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Voto nº 10.577 — agravo em execução Nº


993.07.018000-5
Arts. 76, 116, parág. único e 213, do Cód. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
arts. 112 e 181, § 1º, alínea e, da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 5º, nº XL, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264).
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
–– É maior de toda crítica a decisão que, por amor do princípio que rege o
cumprimento de penas nos casos de concurso de infrações (art. 76 do Cód.
Penal), somente suspende a pena restritiva de direitos (prestação de serviços à
comunidade), sem convertê-la em privativa de liberdade, a fim de que se execute
primeiro “a pena mais grave”.
––“Assim, o executado cumprirá a pena privativa de liberdade para, somente
depois, ter a possibilidade de prestar serviços à comunidade, devendo esta ser
suspensa enquanto cumpre aquela, em respeito ao art. 116, parág. único, do
Cód. Penal” (STJ; REsp nº 662.066-SC; 5a. T.; rel. Min. José Arnaldo da
Fonseca; DJU 1º.8. 2005; v.u.).
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Voto nº 10.578 — agravo em execução Nº


993.07.088128-3
Art. 2º, parág. único, do Cód. Penal;
art. 12, “caput”, § 1º e § 2º, nº II, da Lei nº 6.368/76;
art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas);
art. 5º, nº XL, da Const. Fed.

— Por força do princípio da ultratividade da lei mais favorável (art. 2º, parág.
único, do Cód. Penal), é possível aplicar a diminuição de pena prevista no art.
33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas) aos casos de condenação pelo art.
12, “caput”, § 1º e § 2º, nº II, da Lei nº 6.368/76, mediante “recomposição
comparativa” das penas cominadas (cf. Vicente Greco Filho e João Daniel
Rassi, Lei de Drogas Anotada,2007, pp. 201-202).
—“Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao Juízo das
execuções a aplicação da lei mais benigna” (Súmula nº 611 do STF).

Voto nº 10.579 — agravo em execução Nº


993.08.037325-6

Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para
o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
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Voto nº 10.580 — agravo em execução Nº


990.08.025599-1
Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X , da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei n º
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão de regime. Somente fato
grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da
recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
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Voto nº 10.582 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.007124-7


Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X , da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464,
em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução
Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU
19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.583 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.037319-6


Arts. 312, 313 e 659, do Cód. Proc. Penal;
art. 14 da Lei nº 10.826/03.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
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Voto nº 10.584 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.008058-0

Art. 112 da Lei da Execução Penal;


art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 33 da Lei nº 11.343/06;
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei n º 11.464,
em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução
Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU
19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
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Voto nº 10.585 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.013701-8

Arts. 312, 648, nº I e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;


art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, 35 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).
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Voto nº 10.586 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.034658-0
Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 35 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 10.587 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.033233-3


Art. 83, nº I, do Cód. Penal;
arts. 12 e 14, da Lei nº 6.368/76;
art. 66, nº III, alíneas “b”, “e”, “f”, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter livramento condicional, pois se trata de matéria em que, por
previsão de lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
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Voto nº 10.588 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.028998-5


Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 5º, nº XL, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464,
em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução
Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU
19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.589 — RevisÃo CRIMINAL Nº 993.02.007201-


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Arts. 157, § 2º, ns. I e II e 288, do Cód. Penal;
arts. 156, 580 e 621, do Cód. Proc. Penal.

— Nos casos de roubo, é a palavra da vítima a principal e mais segura fonte de


informação do Magistrado, pois manteve contacto com o seu autor e não se
propõe senão submetê-lo à Justiça. Pelo que, exceto lhe prove o réu que mentiu
ou se equivocou, suas declarações bastam a acreditar um decreto condenatório
(art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal).
— No Juízo da Revisão Criminal cumpre ao condenado exibir provas cabais e
incontroversas da erronia ou injustiça da sentença, aliás nada poderá contra a
força da coisa julgada (art. 621, do Cód. Proc. Penal).
— Ao autor de roubo convém o regime fechado, que o aconselha não somente a
gravidade do crime, senão ainda sua personalidade infensa aos preceitos que
regem a comunhão social e caracterizam o viver honesto.
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Voto nº 10.590 — HABEAS cORPUS Nº 993.07.008808-7
Arts. 29, 109, nº VI e 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
arts. 50, nº II e 118, nº I, da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal).

— Tem fomento de direito a tese de que a punição da falta disciplinar, desde que
não constitua crime, sujeita-se à prescrição administrativa de 2 anos — por
analogia com o art. 109, nº VI, do Cód. Penal —, servindo de termo “a quo”, na
hipótese de fuga, a data da recaptura do condenado (art. 50, nº II, da Lei de
Exec. Penal).
— “Diante da inexistência de legislação específica quanto ao prazo prescricional
para a aplicação de sanção disciplinar, deve-se utilizar o disposto no art. 109,
do Código Penal, levando-se me consideração o menor lapso prescricional
previsto, qual seja, dois anos” (HC nº 56.053/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita
Vaz; j. 13.3.07; DJU 16.4.07, p. 219).
— “Uma vez transcorrido o lapso prescricional de dois anos entre a data do
cometimento da falta disciplinar grave e o seu reconhecimento por decisão
judicial, não há falar em perda dos dias remidos” (HC nº 86.611/SP; 5a. Turma;
rel. Min. Arnaldo Esteves Lima; j. 22.10.07, DJU 27.9.97, p. 219).

Voto nº 10.591 — agravo em execução Nº


990.08.008295-7
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a


concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 10.592 — agravo em execução Nº


993.08.044220-7
Arts. 105 e 112, da Lei de Execução Penal.

— Não há que opor à decisão que, embora pendente recurso do Ministério Público,
determina a expedição de guia provisória de recolhimento a favor de réu preso,
condenado a cumprir pena sob o regime prisional fechado, pois mesmo que
provido o recurso e exasperada a pena corporal, já lhe está fixado o regime da
última severidade; inexistirá, portanto, o “periculum in mora”, o risco de fuga do
sentenciado à execução da pena ou algum prejuízo para a sociedade.
— Também os que violaram a ordem jurídica e social têm seus direitos; ainda o mais
vil dos homens não decai nunca da proteção da Lei. A presteza com que
encaminha o réu para a Vara das Execuções Criminais serve de timbre de honra
do Juízo da condenação, não de labéu (art. 105 da Lei de Execução Penal).
— Fere os princípios da Justiça e repugna à consciência jurídica submeter o réu
condenado a efeitos mais graves do que os estipulados no título executório,
mesmo no caso de ter sido interposto recurso pela Acusação.
— “Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação
imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado
10
da sentença condenatória” (Súmula nº 716 do STF).

Voto nº 10.593 — agravo em execução Nº


990.08.024980-0
Art. 97, § 1º, do Cód. Penal;
art. 182 do Cód. Proc. Penal.
— Proferida “secundum legem”, não incorre em censura a decisão que prorroga o
prazo da medida de segurança de sentenciado, por subsistente ainda sua
periculosidade (art. 97, § 1º, do Cód. Penal).
— Embora o Juiz não esteja adstrito ao laudo, como o dispõe expressamente o art.
182 do Cód. Proc. Penal, não deve rejeitá-lo, exceto se em frontal antinomia com
a lição da experiência vulgar ou em conflito com o raciocínio lógico.
— Periculosidade é a “possibilidade de novas violações da lei penal” (Giovanni
Lombardi; apud Marcello Jardim Linhares, Responsabilidade Penal, 1978,
vol. II, p. 930).

Voto nº 10.594 — agravo em execução Nº


993.08.041362-2
Arts. 126, § 3º e 127, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.
— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o
eloqüente Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a
autoridade da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem
jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).
— De presente, já não é lícito ao Juiz dar ao art. 127 da Lei de Execução Penal outra
interpretação que a literal restrita, por força da Súmula Vinculante nº 9, editada
pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, que mandou inscrever entre os dogmas
jurídicos a perda, para o condenado “que for punido por falta grave”, do direito
ao tempo remido pelo trabalho.

Voto nº 10.597 — agravo em execução Nº


993.08.013153-2
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de
Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da
pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e
refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a
mudança para regime prisional mais brando.
11
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para
o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!

Voto nº 10.598 — agravo em execução Nº 990.08.025117-1


Art. 112 da Lei de Execução Penal.
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de
Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da
pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e
refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a
mudança para regime prisional mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para
o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!

Voto nº 10.599 — agravo em execução Nº


990.08.008381-3
Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 112 da Lei da Execução Penal;
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei n º 11.464,
em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução
Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU
19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
12
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do
Direito, 16a. ed., p. 377).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de
Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da
pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e
refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a
mudança para regime prisional mais brando.

Voto nº 10.600 — agravo em execução Nº


993.08.038711-7
Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 112 da Lei da Execução Penal;
arts. 5º, nº XL e 52, nº X , da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464,
em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução
Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU
19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
13

Voto nº 10.601 — agravo em execução Nº


993.08.035820-6

Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— “O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a


concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 10.602 — agravo em execução Nº


990.08.013498-1

Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para
o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
14
proteção da Lei!

Voto nº 10.603 — gravo em a execução Nº


993.08.044385-8
Arts. 69, 214 e 224, alínea b, do Cód. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XL, da Const. Fed.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de
Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da
pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e
refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a
mudança para regime prisional mais brando.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464,
em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução
Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU
19.11.07, p. 264);
15
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao
direito que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.604 — gravo ema execução Nº


993.08.031720-8

Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para
o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!

Voto nº 10.605 — gravo ema execução Nº


993.08.005863-6
Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XXXIX, da Const. Fed.
16
—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para
a concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 10.606 — gravo ema execução Nº


990.08.026750-7

Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— Se o sentenciado atendeu ao requisito objetivo (lapso temporal), observou sem


quebra o código de disciplina do presídio e manifesta o propósito de emendar as
máculas do passado, faz jus à progressão ao regime semi-aberto, porque esta é a
vontade da lei (art. 112 da Lei de Execução Penal). Somente fato grave,
indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação,
poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— O argumento da pena longa não é poderoso a obstar a concessão de regime semi-
aberto ao sentenciado, se já cumpriu dela a sexta parte (necessariamente longa).
Tampouco lhe serve de empecilho à obtenção do benefício o registro de falta
grave (fuga) se, ao depois, revelou, por largo espaço de tempo, exemplar conduta
carcerária e notável dedicação ao trabalho, sinais inequívocos de sua redenção.
— “A progressão de regime de cumprimento de pena (fechado para o semi-aberto)
passou a ser direito do condenado, bastando que se satisfaça a dois
pressupostos: o primeiro, de caráter objetivo, que depende do cumprimento de
pelo menos 1/6 da pena; o segundo, de caráter subjetivo, relativo ao seu bom
comportamento carcerário, que deve ser atestado pelo diretor do
estabelecimento prisional” (STJ; HC nº 38.602; 5ª. Turma; rel. Min. Arnaldo
Esteves de Lima).
— “A pena-retributiva jamais corrigiu alguém” (Nélson Hungria, Comentários ao
Código Penal, 1980, 6a. ed., vol. I, t. I, p. 14).

Voto nº 10.607 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.034674-1

Art. 112 da Lei de Execução Penal;


art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 5º, nº XL, da Const. Fed.

–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
17
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 10.608 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.002470-1


Art. 288 do Cód. Penal;
arts. 41 e 569, do Cód. Proc. Penal.

— O exame de provas no âmbito do “habeas corpus”, para a verificação da falta de


justa causa para a ação penal, tem sido pábulo de tormentosas disputas. Mas, a
inteligência que, de presente, prevalece a tal respeito, assim na Doutrina como na
Jurisprudência, é a que, embora incompatível o processo de “habeas corpus”
com o contraditório ou ampla indagação probatória, tem lugar o exame dos
elementos dos autos, “para avaliar-se da legalidade ou ilegalidade da ação
penal” (cf. Rev. Tribs., vol. 491, p. 375; rel. Min. Costa Lima).
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Não é inepta a denúncia que permite ao réu o exercício do direito de ampla
defesa. Eventual preterição de requisito do art. 41 do Cód. Proc. Penal pode
suprir-se até à sentença final (art. 569 do Cód. Proc. Penal).
— “Se a denúncia narra fato que permite adequação típica, ela não é, formalmente,
inepta (art. 41 do CPP)” (STJ; Jurisprudência, vol. 105, p. 303; rel. Min. Félix
Fischer).
— Para que a denúncia produza efeitos de direito
e autorize a instauração do processo-crime basta que descreva ação típica e lhe
indique o autor (art. 41 do Cód. Proc. Penal).
— Só é admissível trancamento de ação penal por falta de justa causa, quando esta
se mostre evidente à primeira face.
— “Se o fato atribuído ao paciente constitui violação da lei penal, existe justa causa
para o processo” (Rev. Forense, vol. 172, p. 426).
–– Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser instruído
com as peças e documentos que comprovem as alegações do paciente.
–– O Colendo Supremo Tribunal Federal, em copiosos arestos, tem proclamado que
se não toma conhecimento do pedido de “habeas corpus” quando não está
devidamente instruído (José Frederico Marques, Elementos de Direito
Processual Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 417).

Voto nº 10.609 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.031411-4


Arts. 33, 35 e 40, nº VI, da Lei nº 11.343/2006.

–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


18
anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 10.610 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.030380-5


Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 35, 44 e 55, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas
corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com
observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa
causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a
atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc.
Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória e
que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para
assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração
penal e veementes indícios de sua autoria.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do
Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e
indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz
para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória
(art. 44 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 10.611 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.041890-0


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.
19
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que,
se o Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa
o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel.
Min. Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.612 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.012631-8

Art. 159, § 1º, 3a. figura, do Cód. Penal;


arts. 66, nº III, alíneas b e f, 112, 197, da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90.

— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.

Voto nº 10.613 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.012159-6

Art. 112 da Lei de Execução Penal;


art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 5º, nº XL, da Const. Fed.

–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
20
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 10.616 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.000900-1


Art. 112 da Lei da Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 5º, nº XL, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos),
é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao pedido de
progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido antes da
promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de Direito
Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos
melhores intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do
Senado Federal para suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)”
(René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito
de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464, em
29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC
nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que
é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda
vez que novos argumentos ou provas concludentes me
convenceram do desacerto do veredictum anterior: acima do
melindre pessoal de cada um está a sacrossanta causa da Justiça”
(Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a.
ed., p. 377).

