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1) O documento discute a denúncia genérica, que não individualiza a conduta de cada acusado, e se ela configura inépcia da denúncia.
2) Há divergência na jurisprudência sobre se o habeas corpus pode ser usado para trancar a ação penal por inépcia da denúncia genérica.
3) O STF entende que a denúncia genérica é inepta em crimes societários, pois viola a ampla defesa, devendo individualizar cada conduta.
Originalbeschreibung:
Originaltitel
LFG_ Denúncia Genérica_ Inépcia e Trancamento Por HC
1) O documento discute a denúncia genérica, que não individualiza a conduta de cada acusado, e se ela configura inépcia da denúncia.
2) Há divergência na jurisprudência sobre se o habeas corpus pode ser usado para trancar a ação penal por inépcia da denúncia genérica.
3) O STF entende que a denúncia genérica é inepta em crimes societários, pois viola a ampla defesa, devendo individualizar cada conduta.
1) O documento discute a denúncia genérica, que não individualiza a conduta de cada acusado, e se ela configura inépcia da denúncia.
2) Há divergência na jurisprudência sobre se o habeas corpus pode ser usado para trancar a ação penal por inépcia da denúncia genérica.
3) O STF entende que a denúncia genérica é inepta em crimes societários, pois viola a ampla defesa, devendo individualizar cada conduta.
Patrcia Donati de Almeida Daniella Parra Pedroso Yoshikawa Data de publicao: 27/07/2009 LUIZ FLVIO GOMES (www.blogdolfg.com.br) Doutor em Direito penal pela Universidade Complutense de Madri, Mestre em Direito Penal pela USP e Diretor-Presidente da Rede de Ensino LFG. Foi Promotor de Justia (1980 a 1983), Juiz de Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001). Pesquisadoras: Patricia Donati e Daniella Parra Como citar este artigo: GOMES, Luiz Flvio. DONATI, Patricia. PARRA, Daniella. Denncia genrica: inpcia e trancamento por HC. Disponvel em http://www.lfg.com.br 27 junho. 2009. O sujeito foi denunciado, conjuntamente com outras pessoas, em concurso de agentes, pela prtica de vrios crimes. A denncia no individualizou a conduta de cada um deles. A defesa alegou inpcia da denncia e requereu o trancamento da ao penal. Questionamentos: 1) A no individualizao da com conduta dos agentes - denncia genrica - importa na inpcia (formal) da pea inaugural? O CPP no (totalmente) expresso. H divergncia na doutrina e na jurisprudncia sobre o assunto. Do art. 41 do CPP pode-se extrair a impossibilidade da denncia genrica. De acordo com o entendimento firmado pelo STF (logo abaixo), sim. 2) O habeas corpus instrumento hbil para o trancamento da ao penal? Depende do fundamento. Trata- se de destinao excepcional do mandamus. Notcia divulgada pela assessoria de imprensa do TRF/5 Regio: A Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5 Regio (TRF5), em sesso realizada nesta tera-feira (21/07), negou pedido de habeas corpus de Andr Felipe Martins Pereira, denunciado pelo Ministrio Pblico Federal pela prtica do delito de supresso de tributo (art. 1, inciso I, da Lei n 8.137/90), no valor de R$ 7.627.988,58, atualizados at novembro de 2004. A defesa alegou ausncia de exposio dos fatos delituosos na pea inicial acusatria. Afirma que a denncia genrica em relao aos acusados e que apenas faz parte das sociedades Santo Antonio Comissria de Veculos Ltda e Conde Comercial de Petrleo Ltda. Ao final, requereu o trancamento da ao penal n 2006.82.00.003193-8, que tramita perante a 1 Vara Federal da Seo Judiciria do Estado da Paraba (SJPB). O relator, desembargador federal Francisco Barros Dias, reafirmou em seu voto entendimento pessoal e do Superior Tribunal de Justia, no sentido de que s possvel o trancamento de ao penal (arquivamento), atravs de habeas corpus, quando claramente demonstradas a inocncia do acusado, a atipicidade da conduta (no configurao do crime), a extino da punibilidade (impossibilidade de punio) ou a inpcia da denncia (erro na pea inicial). No caso em julgamento, no foi encontrada nenhuma das hipteses. Tambm participaram do julgamento os desembargadores federais Paulo Gadelha (presidente) e Rubens Canuto Neto (convocado). HC 3619 (PB) Comentrios: a chamada denncia genrica (denncia contra vrios agentes sem a descrio minuciosa dos fatos) vem gerando enorme divergncia na jurisprudncia e na doutrina. Tratamos do tema - denncia genrica - h poucos dias (clique Aqui). Agora, um novo enfoque: o reconhecimento da sua inpcia e, consequentemente, a possibilidade do trancamento da ao penal, por meio de habeas corpus. No caso em anlise, foi pleiteado, via habeas corpus, o trancamento da Ao Penal de corru, justamente sob o fundamento de que a denncia proposta pelo Ministrio Pblico continha imputao genrica, ou seja, sem a particularizao da conduta dos envolvidos na fraude da arrecadao de impostos. Contudo, os argumentos da paciente no foram aceitos pela Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5 Regio, que entendeu que, no obstante a pea acusatria no ter individualizado a conduta do corru, a denncia clara e possibilita o exerccio da plena defesa. O tema ainda no est pacificado no STJ. H hipteses em que fora aceita a imputao genrica do fato- crime, sem a particularizao das condutas dos agentes, co-autores