “do mal” traz consigo um
dilema (...).
O verbo trazer deverá flexionar-se numa forma do plural caso se substitua o
elemento sublinhado por
(A) O fato de quase todas as pessoas oscilarem entre o bem e o mal (...).
(B) A dificuldade de eles distinguirem entre as boas e as más ações (...).
(C) Muitas pessoas sabem que tal alternativa, nas diferentes situações, (...).
(D) Essa divisão entre o bem e o mal, à medida que se acentua nos indivíduos,
(...).
(E)) As oscilações que todo indivíduo experimenta entre o bem e o mal (...).

10 - (FGV / MPE AM / 2002)


Assinale a alternativa em que ocorre uma concordância verbal INACEITÁVEL em
relação à norma culta da língua.
(A) Pouco importavam ao cronista a crítica e o elogio.
(B) Chegou à editora o texto e uma carta do cronista.
(C) Agradava-lhe o ritmo e o estilo do cronista.
(D) Obrigavam-me a amizade e o dever de criticar aquele seu texto.
(E) Faltava-lhe, naquele dia, fatos para escrever sua crônica.
11 - (CESGRANRIO / BNDES – ADVOGADO / 2004)
Indique a opção em que a concordância NÃO está de acordo com as regras da
norma culta.
(A) Gosto de viajar para lugares o mais exóticos possível.
(B) Compramos um sofá, uma poltrona e uma mesa antigos.
(C) A maioria das pessoas espera conseguir bons empregos.
(D) Um dos cientistas que estudam a memória chegou ao Brasil.
(E) Mais de um funcionário vão pedir promoção no mês que vem.

12 - (FGV / Agente Tributário Estadual / 2006)


No trecho o primeiro namorado ou o primeiro marido não sabem (L.69-70), o verbo
foi flexionado corretamente no plural, observando o caso de sujeito composto com
núcleos ligados por OU.
Assinale a alternativa em que, no mesmo caso, a flexão do verbo não seria
possível.
(A) Esperávamos que ele ou o irmão viessem nos apanhar.
(B) Umidade intensa ou ressecamento excessivo não nos fazem bem.
(C) João Carlos ou Pedro se casariam com Marta.
(D) O jornal ou a revista podem apresentar detalhadamente a notícia.
(E) Podem ser entregues o original do documento ou sua cópia.

13 - (CESGRANRIO / SEAD AM / 2005)


Aponte a opção em que se encontra um uso INACEITÁVEL de concordância.

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(A) Uma e outra coisa merece nossa atenção.


(B) Nem um nem outro candidato conseguiram se destacar.
(C) O médico, com sua enfermeira, foi ao Congresso.
(D) No relatório da OMS, tinham vários erros de tabela.
(E) Os cientistas haviam tido muito cuidado nos experimentos.

14 - (FGV / Ministério da Cultura /2006)


Lá, alunos ajudaram a criar um centro cultural...
Assinale a alternativa em que, substituindo-se alunos no trecho acima por outra
expressão, foi mantida a correção gramatical.
(A) Lá, 1,85% ajudaram a criar um centro cultural...
(B) Lá, 0,98% ajudou a criar um centro cultural...
(C) Lá, a maior parte ajudaram a criar um centro cultural...
(D) Lá, tu e teus amigos ajudaram a criar um centro cultural...
(E) Lá, dois terços ajudou a criar um centro cultural...

15 - (NCE UFRJ / PCRJ / 2002)


Assinale o item que atende aos preceitos da norma culta da língua.
a) A maioria dos trabalhadores participaram da sessão de treinamento;
b) A maioria dos trabalhadores participou da seção de treinamento;
c) A maioria dos trabalhadores participou da cessão de treinamento;
d) A maioria dos trabalhadores participaram da secção de treinamento;
e) A maioria dos trabalhadores participaram da seção de treinamento.

16 - (FCC / MPE PE/ 2006)


Está clara e correta a redação do seguinte comentário sobre o texto:
(A) Nem mesmo o mais rigoroso dos dicionários são capazes de definir com
precisão o sentido que os homens desejam discernir entre os conceitos
fundamentais.
(B) Quando se divergem, a filosofia e o direito acabam por criar um espaço de
hesitação para os conceitos, que seriam tão desejáveis estabelecer para a ação
humana.
(C)) Tanta dificuldade enfrentada na definição dos nossos valores essenciais
demonstra que não dispomos de convicções absolutas, de princípios realmente
duradouros.
(D) Tanto a felicidade como a justiça devem de ser discutidos sobre os parâmetros
instáveis da nossa consciência, o que torna problemáticos tanto um quanto outro.
(E) Não se esperem que nossos valores essenciais possam ser definidos sem
controvérsias, pois as mesmas fazem parte da dinâmica que se rege o nosso
pensamento.

17 - (FCC / ANEEL TÉCNICO / 2006)

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Os trechos abaixo constituem um texto. Assinale a opção gramaticalmente


incorreta.
a) A desigualdade na repartição da renda, riqueza e poder é uma marca inalienável
do Brasil.
b) De acordo com o “Atlas de exclusão social — Os ricos no Brasil” (Cortez, 2004),
somente 5 mil famílias chegam a se apropriar de mais de 40% de toda a riqueza
nacional, embora o país registre mais de 51 milhões de famílias.
c) Se considerarmos somente a parcela da população que se concentram no décimo
mais rico, verificam-se que 75% de toda a riqueza contabilizada termina sendo por
ela absorvida.
d) Em outras palavras, restam 25% da riqueza nacional a ser apropriada por 90%
da população brasileira. Esse descalabro em relação à concentração sem limites da
riqueza no País não é algo recente.
e) Pelo contrário, isso parece ser algo consolidado desde sempre no País, embora
desde 1980, com o abandono do projeto de industrialização nacional, tenha
avançado no país o ciclo da financeirização da riqueza, com retorno ao modelo
primário-exportador de matérias-primas e produtos agropecuários.
(Marcio Pochmann)

18 - (ESAF / ATE MS / 2001)


Marque o item em que uma das sentenças está gramaticalmente mal formada:
É vedado à Administração Tributária:
a) exigir tributo não previsto neste Código / exigir tributo que não esteja previsto
neste Código.
b) aumentar tributo sem que a lei o estabeleça / aumentar tributos sem que a lei
os estabeleçam.
c) cobrar tributos relativos a fatos geradores ocorridos antes do início deste Código
ou de outra lei que os instituir ou aumentar / cobrar tributos relativos a fatos
geradores ocorridos antes do início deste Código ou de outra lei que os institua ou
aumente.
d) cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei
que os instituiu ou aumentou / cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em
que tenha sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou.
e) Estabelecer diferença tributária entre bens e serviços de qualquer natureza, em
razão de sua procedência ou destino / estabelecer diferença tributária entre bens e
serviços de quaisquer naturezas, em razão de sua procedência ou destino.