Voto nº 10.617 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.000336-4


Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 5º, nº XL, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos),
é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao pedido de
progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido antes da
promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de Direito
Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos
melhores intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do
Senado Federal para suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)”
21
(René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito
de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464, em
29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC
nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que
é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum
anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação
do Direito, 16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.618 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.001739-0


Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 5º, nº XL, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos),
é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao pedido de
progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido antes da
promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de Direito
Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos
melhores intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do
Senado Federal para suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)”
(René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito
de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei n º 11.464, em
29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC
nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que
é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum
anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta causa da
Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.619 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.035877-0


Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 5º, nº XL, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos),
é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao pedido de
progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido antes da
promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de Direito
Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos
melhores intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do
22
Senado Federal para suspender a sua execução (CF/88, art. 52,
X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito
de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei n º 11.464, em
29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC
nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que
é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum
anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta causa da
Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p.
377).

Voto nº 10.620 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.046191-0


Art. 112 da Lei da Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos),
é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao pedido de
progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido antes da
promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de Direito
Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos
melhores intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do
Senado Federal para suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)”
(René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito
de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei n º 11.464, em
29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC
nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que
é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum
anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação
do Direito, 16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.621 — HABEAS cORPUS Nº 993.08041218-9


Art. 112 da Lei da Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos),
é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao pedido de
progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido antes da
promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de Direito
Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos
melhores intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do
23
Senado Federal para suspender a sua execução (CF/88, art. 52,
X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito
de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464, em
29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC
nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que
é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum
anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação
do Direito, 16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.622 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.035093-0


Art. 112 da Lei da Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos),
é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao pedido de
progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido antes da
promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de Direito
Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos
melhores intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do
Senado Federal para suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)”
(René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito
de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei n º 11.464, em
29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC
nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que
é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum
anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação
do Direito, 16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.623 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.044534-6


Art. 112 da Lei da Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos),
é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao pedido de
progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido antes da
promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de Direito
Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos
24
melhores intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação
do Senado Federal para suspender a sua execução (CF/88, art. 52,
X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito
de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei n º 11.464, em
29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC
nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que
é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum
anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta causa da
Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p.
377).

Voto nº 10.624 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.021849-2


Arts. 647 e 659, do Cód. Proc. Penal;
art. 7º, nº IX, parág. único, da Lei nº 8.137/90.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
–– Apenas a certeza do procedimento arbitrário ou ilegal da autoridade coatora, apto
a causar coação física ou moral ao paciente, pode autorizar-lhe a concessão de
salvo-conduto, não o infundado receio de que venha a ser preso e processado
criminalmente (art. 647 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 10.625 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.045310-1
Arts. 62, nº I e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 226 do Cód. Proc. Penal.
— Se arrimada a outros elementos de convicção, constitui a fotografia prova idônea
para justificar edito condenatório porque, em princípio, reproduz os caracteres
fundamentais extrínsecos do indivíduo, sendo-lhe não raro a cópia fiel.
— Nisto de reconhecimento, o ponto está em que seja seguro. O exagerado apego
ao rito preconizado pelo art. 226 do Cód. Proc. Penal constitui, muita vez,
escusado tributo ao frívolo curialismo, que o sábio Francisco Campos mandava
proscrever, de férula em punho (cf. Exposição de Motivos do Código de
Processo Penal, vol. XVII).
— No caso de roubo, tem a palavra da vítima extraordinária importância para
comprovar-lhe a materialidade e a autoria: parte precípua no evento criminoso, é
a que está em melhores condições de, à luz da verdade sabida, reclamar a punição
unicamente do culpado.
— É, por força, o regime prisional fechado o mais compatível com o autor de roubo,
sobretudo se indivíduo que ostenta copiosos traços negativos de personalidade e
se consagrou abertamente à vida fora da lei, de todo infenso às regras que
disciplinam a convivência humana.
25
Voto nº 10.626 — mandado de SEgUrança Nº
993.08.030224-3
Arts. 74, § 1º, 421, par. único e 423, do Cód. Proc. Penal;
arts. 87 e 151, do Cód. Proc. Civil.
— Nos processos por crimes dolosos contra a vida, não é o princípio da
“perpetuatio jurisdictionis” (art. 87 do Cód. Proc. Civil) o que deve prevalecer,
na hipótese de superveniência de nova divisão judiciária, senão o do foro do
delito, em obséquio ao postulado capital da instituição do Júri, do julgamento do
réu por seus pares (art. 74, § 1º, do Cód. Proc. Penal).
—“Desdobrada a área geográfica de um certo Tribunal do Júri, criando-se outro,
para este devem ser remetidos os processos em curso, pouco importando a fase
em que se encontrem (...)” (STF; HC nº 71.810/DF; 2a. T.; rel. Min. Marco
Aurélio; DJU 25.11.94, p. 32.302).
—“Perde o objeto o mandado de segurança quando a própria autoridade revoga o
ato atacado” (STJ; MS nº 6.377 – Minas Gerais; rel. Min. Carlos Alberto
Menezes Direito; j. 15.10.96).

Voto nº 10.627 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.037310-8


Arts. 70, “caput” e 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.628 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.011618-5


Art. 112 da Lei da Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
26
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.629 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.045279-7


Art. 112 da Lei da Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464,
em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução
Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU
19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.630 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.039169-0


Arts. 14, nº II, 29, 150, § 1º e 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 321, 323 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
27
art. 19 da Lei das Contravenções Penais.

— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente


o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
na realização de ato processual no Juízo deprecado, que tem o caráter de força
maior, motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 798, § 4º, do Cód. Proc.
Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.

Voto nº 10.631 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.05665-4


Arts. 96, nº I e 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;

–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 10.632 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.039930-6


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.

Voto nº 10.633 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.036787-0


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.
28
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes
de execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.

Voto nº 10.634 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.039893-8

Art. 112 da Lei da Execução Penal;


art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei n º
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
29

Voto nº 10.635 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.039333-2


Art. 112 da Lei da Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.638 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.010533-7


Art. 129, § 9º, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
30
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).

Voto nº 10.639 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.017151-3
Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06 – Lei de Drogas;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de


injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela
Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo
adverso.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06 – Lei de Drogas).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos
policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de
policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU
7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 187).
— Não cabe censura, mas louvor à sentença que, atendendo às circunstâncias do
caso (réu primário e pena reduzida), fixa regime prisional semi-aberto a autor
de crime de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 10.640 — embargos DE DECLARAÇÃO Nº


993.07.016660-6
Arts. 59 e 171, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 563 e 619, do Cód. Proc. Penal.

— Tendo por escopo o esclarecimento do acórdão, no caso de ambigüidade,


obscuridade, contradição ou omissão, os embargos de declaração não podem
ser utilizados para desconstituir o ato decisório proferido pelo Tribunal, visto lhes
falece caráter infringente (art. 619 do Cód. Proc. Penal).
31
—“Segundo o cânon inscrito no art. 619 do CPP, os embargos de declaração
têm por objetivo tão-somente expungir do acórdão ambigüidade, contradição ou
obscuridade ou ainda suprir omissão sobre tema de pronunciamento obrigatório
pelo Tribunal. Tal recurso não se presta para rediscutir o tema analisado e
proclamado no julgamento, pois o mesmo é desprovido de efeito infringente,
salvo se a modificação decorrer da correção dos citados defeitos” (STJ; ED nº
6.275; rel. Min. Vicente Leal; j. 19.8.97; DJU 20.10.97, p. 53.138; apud Alberto
Silva Franco et alii, Código de Processo Penal e sua Interpretação
Jurisprudencial, 1999, vol. II, p. 3.031).

Voto nº 10.641 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.07.053727-2


Arts. 25 e 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 593, nº III, § 3º, do Cód. Proc. Penal.
— Infração grave da verdade sabida, não pode prevalecer veredicto do Conselho de
Sentença proferido contra prova testemunhal segura e convincente. Nesse caso,
cumprirá submeter o réu a novo julgamento pelo Tribunal do Júri, que só este poderá
reparar a injustiça de sua decisão (art. 593, nº III, § 3º, do Cód. Proc. Penal).
—“Melhor será que a sentença não erre. Mas, se cair em erro, o pior é que se não
corrija” (Rui, Oração aos Moços, 1a. ed., p. 46).
— É de notável circunspecção o parecer da Procuradoria Geral de Justiça que, à vista
de incorreta aferição da prova, propõe seja o réu submetido a novo julgamento pelo
Tribunal do Júri, pois unicamente na certeza deve assentar o decreto condenatório.

Voto nº 10.642 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.07.015256-7
Arts. 2º, parág. único e 59, do Cód. Penal;
art. 202 do Cód. Proc. Penal;
arts. 12, “caput”, § 1º e § 2º, nº II e 18, nº III, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.
— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de injusta
acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela Constituição da
República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo adverso.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo a
idéia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente
impõe-se demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à
verdade ou caíram em erro de informação. É que, na busca da
verdade real — alma e escopo do processo —, “toda pessoa poderá
ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— A causa de aumento de pena do art. 18, nº III, da Lei nº 6.368/76 (“decorrer de
associação”), já não subsiste e, pois, não pode ser reconhecida à luz da nova Lei de
Drogas (Lei nº 11.343/06), que previu a circunstância apenas como crime autônomo
(art. 35).
— Fator de esclarecida e humana individualização da pena, será bem reduzi-la ao réu
condenado por infração do art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), que
satisfaça aos requisitos de seu § 4º.
— Por força do princípio da ultratividade da lei mais favorável (art. 2º, parág. único,
32
do Cód. Penal), é possível aplicar a diminuição de pena prevista no art. 33, §
4º, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas) aos casos de condenação pelo art. 12,
“caput”, § 1º e § 2º, nº II, da Lei nº 6.368/76, mediante “recomposição
comparativa” das penas cominadas (cf. Vicente Greco Filho e João Daniel Rassi,
Lei de Drogas Anotada,2007, pp. 201/202).
— Temperar com a eqüidade o rigor da lei foi sempre timbre dos que distribuem
justiça, como advertiu o insigne Carlos Maximiliano: “Hoje a maioria absoluta
dos juristas quer libertar da letra da lei o julgador, pelo menos quando da aplicação
rigorosa dos textos resulte injusta dureza, ou até mesmo simples antagonismo com
os ditames da eqüidade. Assim, vai perdendo apologistas na prática a frase de
Ulpiano — durum jus, sed ita lex scripta est — duro Direito, porém assim foi
redigida a lei — e prevalecendo, em seu lugar, o summum jus, summa injuria — do
excesso de direito resulta a suprema injustiça” (Hermenêutica e Aplicação do
Direito, 16a. ed., p. 170).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da classe
dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por força do
preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 10.643 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.023666-0


Arts. 29 e 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único e 312, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do
juiz), primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência
no foro da culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave –
como é o homicídio –, tem contra si a presunção de periculosidade.
— A custódia cautelar, nesse caso, representa não só garantia do processo, mas
inexorável medida política de prevenção da criminalidade e de defesa da ordem
social, meta primeira do Estado e aspiração permanente da Justiça.

Voto nº 10.644 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.044640-1


Arts. 69, 157, “caput”, 159 e 288, parág. único; do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.

–– Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica
33
motivos de força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição
de carta precatória para inquirição de testemunha, termo essencial do processo
e franca oportunidade de obtenção de prova, imprescindível à busca da verdade
real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem
a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem
contra si a presunção de periculosidade.

Voto nº 10.645 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.017540-8


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 10.646 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.039086-4


Art. 155, § 4º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 580 e 659, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.647 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.005925-4


Art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 33 da Lei nº 11.343/06.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
— “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
34

Voto nº 10.648 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.002725-5


Art. 157, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 302 e 659, do Cód. Proc. Penal.

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).

Voto nº 10.649 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.020797-0


Art. 299 do Cód. Penal;
arts. 70 e 76, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 1º da Lei nº 8.137/90.

––“No Direito brasileiro, o foro comum ou geral, na justiça criminal, é o do lugar


da infração, isto é, o denominado forum delicti commissi. É o que diz o art. 70
do Cód. Proc. Penal, na cabeça do preceito (...)” (José Frederico Marques,
Elementos de Direito Processual Penal, 1a. ed., vol. I, p. 237).
— Em linha de princípio, não é o “habeas corpus” meio idôneo para obstar o curso
da ação penal, se o fato imputado ao réu constituir crime e houver indícios
suficientes de sua autoria.
— Ainda na esfera do “habeas corpus”, é admissível a análise de provas para aferir
a procedência da alegação de falta de justa causa para a ação penal; defeso é
apenas seu exame aprofundado e de sobremão, como se pratica na dilação
probatória.
— Para trancar a ação penal, sob fundamento da ausência de “fumus boni juris”, há
mister se mostre a prova mais clara que a luz meridiana, a fim de se não
subverter a ordem jurídica, entre cujos postulados se inscreve o da apuração
compulsória, pelos órgãos da Justiça, da responsabilidade criminal do infrator.

Voto nº 10.650 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.019163-2


Arts. 563, 566 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, 35 e 44, da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas).

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
35
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Nulidade de ato processual somente se declara em face de prova plena e
incontroversa de prejuízo das partes, ou se “houver influído na apuração da
verdade substancial ou na decisão da causa” (arts. 563 e 566 do Cód. Proc.
Penal).
––“Só a nulidade evidente, prima facie, autoriza a fulminação do processo no Juízo
do habeas corpus” (Rev. Forense, vol. 148, p. 415).

Voto nº 10.651 — agravo em execução Nº


993.08.016580-7
Art. 112 da Lei da Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264).
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
— Não só o requisito objetivo (lapso temporal) o sentenciado deve preencher, mas
também reunir mérito, para ter direito à progressão de regime de cumprimento
de pena (art. 112 da Lei de Execução Penal).
36
Voto nº 10.652 — HABEAS cORPUS Nº
990.08.067920-1
Art. 647 do Cód. Proc. Penal.

—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não


contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Apenas a certeza do procedimento arbitrário ou ilegal da autoridade coatora, apto
a causar coação física ou moral ao paciente, pode autorizar-lhe a concessão de
salvo-conduto, não o infundado receio de que venha a ser preso e processado
criminalmente (art. 647 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 10.653 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.018330-3

Arts. 76, 78, alíneas b ou c, 110, do Cód. Proc. Penal;


art. 14 da Lei nº 10.826/03;
arts. 33 e 35, da Lei nº 11.343/06.

