0 Bewertungen0% fanden dieses Dokument nützlich (0 Abstimmungen)
62 Ansichten6 Seiten
O documento discute o direito do promitente comprador de imóvel no Brasil. Explica que este direito é reconhecido como um direito real desde o Código Civil de 2002 e garante ao promitente comprador a possibilidade de obter a escritura definitiva do imóvel por meio de ação judicial caso o promitente vendedor se recuse a fornecê-la, desde que todo o preço tenha sido pago. Apesar disso, o promitente comprador não se torna o proprietário do imóvel até o registro da escritura.
O documento discute o direito do promitente comprador de imóvel no Brasil. Explica que este direito é reconhecido como um direito real desde o Código Civil de 2002 e garante ao promitente comprador a possibilidade de obter a escritura definitiva do imóvel por meio de ação judicial caso o promitente vendedor se recuse a fornecê-la, desde que todo o preço tenha sido pago. Apesar disso, o promitente comprador não se torna o proprietário do imóvel até o registro da escritura.
O documento discute o direito do promitente comprador de imóvel no Brasil. Explica que este direito é reconhecido como um direito real desde o Código Civil de 2002 e garante ao promitente comprador a possibilidade de obter a escritura definitiva do imóvel por meio de ação judicial caso o promitente vendedor se recuse a fornecê-la, desde que todo o preço tenha sido pago. Apesar disso, o promitente comprador não se torna o proprietário do imóvel até o registro da escritura.
O direito do promitente comprador do imvel elencado no inciso VII do
art. 1225 do Cdigo Civil de 2002, sendo colocado portanto no rol de direitos reais, matria pertencente ao mbito do Direito privado. Pode-se dizer que esse direito real relativo aquisio de coisa alheia, e que confere ao seu titular a prerrogativa de reivindicar a propriedade de bem envolvido em negcio jurdico de compra e venda, aps quitao integral do valor da dvida. Nesse caso, verifica-se a presena do promitente comprador (promitente aquele que promete, segundo o Dicionrio Aurlio). Sabendo da importncia conferida contemporaneamente ao contrato de promessa de compra e venda, negcio jurdico largamente utilizado no que diz respeito a negociao imobiliria, esclarecimentos sobre o direito do promitente comprador so de extrema importncia. Sobre a relevncia econmica e jurdica do contrato de compromisso de compra e venda (CCV) e da tutela do direito de promitente comprador do imvel, o iminente doutrinador ptrio Fbio Ulhoa Coelho faz precisa anlise:
Ele possibilita o pagamento parcelado do preo por parte do interessado na aquisio (promitente comprador), sem expor o incorporador, loteador ou outro proprietrio do bem (promitente vendedor) a riscos expressivos associados inadimplncia ou insolvncia do primeiro. Como a propriedade no se transmite seno com o registro no Registro de Imveis do ttulo aquisitivo e a outorga deste depende do prvio pagamento de todo o preo pelo promitente comprador, a garantia do promitente vendedor substancial: enquanto no recebe a totalidade do seu crdito, no transmite a propriedade.
No que tange ao histrico da discusso acerca da questo do CCV e do direito do promitente comprador, historicamente o debate relativo a essas questes ocorreu de forma acalorada em sede doutrinria, uma vez que o Cdigo de 1916 no exauriu a questo. Discutia-se principalmente se o compromisso de compra e venda, era na prtica compra e venda ou mero compromisso. Era uma discusso importante naquele contexto, j que a opo adotada pelo juzo de cada jurista era necessariamente benfica para uma parte. Na hiptese do CCV como espcie de compra e venda, o promitente comprador titulava o direito outorga da escritura pblica to logo cumprisse sua parte no contrato, pagando todas as prestaes prometidas. A assuno de que a CCV era um reles compromisso era, por sua vez, favorvel ao promitente vendedor, uma vez que o promitente comprador no teria direitos sobre o imvel ainda aps efetuar o pagamento do valor prometido. Como consequncia, em se recusando o promitente vendedor a outorgar a escritura pblica, o promitente comprador no poderia pleitear em juzo a entrega do imvel, mas apenas a indenizao causada pela outra parte contratante.
No que diz respeito tutela do direito do promitente comprador, o Cdigo Civil de 1937 veio pra solucionar essa discusso. A ento nova lei reconheceu ao promitente comprador o direito ao de adjudicao compulsria de imvel loteado objeto de CCV, desde que todas as parcelas j tivessem sido quitadas. Na hiptese de recusa do loteador a outorgar a escritura definitiva de compra e venda, o promitente comprador passou a ter a prerrogativa de ir a juzo pleitear o suprimento da vontade do recusante. Julgada procedente a ao, a sentena judicial servia de ttulo para o registro da aquisio imobiliria.
O Cdigo de 2002, adota uma perspectiva ainda muito prxima da anterior, embora aqui j consagra desde logo o status do direito do promitente comprador de imvel como direito real. o art. 1.417 do CC atribui ao promitente comprador em geral um direito real de aquisio do imvel objeto de compromisso e o art. 1.418 garante a adjudicao compulsria, em juzo, da escritura definitiva de compra e venda, quando o promitente vendedor ou o cessionrio de seus direitos se recusa a outorg-la. importante ressaltar que mesmo com o novo Cdigo, o promitente comprador no alado ao status de proprietrio do imvel objeto de CCV. Mesmo depois de integralizado todo o preo prometido, portanto, o imvel no se transfere imediatamente propriedade do promitente comprador. A inovao trazida diz respeito apenas na atribuio de direito real sobre o bem de propriedade do promitente vendedor, independentemente do contexto em que celebrado o compromisso.