19 – (ESAF/Fiscal de Fortaleza/1998) Indique entre os itens sublinhados o que


contém erro gramatical ou impropriedade vocabular.
Tudo parece indicar, a essa altura, que(A) as repercussões da crise dos países
asiáticos sobre a América Latina serão bem menos acentuadas do que(B) se
imaginava faz(C) poucos meses. Pouco a pouco, foram-se percebendo(D) que os
problemas daquela região são devidos à(E) desorganização de seus sistemas
financeiros e a uma especulação imobiliária desenfreada.

(Gazeta Mercantil, 21 e 22/2/1998, adaptado)


a) A

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b) B
c) C
d) D
e) E

20 - (FGV/PREF.ARAÇATUBA/2001) A concordância verbal está correta em


A. Precisam-se de muitos técnicos.
B. Os Estados Unidos é contrário a essas medidas.
C. Neste mês, deve haver muitos feriados.
D. Tratavam-se de profissionais competentes.

21 - (NCE UFRJ INCRA/2005)


Texto 1 - Internet, telefone e mais de 39 mil terminais de autoatendimento.
São muitas as opções para você movimentar a sua conta, efetuar
pagamentos, obter crédito, receber benefícios, adquirir produtos e o que mais
você precisar. É para isso que o Banco do Brasil investe tanto em tecnologia:
para estar o tempo todo com você.
(O Globo, 06/10/2005)
Se transformarmos as cinco primeiras orações reduzidas de infinitivo em orações
desenvolvidas na forma passiva pronominal (com o pronome SE), as formas verbais
adequadas serão, respectivamente:
(A) movimente – efetue – obtenha – receba – adquira;
(B) movimentem – efetuem – obtenham – recebam – adquiram;
(C) movimente – efetuem – obtenha – recebam – adquiram;
(D) movimentem – efetue – obtenham – receba – adquira;
(E) movimente – efetue – obtenha – receba – adquiram.

22 - (FCC/BANCO DO BRASIL/2006)
É preciso corrigir a seguinte frase, na qual há um equívoco quanto à
concordância verbal:
(A) As maravilhas que se dizem a respeito de uma vida bucólica ou primitiva não
parecem ter em nada animado o cronista.
(B) Não consta, entre as fobias declaradas pelo cronista, a de se sentir distante de
alguém a quem o prendam laços afetivos.
(C) Não se ouvem apenas os cantos do mar, mas também os sons de insetos e
animais que podem representar uma séria ameaça.
(D)) Uma das convicções do bem-humorado cronista é a de que usar bermudas
longas constituem a maior de suas concessões à vida natural.
(E) Fica sugerido que livros, jornais e revistas são, para o cronista, artigos de
primeira necessidade, como o são fósforos ou aspirina.

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23 - (FCC / BANCO DO BRASIL / 2006)


Está plenamente atendida a concordância verbal em:
(A) Para o amanuense, não teriam havido outras compensações, além das alegrias
que lhe proporcionavam a elaboração da linguagem do diário.
(B) Entre um computador e um fax ainda existem, nas palavras do autor, muito
estímulo para as nossas paixões se manifestarem.
(C) As preocupações íntimas, que se costuma traduzir na linguagem pessoal de um
diário, pode suscitar o interesse de um grande número de leitores.
(D) Ninguém duvide de que possa estar na forma modesta de um diário pessoal as
questões subjetivas que a cada um de nós é capaz de afetar.
(E)) É nas palavras de um diário que se formaliza a nossa subjetividade, é nelas
que se espelham as faces profundas dos nossos desejos.

24 - (FGV / ICMS PB / 2006)


De acordo com a norma culta, a concordância verbal está correta APENAS na frase:
(A) O autor disse que existe comissões parlamentares válidas e competentes.
(B) Haviam perguntas que não foram respondidas durante o interrogatório.
(C) Em toda a parte do mundo podem haver políticos corruptos.
(D) É necessário reconhecer que algumas atitudes que fere os princípios éticos
precisam serem punidas.
(E)) Já faz cinco sessões que os deputados não votam nenhuma proposta do
governo.

25 - (CESGRANRIO / INSPETOR DE POLÍCIA / 2001)


“...não se pode culpar os publicitários por isso – eles, assim como todo
mundo, não sabem o que fazem.”
Analise o comentário sobre os componentes desse segmento do texto é:
a) igualmente correta seria a forma podem culpar .

26 - (TRT 15ª Região – Analista Judiciário / Setembro 2004


_________ as aparências enganosas de exatidão.
Preenche-se corretamente a lacuna por:
(A) Deve ser evitado
(B) Deve serem evitadas
(C) Deve ser evitadas
(D) Devem ser evitado
(E))Devem ser evitadas

27 - (FCC / ANEEL TÉCNICO / 2006)


De fato, os jovens têm motivos para se sentirem inseguros. Começam a vida
profissional assombrados pelos altos índices de desemprego. Quase a metade
dos desempregados nos grandes centros no Brasil é jovem. Além da falta de

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experiência, há o despreparo mesmo. Grande parte tem baixa escolaridade. O


mercado de trabalho ajuda a perpetuar a desigualdade. Muitos jovens deixam
de estudar para trabalhar. Mas a disputa é acirrada também entre os mais
bem-preparados. A grande oferta de mão-de-obra resulta em um processo
cruel de avaliação, com testes de conhecimentos e de raciocínio lógico,
redação, dinâmicas de grupo, entrevistas. E não é só. O jovem deve
demonstrar habilidades que muitas vezes nem teve tempo de saber se possui
ou de descobrir como adquiri-las. Como o conhecimento hoje fica obsoleto
muito rápido, a qualificação e o potencial comportamental é que definem um
bom candidato, e não só o preparo técnico.
(Adaptado de ISTOÉ 5/10/2005)
Julgue a assertiva abaixo.
c) Como a expressão “a metade” (l.2) pode ser considerada um sinônimo textual
para 50%, a substituição daquela por esta preservaria a coerência textual e a
correção gramatical.

28 – (ESAF/ TFC/ 1997) Assinale o item que apresenta concordância incorreta.

a) As pessoas se agrupam em função de objetivos comuns em associações,


federações, confederações, sindicatos, ONGs, colégios, empresas, sociedades,
clubes, conselhos, fundações, institutos, etc.
b) Em qualquer uma dessas situações pressupõem-se que os grupos trabalham
unidos na defesa de um ideário consubstanciado em estatutos, normas e
procedimentos que determinam formas de atuação na sociedade.
c) Entre os dez setores que mais geraram empregos no Brasil, em 1996, as
entidades sem fins lucrativos despontaram em primeiro lugar.(...)
d) Além disso, possuem alto índice de trabalhadores voluntários que
disponibilizam seu tempo livre em benefício de toda a sociedade, algo nada
desprezível enquanto força mobilizadora.
e) A questão é como usar esse poder. Talvez nunca como neste momento a
conscientização da necessidade do envolvimento do empresariado na vida da
comunidade tenha sido tão importante.
(Maria Christina Andrade Vieira, Gazeta Mercantil -14 de agosto de 1997, com
adaptações)

29 - (FCC / ANEEL ANALISTA/ 2006)


A pichação é uma das expressões mais visíveis da invisibilidade humana. São
mais do que rabiscos. São uma forma de estabelecer uma relação de
pertencimento com a comunidade – mesmo que por meio da agressão – e, ao
mesmo tempo, de dar ao autor um sentido de auto-identidade.
(Gilberto Dimenstein, Folha de S. Paulo, 21/01/2006)
Sobre esse trecho, analise a assertiva abaixo.
II. Nos dois períodos iniciados pela forma verbal “São”, a concordância verbal se faz
com o predicativo do sujeito.

