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— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de
Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da
pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e
refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a
mudança para regime prisional mais brando.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
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a
Voto nº 10.808 — PELAçÃO RIMINAL Nº c
993.08.033264-9
Arts. 14, nº II, 29, 33, § 2º, alínea b, 59 e 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal.
Arts. 310, parág. único, 312 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
–– Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica
motivos de força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de
carta precatória para o interrogatório do réu, termo essencial do processo e
franca oportunidade de obtenção de prova, imprescindível à busca da verdade
real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou
contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do
Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões,
também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso”
(O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem
a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem
contra si a presunção de periculosidade.
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–– Embora a mentira não deva entrar no templo da Justiça, que lhe fecha de contínuo
as portas como a inimigo público, a conduta do sujeito que faz declaração falsa
de pobreza para beneficiar-se de assistência judiciária gratuita não incorre em
crime, pelo que não há indiciá-lo em inquérito policial por falsidade ideológica
(art. 299 do Cód. Penal).
–– A lição do incomparável Nélson Hungria é, ao propósito, sempre invocada:
“Cumpre notar que a declaração prestada pelo particular deve valer, por si
mesma, para a formação do documento. Se o oficial ou funcionário público (que
recebe a declaração) está adstrito a averiguar, propriis sensibus, a fidelidade da
declaração, o declarante, ainda quando falte à verdade, não cometerá ilícito
penal” (Comentários ao Código Penal, 1958, vol. IX, p. 280).
–– Sob pena de constituir violência contra o “status dignitatis” do indivíduo, a
instauração de persecução penal unicamente se admite em face de prova cabal
da existência do crime e de indícios veementes de sua autoria.
–– Comprovada a falta de justa causa, ou de fundamento razoável para a acusação,
será força obstar à persecução penal, em obséquio ao “status dignitatis” do
indivíduo, que deve estar ao abrigo de procedimentos ilegítimos e temerários.
— Está acima de crítica a decisão que condena por furto o sujeito detido na posse do
produto do crime (art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal).
— A apreensão das “res furtivae” em poder do réu, sem que o justifique pronta e
satisfatoriamente, firma a certeza de sua culpabilidade, máxime se em harmonia
com o conjunto probatório.
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio
sentença condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José
Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).
— Segundo a comum opinião dos doutores, a prisão cautelar é necessária, se “a
permanência do réu, livre e solto, possa dar motivo a novos crimes, ou cause
repercussão danosa e prejudicial ao meio social” (José Frederico Marques,
Elementos de Direito Processual Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 49).
— Está acima de crítica a decisão que condena por furto o sujeito detido na posse do
produto do crime (art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal).
— A apreensão das “res furtivae” em poder do réu, sem que o justifique pronta e
satisfatoriamente, firma a certeza de sua culpabilidade, máxime se em harmonia
com o conjunto probatório.
— A causa de diminuição da pena pelo arrependimento posterior não se aplica às
hipóteses em que o bem subtraído à vítima lhe é restituído pela ação da Polícia,
não por ato voluntário do agente (art. 16 do Cód. Penal).
— Ao renitente e empedernido autor de furtos, que se atira sem freios à estrada
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tortuosa dos ilícitos penais, só o regime prisional fechado lhe servirá de
contenção do impulso criminoso e de forma de reparação do mal que causou à
sociedade.
— Pode o Juiz permitir que o réu, ainda que infrator contumaz, cumpra sob o regime
semi-aberto sua pena, se de curta duração e cometido o crime sem violência a
pessoa (art. 33 do Cód. Penal).
—“Não conheço crime mais repugnante, mais merecedor de severa punição do que
o estupro. Ele revela no delinqüente a existência dominante dos mais grosseiros
e brutais instintos, a falta absoluta de cavalheirismo, de generosidade, de
respeito pela mulher, que é o sinal distintivo de uma natureza nobre. As
conseqüências do crime são indeléveis para a vítima” (Os Delitos contra a
Honra da Mulher, 1936, p. 135).
— Crimes contra a liberdade sexual, a jurisprudência do Tribunal de Justiça do
Estado de São Paulo tem admitido continuidade delitiva entre estupro e
atentado violento ao pudor, se praticados nas circunstâncias do art. 71 do Cód.
Penal (arts. 213 e 214 do Cód. Penal).
— O crime continuado, instituto nascido da eqüidade, é uma “fictio juris”
destinada a evitar o cúmulo material de penas (cf. José Frederico Marques,
Curso de Direito Penal, 1956, vol. II, p. 354).