— É dogma jurídico intangível que dois processos não podem pender


simultaneamente sobre a mesma ação (por “mesma ação” a doutrina designa
aquela em que conspiram os seguintes elementos identificadores: “pessoas”,
“causa de pedir” e “pedido”). No caso de reduplicação de ações idênticas,
resolve-se a questão “pelo critério da precedência da decisão transitada em
julgado” (cf. STF; HC nº 77.990-3; rel. Min. Moreira Alves; Rev. Tribs., vol.
764, p. 495).
–– A identidade da lide penal é o pressuposto da exceção de litispendência (art.
110 do Cód. Proc. Penal).
–– Ainda que praticadas em lugares diferentes, se a prova de uma infração penal
influir na de outra, havendo entre ambas uma como relação de causalidade, o
princípio aplicável para determinar a competência será o da conexão, prevista no
art. 76 do Cód. Proc. Penal.

Voto nº 10.655 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.011402-6

Arts. 61, nº I, 64, nº I, 69, 297, 304, 307 e 333, do Cód. Penal.

— O agente que substitui a fotografia de cédula de identidade altera documento


público verdadeiro; por isso, incorre nas penas do art. 297 do Código Penal.
—“Sujeito que apresenta como próprio documento falso de identidade alheia
37
responde pelo delito do art. 304 e não do art. 307 do Código Penal” (cf.
Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 945).
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa; não lhe é
lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a lei define e pune como
crime (art. 307 do Cód. Penal).
— Exemplo típico de infração do art. 333 do Cód. Penal (corrupção ativa), incorre
na sanção da lei o sujeito que oferece dinheiro a policial para que não lhe efetue a
prisão.
— O lapso temporal de cinco anos, poderoso para expungir do réu a nota de
reincidência (art. 64, nº I, do Cód. Penal), não lhe afasta porém os maus
antecedentes, que estes o haverão de acompanhar pela vida fora. Donde a
parêmia: somos o que fomos.

Voto nº 10.656 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.037881-9
Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 28 e 33, da Lei nº 11.343/06.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo


a idéia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód.
Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas
penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a
Juízo para mentir.
— Com respeito aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples
condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº
51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 187).
— A desclassificação do crime do art. 33 da Lei nº 11.343/06 para o tipo do art. 28
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo considerável quantidade de
substância entorpecente acondicionada em pacotes, apreendidos pela Polícia, pois
tais circunstâncias revelam que o tóxico se destinava ao comércio ilícito, e não
ao uso próprio.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007, atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento
de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
38
Voto nº 10.657 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº
993.08.037906-8
Art. 33, § 2º, alínea c e art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal.

— Desde que acorde com os mais elementos de prova dos autos, a confissão policial
constitui prova idônea de autoria delituosa e justifica edição de decreto
condenatório.
— As provas do processo em que o réu indicou, sem hesitar, o receptador das coisas
que furtara, apreendidas afinal pela Polícia, pertencem ao número das que
Beccaria denominou perfeitas: “demonstram de maneira positiva, que é
impossível ser o acusado inocente” (Dos Delitos e das Penas, § VII; trad.
Torrieri Guimarães).
— Inexiste repugnância lógica entre o direito positivo e a concessão do regime semi-
aberto a réu condenado a pena inferior a 4 anos (cf. art. 33, § 2º, alínea c, do
Cód. Penal).

Voto nº 10.658 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.006859-8

Art. 61, nº I, do Cód. Penal;


art. 112 da Lei da Execução Penal;
arts. 12 e 18, ns. III e IV, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei n º 11.464,
em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução
39
Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07;
DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.659 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.023388-2


Arts. 29, “caput”, 157, § 2º, ns. I e II, 159, “caput”, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei da Execução Penal;
arts. 12 e 18, ns. III e IV, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 10, “caput” e § 2º, da Lei nº 9.437/97;
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
40
Voto nº 10.660 — HABEAS cORPUS Nº
990.08.037904-6
Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a


permanência do condenado em estabelecimento penal próprio
do regime fechado, enquanto aguarda vaga no semi-aberto.
Ditada por força maior ou razão de ordem superior invencível,
tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana: todo o
infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada
em grau menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 10.661 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.002306-3


Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 33, 35 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
41
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória
(art. 44 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 10.662 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.027414-7


Arts. 66, nº III, alíneas b e f, 197, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Ainda que instrumento processual de dignidade
constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi”
respeita a questões de alta indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário
não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82,
P. 2.561).

Voto nº 10.663 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.016750-2


Art. 2º, do Cód. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76 (tráfico de entorpecentes);
Arts. 66, nº III, alíneas b e f, 197, da Lei de Execução Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas);
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional,
próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a
“causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Segundo o espírito e forma da Súmula nº 611 do Colendo Supremo Tribunal
Federal, “transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao Juízo das
execuções a aplicação de lei mais benigna”. De sua decisão cabe recurso de
agravo (art. 197 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 10.664 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.07.027680-0
Art. 157, "caput", do Cód. Penal;
arts. 202 e 381, do Cód. Proc. Penal.
— Não é “de bom conselho medir pelos ângulos de um compasso o valor jurídico de
uma peça forense” (apud Edgard Costa, Os Grandes Julgamentos do Supremo
42
Tribunal Federal, 1964, vol. I, p. 34).
— Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo
comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se a
roborarem outros elementos do processo.
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód.
Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas
penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a
Juízo para mentir.
— É, por força, o regime prisional fechado o mais compatível com o autor de roubo,
sobretudo se indivíduo que ostenta copiosos traços negativos de personalidade e
se consagrou abertamente à vida fora da lei, de todo infenso às regras que
disciplinam a convivência humana.

Voto nº 10.665 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.013325-0


Art. 147 do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 21 da Lei de Contravenções Penais.
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).

Voto nº 10.666 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.009122-0


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.667 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.05.065751-5
Arts. 2º, parág. único e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 66, nº II, da Lei de Execução Penal;
art. 12, “caput”, § 1º e § 2º, nº II, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas);
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Repugna à razão isto de alguém aguardar, com resignação de Jó, o momento do


interrogatório judicial, para só então lavrar seu eloqüente protesto de inocência.
O que prefere o silêncio – aliás, direito que a Constituição da República assegura
a todo o acusado (art. 5º, nº LXIII) – é certo que não confessa a autoria do delito,
mas também não a nega.
— Postergar a autodefesa é risco tão grande, que somente correm aqueles que, bem
43
cientes de sua culpa, nada ou pouco se lhes dá que a própria liberdade se
deite a perder. O homem inocente e que se acha em seu acordo e razão, esse não
espera pela undécima hora: apenas o acusem injustamente, logo se defende com
todo o vigor de sua palavra. Donde o haverem os romanos cunhado a
sentenciúncula: “qui tacet, consentire videtur” (o que, vertido em vulgar, soa:
quem cala, consente).
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o tipo do art. 16
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo e portava considerável quantidade
de substância entorpecente, pois tal circunstância revela que o tóxico se destinava
ao comércio ilícito, e não ao uso próprio.
— Por força do princípio da ultratividade da lei mais favorável (art. 2º, parág.
único, do Cód. Penal), é possível aplicar a diminuição de pena prevista no art.
33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas) aos casos de condenação pelo art.
12, “caput”, § 1º e § 2º, nº II, da Lei nº 6.368/76, mediante “recomposição
comparativa” das penas cominadas (cf. Vicente Greco Filho e João Daniel
Rassi, Lei de Drogas Anotada,2007, pp. 201/202).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).

Voto nº 10.668 — embargos DE DECLARAÇÃO Nº


993.07.115221-8/5

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;


arts. 226 e 619, do Cód. Proc. Penal.

— Embargos de declaração opostos depois do segundo dia são considerados


intempestivos à luz do art. 619 do Cód. Proc. Penal, pelo que deles não se
conhece.
— “Todo processo é fonte de angústias, tanto para o Juiz, como para as partes.
Uma das coisas mais angustiantes num processo são os prazos” (Eliézer Rosa,
Novo Dicionário de Processo Civil, 1986, p. 214).

Voto nº 10.669 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.027600-0

Art. 50 da Lei de Execução Penal;


art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Contra o parecer de notáveis juristas, que sustentam não ser o “habeas corpus”
meio apropriado a impugnar decisão de que caiba recurso ordinário, mostra-se de
44
bom exemplo conhecer da impetração, porque, em tese, passa pelo remédio
jurídico-processual mais célere e eficaz para conjurar abusos e ilegalidades
contra o direito à liberdade de locomoção do indivíduo (art. 5º, nº LXVIII, da
Const. Fed.).
–– Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao
sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em
seu espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir
ao ideal de justiça.
— Ao condenado que satisfaz o requisito objetivo (lapso temporal) é bem se conceda
comutação de pena. Pequenas deficiências de cunho íntimo ou subjetivo, que
acaso apresente, deve supri-las o Juiz com o espírito mesmo que preside à
outorga do benefício do indulto: o nobre e generoso sentimento de compreensão
humana, com que, pelo Natal, o chefe de Estado sói amercear-se de todo o
encarcerado, “o mais pobre de todos os pobres”, na pungente expressão de
Carnelutti (As Misérias do Processo Penal, 1995, p. 21; trad. José Antonio
Cardinalli).
— Quando claro, o texto legal escusa interpretação e, sobretudo, desautoriza a que
prejudicar o condenado: “In dubio pro libertate. Libertas omnibus rebus
favorabilior est. Na dúvida, pela liberdade! Em todos os assuntos e
circunstâncias, é a liberdade que merece maior favor” (apud Carlos
Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 261).

Voto nº 10.671 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.06.127278-4
Arts. 14, nº II, 44, 107, nº IV, 109, nº VI, 110, § 1º e 155, § 4º, ns. I e IV, do
Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

— Incensurável se mostra a decisão que condena, por tentativa de furto em co-


autoria, indivíduos que, após iniciar a execução do crime, desatam a fugir ante a
aproximação da Polícia, que os detém e em sua posse apreende a “res furtiva”
(arts. 155, § 4º, ns. I e IV, e 14, nº II, do Cód. Penal).
— A substituição da pena privativa de liberdade por medida alternativa é
providência de efeito salutar, uma vez que, sobre cooperar na reeducação do
infrator, importa benefícios para a comunidade. Não tenha dúvida o Juiz em
adotá-la generosamente (art. 44 do Cód. Penal).
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do
exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal
Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
— Forma que é de prescrição da pretensão punitiva, a prescrição intercorrente
(art. 110, § 1º, do Cód. Penal) rescinde a própria sentença condenatória,
fulminando-lhe os efeitos (cf. Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a.
ed., p. 358).
45

Voto nº 10.672 — agravo em execução Nº


993.08.043388-7
Art. 83 do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal.

–– Embora já não constituam requisitos o exame criminológico e o parecer da


Comissão Técnica de Classificação (art. 112 da Lei de Execução Penal), nada
obsta que, nos casos que lhe parecerem, determine o juiz sua realização. Fica,
portanto, a seu talante submeter, ou não, o sentenciado a exame criminológico,
segundo as circunstâncias do caso e a diligência do varão prudente.
— Satisfeitos os requisitos legais (art. 83 do Cód. Penal), é o livramento
condicional direito público subjetivo do condenado, que se lhe não pode negar
sem grave injúria da Lei e da Justiça.
––“Denegar o benefício de livramento condicional àquele que satisfaz os
pressupostos exigidos, porque um dia praticou delito grave, será fazer letra
morta à salutar disposição do art. 83 do Cód. Penal, e ao condenado será impor
desalentadora perspectiva de uma inatingível liberdade” (Jurisprudência do
Tribunal de Justiça, vol. 167, p. 324).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!

Voto nº 10.673 — agravo em execução Nº


993.08.032522-7
Art. 50 da Lei de Execução Penal.

–– Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao
sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em
seu espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir
ao ideal de justiça.
— Ao condenado que satisfaz o requisito objetivo (lapso temporal) é bem se conceda
comutação de pena. Pequenas deficiências de cunho íntimo ou subjetivo, que
acaso apresente, deve supri-las o Juiz com o espírito mesmo que preside à
outorga do benefício do indulto: o nobre e generoso sentimento de compreensão
humana, com que, pelo Natal, o chefe de Estado sói amercear-se de todo o
encarcerado, “o mais pobre de todos os pobres”, na pungente expressão de
Carnelutti (As Misérias do Processo Penal, 1995, p. 21; trad. José Antonio
Cardinalli).
— Quando claro, o texto legal escusa interpretação e, sobretudo, desautoriza a que
prejudicar o condenado: “In dubio pro libertate. Libertas omnibus rebus
favorabilior est. Na dúvida, pela liberdade! Em todos os assuntos e
circunstâncias, é a liberdade que merece maior favor” (apud Carlos
Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 261).
46

Voto nº 10.674 — agravo em execução Nº


990.08.010542-6
Arts. 29 e 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei da Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464,
em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução
Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU
19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.675 — agravo em execução Nº


993.08.039077-0

Art. 213, do Cód. Penal;


art. 112 da Lei da Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
47
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.

Voto nº 10.676 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.025071-0
Arts. 202 e 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas).

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo


a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
48
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de
cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 —
ou 3/5, se reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao
benefício (art. 2º, § 2º).
— Impossível deferir ao réu benefício do art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de
Drogas) – redução da pena de 1/6 a 2/3 – se não satisfaz à condição legal prevista
na cláusula “desde que o agente seja primário, de bons antecedentes”.

Voto nº 10.677 — agravo em execução Nº


990.08.043543-4

Art. 83 do Cód. Penal.

–– Satisfeitos os requisitos legais (art. 83 do Cód. Penal), é o livramento


condicional direito público subjetivo do condenado, que se lhe não pode
negar sem grave injúria da Lei e da Justiça.
–– O argumento da pena longa não é poderoso a obstar a concessão de
livramento condicional ao sentenciado, se já cumpriu dela a metade
(necessariamente longa). Tampouco lhe serve de empecilho à obtenção do
benefício o registro de falta grave (fuga), se, ao depois, revelou, por largo
espaço de tempo, exemplar conduta carcerária e notável dedicação ao
trabalho, sinais inequívocos de sua redenção.

