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Voto nº 10.801 — agravo em execução Nº


993.08.012095-1
Art. 213 do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X , da Const. Fed.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de
Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da
pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e
refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a
mudança para regime prisional mais brando.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
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Voto nº 10.802 — agravo em execução Nº


990.08.019277-4
Art. 159 do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.803 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.039408-3


Art. 288 do Cód. Penal;
art. 1º da Lei nº 8.137/90.

–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).
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Voto nº 10.804 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.07.119877-3
Arts. 29, § 1º, 69, 70 e 72, do Cód. Penal;
arts. 41, 202, 383, 384, parág. único, 393, nº I, 569 e 594, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, § 1º, nº I, 34, 35, 62, § 11 e 63, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas).

— Não é inepta a denúncia que permite ao réu o exercício do direito de ampla


defesa. Eventual preterição de requisito do art. 41 do Cód. Proc. Penal pode
suprir-se até à sentença final (art. 569 do Cód. Proc. Penal).
— “Se a denúncia narra fato que permite adequação típica, ela não é, formalmente,
inepta (art. 41 do CPP)” (STJ; Jurisprudência, vol. 105, p. 303; rel. Min. Félix
Fischer).
— Para autorizar decreto condenatório basta a confissão judicial do réu. Deveras, é
axioma de Direito que “a confissão da parte releva de outra prova” (cf.
Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, t. II, p. 530).
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06 – Lei de Drogas).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos
policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de
policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU
7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 187).
— Segundo a comum opinião dos doutores, o benefício da redução da pena (art.
33, § 4º, da Lei nº 11.343/06) não se defere senão ao traficante esporádico ou
eventual, jamais ao que se associa para a prática do tráfico ilícito de drogas,
porque é em especial contra esse que se levanta o braço implacável da lei.
— É de razão reconhecer hipótese de concurso formal entre os tipos previstos nos
arts. 33, § 1º, nº I, e 34 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), pois num contexto
fático único o agente pratica dois crimes (art. 70 do Cód. Penal).
— À luz da melhor doutrina, a causa de diminuição de pena do art. 29, § 1º, do Cód.
Penal (participação de menor importância) “só tem aplicação quando a
conduta do partícipe demonstra leve eficiência” (cf. Damásio E. de Jesus,
Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 145).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— Para que se decrete a perda a que se refere o art. 62, § 11, da Lei 11.343/06 (Lei
de Drogas), “há necessidade de um nexo etiológico entre o delito e o objeto
utilizado para a sua prática” (Vicente Greco Filho, Lei de Drogas Anotada,
2007, p. 187).
—“Conceito da expressão utilizados. O termo deve ser interpretado restritivamente,
no sentido de que o confisco só deve recair sobre objetos materiais que sirvam
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necessariamente para a prática do crime” (Damásio E. de Jesus, Lei
Antitóxicos Anotada, 2005, p. 193).

Voto nº 10.805 — agravo em execução Nº


990.08.066130-2
Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei n º
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
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Voto nº 10.806 — agravo em execução Nº


990.08.054066-1
Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei n º
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
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Voto nº 10.807 — agravo em execução Nº


990.080.61632-3
Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464,
em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução
Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU
19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

a
Voto nº 10.808 — PELAçÃO RIMINAL Nº c
993.08.033264-9
Arts. 14, nº II, 29, 33, § 2º, alínea b, 59 e 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal.

— No caso de roubo, tem a palavra da vítima extraordinária importância para


comprovar-lhe a materialidade e a autoria: parte precípua no evento criminoso, é
a que está em melhores condições de, à luz da verdade sabida, reclamar a punição
unicamente do culpado.
— Há tentativa de roubo se o agente, após empregar violência contra a vítima, não
logra subtrair-lhe os bens.
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— Não há proibição legal de que o Juiz conceda ao condenado não-reincidente a
pena inferior a 8 anos o benefício do regime semi-aberto; o Código Penal, o que
veda às expressas é que se conceda ele ao réu condenado a pena superior a 8 anos
(não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos
(art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).
—“A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui
motivação idônea para imposição de regime mais severo do que o permitido
segundo a pena aplicada” (Súmula nº 718, do STF).

Voto nº 10.809 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.049874-6

Arts. 310, parág. único, 312 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica
motivos de força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de
carta precatória para o interrogatório do réu, termo essencial do processo e
franca oportunidade de obtenção de prova, imprescindível à busca da verdade
real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou
contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do
Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões,
também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso”
(O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem
a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem
contra si a presunção de periculosidade.
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Voto nº 10.810 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.034905-8


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 362, 563 e 566, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
–– Inadmissível, no âmbito do “habeas corpus”, por suas características especiais e
rito sumaríssimo, discutir a injustiça de sentença condenatória. Questão que
implica exame aprofundado dos autos da ação penal somente poderá ser tratada
na via ordinária da apelação ou da revisão criminal.
–– A finalidade precípua do “habeas corpus” é a tutela do direito deambulatório,
segundo a lição do eminente Pedro Lessa: “É exclusiva missão do habeas
corpus garantir a liberdade individual na acepção restrita, a liberdade física, a
liberdade de locomoção” (apud M. Costa Manso, O Processo na Segunda
Instância, 1923, p. 390).
––“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Contra o parecer de notáveis juristas, que sustentam não ser o
“habeas corpus” meio apropriado a impugnar decisão de que
caiba recurso ordinário, mostra-se de bom exemplo conhecer da
impetração, porque, em tese, passa pelo remédio jurídico-
processual mais célere e eficaz para conjurar abusos e
ilegalidades contra o direito à liberdade de locomoção do
indivíduo (art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.).
–– Nulidade de ato processual somente se declara em face de prova
plena e incontroversa de prejuízo às partes, ou se “houver
influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da
causa” (arts. 563 e 566 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 10.813 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.059486-9


art. 157, “caput”, §§ 1º e 3º, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
9
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.814 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.043080-7


Art. 299 do Cód. Penal;
arts. 647 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 4º, § 1º, “in fine” da Lei nº 1.060/1950 (Lei de Assistência Judiciária).

–– Embora a mentira não deva entrar no templo da Justiça, que lhe fecha de contínuo
as portas como a inimigo público, a conduta do sujeito que faz declaração falsa
de pobreza para beneficiar-se de assistência judiciária gratuita não incorre em
crime, pelo que não há indiciá-lo em inquérito policial por falsidade ideológica
(art. 299 do Cód. Penal).
–– A lição do incomparável Nélson Hungria é, ao propósito, sempre invocada:
“Cumpre notar que a declaração prestada pelo particular deve valer, por si
mesma, para a formação do documento. Se o oficial ou funcionário público (que
recebe a declaração) está adstrito a averiguar, propriis sensibus, a fidelidade da
declaração, o declarante, ainda quando falte à verdade, não cometerá ilícito
penal” (Comentários ao Código Penal, 1958, vol. IX, p. 280).
–– Sob pena de constituir violência contra o “status dignitatis” do indivíduo, a
instauração de persecução penal unicamente se admite em face de prova cabal
da existência do crime e de indícios veementes de sua autoria.
–– Comprovada a falta de justa causa, ou de fundamento razoável para a acusação,
será força obstar à persecução penal, em obséquio ao “status dignitatis” do
indivíduo, que deve estar ao abrigo de procedimentos ilegítimos e temerários.

Voto nº 10.815 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.059432-0
Arts. 14, nº II, 71 e 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal;
art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal.

— Está acima de crítica a decisão que condena por furto o sujeito detido na posse do
produto do crime (art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal).
— A apreensão das “res furtivae” em poder do réu, sem que o justifique pronta e
satisfatoriamente, firma a certeza de sua culpabilidade, máxime se em harmonia
com o conjunto probatório.

Voto nº 10.816 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.070482-6


Arts. 386, nº VII e 659, do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
10
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.817 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.054200-1


Arts. 312 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 35 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 10.818 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.047684-0


Arts. 69, 129, “caput”, 163, parág. único, nº III e 329, § 2º , do Cód. Penal;
art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
11
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica
motivos de força maior, a cujo número pertence a instauração de incidente de
verificação de dependência toxicológica, pleiteada pela Defesa.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato (i.e., a demora na realização de
exame de incidente de insanidade mental), não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que representa benefício para o réu. Eis a razão por que, no caso de força maior,
dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 10.819 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.052715-0


arts. 312 e 659, do Cód. Proc. Penal.

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio
sentença condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José
Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).
— Segundo a comum opinião dos doutores, a prisão cautelar é necessária, se “a
permanência do réu, livre e solto, possa dar motivo a novos crimes, ou cause
repercussão danosa e prejudicial ao meio social” (José Frederico Marques,
Elementos de Direito Processual Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 49).

Voto nº 10.820 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.004780-9


Arts. 109, nº V e 155, § 1º, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

––“Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade,


deverá declará-lo de oficio” (art. 61 do Cód. Proc. Penal).
––“A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final (...), regula-se pelo
máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime” (art. 109 do Cód.
Penal).
— “Não decorrido o necessário lapso temporal, não se reconhece a prescrição”
(STJ; HC nº 9241/SP; 5a. T., rel. Min. Edson Vidigal; DJU 11.10.99, p.76; v.u).

Voto nº 10.821 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.059374-9
Arts. 16, 33 e 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal.

— Está acima de crítica a decisão que condena por furto o sujeito detido na posse do
produto do crime (art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal).
— A apreensão das “res furtivae” em poder do réu, sem que o justifique pronta e
satisfatoriamente, firma a certeza de sua culpabilidade, máxime se em harmonia
com o conjunto probatório.
— A causa de diminuição da pena pelo arrependimento posterior não se aplica às
hipóteses em que o bem subtraído à vítima lhe é restituído pela ação da Polícia,
não por ato voluntário do agente (art. 16 do Cód. Penal).
— Ao renitente e empedernido autor de furtos, que se atira sem freios à estrada
12
tortuosa dos ilícitos penais, só o regime prisional fechado lhe servirá de
contenção do impulso criminoso e de forma de reparação do mal que causou à
sociedade.
— Pode o Juiz permitir que o réu, ainda que infrator contumaz, cumpra sob o regime
semi-aberto sua pena, se de curta duração e cometido o crime sem violência a
pessoa (art. 33 do Cód. Penal).

Voto nº 10.822 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.016507-6
Arts. 71, 213 e 214, do Cód. Penal.

—“Não conheço crime mais repugnante, mais merecedor de severa punição do que
o estupro. Ele revela no delinqüente a existência dominante dos mais grosseiros
e brutais instintos, a falta absoluta de cavalheirismo, de generosidade, de
respeito pela mulher, que é o sinal distintivo de uma natureza nobre. As
conseqüências do crime são indeléveis para a vítima” (Os Delitos contra a
Honra da Mulher, 1936, p. 135).
— Crimes contra a liberdade sexual, a jurisprudência do Tribunal de Justiça do
Estado de São Paulo tem admitido continuidade delitiva entre estupro e
atentado violento ao pudor, se praticados nas circunstâncias do art. 71 do Cód.
Penal (arts. 213 e 214 do Cód. Penal).
— O crime continuado, instituto nascido da eqüidade, é uma “fictio juris”
destinada a evitar o cúmulo material de penas (cf. José Frederico Marques,
Curso de Direito Penal, 1956, vol. II, p. 354).
— No crime continuado, mais do que a unidade de ideação, prevalecem os
elementos objetivos referidos no art. 71 do Cód. Penal e a conveniência de
remediar o exagero punitivo, que não corrige o infrator, senão que o revolta e
embrutece, por frustrar-lhe a esperança de realizar, em tempo razoável e justo, o
sonho da liberdade.

Voto nº 10.824 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.06.000632-0
Arts. 29 e 121, § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
art. 593, III, d, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº XXXVIII, alínea c, da Const. Fed.

–– Em face da soberania constitucional de suas decisões, os veredictos do Júri não


se anulam, exceto se em contradição manifesta com a prova dos autos, ou em
caso de corrupção ou prevaricação dos jurados. Contrária à prova dos autos é
somente aquela decisão que neles não depara fundamento algum.
–– Torpe é o motivo moralmente reprovável, abjeto e desprezível, indicativo de
depravação espiritual do sujeito (cf. Damásio E. de Jesus, Código Penal
Anotado, 18a. ed., p. 406).
— Configura-se a qualificadora da surpresa (art. 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal),
se o agente, ao encontrar a vítima, desfere-lhe de inopino tiros de revólver em
13
região nobre, impossibilitada toda a defesa.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes hediondos (Lei
nº 8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento
de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).

Voto nº 10.825 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.068024-2


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.826 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.057837-5


Art. 157 do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
—“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.827 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.064236-7


Arts. 14, nº II e 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).

Voto nº 10.828 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.037389-2


Art. 70, 1a. parte, do Cód. Penal;
art. 386, nº III, do Cód. Proc. Penal;
arts. 14 e 16, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento);
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
14
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixe alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).

Voto nº 10.829 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.035078-1


Arts. 14, nº II, 29, 69, 148, § 2º, 158, § 1º, 288, parág. único, 299, parág. único,
e 316, do Cód. Penal;
arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 10.831 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.044518-4


Art. 157 do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.
15
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já
cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará
prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio
sentença condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José
Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).

Voto nº 10.832 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.059186-0

Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 10.833 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.018819-4

Arts. 70, “caput” e 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal;


arts. 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a
questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava
ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo
16
depois de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua
culpabilidade.
–– Segundo entendimento pacífico do STF, a disposição do art. 594 do Cód. Proc.
Penal não se aplica a réu preso em razão de flagrante ou preventiva (cf.
Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 474).

Voto nº 10.834 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.040711-2


Art. 105, nº I, alínea f, da Const. Fed.

— Não cabe ao Tribunal de Justiça do Estado, senão ao Superior Tribunal de Justiça,


“para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas
decisões” (art. 105, nº I, alínea f, da Const. Fed.), julgar de reclamação por
alegado descumprimento, pelo Juízo de Primeiro Grau, de medida liminar
deferida em “habeas corpus” por aquela Alta Corte.
—“O habeas corpus, ação constitucional destinada a afastar coação ou violência
ao direito de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder, não é instrumento
processual próprio para ordenar urgência em julgamento de competência de
instâncias inferiores” (HC nº 3.555; rel. Min. Vicente Leal; DJU 11.3.96, p.
6.658).

Voto nº 10.835 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.047862-1


Arts. 66, nº III, alíneas b e f, 112 e 197, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Ainda que instrumento processual de dignidade
constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi”
respeita a questões de alta indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário
não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82,
P. 2.561).
—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a
concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 10.836 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.061387-1


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
17
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixe alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).

Voto nº 10.837 — RevisÃo CRIMINAL Nº 993.05.016311-


3
Art. 59 do Cód. Penal;
arts. 156, 580 e 621, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12, 16 e 18, nº III, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 33 da Lei nº 11.343/06.

— Embora não deva ter a natureza de segunda apelação, é a revisão criminal


benefício instituído em prol do condenado, com o escopo de obviar erros em que
geralmente caem os Juízes, suposta a imperfeição do espírito humano. Ao
demais, última oportunidade que a Lei dá ao réu para provar sua inocência, não é
bem mandá-lo mal despachado sem primeiro ouvi-lo de sua justiça.
— Na revisão criminal inverte-se o ônus da prova, de tal arte que ao condenado, na
conta de autor, incumbe demonstrar que a sentença caiu em erro ou praticou
injustiça (art. 156 do Cód. Proc. Penal).
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o tipo do art. 16
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo e guardava na residência
considerável quantidade de substância entorpecente acondicionada em pacotes,
apreendidos pela Polícia juntamente com pedaços de plástico e fita adesiva, pois
tais circunstâncias revelam que o tóxico se destinava ao comércio ilícito, e não
ao uso próprio.
— A causa de aumento de pena do art. 18, nº III, da Lei nº 6.368/76 (“decorrer de
associação”), já não subsiste e, pois, não pode ser reconhecida à luz da nova Lei
de Drogas (Lei nº 11.343/06), que previu a circunstância apenas como crime
autônomo (art. 35).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 10.838 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.129401-0


Art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.
18
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio
sentença condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José
Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).

Voto nº 10.839 — embargos infringentes Nº 993.06.116694-


1/01
Arts. 44, § 2º, 45 e 311, do Cód. Penal;
art. 386, nº III, do Cód. Proc. Penal;
arts. 114, 115 e 221, do Código de Trânsito.

— À luz da jurisprudência do STJ, a alteração, adulteração ou remarcação de placa


de veículo automotor aperfeiçoa o tipo do art. 311 do Cód. Penal (cf Rev. Tribs.,
vol. 772, pp. 541-542).
— “A conduta de substituir placas de veículo enquadra-se nos núcleos do tipo penal
em exame (art. 311 do Cód. Penal), pois pode configurar mudança, alteração
por meio de qualquer modificação, remarcação com alteração ou colocação de
nova marca” (STJ; REsp nº 769.290/SP; 5a. Turma; rel. Min. Gilson Dipp;
DJU 6.3.2006, p. 438).