— No crime continuado, mais do que a unidade de ideação, prevalecem os
elementos objetivos referidos no art. 71 do Cód. Penal e a conveniência de
remediar o exagero punitivo, que não corrige o infrator, senão que o revolta e
embrutece, por frustrar-lhe a esperança de realizar, em tempo razoável e justo, o
sonho da liberdade.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
—“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
a
Voto nº 10.841 — PELAçÃO RIMINAL Nº c
990.08.046378-0
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Arts. 14, nº II, 24 e 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
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––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio
sentença condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José
Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio
sentença condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José
Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
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sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra
do contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de atentado violento ao pudor incide na cláusula restritiva; pelo que não
tem jus ao benefício.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
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autoria.
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).
— Unicamente faz jus à liberdade provisória o preso que, havendo cometido delito
afiançável, reúna méritos pessoais; importa ainda não seja o caso de decretação
de prisão preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão cautelar, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— “O conhecimento de recurso de apelação do réu independe de sua prisão”
(Súmula nº 347 do STJ).
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Voto nº 10.865 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº
990.08.074449-6
Arts. 59, “caput” e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 226 e 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;
art. 1º da Lei nº 2.252/54.
— Permanecer o réu em silêncio, quando podia e devia falar, indício é claro de que
concordou com a imputação. Daí o escólio do preclaro Vicente de Azevedo:
“Interpreta-se o silêncio. Mesmo em direito, tem valor, tem significação o
silêncio, a inatividade, a inércia. O provérbio popular: quem cala, consente tem
sentido jurídico: Qui tacet, consentire videtur. O brocardo completo é o
seguinte: Qui tacet, cum loqui potuit et debuit, consentire videtur. Isto é: quem
cala, quando pode e deve falar, entende-se que consentiu” (Curso de Direito
32
Judiciário Penal, 1958, vol. I, p. 73).
— As palavras da vítima bastam a firmar a certeza da autoria do roubo:
personagem principal do evento delituoso, foi quem esteve em contacto direto
com o rapinador, e somente incriminará aquele de quem puder reaver suas coisas
roubadas.
— Para caracterizar a qualificadora do art. 157, § 2o, no I, do Cód. Penal, irrelevante
é a apreensão da arma utilizada pelo agente; basta que testemunhos idôneos lhe
comprovem a existência.
Arts. 14, nº II, 33, § 2º, alínea b, 59 e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal.
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121 do Cód. Penal, não comprovou
possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício (art. 408, § 2º,
35
do Cód. Proc. Penal).
—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da
prisão por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem
a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem
contra si a presunção de periculosidade.
— Comete estelionato (art. 171 do Cód. Penal) o sujeito que vende veículo, sob
promessa de entregar o respectivo documento ao comprador tanto que efetue o
pagamento do preço da transação, mas não desempenha sua palavra, por não
possuir título de propriedade do bem.
— A mentira verbal, desde que apta a induzir em erro a vítima e causar-lhe
prejuízo, constitui meio fraudulento do estelionato.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
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elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o
mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio
de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva
exige prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria.
Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do
réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).
— Em linha de princípio, não é o “habeas corpus” meio idôneo para obstar o curso
do inquérito policial nem da ação penal, se o fato imputado ao réu constituir
crime e houver indícios suficientes de sua autoria.
— Ainda na esfera do “habeas corpus”, é admis-sível a análise de provas para aferir
a proce-dência da alegação de falta de justa causa para a ação penal; defeso é
apenas seu exame aprofundado e de sobremão, como se pratica na dilação
probatória (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— Para trancar a ação penal, ou impedir o curso de inquérito policial, sob o
fundamento da ausência de “fumus boni juris”, há mister prova mais clara que a
luz meridiana, a fim de se não subverter a ordem jurídica, entre cujos postulados
se inscreve o da apuração compulsória, pelos órgãos da Justiça, da
responsabilidade criminal do infrator.
— Só é admissível trancamento de ação penal por falta de justa causa, quando esta
se mostre evidente à primeira face.
— “Se o fato atribuído ao paciente constitui violação da lei penal, existe justa causa
para o processo” (Rev. Forense, vol. 172, p. 426).
— Não é pedra de escândalo decisão que, em caso de prática de falta grave que
ocasione subversão da ordem ou da disciplina do estabelecimento penal,
determina a internação do preso no regime disciplinar diferenciado; funda-se
em dado objetivo e em razão lógica: a vontade expressa da lei (art. 52 da Lei de
Execução Penal).