Voto nº 10.678 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.08.046748-0


Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 16, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 28 e 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód.
Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas
penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a
Juízo para mentir.
— Com respeito aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples
condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº
51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 187).
— A desclassificação do crime do art. 33 da Lei nº 11.343/06 para o tipo do art. 28
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo considerável quantidade de
49
substância entorpecente acondicionada em pacotes, apreendidos pela Polícia,
pois tais circunstâncias revelam que o tóxico se destinava ao comércio ilícito, e
não ao uso próprio.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007, atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente
— e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 10.679 — agravo em execução Nº


990.08.037126-6
Arts. 66, nº III, alíneas b e f, 112, da Lei de Execução Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 5º da Const. Fed.
—“A progressão de regime de cumprimento de pena (fechado para o semi-aberto)
passou a ser direito do condenado, bastando que se satisfaça a dois
pressupostos: o primeiro, de caráter objetivo, que depende do cumprimento de
pelo menos 1/6 da pena; o segundo, de caráter subjetivo, relativo ao seu bom
comportamento carcerário, que deve ser atestado pelo diretor do
estabelecimento prisional” (STJ; HC nº 38.602; 5ª. Turma; rel. Min.
— Salvo se lhe pende processo de expulsão do País, é possível deferir a condenado
estrangeiro o benefício da progressão no regime prisional, desde que atenda aos
requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal. Conclusão diversa implicava
tratamento discriminatório entre o condenado alienígena e o nacional, balda
gravíssima que a Constituição da República solenemente repele (art. 5º).
–– Sob o regime semi-aberto, o sentenciado estrangeiro estará sujeito, por força, a
restrições de vária ordem: não terá direito a “saída temporária” nem realizará
“trabalhos extramuros”, por não frustrar o cumprimento de eventual decreto de
expulsão.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido.

Voto nº 10.680 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.07.105410-0
Art. 59 do Cód. Penal;
arts. 149, 185, 360, 381 e 386, ns. IV e VI, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 34, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 28, 33, “caput”, 62, § 11 e 63, da Lei 11.343/06 (Lei das Drogas).

— Isto de ter sido o réu citado no dia mesmo de seu interrogatório não invalida
nem desmerece o ato judicial; o que a lei exige é que se lhe dê inteira ciência dos
capítulos da acusação, primeiro que o interrogue a Justiça (art. 185 do Cód.
Proc. Penal).
–– Ainda que o requeira a Defesa, não está obrigado o Juiz a ordenar seja o acusado
submetido a exame médico-legal, se não há dúvida sobre sua integridade mental
ou alguma circunstância do processo lhe indique a necessidade da realização da
providência (art. 149 do Cód. Proc. Penal).
50
— A mera alegação de falta de higidez psíquica do réu não basta a deferir-lhe
pedido de instauração de incidente de insanidade mental; é mister que o
verifique o Juiz à luz dos elementos informativos dos autos e, na condição de
presidente e diretor do processo, decida, com prudente arbítrio, se necessária ou
não a diligência, que importa sempre demora, muita vez escusada, na prestação
jurisdicional (art. 149 do Cód. Proc. Penal).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).
— Para que se decrete a perda a que se refere o art. 62, § 11, da Lei 11.343/06 (Lei
das Drogas), “há necessidade de um nexo etiológico entre o delito e o objeto
utilizado para a sua prática” (Vicente Greco Filho, Lei de Drogas Anotada,
2007, p. 187).
—“Conceito da expressão utilizados. O termo deve ser interpretado restritivamente,
no sentido de que o confisco só deve recair sobre objetos materiais que sirvam
necessariamente para a prática do crime” (Damásio E. de Jesus, Lei
Antitóxicos Anotada, 2005, p. 193).

Voto nº 10.681 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.040567-5


Art. 180, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 499 e 806, do Cód. Proc. Penal;
art. 89 da Lei nº 9.099/95;
art. 4º, § 9º, alínea a, da Lei Estadual nº 11.608/03;
arts. 5º, nº LV e 153, §§ 15 e 16, da Const. Fed.

— O Colendo Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que a disposição


do art. 806 do Código de Processo Penal não se aplica “aos casos de processos
criminais de ação penal pública” (HC nº 31.899; rel. Min. Orosimbo Nonato).
É defeso, portanto, condicionar a realização de diligência da defesa ao prévio
pagamento das custas.
— “Falta de inquirição das testemunhas da defesa, por não terem sido pagas
previamente as custas do oficial de justiça: exigência descabida em ação penal
pública” (STF; HC nº 61.215; rel. Min. Soares Muñoz).

Voto nº 10.682 —Recurso em Sentido Estrito Nº


993.08.040990-0
Arts. 310, parág. único e 312, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— Nos Tribunais predomina hoje a inteligência de que, se ausentes os requisitos que


lhe justificam a decretação da prisão preventiva, tem o réu o direito de defender-
se em liberdade (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
— A justiça, ao conceder liberdade provisória a réu acusado de tráfico de
entorpecentes, não está subestimando a necessidade da repressão da
51
delinqüência nem fazendo tábua rasa do direito positivo, mas olhando ao
intuito mesmo da lei, que reserva o “carcer ad custodiam” para aquelas
hipóteses em que, extrema sua periculosidade e extraordinária a gravidade do
delito que lhe é imputado, deva o réu manter-se apartado do convívio social.
— Todo ato criminoso é passível de repúdio, mas cumpre atender também ao
preceito do art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.: “Ninguém será considerado culpado
até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
—“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação
cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de
necessidade, revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a decretação ou a
subsistência da prisão preventiva (...)” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 180, pp.
262-264; rel. Min. Celso de Mello).

Voto nº 10.687 —Recurso em Sentido Estrito Nº


993.05.066408-2

Arts. 71 e 168, § 1º, nº III, do Cód. Penal;


art. 41 do Cód. Proc. Penal.

— Se o fato argüido constituir crime em tese, o órgão do Ministério Público tem o


poder-dever de encetar a “persecutio criminis in judicio” (art 41 do Cód. Proc.
Penal).
— Para que a denúncia produza efeitos de direito e autorize a instauração do
processo-crime basta que descreva ação típica e lhe indique o autor.
— Nossos Tribunais têm decidido, sem quebra, ser inadmissível o trancamento de
ação penal por alegada ausência de justa causa, quando se baseia a denúncia em
indícios de crime em tese e de sua autoria.

Voto nº 10.688 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.047252-1
Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06 – Lei de Drogas;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de


52
injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela
Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo
adverso.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06 – Lei de Drogas).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos
policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de
policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU
7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 187).
— Fator de esclarecida e humana individualização da pena, será bem reduzi-la ao
réu condenado por infração do art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), que
satisfaça aos requisitos de seu § 4º.
— Temperar com a eqüidade o rigor da lei foi sempre timbre dos que distribuem
justiça, como advertiu o insigne Carlos Maximiliano: “Hoje a maioria absoluta
dos juristas quer libertar da letra da lei o julgador, pelo menos quando da
aplicação rigorosa dos textos resulte injusta dureza, ou até mesmo simples
antagonismo com os ditames da eqüidade. Assim, vai perdendo apologistas na
prática a frase de Ulpiano — durum jus, sed ita lex scripta est — duro Direito,
porém assim foi redigida a lei — e prevalecendo, em seu lugar, o summum jus,
summa injuria — do excesso de direito resulta a suprema injustiça”
(Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 170).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 10.689 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.015913-0
Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, 35 e 40, nº VI, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.
— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de
injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela
Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo
adverso.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 35 da Lei nº 11.343/06).
53
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro
de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do processo —,
“toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— Com respeito aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples
condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº
51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 185).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena “inicialmente em regime fechado”,
por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 10.690 — agravo em execução Nº


993.08.043200-7
Art. 171 do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 197 da Lei de Execução Penal.
— Considera-se prejudicado o agravo se, durante o seu processamento, o Juízo de
Direito da Vara das Execuções Criminais tiver já deferido ao sentenciado aquilo
mesmo que fazia objeto do recurso, visto que obtida a situação jurídica reclamada
(art. 197 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 10.691 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.07.016476-0
Arts. 12, § 2º, nº I e 18, nº III, da Lei nº 6.368/76.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo


a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
—“É um exemplo de presunção de homem, que aquele que mente em uma cousa se
presume mentir em tudo” (Lourenço Trigo Loureiro, Elementos da Teoria e
Prática do Processo, 1850, p. 127).
— A causa de aumento de pena do art. 18, nº III, da Lei nº 6.368/76 já não
subsiste (e deve ser excluída), uma vez não consta da nova Lei de Drogas (Lei nº
11.343/06), que previu a circunstância apenas como crime autônomo de
associação para o tráfico (art. 35).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).

Voto nº 10.692 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.034571-6
Arts. 29 e 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal.

— A vítima, atenta sua relevante posição no episódio criminoso, é a mais


capacitada a depor das circunstâncias em que ocorreu e apontar-lhe o verdadeiro
autor.
— Não realiza ato de simples acompanhamento físico, mas de execução do tipo
penal, o sujeito que, durante roubo de veículo, se posta ao lado da vítima, com ar
ameaçador, restringindo-lhe a liberdade (art. 29 do Cód. Penal).
54

Voto nº 10.693 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.037019-2
Art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal.

— A confissão, máxime a prestada em Juízo, vale como prova do fato e de sua


autoria, se não ilidida por elementos de convicção firmes e idôneos. Donde a
antiga parêmia: “A confissão judicial é das melhores provas; quem confessa,
contra si profere a sentença” (apud Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, t. II, p. 530).
— A palavra da vítima, nos crimes de roubo, tem inquestionável importância e
pode ensejar decreto condenatório, se em harmonia com as mais provas dos
autos. Sua força está na circunstância de ter saído dos lábios da pessoa que sofreu
a violência ou grave ameaça e, pois, está em melhor condição de identificar seu
ofensor.
— Diz-se consumado o roubo se o agente, ainda que por breve lapso de tempo, teve
a posse desvigiada da coisa subtraída à vítima mediante violência ou grave
ameaça.
— O regime prisional fechado é o que, de regra, mais convém ao autor de roubo,
sobretudo quando sua biografia revela práticas reiteradas de ilícitos penais
graves.

Voto nº 10.694 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.045472-8
Art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal.
— Feita em Juízo, tem a confissão do réu valor absoluto, porque estreme de
eventuais defeitos que a podiam viciar, como a coação moral. Rainha das provas
(“regina probationum”) chamavam-lhe os velhos praxistas, e tal apanágio ainda
lhe reconhece a jurisprudência dos Tribunais, pelo que autoriza a edição de
decreto condenatório.
— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em harmonia
com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e a
condenação do réu.
— A falta de apreensão da arma empregada na prática do roubo não obsta o
reconhecimento da causa especial de aumento de pena, se prova oral idônea lhe
demonstrou a existência.
— O regime prisional fechado é o que, em princípio, convém ao autor de roubo,
por sua natural periculosidade, como sujeito infenso à ordem legal e destituído
de sentimento ético, sobretudo se reincidente, e pela notória gravidade do crime,
que intranqüiliza e comove a população honrada.

Voto nº 10.695 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.010076-9


Art. 112 da Lei da Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.
55
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.696 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.014731-5


Art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 33 da Lei nº 11.343/06.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.697 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.050362-6


Art. 112 da Lei da Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido antes
da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de
Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
56
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol.
400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito
de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464, em
29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC
nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que
é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum
anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta causa da
Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p.
377).

Voto nº 10.701 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.015424-9
Art. 44 do Cód. Penal;
art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 28 e 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06.
— Tem lá seu valor a confissão do réu na Polícia, máxime se convicente e ajustada
aos mais elementos de prova dos autos.
—“A confissão do delito vale não pelo lugar em que é prestada, mas pela força de
convencimento que nela se contém” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 95, p. 564;
rel. Min. Cordeiro Guerra).
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro
de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do processo —,
“toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— A desclassificação do crime do art. 33 da Lei nº 11.343/06 para o tipo do art. 28
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo e guardava na residência
considerável quantidade de substância entorpecente acondicionada em pacotes,
apreendidos pela Polícia, pois tais circunstâncias revelam que o tóxico se
destinava ao comércio ilícito, e não ao uso próprio.
— Em obséquio aos princípios da suficiência e da necessidade, a lei veda
expressamente a substituição por medida alternativa da pena corporal imposta
ao condenado por tráfico (art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
Voto nº 10.702 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.009069-0
Arts. 214, 224 e 226, nº II, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei da Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
57
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.703 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.044033-6
Arts. 29, 65, nº III, alínea d, 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 1.196 do Cód. Civil.

— Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo


comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se a
roborarem outros elementos do processo.
— No geral, a palavra da vítima é a primeira luz que afugenta as sombras sob que
se pretende abrigar a impunidade.
—“A simples confissão da prática de um crime não atenua a pena. (...). O que
importa é o motivo da confissão, como, por exemplo, o arrependimento sincero,
demonstrando merecer (o acusado) pena menor, com fundamento na lealdade
processual” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 245).
— O regime prisional fechado é o que, em princípio, convém ao autor de roubo, por
sua natural periculosidade, como sujeito infenso à ordem legal e destituído de
sentimento ético, sobretudo se reincidente, e pela notória gravidade do crime, que
intranqüiliza e comove a população honrada.

Voto nº 10.704 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.030731-8
Arts. 65, nº I e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 226 do Cód. Proc. Penal.

— É questão fria nos pretórios da Justiça que as regras do art. 226 do Cód. Proc.
Penal, de caráter suasório ou de recomendação, podem ser postergadas, se
impossíveis de executar ou se o dispensar o caso concreto. Não acarreta,
58
portanto, a nulidade do processo o reconhecimento do réu pela vítima, sem
as formalidades legais, se esta lhe não pôs em dúvida a identidade física. O fim a
que deve atender o ato do reconhecimento — não importando as circunstâncias
de sua realização — é se o sujeito passivo, ao indicar o autor do roubo, fê-lo, ou
não, com certeza e espontaneidade.
— Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo
comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se em
harmonia com outros elementos do processo.
— Diz-se consumado o roubo se o agente, ainda que por breve lapso de tempo, teve
a posse desvigiada da coisa subtraída à vítima mediante violência ou grave
ameaça.
—–“A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal” (Súmula nº 231 do STJ).
— O regime prisional fechado é o que, de regra, mais convém ao autor de roubo,
sobretudo quando sua biografia revela práticas reiteradas de ilícitos penais
graves.

Voto nº 10.705 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.016333-2
Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal.

— Muita vez, o silêncio do acusado é a mais clara das explicações.


— Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo
comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se a
roborarem outros elementos do processo.
— Considera-se consumado o roubo se o réu teve, ainda que por breve trecho, a
posse tranqüila e desvigiada da “res furtiva”.
— Impossível capitular de furto a subtração de coisa alheia móvel mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, pois são estas elementares do roubo (art. 157,
“caput”, do Cód. Penal).
— É, por força, o regime prisional fechado o mais compatível com o autor de roubo,
sobretudo se indivíduo que ostenta copiosos traços negativos de personalidade e
se consagrou abertamente à vida fora da lei, de todo infenso às regras que
disciplinam a convivência humana.