Voto nº 10.840 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.011097-2
Art. 302, parág. único, nº IV, da Lei nº 9.503/97 (Código de Trânsito).

— Incorre nas penas do art. 302 do Código de Trânsito


(homicídio culposo), por sua manifesta negligência, o motorista
que, trafegando em rodovia, perde o controle de seu veículo em
razão do estouro de pneu dianteiro, excessivamente
desgastado pelo uso, e fá-lo capotar várias vezes, causando a
morte de passageiro.
— O estouro do pneu, a jurisprudência dos Tribunais não o considera caso fortuito,
senão efeito do proceder negligente do proprietário do veículo, se o trazia em
más condições de segurança, como, “verbi gratia”, muito gasto ou “careca”.
—“Quem trafega com veículo equipado com pneumáticos gastos, máxime os
dianteiros, não pode alegar imprevisibilidade de acidente decorrente de seu
estouro” (JTACrSP, vol. 31, p. 351; rel. Xavier Honrich).
— A suspensão da habilitação para dirigir veículo automotor é pena cumulativa no
delito de homicídio culposo no trânsito, como se entende do teor literal do art.
302 da Lei nº 9.503/97 (Código de Trânsito).

a
Voto nº 10.841 — PELAçÃO RIMINAL Nº c
990.08.046378-0
19
Arts. 14, nº II, 24 e 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal.

— A confissão judicial, por seu valor absoluto — visto se presume feita


espontaneamente —, basta à fundamentação do edito condenatório.
— A palavra da vítima é em extremo valiosa, máxime nos processos de roubo,
visto representa o primeiro e mais eficaz elemento de identificação de seu autor.
—“A alegação de estado de necessidade não é admissível em face da prática de
roubo, principalmente quando o sujeito emprega arma” (Damásio E. de Jesus,
Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 584).
—“A periculosidade do agente, revelada pela prática do crime de roubo qualificado
pelo uso de arma e concurso de pessoas, pode constituir motivação bastante
para fixação do regime inicial fechado” (Rev. Tribs., vol. 790, p. 540; rel. Min.
Maurício Corrêa).
— O regime prisional fechado é, pelo comum, o próprio de autor de roubo, crime
grave e fator de permanente inquietação social.

Voto nº 10.842 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.055847-1
Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, § 4º, e 40, nº VI, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas).

— A confissão do réu na Polícia, ainda que repudiada em Juízo, pode justificar


decreto condenatório, se em harmonia com os mais elementos de convicção dos
autos; ao seu aspecto intrínseco é que se deve atender, não à circunstância do
lugar onde a presta o confitente.
—“Para os chamados penalistas práticos, a confissão do acusado se equiparava à
própria coisa julgada, como ensinava Farinácio: Confessio habet vim rei
judicatae” (José Frederico Marques, Estudos de Direito Processual Penal, 1a.
ed., p. 290).
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33 da Lei de Drogas).
— Fator de esclarecida e humana individualização da pena, será bem reduzi-la ao
réu condenado por infração do art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), que
satisfaça aos requisitos de seu § 4º.
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 10.843 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.06.118125-8
Arts. 70, 157, § 2º, ns. I e II, 288, parág. único, do Cód. Penal;
art. 386, nº VII, do Cód. Proc. Penal;
art. 1.196 do Cód. Civil.

—“Para os chamados penalistas práticos, a confissão do acusado se equiparava à


própria coisa julgada, como ensinava Farinácio: Confessio habet vim rei
judicatae” (José Frederico Marques, Estudos de Direito Processual Penal, 1a.
ed., p. 290).
— Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo
20
comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se a
roborarem outros elementos do processo.
— Diz-se consumado o roubo se o agente, ainda que por breve lapso de tempo, teve
a posse desvigiada da coisa subtraída à vítima mediante violência ou grave
ameaça.
— O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos autos. Se
elas não indicam com segurança a culpa do réu, será força pronunciar o “non
liquet” e absolvê-lo.
— Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são
necessárias, para sua condenação, provas tão claras como a luz meridiana:
“probationes luce meridiana clariores” (cf. Giovanni Brichetti, L’Evidenza nel
Diritto Processuale Penale, 1950, p. 111).
— É, por força, o regime prisional fechado o mais compatível com o autor de roubo,
sobretudo se indivíduo que ostenta copiosos traços negativos de personalidade e
se consagrou abertamente à vida fora da lei, de todo infenso às regras que
disciplinam a convivência humana.

Voto nº 10.844 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.072291-3


Arts. 14, nº II e 155, § 4º, nº II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único e 659, do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.845 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.077451-4


Arts. 155, § 4º, nº IV, e 288, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.846 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.018865-8


Art. 157, “caput”, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
21
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio
sentença condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José
Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).

Voto nº 10.847 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.045692-0


Arts. 312 e 659, do Cód. Proc. Penal.

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio
sentença condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José
Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).

Voto nº 10.848 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.085982-0


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 10.849 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.055241-4


arts. 14, nº II e 157, § 3º, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
22
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464,
em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução
Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU
19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.850 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.066358-5


art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 33 da Lei nº 1.343/06;
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
23

Voto nº 10.851 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.067059-0


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.

Voto nº 10.852 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.059605-5


Art. 83 do Cód. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter livramento condicional, pois se trata de matéria em que, por
previsão de lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.

Voto nº 10.853 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.079669-0


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a


permanência do condenado em estabelecimento penal próprio
do regime fechado, enquanto aguarda vaga no semi-aberto.
Ditada por força maior ou razão de ordem superior invencível,
tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana: todo o
infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada
em grau menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
24
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 10.854 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.131937-3


Art. 105, nº I, alínea f, da Const. Fed.

–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 10.855 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.054476-4
Arts. 202 e 381, do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
arts. 28, 33, § 4º e 40, nº VI, da Lei nº 11.343/06 – Lei de Drogas.

—“Não é inepta a denúncia que proporciona ao acusado a plena defesa assegurada


pela Constituição Federal” (cf. STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 85, p. 70).
— Sentença que, em operação lógica do espírito, deduz de vigoroso contingente
probatório a culpabilidade do agente não tolera a nota de mal fundamentada,
antes será padrão muito de imitar, pois encerra todos os requisitos substanciais
para sua validade (art. 381 do Cód. Proc. Penal).
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06 – Lei de Drogas).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente
impõe-se demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram
à verdade ou caíram em erro de informação. É que, na busca da
verdade real — alma e escopo do processo —, “toda pessoa
poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos
policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de
policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU
7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 187).
— A desclassificação do crime do art. 33 da Lei de Drogas para o tipo do art. 28
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo considerável quantidade de
substância entorpecente, que a Polícia apreendeu, pois tal circunstância revela
que se destinava ao comércio ilícito, e não ao uso próprio.
25

Voto nº 10.856 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.07.113057-5
Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
arts. 28 e 33, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas).

— A condenação pelo crime do art. 33 da Lei de Drogas – atenta a severidade da


pena e a espécie de regime prisional a que estará sujeito o infrator – pressupõe a
certeza do comércio nefando, e não sua simples probabilidade. Conjecturas com
base na elevada quantidade da substância entorpecente apreendida, por si só, não
podem supri-la. É que a dúvida, na Justiça Criminal, aproveita sempre ao réu:
“In dubio pro reo”.
— Ainda que considerável a quantidade de substância entorpecente apreendida na
posse do réu, é prudente o Magistrado que desclassifica para o tipo do art. 28 da
Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas) o crime previsto em seu art. 33, se a prova dos
autos lhe não revelou, acima de dúvida sensata, ser caso de tráfico.
— Na dúvida se o acusado é traficante ou usuário de droga, deve prevalecer a
hipótese mais favorável do art. 28 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), em
obséquio ao princípio “in dubio pro reo”, que preside soberanamente as decisões
da Justiça Criminal.

Voto nº 10.857 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.041859-4
Art. 65, nº III, alínea d, do Cód. Penal;
art. 303 do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 16, parág. único, nº IV, da Lei nº 10.826/03;
art. 144 da Const. Fed.

–– A posse irregular de arma de fogo com numeração suprimida


tipifica a infração do art. 16, nº IV, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto
do Desarmamento), independentemente de perigo concreto.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz
arma consigo, pôs a mira o legislador em “evitar a posse
indiscriminada de armas de fogo e os perigos que acompanham
a admissão de uma sociedade armada sem que existam
controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes,
Lei das Armas de Fogo, 1998, p. 107).
—“A incidência de circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal” (Súmula nº 231 do STJ).

Voto nº 10.858 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.074724-0


Arts. 310, parág. único, 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
26
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra
do contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de atentado violento ao pudor incide na cláusula restritiva; pelo que não
tem jus ao benefício.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 10.859 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.066828-5


Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único e 312, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do
Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e
indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz
para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou
contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do
Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões, também, se
fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso” (O Juiz e a
Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons antecedentes,
prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem a autorizar a
concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Penal) àquele
que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem contra si a presunção de
periculosidade.

Voto nº 10.860 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.071700-6


Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
27
arts. 33, 40, nº VI e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas
corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância
da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa
unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade
do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória e
que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não pode
criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia constitucional”
(Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel. José Dantas).
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do
Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e
indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz
para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art. 44
da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 10.861 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.089706-3

Arts. 312, 648, nº I e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;


art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, 35, 40, nº VI e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
28
autoria.
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 10.862 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.047340-9


Art. 647 do Cód. Proc. Penal;
art. 28 da Lei de Drogas;
art. 76 da Lei nº 9.099/95;
art. 16 da Lei nº 10.826/03.

–– Inadmissível, no âmbito do “habeas corpus”, por suas características especiais e


rito sumaríssimo, discutir a injustiça de sentença condenatória quanto à fixação
do regime prisional. Questão que implica exame aprofundado dos autos da ação
penal somente poderá ser tratada na via ordinária da apelação ou da revisão
criminal.
–– A finalidade precípua do “habeas corpus” é a tutela do direito deambulatório,
segundo a lição do eminente Pedro Lessa: “É exclusiva missão do habeas
corpus garantir a liberdade individual na acepção restrita, a liberdade física, a
liberdade de locomoção” (apud M. Costa Manso, O Processo na Segunda
Instância, 1923, p. 390).
––“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
–– Instituto de natureza especial e rito sumário, o “habeas corpus”, segundo o
comum sentir dos juristas, não se presta ao exame de questões de alta
indagação; pelo que, em seus raios estreitos, somente pode aferir-se a ilegalidade
manifesta “ictu oculi”, ou ao primeiro olhar, senão impende recorrer à via
ordinária, na qual o fato e suas circunstâncias sejam analisados de espaço e
profundamente (art. 647 do Cód. Proc. Penal).
29
Voto nº 10.863 — HABEAS cORPUS Nº
990.08.087399-7
Arts. 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
arts. 33 e 40, nº III, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade


constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi”
respeita a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava
ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo
depois de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua
culpabilidade.
–– Segundo entendimento pacífico do STF, a disposição do art. 594 do Cód. Proc.
Penal não se aplica a réu preso em razão de flagrante ou preventiva (cf.
Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 474).
–– Se o acusado respondeu preso ao processo por crime de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), será verdadeira abusão lógica deferir-lhe o benefício
da liberdade provisória após sua condenação, pois entre os efeitos da sentença
condenatória recorrível inclui-se precisamente o de “ser o réu conservado na
prisão” (art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— A exigência de prisão provisória para apelar não ofende a garantia
constitucional da presunção de inocência (Súmula nº 9 do STJ).

Voto nº 10.864 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.030649-9


Arts. 29, 69, 159, § 1º e 288, parág. único, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312, 387, parág. único e 393, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— Unicamente faz jus à liberdade provisória o preso que, havendo cometido delito
afiançável, reúna méritos pessoais; importa ainda não seja o caso de decretação
de prisão preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão cautelar, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— “O conhecimento de recurso de apelação do réu independe de sua prisão”
(Súmula nº 347 do STJ).
30
Voto nº 10.865 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº
990.08.074449-6
Arts. 59, “caput” e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 226 e 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;
art. 1º da Lei nº 2.252/54.

— A palavra da vítima, nos crimes de roubo, tem inquestionável importância e


pode ensejar decreto condenatório, se em harmonia com as mais provas dos
autos. Sua força está na circunstância de ter saído dos lábios da pessoa que sofreu
a violência ou grave ameaça e, pois, está em melhor condição de identificar seu
ofensor.
—“Para os chamados penalistas práticos, a confissão do acusado se equiparava à
própria coisa julgada, como ensinava Farinácio: Confessio habet vim rei
judicatae” (José Frederico Marques, Estudos de Direito Processual Penal, 1a.
ed., p. 290).
— Não se caracteriza o crime de corrupção de menores (art. 1º da Lei nº
2.252/54), sem a prova da preexistente inocência do menor e da atuação decisiva
do agente para corrompê-lo.
— A só presença de duas qualificadoras não obriga ao aumento da pena do roubo
além do mínimo legal de 1/3, o que apenas se justifica nos casos em que
praticado por grupo numeroso de agentes, mediante emprego de armas de
extraordinário poder vulnerante.
— Ordinariamente falando, ao autor de roubo é o regime fechado o que mais lhe
convém, como justa resposta por ter violado de frente regras fundamentais da
convivência humana.

Voto nº 10.866 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.078513-3
Arts. 29 e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal.
— Nos casos de roubo, a palavra da vítima tem extraordinário
valor e peso, pois manteve contacto direto com seu autor, cuja
punição unicamente lhe interessa, não a de pessoa inocente.
— A apreensão de coisa alheia, em poder daquele que a detém
mas não lhe justifica a posse legítima, é presunção legal de sua
origem criminosa.
— O regime prisional fechado é, em linha de princípio, o que
verdadeiramente convém ao autor de roubo, sobretudo se
manifesta sua propensão à vida de crimes.

Voto nº 10.867 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.07.080713-0
Arts. 29, 33, § 2º, alínea b, 59 e 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
art. 13 da Lei nº 10.826/03;
31
art. 1.196 do Cód. Civil.
–– A confissão judicial, por seu valor absoluto – visto se presume feita
espontaneamente –, basta à fundamentação do edito condenatório.
— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em harmonia
com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e a
condenação do réu.
— Há tentativa de roubo se o agente, logo perseguido e preso, não teve a posse
tranqüila da coisa subtraída, recuperada afinal pela vítima.
— A simulação de porte de arma não enseja o reconhecimento da causa especial
de aumento de pena do art. 157, § 2o, no I, do Cód. Penal, que depende da
presença efetiva de instrumento lesivo.
— Cancelada a Súmula nº 174 da jurisprudência do STJ (cf. REsp nº 213.054-SP;
DJU 7.11.2001), já não pode prevalecer o entendimento de que o emprego de
arma de brinquedo (“arma ficta”) seja causa de agravamento da pena do roubo.
Ainda que idôneo para caracterizar ameaça à vítima, por infundir-lhe temor, o
simulacro de arma de fogo não qualifica o roubo (art. 157, “caput”, do Cód
Penal). Inteligência diversa do texto legal implicaria considerável prejuízo para
os interesses do réu, pois o obrigaria a recorrer ao STJ para alcançar o que lhe
recusaram outros Juízos ou Tribunais.
—“O Código Penal somente agrava a pena do delito quando o sujeito emprega
arma. Revólver de brinquedo não é arma. Logo, o fato é atípico diante da
circunstância. Caso contrário, por coerência lógica, o porte de revólver de
brinquedo constituiria o crime do art. 13 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de
2003 (porte ilegal de arma). Se, no roubo, configura a circunstância arma, por
que não constituiria a elementar daquele delito?” (Damásio E. de Jesus,
Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 595).
— Não há equiparar o dolo do agente que, arma de fogo em punho, pode matar a
vítima em caso de reação, ao de quem sabe “a priori” somente a intimidará,
porque mero simulacro de arma (“arma ficta”, ou de brinquedo) a que traz
consigo!
— Não há proibição legal de que o Juiz conceda ao condenado não-reincidente a
pena inferior a 8 anos o benefício do regime semi-aberto; o Código Penal, o que
veda às expressas é que se conceda ele ao réu condenado a pena superior a 8 anos
(não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos
(art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).

Voto nº 10.868 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.066399-2

Arts. 14, nº II e 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal.