—“O regime disciplinar diferenciado foi concebido para atender às necessidades
de maior segurança nos estabelecimentos penais e de defesa da ordem pública
contra criminosos que, por serem líderes ou integrantes de facções criminosas,
são responsáveis por constantes rebeliões ou fugas ou permanecem, mesmo
encarcerados, comandando ou participando de quadrilhas ou organizações
criminosas atuantes no interior do sistema prisional e no meio social” (Julio
Fabbrini Mirabete, Execução Penal, 11a. ed., p. 149).
— Não há que reparar em sentença que condena réu com base em indícios, se fortes
e concordes, pois “o valor probante dos indícios e presunções, no sistema do
livre convencimento que o Código adota, é em tudo igual ao das provas diretas”
(José Frederico Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 2a. ed.. vol.
II, p. 378).
— O STF, em Sessão Plenária, decidiu que “os crimes de estupro e de atentado
violento ao pudor, tanto nas suas formas simples (Cód. Penal, arts. 213 e 214),
como nas qualificadoras (Cód. Penal, 223, caput, e parág. único), são crimes
hediondos: Lei nº 8.072/90, redação da Lei nº 8.930/94, art. 1º, ns. V e VI” (HC
nº 81.288-1-SC; rel. Min. Carlos Velloso; j. 17.12.2001).
— O autor de atentado violento ao pudor, delito da classe dos hediondos, deve
cumprir sua pena sob o regime inicialmente fechado, por força do preceito do
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos
Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90) no que respeita à
progressão no regime prisional de cumprimento de pena. Se o
sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao
benefício (art. 2º, § 2º).
— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que
a prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 408 do
Cód. Proc. Penal).
–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo
Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Salvo se manifesta sua inocorrência, não é de bom exemplo afastar, desde logo,
na fase da pronúncia, as qualificadoras do homicídio; ao Tribunal do Júri, como
a seu Juiz natural, é que, em princípio, cabe apreciá-lo (art. 121, § 2º, ns. I e IV,
do Cód. Penal).
— Que melhor prova contra o réu que sua confissão? Donde o aforismo: “Nulla est
maior probatio quam propria ore confessio” (o que, tirado a vernáculo, significa:
não há prova maior do que a confissão de boca própria).
—“O valor probante dos indícios e presunções, no sistema de livre convencimento
que o Código adota, é em tudo igual ao das provas diretas” (José Frederico
Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. II, p. 378).
— O regime fechado, no início, é o que unicamente se aproposita ao autor de roubo
(crime da última graveza e abjeção), que argúi em quem o pratica entranhada
rebeldia à disciplina social.
— Desde a mais alta antigüidade, teve-se a confissão pela rainha das provas (regina
probationum), porque repugna à natureza afirme alguém contra si fato que não
saiba verdadeiro.
— A confissão do delito vale não pelo lugar onde é prestada, mas pela força de
convencimento que nela se contém (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 95, pág. 564;
rel. Min. Cordeiro Guerra).
— Reputa-se de bom quilate — e, pois, merece preservada dos tiros da crítica — a
sentença que, forte nas declarações da vítima, no testemunho policial e em
gravações telefônicas, decreta a condenação de autor de crime de extorsão (art.
158 do Cód. Penal).
— Embora crime formal, admite a extorsão tentativa, se o sujeito passivo, apesar de
constrangido, não realiza a conduta pretendida pelo agente. Esta doutrina
professam os penalistas de melhor nota:Nélson Hungria, Comentários ao
Código Penal, 1980, vol. VII, p. 77; Heleno Cláudio Fragoso, Lições de Direito
Penal, Parte Especial, 11a. ed., vol. I, p. 217; Damásio E. de Jesus, Código
Penal Anotado, 18a. ed., p. 610, etc.).
— Se o agente, contudo, entra na posse (ainda que efêmera), do dinheiro exigido à
vítima, reputa-se consumada a extorsão, pois obtivera vantagem indevida
mediante grave ameaça.
— Interpretar é descobrir a vontade da lei (Vicente de Azevedo, Apostilas de
Direito Judiciário Penal, 1952, vol. I, p. 56).
— O regime fechado, no início, é o que unicamente se aproposita ao autor de
extorsão qualificada (crime da última graveza e abjeção), que argúi em quem o
pratica entranhada rebeldia à disciplina social (art. 158, § 1º, do Cód. Penal).