Voto nº 10.706 — mandado de SEgUrança Nº


990.08.041143-8
Art. 118 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº II, da Lei nº 1.533/51;
art. 5º, nº LXIX, da Const. Fed.

—“Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou


59
correição” (Súmula nº 267 do STF).
—“É apelável a decisão que indefere pedido de restituição de coisa
apreendida”(Rev. Tribs., vol. 525, p.363).
—“Dominando o instituto da restituição das coisas apreendidas, há uma regra
muito importante que deflui do art. 118 do Cód. Proc. Penal: antes de transitar
em julgado a sentença final, as coisas apreendidas não poderão ser restituídas
enquanto interessarem ao processo” (Tourinho Filho, Processo Penal, 1997,
vol. III, pp. 5-7).
— Direito líqüído e certo é aquele “sobranceiro a qualquer dúvida razoável e
maior do que qualquer controvérsia sensata” (Orosimbo Nonato, apud Carlos
Alberto Menezes Direito, Manual do Mandado de Segurança, 4a. ed., p. 66).

Voto nº 10.707 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.050654-4


Art. 121 do Cód. Penal;
art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal.

— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121 do Cód. Penal, não comprovou
possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício (art. 408, § 2º,
do Cód. Proc. Penal).
—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da
prisão por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).

Voto nº 10.708 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.051547-0


Arts. 66, nº III, alíneas b e f, 197, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Ainda que instrumento processual de dignidade
constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi”
respeita a questões de alta indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário
não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82,
P. 2.561).

Voto nº 10.709 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.07.069843-8
60
Arts. 33, § 2º, alínea b, 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
arts. 202, 226, 563 e 566, do Cód. Proc. Penal.

— Se arrimada a outros elementos de convicção, constitui a fotografia prova idônea


para justificar edito condenatório porque, em princípio, reproduz os caracteres
fundamentais extrínsecos do indivíduo, sendo-lhe não raro a cópia fiel.
— Acompanhado de outros elementos de convicção, o reconhecimento do réu pela
vítima, ainda que por fotografia, constitui prova suficiente para a condenação,
segundo jurisprudência do STJ (cf. Rev. Tribs., vol. 817, p. 505).
— Depõe ordinariamente contra o interesse do réu seu silêncio na quadra do
inquérito policial. Deveras, quando injusta a acusação, o inocente clama de
contínuo à face do mundo, não se retrai ao silêncio, refúgio natural dos culpados.
— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em harmonia
com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e
a condenação do réu.
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód.
Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas
penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a
Juízo para mentir.
— Diz-se consumado o roubo se o agente, ainda que por breve lapso de tempo, teve
a posse desvigiada da coisa subtraída à vítima mediante violência ou grave
ameaça.
— Embora seja o regime prisional fechado o que, de regra, convém ao autor de
roubo, crime de extrema gravidade, a lei não proíbe que o Magistrado fixe o
semi-aberto ao réu primário, que o tenha praticado sem arma nem violência
contra a vítima (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).

Voto nº 10.710 — agravo em execução Nº


993.08.037318-3
Art. 112 da Lei da Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.
61
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464,
em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução
Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU
19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.

Voto nº 10.714 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.07.071725-4
Art. 180 do Cód. Penal.

— Nos crimes de receptação dolosa, porque mui difícil apurar o elemento


subjetivo do tipo, cumpre recorrer às circunstâncias mesmas do fato e à
personalidade do agente (art. 180 do Cód. Penal).
— A alegação de boa-fé é incompatível com o teor de proceder de quem recebe em
proveito próprio e influi para que terceiro de boa-fé adquira coisa de sujeito
conhecido por seus negócios escusos. Tal circunstância, por sua anormalidade,
induz à conclusão lógica de que o agente sabia se tratava de negócio ilícito, e
pois lhe justifica a condenação pelo crime de receptação dolosa (art. 180,
“caput”, do Cód. Penal).

Voto nº 10.715 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.043960-0


Arts. 310, parág. único e 659, do Cód. Proc. Penal;
art. 33 da Lei nº 11.343/06.
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
62
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio
sentença condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José
Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).

Voto nº 10.716 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.039798-8
Art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal;
art. 386, ns. IV ou VI, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.
— Está acima de crítica a decisão que condena por furto o sujeito que, réu confesso,
foi detido na posse do produto do crime (art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal).
— É argumento lógico irrefragável que a posse de coisa alheia sem justificativa
satisfatória induz à certeza de sua origem ilícita.
— Incorre na pena de furto consumado o sujeito que, tendo subtraído coisa alheia
móvel, mantém-lhe a posse tranqüila e desvigiada, ainda que por breve trato de
tempo (art. 155 do Cód. Penal).
— O larápio contumaz e empedernido, que não emenda a mão e ainda parece
escarnecer da disciplina social, é razão expie seu castigo no regime de maior
rigor: o fechado.

Voto nº 10.717 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.052705-3


Art. 112 da Lei da Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei n º 11.464,
em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução
Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU
19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
Voto nº 10.718 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.039092-9
Art. 155, § 4º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
arts. 312, 313 e 659, do Cód. Proc. Penal;
art. 1º da Lei nº 2.252/54.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
63
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará
prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.719 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.041930-2
Arts. 24, 33, § 1º, alínea a, 65, nº III, a e d, 171, do Cód. Penal.

— Pratica o delito de estelionato em seu tipo fundamental (art. 171 do Cód. Penal)
o sujeito que, para satisfazer despesas, entrega a comerciante cheque de terceiro
falsificado, embaindo-lhe a fé.
— Àquele que invoca a descriminante legal do estado de necessidade cabe
demonstrá-la acima de toda a dúvida, pois aqui a falta de prova faz as vezes de
confissão do crime (art. 24 do Cód. Penal).
— Nos processos criminais sempre virá a ponto a alta lição de Rui: “Se o réu é
confesso, não há perder tempo em levar adiante o exame da prova. Parte
confessa é parte condenada” (Obras Completas, vol. XXIV, t. II, p. 270).
— O regime prisional fechado é o que convém ao sujeito inclinado obstinadamente
à carreira do crime, que reluta em reintegrar-se no convívio das pessoas honestas
e laboriosas (art. 33, § 1º, alínea a, do Cód. Penal).

Voto nº 10.720 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.052486-0


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 10.721 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.044894-9


Art. 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal.
64
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal, não
comprovou possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício
(art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da
prisão por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).

Voto nº 10.722 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.063285-0


Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 35, 44 e 55, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória
(art. 44 da Lei nº 11.343/06).
65
Voto nº 10.723 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº
990.08.038349-3
Arts. 202 e 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 33 da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Embora direito seu permanecer calado — que lho assegura a Constituição da


República (art. 5º, nº LXIII) —, nenhum réu ignora que esse teor de proceder
contraria de frente a própria razão natural, que manda defender-se, com todo o
vigor da palavra, o indivíduo injustamente acusado. Donde a parêmia de
Jeremias Bentham: O silêncio é uma confissão de fato.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— Fator de esclarecida e humana individualização da pena, será bem reduzi-la ao
réu condenado por infração do art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), que
satisfaça aos requisitos de seu § 4º.
— Temperar com a eqüidade o rigor da lei foi sempre timbre dos que distribuem
justiça, como advertiu o insigne Carlos Maximiliano: “Hoje a maioria absoluta
dos juristas quer libertar da letra da lei o julgador, pelo menos quando da
aplicação rigorosa dos textos resulte injusta dureza, ou até mesmo simples
antagonismo com os ditames da eqüidade. Assim, vai perdendo apologistas na
prática a frase de Ulpiano — durum jus, sed ita lex scripta est — duro Direito,
porém assim foi redigida a lei — e prevalecendo, em seu lugar, o summum jus,
summa injuria — do excesso de direito resulta a suprema injustiça”
(Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 170).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
66
Voto nº 10.724 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº
990.08.034132-4
Arts. 2º, parág. único e 59, do Cód. Penal;
art. 12, “caput”, § 1º e § 2º, nº II, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas).

— Para autorizar decreto condenatório basta a confissão judicial do réu. Deveras, é


axioma de Direito que “a confissão da parte releva de outra prova” (cf.
Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, t. II, p. 530).
—“Para a existência do delito (do art. 12 da Lei nº 6.368/76) não há necessidade de
ocorrência de dano. O próprio perigo é presumido em caráter absoluto,
bastando para a configuração do crime que a conduta seja subsumida num dos
verbos previstos” (Vicente Greco Filho, Tóxicos, 1995, p. 83).
— Por força do princípio da ultratividade da lei mais favorável (art. 2º, parág.
único, do Cód. Penal), é possível aplicar a diminuição de pena prevista no art.
33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas) aos casos de condenação pelo art.
12, “caput”, § 1º e § 2º, nº II, da Lei nº 6.368/76, mediante “recomposição
comparativa” das penas cominadas (cf. Vicente Greco Filho e João Daniel
Rassi, Lei de Drogas Anotada,2007, pp. 201-202).
— Fator de esclarecida e humana individualização da pena, será bem reduzi-la ao
réu condenado por infração do art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), que
satisfaça aos requisitos de seu § 4º.
— A redução inconsiderada da pena, com base no art. 33, § 4º, da Lei de Drogas
implica afronta ao princípio da proporcionalidade — deve-se medir a punição
pelo delito — e da suficiência para reprovação e prevenção do crime (art. 59 do
Cód. Penal).
— Temperar com a eqüidade o rigor da lei foi sempre timbre dos que distribuem
justiça, como advertiu o insigne Carlos Maximiliano: “Hoje a maioria absoluta
dos juristas quer libertar da letra da lei o julgador, pelo menos quando da
aplicação rigorosa dos textos resulte injusta dureza, ou até mesmo simples
antagonismo com os ditames da eqüidade. Assim, vai perdendo apologistas na
prática a frase de Ulpiano — durum jus, sed ita lex scripta est — duro Direito,
porém assim foi redigida a lei — e prevalecendo, em seu lugar, o summum jus,
summa injuria — do excesso de direito resulta a suprema injustiça”
(Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 170).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
67

Voto nº 10.725 — agravo em execução Nº


993.08.014777-9
Arts. 76 e 116, parág. único, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264).
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
–– É maior de toda crítica a decisão que, por amor do princípio que rege o
cumprimento de penas nos casos de concurso de infrações (art. 76 do Cód.
Penal), somente suspende a pena restritiva de direitos (prestação de serviços à
comunidade), sem convertê-la em privativa de liberdade, a fim de que se execute
primeiro “a pena mais grave”.
––“Assim, o executado cumprirá a pena privativa de liberdade para, somente
depois, ter a possibilidade de prestar serviços à comunidade, devendo esta ser
suspensa enquanto cumpre aquela, em respeito ao art. 116, parág. único, do
Cód. Penal” (STJ; REsp nº 662.066-SC; 5a. T.; rel. Min. José Arnaldo da
Fonseca; DJU 1º.8. 2005; v.u.).
68
Voto nº 10.726 — agravo em execução Nº
993.08.037529-1
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— Se o sentenciado atendeu ao requisito objetivo (lapso


temporal), observou sem quebra o código de disciplina do
presídio e manifesta o propósito de emendar as máculas do
passado, faz jus à progressão ao regime semi-aberto, porque
esta é a vontade da lei (art. 112 da Lei de Execução Penal).
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e
refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a
mudança para regime prisional mais brando.
— O argumento da pena longa não é poderoso a obstar a concessão de regime semi-
aberto ao sentenciado, se já cumpriu dela a sexta parte (necessariamente longa).
Tampouco lhe serve de empecilho à obtenção do benefício o registro de falta
grave (fuga) se, ao depois, revelou, por largo espaço de tempo, exemplar conduta
carcerária e notável dedicação ao trabalho, sinais inequívocos de sua redenção.
—“A progressão de regime de cumprimento de pena (fechado para o semi-aberto)
passou a ser direito do condenado, bastando que se satisfaça a dois pressupostos:
o primeiro, de caráter objetivo, que depende do cumprimento de pelo menos 1/6
da pena; o segundo, de caráter subjetivo, relativo ao seu bom comportamento
carcerário, que deve ser atestado pelo diretor do estabelecimento prisional” (STJ;
HC nº 38.602; 5ª. Turma; rel. Min. Arnaldo Esteves de Lima).
—“A pena-retributiva jamais corrigiu alguém” (Nélson Hungria, Comentários ao
Código Penal, 1980, 6a. ed., vol. I, t. I, p. 14).

Voto nº 10.727 — agravo em execução Nº


993.07.026720-8
Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.
— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº
IX, da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal
— não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de
entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, crime
da classe dos hediondos, sem atender ao requisito do lapso temporal: 2/5 para o
69
condenado primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90,
Lei dos Crimes Hediondos).
–– Decisões contraditórias no seio da Justiça operam sempre como fator de
insegurança dos negócios jurídicos, em detrimento grave de seu nome e crédito.

Voto nº 10.728 — agravo em execução Nº


990.08.038946-7

Art. 112 da Lei da Execução Penal;


art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei n º 11.464,
em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução
Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU
19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
70

Voto nº 10.729 — agravo em execução Nº


990.08.022180-9
Art. 83 do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal.

–– Embora já não constituam requisitos o exame criminológico e o parecer da


Comissão Técnica de Classificação (art. 112 da Lei de Execução Penal), nada
obsta que, nos casos que lhe parecerem, determine o juiz sua realização. Fica,
portanto, a seu talante submeter, ou não, o sentenciado a exame criminológico,
segundo as circunstâncias do caso e a diligência do varão prudente.
— Satisfeitos os requisitos legais (art. 83 do Cód. Penal), é o livramento
condicional direito público subjetivo do condenado, que se lhe não pode negar
sem grave injúria da Lei e da Justiça.
––“Denegar o benefício de livramento condicional àquele que satisfaz os
pressupostos exigidos, porque um dia praticou delito grave, será fazer letra
morta à salutar disposição do art. 83 do Cód. Penal, e ao condenado será impor
desalentadora perspectiva de uma inatingível liberdade” (Jurisprudência do
Tribunal de Justiça, vol. 167, p. 324).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!

Voto nº 10.730 — gravo em a execução Nº


990.08.031823-3
Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 5º da Const. Fed.