30 - (FCC / ANEEL TÉCNICO / 2006)


Apesar das dificuldades, o Programa de Metas foi executado e seus resultados
manifestam-se na transformação da estrutura produtiva nacional. O governo

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JK, que soube mobilizar com maestria a herança de Vargas e elevar a auto-
estima do povo brasileiro, realizou-se em condições democráticas, com
liberdade de imprensa e tolerância política. A taxa de inflação, que em 1956
foi de 12,5%, no final do governo JK, elevou-se para o patamar de 30,5%. A
Nação, por sua vez, obteve um crescimento econômico médio de 8,1% ao
ano. Apesar das pressões do Fundo Monetário Internacional (FMI), que já
advogava o “equilíbrio fiscal” e o Estado mínimo para o Brasil, e de setores
conservadores da vida brasileira, JK conseguiu elevar o PIB nacional em cerca
de 143%. E tudo isto ocorreu em um contexto marcado por um déficit de
transações correntes que atingiu 20% das exportações em 1957 e 37% em
1960, o que ampliava a fragilidade externa e fazia declinar a condição de
solvência da economia brasileira. No entanto, foi graças ao controle do câmbio
e ao regime de incentivos criados que as importações de bens de consumo
duráveis foram contidas.
(Rodrigo L. Medeiros, com adaptações)
c) Por se tratar de verbo expletivo, “foi” (l.13) pode ser retirado da oração sem
prejuízo do sentido e da sintaxe. CONCORDÂNCIA “É QUE”

GABARITOS COMENTADOS DAS QUESTÕES DE FIXAÇÃO


1–D
A questão já começa com a apresentação de um conceito de concordância
nominal. Contudo, por se tratar de caso de reciprocidade (a água e a terra estão
laçadas entre si = entrelaçadas), o verbo, necessariamente, irá para o plural.
Essa informação é apresentada na opção D.
Em relação às demais opções:
a) por haver essa idéia de reciprocidade, o adjetivo não poderia ficar no singular;
b) os dois substantivos são femininos (água e terra), não havendo a possibilidade
de flexionar o adjetivo no masculino;
c) por ser recíproco, mesmo anteposto, o adjetivo deverá se flexionar no plural;
e) o adjetivo se refere aos dois substantivos.

2–C
Vimos que, quando na função de adjunto adnominal posposto aos nomes, existe
a faculdade de concordância do adjetivo com o nome mais próximo (concordância
atrativa – opção A) ou com o conjunto de substantivos a que se refere
(concordância gramatical – opção B) – caso 1.2 da Aula 3.
A única forma incorreta é a da letra C. Se for realizada a concordância atrativa, o
adjetivo fica no feminino singular para se harmonizar com o substantivo
proteção.
Se a opção for pela concordância gramatical, por haver um elemento masculino
(cuidado), o adjetivo fica no masculino plural (forçados). Não há, pois,
possibilidade de o adjetivo ser empregado no feminino plural (opção C).
Note que as opções D e E apresentam o adjetivo anteposto na função de adjunto
adnominal (caso 1.1 da Aula 3). Neste caso, a única concordância possível é a
atrativa (lembre-se da dica: tudo com a letra “a” – adjetivo anteposto na função
de adjunto adnominal – concordância atrativa).

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Na opção D, o adjetivo concorda com o substantivo cuidado, enquanto que na


opção E, o faz com o substantivo proteção.

3–E
Agora, o adjetivo está na função de PREDICATIVO DO OBJETO (caso 3 da Aula
3).
O verbo tornar é transobjetivo, ou seja, além do objeto direto, ele precisa da
informação trazida pelo predicativo do objeto.
Vamos analisar cada uma das opções:
(A) o adjetivo inviável se refere ao substantivo sobrevivência (a sobrevivência
se tornará inviável, e não a criatura).
(B) o sujeito de tornará é “a elevação da temperatura”. Essa elevação tornará a
sobrevivência inviável. Por isso, está incorreta a informação de que o sujeito está
posposto. Na verdade, o sujeito está anteposto ao verbo, na ordem direta.
(C) O pronome qualquer é o único caso em que a flexão se realiza no meio do
vocábulo, em virtude do processo de sua formação (pronome QUAL + verbo
QUER Î pronome QUAIS + QUER = quaisquer). Assim, está incorreta tal
afirmação.
(D) O numeral terceiro exerce a função sintática de adjunto adnominal ao
substantivo planeta, devendo com ele concordar em gênero e número. Lembre-
se de que numeral é classe de palavra variável (nunca se esqueça da tabelinha,
hem?).
(E) O objeto direto, que complementa o verbo tornar, é sobrevivência. É com
este substantivo que o adjetivo inviável deve concordar em número. A
expressão de qualquer criatura exerce a função de complemento do
substantivo sobrevivência. Por isso, sua flexão não influencia a alteração do
adjetivo – “A elevação da temperatura (...) tornará inviável a sobrevivência de
quaisquer criaturas”. Está correta a assertiva.

4–A
Citamos essa questão na Aula 3, mas não chegamos a avançar na análise. Esse
momento chegou.
Mais uma vez, veremos a concordância do adjetivo na função de predicativo do
objeto (caso 3).
O verbo considerar também é transobjetivo. Seu objeto direto, na construção, é
pequenas alterações psicológicas (Os médicos consideravam pequenas
alterações psicológicas...).
O adjetivo inevitável, por se referir a alterações, deve concordar com esse
vocábulo, flexionando-se em número.
Assim, a forma correta seria: Os médicos consideravam inevitáveis nos
pacientes pequenas alterações psicológicas.
Na opção B, foi empregado corretamente o adjetivo “sós”, no plural por se
harmonizar com o substantivo internações.
Na opção C, temos um exemplo da concordância incorreta com a expressão
“uma e outra”. Como vimos, essa construção possibilita a flexão verbal tanto no
singular quanto no plural (caso 2.a da Aula 4). O verbo está corretamente
flexionado. Contudo, o adjetivo, segundo a norma culta, deveria se flexionar

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obrigatoriamente no plural, enquanto que o substantivo ficaria no singular (item


1.6 da Aula 3). Assim, estaria correta a forma: “Uma e outra alteração
psicológicas pode/podem afetar os pacientes hospitalizados”. Por esse motivo,
a questão seria passível de anulação.