56
Voto nº 10.931 — Recurso de OFÍCIO Nº 990.08.072157-7
Arts. 23, nº II, 25 e 121, “caput”, do Cód. Penal;
art. 411 do Cód. Proc. Penal.
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para
o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
59
a
Voto nº 10.937 — gravo em xecução Nº e
993.08.012858-8
Art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 197 da Lei de Execução Penal.
–– Ainda que o requeira a Defesa, não está obrigado o Juiz a ordenar seja o acusado
submetido a exame médico-legal, sem que haja dúvida sobre sua integridade
mental, ou alguma circunstância do processo lhe indique a necessidade da
realização da providência (art. 149 do Cód. Proc. Penal).
— Diretor do processo, toca ao Juiz aferir, com prudente arbítrio, da conveniência
de atender ou não a requerimento das partes. O princípio do livre
61
convencimento, que informa suas decisões, faculta-lhe dar de mão,
aprioristicamente, àquelas provas que saiba nada importarão ao desate do litígio,
sendo pois de nenhuma ou somenos valia.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
— Para autorizar decreto condenatório basta a confissão judicial do réu. Deveras, é
axioma de Direito que “a confissão da parte releva de outra prova” (cf.
Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, t. II, p. 530).
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód.
Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas
penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a
Juízo para mentir.
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— Isto de ter sido o réu citado no dia mesmo de seu interrogatório não invalida
nem desmerece o ato judicial; o que a lei exige é que se lhe dê inteira ciência dos
capítulos da acusação, primeiro que o interrogue a Justiça (art. 185 do Cód.
66
Proc. Penal).
–– A confissão judicial, por seu valor absoluto – visto se presume feita
espontaneamente –, basta à fundamentação do edito condenatório.
—“A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal” (Súmula nº 231 do STJ).
— Nisto de revisão criminal, toca ao réu provar cumpridamente o erro ou injustiça
da sentença condenatória, sob pena de indeferimento de sua pretensão, por
amor da força da coisa julgada, que passa por verdade incontestável (“res
judicata pro veritate habetur”).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).
— O art. 50, nº VI, da Lei de Execução Penal, com ser norma penal em branco,
permite a inclusão de novas modalidades infracionais, v.g., a utilização de
telefone celular por preso, no interior da cadeia. Fator e ocasião de quebra da
disciplina carcerária – visto que, ao alcance de integrantes de organizações
criminosas, o telefone celular serve a fomentar rebeliões nos presídios, com risco
da segurança pública e da ordem social –, a proibição de seu uso, estabelecida
pela Resolução nº 113/2003, da Secretaria da Administração Penitenciária, é ao
mesmo tempo útil e necessária. Sua inobservância implica, sem dúvida, falta
disciplinar grave, sujeita ao rigor da lei (art. 50, nº VI, e 39, ns. II e V, da Lei de
Execução Penal).
— Com a promulgação da Lei nº 11.466, de 28.3.2007, a posse de telefone celular
no interior de estabelecimento penal — já proibida pela Resolução nº 113/2003
da SAP —, passou a integrar, às expressas, o rol das faltas graves enumeradas no
art. 50 da Lei de Execução Penal: “tiver em sua posse, utilizar ou fornecer
aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros
presos ou com ambiente externo” (nº VII).
— Está acima de crítica a decisão que condena por furto o sujeito que, réu confesso,
67
foi detido na posse do produto do crime (art. 155, ns. I e IV, do Cód. Penal).
— É argumento lógico irrefragável que a posse de coisa alheia sem justificativa
satisfatória induz à certeza de sua origem ilícita.
— Que melhor prova da culpabilidade do agente, do que haver admitido, sem
rebuços, a autoria do fato criminoso?!
— Se conforme com os mais elementos de convicção dos autos, pode a confissão
lastrear sentença condenatória, pois “continua sendo considerada como a prova
por excelência” (Vicente de Azevedo, Curso de Direito Judiciário Penal, 1958,
vol. II, pp. 61-62).
— A pedra angular do benefício do art. 89 da Lei nº 9.099/95 é que “o acusado não
esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime”.
— Após a Reforma Penal de 1984, o instituto do “sursis” converteu-se em “medida
penal de natureza restritiva da liberdade. Trata-se de forma de execução da
pena. Não é um benefício. Tem caráter sancionatório” (Damásio E. de Jesus,
Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 276).