— Permanecer o réu em silêncio, quando podia e devia falar, indício é claro de que
concordou com a imputação. Daí o escólio do preclaro Vicente de Azevedo:
“Interpreta-se o silêncio. Mesmo em direito, tem valor, tem significação o
silêncio, a inatividade, a inércia. O provérbio popular: quem cala, consente tem
sentido jurídico: Qui tacet, consentire videtur. O brocardo completo é o
seguinte: Qui tacet, cum loqui potuit et debuit, consentire videtur. Isto é: quem
cala, quando pode e deve falar, entende-se que consentiu” (Curso de Direito
32
Judiciário Penal, 1958, vol. I, p. 73).
— As palavras da vítima bastam a firmar a certeza da autoria do roubo:
personagem principal do evento delituoso, foi quem esteve em contacto direto
com o rapinador, e somente incriminará aquele de quem puder reaver suas coisas
roubadas.
— Para caracterizar a qualificadora do art. 157, § 2o, no I, do Cód. Penal, irrelevante
é a apreensão da arma utilizada pelo agente; basta que testemunhos idôneos lhe
comprovem a existência.

Voto nº 10.869 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.06.036836-2

Arts. 14, nº II, 33, § 2º, alínea b, 59 e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal.

— Nos crimes contra o patrimônio a palavra da vítima representa o fiel da balança


e o vértice da prova da materialidade e da autoria.
— A apreensão da coisa roubada em poder do acusado, que o não saiba justificar, e
sua incriminação firme e convincente pela vítima bastam a autorizar-lhe o
decreto condenatório, porque elidida já a presunção de sua inocência.
— Não há proibição legal de o Juiz conceder regime semi-aberto a condenado não-
reincidente a pena inferior a 8 anos (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal); a
concessão de tal benefício unicamente é defesa ao réu condenado a pena que
exceda a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja
superior a 4 anos.

Voto nº 10.870 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.071179-2


Arts. 310, parág. único, 312 e 313, do Cód. Proc. Penal;
arts. 14, 16, parág. único, nº IV, 17, 18, 21, da Lei nº 10.826/03;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
— À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que se defenda
o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o acusado responder preso ao processo.
— Não há denegar liberdade provisória ao infrator do art. 14 da Lei nº 10.826/03
(porte ilegal de arma de fogo) se presentes os requisitos do art. 310, parág. único, do
Cód. Proc. Penal.
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não sustente
em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-se revogada.
Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de réu, quando
ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310, parág. único, do
Cód. Proc. Penal).
—“Liberdade provisória. Embora preso em flagrante por crime inafiançável, pode o
réu ser libertado provisoriamente, desde que inocorram razões para sua prisão
preventiva” (TJSP; Rev.Tribs., vol. 523, p. 376; apud Damásio E. de Jesus,
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 246).
33
—“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação
cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de
necessidade, revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a decretação ou a
subsistência da prisão preventiva (...)” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 180, pp. 262-
264; rel. Min. Celso de Mello).

Voto nº 10.871 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.079664-0


Arts. 14, nº II, “caput” e 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
— Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que
deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de
Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão
preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios
suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve
ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do Juiz), primariedade, bons antecedentes,
prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem a autorizar a
concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Penal) àquele
que, acusado de crime grave – como é o homicídio –, tem contra si a presunção de
periculosidade.
— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos
processos, não será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um
espectador inerte. Fatos existem, no entanto, que lhe excedem a
jurisdição; denomina-os a tradição jurídica motivos de força
maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de
carta precatória para o interrogatório do réu, termo essencial do
processo e franca oportunidade de obtenção de prova,
imprescindível à busca da verdade real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza
constrangimento ilegítimo por excesso de prazo no encerramento
da instrução criminal, uma vez que nem sempre o pode o Juiz
dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso de força maior,
dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód.
Proc. Penal).

Voto nº 10.872 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.065022-0


Arts. 33 e 155, § 4º, ns. II e IV, do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional,


próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a
34
“causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 10.873 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.065168-4


Art. 2º do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas);
arts. 5º, nº LXVIII e 105, nº I, alíneas a e c, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional,


próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a
“causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— É ao Colendo Superior Tribunal de Justiça que compete julgar “habeas
corpus” impetrado contra ato do Tribunal de Justiça, conforme o preceito do
art. 105, nº I, alíneas “a” e “c”, da Constituição Federal, explicitado pela
Emenda Constitucional nº 22, de 18 de março de 1999 (cf. HC nº 78.069-9/MG;
2a. Turma; rel. Min. Marco Aurélio; DJU 14.5.99).

Voto nº 10.874 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.048362-5


Art. 121 do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único e 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal.

— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121 do Cód. Penal, não comprovou
possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício (art. 408, § 2º,
35
do Cód. Proc. Penal).
—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da
prisão por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem
a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem
contra si a presunção de periculosidade.

Voto nº 10.875 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.049056-7
Arts. 33, § 2º, alínea b, 59 e 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal.

— A confissão judicial, por seu valor absoluto — visto se presume feita


espontaneamente —, basta à fundamentação do edito condenatório.
— Protagonista do episódio criminoso, a palavra da vítima, em caso de roubo, é a
pedra angular do edifício da Acusação e justifica sentença condenatória se em
harmonia com os mais elementos dos autos.
— A pena mínima cominada ao roubo é já extremada; exasperá-la, quase passa por
iniqüidade porque, no sentir do preclaro Beccaria, para ser justa, a pena deve ter
só o grau de rigor suficiente a afastar os homens da senda do crime (Dos Delitos
e das Penas, § XVI).
— Não há proibição legal de o Juiz conceder regime semi-aberto a condenado não-
reincidente a pena inferior a 8 anos (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal); a
concessão de tal benefício unicamente é defesa ao réu condenado a pena que
exceda a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja
superior a 4 anos.

Voto nº 10.876 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.075213-8
Art. 171 do Cód. Penal.

— Comete estelionato (art. 171 do Cód. Penal) o sujeito que vende veículo, sob
promessa de entregar o respectivo documento ao comprador tanto que efetue o
pagamento do preço da transação, mas não desempenha sua palavra, por não
possuir título de propriedade do bem.
— A mentira verbal, desde que apta a induzir em erro a vítima e causar-lhe
prejuízo, constitui meio fraudulento do estelionato.

Voto nº 10.877 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.097176-0


Arts. 14, nº II e 155, § 4º, nº III, do Cód. Penal;
arts. 312, 313 e 659, do Cód. Proc. Penal.
36
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já
cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará
prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).

Voto nº 10.878 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.070055-3


Arts. 312 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, 35 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 10.879 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.072861-0


Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 33, 35 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
37
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o
mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio
de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva
exige prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria.
Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do
réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 10.880 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.068027-7


Arts. 6º e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 302 da Lei nº 9.503/97.

— Em linha de princípio, não é o “habeas corpus” meio idôneo para obstar o curso
do inquérito policial nem da ação penal, se o fato imputado ao réu constituir
crime e houver indícios suficientes de sua autoria.
— Ainda na esfera do “habeas corpus”, é admis-sível a análise de provas para aferir
a proce-dência da alegação de falta de justa causa para a ação penal; defeso é
apenas seu exame aprofundado e de sobremão, como se pratica na dilação
probatória (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— Para trancar a ação penal, ou impedir o curso de inquérito policial, sob o
fundamento da ausência de “fumus boni juris”, há mister prova mais clara que a
luz meridiana, a fim de se não subverter a ordem jurídica, entre cujos postulados
se inscreve o da apuração compulsória, pelos órgãos da Justiça, da
responsabilidade criminal do infrator.
— Só é admissível trancamento de ação penal por falta de justa causa, quando esta
se mostre evidente à primeira face.
— “Se o fato atribuído ao paciente constitui violação da lei penal, existe justa causa
para o processo” (Rev. Forense, vol. 172, p. 426).

Voto nº 10.881 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.050025-2


Art. 180, “caput”, do Cód. Penal;
art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 1060/50;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
38
art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06.
— O réu inocente responde logo à injusta acusação, como o
determina a própria razão natural; não se chama ao silêncio,
que este é o refúgio comum dos culpados.
— No crime de receptação dolosa, é das circunstâncias mesmas do fato e da
personalidade do agente que se deve aferir o elemento subjetivo do tipo, de sorte
que nenhum valor têm os protestos de inocência do réu que adquire a estranho,
sem documentação regular, motocicleta. Aquele que assim procede, por força que
não pode ignorar se trata de coisa de origem ilícita, máxime se possui tormentosa
biografia penal (art. 180, “caput”, do Cód. Penal).
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06).
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos
policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de
policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU
7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 187).
— O justificado rigor, com que a Lei nº 8.072/90 tratava os crimes denominados
hediondos, foi atenuado pela Lei nº 11.464/2007, que lhe introduziu modificação
no art. 2º, § 1º, para permitir a seus autores progressão no regime prisional após
o cumprimento, sob o regime fechado, de 2/5 da pena se primário, ou 3/5, se
reincidente.
— No caso de não poder o réu ocorrer ao pagamento da taxa judiciária, é ao Juízo
de Direito da Vara das Execuções Criminais que deverá pleitear a respectiva
isenção ou parcelamento.

Voto nº 10.883 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.077157-4


Art. 155, § 4º, ns. I, II e IV, do Cód. Penal;
art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
–– Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser instruído
com as peças e documentos que comprovem as alegações do paciente.
–– O Colendo Supremo Tribunal Federal, em copiosos arestos, tem proclamado que
se não toma conhecimento do pedido de “habeas corpus” quando não está
devidamente instruído (José Frederico Marques, Elementos de Direito
Processual Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 417).
–– “(...) a utilização adequada do remédio constitucional do habeas corpus impõe,
em conseqüência, seja o writ instruído, ordinariamente, com documentos
suficientes e necessários à análise da pretensão de direito material nele
deduzida” (STJ; Rev. Trim. Jurisp., vol. 138, p. 513; rel. Min. Celso de Mello).
––“O habeas corpus é via inadequada para apreciar o pedido de relaxamento de
flagrante quando não pleiteado inicialmente no juízo de primeiro grau, sob pena
de supressão de uma instância, até porque o seu indeferimento no juízo de
origem é passível de correção através do remédio heróico” (TACrimSP, HC nº
402166; 14a. Câm.; rel. Oldemar Azevedo; j. 26.2.2002).

Voto nº 10.884 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.013792-1


Arts. 14, nº II e 171, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único e 312, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

— De presente, constitui a prisão provisória exceção; a regra geral é defender-se o


39
réu em liberdade, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art.
5º, nº LVII, da Const. Fed.). A melhor exegese do texto constitucional,
entretanto, é a que o procura conciliar com a norma do art. 310, parág. único, do
Cód. Proc. Penal. Assim, por amor da segurança da ordem jurídica e cautela dos
direitos e interesses sociais, o réu preso em flagrante só poderá defender-se em
liberdade se afiançável seu crime e ausentes os motivos que autorizam a
decretação da prisão preventiva.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 10.885 — agravo em execução Nº


990.08.049590-0
Art. 52 da Lei de Execução Penal.

— Não é pedra de escândalo decisão que, em caso de prática de falta grave que
ocasione subversão da ordem ou da disciplina do estabelecimento penal,
determina a internação do preso no regime disciplinar diferenciado; funda-se
em dado objetivo e em razão lógica: a vontade expressa da lei (art. 52 da Lei de
Execução Penal).
—“O regime disciplinar diferenciado foi concebido para atender às necessidades
de maior segurança nos estabelecimentos penais e de defesa da ordem pública
contra criminosos que, por serem líderes ou integrantes de facções criminosas,
são responsáveis por constantes rebeliões ou fugas ou permanecem, mesmo
encarcerados, comandando ou participando de quadrilhas ou organizações
criminosas atuantes no interior do sistema prisional e no meio social” (Julio
Fabbrini Mirabete, Execução Penal, 11a. ed., p. 149).

Voto nº 10.886 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.058063-9


Art. 96, nº I, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal.
40
— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência
do condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Ainda o mais vil dos homens não decai nunca da proteção da lei, pelo que deve o
Juiz olhar sempre não se dilate além da marca o tempo de privação da
liberdade daquele que, em tese, já poderia ter passado a estágio mais brando de
cumprimento de pena (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 10.887 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.080765-0
Arts. 202 e 303, do Cód. Proc. Penal;
art. 16, nº IV, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento);
art. 144 da Const. Fed.

— Excita estranheza isto de o réu inculcar-se inocente e, todavia, manter na Polícia,


a respeito dos fatos, obliterado silêncio. Aquele que é inocente não dilata nem
protela oportunidade de afirmá-lo; ao revés, tanto que se lhe depara ocasião de
repelir a acusação, no mesmo ponto pratica sua defesa. Esta, a razão por que,
ordinariamente falando, ainda que direito do réu permanecer calado, esse teor de
proceder não se compadece com o perfil do inocente, antes é o retrato moral do
culpado.
–– A posse irregular de arma de fogo com numeração suprimida
tipifica a infração do art. 16, nº IV, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto
do Desarmamento), independentemente de perigo concreto.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os
perigos que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que
existam controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das
Armas de Fogo, 1998, p. 107).

Voto nº 10.888 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.086855-1


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.
41
— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do
condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 10.889 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.082462-7


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 10.890 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.071388-4


42

Arts. 14, nº II, 71 e 158, § 1º, do Cód. Penal;


arts. 302, 310, parág. único, 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— No conceito de flagrante delito, segundo os
mais dos doutores, também se encerra e compreende aquele estado em que o
agente, logo após o crime, é reconhecido e apontado pela vítima, que o acusa
energicamente como seu autor. Bem o descreveu o insigne Hélio Tornaghi: “Já
não há o fogo, mas existe a fumaça; a chama se apagou, mas a brasa está
quente” (Curso de Processo Penal, 1980, vol. II, p. 34).
–– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a
verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 10.891 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.07.104815-1
43
Arts. 213, 214, 223, “caput”, e parág. único e 226, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— Não há que reparar em sentença que condena réu com base em indícios, se fortes
e concordes, pois “o valor probante dos indícios e presunções, no sistema do
livre convencimento que o Código adota, é em tudo igual ao das provas diretas”
(José Frederico Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 2a. ed.. vol.
II, p. 378).
— O STF, em Sessão Plenária, decidiu que “os crimes de estupro e de atentado
violento ao pudor, tanto nas suas formas simples (Cód. Penal, arts. 213 e 214),
como nas qualificadoras (Cód. Penal, 223, caput, e parág. único), são crimes
hediondos: Lei nº 8.072/90, redação da Lei nº 8.930/94, art. 1º, ns. V e VI” (HC
nº 81.288-1-SC; rel. Min. Carlos Velloso; j. 17.12.2001).
— O autor de atentado violento ao pudor, delito da classe dos hediondos, deve
cumprir sua pena sob o regime inicialmente fechado, por força do preceito do
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos
Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90) no que respeita à
progressão no regime prisional de cumprimento de pena. Se o
sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao
benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 10.892 — HABEAS cORPUS Nº 993.07.029377-2


Arts. 14, nº II e 121, do Cód. Penal;
art. 312 do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que
deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de
Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão
preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios
suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve
ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Inimigo potencial da ordem jurídica e da sociedade, o autor de
homicídio qualificado não merece recobrar a liberdade primeiro
que dê estritas contas à Justiça, ao termo do devido processo legal.

Voto nº 10.900 — HABEAS cORPUS Nº 1.189.005-3/6-00


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

–– Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a


44
permanência do condenado em estabelecimento penal
próprio do regime fechado, enquanto aguarda vaga no semi-
aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem superior
invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão
humana: todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade
poderá ser coartada em grau menor ou maior.
–– Pretender o condenado passar desde logo ao regime semi-aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– “Se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou a violência ou coação ilegal,
julgará prejudicado o pedido” (art. 659 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 10.901 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.016734-0


Arts. 14, nº II, 33, § 2º e 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 10.902 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.100719-3


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a


permanência do condenado em estabelecimento penal próprio
do regime fechado, enquanto aguarda vaga no semi-aberto.
Ditada por força maior ou razão de ordem superior invencível,
tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana: todo o
infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada
em grau menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 10.903 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.014211-9


45
Art. 659 do Cód. Proc. Penal.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.904 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.07.015337-7
Arts. 29, 65, nº III, alínea d, e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal.
— Desde que acorde com os mais elementos de prova dos autos, a confissão
policial constitui prova idônea de autoria delituosa e justifica edição de decreto
condenatório.
— Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo
comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se a
roborarem outros elementos do processo.
— No geral, a palavra da vítima é a primeira luz que afugenta as sombras sob que
se pretende abrigar a impunidade.
—“A simples confissão da prática de um crime não atenua a pena. (...). O que
importa é o motivo da confissão, como, por exemplo, o arrependimento sincero,
demonstrando merecer (o acusado) pena menor, com fundamento na lealdade
processual” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 245).
— O regime prisional fechado é o que, em princípio, convém ao autor de roubo, por
sua natural periculosidade, como sujeito infenso à ordem legal e destituído de
sentimento ético, sobretudo se reincidente, e pela notória gravidade do crime, que
intranqüiliza e comove a população honrada.