5–D
A palavra meio, quando advérbio, se mantém invariável (olha a tabelinha aí,
gente!!!). Exercerá a função sintática de adjunto adverbial, ou seja, vem junto de
um adjetivo alterando ou delimitando o seu alcance.
Na opção A, o pronome demonstrativo mesmo se refere ao substantivo
empregada, devendo com ele concordar em gênero e número – A empregada
mesma (Ela mesma) viu tudo.
Na opção B, o vocábulo bastante é um pronome indefinido adjetivo, devendo se
flexionar de acordo com o vocábulo que acompanha, no caso, o substantivo
vezes. Na dúvida, troque bastante por muito - Já fiz isso muitas vezes = Já
fiz isso bastantes vezes. O pronome modifica um substantivo. Cuidado para não
confundir com o advérbio bastante, que é invariável e modifica verbo, adjetivo
ou outro advérbio (Corremos bastante./ Eles são bastante altos./ Preciso que
você fale bastante alto.)
Em relação à opção C, eu lhe pergunto: o que passou? Resposta: a crise. Por
isso, o particípio deve concordar com esse substantivo = Passada a crise,
voltaram.

6-A
Eu pergunto: o que os últimos dados trataram de sepultar? Resposta: alguma
dúvida em relação à retomada do crescimento. Note que o pronome átono “as”,
presente em “sepultá-las”, se refere à palavra “dúvida”, mencionada na primeira
oração. Assim, para que haja concordância entre os termos, o pronome deve estar
no singular – “sepultá-la”.
Você percebeu que o estilo de prova da ESAF é diferente do das demais bancas já
analisadas? Normalmente, as questões dessa banca que envolvem concordância
pedem que se assinale o item com erro de natureza gramatical, não indicando o
tipo de erro cometido. Assim, você deverá ler com cuidado e analisar todas as
relações sintáticas, ou seja, se os pronomes, adjetivos, verbos estão concordando
uns com os outros.

7–B
Primeiramente, vamos eliminar as opções que apresentam erro na expressão “ter
a ver”. Assim como na outra expressão “não ter nada a ver com”, a preposição “a”
pode ser substituída pela conjunção “que” – ter que ver / não ter nada que ver.
Essas expressões indicam responsabilidade ou envolvimento em relação a um fato.
Restam somente duas opções: b e e.
Em seguida, temos um mote para estabelecer a diferença entre três expressões
muito parecidas: há cerca de / a cerca de / acerca de.
Para isso, vamos partir do seguinte exemplo:
“Eles saíram de casa há cerca de uma hora em direção à fazenda que fica a cerca
de 30 km de São Paulo. Tenho minhas dúvidas acerca do tempo que levarão para
chegar lá, já que a estrada está em péssimas condições.”

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“CERCA DE” significa “aproximadamente”. Ela consta das duas primeiras


expressões (há cerca de uma hora / fica a cerca de 30 km), sendo que, na
primeira, percebe-se o emprego do verbo impessoal “haver” na indicação de tempo
decorrido (há cerca de). Com relação à segunda (a cerca de), a preposição “a”
precede a expressão por indicar distância (“A fazenda fica a 30 km de São Paulo.”).
Já a expressão “acerca de” equivale a “sobre” (Tenho dúvidas sobre/ acerca do
tempo). Não se pode confundi-las.

8–A

Essa questão serve para fixar o conceito apresentado na anterior. Perceba que a
construção da opção A se assemelha à do exemplo acima: Ficou a cerca de dez
passos da esquina equivale a dizer Ficou a dez passos da esquina. O “cerca de”
indica aproximação. Neste caso, antes da expressão, é necessário colocar a
preposição a, indicativa de local/distância.
Nas demais passagens, houve correção.
Na opção B, usou-se adequadamente a locução prepositiva acerca de, que
corresponde a sobre.
Na assertiva C, como é indicado tempo decorrido, usa-se o verbo HAVER, associado
a “cerca de”, apresentando uma idéia aproximada de tempo: há cerca de uma
semana.
Finalmente, na opção D, novamente a preposição a, exigida pelo verbo DIRIGIR-
SE, se associa à expressão cerca de (aproximação).

9–E
Esse é um caso clássico de concordância verbal. O verbo concorda com o núcleo
do sujeito. Em “A busca de distinção entre o que é ‘do bem’ e o que é ‘do mal’
(...)”, o núcleo é o substantivo busca. Em torno dele, estão outros elementos
que exercem a função de adjunto adnominal (junto ao nome). Pelo fato de o
núcleo ser representado por um substantivo no singular, o verbo trazer
permaneceu no mesmo número.
A banca sugere uma série de trocas e pede que se identifique em qual delas o
verbo teria de ir para o plural.
Vamos analisar qual é o núcleo do sujeito em cada uma das opções. A resposta
deverá apresentar um substantivo flexionado no plural.
(A) O núcleo é fato (singular);
(B) O núcleo é dificuldade (singular);
(C) Dessa vez a banca procurou confundir, apresentando um outro
elemento no plural, mas não é “pessoas” o núcleo do sujeito do verbo
trazer – ele é o núcleo do verbo saber (Muitas pessoas sabem...). O
núcleo do sujeito é alternativa (...sabem que tal alternativa ...) –
também singular;
(D) O núcleo é divisão (singular);
(E) Agora, sim! O núcleo é oscilações. Não foi à toa que a resposta
estava na opção E – provavelmente, a banca esperava que o candidato
assinalasse a opção C por engano.

10 – E

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Agora, iremos ver casos de concordância verbal com sujeito posposto ao verbo
(caso 1.b da Aula 4).
Analisaremos cada uma das opções.
(A) O sujeito do verbo importar é composto – a crítica e o elogio. Como o
sujeito veio após o verbo, haveria a possibilidade de se flexionar o verbo
no plural, concordando com todos os elementos do sujeito (concordância
gramatical) ou no singular, em harmonia apenas com o mais próximo
(concordância atrativa). O autor escolheu a primeira opção.
(B) Dessa vez, o autor escolheu a segunda opção – a concordância atrativa –
e manteve o verbo no singular, concordando com texto.
(C) Novamente, a opção foi pela concordância com o termo mais próximo –
ritmo – mantendo o verbo no singular.
(D) A flexão do verbo indica a opção pela concordância gramatical, ou seja,
com todos os núcleos do sujeito (amizade e dever), enfatizando-se,
assim, o conjunto.
(E) O erro dessa opção foi que há apenas um núcleo (sujeito simples), que se
apresenta no plural (fatos). Assim, não há para o autor a opção de
manter o verbo no singular. Obrigatoriamente, o verbo deve concordar
com fatos e ir para o plural – Faltavam-lhe, naquele dia, fatos para
escrever sua crônica.