e partcipes. O fundamento apontado nesses casos foi o fato de a Lei Processual Penal admitir que as omisses existentes na pea acusatria inicial sejam supridas a todo tempo, desde que antes da sentena final (HC 18952/PE, RESP 124035/DF, RESP 238670/RJ, RHC 6889/SP). Art. 569. As omisses da denncia ou da queixa, da representao, ou, nos processos das contravenes penais, da portaria ou do auto de priso em flagrante, podero ser supridas a todo o tempo, antes da sentena final. (grifos nossos) Por outro lado, o STJ tambm tem decises no sentido de ser considerada inepta a denncia genrica: RHC 19.764/PR. Quinta Turma. Relator Ministro Gilson Dipp. J. 25.09.2006; HC 40005/DF. Sexta Turma. Relator Ministro Paulo Gallotti. J. 07.11.2006; HC 57.622/SP. Quinta Turma. Relator Ministro Felix Fischer. J. 04.09.2006; HC 54.868/DF. Quinta Turma. Relatora Ministra Laurita Vaz. J. 27.02.2007; RHC 19.734/RO. Quinta Turma. Relator Ministro Gilson Dipp. J. 23.10.2006; HC 58.372/PA. Sexta Turma. Relator Ministro Paulo Medina. J. 07.11.2006; HC 23.819/SP. Sexta Turma. Relator Ministro Paulo Gallotti. J. 06.09.2004; HC 57.213/SP. Quinta Turma. Relator Ministro Gilson Dipp. J. 14.11.2006; Resp 783.292/RJ. Quinta Turma. Relator Ministro Felix Fischer. J. 03.10.2006; Apn 404/AC. Corte Especial. Relator Ministro Gilson Dipp. J. 05.10.2005; RHC 16.135/AM. Sexta Turma. Relator Ministro Nilson Naves. J. 24.06.2004 e HC 13.196/MA. Sexta Turma. Relator Ministro Fontes de Alencar. J. 03.10.2002. Em oposio tese de que omisses da pea acusatria inicial podem ser supridas a todo tempo, contra- argumentou o Ministro Pedro Chaves em RHC n. 42.303-PR de sua relatoria: "No posso admitir que prevalea a tese sustentada no acrdo recorrido, no sentido de que a validade da denncia pode ficar na dependncia da prova a ser produzida. No. A acusao da denncia-libelo deve ser clara e precisa. O que depender de exame das provas a procedncia ou improcedncia da ao penal, porque a denncia no pode ser equiparada a uma promessa de acusao a ser concretizada inopportuna tempore". (grifos nossos) Nessa mesma linha seguem os Tribunais de Justia de So Paulo e do Rio Grande do Sul: HABEAS CORPUS - Denncia imputando o crime de falsidade ideolgica a despachante, que se limitou a encaminhar requerimento, formulado por clientes, delegacia de trnsito - Descrio de fato atpico - Denncia inepta - Ausncia de dolo - Falta de justa causa - Trancamento da ao penal determinado - Ordem concedida. (TJSP - HC 291.229-3 - Mirassol - 4 C.Crim. - Rel. Des. Passos de Freitas - J. 31.08.1999 - v.u.) HABEAS CORPUS - DENNCIA INEPTA - CONCESSO DA ORDEM PARA ANULAR O PROCESSO A QUE SUBMETIDO O PACIENTE, A PARTIR DO RECEBIMENTO DA DENNCIA, INCLUSIVE - Tem-se dado nfase, para validade da denncia, a necessria descrio de fato concreto, localizado no tempo e no espao, de modo a possibilitar a defesa e poder-se avaliar eventual ocorrncia de prescrio ou outra causa extintiva da punibilidade. (TJRS - HC 699329504 - RS - 1 C.Crim. - Rel. Des. Ranolfo Vieira - J. 16.06.1999) exatamente essa a posio j consagrada pelo STF: "em tema de crimes societrios, indispensvel que a pea acusatria individualize a conduta de cada denunciado, sob pena de ser considerada inepta". (RT 738/641) EMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL PENAL. CRIME SOCIETRIO. APROPRIAO INDBITA DE CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA. INPCIA DA DENNCIA: IMPUTAO GENRICA E AUSNCIA DE NEXO DE CAUSALIDADE. PREJUZO DO EXERCCIO DA AMPLA DEFESA (CONSTITUIO DO BRASIL, ART. 5, LV). A jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal evoluiu no sentido de que a descrio genrica da conduta dos crimes societrios viola o princpio da ampla defesa. inepta a denncia pela prtica do crime de apropriao previdenciria quando fundada to-somente na circunstncia de o paciente constar no quadro societrio da empresa. necessrio o mnimo de individualizao da conduta e indicao do nexo de causalidade entre esta e o delito de que se trata, sem o que fica impossibilitado o exerccio da ampla defesa. Ordem concedida (HC 93.683-1/ES - Min. Relator: Eros Grau). Sendo assim, a nosso ver, deve prevalecer o entendimento supra, pela inpcia da denncia genrica. E, via de consequncia, o cabimento do habeas corpus, para o trancamento da ao penal nessa hiptese. Uma importante observao se impe neste momento. A admissibilidade do habeas corpus como instrumento para o trancamento da ao penal deve ser analisada com cuidado, como funo totalmente excepcional. Desta feita, ser cabvel quando: a) manifesta a atipicidade do fato imputado; b) na presena de causa extintiva da punibilidade; c) falta de justa causa para a ao penal (que leva inpcia material: falta de provas mnimas para o incio da ao penal). A denncia genrica configuraria uma quarta situao, vinculada ao aspecto formal, revelando-se como acusao baseada em descrio insuficiente, o que caracteriza, sem dvida, constrangimento ilegal (e abre espao para o habeas corpus). Como assinalamos em artigo anterior, a denncia genrica viola tanto a Conveno Americana sobre Direitos Humanos (art. 8) como o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Polticos (art. 14). Rede de Ensino Luiz Flvio Gomes - 2005, LFG. Todos os direitos reservados.