Voto nº 10.905 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.05.025370-8
Arts. 157, § 2º, nº I, 213 e 225, § 1º, nº I, do Cód. Penal;
arts. 38 e 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;
arts. 1º, ns. V e VI, 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— O ato de representação, nos crimes contra os costumes, dispensa fórmula sacramental;
basta a manifestação de vontade inequívoca de que o autor do fato criminoso seja
processado (art. 225, § 1º, nº I, do Cód. Penal).
— O que é inocente afirma-o desde logo à autoridade policial; quem prefere o silêncio à
palavra, nisto mesmo se revela culpado; é que ninguém se subtrai ao império da lei
natural, que ordena ao indivíduo injustamente acusado de crime se defenda com
todas as forças. À imputação falsa de crime só o morto não responde, porque tudo
lhe é já indiferente.
— A palavra da vítima de estupro tem valor inquestionável na apuração das
circunstâncias do fato criminoso e na identificação de seu autor, pois repugna à
condição da mulher, sobretudo se casada e de vida honesta, faltar à verdade em
matéria que, por sua infâmia e opróbrio, lhe imprime na alma um como estigma
indelével (art. 213 do Cód. Penal).
— Vítima que incrimina categoricamente autor de roubo, oferece
base necessária ao decreto condenatório, desde que em harmonia
com a prova dos autos. A razão é que, havendo com ele mantido
contacto direto, passa pela pessoa mais apta a reconhecê-lo.
— Para caracterizar a qualificadora do art. 157, § 2o, no I, do Cód. Penal, irrelevante é a
apreensão da arma utilizada pelo agente; basta que testemunhos idôneos lhe
comprovem a existência.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº
8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de
cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela
descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e conspiram os mais
requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).
46

Voto nº 10.906 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.08.008857-8
Arts. 71, 214, 224, alínea a, e 226, nº II, do Cód. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— Tem a palavra da vítima importância capital nos crimes contra a liberdade


sexual. Se ajustada ao conjunto probatório dos autos, enseja condenação: ao
cabo de contas, ninguém se reputa mais apto a discorrer das circunstâncias e
autoria do crime que a pessoa que lhe padeceu diretamente os agravos físicos e
morais (art. 214 do Cód. Penal).
— O regime fechado, no início, para o autor de atentado violento ao pudor (art.
214 do Cód. Penal) crime da classe dos hediondos, decorre da vontade expressa
da lei (art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 10.911 —Recurso em Sentido Estrito Nº


990.08.075279-0
Arts. 29, “caput” e 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal;
art. 409, parág. único, do Cód. Proc. Penal.

— Para submeter alguém a julgamento perante o Tribunal do Júri, não bastam


rumores ou conjecturas, é mister a existência de indícios veementes ou alta
probabilidade da autoria de crime doloso contra a vida.
— A falta de indícios suficientes da autoria do crime que lhe é imputado obriga à
impronúncia do réu (art. 409 do Cód. Proc. Penal).
— Enquanto não extinta sua punibilidade, poderá “ser instaurado processo contra o
réu, se houver novas provas” (art. 409, parág. único, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 10.912 —Recurso em Sentido Estrito Nº


993.07.112973-9
Arts. 23, nº II e 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal.

–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo


Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Ainda que, em tese, possa absolver o réu com fundamento na legítima defesa, ao
Juiz da pronúncia não é lícito fazê-lo senão quando comprovada a
descriminante legal acima de toda a dúvida razoável (art. 23, nº II, do Cód.
Penal).
— É doutrina consagrada nos Tribunais que não se deve excluir qualificadora
articulada na denúncia, salvo se manifestamente improcedente.
47

Voto nº 10.913 —Recurso em Sentido Estrito Nº


990.08.056713-6
Arts. 121, § 2º, ns. I e IV, 211, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.

— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que
a prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 408 do
Cód. Proc. Penal).
–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo
Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Salvo se manifesta sua inocorrência, não é de bom exemplo afastar, desde logo,
na fase da pronúncia, as qualificadoras do homicídio; ao Tribunal do Júri, como
a seu Juiz natural, é que, em princípio, cabe apreciá-lo (art. 121, § 2º, ns. I e IV,
do Cód. Penal).

Voto nº 10.914 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.070058-8
Arts. 29, 150 e 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 226 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, ns LXIII e XI, da Const. Fed.

— É princípio geralmente recebido que vício do inquérito policial, peça de caráter


apenas informativo, não se comunica à ação penal.
— Nisto de reconhecimento, o ponto está em que seja seguro. O exagerado apego
ao rito preconizado pelo art. 226 do Cód. Proc. Penal constitui, muita vez,
escusado tributo ao “frívolo curialismo”, que o sábio Francisco Campos
mandava proscrever, de férula em punho (cf. Exposição de Motivos do Código
de Processo Penal, nº XVII).
— O réu que é inocente declara-o desde logo, movido da própria razão natural, que
ordena a todo o indivíduo se defenda de injusta acusação; quem se refugia no
silêncio, embora direito seu previsto na Constituição da República (art. 5º, nº
LXIII), esse dá a conhecer que não tinha que responder à acusação, por
verdadeira. Donde o prestígio do venerável brocardo “qui tacet, consentire
videtur” (quem cala, consente).
— A palavra da vítima de roubo, sobretudo quando em harmonia com outros
elementos de convicção do processo, pode justificar decreto condenatório.
Protagonista do fato criminoso, é pessoa a mais capacitada para dele discorrer e
indicar seu autor.
— O regime prisional fechado é, pelo comum, o que mais convém à personalidade
do autor de roubo, de seu natural violento e refratário à disciplina social.
48

Voto nº 10.915 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.063530-1


Arts. 29, 33, § 2º, alínea b, 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal.
— Muita vez, o silêncio do acusado é a mais clara das explicações.
— Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo
comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se a
roborarem outros elementos do processo.
— Considera-se consumado o roubo se o réu teve, ainda que por breve trecho, a
posse tranqüila e desvigiada da “res furtiva”.
— Não há proibição legal de o Juiz conceder regime semi-aberto a condenado não-
reincidente a pena inferior a 8 anos (art. 33, § 2º, alínea “b”, do Cód. Penal); a
concessão de tal benefício unicamente é defesa ao réu condenado a pena que
exceda a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja
superior a 4 anos.

Voto nº 10.916 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.057645-3


Arts. 29, “caput” e 180, § 1º, do Cód. Penal;
art. 647 do Cód. Proc. Penal.
— É entendimento dominante na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça que,
uma vez recebida a denúncia, já não cabe ordenar o
indiciamento formal do acusado, por implicar-lhe desnecessária
e ilegítima violência ao “status dignitatis”, remediável pela
concessão de “habeas corpus” (art. 647 do Cód. Proc. Penal)
—“Em havendo propositura de ação penal, o regresso à fase inquisitorial para
deferido indiciamento de réus, constitui ilegalidade sanável pelo remédio
heróico” (STJ; HC nº 10.340-SP; 6a. T.; rel. Min. Hamilton Carvalhido).
— Tem-se por prejudicado, pela perda do objeto, o pedido de “habeas corpus”
preventivo impetrado com o intuito de evitar o indiciamento formal do
paciente, se o ato já foi praticado pela Polícia, visto impossível impedir que se
aperfeiçoe o fato já consumado.

Voto nº 10.917 — RevisÃo CRIMINAL Nº 993.06.042981-


7
Art. 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal;
art. 621, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LV, da Const. Fed.
— É de bom exemplo ensejar ao sentenciado ocasião para trazer à luz pública,
sempre que o deseje, razões e argumentos em prol de sua inocência, ou que lhe
sirvam a atenuar o castigo. Pede-o a tradição do Direito, que incluiu entre os seus
mais caros postulados o da amplitude da defesa (art. 5º, nº LV, da Const. Fed.).
— Não incorre na tacha de contrária à evidência e, portanto, não autoriza revisão
criminal, a sentença condenatória que se apóia em alguma prova dos autos (art.
621, nº I, do Cód. Proc. Penal).
—“Evidência é o brilho da verdade que arrebata a adesão do espírito, logo à
primeira vista” (Hélio Tornaghi);
49
—“Tem-se por improcedente a revisão criminal, quando não ocorre a alegada
contradição entre a sentença e a evidência dos autos” (Rev. Forense, vol. 166,
p. 317).
— A Lei nº 11.464/07 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº
8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de
cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela
descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e conspiram todos
os requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 10.918 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.045138-9

Arts. 386, nº VI e 659, do Cód. Proc. Penal;


art. 33 da Lei nº 11.343/06.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.919 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.059634-9

Art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal;


art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 5º, nº LXVIII e 105, nº I, alíneas a e c, da Const. Fed.

— É ao Colendo Superior Tribunal de Justiça que compete julgar “habeas


corpus” impetrado contra ato do Tribunal de Justiça, conforme o preceito do
art. 105, nº I, alíneas “a” e “c”, da Constituição Federal, explicitado pela
Emenda Constitucional nº 22, de 18 de março de 1999 (cf. HC nº 78.069-9/MG;
2a. Turma; rel. Min. Marco Aurélio; DJU 14.5.99).
––“O habeas-corpus, instrumento processual de dignidade constitucional destinado
a proteger o direito de locomoção, não é remédio próprio e idôneo para fazer
agilizar o julgamento de recurso interposto pela defesa” (STJ; HC nº 8.067-BA;
rel. Vicente Leal; 6a. Turma; DJU 5.4.99, p. 152).
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
—“O retorno ao regime mais gravoso é poder geral de cautela do Juiz, e não
padece de ilegalidade, como dispõe o art. 66, nº III, alínea b, da Lei de
Execução Penal” (Rev. Tribs., vol. 745, p. 566; rel. Dante Busana).
— Ainda que instrumento processual de dignidade
constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi”
50
respeita a questões de alta indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário
não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82,
P. 2.561).

Voto nº 10.920 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.096766-5

Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem superior
invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana: todo o infrator
sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de iludir
o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que há mais
tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio intermediário, além
de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de exigir do infrator a
reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução
da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 10.921 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.061269-7

Art. 18, nº III, da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos);


art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de


dignidade constitucional, próprio a tutelar a liberdade do
indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a
questões de alta indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário
51
não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU
26.3.82, P. 2.561).
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).

Voto nº 10.922 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.098944-8


Arts. 214 e 226, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei da Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.923 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.093155-5


Art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


52
Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa
o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.924 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.045137-0


Arts. 386, nº VI e 659, do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.925 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.106740-4


Arts. 312 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, 35 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
53
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao
art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 10.926 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.088591-0


Arts. 312 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
art. 44 da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Tóxicos);
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não será
decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem, no
entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição
jurídica motivos de força maior, a cujo número pertence a
necessidade de expedição de carta precatória para o
interrogatório do réu, termo essencial do processo e franca
oportunidade de obtenção de prova, imprescindível à busca da
verdade real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza
constrangimento ilegítimo por excesso de prazo no encerramento
da instrução criminal, uma vez que nem sempre o pode o Juiz
dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso de força maior,
dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód.
Proc. Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
––“Não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na instrução, provocado
pela defesa”(Súmula nº 64 do STJ).

Voto nº 10.927 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.082657-3


Art. 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei da Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido antes
da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de
Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
54
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464, em
29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC
nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que
é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez
que novos argumentos ou provas concludentes me convenceram do
desacerto do veredictum anterior: acima do melindre pessoal de
cada um está a sacrossanta causa da Justiça” (Carlos Maximiliano,
Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.928 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.079601-1


Art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, 35 e 44, da Lei nº 11.343/06.

— Como lhe compete presidir às audiências e prover à instrução


dos processos, não será decerto o Juiz um conviva de pedra ou
um espectador inerte. Fatos existem, no entanto, que lhe
excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica motivos
de força maior, a cujo número pertence a necessidade de
expedição de carta precatória para o interrogatório do réu,
termo essencial do processo e franca oportunidade de obtenção
de prova, imprescindível à busca da verdade real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza
constrangimento ilegítimo por excesso de prazo no
encerramento da instrução criminal, uma vez que nem
sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que,
no caso de força maior, dispõe a lei que “não correrão os
prazos” (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do
País que somente o excesso de prazo injustificado constitui
constrangimento ilegal, não a demora na inquirição de
testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior,
motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 798, § 4º, do Cód.
Proc. Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de
constrangimento por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).]
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de
liberdade provisória (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
—“Não há maior tormento no mundo que o esperar” (Vieira,
Sermões, 1959, t. V, p. 210).

Voto nº 10.929 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.04.072959-9
55
Art. 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal.

— Que melhor prova contra o réu que sua confissão? Donde o aforismo: “Nulla est
maior probatio quam propria ore confessio” (o que, tirado a vernáculo, significa:
não há prova maior do que a confissão de boca própria).
—“O valor probante dos indícios e presunções, no sistema de livre convencimento
que o Código adota, é em tudo igual ao das provas diretas” (José Frederico
Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. II, p. 378).
— O regime fechado, no início, é o que unicamente se aproposita ao autor de roubo
(crime da última graveza e abjeção), que argúi em quem o pratica entranhada
rebeldia à disciplina social.

Voto nº 10.930 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.07.036483-1
Arts. 71, 146 e 158, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 386, nº III e 617, do Cód. Proc. Penal.

— Desde a mais alta antigüidade, teve-se a confissão pela rainha das provas (regina
probationum), porque repugna à natureza afirme alguém contra si fato que não
saiba verdadeiro.
— A confissão do delito vale não pelo lugar onde é prestada, mas pela força de
convencimento que nela se contém (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 95, pág. 564;
rel. Min. Cordeiro Guerra).
— Reputa-se de bom quilate — e, pois, merece preservada dos tiros da crítica — a
sentença que, forte nas declarações da vítima, no testemunho policial e em
gravações telefônicas, decreta a condenação de autor de crime de extorsão (art.
158 do Cód. Penal).
— Embora crime formal, admite a extorsão tentativa, se o sujeito passivo, apesar de
constrangido, não realiza a conduta pretendida pelo agente. Esta doutrina
professam os penalistas de melhor nota:Nélson Hungria, Comentários ao
Código Penal, 1980, vol. VII, p. 77; Heleno Cláudio Fragoso, Lições de Direito
Penal, Parte Especial, 11a. ed., vol. I, p. 217; Damásio E. de Jesus, Código
Penal Anotado, 18a. ed., p. 610, etc.).
— Se o agente, contudo, entra na posse (ainda que efêmera), do dinheiro exigido à
vítima, reputa-se consumada a extorsão, pois obtivera vantagem indevida
mediante grave ameaça.
— Interpretar é descobrir a vontade da lei (Vicente de Azevedo, Apostilas de
Direito Judiciário Penal, 1952, vol. I, p. 56).
— O regime fechado, no início, é o que unicamente se aproposita ao autor de
extorsão qualificada (crime da última graveza e abjeção), que argúi em quem o
pratica entranhada rebeldia à disciplina social (art. 158, § 1º, do Cód. Penal).
56
Voto nº 10.931 — Recurso de OFÍCIO Nº 990.08.072157-7
Arts. 23, nº II, 25 e 121, “caput”, do Cód. Penal;
art. 411 do Cód. Proc. Penal.

— É maior de toda a censura a decisão que, reconhecendo a existência de causa


excludente de antijuridicidade — legítima defesa (art. 23, nº II, do Cód.Penal)
—, absolve o acusado nos termos da lei (art. 411 do Cód. Proc. Penal). Em
verdade, é lícito repelir a força com a força: “vim vi repellere licet” (Ulpiano).
—“A justiça concede a todos repelir a força com a força” (Manuel Bernardes,
Nova Floresta, 1726, t. IV, p. 207)
— Todo aquele que for injustamente agredido (ou estiver na iminência de sê-lo),
poderá afastar o ofensor, mesmo com violência, que o autoriza a lei. É a clara
dicção do art. 23, nº II, do Cód. Penal. Matar, para não morrer, não é crime!
—“A defesa individual contra um ataque violento e sério é um direito, é mesmo um
dever, porque cada um tem não somente o direito, mas também o dever de velar
pela sua própria conservação” (Antônio Lemos Sobrinho, Legítima Defesa,
1925, p. 28).

Voto nº 10.932 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.094436-3


Art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 33 da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que se


defenda o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado de inocência
(art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o acusado responder preso
ao processo.
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-
se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de
réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).
— O Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, formidável luzeiro de
jurisprudência, já decidiu que, “embora preso em flagrante por crime
inafiançável, pode o réu ser libertado provisoriamente, desde que inocorram
razões para a sua prisão preventiva” (Rev. Tribs., vol. 523, p. 376; apud
Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 246).
—“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação
cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de
necessidade, revela-se incabível ante a sua excepcionalidade a decretação ou
subsistência da prisão preventiva (...)” (STF; rel. Min. Celso de Mello; Rev.
Trim. Jurisp., vol. 180, pp. 262/264).