11 – E
Vimos que a concordância com a expressão “mais de um” deve ser feita com o
numeral (caso 2.f da Aula 4). Assim, está incorreta a forma apresentada na
opção E. O verbo deveria estar no singular: Mais de um funcionário vai pedir
promoção no mês que vem, ainda que semanticamente isso indique ser dois ou
mais funcionários. Como vimos, nesse caso, a norma da Língua Portuguesa
contraria a lógica.
Em relação às demais opções, cabem os seguintes comentários.
(A) Na expressão “o mais ... possível” (caso 1.7 da Aula 3), o adjetivo deve
se flexionar de acordo com o que fizer o artigo. Como se manteve no
singular, também assim deverá ficar o adjetivo. A outra construção
possível seria: Gosto de viajar para lugares os mais exóticos possíveis.
(B) O adjetivo posposto a mais de um substantivo, na função de adjunto
adnominal, pode realizar a concordância gramatical (com todos os
elementos) ou a concordância atrativa (com o mais próximo). Assim, a
forma apresentada está correta, pois há um elemento masculino, o que
leva o adjetivo para o masculino plural na concordância com todos os
elementos. Também estaria correta a forma: Compramos um sofá, uma
poltrona e uma mesa antiga. Contudo, poderia haver um prejuízo de
sentido, levando a entender que somente a mesa seria antiga e os
demais, novos.
(C) A concordância com termos partitivos (a maioria de, grande parte de –
caso 2.d da Aula 4) aceita duas formas de construção – com o núcleo,
mantendo-se no singular, ou com o complemento. Nesse caso, optou-se
pela primeira forma. A segunda seria “A maioria das pessoas esperam
conseguir bons empregos”.
(D) Todo cuidado com essa opção. Há duas análises a serem feitas.
A primeira envolve a concordância com a expressão “um dos (...) que”
(caso 2.j da Aula 4). O verbo tanto pode ficar no singular (concordando

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com “um”) ou no plural (concordando com “cientistas”). Nesse caso, o


verbo que aceita essa faculdade é o verbo chegar. O verbo estudar
envolve a segunda análise. Ele tem como sujeito o pronome relativo que
(caso 2.i da Aula 4). Esta é outra análise a ser feita: o verbo que possui
como sujeito o pronome relativo deve realizar a concordância com o
termo a que esse pronome se refere. No exemplo, o referente do
pronome é o substantivo cientistas. Para melhor compreensão, essa
construção equivale a: Dos cientistas que estudam a memória, um (dos
cientistas) chegou ao Brasil.

12 – C
Ótima questão que envolve a concordância com sujeito composto ligado por OU
(caso 1.f da Aula 4). Não se pode flexionar o verbo no plural quando os
elementos forem mutuamente excludentes, ou seja, a aceitação de um elimina o
outro. Nos demais casos, em que os dois elementos podem exercer
concomitantemente a ação, aceita-se a flexão verbal no plural.
Vamos às opções:
(A) Tanto ele quanto o irmão poderiam nos apanhar, não é? Então, essa
conjunção pode ter valor aditivo, admitindo-se a flexão verbal no plural.
(B) Os dois elementos (umidade intensa e ressecamento excessivo) podem
fazer mal, aceitando-se, assim, a forma plural do verbo.
(C) Quantas pessoas poderiam se casar com Marta? Ao que me conste, no
Brasil, somente uma. Por isso, o verbo só poderia ficar no singular, ou
então Marta seria presa por bigamia (rs...).
(D) Quantos meios de comunicação poderiam apresentar a notícia em
detalhes? Tantos quantos existirem: jornal, revista, telejornal... Por isso,
o verbo pode ir para o plural.
(E) E se quisermos entregar o original e a cópia: isso é possível? Sim. Então
o verbo também pode ir para o plural.

13 – D
Outra ótima questão para fixarmos os conceitos de concordância.
O erro está no emprego do verbo TER no sentido de existir. No uso coloquial, há
vários registros desse uso, inclusive literários (Drummond: “No meio do caminho
tinha uma pedra”).
Contudo, apesar de não haver menção a norma culta no enunciado, em virtude
da correção das demais opções, só nos resta indicar esta como a incorreta.
(A) A flexão verbal com a expressão “uma e outra” (caso 2.a da Aula 4)permite
que o verbo fique no singular ou no plural.
(B) Apesar de polêmico, esse emprego do verbo no plural com a expressão “nem
um nem outro” encontra respaldo na lição do mestre Domingos Paschoal
Cegalla (caso 2.c).
(C) Optou-se por manter o verbo no singular, a exemplo do que vimos no caso
1.e.
(E) O verbo haver é um verbo auxiliar na locução “haviam tido”. O verbo
principal, que determina a flexão verbal a ser executada pelo auxiliar, é TER. Se
estivesse sozinho na construção, esse verbo teria de se flexionar, para concordar

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com o sujeito “cientistas” (“Os cientistas tinham muito cuidado...”). Por isso, o
verbo haver, na locução verbal, deverá se flexionar no plural – haviam tido.

14 – B
A única forma correta é a apresentada na opção B. Como não há um número
inteiro percentual (0,98%), associado ao fato de não haver complemento, o
verbo só poderá ficar no singular.
O que está errado nas demais opções?
(A) O número percentual inteiro é 1 (1,85%), e não há complemento. Assim, a
única forma de concordância do verbo é no singular (Lá, 1,85% ajudou a
criar...).
(C) Cuidado com a casca de banana. A expressão “a maior parte” está
desacompanhada de complemento. Assim, mais uma vez, o verbo só poderia
ficar no singular, concordando com o núcleo “parte”.
(D) Apesar de modernamente alguns autores aceitarem que o verbo se flexione
na 3ª pessoa do plural (vocês), em função do desuso das segundas pessoas (tu e
vós), em função do erro gritante apresentado na opção B, vemos que a banca da
Fundação Getúlio Vargas segue as normas do padrão culto formal da língua,
exigindo que, nesse caso, o verbo se flexione na 2ª pessoa do plural – Lá, tu e
teus amigos (vós) ajudastes a criar...
(E) Em números fracionários, a concordância se realiza com o numerador (o
raciocínio é parecido com o apresentado para números percentuais). Por isso,
como no numerador temos “dois” (dois terços), o verbo deveria ir para o plural:
Lá, dois terços ajudaram a criar...

15 – A
Com a expressão partitiva “a maioria de”, acompanhada de complemento no
plural, o verbo pode ficar no singular ou no plural. Por isso, todas as opções
seriam válidas. Por isso, já poderíamos eliminar as opções b, d e e, pois todas
apresentam a forma seção (ou sua variante secção) e, se uma delas estivesse
certa, as demais também estariam, ocasionando a anulação por múltiplas
possibilidades de resposta (é assim que se faz prova, viu? Eliminando as opções
inválidas e aumentando, assim, a possibilidade de acerto).
O erro, nessa questão, é mais de natureza ortográfica: a diferença entre cessão,
sessão e seção.
Cessão é o ato de ceder (A cessão dos direitos autorais foi feita
espontaneamente).
Seção (antigamente indicada com o “c” mudo – secção – letra ainda mantida em
algumas formas, como “seccional”, que também apresenta a forma variante
“secional”) – é o ato de cortar. Por isso, indica a parte de um todo, uma divisão,
um segmento. Assim, em um departamento (conjunto), há diversas seções
(divisões).
Sessão é o tempo de duração de algum espetáculo, trabalho, reunião ou
assemelhados. No Brasil, usa-se também para indicar cada um dos espetáculos
de teatro ou cinema.
De volta à questão, se o treinamento se realizou, houve uma sessão (tempo de
duração) de treinamento.

