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Para celebrar os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Rede

Evangélica Nacional de Ação Social (Renas-Rio) e o Instituto de Estudos da Religião


(ISER) realizaram um Encontro de Reflexão e Compromisso, com o tema Direitos
Humanos e Missão da Igreja. O evento aconteceu no centenário Instituto Central do
Povo (ICP), na região central do Rio, e contou com a presença do secretário executivo
do ISER, especialista-militante em direitos humanos, Pedro Strozemberg, e o pastor
presbiteriano e antropólogo, André Melo.

A cerimônia que reuniu 50 pessoas, entre militantes e religiosos, colocou em discussão


as similaridades encontradas entre os 30 artigos escritos na Declaração Universal dos
Direitos Humanos e os Dez Mandamentos contidos na Bíblia. Segundo Clemir
Fernandes, um dos organizadores e moderador do encontro, em ambos os documentos,
os temas fundamentais que procuram reconhecer e defender a dignidade da vida, a
justiça, liberdade plena e a diversidade são fortemente tratados e ratificados.

O primeiro, criado a partir do enfretamento humano de altos índices de mortandade


ocorridos no século XX, e o segundo, presente e consolidado na sociedade ainda na
antiguidade, também com forte ênfase na defesa da manutenção da vida humana.

Em seu discurso o pastor André Melo chamou a atenção para a necessidade de uma
Declaração Universal, cujo objetivo seja reafirmar atitudes que deveriam ser
espontâneas, como o respeito e o direito a vida dos homens. “Eu preferia que a
Declaração não existisse. Se existe um papel, pontuando o que precisa ser feito ou não,
significa que as coisas não vêm sendo feitas naturalmente”.

Para ele, reforçar os ensinamentos de Cristo e dos direitos, aprovados na lei, para que as
pessoas mudem sua postura perante aos outros irmãos é triste e um retrocesso na
humanidade.

No entanto, esse documento para o Brasil tem uma importância ainda maior, quando se
avalia a condição histórica de desrespeito dos direitos humanos vivida aqui, explica
Pedro Strozemberg. “Ele alimenta nossa esperança e utopia de viver numa sociedade
capaz de garantir um lar digno, trabalho, segurança e saúde, afinal somos seres carentes
desses direitos básicos”.

Pedro também observa que a lógica dos direitos humanos vem avançando com o tempo:
primeiro com os direitos civis, seguidos dos jurídicos, os sociais e, agora, os direitos
econômicos sociais culturais. Mas ainda de forma muito limitada. Segundo ele, falta ao
Estado assumir a postura de regulador: “Não um regulador autoritário, e sim de
princípio democrático, com valores que inclua a dignidade humana. Para isso, cabe ao
Estado garantir os direitos humanos e à sociedade em respeitar as diferenças”.

Para destacar a importância do papel das igrejas nesse contexto, Pedro lamentou a
posição de algumas instituições cristãs de não compartilharem os problemas da
sociedade.

O mesmo desconforto foi salientado pelo Pastor André Melo: “É notório como muitas
igrejas trabalharam contra a Declaração, com o argumento de ser algo modernista.
Outras, como as evangélicas, acreditam ser dever do Estado e não se sentem na
responsabilidade de discutir o assunto. Menos ainda de promover ações”.
“Eu até concordo que na Bíblia não encontraremos diretamente o termo “Direitos
humanos”, mas iremos encontrar princípios que dão base aos direitos humanos, como
solidariedade, respeito, igualdade, entre outros. Nós iremos perceber, inclusive, uma
passagem ausente na Declaração, na qual os profetas dizem para denunciar toda e
qualquer forma de opressão”. Por isso, Melo adverte que não basta organizarem
mutirões de orações. É preciso ter uma prática cristã.

Ainda durante o encontro, jovens universitários, do Movimento FALE, declamaram


trechos do documento aprovado pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de
dezembro de 1948, alternando com a memória de pessoas que foram impedidas do
direito à vida, seja em casos isolados ou não. Entre eles as chacinas correntes
acontecidas no Estado do Rio de Janeiro: Candelária, Vigário Geral, Duque de Caxias,
Queimados e Nova Iguaçu, além das perseguições ocorridas na ditadura militar.
Também mencionaram personalidades, religiosas ou não, que lutaram pelo respeito à
vida como Herbert de Souza, Dom Hélder Câmara, Rev. Jaime Wright, Pr. Darci
Dusilek, Dorothy Stang e outros.

O espaço da cerimônia foi escolhido especialmente por causa de sua localização na área
do complexo do Morro da Providência, onde foram assassinados, após tortura, os três
rapazes entregues por agentes do Estado a supostos traficantes de drogas, em junho de
2008.

Com uma saudação feita pelo sr. Mário Way, do ICP e das boas vindas em nome da
Renas, feita pela coordenadora Sara Chagas, teve início o encontro, seguido da
apresentação da missionária Ivani Mendes de Souza, da 1ª Igreja Batista de Ipanema,
que deu um depoimento emocionante da sua vida no mundo do tráfico: o que a levou
por esse caminho e como conseguiu sair dessa vida, através da igreja. Hoje, ela é
referência na comunidade do Cantagalo, trabalha com mulheres da unidade prisional
Muniz Sodré e na 53ªDP em Mesquita, RJ.

O encontro foi ainda entremeado com canções evangélicas, de cunho social,


apresentadas pelo músico batista Ed Wilson. Ao final, a pastora metodista Kaká
Omowale conduziu uma breve liturgia religiosa em memória de pessoas vitimadas pela
violência e de personalidades que se dedicaram na busca pela dignidade humana. Essa
articulação do conteúdo da Declaração Universal e os postulados bíblicos de defesa da
vida visam ações de luta por justiça e valorização da existência humana, numa
sociedade como a brasileira, marcada diariamente pela morte sem pena.

Confraternização, esperança e compromisso são palavras que traduzem bem o


encerramento do encontro, que foi animado por um delicioso lanche, onde se
destacaram os pães e bolos, feitos na própria padaria comunitária do Instituto Central do
Povo.

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