Voto nº 10.933 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.081956-9


Art. 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal;
arts. 497, nº I e 563, do Cód. Proc. Penal;
art. 105, nº I, alíneas a e c, da Const. Fed.
57
— É ao Colendo Superior Tribunal de Justiça que compete julgar “habeas
corpus” impetrado contra ato do Tribunal de Justiça, conforme o preceito do
art. 105, nº I, alíneas “a” e “c”, da Constituição Federal, explicitado pela
Emenda Constitucional nº 22, de 18 de março de 1999 (cf. HC nº 78.069-9/MG;
2a. Turma; rel. Min. Marco Aurélio; DJU 14.5.99).
–– A argüição de nulidade do julgamento, por ter sido o réu obrigado ao uso de
algemas no plenário do Júri –– o que influíra no ânimo dos jurados ––, não pode
ser de plano acolhida, já que está subordidnada ao regime legal da prova do
prejuízo (art. 563 do Cód. Proc. Penal).
–– A admitir-se que o uso de algemas fosse poderoso para inculcar a culpabilidade
do réu, nenhum sairia absolvido da barra do Júri e, “a contrario sensu”, todos os
que, sem elas, se apresentassem perante os jurados alcançariam sempre
absolvição. A lição da experiência vulgar refuta, porém, semelhante argumento!
–– Se o Juiz-Presidente do Tribunal do Júri não autorizou ficasse o réu sem algemas,
é de presumir que o não aconselhavam as circunstâncias do caso, ou pela
periculosidade do agente, ou pela necessidade de preservar a incolumidade das
pessoas presentes à sessão de julgamento.
–– A Súmula Vinculante nº 11, editada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal,
apenas veda o uso de algemas nos casos em que de todo o ponto desnecessárias,
segundo o prudente arbítrio do Juiz-Presidente do Tribunal do Júri, a quem
compete “regular a polícia das sessões” (art. 497, nº I, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 10.934 — gravo em a execução Nº


990.08.028785-0
Art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 197 da Lei de Execução Penal.

— Considera-se prejudicado o agravo se, durante o seu processamento, o Juízo de


Direito da Vara das Execuções Criminais tiver já deferido ao sentenciado aquilo
mesmo que fazia objeto do recurso, visto que obtida a situação jurídica reclamada
(art. 197 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 10.935 — gravo em a execução Nº


990.08.068600-3
Art. 121, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 5º, nº XL, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
58
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.

Voto nº 10.936 — gravo ema execução Nº


990.08.071520-8
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para
o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
59
a
Voto nº 10.937 — gravo em xecução Nº e
993.08.012858-8
Art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 197 da Lei de Execução Penal.

— Considera-se prejudicado o agravo se, durante o seu processamento, o Juízo de


Direito da Vara das Execuções Criminais tiver já deferido ao sentenciado aquilo
mesmo que fazia objeto do recurso, visto que obtida a situação jurídica reclamada
(art. 197 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 10.938 — gravo em a execução Nº


990.08.078984-8
Art. 112 da Lei de Execução Penal;
Lei nº 11.464/07.

— Não se conhece de agravo em execução, cujo objeto já tenha sido apreciado e


decidido pelo Tribunal.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).

Voto nº 10.939 — gravo em a execução Nº


990.08.071832-0
Art. 50 da Lei de Execução Penal.
–– Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao
sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em
seu espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir
ao ideal de justiça.
— Ao condenado que satisfaz o requisito objetivo (lapso temporal) é
bem se conceda comutação de pena. Pequenas deficiências de
cunho íntimo ou subjetivo, que acaso apresente, deve supri-las o
Juiz com o espírito mesmo que preside à outorga do benefício do
indulto: o nobre e generoso sentimento de compreensão
humana, com que, pelo Natal, o chefe de Estado sói amercear-se
de todo o encarcerado, “o mais pobre de todos os pobres”,
na pungente expressão de Carnelutti (As Misérias do Processo
Penal, 1995, p. 21; trad. José Antonio Cardinalli).
— Quando claro, o texto legal escusa interpretação e, sobretudo,
desautoriza aquela que prejudicar o condenado: “In dubio pro
libertate. Libertas omnibus rebus favorabilior est. Na dúvida, pela
liberdade! Em todos os assuntos e circunstâncias, é a liberdade
60
que merece maior favor” (apud Carlos Maximiliano,
Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 261).

Voto nº 10.940 — gravo em a execução Nº


990.08.067602-4
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a


concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 10.941 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.07.052278-0
Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal.
— Se o acusado respondeu preso ao processo-crime por roubo, será
verdadeira abusão lógica deferir-lhe o benefício da liberdade
provisória após sua condenação, pois entre os efeitos da
sentença condenatória recorrível inclui-se precisamente o de
“ser o réu conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód. Proc.
Penal).
— Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda
contava ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito
subjetivo depois de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de
sua culpabilidade.
— No caso de roubo, tem a palavra da vítima extraordinária importância para
comprovar-lhe a materialidade e a autoria: parte precípua no evento criminoso, é
a que está em melhores condições de, à luz da verdade sabida, reclamar a punição
unicamente do culpado.
— É, por força, o regime prisional fechado o mais compatível com o autor de roubo,
sobretudo se indivíduo que ostenta copiosos traços negativos de personalidade e
se consagrou abertamente à vida fora da lei, de todo infenso às regras que
disciplinam a convivência humana.

Voto nº 10.942 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.074945-5
Arts. 149 e 202, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, 35 e 55, § 1º, da Lei nº 11.343/06.

–– Ainda que o requeira a Defesa, não está obrigado o Juiz a ordenar seja o acusado
submetido a exame médico-legal, sem que haja dúvida sobre sua integridade
mental, ou alguma circunstância do processo lhe indique a necessidade da
realização da providência (art. 149 do Cód. Proc. Penal).
— Diretor do processo, toca ao Juiz aferir, com prudente arbítrio, da conveniência
de atender ou não a requerimento das partes. O princípio do livre
61
convencimento, que informa suas decisões, faculta-lhe dar de mão,
aprioristicamente, àquelas provas que saiba nada importarão ao desate do litígio,
sendo pois de nenhuma ou somenos valia.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
— Para autorizar decreto condenatório basta a confissão judicial do réu. Deveras, é
axioma de Direito que “a confissão da parte releva de outra prova” (cf.
Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, t. II, p. 530).
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód.
Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas
penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a
Juízo para mentir.
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 10.943 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.070972-0
Arts. 24, 33, § 2º, alínea b, 59 e 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal.

— A confissão judicial, por seu valor absoluto — visto se presume feita


espontaneamente —, basta à fundamentação do edito condenatório.
— A palavra da vítima é em extremo valiosa, máxime nos processos de roubo,
visto representa o primeiro e mais eficaz elemento de identificação de seu autor.
—“A alegação de estado de necessidade não é admissível em face da prática de
roubo, principalmente quando o sujeito emprega arma” (Damásio E. de Jesus,
Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 584).
— A falta de apreensão da arma empregada na prática do roubo não obsta o
reconhecimento da causa especial de aumento de pena, se prova oral idônea lhe
demonstrou a existência.
— Não há proibição legal de que o Juiz conceda ao condenado não-reincidente a
pena inferior a 8 anos o benefício do regime semi-aberto; o Código Penal, o que
veda às expressas é que se conceda ele ao réu condenado a pena superior a 8 anos
(não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos
(art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).

Voto nº 10.946 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.069301-8
Art. 157, “caput”, do Cód. Penal;
art. 499 do Cód. Proc. Penal.
62
— Desde que acorde com os mais elementos de prova dos autos, a confissão
policial constitui prova idônea de autoria delituosa e justifica edição de decreto
condenatório.
— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em harmonia
com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e a
condenação do réu.
— Diz-se consumado o roubo se o agente, ainda que por breve lapso de tempo, teve
a posse desvigiada da coisa subtraída à vítima mediante violência ou grave
ameaça.
—“Consuma-se o roubo quando o agente, mediante violência ou grave ameaça,
consegue retirar a coisa da esfera de vigilância da vítima” (STF; rel. Min.
Carlos Velloso; Rev. Tribs., vol. 705, p. 429).
— Impossível capitular de furto a subtração de coisa alheia móvel mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, pois são estas elementares do roubo (art. 157,
“caput”, do Cód. Penal).
— É o regime prisional fechado o que unicamente convém ao autor de roubo (crime
grave e abjeto), máxime se reincidente, circunstância que revela personalidade
desajustada e anti-social.

Voto nº 10.947 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.088067-5

Art. 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal;


arts. 563 e 566, do Cód. Proc. Penal.

–– Nulidade de ato processual somente se declara em face de prova plena e


incontroversa de prejuízo às partes, ou se “houver influído na apuração da
verdade substancial ou na decisão da causa” (arts. 563 e 566 do Cód. Proc.
Penal).
––“Só a nulidade evidente, prima facie, autoriza a fulminação do processo no Juízo
do habeas corpus” (Rev. Forense, vol. 148, p. 415).

Voto nº 10.956 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.077898-6


Arts. 497, nº I e 563, do Cód. Proc. Penal;
art. 199 da Lei de Execução Penal;
art. 105, nº I, alíneas a e c, da Const. Fed.
— É ao Colendo Superior Tribunal de Justiça que compete julgar “habeas
corpus” impetrado contra ato do Tribunal de Justiça, conforme o preceito do
art. 105, nº I, alíneas “a” e “c”, da Constituição Federal, explicitado pela
Emenda Constitucional nº 22, de 18 de março de 1999 (cf. HC nº 78.069-9/MG;
2a. Turma; rel. Min. Marco Aurélio; DJU 14.5.99).
–– A argüição de nulidade do julgamento, por ter sido o réu obrigado ao uso de
algemas no plenário do Júri –– o que influíra no animo dos jurados ––, não pode
63
ser de plano acolhida, já que está subordidnada ao regime legal da prova do
prejuízo (art. 563 do Cód. Proc. Penal).
–– A admitir-se que o uso de algemas fosse poderoso para inculcar a culpabilidade
do réu, nenhum sairia absolvido da barra do Júri e, “a contrario sensu”, todos os
que, sem elas, se apresentassem perante os jurados alcançariam sempre
absolvição. A lição da experiência vulgar refuta, porém, semelhante argumento!
–– Se o Juiz-Presidente do Tribunal do Júri não autorizou ficasse o réu sem algemas,
é de presumir que o não aconselhavam as circunstâncias do caso, ou pela
periculosidade do agente, ou pela necesdidade de preservar a incolumidade das
pessoas presentes à sessão de julgamento.
–– A Súmula Vinculante nº 11, editada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal,
apenas veda o uso de algemas nos casos em que de todo o ponto desnecessárias,
segundo o prudente arbítrio do Juiz-Presidente do Tribunal do Júri, a quem
compete “regular a polícia das sessões” (art. 497, nº I, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 10.957 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.034924-4


Arts. 14, nº II, 29, 69, 148, § 2º, 158, § 1º, 288, parág. único, 299, parág. único,
e 316, do Cód. Penal;
arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 10.958 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.102579-5

Arts. 14, nº II e 157, § 2º, ns I e II, do Cód. Penal.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
64
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que
somente o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a
demora decorrente da ausência de testemunhas, se intimadas na forma da lei,
pois não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

Voto nº 10.959 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.065242-7

Arts. 14, nº II, 59 e 155, § 2º, do Cód. Penal.

— A apreensão da “res” em poder do imputado, que o não saiba justificar, basta a


firmar-lhe a responsabilidade criminal, pois de ordinário pertencem as coisas
para a esfera de seu dono, que não de estranhos.
— Na esfera dos crimes contra o patrimônio, cometidos sem violência a pessoa, tem
relevância apenas a lesão jurídica de valor econômico, pois segundo a velha
fórmula do direito romano, “de minimis non curat praetor” (Dig. 4,1,4).
— Aplicado inconsideradamente, o princípio da insignificância representa violação
grave da lei, que manda punir o infrator; destarte, subtrair a seu rigor o culpado,
sem relevante razão de direito, fora escarnecer da Justiça, que dispensa a cada um
o que merece. Em verdade, conforme aquilo de Alberto Oliva, “todo homem
deve saber do fundo de seu coração o que é certo e o que é errado” (apud
Ricardo Dip e Volney Corrêa de Moraes, Crime e Castigo, 2002, p. 3;
Millennium Editora).

Voto nº 10.960 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.057520-1
Art. 65, nº III, alínea d, do Cód. Penal;
arts. 202 e 563, do Cód. Proc. Penal;
art. 16, parág. único, nº IV, do Estatuto do Desarmamento;
arts. 5º, “caput”, 93, nº IX e 144, da Const. Fed.
65
— A Constituição Federal, em seu art. 93, nº IX, estigmatiza de nula a decisão
não fundamentada, e com bem de razão, pois que os motivos lhe são
verdadeiramente a alma e a substância. Nenhum julgamento se satisfaz com
argumentação tíbia e evasiva. O despacho que recebe a denúncia, contudo, não
no considera a Doutrina ato decisório, senão mero juízo de admissibilidade da
acusação, estranho ao império do mencionado preceito constitucional.
— Nisto de nulidades, tem-se de atender ao ponto do prejuízo, que lhe serve de
pedra de toque: nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar
prejuízo para a acusação ou para a defesa (art. 563 do Cód. Proc. Penal).
— A confissão judicial, por seu valor absoluto – visto se presume feita
espontaneamente –, basta à fundamentação do edito condenatório.
— Incorre em crime e, pois, sujeita-se às penas da lei aquele que possui arma de
fogo com numeração raspada, sem justificá-lo (art. 16, parág. único, nº IV, do
Estatuto do Desarmamento).
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os
perigos que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que
existam controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das
Armas de Fogo, 1998, p. 107).
—“A culpabilidade se compõe da imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa
e potencial consciência da ilicitude (do fato)” (Damásio E. de Jesus, Código
Penal Anotado, 18a. ed., p. 91).
— Do gênero das causas de exclusão de culpabilidade, a inexigibilidade de conduta
diversa requer prova cabal e inequívoca de sua existência, já que se devem
interpretar “restritivamente as disposições derrogatórias do Direito comum”.
“Cumpre opinar pela inexistência da exceção referida, quando esta se não
impõe à evidência, ou dúvida razoável paira sobre a sua aplicabilidade a
determinada hipótese” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do
Direito, 16a. ed., p. 235).
—“A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal” (Súmula nº 231 do STJ).

Voto nº 10.961 — RevisÃo CRIMINAL Nº 993.04.077463-


2
Arts. 65, nº III, alínea d, e 159, do Cód. Penal;
arts. 185, 360 e 621, do Cód. Proc. Penal.

— Isto de ter sido o réu citado no dia mesmo de seu interrogatório não invalida
nem desmerece o ato judicial; o que a lei exige é que se lhe dê inteira ciência dos
capítulos da acusação, primeiro que o interrogue a Justiça (art. 185 do Cód.
66
Proc. Penal).
–– A confissão judicial, por seu valor absoluto – visto se presume feita
espontaneamente –, basta à fundamentação do edito condenatório.
—“A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal” (Súmula nº 231 do STJ).
— Nisto de revisão criminal, toca ao réu provar cumpridamente o erro ou injustiça
da sentença condenatória, sob pena de indeferimento de sua pretensão, por
amor da força da coisa julgada, que passa por verdade incontestável (“res
judicata pro veritate habetur”).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).

Voto nº 10.962 — gravo em a execução Nº


990.08.071003-6
Arts. 39, ns. II e V, 44 e 50, nº VI, da Lei de Execução Penal.

— O art. 50, nº VI, da Lei de Execução Penal, com ser norma penal em branco,
permite a inclusão de novas modalidades infracionais, v.g., a utilização de
telefone celular por preso, no interior da cadeia. Fator e ocasião de quebra da
disciplina carcerária – visto que, ao alcance de integrantes de organizações
criminosas, o telefone celular serve a fomentar rebeliões nos presídios, com risco
da segurança pública e da ordem social –, a proibição de seu uso, estabelecida
pela Resolução nº 113/2003, da Secretaria da Administração Penitenciária, é ao
mesmo tempo útil e necessária. Sua inobservância implica, sem dúvida, falta
disciplinar grave, sujeita ao rigor da lei (art. 50, nº VI, e 39, ns. II e V, da Lei de
Execução Penal).
— Com a promulgação da Lei nº 11.466, de 28.3.2007, a posse de telefone celular
no interior de estabelecimento penal — já proibida pela Resolução nº 113/2003
da SAP —, passou a integrar, às expressas, o rol das faltas graves enumeradas no
art. 50 da Lei de Execução Penal: “tiver em sua posse, utilizar ou fornecer
aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros
presos ou com ambiente externo” (nº VII).