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16 – C
Como se busca o item correto, vamos analisar os erros das demais opções.
(A) Tanto o verbo ser quanto o adjetivo capaz deverão permanecer no singular,
para concordar com o núcleo do sujeito, representado pelo substantivo oculto
dicionário, indicado pela flexão do adjetivo rigoroso (no singular): “Nem
mesmo o mais rigoroso dos dicionários é capaz de (...)”.
(B) Há problemas graves de estruturação sintática. Isso acaba causando um
prejuízo na compreensão da oração. O que seria “desejável”? Acredito que
“estabelecer (conceitos) para a ação humana”. Assim, a construção deveria ser,
por exemplo: “Quando se divergem, a filosofia e o direito acabam por criar um
espaço de hesitação para os conceitos, cujo estabelecimento para a ação humana
seria tão desejável”.
(D) Essa foi bastante capciosa. Os núcleos do sujeito estão ligados pela
expressão “Tanto...como” (caso 1.d). Mesmo que passássemos ao largo da
polêmica apresentada em relação à flexão verbal, note que ambos os núcleos
estão representados por substantivos femininos (felicidade e justiça). Assim, o
adjetivo a eles correspondente só poderia ficar nesse gênero: Tanto a felicidade
como a justiça devem ser discutidas...
Em relação ao emprego da preposição DE na locução verbal (deve + ser),
vejamos o que nos ensina Domingos Paschoal Cegalla, em seu Dicionário de
Dificuldades da Língua Portuguesa:
“Para indicar probabilidade, pode-se inserir a preposição DE na locução formada
por DEVER + INFINITIVO, conforme faziam escritores clássicos: O Congresso
deve de aprovar o projeto do governo. (...) Não cabe a preposição, quando a
idéia é de obrigação, necessidade: Motorista deve dirigir com cuidado. (...) A
língua de hoje raramente faz esta distinção. Em geral se diz: O guarda devia
estar dormindo. / O cano deve estar entupido.”
Assim, como se trata de uma obrigação (e não possibildade), a preposição deve
ser retirada.
(E) Este é um caso de sujeito oracional. O verbo esperar está acompanhado do
pronome SE (Não se esperem...). Como este é um verbo transitivo direto,
estamos diante de uma construção de voz passiva. Ocorre que o sujeito paciente
está representado por uma oração desenvolvida (“... que nossos valores
essenciais possam ser definidos sem controvérsias...”). Por isso, o verbo esperar
deve ficar na 3ª pessoa do singular: “Não se espere que...”.

17 – C
O verbo verificar está acompanhado de um pronome SE. Como esse verbo é
transitivo direto (Alguém verifica alguma coisa) e apresenta idéia passiva, trata-
se de um pronome apassivador. O verbo, portanto, deve concordar com o sujeito
paciente. Contudo, esse sujeito é representado por uma oração: “que 75% de
toda a riqueza...”. Assim, o verbo deverá ficar na 3ª pessoa do singular: “(...)
verifica-se que (...)”. Já na seqüência, o verbo terminar admite dupla flexão –
no plural, concordando com o número percentual (75%) ou no singular,
concordando com o complemento (de toda a riqueza).
Em relação às demais opções, cabem os seguintes comentários.
a) O núcleo do sujeito é desigualdade, o que leva o verbo para o singular –
“A desigualdade (...) é uma marca...”.

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b) O verbo chegar está corretamente flexionado no plural, em harmonia


com famílias. O infinitivo apropriar, por apresentar o mesmo sujeito do
verbo da oração anterior, optou por ficar no singular.
d) O que resta? Resposta: 25% da riqueza nacional. O verbo se flexionou no
plural para concordar com o número percentual (25%).
e) O que avançou no país foi o ciclo de financeirização da riqueza. O verbo
auxiliar da locução ter + avançado está corretamente no singular.

18 - B
O sujeito do verbo estabelecer na segunda passagem do item B é “lei”. Afinal, é a
lei que estabelece o aumento de tributos (aproveite para estudar Direito Tributário!
Conheço um ótimo professor: Eduardo Corrêa).
Na ordem direta, a construção seria: sem que a lei estabeleça.
Aliás, o que a lei estabelece: o tributo ou o aumento do tributo? A partir do
contexto, entende-se que o aumento do tributo. Por isso, o correto seria empregar
o pronome “o”, no masculino singular, pois esse pronome tem valor demonstrativo
(sem que a lei estabeleça isso – e o que é isso? Aumentar tributo). Assim, há dois
erros de concordância na passagem: um nominal (relação do pronome com o
nome) e outro verbal.

19 – D
Primeiramente, uma locução verbal (IR + PERCEBER) acompanhada de pronome
‘se’ requer análise:
1- o verbo principal (perceber) é TD ou TDI? Sim.
2- Há idéia passiva? Sim – Algo foi sendo percebido.
Conclusão: a construção está na voz passiva.
Note, porém, que o sujeito não está expresso na forma de um nome (substantivo),
mas de uma oração (subordinada) substantiva. Pergunta-se: o que foi sendo
percebido?
Resposta: “que os problemas daquela região são...” – o sujeito da forma verbal
está representada por uma oração.
No caso de sujeito oracional, o verbo DEVE FICAR na 3ª pessoa do singular (“foi-
se percebendo que os problemas daquela região são...”).

Veja a correção da flexão verbal de um verbo impessoal no item C – o verbo


fazer, ao indicar tempo decorrido, age da mesma forma que o verbo haver – é
impessoal (não possui sujeito) e, por isso, fica na 3ª pessoa do singular: faz
poucos meses. Está igualmente correta a correlação do verbo fazer com o
restante da estrutura, situada no presente (Tudo parece indicar...).
Finalmente, cabe comentar a flexão do adjetivo devido em relação ao
substantivo a que se refere: problemas – “Os problemas são devidos...”.
Não confunda esse adjetivo (que rege a preposição a) com a locução prepositiva
devido a, empregada em estruturas como ‘Devido às fortes chuvas, a festa não
se realizou.’. Como é uma locução prepositiva, permanece invariável.

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Aliás, essa locução teve origem justamente no adjetivo que apresenta base
participial (particípio do verbo dever). Como é interessante a ligação que os
vocábulos têm uns com os outros, não é?

20 – C
Agora, vamos tratar de sujeito indeterminado.
Os verbos acompanhados do pronome SE podem formar voz passiva (verbos
transitivos diretos ou diretos e indiretos) ou construção de sujeito
indeterminado (verbos intransitivos, transitivos indiretos e verbos de
ligação).
a) O verbo precisar é transitivo indireto e rege a preposição DE (Alguém
precisa de alguma coisa). Acompanhado do pronome, é caso de sujeito
indeterminado, devendo o verbo permanecer na 3ª pessoa do singular:
Precisa-se de muitos técnicos.
b) Vimos que Estados Unidos é um topônimo que leva artigo, pronome,
adjetivo e verbo para o plural. Assim, a forma correta seria: Os Estados
Unidos são contrários a essas medidas.
c) O verbo haver, no sentido de existência, é impessoal (sem sujeito),
devendo ficar na 3ª pessoa do singular. Assim, está correta a construção.
d) Como as bancas A-DO-RAM esse verbo. O verbo tratar é transitivo
indireto e rege a preposição DE. Está acompanhado do índice de
indeterminação do sujeito, devendo ficar na 3ª pessoa do singular:
Tratava-se de profissionais competentes.