Uma discusso importante no que diz respeito ao direito do promitente comprador ocorre no que tange necessidade ou no do registro do contrato de compromisso de compra e venda. O posicionamento doutrinrio mais consistente entende em prol da necessidade do registro, como aqui explana o brilhante Carlos Roberto Gonalves:
Compete, pois, ao adquirente precaver-se contra expedientes ilcitos de venda sucessiva do mesmo bem, registrando o compromisso no ofcio imobilirio. Todavia, mesmo sem o registro poder pleitear a adjudicao compulsria do imvel registrado em nome do promitente vendedor. Para que o compromissrio comprador possa valer-se da ao de adjudicao compulsria mister comprovar o cumprimento cabal do que lhe competia, conforme avenado no contrato, especialmente o pagamento integral do preo. Se necessrio, ante a recusa injustificada do promitente vendedor em receber o pagamento das ltimas prestaes para, de m-f, prejudicar o ajuizamento da aludida ao, pode efetuar a consignao ou depositar as prestaes faltantes junto inicial da referida ao. Destaque-se, ainda, a cessibilidade da promessa. um direito que pode ser transferido mediante cesso por instrumento pblico ou particular. No entanto, para que produza efeitos em relao a terceiros, deve ser levada a registro. Se o compromissrio comprador deixar de cumprir a sua obrigao, atrasando o pagamento das prestaes, poder o vendedor pleitear a resoluo do contrato, cumulada com pedido de reintegrao de posse. Antes, porm, ter de constituir em mora o devedor, notificando-o (judicialmente ou pelo Cartrio de Registro de Imveis) para pagar as prestaes em atraso no prazo de trinta dias, se se tratar de imvel loteado (Lei n. 6.766/79, art. 32), ou de quinze dias, se for imvel no loteado (Dec.-Lei n. 745/69), ainda que no contrato conste clusula resolutiva expressa. Neste ltimo caso, a notificao prvia ou premonitria pode ser feita judicialmente ou pelo Cartrio de Ttulos e Documentos."
Entretanto, o posicionamento encontra divergncias na doutrina. Alguns doutrinadores como Arnaldo Rizzardo, Orlando Gomes e Marco Aurlio da Silva Viana sustentam a posio de que o direito ao contrato definitivo no decorre apenas de promessa registrada, sendo que o ltimo dos trs, sustenta seu posicionamento de forma excelente:
Em verdade no se justifica a exigncia de registro prvio do contrato seno como forma de tutelar o promitente comprador contra alienao por parte do promitente vendedor, limitando ou reduzindo o poder de disposio deste, ao mesmo tempo que arma o adquirente de sequela, admitindo que obtenha a escritura at mesmo contra terceiro, na forma indicada no art. 1.418. Fora disso, no se atende aos fins sociais a que a lei se dirige, nem exigncia do bem comum. Somente com a exegese proposta que alcanamos o logos do razovel, que se encontra no mbito do citado art. 5 da Lei de Introduo.
O entendimento de Marco Aurlio da Silva parece ser o majoritrio na doutrina, e parece coadunar com o posicionamento que impera nos tribunais tambm, conforme o demonstrado nessa deciso do egrgio Tribunal de Justia de Minas Gerais:
EMENTA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO. LEGITIMIDADE DO PROMITENTE COMPRADOR DE IMVEL. AUSNCIA DE REGISTRO. BOA-F DO COMPRADOR. DESCONSTITUIO DA PENHORA. 1. possvel a interposio de embargos de terceiro tanto pelo proprietrio quanto apenas pelo possuidor, a teor de inteligncia do art. 1.046, 1, CPC. " admissvel a oposio de embargos de terceiro fundados em alegao de posse advinda de compromisso de compra e venda de imvel, ainda que desprovido do registro" (Smula n 84). 2. A deciso prolatada no mbito da execuo movida pelos embargados em face do HOSPITAL VERA CRUZ LTDA. no faz coisa julgada em relao ao embargante, a teor do art. 472 do CPC, pois a mesma no constou da relao processual em que prolatada a deciso j acobertada pela precluso. 3. Apesar de no ser possvel a produo de prova testemunhal, com ampla dilao probatria, no mbito do incidente de fraude execuo argido nos autos da prpria execuo, tal produo possvel no mbito dos embargos de terceiro, momento adequado para o exerccio diferido do contraditrio e da ampla defesa. 4. A parte embargante agiu de boa-f ao adquirir o bem imvel, no sendo crvel que o bem tenha sido alienado em fraude execuo com a assessoria dos embargados. Ao tempo da pactuao da promessa de compra e venda do imvel no havia qualquer ao capaz de reduzir o HOSPITAL VERA CRUZ LTDA. insolvncia nem qualquer nus no bem que fosse de presumvel conhecimento do embargante. A ausncia de registro do contrato de promessa de compra e venda, por si s, portanto, no tem o condo de atrair a presuno de m-f do adquirente e, assim, redundar em fraude execuo.
(Apelao cvel 1.0701.12.010935-3/002, Relatora Des. Cabral da Silva, 10 cmara cvel, julgamento em 18/03/2014, publicao da smula em 02/04/2014)
Algo que fica bastante claro com a conceituao do direito do promitente comprador do imvel que esse instituto jurdico passou a ser tutelado, acompanhando a evoluo do direito, justamente para suprir demandas sociais e de cunho econmico. Na prtica, ele funciona sobretudo como um estmulo para o cumprimento do direito constitucional moradia, uma vez que ela facilitada atravs da segurana jurdica gerada por uma legislao que propicia o pagamento parcelado por parte do promitente comprador sem expor o promitente vendedor a riscos expressivos relacionados uma hipottica situao de inadimplncia ou insolvncia futura, que inviabilizaria o negcio jurdico.