Voto nº 10.963 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.060733-2
Arts. 77, 78, § 2º, alíneas b e c, 155, ns. I e IV, 180, do Cód. Penal;
art. 89 da Lei nº 9.099/95.

— Está acima de crítica a decisão que condena por furto o sujeito que, réu confesso,
67
foi detido na posse do produto do crime (art. 155, ns. I e IV, do Cód. Penal).
— É argumento lógico irrefragável que a posse de coisa alheia sem justificativa
satisfatória induz à certeza de sua origem ilícita.
— Que melhor prova da culpabilidade do agente, do que haver admitido, sem
rebuços, a autoria do fato criminoso?!
— Se conforme com os mais elementos de convicção dos autos, pode a confissão
lastrear sentença condenatória, pois “continua sendo considerada como a prova
por excelência” (Vicente de Azevedo, Curso de Direito Judiciário Penal, 1958,
vol. II, pp. 61-62).
— A pedra angular do benefício do art. 89 da Lei nº 9.099/95 é que “o acusado não
esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime”.
— Após a Reforma Penal de 1984, o instituto do “sursis” converteu-se em “medida
penal de natureza restritiva da liberdade. Trata-se de forma de execução da
pena. Não é um benefício. Tem caráter sancionatório” (Damásio E. de Jesus,
Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 276).

Voto nº 10.964 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.097933-7


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 10.965 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.097956-6

Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.


68

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 10.966 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.064576-5

Art. 155, § 4º, ns. I, II e IV, do Cód. Penal;


art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.

— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente


o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
na inquirição de testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior,
motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

Voto nº 10.967 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.087124-2


Art. 112 da Lei de Execução Penal;
arts. 12 e 14 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
69
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo
cometido antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo
princípio basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.968 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.071437-6


Arts. 312 e 313, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 33 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 10.969 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.076715-1


Art. 121, § 2º, ns. III e IV, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


70
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).

Voto nº 10.970 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.095298-6


Arts. 41, nº VII e 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).

Voto nº 10.971 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.066628-2
Arts. 59, 107, nº IV, 110, § 1º, 114, nº I, 115, 155, §§ 2º e 4º,
nº IV, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— A apreensão da “res” em poder do imputado, que o não saiba justificar, basta a


firmar-lhe a responsabilidade criminal, pois de ordinário pertencem as coisas
71
para a esfera de seu dono, que não de estranhos.
— Na esfera dos crimes contra o patrimônio, cometidos sem violência a pessoa, tem
relevância apenas a lesão jurídica de valor econômico, pois segundo a velha
fórmula do direito romano, “de minimis non curat praetor” (Dig. 4,1,4).
— Aplicado inconsideradamente, o princípio da insignificância representa violação
grave da lei, que manda punir o infrator; destarte, subtrair a seu rigor o culpado,
sem relevante razão de direito, fora escarnecer da Justiça, que dispensa a cada um
o que merece. Em verdade, conforme aquilo de Alberto Oliva, “todo homem
deve saber do fundo de seu coração o que é certo e o que é errado” (apud
Ricardo Dip e Volney Corrêa de Moraes, Crime e Castigo, 2002, p. 3;
Millennium Editora).
— Suposto direito de todo o réu permanecer calado (art. 5º, nº LXIII, da Const.
Fed.), custa a crer assim proceda o inocente. É que a natureza a todos os homens
ensinou repelir, ainda que pela força, injusta ofensa.
— De presente, predomina a teoria do domínio do fato no concurso de pessoas:
responde pelo crime não só o executor físico, que produz o resultado, mas
também o partícipe, que acede sua conduta à ação principal (Damásio E. de
Jesus, Teoria do Domínio do Fato no Concurso de Pessoas, 1999, p. 13).
— É aplicável o privilégio do § 2º do art. 155 do Cód. Penal, se primário o réu e de
pequeno valor a coisa furtada (como tal considerado o que não excede ao salário
mínimo).
— Não é o privilégio do art. 155, § 2º, do Cód. Penal incompatível com o furto
qualificado; uma vez concorram os requisitos legais, pode o Juiz deferi-lo ao réu
cujos antecedentes e personalidade o tornem merecedor do benefício. Esta é a
lição de graves autores (v.g.: Damásio E. de Jesus e Paulo José da Costa Jr.) e
a jurisprudência dos Tribunais (STF, STJ, TACRIM-SP etc.).

Voto nº 10.972 — gravo em a execução Nº


990.08.077923-0
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— “O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a


concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 10.973 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.091233-0


Arts. 121, § 2º, ns. II, III e IV, 147, do Cód. Penal.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
72
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a
demora decorrente da natural complexidade da causa, pois não está nas mãos de
Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior que obstam à
realização do ato processual.
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da
prisão por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).

Voto nº 10.979 — gravo em a execução Nº


993.08.035930-0
Art. 44, § 4º, do Cód. Penal;
arts. 181, § 1º, alínea a, 197, da Lei de Execução Penal;
art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro.
—“A imposição de serviços à comunidade como condição da pena em regime
aberto implica inaceitável bis in idem, pois a restrição de direitos possui caráter
substitutivo da pena privativa de liberdade, não podendo ser cumulada com esta,
como condição especial daquele regime” (Rev. Tribs., vol. 753, p. 730).
––“Conversão de pena restritiva de direito em privativa de liberdade, porque o
sentenciado não foi localizado para dar cumprimento –– Regime aberto, sem
fixação de condição especial consistente em prestação de serviços à comunidade
–– Possibilidade -- O descumprimento injustificado da pena restritiva de direitos
acarreta, obrigatoriamente, a conversão em pena privativa de liberdade ––
Inteligência dos arts. 44, § 4º, do Código Penal e 181, § 1º, alínea a, da Lei de
Execução Penal –– Decisão mantida –– Recurso improvido” (TJSP; Ag. Exec.
nº 990.08.056459-5, 16a. Câm. Criminal; rel. Newton Neves).
— Se o sentenciado cumpriu inteiramente sua pena, carece de legítimo interesse o
pedido de reforma da decisão. Em consequência, agravo em execução interposto
com essa finalidade está prejudicado, visto perdeu o objeto (art. 197 da Lei de
Execução Penal).

Voto nº 10.980 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.083406-1
Arts. 17, 297 e 304, do Cód. Penal;
art. 386, nº III, do Cód. Proc. Penal.
— Incorre nas penas do art. 304 do Cód. Penal aquele que usa documento falso por
verdadeiro.
—“Se a carteira (de habilitação para dirigir veículos) é falsa, o crime do art. 304 do
Cód. Penal se configura, ainda que a exibição do documento decorra de
exigência da autoridade policial” (STJ; REsp nº 63.370-SP; rel. Min. Assis
Toledo; DJU 17.6.96, p. 21.507).
— Só há crime impossível se absoluta a inidoneidade do objeto ou do meio
empregado, o que não ocorre na hipótese de falsificação de documento público
(CNH), apta a enganar pessoa de mediana ilustração (art. 17 do Cód. Penal).
73
Voto nº 10.986 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº
990.08.090617-8
Art. 342, § 1º, do Cód. Penal.

— Incorre nas penas da lei (art. 342, § 1º, do Cód. Penal) a testemunha que, ao
depor em processo-crime, falta com a verdade acerca de fato juridicamente
relevante, com o intuito de favorecer o réu. A mentira não pode ter entrada no
templo da Justiça!

Voto nº 10.987 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.056462-5
Arts. 24 e 184, § 2º, do Cód. Penal.

— Tem lá seu valor a confissão do réu na Polícia, máxime se convicente e ajustada


aos mais elementos de prova dos autos.
—“A confissão do delito vale não pelo lugar em que é prestada, mas pela força de
convencimento que nela se contém” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 95, p. 564;
rel. Min. Cordeiro Guerra).
— Nos processos criminais sempre virá a ponto a alta lição de Rui: “Se o réu é
confesso, não há perder tempo em levar adiante o exame da prova. Parte
confessa é parte condenada” (Obras Completas, vol. XXIV, t. II, p. 270).
— Incide nas penas da lei, pela manifesta criminalidade de sua conduta, aquele que,
com o intuito de lucro, traz consigo ou tem em depósito, para expor à venda,
cópias de fonogramas (CDs) e videogramas (DVDs), sem autorização dos
titulares dos direitos. Não permite a lei que espertalhões, por cupidez e má-fé,
lancem mão de obra intelectual alheia, com violação de direito do autor (art.
184, § 2º, do Cód. Penal).
— Àquele que invoca a descriminante legal do estado de necessidade cabe
demonstrá-la acima de toda a dúvida, pois aqui a falta de prova faz as vezes de
confissão do crime (art. 24 do Cód. Penal).
— Embora pareça envolvê-lo uma auréola de simpatia — pois vende seus objetos e
artigos por preço infinitamente inferior ao dos originais e genuínos, com pouca
diferença de qualidade —, o comércio de produtos contrafeitos (ou “piratas”)
não pode ser tolerado. Deixar impunes os que praticam esse gênero de negócio
(“negociata”, fora melhor dito) não seria apenas tripudiar sobre o direito do
autor sobre a obra intelectual, senão ainda introduzir a astúcia e a fraude nas
relações de consumo, com graves danos para as pessoas, notadamente as
incautas. Para combater o preço exagerado e, portanto, injusto das mercadorias e
bens de consumo, não está a solução em falsificá-los, mas em opor severos
limites à cupidez dos que os produzem, fabricam e revendem, com aplicar-lhes o
rigor da lei e as práticas salutares e éticas da economia de mercado.
74

Voto nº 10.988 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.046634-8


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.989 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.086037-2


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
—“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.990 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.113233-8


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
75

Voto nº 10.991 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.109725-7


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 10.992 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.110501-2


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
76

Voto nº 10.993 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.046270-9


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 10.994 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.045183-9
Arts. 61, nº II, alínea f, 71, 213, 224, alínea b, 225, § 1º, nº II, 226, nº II, do
Cód. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— Nos crimes contra os costumes, a ação penal é, em regra, de iniciativa privada


(art. 225 do Cód. Penal). É pública, no entanto, se cometido o crime com abuso
da qualidade de padrasto (art. 225, § 1º, nº II); nesse caso, é o Ministério
Público parte legítima para propor ação contra o réu.
— Tem a palavra da vítima importância capital nos crimes contra a liberdade
sexual. Se ajustada ao conjunto probatório dos autos, enseja condenação: ao
cabo de contas, ninguém se reputa mais apto a discorrer das circunstâncias e
autoria do crime que a pessoa que lhe padeceu diretamente os agravos físicos e
morais (art. 213 do Cód. Penal).
— O autor de estupro, delito da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o
regime fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 10.995 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.078297-5


Arts. 29 e 180, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312, 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal;
art. 16, parág. único, nº IV, da Lei nº 10.826/03;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

—É princípio altamente reputado que o réu que respondeu a processo em


liberdade assim deve aguardar seu julgamento definitivo, exceto se o obstarem
motivos supervenientes de grande vulto (art. 594 do Cód. Proc. Penal).
— Não entra em dúvida que passa por um dos efeitos da sentença condenatória ser
o réu preso (art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal). Mas, se o Juiz da causa não lhe
decretou a prisão preventiva, por julgá-la desnecessária (se não ilegítima), nisto
mesmo deu a conhecer que lhe franqueara o direito ao recurso em liberdade. “A
melhor interpretação da lei é a que se preocupa com a solução justa, não
podendo o seu aplicador esquecer que o rigorismo na exegese dos textos legais
pode levar a injustiças” (Rev. Tribs., vol. 656, p. 188).
77

Voto nº 10.996 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.061264-6

Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);


art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XL, da Const. Fed.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei n º
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
78

Voto nº 10.997 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.068000-5
Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 16, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 28, 33,“caput”, e § 4º, 35, da Lei nº 11.343/06 – Lei de Drogas.

–– A casa é o asilo inviolável do cidadão enquanto lhe preserva a característica


fundamental de santuário doméstico; se a transforma em antro de delinqüência,
tem a Polícia, mesmo sem mandado escrito da autoridade, o direito (e talvez o
dever) de nela entrar, a todo o tempo, nos casos de crime permanente, para
assegurar a ordem pública e a paz social.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33,“caput”, da Lei nº 11.343/06 – Lei de Drogas).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos
policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de
policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU
7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 187).
— Segundo a comum opinião dos doutores, o benefício da redução da pena (art.
33, § 4º, da Lei nº 11.343/06) não se defere senão ao traficante esporádico ou
eventual, jamais ao que se associa para a prática do tráfico ilícito de drogas,
porque é em especial contra esse que se levanta o braço implacável da lei.
— Fator de esclarecida e humana individualização da pena, será bem reduzi-la ao
réu condenado por infração do art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), que
satisfaça aos requisitos de seu § 4º.
— Temperar com a eqüidade o rigor da lei foi sempre timbre dos que distribuem
justiça, como advertiu o insigne Carlos Maximiliano: “Hoje a maioria absoluta
dos juristas quer libertar da letra da lei o julgador, pelo menos quando da
aplicação rigorosa dos textos resulte injusta dureza, ou até mesmo simples
antagonismo com os ditames da eqüidade. Assim, vai perdendo apologistas na
prática a frase de Ulpiano — durum jus, sed ita lex scripta est — duro Direito,
porém assim foi redigida a lei — e prevalecendo, em seu lugar, o summum jus,
summa injuria — do excesso de direito resulta a suprema injustiça”
(Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 170).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
79

Voto nº 10.998 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.056512-5
Arts. 71, 214, 223 e parág. único, 224, 225, § 2º, ns. I e II, e 226, nº II, do Cód.
Penal;
arts. 1º, ns. V e VI, 2º, § 1º e 9º, da Lei nº 8.072/90;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Aquele que permanece calado, é certo, não confessa o delito, mas também não o
nega. E isto basta para que se não prestigie o silêncio.
—“Muito embora o silêncio do interrogando seja uma faculdade procedimental, é
difícil acreditar que alguém, preso e acusado de delito grave, mantenha-se
calado só para fazer uso de uma prerrogativa constitucional” (RJTACrimSP,
vol. 36, p. 325; rel. José Habice).
— Tem a palavra da vítima importância capital nos crimes contra a liberdade
sexual. Se ajustada ao conjunto probatório dos autos, enseja condenação: ao
cabo de contas, ninguém se reputa mais apto a discorrer das circunstâncias e
autoria do crime que a pessoa que lhe padeceu diretamente os agravos físicos e
morais (art. 214 do Cód. Penal).
— Pequenas divergências nos depoimentos não bastam a fulminá-los, antes
confirmam o adágio de que “a palavra é mau veículo do pensamento”. O que
monta não são os acidentes, mas a substância: nesta é que se acha gravada a
linguagem da verdade.
—“(...) relativamente aos crimes de estupro e atentado violento ao pudor em
qualquer das hipóteses referidas no art. 224 do Cód. Penal, o aumento de pena
previsto no art. 9º da Lei nº 8.072/90 somente tem incidência se
do fato resultar lesão corporal grave ou morte (art. 223 e parág.
único do Cód. Penal)” (STJ, HC nº 36.828-RJ; rel. Min. Hélio
Quaglia Barbosa; DJU 13.2.2006, p. 849; m.v.).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou
3/5, se reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz
jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 11.000 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.106535-5
Arts. 130 e 214, do Cód. Penal;
arts. 156 e 386, nº VII, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— Tem a palavra da vítima importância capital nos crimes contra a liberdade


sexual. Se ajustada ao conjunto probatório dos autos, enseja condenação: ao
cabo de contas, ninguém se reputa mais apto a discorrer das circunstâncias e
autoria do crime que a pessoa que lhe padeceu diretamente os agravos físicos e
morais (art. 214 do Cód. Penal).
—“O valor probante dos indícios e presunções, no sistema do livre convencimento
que o Código adota, é em tudo igual ao das provas diretas” (José Frederico
Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. II, p. 378).
— Não se aperfeiçoa a figura típica do art. 130 (perigo de contágio venéreo), sem a
prova do elemento subjetivo, isto é, de que o réu sabia estar contaminado.
80
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos
(Lei nº 8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de
cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela
descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e conspiram os
mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).
81

Voto nº 11.005 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.122398-8


Art. 121, § 2º, ns. I, II e IV, do Cód. Penal;
arts. 312, 408, § 2º, e 422, do Cód. Proc. Penal.

— Dado que importa restrição à liberdade, sumo bem do indivíduo, a custódia


cautelar não pode prolongar-se “in aeternum”; daqui a razão por que os
Tribunais de Justiça do País, olhando pela intangibilidade da pessoa humana,
tiveram a bem fixar prazo à instrução criminal de processo de réu preso: 81 dias;
este é o último padrão que separa a legalidade do arbítrio.
–– Não se trata, porém, de termo peremptório nem fatal: ao invés, sujeita-se a
circunstâncias excepcionais (como complexidade da causa, necessidade de
inquirir testemunhas por precatória, adiamento de audiência pela falta de
apresentação de réu preso devidamente requisitado, interposição de recurso pela
Defesa, etc.) que escusam pequena demora no encerramento da instrução. Não
está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente e avisado, conjurar todos os
empecilhos que podem alterar o curso normal do processo.
— O homicídio, mesmo em sua forma tentada, é crime em extremo grave, que
justifica a subsistência da custódia provisória de seu autor, enquanto não
julgado na forma da lei (art. 121 do Cód. Penal e art. 312 do Cód. Proc. Penal).
—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da
prisão por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).