21 – C
Essa questão é quase um exame psicotécnico. Vamos aos poucos.
O que o examinador quer saber é se, acompanhados do pronome SE, em voz
passiva, os verbos devem ou não se flexionar.
Para começar, todos os verbos são transitivos diretos, o que possibilita a
transposição para a voz passiva.
Veja, agora, como a questão era mais simples do que parecia inicialmente:
1ª oração
Voz ativa: movimentar a sua conta Î Voz passiva: sujeito é o elemento que,
antes, exercia a função de objeto direto: conta
Como o sujeito está no singular, o verbo também deve ficar no singular.
Voz passiva analítica: a conta é movimentada
Voz passiva sintética (pronominal) = movimente-se a conta

Já podemos eliminar as opções B e D.

2ª oração
Voz ativa: efetuar pagamentos Î Voz passiva: sujeito é o elemento que,
antes, exercia a função de objeto direto: pagamentos
Como o sujeito está no plural, o verbo também deve ficar no plural.

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Voz passiva analítica: pagamentos são efetuados


Voz passiva sintética (pronominal) = efetuem-se pagamentos

A partir dessa resposta, você já poderia marcar o cartão-resposta. Mesmo assim,


vamos analisar as demais orações.

3ª oração
Voz ativa: obter crédito Î Voz passiva: sujeito é o elemento que, antes,
exercia a função de objeto direto: crédito
Como o sujeito está no singular, o verbo também deve ficar no singular.
Voz passiva analítica: crédito é obtido
Voz passiva sintética (pronominal) = obtenha-se crédito

4ª oração
Voz ativa: receber benefícios Î Voz passiva: sujeito é o elemento que, antes,
exercia a função de objeto direto: benefícios
Como o sujeito está no plural, o verbo também deve ficar no plural.
Voz passiva analítica: benefícios são recebidos
Voz passiva sintética (pronominal) = recebam-se benefícios

5ª oração
Voz ativa: adquirir produtos Î Voz passiva: sujeito é o elemento que, antes,
exercia a função de objeto direto: produtos
Como o sujeito está no plural, o verbo também deve ficar no plural.
Voz passiva analítica: produtos são adquiridos
Voz passiva sintética (pronominal) = adquiram-se produtos

22 - D

O que constitui “a maior de suas concessões à vida natural”? Resposta: usar


bermudas longas. Como o sujeito é oracional (reduzido de infinitivo impessoal), o
verbo fica na 3ª pessoa do singular: “Uma das convicções do bem-humorado
cronista é a de que usar bermudas longas constitui a maior de suas concessões à
vida natural”.

Estão corretas as demais opções. Comentaremos algumas das passagens que


podem ter sido objeto de dúvidas.
(A) O pronome relativo “que” refere-se a “maravilhas”. O verbo dizer é transitivo
direto (Alguém diz alguma coisa). Acompanhado do pronome “se”, constrói voz
passiva, cujo sujeito é “maravilhas” (“maravilhas são ditas”). Assim, está correta a
flexão verbal em “As maravilhas que se dizem a respeito de uma vida bucólica ou
primitiva”. Em seguida, retomando o sujeito “as maravilhas”, a locução verbal se
flexiona no plural: “não parecem ter em nada animado o cronista”.

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(B) A passagem “a quem o prendam laços afetivos” equivale a “laços afetivos


prendem-no [o cronista] a quem [alguém]”. Como o sujeito do verbo prender é
laços afetivos, está correta a concordância verbal.
(C) Mais uma vez, temos ótimos exemplos de construção de voz passiva
pronominal. O verbo ouvir é transitivo direto. Acompanhado do pronome “se”
(apassivador), deve concordar com o sujeito paciente, quais sejam: “os cantos do
mar” e “os sons de insetos e animais”, justificando, assim, a flexão verbal (“Não se
ouvem”). Em seguida, o pronome relativo “que” substitui o substantivo “sons” e
leva o verbo “poder”, auxiliar da locução “podem representar”, para o plural.
(E) Como o sujeito de “Fica sugerido” é uma oração, o verbo está corretamente
conjugado na 3ª pessoa do singular (concordância com sujeito oracional – verbo no
singular).

23 - E

(A) Em uma locução verbal, o verbo auxiliar realiza a flexão que o verbo principal
faria se estivesse sozinho. Na locução verbal “teriam havido”, o verbo “haver”
(principal) é impessoal, pois apresenta o sentido de “existência”. Por isso, mantém-
se na 3ª pessoa do singular.

Assim, essa flexão deve ser realizada pelo verbo auxiliar “ter”, mantendo no
singular – “... não teria havido outras compensações...”.

Vimos em nossas aulas que “outras compensações” exerce a função de objeto


direto da construção oracional, não interferindo na concordância verbal.
(B) Tanto o verbo haver quanto o verbo existir podem indicar existência. A
despeito de apresentarem o mesmo significado, possuem estruturas sintáticas
distintas. Enquanto que o verbo haver é impessoal (não tem sujeito) e, por isso
mesmo, se mantém na 3ª pessoa do singular (o que lhe segue é o complemento
verbal), o verbo existir possui sujeito e com este deve realizar a concordância.
A partir dessa observação, note que o sujeito de “existir” na construção “Entre um
computador e um fax ainda existem (...) muito estímulo” é um elemento que está
no singular – “estímulo”. Por isso, o verbo deveria ser conjugado na 3ª pessoa do
singular – existe.

(C) Nessa questão, verificamos uma técnica muito comuns em bancas


examinadoras para “enganar” o candidato em questões de concordância (a ESAF é
mestra nisso). Consiste em separar o sujeito do verbo por uma série de elementos,
de preferência em um número diferente do que deverá figurar o verbo. Assim, o
candidato corre o risco de se esquecer qual era o núcleo do sujeito e não perceber
o deslize de correspondência entre o verbo e o sujeito.

Vamos sublinhar o que interessa para a análise:


“As preocupações íntimas, que se costuma traduzir na linguagem pessoal de um
diário, pode suscitar o interesse...”
Opa! A locução verbal está no singular enquanto que o sujeito é plural. Questão
clássica. Na hora da prova, faça o que eu fiz – sublinhe o sujeito e compare com o
verbo. Não tem como errar fazendo isso.
(D) Em “Ninguém duvide de que possa estar na forma modesta de um diário
pessoal as questões subjetivas que a cada um de nós é capaz de afetar?”, notam-
se DOIS erros de concordância. Para uma melhor análise, vamos mudar a
estrutura oracional.

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“Ninguém duvide de que...” – até aí, tudo bem...