—“A progressão de regime de cumprimento de pena (fechado para o semi-aberto)


passou a ser direito do condenado, bastando que se satisfaça a dois
pressupostos: o primeiro, de caráter objetivo, que depende do cumprimento de
pelo menos 1/6 da pena; o segundo, de caráter subjetivo, relativo ao seu bom
comportamento carcerário, que deve ser atestado pelo diretor do
estabelecimento prisional” (STJ; HC nº 38.602; 5ª. Turma; rel. Min.
— Salvo se lhe pende processo de expulsão do País, é possível deferir a condenado
estrangeiro o benefício da progressão no regime prisional, desde que atenda aos
requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal. Conclusão diversa implicava
tratamento discriminatório entre o condenado alienígena e o nacional, balda
gravíssima que a Constituição da República solenemente repele (art. 5º).
–– Sob o regime semi-aberto, o sentenciado estrangeiro estará sujeito, por força, a
restrições de vária ordem: não terá direito a “saída temporária” nem realizará
“trabalhos extramuros”, por não frustrar o cumprimento de eventual decreto de
expulsão.
71

Voto nº 10.731 — agravo em execução Nº 993.07.013845-9


Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal.
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de
Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da
pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e
refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a
mudança para regime prisional mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para
o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!

Voto nº 10.733 — agravo em execução Nº


990.08.030685-5
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— “O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a


concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 10.734 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.034188-5
Art. 97 do Cód. Penal;
arts. 202 e 386, nº IV, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12, “caput” e 14, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento);
arts. 5º, “caput” e 144, da Const. Fed.
–– A posse irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art. 12,
“caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente
de perigo concreto.
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód.
Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas
penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a
Juízo para mentir.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
72
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os
perigos que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que
existam controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das
Armas de Fogo, 1998, p. 107).
— Em caso de absolvição do réu por insanidade mental, dispõe a lei sua
internação compulsória, se autor de crime apenado com reclusão (art. 97 do
Cód. Penal). Tem a medida caráter preventivo (de salvaguarda social e
terapêutico), pois leva em mira também a recuperação do agente.

Voto nº 10.735 — agravo em execução Nº


990.08.025559-2
Art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 197 da Lei de Execução Penal.

— Considera-se prejudicado o agravo se, durante o seu processamento, o Juízo de


Direito da Vara das Execuções Criminais tiver já deferido ao sentenciado aquilo
mesmo que fazia objeto do recurso, visto que obtida a situação jurídica reclamada
(art. 197 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 10.736 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.049194-6
Arts. 202, 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 16, da Lei nº 6.368/76;
arts. 28 e 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06.

— Aquele que respondeu preso ao processo que lhe instaurou a Justiça Pública,
assim deverá aguardar o julgamento de sua apelação, pois um dos efeitos da
sentença condenatória recorrível consiste, precisamente, em ser o réu
“conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— A confissão do réu na Polícia, ainda que repudiada em Juízo, pode justificar
decreto condenatório, se em harmonia com os mais elementos de convicção dos
autos; ao seu aspecto intrínseco é que se deve atender, não à circunstância do
lugar onde a presta o confitente.
—“Para os chamados penalistas práticos, a confissão do acusado se equiparava à
própria coisa julgada, como ensinava Farinácio: Confessio habet vim rei
judicatae” (José Frederico Marques, Estudos de Direito Processual Penal, 1a.
ed., p. 290).
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— A desclassificação do crime do art. 33 da Lei de Drogas para o tipo do art. 28
73
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo considerável quantidade de
substância entorpecente, que a Polícia apreendeu, pois tal circunstância revela
que se destinava ao comércio ilícito, e não ao uso próprio.

Voto nº 10.738 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.026822-8
Art. 2º, parág. único, do Cód. Penal;
arts. 202, 514, 563 e 566, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12, “caput”, § 1º e § 2º, nº II e 18, nº IV, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 38 e 41, da Lei nº 10.409/2002;
arts. 33, “caput”, 44 e 55, da Lei nº 11.343/06 – Lei de Drogas.

— A Lei nº 10.409/02 não revogou os arts. 12 e seguintes da Lei nº 6.368/76. É que


uma lei revoga outra, quando expressamente o disponha, ou quando, em relação à
lei nova, a anterior se torne antagônica e antinômica, gerando com ela
incompatibilidade.
—“O rito especial previsto na Lei nº 10.409/02 aplica-se apenas aos crimes nela
previstos, os quais, insertos nos arts. 14 a 26, que integram a seção única do
Capítulo III, foram integralmente vetados, por vício de inconstitucionalidade”
(STJ; HC nº 28.300-RJ; 6a. Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 16.12.2003; DJU
3.11.2004, p. 245).
—“A ausência de demonstração de prejuízo, por parte da defesa, decorrente da
inobservância do rito previsto no art. 38 da Lei nº 10.409/2002, impede a
declaração de nulidade do processo” (STF, HC nº 85.155/SP; relª. Minª. Ellen
Gracie; j. 22.3.2005).
—“Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a
acusação ou para a defesa” (art. 563 do Cód. Proc. Penal).
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06 – Lei de Drogas).
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos
policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de
policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU
7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 187).
— Por força do princípio da ultratividade da lei mais favorável (art. 2º, parág.
único, do Cód. Penal), é possível aplicar a diminuição de pena prevista no art.
33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas) aos casos de condenação pelo art.
12, “caput”, § 1º e § 2º, nº II, da Lei nº 6.368/76, mediante “recomposição
comparativa” das penas cominadas (cf. Vicente Greco Filho e João Daniel
Rassi, Lei de Drogas Anotada, 2007, pp. 201/202).
— Fator de esclarecida e humana individualização da pena, será bem reduzi-la ao
réu condenado por infração do art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), que
satisfaça aos requisitos de seu § 4º.
74
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 10.739 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.054529-9


Arts. 70 e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.

–– Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
–– Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do
juiz), primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência
no foro da culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave —
como é o roubo —, tem contra si a presunção de periculosidade.

Voto nº 10.740 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.075940-0


Arts. 6º, 648, nº I e 659, do Cód. Proc. Penal;
arts. 14 e 16, nº III, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento).

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
— Em linha de princípio, não é o “habeas corpus” meio idôneo para obstar o curso
do inquérito policial nem da ação penal, se o fato imputado ao réu constituir
crime e houver indícios suficientes de sua autoria.
— Ainda na esfera do “habeas corpus”, é admis-sível a análise de provas para aferir
a proce-dência da alegação de falta de justa causa para a ação penal; defeso é
apenas seu exame aprofundado e de sobremão, como se pratica na dilação
probatória (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— Para trancar a ação penal, ou impedir o curso
de inquérito policial, sob o fundamento da ausência de “fumus boni juris”, há
75
mister prova mais clara que a luz meridiana, a fim de se não subverter a
ordem jurídica, entre cujos postulados se inscreve o da apuração compulsória,
pelos órgãos da Justiça, da responsabilidade criminal do infrator.

Voto nº 10.741 — mandado de SEgUrança Nº


990.08.064161-1
Arts. 310, parág. único, 581, nº V e 584, do Cód. Proc. Penal;
art. 197 da Lei de Execução Penal.

— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de


legitimidade para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar
efeito suspensivo a agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência
subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao
agravo, como o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem,
na lei, palavras inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que,
nos casos sob o regime da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes
com acerto. “Os Juízes, por definição, não podem errar” (V. César da Silveira,
Dicionário de Direito Romano, 1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do
Ministério Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito
suspensivo a recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução”
(STJ; HC nº 237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU
13.10.03).
— Em obséquio à segurança jurídica — objetivo a que devem atender, por princípio,
todas as decisões da Justiça —, não há conceder mandado de segurança senão
em face de direito líqüido e certo, que, na expressão memorável de Hely Lopes
Meirelles, “é direito comprovado de plano” (Mandado de Segurança e Ação
Popular, 5a. ed., p. 16).

Voto nº 10.742 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.045922-8


Arts. 29, 180, 288 e 311, “caput”, do Cód. Penal;
art. 312 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
76
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao
art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 10.743 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.038157-1


Art. 157, § 2º, ns. I, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 28 da Lei nº 11.343/2006;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou
contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do
Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões,
também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso”
(O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do
juiz), primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência
77
no foro da culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória
(art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave
— como é o roubo —, tem contra si a presunção de periculosidade.

Voto nº 10.744 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.037663-8
Arts. 107, nº IV, 109, nº V, 110, § 2º, 115 e 155, § 4º, ns. I e IV, do Cód. Penal.

— Desde que acorde com os mais elementos de prova dos autos, a confissão
policial constitui prova idônea de autoria delituosa e justifica edição de decreto
condenatório.
— A sabedoria dos Tribunais tem assentado que a apreensão de bens de terceiro em
poder do acusado, sem que lhes ofereça explicação plausível, constitui excelente
prova de autoria de crime e enseja condenação.
— A prescrição retroativa “atinge a pretensão punitiva, rescindindo a sentença
condenatória e seus efeitos principais e acessórios” (Damásio E. de Jesus,
Código Penal Anotado, 16a. ed., p. 361).
— Na expressão clássica de Abel do Vale, o decurso do tempo apaga a memória do
fato punível e a necessidade do exemplo desaparece (apud Ribeiro Pontes,
Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).

Voto nº 10.745 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.050371-3


Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 112 da Lei da Execução Penal;
arts. 5º, nº XL e 52, nº X , da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
78
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.746 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.061560-2


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 10.747 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.051559-4


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.748 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.031547-7


Art. 129, § 9º, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.
79
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já
cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará
prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).

Voto nº 10.749 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.054470-5


Arts. 86 e 90, do Cód. Penal;
art. 732 do Cód. Proc. Penal;
arts. 145 e 146, da Lei de Execução Penal;
arts. 12 e 18, nº IV, da Lei nº 6.368/76;
–– É questão vitoriosa nos Tribunais que a revogação do livramento condicional
somente pode ocorrer durante o período de prova (art. 86 do Cód. Penal).
–– “Terminado o período de prova sem revogação, a pena privativa de liberdade
deve ser julgada extinta” (Julio Fabbrini Mirabete, Execução Penal, 11a. ed.,
p. 599).

Voto nº 10.750 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.07.107100-5
Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 202 do Cód. Proc. Penal.
— Depõe ordinariamente contra o interesse do réu seu silêncio na quadra do
inquérito policial. Deveras, quando injusta a acusação, o inocente clama de
contínuo à face do mundo, não se retrai ao silêncio, refúgio natural dos culpados.
— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em harmonia
com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e a
condenação do réu.
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód.
Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas
penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a
Juízo para mentir.
— O regime prisional fechado é o que, em princípio, convém ao autor de roubo,
por sua natural periculosidade, como sujeito infenso à ordem legal e destituído de
sentimento ético, sobretudo se reincidente, e pela notória gravidade do crime, que
intranqüiliza e comove a população honrada.

Voto nº 10.751 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.026893-7
Arts. 155 e 157, § 3º, 1a. parte, do Cód. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— A confissão, conforme os velhos praxistas, passa pela rainha das provas (regina
probationum), pois, como acentua o conspícuo Mário Guimarães, é contrário à
natureza alguém afirmar contra si fato que não seja verdadeiro (O Juiz e a
Função Jurisdicional, 1958, pág. 309).
80
— Na real verdade, que melhor prova da autoria do fato criminoso, do que
havê-la admitido espontaneamente o próprio réu?!
— Em pontos de co-autoria, quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide
nas penas a este cominadas (art. 29 do Cód. Penal), de tal arte que, no caso de
latrocínio, irrelevante é a circunstância de não ter sido o autor do disparo que
feriu mortalmente a vítima: quem quer a causa quer o efeito!
— Conforme iterativa jurisprudência dos Tribunais, a palavra da vítima, se ajustada
aos mais elementos do processo, justifica decreto condenatório.
— O regime fechado, no início, é o que unicamente se aproposita ao autor de roubo
(crime da última graveza e abjeção), que argúi em quem o pratica entranhada
rebeldia à disciplina social.

Voto nº 10.752 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.002729-8-


00
Arts. 69, 121, § 2º, ns. II, III e IV, 147, do Cód. Penal;
art. 312 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— Antes da prolação da sentença, pode o Juiz, a todo o tempo, emendar errônea


capitulação legal do crime (“emendatio libelli”).
—“A capitulação errônea do delito feita na denúncia não configura
constrangimento ilegal, sanável por via do habeas corpus” (STJ; HC nº 5.963;
5a.Turma; rel. Min. Edson Vidigal; DJU 3.11.97, p. 56.338).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal, isto é, garantia da ordem pública,
conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal,
desde que comprovada a materialidade da infração e veementes os indícios de
sua autoria.
–– Pedido de desclassificação do fato criminoso não cabe na esfera angusta do
“habeas corpus”, onde não têm entrada questões de alta indagação, ou que
impliquem aprofundado exame da prova dos autos.

Voto nº 10.753 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.058796-0


Arts. 70 e 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal;
art. 563 e 566, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

–– Inadmissível, no âmbito do “habeas corpus”, por suas características especiais e


rito sumaríssimo, discutir a injustiça de sentença condenatória. Questão que
implica exame aprofundado dos autos da ação penal somente poderá ser tratada
na via ordinária da apelação ou da revisão criminal.
–– A finalidade precípua do “habeas corpus” é a tutela do direito deambulatório,
segundo a lição do eminente Pedro Lessa: “É exclusiva missão do habeas
corpus garantir a liberdade individual na acepção restrita, a liberdade física, a
liberdade de locomoção” (apud M. Costa Manso, O Processo na Segunda
Instância, 1923, p. 390).
––“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
81
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Contra o parecer de notáveis juristas, que sustentam não ser o “habeas corpus”
meio apropriado a impugnar decisão de que caiba recurso ordinário, mostra-se de
bom exemplo conhecer da impetração, porque, em tese, passa pelo remédio
jurídico-processual mais célere e eficaz para conjurar abusos e ilegalidades
contra o direito à liberdade de locomoção do indivíduo (art. 5º, nº LXVIII, da
Const. Fed.).
–– Nulidade de ato processual somente se declara em face de prova plena e
incontroversa de prejuízo às partes, ou se “houver influído na apuração da
verdade substancial ou na decisão da causa” (arts. 563 e 566 do Cód. Proc.
Penal).
— A falta de apreensão da arma utilizada na prática do roubo não embaraça o
reconhecimento da qualificadora, se a prova real idônea lhe atestou a existência.

Voto nº 10.754 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.044430-1
Arts. 14, nº II e 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;
art. 36 do Código Criminal do Império.