Voto nº 11.006 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.092774-4


Art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
arts. 33, 35 e 44, da Lei nº 11.343/06.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
82
Voto nº 11.007 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº
990.08.034150-2
Arts. 29, 59, 70 e 157, “caput”, e § 2º, nº II, do Cód. Penal;
arts. 41 e 383, do Cód. Proc. Penal.
— Até à prolação da sentença pode o Juiz, à luz do disposto no art. 383 do Cód.
Proc. Penal, corrigir a errônea qualificação legal do crime feita pela denúncia,
ou mandar suprir-lhe alguma imperfeição (“emendatio libelli”).
— No caso de roubo, tem a palavra da vítima extraordinária importância para
comprovar-lhe a materialidade e a autoria: parte precípua no evento criminoso, é
a que está em melhores condições de, à luz da verdade sabida, reclamar a punição
unicamente do culpado.
—“Responde por roubos em concurso formal o sujeito que, num só contexto de fato,
pratica violência ou grave ameaça contra várias pessoas, produzindo
multiplicidade de violações possessórias” (Damásio E. de Jesus, Código Penal
Anotado, 18a. ed., p. 591).
— Impossível capitular de furto a subtração de coisa alheia móvel mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, pois são estas elementares do roubo (art. 157,
“caput”, do Cód. Penal).
— O regime prisional fechado é, em linha de princípio, o que verdadeiramente
convém ao autor de roubo, sobretudo se manifesta sua propensão à vida de
crimes.

Voto nº 11.008 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.090720-4


Arts. 83 e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter livramento condicional, pois se trata de matéria em que, por
previsão de lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.

Voto nº 11.009 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.117570-3


Arts. 83 e 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter livramento condicional, pois se trata de matéria em que, por
previsão de lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
83

Voto nº 11.010 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.010194-3

Arts. 66, nº III, alíneas b e f, 197, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Ainda que instrumento processual de dignidade
constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi”
respeita a questões de alta indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário
não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82,
P. 2.561).

Voto nº 11.015 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.07.048717-8

Arts. 14, nº II e 157, § 3º, 1a. parte, do Cód. Penal.

—“O direito de defesa é sagrado, mas não tem amparo o intento de medidas
procrastinadoras e ineficazes à apuração da verdade” (Rev. Tribs., vol. 130, p.
234).
— A confissão, máxime a prestada em Juízo, vale como prova do fato e de sua
autoria, se não ilidida por elementos de convicção firmes e idôneos. Donde a
antiga parêmia: “A confissão judicial é das melhores provas; quem confessa,
contra si profere a sentença” (apud Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, t. II, p. 530).
— A palavra da vítima passa por excelente meio de prova e autoriza decreto
condenatório, se em conformidade com os outros elementos de convicção
reunidos no processado.
— Pratica roubo com lesão corporal de natureza grave, e não tentativa de
latrocínio, o agente que, após ferir a vítima e subtrair-lhe bens, não consuma o
homicídio, ainda que o pudesse fazer (art. 157, § 3º, 1a. parte, do Cód. Penal).
— O regime prisional fechado é o que, em princípio, convém ao autor de roubo, por
sua natural periculosidade, como sujeito infenso à ordem legal e destituído de
sentimento ético, e pela notória gravidade do crime, que intranqüiliza e comove a
população honrada.
84

Voto nº 11.017 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


993.05.032273-4
Arts. 12 e 18, nº IV, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 33 da Lei nº 11.343/06.

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo


a idéia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
— Para autorizar decreto condenatório basta a confissão judicial do réu. Deveras, é
axioma de Direito que “a confissão da parte releva de outra prova” (cf.
Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, t. II, p. 530).
––“Se a ré trazia consigo a droga (cocaína) pretendendo introduzi-la na Casa de
Detenção, o delito previsto no art. 12 da Lei de Tóxicos se consumou,
independentemente da entrega” (STJ; REsp nº 188.986; rel. Min. Félix Fischer;
DJU 13.9.99, p. 94).
— A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o tipo do art. 16
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo quantidade considerável de
substância entorpecente, pois tal circunstância revela que o tóxico se destinava ao
consumo de terceiro, e não ao uso próprio.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes hediondos (Lei
nº 8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento
de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 11.018 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.097663-0


Arts. 647 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12, 30, 31 e 32 da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento).

–– Sob pena de constituir violência contra o “status dignitatis” do indivíduo, a


instauração de persecução penal unicamente se admite em face de prova cabal
da existência do crime e de indícios veementes de sua autoria.
–– Comprovada a falta de justa causa, ou de fundamento razoável para a acusação,
será força obstar à persecução penal, em obséquio ao “status dignitatis” do
indivíduo, que deve estar ao abrigo de procedimentos ilegítimos e temerários.
–– Por força do art. 1º da Medida Provisória nº 417/08 –– que deu nova redação aos
arts. 30 e 32 da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento) ––, no período de
23 de dezembro de 2003 a 31 de dezembro de 2008 “ninguém poderá ser preso
ou processado por possuir (em casa ou no trabalho) arma de fogo” (STJ; HC nº
92.369/SP; 5a. Turma; rel. Min. Felix Fischer; j. 26.2.08; DJ 7.4.08).
85

Voto nº 11.019 — gravo em a execução Nº


990.08.089717-9
Art. 214 do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
86

Voto nº 11.020 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.080840-0


Art. 121, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
arts. 312 e 366, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão cautelar, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código
de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal
ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade
da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Nisto de produção antecipada de prova (art.
366 do Cód. Proc. Penal), é mister atender ao requisito primordial da urgência.
Consideram-se urgentes, para os efeitos do mencionado dispositivo legal, as
provas que, por circunstâncias pessoais das testemunhas, primeiro que pela
tirania implacável do tempo (“sepultura de todas as coisas”), se devam produzir
desde logo, aliás poderão perder-se para sempre.
— Nem por ser o tempo o devorador de todas as coisas (“edax rerum”), haverão
estas de fazer-se antes de seu tempo. O Magistrado, com prudente arbítrio, nisto
como no demais, avaliará a conveniência de deferir, ou não, o requerimento que
tire ao fim de abreviar a oportunidade da produção de provas, sob color de que
“urgentes”.

Voto nº 11.021 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.069032-9
Arts. 59, 155, § 4º, ns. I e II, 329, do Cód. Penal;
art. 386, nº III, do Cód. Proc. Penal.

— Está acima de crítica a sentença que, baseada em prova idônea, condena indivíduo
preso em flagrante, na posse da coisa furtada (art. 155, § 4º, ns. I e II, do Cód.
Penal).
— Caracteriza crime de resistência a ação do sujeito que, ao receber voz de prisão
em flagrante pela prática de furto, entra em luta corporal com o policial e tenta
arrebatar-lhe a arma de fogo (art. 329 do Cód. Penal).
— Na esfera dos crimes contra o patrimônio, cometidos sem violência a pessoa, tem
relevância apenas a lesão jurídica de valor econômico, pois segundo a velha
fórmula do direito romano, “de minimis non curat praetor” (Dig. 4,1,4).
— Aplicado inconsideradamente, o princípio da insignificância representa violação
grave da lei, que manda punir o infrator; destarte, subtrair a seu rigor o culpado,
sem relevante razão de direito, fora escarnecer da Justiça, que dispensa a cada um
o que merece. Em verdade, conforme aquilo de Alberto Oliva, “todo homem
deve saber do fundo de seu coração o que é certo e o que é errado” (apud
87
Ricardo Dip e Volney Corrêa de Moraes, Crime e Castigo, 2002, p. 3;
Millennium Editora).
88

Voto nº 11.022 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.026931-3
Arts. 29, 59, 157, § 2º, nº I, e 180, do Cód. Penal;
art. 156 do Cód. Proc. Penal.

— Permanecer o réu em silêncio, quando podia e devia falar, indício é claro de que
concordou com a imputação. Daí o escólio do preclaro Vicente de Azevedo:
“Interpreta-se o silêncio. Mesmo em direito, tem valor, tem significação o
silêncio, a inatividade, a inércia. O provérbio popular: quem cala, consente tem
sentido jurídico: Qui tacet, consentire videtur. O brocardo completo é o
seguinte: Qui tacet, cum loqui potuit et debuit, consentire videtur. Isto é: quem
cala, quando pode e deve falar, entende-se que consentiu” (Curso de Direito
Judiciário Penal, 1958, vol. I, p. 73).
— As palavras da vítima bastam a firmar a certeza da autoria do roubo:
personagem principal do evento delituoso, foi quem esteve em contacto direto
com o rapinador, e somente incriminará aquele de quem puder reaver suas coisas
roubadas.
— Para caracterizar a qualificadora do art. 157, § 2o, no I, do Cód. Penal, irrelevante
é a apreensão da arma utilizada pelo agente; basta que testemunhos idôneos lhe
comprovem a existência.
— O regime fechado, no início, é o que unicamente se aproposita ao autor de roubo
(crime da última graveza e abjeção), que argúi em quem o pratica entranhada
rebeldia à disciplina social.

Voto nº 11.023 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.020651-6
Arts. 14, nº II, 29 e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal.

— Nos casos de roubo, a palavra da vítima tem extraordinário valor e peso, pois
manteve contacto direto com seu autor, cuja punição unicamente lhe interessa,
não a de pessoa inocente.
— Há tentativa de roubo se o agente, logo perseguido e preso, não teve a posse
tranqüila da coisa subtraída, recuperada afinal pela vítima.
— Acerca do critério de redução da pena da tentativa escreveu o douto Damásio E.
de Jesus: “Quanto mais o sujeito se aproxima da consumação, menor deve ser a
diminuição da pena (um terço)” (Direito Penal Anotado, 18a. ed., p. 55).
— O regime prisional fechado é, em linha de princípio, o que verdadeiramente
convém ao autor de roubo, sobretudo se manifesta sua propensão à vida de
crimes.
89

Voto nº 11.024 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.057036-6
Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 33, “caput”, e § 4º, da Lei nº 11.343/06 – Lei de Drogas.

— O réu inocente responde logo à injusta acusação, como o determina a própria


razão natural; não se chama ao silêncio, que este é o refúgio comum dos
culpados.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06 – Lei de Drogas).
— Não faz jus à redução de penas do § 4º do art. 33 da Lei de Drogas o indivíduo
cujo teor de proceder revela forte ligação com a criminalidade.
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos
policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de
policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU
7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 187).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 11.025 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.093676-0
Arts. 29 e 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 381 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Sentença que, em operação lógica do espírito, deduz de vigoroso contingente


probatório a culpabilidade do agente não tolera a nota de mal fundamentada,
antes será padrão muito de imitar, pois encerra todos os requisitos substanciais
para sua validade (art. 381 do Cód. Proc. Penal).
— A argüição de nulidade por falta de apreciação de teses da Defesa não prevalece
contra sentença cuja conclusão se mostre com elas inconciliável. É que “a
sentença precisa ser lida como discurso lógico” (STF; REsp nº 47.474/RS; 6a.
Turma; rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro; DJU 24.10.94, p. 28.790).
— Incorre na pena de furto consumado o sujeito que, tendo subtraído coisa alheia
móvel, mantém-lhe a posse tranqüila e desvigiada, ainda que por breve trato de
tempo (art. 155 do Cód. Penal).
90

Voto nº 11.026 — gravo ema execução Nº


990.08.105393-4
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos
da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para
o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!

Voto nº 11.027 — gravo ema execução Nº


990.08.056450-1
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos
da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para
o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
91
Voto nº 11.028 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº
990.08.092550-4
Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 33 da Lei nº 11.343/06.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód.
Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas
penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a
Juízo para mentir.
— Com respeito aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples
condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº
51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 187).
— A desclassificação do crime do art. 33 da Lei nº 11.343/06 para o tipo do art. 28
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo considerável quantidade de
substância entorpecente acondicionada em pacotes, apreendidos pela Polícia, pois
tais circunstâncias revelam que o tóxico se destinava ao comércio ilícito, e não
ao uso próprio.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007, atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou
3/5, se reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz
jus ao benefício (art. 2º, § 2º).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 11.029 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.107118-5


Arts. 14, nº II e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único e 312, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou
contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do
Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões,
também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso”
(O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem
a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem
contra si a presunção de periculosidade.
92

Voto nº 11.030 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.091512-6


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo
de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em que, por
previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve entender
o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de
suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do Estado.

Voto nº 11.031 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.122924-2


Art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 33 da Lei nº 11.343/06.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
––“Sapientis est mutare consilium!” É próprio do sábio mudar de opinião!
––“A toga do magistrado não se deslustra, retratando-se dos seus despachos e
sentenças, antes se relustra, desdizendo-se do sentenciado ou resolução, quando
se lhe antolha claro o engano, em que laborava, ou a injustiça, que cometeu”
(Rui, Obras Completas, vol. XLV, t. IV, p. 205).

Voto nº 11.032 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.080981-4


Arts. 29 e 121, § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa, pois não está nas mãos de Juiz,
ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior que obstam à realização
do ato processual.
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da
prisão por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).
93

Voto nº 11.033 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.101114-0


Art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.034 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.087390-3
Arts. 59, 69, 71, 72 e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 1.196 do Cód. Civil.

— Muita vez, o silêncio do acusado é a mais clara das explicações.


—“Para os chamados penalistas práticos, a confissão do acusado se equiparava à
própria coisa julgada, como ensinava Farinácio: Confessio habet vim rei
judicatae” (José Frederico Marques, Estudos de Direito Processual Penal, 1a.
ed., p. 290).
— Nos casos de roubo, a palavra da vítima tem extraordinário valor e peso, pois
manteve contacto direto com seu autor, cuja punição unicamente lhe interessa,
não a de pessoa inocente.
— Em ponto de crime continuado, não deve o Juiz reduzir demasiado seu alcance,
tornando-lhe impossível o reconhecimento; antes lhe importa, de par com a
preocupação da ordem jurídica e social, atender ao fim do instituto, convém a
saber, evitar o exagero punitivo sob o influxo da eqüidade, pois meta do Direito
Penal é também a recuperação do infrator.
—“O réu tem direito ao crime continuado, agindo ou não com unidade de desígnio,
pois essa foi a vontade do legislador” (Guilherme de Souza Nucci, Código
Penal Comentado, 2000, p. 216).
— A só presença de duas qualificadoras não obriga ao aumento da pena do roubo
além do mínimo legal de 1/3, o que apenas se justifica nos casos em que
praticado por grupo numeroso de agentes, mediante emprego de armas de
extraordinário poder vulnerante.
— Ordinariamente falando, ao autor de roubo é o regime fechado o que mais lhe
convém, como justa resposta por ter violado de frente regras fundamentais da
convivência humana.
94

Voto nº 11.035 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.117506-1


Arts. 41, 312 e 569, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 35 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
— O exame de provas no âmbito do “habeas corpus”, para a verificação da falta de
justa causa para a ação penal, tem sido pábulo de tormentosas disputas. Mas, a
inteligência que, de presente, prevalece a tal respeito, assim na Doutrina como na
Jurisprudência, é a que, embora incompatível o processo de “habeas corpus”
com o contraditório ou ampla indagação probatória, tem lugar o exame dos
elementos dos autos, “para avaliar-se da legalidade ou ilegalidade da ação
penal” (cf. Rev. Tribs., vol. 491, p. 375; rel. Min. Costa Lima).
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Não é inepta a denúncia que permite ao réu o exercício do direito de ampla
defesa. Eventual preterição de requisito do art. 41 do Cód. Proc. Penal pode
suprir-se até à sentença final (art. 569 do Cód. Proc. Penal).
— “Se a denúncia narra fato que permite adequação típica, ela não é, formalmente,
inepta (art. 41 do CPP)” (STJ; Jurisprudência, vol. 105, p. 303; rel. Min. Félix
Fischer).
— Para que a denúncia produza efeitos de direito e autorize a instauração do
processo-crime basta que descreva ação típica e lhe indique o autor (art. 41 do
Cód. Proc. Penal).