O sujeito de “possa estar na forma modesta de um diário pessoal” é “as questões
subjetivas”. Por isso, o verbo auxiliar da locução deveria ser flexionado no plural –
“possam estar (...) as questões subjetivas...”.
Por fim, o pronome relativo que inicia a oração adjetiva tem por referente “as
questões subjetivas”, levando todos os elementos do predicado para o plural: “as
questões subjetivas que são capazes de afetar a cada um de nós”. O
complemento do verbo afetar (transitivo direto) recebeu uma preposição (“afetar a
cada um de nós”) para evitar a ambigüidade em relação ao elemento que seria o
sujeito dessa oração, o pronome relativo.

24 – E
O verbo fazer indica um lapso temporal de cinco sessões. Como estamos diante
de um caso de verbo impessoal, este deve se manter na 3ª pessoa do singular. O
mesmo iria ocorrer com o verbo haver: “Já há cinco sessões que os deputados
não votam...”. Está correta, portanto, a estrutura apresentada.
Nas opções (A), (B) e (C), o examinador explora os verbos haver e existir.
(A) O que existe? Resposta: “comissões parlamentares válidas e competentes”.
Como o verbo existir possui sujeito (cujo núcleo é comissões), deve se
flexionar no plural: “O autor disse que existem comissões parlamentares...”.
(B) Já o verbo haver, no sentido de existência, não possui sujeito – é impessoal
e deve se manter na 3ª pessoa do singular: “Havia perguntas que não foram
respondidas durante o interrogatório.”.
(C) Agora, o verbo haver é o principal de uma locução verbal. A ordem para não
se flexionar (o que faria se estivesse sozinho) ele dá ao seu auxiliar (seu “pau-
mandado”): o verbo poder. Assim, a forma correta seria: “Em toda a parte do
mundo pode haver políticos corruptos”.
(D) “É necessário reconhecer que...” – até aqui estava tudo certo. O verbo ser
possui sujeito oracional: reconhecer. O problema surgiu mais adiante: “...
reconhecer que algumas atitudes que...” – este pronome relativo, que é o sujeito
da oração adjetiva que inicia, possui como referente o substantivo atitudes.
Assim o verbo ferir deve com este substantivo concordar: “...algumas atitudes
que ferem os princípios éticos”. Por fim, um outro erro: essa atitudes (que ferem
os princípios éticos) precisam ser punidas. O verbo ser é o segundo auxiliar de
uma locução verbal com três verbos – somente o primeiro verbo auxiliar
(precisar) deve se flexionar. Os demais (segundo auxiliar e verbo principal)
devem se manter em formas nominais (respectivamente infinitivo impessoal e
particípio).

25 – Item CORRETO
Como vimos no caso 11, o verbo PODER/DEVER + SE + INFINITIVO +
SUBSTANTIVO PLURAL, possibilita duas formas de construção:
1 – não se pode culpar os publicitários – é um caso de sujeito oracional (culpar
os publicitários não é possível)
2 – não se podem culpar os publicitários - é um caso de locução verbal de voz
passiva: os publicitários não podem ser culpados.
Ambas as construções estão corretas.

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26 - E
Mencionamos anteriormente que uma das possibilidades de análise da construção
“PODER/DEVER + SE + INFINITIVO” seria como locução verbal de voz passiva
pronominal (sintética). Se o sujeito paciente estiver no plural, o verbo auxiliar
deverá ser flexionado: Devem-se evitar as aparências enganosas de exatidão.
Nessa questão, o que a banca propõe é a forma de voz passiva analítica em uma
construção idêntica.
O sujeito, no caso, é “as aparência enganosas de exatidão”.
O primeiro verbo auxiliar é “dever”. O segundo auxiliar, por ser voz passiva, seria o
verbo ser, no infinitivo impessoal.
Assim, na voz passiva analítica, a construção adequada seria: “Devem ser
evitadas as aparências enganosas de exatidão.”.

27 – Item INCORRETO
Essa questão pegou quem teve preguiça de voltar ao texto para analisar a
proposta do examinador.
Realmente, tanto a expressão “a metade” quanto “50%” são termos partitivos
(indicam a parte de um todo). Contudo, a concordância verbal vai depender
também do complemento que foi apresentado em relação à primeira.
Vamos deixar a preguiça de lado e ler o segmento em análise:
Quase a metade dos desempregados nos grandes centros no Brasil é jovem.
No fragmento, o verbo ser poderia concordar com metade (singular) ou com
desempregados (plural).
A partir do momento em que trocamos “metade” por “50%”, tanto o termo
partitivo (50%) quanto o complemento (dos desempregados) levaria o verbo
para o plural. Assim, não restaria ao verbo outra opção a não ser se flexionar:
“Quase 50% dos desempregados (...) são jovens”.
Dessa forma, como foi sugerida, a troca acarretaria incorreção gramatical,
com erro de concordância verbal.

28 - B
Essa opção envolveu dois aspectos estudados: sujeito oracional e flexão de verbos
perigosos.
Sujeito oracional mantém o verbo na 3ª pessoa do singular – “pressupõe-se que os
grupos trabalham...”.
Com os verbos derivados de pôr, ter e vir, o cuidado deve mesmo ser redobrado,
para não confiar no ouvido, pois não há diferença fonética entre a forma singular e
a plural.
Essa questão explorou o mesmo verbo da questão comentada no fim da aula, mas
de modo inverso.

29 – Item INCORRETO
Para constatar a incorreção dessa assertiva, devemos analisar os três primeiros
períodos do texto.

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A pichação é uma das expressões mais visíveis da invisibilidade humana. – o


sujeito é pichação.
São mais do que rabiscos. – o sujeito foi retomado – continua sendo pichação. E
não poderia ser “expressões”, pois, de acordo com o sentido, o que são rabiscos
é a pichação, e não a expressão. Já no predicativo do sujeito, temos um
substantivo no plural: rabiscos. Por isso, a flexão se deu, corretamente, no
plural: são mais do que rabiscos.
São uma forma de estabelecer uma relação de pertencimento com a comunidade
(...) – agora, tanto no sujeito (presente na primeira oração e oculto nas demais –
pichação), quanto no predicativo do sujeito (forma), os núcleos são
substantivos no singular! Devido à aproximação com a oração anterior, houve o
deslize de concordância, mantendo o verbo no plural, sem que houvesse
justificativa para tal flexão: (a pichação) é uma forma de estabelecer...
Por isso, está incorreta a afirmação de que, nos dois períodos iniciados por ‘são’,
a concordância se dá com o predicativo. Na terceira oração, o predicativo é
singular.

30 – Item INCORRETO

A passagem que nos interessa é “No entanto, foi graças ao controle do câmbio e ao
regime de incentivos criados que as importações de bens de consumo duráveis
foram contidas.”.
Estamos diante de um dos casos da expressão de realce “é que”, que vimos no
caso 5.d.
O examinador sugere a retirada do verbo foi, sob a alegação de que é meramente
expletivo (ou seja, de realce). Contudo, se houver a retirada do verbo ser, deve
haver também a retirada da conjunção que: “No entanto, (foi) graças ao controle
do câmbio e ao regime de incentivos criados (que) as importações de bens de
consumo duráveis foram contidas.”.
A retirada apenas de uma parte da expressão “é que” prejudicaria a coesão e
coerência textuais.

Grande abraço e até a próxima semana.

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