— É princípio geralmente recebido que apenas a certeza autoriza a condenação do


réu. Em caso de dúvida — presente, por força, no processo-crime onde o réu
nega o que a vítima afirma —, a solução mais prudente será a que o absolver, por
insuficiência de prova.
— O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos autos. Se
elas não indicam com segurança a culpa do réu, será força pronunciar o “non
liquet” e absolvê-lo.
—“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição
de pena” (art. 36 do Código Criminal do Império).
— Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são necessárias,
para sua condenação, provas tão claras como a luz meridiana: “probationes
luce meridiana clariores” (cf. Giovanni Brichetti, L’Evidenza nel Diritto
Processuale Penale, 1950, p. 111).

Voto nº 10.755 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.056311-4
Art. 121, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
arts. 417, § 2º e 421, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº XXXVIII, alínea c, da Const. Fed.

–– Para autorizar decisão condenatória não é mister prova perfeita e exuberante,


bastando a que dê ao Juiz o fundamento lógico suficiente para não cair em erro
crasso.
— Em face da soberania de seus veredictos, as decisões do júri (proferidas “ex
informata conscientia”) somente se anulam quando em franca rebeldia com a
prova dos autos, ou nos casos de comprovada corrupção ou prevaricação dos
jurados (art. 5º, nº XXXVIII, alínea c, da Const. Fed.).
82
— Pratica homicídio por motivo torpe o sujeito que mata a vítima para
disputar-lhe a mulher, com quem passa a fazer vida (art. 121, § 2º, nº I, do Cód.
Penal).
— “Torpe é o motivo que mais vivamente ofende a moralidade média ou o
sentimento ético-social comum. É o motivo abjeto, ignóbil, repugnante, que
imprime ao crime um caráter de extrema vileza ou imoralidade” (Nélson
Hungria, Comentários ao Código Penal, 6a. ed., vol. V, p. 163).
— Não há desentranhar dos autos documento de caráter lícito e apto a ilustrar a
causa, mandado juntar por despacho do Juízo a requerimento da Promotoria de
Justiça, feito em tempo e forma regular, já que a pesquisa da verdade real é a
alma e o escopo de todo o processo (art. 417, § 2º, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 10.756 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.050712-5
Arts. 33, § 2º, alínea c e 157, “caput”, do Cód. Penal;
art. 386, nºVII, do Cód. Proc. Penal.
— Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo
comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se a
roborarem outros elementos do processo.
— Em linha de princípio, é o regime prisional fechado o que mais convém à
personalidade do autor de roubo, de seu natural violento e refratário à disciplina
social. Mas, desde que primário e de bons antecedentes, não é defeso ao Juiz, em
obséquio aos graves e notórios malefícios do regime fechado, deferir-lhe o
benefício do aberto (cf. art. 33, § 2º, alínea c, do Cód. Penal).
—“A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal” (Súmula nº 231, do STJ).

Voto nº 10.757 — agravo em execução Nº


993.08.043207-4
Art. 126 da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
— Contra o parecer de notáveis juristas, que sustentam não ser o “habeas corpus”
meio apropriado a impugnar decisão de que caiba recurso ordinário, mostra-se de
bom exemplo conhecer da impetração, porque, em tese, passa pelo remédio
jurídico-processual mais célere e eficaz para conjurar abusos e ilegalidades
contra o direito à liberdade de locomoção do indivíduo (art. 5º, nº LXVIII, da
Const. Fed.).
— É razoável computar, no cálculo de liqüidação das penas do condenado, como de
pena cumprida, o tempo de remição pelo trabalho (art. 126 da Lei de Exec.
Penal). Dado que a Lei de Execução Penal é a tal respeito omissa, pode o Juiz
guiar-se pelo princípio comum que rege a solução dos casos controversos e optar
pela parcialidade mais favorável ao sentenciado: “Semper in dubiis benigniora
praeferenda sunt”.
—“O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, no processo MJ-
8.926/94, por unanimidade, entendeu que o tempo remido deve ser abatido da
83
pena não só para livramento condicional como também para indulto e
progressão de regime (DJU 2.12.94, p. 18.352)” (apud Damásio E. de Jesus,
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 663).

Voto nº 10.758 —Recurso em Sentido Estrito Nº


990.08.060848-7
Art. 121, § 2º, nº II e IV, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal.
— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que
a prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 408 do
Cód. Proc. Penal).
–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo
Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– As qualificadoras articuladas na denúncia apenas podem ser excluídas quando
manifesta sua inocorrência; do contrário, são os Jurados os que sobre elas se
devem pronunciar, porque matéria de sua competência.

Voto nº 10.759 —Recurso em Sentido Estrito Nº


993.07.008963-6

Arts. 14, nº II, 23, nº II, 121, § 2º, nº I, e 129, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal.

— A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo


Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Ainda que, em tese, possa absolver o réu com fundamento na legítima defesa, ao
Juiz da pronúncia não é lícito fazê-lo senão quando comprovada a
descriminante legal acima de toda a dúvida razoável (art. 23, nº II, do Cód.
Penal).
–– Não é ao Juiz da pronúncia, mas ao Tribunal Popular, juiz natural da causa,
que compete desclassificar tentativa de homicídio para lesões corporais, se não
afastada de plano a hipótese de haver o réu obrado com intenção homicida ao
ferir a vítima em região nobre do corpo.
–– Salvo se manifesta sua inocorrência, não é de bom exemplo afastar, desde logo,
na fase da pronúncia, as qualificadoras do homicídio; ao Tribunal do Júri, como
a seu Juiz natural, é que, em princípio, cabe apreciá-lo (art. 121, § 2º, nº I, e art.
14, nº II, do Cód. Penal).
84
Voto nº 10.760 — agravo em execução Nº
990.08.037075-8
Art. 16 da Lei nº 6.368/76;
art. 5º, nº LV, da Const. Fed.

–– Constitui cerceamento de defesa desatender o Juízo ao pedido formulado pelo


patrono do réu, de juntada aos autos de documento de notória importância para a
elucidação dos fatos. Em verdade, “só merece o nome de defesa a que for livre e
completa” (J. Soares de Mello, O Júri, 1941, p. 16).
––“O direito de defesa é, entre todos, o mais sagrado e inviolável” (Sobral Pinto;
apud Pedro Paulo Filho, A Revolução da Palavra, 2a. ed., p. 168).
— Onde for ausente a palavra do Advogado, “não haverá justiça, nem lei, nem
liberdade, nem honra, nem vida” (Min. Ribeiro da Costa, in DJU 12.12.63, p.
4.366).

Voto nº 10.761 — RevisÃo CRIMINAL Nº 993.03.062349-


6
Arts. 59, 68 e 121, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 621, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LV, da Const. Fed.

— É de bom exemplo ensejar ao sentenciado ocasião para trazer à luz pública,


sempre que o deseje, razões e argumentos em prol de sua inocência, ou que lhe
sirvam a atenuar o castigo. Pede-o a tradição do Direito, que incluiu entre os seus
mais caros postulados o da amplitude da defesa (art. 5º, nº LV, da Const. Fed.).
— A Instância Superior, quanto em si caiba, proverá que se repare o erro ou a
injustiça das decisões de primeiro grau de jurisdição, sem haja mister
fulminar-lhes anulação, pois é sempre matéria de grande repugnância anular
processo penal, que isto representa perda irreparável para a Justiça e resulta em
seu descrédito.
— Àquele que invoca a descriminante legal de legítima defesa cabe demonstrá-la
acima de toda a dúvida, pois aqui a falta de prova faz as vezes de confissão do
crime.
–– Na revisão criminal inverte-se o ônus da prova, de arte que ao condenado, como
seu autor, cumpre demonstrar que a sentença errou ou cometeu injustiça; se não,
85
impossível será julgar-lhe procedente o pedido.
–– Não é contrária à evidência dos autos decisão condenatória apoiada em laudo
pericial e nas palavras de testemunhas presenciais idôneas, antes se reputa bem
fundamentada, pois tem por si prova excelente (art. 621, nº I, do Cód. Proc.
Penal).
—“Evidência é o brilho da verdade que arrebata a adesão do espírito, logo à
primeira vista” (Hélio Tornaghi, Curso de Processo Penal, 1980, vol. II, p.
360).
— A Lei nº 11.464/07 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº
8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram todos os requisitos legais, faz jus ao benefício (art.
2º, § 2º).

Voto nº 10.763 — RevisÃo CRIMINAL Nº 848.644-3/3-00

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;


art. 621, nº I, do Cód. Proc. Penal.

— A história humana outra coisa não é que um oceano de erros, no qual triunfam, a
trechos, poucas e confusas verdades (César Beccaria, Dos Delitos e das Penas,
§ XVI).
— A confissão, os antigos já a reputavam documento de sumo alcance na pesquisa
da verdade real: “não é um meio de prova. É a própria prova, consistente no
reconhecimento da autoria por parte do acusado” (Vicente Greco Filho,
Manual de Processo Penal, 1997, p. 229).
— Nos casos de roubo, é a palavra da vítima a principal e mais segura fonte de
informação do Magistrado, pois manteve contacto com o seu autor e não se
propõe senão submetê-lo à Justiça. Pelo que, exceto lhe prove o réu que mentiu
ou se equivocou, suas declarações bastam a acreditar um decreto condenatório
(art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal).
— Contrária à evidência, ao parecer comum da doutrina, é a decisão que se
desabraça inteiramente das provas dos autos, de tal sorte que entre ela e o
86
conjunto probatório não há mais que franca oposição lógica (art. 621, nº I,
do Cód. Proc. Penal).
— No Juízo da Revisão Criminal cumpre ao condenado exibir provas cabais e
incontroversas da erronia ou injustiça da sentença, aliás nada poderá contra a
força da coisa julgada (art. 621, do Cód. Proc. Penal).
— Ao autor de roubo convém o regime fechado, que o aconselha não somente a
gravidade do crime, senão ainda sua personalidade infensa aos preceitos que
regem a comunhão social e caracterizam o viver honesto.
—“A periculosidade do agente, revelada pela prática do crime de roubo qualificado
pelo uso de arma e concurso de pessoas, pode constituir motivação bastante
para fixação do regime inicial fechado” (STF; Min. Maurício Corrêa; Rev.
Tribs., vol. 790, p. 540).

Voto nº 10.764 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.06.012708-0
Art. 2º, parág. único, do Cód. Penal;
arts. 149 e 202, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12, “caput”, § 1º e § 2º, nº II e 16, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas).

–– Ainda que o requeira a Defesa, não está obrigado o Juiz a ordenar seja o acusado
submetido a exame médico-legal, sem que haja dúvida sobre sua integridade
mental, ou alguma circunstância do processo lhe indique a necessidade da
realização da providência (art. 149 do Cód. Proc. Penal).
— Diretor do processo, toca ao Juiz aferir, com prudente arbítrio, da conveniência de
atender ou não a requerimento das partes. O princípio do livre convencimento,
que informa suas decisões, faculta-lhe dar de mão, aprioristicamente, àquelas
provas que saiba nada importarão ao desate do litígio, sendo pois de nenhuma ou
somenos valia.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro
de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do processo —,
“toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
87
— A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o tipo do art.
16 não se mostra atendível, se o réu trazia consigo e portava considerável
quantidade de substância entorpecente, pois tal circunstância revela que o tóxico
se destinava ao comércio ilícito, e não ao uso próprio.
— Fator de esclarecida e humana individualização da pena, será bem reduzi-la ao
réu condenado por infração do art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), que
satisfaça aos requisitos de seu § 4º.
— Por força do princípio da ultratividade da lei mais favorável (art. 2º, parág.
único, do Cód. Penal), é possível aplicar a diminuição de pena prevista no art.
33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas) aos casos de condenação pelo art.
12, “caput”, § 1º e § 2º, nº II, da Lei nº 6.368/76, mediante “recomposição
comparativa” das penas cominadas (cf. Vicente Greco Filho e João Daniel
Rassi, Lei de Drogas Anotada,2007, pp. 201/202).
— Temperar com a eqüidade o rigor da lei foi sempre timbre dos que distribuem
justiça, como advertiu o insigne Carlos Maximiliano: “Hoje a maioria absoluta
dos juristas quer libertar da letra da lei o julgador, pelo menos quando da
aplicação rigorosa dos textos resulte injusta dureza, ou até mesmo simples
antagonismo com os ditames da eqüidade. Assim, vai perdendo apologistas na
prática a frase de Ulpiano — durum jus, sed ita lex scripta est — duro Direito,
porém assim foi redigida a lei — e prevalecendo, em seu lugar, o summum jus,
summa injuria — do excesso de direito resulta a suprema injustiça”
(Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 170).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 10.765 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.052447-0
Arts. 14, nº II e 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
art. 12 da Lei nº 1060/50.

— Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo


comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se em
harmonia com outros elementos do processo.
— A confissão, máxime a prestada em Juízo, vale como prova do fato e de sua
autoria, se não ilidida por elementos de convicção firmes e idôneos. Donde a
antiga parêmia: “A confissão judicial é das melhores provas; quem confessa,
contra si profere a sentença” (apud Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, t. II, p. 530).
— No caso de não poder o réu ocorrer ao pagamento da taxa judiciária, é ao Juízo
de Direito da Vara das Execuções Criminais que deverá pleitear a respectiva
isenção ou parcelamento.

Voto nº 10.766 — agravo em execução Nº


990.08.051080-0
Art. 109, nº VI, do Cód. Penal;
88
art. 50, nº II, da Lei de Exec. Penal.

— Tem fomento de direito a tese de que a punição da falta disciplinar, desde que
não constitua crime, sujeita-se à prescrição administrativa de 2 anos — por
analogia com o art. 109, nº VI, do Cód. Penal —, servindo de termo “a quo”, na
hipótese de fuga, a data da recaptura do condenado (art. 50, nº II, da Lei de
Exec. Penal).
—“Diante da inexistência de legislação específica quanto ao prazo prescricional
para a aplicação de sanção disciplinadora, deve-se utilizar o disposto no art.
109 do Cód. Penal, levando-se em consideração o menor lapso prescricional,
qual seja, dois anos” (STJ; HC nº 60.176/SP; 5a. T.; relª. Minª. Laurita Vaz;
DJU 11.12.2006, p. 398).

Voto nº 10.767 — agravo em execução Nº


990.08.024574-0
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— “O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a


concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 10.768 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.043728-9


Art. 83, parág. único, do Cód. Penal;
Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 66, nº III, alínea b, 112 e 197, da Lei da Execução Penal;
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
89
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, Execução Penal, 11a. ed., p.
59).
— Ainda que instrumento processual de dignidade
constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi”
respeita a questões de alta indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário
não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82,
P. 2.561).
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alínea “b”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 10.773 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.046892-3


Arts. 112 e 197, da Lei de Execução Penal.