Voto nº 11.036 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.115506-0


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.037 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.050493-2
Arts. 14, nº II, 59 e 155, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.
— Aquele que, argüido acerca do fato criminoso, cerra os lábios e nada responde,
nisso mesmo dá a conhecer sua grande culpa, uma vez que não é próprio do
inocente suportar em silêncio injusta acusação, podendo falar e defender-se.
Afora os casos de exceção (que merecem comprovados sempre), calado só
permanece quem admite a veracidade da imputação.
— É superior a toda a crítica a sentença que, amparada em prova oral idônea,
condena por tentativa de furto sujeito que, após entrar em veículo de terceiro
estacionado na via pública e pretender movimentá-lo, recebe voz de prisão. O
estado de flagrância impunha a solução condenatória, ante a certeza da
materialidade, autoria do crime e dolo do agente (arts. 155 e 14, nº II, do Cód.
Penal).
95

Voto nº 11.038 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.020404-1
Art. 155, “caput”, do Cód. Penal;
art. 386, nº III, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil.

— Achado na posse de coisa alheia, sem que o saiba justificar, dá a conhecer o réu
que a houvera por meio criminoso, pois o detentor legítimo nenhuma dificuldade
encontra para explicar a origem de tudo que lhe vem às mãos.
— Nisto de crimes contra o patrimônio, não contraria o Direito Penal — a quem só
importam as infrações de relevância econômica — nem ofende as leis da Justiça
o Magistrado que, à luz do “princípio da insignificância”, absolve e manda em
paz autor de furto de material de ínfimo valor, que lhe não foi de proveito algum,
porque afinal recuperado pela vítima.
— Mesmo quando conspirem os elementos constitutivos do crime, sempre se
reconheceu ao Juiz discrição para, firme no princípio da insignificância do bem
jurídico protegido e da mínima reprovabilidade social do fato, absolver o réu, por
atipicidade de conduta (art. 386, nº III, do Cód. Proc. Penal).
— Ao Juiz a Lei determina — e não apenas assegura — que, no aplicá-la, atenda
“aos fins sociais” e “às exigências do bem comum” (art. 5º da Lei de
Introdução ao Código Civil). Casos haverá em que lhe será força repelir, com
retidão e sabedoria, o libelo no qual se compraziam já nossos maiores:
“regimentos não se executam senão nos pobres; leis e prisões não se guardam,
senão contra os desamparados” (Diogo do Couto, Diálogo do Soldado Prático,
1790, p. 19).

Voto nº 11.039 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.074238-8
Arts. 14, nº II, 155, ns. I e IV, § 4º, nº III e 307, do Cód. Penal.

— Está acima de crítica a decisão que condena por furto o sujeito que, réu confesso,
foi detido na posse do produto do crime (art. 155, ns. I e IV, do Cód. Penal).
— É argumento lógico irrefragável que a posse de coisa alheia sem justificativa
satisfatória induz à certeza de sua origem ilícita.
— Que melhor prova da culpabilidade do agente, do que haver admitido, sem
rebuços, a autoria do fato criminoso?!
— Se conforme com os mais elementos de convicção dos autos, pode a confissão
lastrear sentença condenatória, pois “continua sendo considerada como a prova
por excelência” (Vicente de Azevedo, Curso de Direito Judiciário Penal, 1958,
vol. II, pp. 61-62).
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa; não lhe é
lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a lei define e pune como
crime (art. 307 do Cód. Penal).
96

Voto nº 11.040 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.104903-1


Art. 155, §§ 3º e 4º, ns. II e IV, do Cód. Penal;
art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;
art. 36 do Código Criminal do Império.
— Se o réu nega veemente a imputação de larápio, que assenta em
declarações vagas e imprecisas, tem a Justiça de respeitar-lhe o
direito de inculcar-se inocente.
— No processo penal, unicamente a certeza é base legítima de condenação. Dúvida,
que não significa outra coisa que falta de prova da acusação, deve interpretar-se em
favor do réu: “In dubio pro reo”.
— O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos autos. Se elas
não indicam com segurança a culpa do réu, será força pronunciar o “non liquet” e
absolvê-lo.
—“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição de
pena” (art. 36 do Código Criminal do Império).
— Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são necessárias,
para sua condenação, provas tão claras como a luz meridiana: “probationes luce
meridiana clariores” (cf. Giovanni Brichetti, L’Evidenza nel Diritto Processuale
Penale, 1950, p. 111).

Voto nº 11.041 — gravo em a execução Nº


990.08.034340-8
Art. 121, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº XL e 52, nº X, da Const. Fed.
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal —
não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de
Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da
pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente
fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para
regime prisional mais brando.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido antes
da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de
Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito
de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei n º 11.464, em
29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC
nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
97
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum
anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta causa da
Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p.
377).
98

Voto nº 11.042 — mandado de SEgUrança Nº


990.08.084879-8
Art. 89 da Lei nº 9.099/95.
—“Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou
correição previstos na lei processual” (Jurisprudência do Tribunal de Justiça,
vol. 141, p. 442; rel. Nélson Fonseca).
— Em obséquio à segurança jurídica — objetivo a que devem atender, por princípio,
todas as decisões da Justiça —, não há conceder mandado de segurança senão
em face de direito líquido e certo, que, na expressão memorável de Hely Lopes
Meirelles, “é direito comprovado de plano” (Mandado de Segurança e Ação
Popular, 5a. ed., p. 16).

Voto nº 11.046 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.064294-4
Art. 69 do Cód. Penal;
arts. 202 e 386, nº VII, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, “caput” e § 1º, 34 e 35, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.
— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de
injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela
Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo
adverso.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente
impõe-se demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram
à verdade ou caíram em erro de informação. É que, na busca da
verdade real — alma e escopo do processo —, “toda pessoa
poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos
policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de
policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU
7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 187).
— É doutrina comum de graves autores que a figura típica do art. 35 da Lei
Antidrogas (associação para o tráfico) não se aperfeiçoa sem a prova cabal do
vínculo associativo.
— A prova, para autorizar a condenação de alguém pelo crime do
art. 35 da Lei nº 11.343/06, escreveu Damásio E. de Jesus,
“deve ser firme, segura, convincente, incontroversa. Não o
sendo, absolve-se” (Lei Antidrogas Anotada, 2009, p. 168).
— Fator de esclarecida e humana individualização da pena, será bem reduzi-la ao
réu condenado por infração do art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), que
satisfaça aos requisitos de seu § 4º.
— Temperar com a eqüidade o rigor da lei foi sempre timbre dos que distribuem
justiça, como advertiu o insigne Carlos Maximiliano: “Hoje a maioria absoluta
dos juristas quer libertar da letra da lei o julgador, pelo menos quando da
aplicação rigorosa dos textos resulte injusta dureza, ou até mesmo simples
antagonismo com os ditames da eqüidade. Assim, vai perdendo apologistas na
prática a frase de Ulpiano — durum jus, sed ita lex scripta est — duro Direito,
porém assim foi redigida a lei — e prevalecendo, em seu lugar, o summum jus,
summa injuria — do excesso de direito resulta a suprema injustiça”
(Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 170).
99
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
100

Voto nº 11.047 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.087440-3
Arts. 304 e 307, do Cód. Penal;
art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 16, nº IV, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento).
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
–– A posse de arma de fogo com numeração raspada tipifica a infração do art. 16,
nº IV, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente de
perigo concreto.
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos
policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de
policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº 51.577; DJU
7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 187).
— Com respeito aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples
condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº
51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 185).
— A confissão judicial do réu tem valor absoluto como meio de
prova; pela presunção de sua autenticidade, pode autorizar a
edição de decreto condenatório.
— Incorre nas penas do art. 304 do Cód. Penal (uso de documento falso) o sujeito
que apresenta cédula de identidade, na qual, debaixo de sua fotografia, consta o
nome de outrem.
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa; não lhe é
lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a lei define e pune como
crime (art. 307 do Cód. Penal).

Voto nº 11.048 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.116859-6


Arts. 14, nº II, 71 e 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312 e 313, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão cautelar, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de furto mediante rompimento de obstáculo, nos termos da figura típica
101
do art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal, incide na cláusula restritiva; pelo
que, não tem jus ao benefício.
102

Voto nº 11.049 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.082511-9


Arts. 29 e 121, do Cód. Penal;
art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal.

— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121 do Cód. Penal, não comprovou
possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício (art. 408, § 2º,
do Cód. Proc. Penal).
—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da
prisão por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).
—“Não há maior tormento no mundo que o esperar” (Vieira, Sermões, 1959, t. V,
p. 210).

Voto nº 11.050 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.136227-9


Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 33 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).
103

Voto nº 11.051 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.119564-0


Art. 157, § 3º, 2a. parte, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.052 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.098988-0
Arts. 70 e 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal.

— Isto de permanecer calado no inquérito, conquanto direito seu, faz contra a


presunção de inocência do réu. A razão é que, se deveras inocente e limpo de
crime, tê-lo-ia já proclamado, como aqueles que são acusados sem causa, pois a
todos ensinou a Natureza a defender-se com a última força. Ordinariamente
falando, é o silêncio do réu pedra-de-toque de sua culpa.
— Nos casos de roubo, a palavra da vítima tem extraordinário valor e peso, pois
manteve contacto direto com seu autor, cuja punição unicamente lhe interessa,
não a de pessoa inocente.
— Diz-se consumado o roubo se o agente, ainda que por breve lapso de tempo, teve
a posse desvigiada da coisa subtraída à vítima mediante violência ou grave
ameaça.
— Há concurso formal (art. 70 do Cód. Penal), e não crime único, se o agente, num
só contexto de fato, viola patrimônios de vítimas diferentes.
— O regime prisional fechado é, em linha de princípio, o que verdadeiramente
convém ao autor de roubo, sobretudo se manifesta sua propensão à vida de
crimes.

Voto nº 11.053 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.116618-6


Art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos
processos, não será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um
espectador inerte. Fatos existem, no entanto, que lhe excedem a
jurisdição; denomina-os a tradição jurídica motivos de força
maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de
carta precatória para o interrogatório do réu, termo essencial
do processo e franca oportunidade de obtenção de prova,
imprescindível à busca da verdade real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
104
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua
periculosidade, o autor de furto mediante rompimento de obstáculo, nos
termos da figura típica do art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal, incide na cláusula
restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
105

Voto nº 11.054 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.112498-0
Art. 499 do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 33 § 4º, e 40, nº VI, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas);

— Não cai sob a rubrica das nulidades nem viola direito das partes o despacho que
indefere a realização de diligência que não é cabal ou imprescindível à decisão
da causa.
— A confissão, máxime se feita perante o Magistrado, tem o caráter de prova
ilustríssima; segundo o famoso Ulpiano, equipara-se não menos que à coisa
julgada: “Confessio habet vim rei judicatae”.
—“A confissão judicial tem valor absoluto e, ainda que seja o único elemento de
prova, serve como base à condenação” (Rev. Tribs., vol. 744, p. 573).
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
— Fator de esclarecida e humana individualização da pena, será bem reduzi-la ao
réu condenado por infração do art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), que
satisfaça aos requisitos de seu § 4º.
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 11.055 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.091683-1


Arts. 70 e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 105, nº I, alíneas a e c, da Const. Fed.

— É ao Colendo Superior Tribunal de Justiça que compete julgar “habeas


corpus” impetrado contra ato do Tribunal de Justiça, conforme o preceito do
art. 105, nº I, alíneas “a” e “c”, da Constituição Federal, explicitado pela
Emenda Constitucional nº 22, de 18 de março de 1999 (cf. HC nº 78.069-9/MG;
2a. Turma; rel. Min. Marco Aurélio; DJU 14.5.99).
––“O habeas-corpus, instrumento processual de dignidade constitucional destinado
a proteger o direito de locomoção, não é remédio próprio e idôneo para fazer
agilizar o julgamento de recurso interposto pela defesa” (STJ; HC nº 8.067-BA;
rel. Vicente Leal; 6a. Turma; DJU 5.4.99, p. 152).
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
106

Voto nº 11.056 — RevisÃo CRIMINAL Nº 993.05.071371-


7
Arts. 14, nº II, 15 e 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal;
arts. 571, nº VIII e 621, do Cód. Proc. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 1º, nº I, da Lei nº 8.072/90;
art. 5º, nº XXXVIII, letra c, da Const. Fed.

— As nulidades do julgamento em plenário devem ser argüidas “logo depois de


ocorrerem” (art. 571, nº VIII, do Cód. Proc. Penal), sob pena de preclusão.
— Decisão dos jurados não se anula, exceto se proferida contra a evidência dos
autos, pois tem por si a força do preceito constitucional da soberania dos
veredictos do Júri, que lhe assegura a imutabilidade (art. 5º, nº XXXVIII, letra
“c”, da Const. Fed.). “Manifestamente contrária à prova dos autos” é somente a
decisão que neles não depara fundamento algum, constituindo por isso
formidável desvio da razão lógica e da realidade processual.
—“Tem-se por improcedente a revisão criminal, quando não ocorre a alegada
contradição entre a sentença e a evidência dos autos” (Rev. Forense, vol. 166,
p. 317).
— Dado que julgam “ex informata conscientia”, não há impugnar a decisão dos
jurados se depara um mínimo de fundamento na prova; que tal decisão já não
será manifestamente contrária à prova dos autos.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes hediondos (Lei
nº 8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento
de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).

a
Voto nº 11.057 — PELAçÃO RIMINAL Nº c
990.08.081624-1
Arts. 33, § 2º, alínea b, 59, 157, “caput” e 307, do Cód. Penal.

— A titularidade do direito de apelar não é do defensor, senão do réu, ao qual toca


portanto a decisão de fazê-lo. Desde que o réu se oponha ao exercício de tal
direito, haverá o advogado de catar-lhe respeito à vontade, pois o que procura em
Juízo está sujeito ao princípio geral que informa o mandato: só procede segundo
a lei aquele que pratica o ato a que está expressamente autorizado (e o réu que
renuncia ao direito de recurso por isto mesmo desautoriza expressamente que
outrem o exercite).
— A confissão judicial, por seu valor absoluto – visto se presume feita
espontaneamente –, basta à fundamentação do edito condenatório.
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa; não lhe é
lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a lei define e pune como
crime (art. 307 do Cód. Penal).
— Não há proibição legal de o Juiz conceder regime semi-aberto a condenado não-
reincidente a pena inferior a 8 anos (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal); a
concessão de tal benefício unicamente é defesa ao réu condenado a pena que
exceda a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja
superior a 4 anos.
107

Voto nº 11.058 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº


990.08.095206-4
Arts. 14, nº II, 157, § 2º, nº I e 213, do Cód. Penal;
arts. 1º, nº V e 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— O que é inocente afirma-o desde logo à autoridade policial; quem prefere o


silêncio à palavra, nisto mesmo se revela culpado; é que ninguém se subtrai ao
império da lei natural, que ordena ao indivíduo injustamente acusado de crime se
defenda com todas as forças. À imputação falsa de crime só o morto não
responde, porque tudo lhe é já indiferente.
— A palavra da vítima de estupro tem valor inquestionável na apuração das
circunstâncias do fato criminoso e na identificação de seu autor, pois repugna à
condição da mulher, sobretudo se casada e de vida honesta, faltar à verdade em
matéria que, por sua infâmia e opróbrio, lhe imprime na alma um como estigma
indelével (art. 213 do Cód. Penal).
— Vítima que incrimina categoricamente autor de roubo, oferece base necessária ao
decreto condenatório, desde que em harmonia com a prova dos autos. A razão é
que, havendo com ele mantido contacto direto, passa pela pessoa mais apta a
reconhecê-lo.
— Para caracterizar a qualificadora do art. 157, § 2o, no I, do Cód. Penal, irrelevante
é a apreensão da arma utilizada pelo agente; basta que testemunhos idôneos lhe
comprovem a existência.
— O autor de estupro (art. 213 do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, deve
cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por força do preceito do art. 2º, §
1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 11.059 — HABEAS cORPUS Nº 993.08.024927-0

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;


art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
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Voto nº 11.060 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.081986-0


Art. 69 do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal;
arts. 12, “caput” e 18, nº III, 1a. figura, da Lei nº 6.368/76;
art. 16, “caput”, e parág. único, nº IV, da Lei nº 10.826/03;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Contra o parecer de notáveis juristas, que sustentam não ser o “habeas corpus”
meio apropriado a impugnar decisão de que caiba recurso ordinário, mostra-se de
bom exemplo conhecer da impetração, porque, em tese, passa pelo remédio
jurídico-processual mais célere e eficaz para conjurar abusos e ilegalidades
contra o direito à liberdade de locomoção do indivíduo (art. 5º, nº LXVIII, da
Const. Fed.).
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.

Voto nº 11.061 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.127866-9


Arts. 310, parág. único, 312 e 313, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão cautelar, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— O benefício da liberdade provisória é incompatível com a condição do réu que
não comprova primariedade, bons antecedentes, ocupação lícita e residência no
foro da culpa (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). A custódia cautelar,
109
nesse caso, é medida indeclinável de garantia da ordem pública e aplicação
da lei penal.

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