— Ainda que instrumento processual de dignidade


constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi”
respeita a questões de alta indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário
não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82,
p. 2.561).
—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a
concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).
90
Voto nº 10.774 — HABEAS cORPUS Nº
990.08.059220-3
Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, “caput” e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 10.775 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.026006-5

Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.776 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.041499-2


91
Art. 158, § 1º, do Cód. Penal;
art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, 35 e 44, da Lei nº 11.343/06.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

Voto nº 10.777 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.003958-5


Arts. 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal.

–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).
–– Se o acusado respondeu preso ao processo-crime por tráfico de entorpecente, será
verdadeira abusão lógica deferir-lhe o benefício da liberdade provisória após
sua condenação, pois entre os efeitos da sentença condenatória recorrível inclui-
se precisamente o de “ser o réu conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
92
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda
contava ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito
subjetivo depois de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de
sua culpabilidade.

Voto nº 10.778 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.115341-6


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
— “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.779 — agravo em execução Nº


990.08.056458-7
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a


concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 10.780 — gravo em a execução Nº


990.08.008522-0
Art. 121, § 2º, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei da Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
93
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.

Voto nº 10.781 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.045511-7
Arts. 213 e 224, alínea c, do Cód. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— Tem a palavra da vítima importância capital nos casos de estupro. Se ajustada


ao conjunto probatório dos autos, enseja condenação: ao cabo de contas,
ninguém se reputa mais apto a discorrer das circunstâncias e autoria do crime que
a pessoa que diretamente lhe padeceu os agravos físicos e morais.
— A palavra da vítima de estupro tem valor inquestionável na apuração das
circunstâncias do fato criminoso e na identificação de seu autor, pois repugna à
condição da mulher, sobretudo se casada e de vida honesta, faltar à verdade em
matéria que, por sua infâmia e opróbrio, lhe imprimiu na alma um como estigma
indelével (art. 213 do Cód. Penal).
—“O direito de defesa compreende até mesmo o direito de mentir” (Nélson
94
Hungria, Comentários ao Código Penal, 1958, vol. IX, p. 280).
— O regime fechado, no início, para o autor de estupro (art. 213 do Cód. Penal),
crime do número dos hediondos, decorre da vontade expressa da lei (art. 2º, § 1º,
da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 10.782 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.008156-0

Arts. 69, 71, 72, 157, § 2º, ns. I, II e V, 158, § 1º, do Cód. Penal.

— A palavra da vítima, se não contestada com firmeza pela prova dos autos, pode
ensejar a condenação de autor de roubo, uma vez que, protagonista do fato
delituoso, é a principal interessada na realização de justiça.
— A confissão, máxime a prestada em Juízo, vale como prova do fato e de sua
autoria, se não ilidida por elementos de convicção firmes e idôneos. Donde a
antiga parêmia: “A confissão judicial é das melhores provas; quem confessa,
contra si profere a sentença” (apud Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, t. II, p. 530).
— Crimes da mesma espécie, o roubo e a extorsão, quando praticados nas
circunstâncias do art. 71 do Cód. Penal, configuram continuidade delitiva, não
concurso material de infrações. É desse número, portanto, o caso de delinqüentes
que, após consumar o roubo, “forçam a vítima a acompanhá-los à caixa
eletrônica para sacar o dinheiro” (cf. Rev. Tribs., vol. 765, p. 572).
— O regime fechado, no início, é o que unicamente se aproposita ao autor de roubo
(crime da última graveza e abjeção), que argúi em quem o pratica entranhada
rebeldia à disciplina social.

Voto nº 10.783 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.06.041682-0
Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 16, da Lei nº 6.368/76.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo


a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o tipo do art. 16
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo e guardava na residência
considerável quantidade de substância entorpecente acondicionada em pacotes,
95
apreendidos pela Polícia juntamente com pedaços de plástico e fita adesiva,
pois tais circunstâncias revelam que o tóxico se destinava ao comércio ilícito, e
não ao uso próprio.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente
— e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 10.784 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.06.003710-2

Arts. 71, 214 e 224, alínea a, do Cód. Penal.

— A confissão, máxime se feita perante o Magistrado, tem o caráter de prova


ilustríssima; segundo o famoso Ulpiano, equipara-se não menos que à coisa
julgada: “Confessio habet vim rei judicatae”.
—“A confissão judicial tem valor absoluto e, ainda que seja o único elemento de
prova, serve como base à condenação” (Rev. Tribs., vol. 744, p. 573).
— Tem a palavra da vítima importância capital nos crimes contra a liberdade
sexual. Se ajustada ao conjunto probatório dos autos, enseja condenação: ao
cabo de contas, ninguém se reputa mais apto a discorrer das circunstâncias e
autoria do crime que a pessoa que lhe padeceu diretamente os agravos físicos e
morais (art. 214 do Cód. Penal).
— No geral consenso dos doutos, a punição deve medir-se pelo delito.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente
— e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 10.785 — RevisÃo CRIMINAL Nº 993.05.049189-


7
Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 156 e 621, nº I, do Cód. Proc. Penal.
— No julgamento da revisão criminal, é dever do Juiz reexaminar a prova dos
autos, em ordem a prevenir os efeitos de decisão eventualmente proferida contra
a lei e o Direito.
— As declarações da vítima, se minuciosas e verossímeis, podem justificar a
condenação do autor do roubo: pessoa que sofreu diretamente a ameaça ou
violência, é a que está em melhores condições de identificá-lo e descrever-lhe a
ação criminosa.
— É consumado o roubo se o agente, embora por breve lapso de tempo, logrou a
posse mansa e tranqüila da coisa, longe da esfera de vigilância da vítima.
96
— No Juízo da Revisão Criminal cumpre ao condenado exibir provas cabais e
incontroversas da erronia ou injustiça da sentença, aliás nada poderá contra a
força da coisa julgada (art. 621, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 10.786 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.045218-5
Arts. 14, nº II e 155, § 4º, nº III, do Cód. Penal;
arts. 594 e 600, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, ns. LXVIII e LVII, da Const. Fed.

— Segundo o magistério dos Tribunais, a falta de razões não induz nulidade ao


processo, no caso de apelante com advogado constituído e regularmente intimado
para manifestar-se nos termos do art. 600 do Cód. Proc. Penal.
— Embora o silêncio do acusado seja direito que lhe assegura a Constituição Federal
(art. 5º, nº LXVIII), recebe-se de ordinário por confissão de culpa, em face da
repugnância lógica em respeito ao estado de inocência. O inocente, quando
injustamente incriminado, não apenas se revolta contra o acusador, mas protesta
em altos brados. Donde a conseqüência lógica de que, salvo se mudo “a
nativitate” ou inibido por invencível coação física ou moral, aquele que se
refugiou no silêncio nisto mesmo deu a conhecer seu delito.
— Para a caracterização da qualificadora de chave falsa (art. 155, § 4º, nº III, do
Cód. Penal), é irrelevante não tenha sido apreendido o instrumento que fez as
vezes da chave verdadeira, se o exame pericial lhe comprovou a utilização na
prática do furto.
— O regime de máximo rigor é unicamente o compatível com a personalidade
daquele que, por sua extensa biografia penal, revela decidida vocação para a vida
de crimes.

Voto nº 10.787 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.065059-9


Arts. 14, nº II e 155, “caput”, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
— “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.788 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.076784-4


Art. 112 da Lei da Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 33 da Lei nº 11.343/06;
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
97
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev.
Tribs., vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.789 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.039949-7


Art. 66, nº III, alíneas b e f, 112 e 197, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Ainda que instrumento processual de dignidade
constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi”
respeita a questões de alta indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário
não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82,
P. 2.561).
—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a
concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 10.790 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.018786-4


Arts. 29 e 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— HABEAS CORPUS – Pedido de liberdade
98
provisória – Roubo praticado mediante concurso de agentes – Necessidade
da custódia cautelar – Ordem denegada.
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
–– Não há averbar de falta de fundamentação a decisão que encerra base jurídica e
fática bastante a garantir-lhe a validade. Tratando-se de roubo, crime de extrema
gravidade, a necessidade e a conveniência da decretação da custódia cautelar
como que se presumem.

Voto nº 10.791 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.077368-2


Art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 16 da Lei nº 10.826/03;
arts. 33 e 35 da Lei nº 11.343/06.

–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).
–– Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).

Voto nº 10.792 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.056749-7


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
99
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 10.793 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.061455-0


Art. 112 da Lei da Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464,
em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução
Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU
19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.794 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.061452-5


Arts. 12 e 18, nº III, da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos);
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
100
— Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixe alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).

Voto nº 10.795 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.044831-5
Arts. 33, 43, nº IV, 46, 64, nº I e 155, “caput”, § 2º, do Cód. Penal.

— Feita em Juízo, tem a confissão do réu valor absoluto, porque estreme de


eventuais defeitos que a podiam viciar, como a coação moral. Rainha das provas
(“regina probationum”) chamavam-lhe os velhos praxistas, e tal apanágio ainda
lhe reconhece a jurisprudência dos Tribunais; pelo que, autoriza a edição de
decreto condenatório.
—“É sumamente tranqüilizador para a consciência do Juiz ouvir dos lábios do réu
uma narrativa convincente do fato criminoso com a declaração de havê-lo
praticado” (Hélio Tornaghi, Curso de Processo Penal, 1980, vol. I, p. 381).
—“Embora o Código Penal empregue a expressão pode, a aplicação do privilégio,
desde que presentes as suas circunstâncias, é obrigatória. Não se trata de
simples faculdade, no sentido, de poder o juiz reduzir (ou substituir) ou não a
pena. É um direito do réu” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a.
ed., p. 566).

Voto nº 10.796 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.050340-5
Arts. 14, nº II, 33, § 2º, alínea b, 155, § 4º, nº IV e 168, do Cód. Penal.

— Até à sentença pode o Juiz corrigir erro da denúncia quanto à capitulação legal
do crime (“emendatio libelli”), conforme orientação do STF (Rev. Trim. Jurisp.,
vol. 79, p. 95).
— A confissão extrajudicial do réu, exceto se provar que a fez sob coação, é
valiosa para aferir-lhe a culpabilidade, sobretudo se em harmonia com os mais
elementos do processo, e pode legitimar decreto condenatório.
— Se de curta duração a pena privativa de liberdade, e cometido o crime sem
violência, não é defeso ao Juiz determinar que o réu a cumpra sob o regime
semi-aberto, ainda que reincidente. O que lhe taxativamente proíbe a lei é
conceder o benefício ao reincidente condenado a pena superior a 4 anos (cf. art.
33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).

Voto nº 10.797 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.074315-5
Arts. 14, nº II e 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal;
arts. 386, nº III e 580, do Cód. Proc. Penal;
art. 14 da Lei nº 10.826/03;
arts. 5º, “caput” e 144, da Const. Fed.

— Conforme a lição abalizada de E. Magalhães Noronha, “em nosso Código, não


101
são puníveis os atos preparatórios” (...). Para nossa lei, só há tentativa
quando há ato de execução” (Direito Penal, 2a. ed., vol. I, p. 155).
— Incorre em crime e, pois, sujeita-se às penas da lei aquele que, sem licença da
autoridade, mantém sob guarda arma de fogo, nada importando a inexistência de
perigo concreto (art. 14 da Lei nº 10.826/03).
—“A ratio legis reside exatamente nisso: para proteger direitos fundamentais do
homem, como a vida, o legislador antecipa a punição a fatos que, de acordo com
a experiência, conduzem à lesão de bem de valor supremo” (Damásio E. de
Jesus, Direito Penal do Desarmamento, 5a. ed., p. 44).

Voto nº 10.798 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.052391-0
Art. 59 do Cód. Penal;
art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 33 da Lei nº 11.343/06.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo


a idéia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód.
Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas
penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a
Juízo para mentir.
— Com respeito aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples
condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº
51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 187).
— A desclassificação do crime do art. 33 da Lei nº 11.343/06 para o tipo do art. 28
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo considerável quantidade de
substância entorpecente acondicionada em pacotes, apreendidos pela Polícia, pois
tais circunstâncias revelam que o tóxico se destinava ao comércio ilícito, e não
ao uso próprio.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007, atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento
de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 —
ou 3/5, se reincidente — e conspiram os mais requisitos legais,
faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 10.799 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.009705-9
Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas);
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.
102
— Repugna à razão isto de alguém aguardar, com resignação de Jó, o
momento do interrogatório judicial, para só então lavrar seu eloqüente protesto
de inocência. O que prefere o silêncio – aliás, direito que a Constituição da
República assegura a todo o acusado (art. 5º, nº LXIII) – é certo que não confessa
a autoria do delito, mas também não a nega.
— Postergar a autodefesa é risco tão grande, que somente correm
aqueles que, bem cientes de sua culpa, nada ou pouco se lhes dá
que a própria liberdade se deite a perder. O homem inocente e
que se acha em seu acordo e razão, esse não espera pela
undécima hora: apenas o acusem injustamente, logo se defende
com todo o vigor de sua palavra. Donde o haverem os romanos
cunhado a sentenciúncula: “qui tacet, consentire videtur” (o que,
vertido em vulgar, soa: quem cala, consente).
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente
impõe-se demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram
à verdade ou caíram em erro de informação. É que, na busca da
verdade real — alma e escopo do processo —, “toda pessoa
poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 10.800 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.058908-3
Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 – Lei de Drogas;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.
— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de
injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela
Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo
adverso.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06 – Lei de Drogas).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e
escopo do processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha”
(art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— Fator de esclarecida e humana individualização da pena, será bem reduzi-la ao
réu condenado por infração do art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), que
satisfaça aos requisitos de seu § 4º.
— Temperar com a eqüidade o rigor da lei foi sempre timbre dos que distribuem
justiça, como advertiu o insigne Carlos Maximiliano: “Hoje a maioria absoluta
dos juristas quer libertar da letra da lei o julgador, pelo menos quando da
aplicação rigorosa dos textos resulte injusta dureza, ou até mesmo simples
antagonismo com os ditames da eqüidade. Assim, vai perdendo apologistas na
prática a frase de Ulpiano — durum jus, sed ita lex scripta est — duro Direito,
porém assim foi redigida a lei — e prevalecendo, em seu lugar, o summum jus,
summa injuria — do excesso de direito resulta a suprema injustiça”
(Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 170).

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