— Incorre nas penas da lei (art. 342, § 1º, do Cód. Penal) a testemunha que, ao
depor em processo-crime, falta com a verdade acerca de fato juridicamente
relevante, com o intuito de favorecer o réu. A mentira não pode ter entrada no
templo da Justiça!
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
—“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
— Aquele que permanece calado, é certo, não confessa o delito, mas também não o
nega. E isto basta para que se não prestigie o silêncio.
—“Muito embora o silêncio do interrogando seja uma faculdade procedimental, é
difícil acreditar que alguém, preso e acusado de delito grave, mantenha-se
calado só para fazer uso de uma prerrogativa constitucional” (RJTACrimSP,
vol. 36, p. 325; rel. José Habice).
— Tem a palavra da vítima importância capital nos crimes contra a liberdade
sexual. Se ajustada ao conjunto probatório dos autos, enseja condenação: ao
cabo de contas, ninguém se reputa mais apto a discorrer das circunstâncias e
autoria do crime que a pessoa que lhe padeceu diretamente os agravos físicos e
morais (art. 214 do Cód. Penal).
— Pequenas divergências nos depoimentos não bastam a fulminá-los, antes
confirmam o adágio de que “a palavra é mau veículo do pensamento”. O que
monta não são os acidentes, mas a substância: nesta é que se acha gravada a
linguagem da verdade.
—“(...) relativamente aos crimes de estupro e atentado violento ao pudor em
qualquer das hipóteses referidas no art. 224 do Cód. Penal, o aumento de pena
previsto no art. 9º da Lei nº 8.072/90 somente tem incidência se
do fato resultar lesão corporal grave ou morte (art. 223 e parág.
único do Cód. Penal)” (STJ, HC nº 36.828-RJ; rel. Min. Hélio
Quaglia Barbosa; DJU 13.2.2006, p. 849; m.v.).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou
3/5, se reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz
jus ao benefício (art. 2º, § 2º).
—“O direito de defesa é sagrado, mas não tem amparo o intento de medidas
procrastinadoras e ineficazes à apuração da verdade” (Rev. Tribs., vol. 130, p.
234).
— A confissão, máxime a prestada em Juízo, vale como prova do fato e de sua
autoria, se não ilidida por elementos de convicção firmes e idôneos. Donde a
antiga parêmia: “A confissão judicial é das melhores provas; quem confessa,
contra si profere a sentença” (apud Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, t. II, p. 530).
— A palavra da vítima passa por excelente meio de prova e autoriza decreto
condenatório, se em conformidade com os outros elementos de convicção
reunidos no processado.
— Pratica roubo com lesão corporal de natureza grave, e não tentativa de
latrocínio, o agente que, após ferir a vítima e subtrair-lhe bens, não consuma o
homicídio, ainda que o pudesse fazer (art. 157, § 3º, 1a. parte, do Cód. Penal).
— O regime prisional fechado é o que, em princípio, convém ao autor de roubo, por
sua natural periculosidade, como sujeito infenso à ordem legal e destituído de
sentimento ético, e pela notória gravidade do crime, que intranqüiliza e comove a
população honrada.
84
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao
pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido
antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores
intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os
condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para
efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos
crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº
11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de
Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j.
25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito
que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do
veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta
causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito,
16a. ed., p. 377).
86
— Está acima de crítica a sentença que, baseada em prova idônea, condena indivíduo
preso em flagrante, na posse da coisa furtada (art. 155, § 4º, ns. I e II, do Cód.
Penal).
— Caracteriza crime de resistência a ação do sujeito que, ao receber voz de prisão
em flagrante pela prática de furto, entra em luta corporal com o policial e tenta
arrebatar-lhe a arma de fogo (art. 329 do Cód. Penal).
— Na esfera dos crimes contra o patrimônio, cometidos sem violência a pessoa, tem
relevância apenas a lesão jurídica de valor econômico, pois segundo a velha
fórmula do direito romano, “de minimis non curat praetor” (Dig. 4,1,4).
— Aplicado inconsideradamente, o princípio da insignificância representa violação
grave da lei, que manda punir o infrator; destarte, subtrair a seu rigor o culpado,
sem relevante razão de direito, fora escarnecer da Justiça, que dispensa a cada um
o que merece. Em verdade, conforme aquilo de Alberto Oliva, “todo homem
deve saber do fundo de seu coração o que é certo e o que é errado” (apud
87
Ricardo Dip e Volney Corrêa de Moraes, Crime e Castigo, 2002, p. 3;
Millennium Editora).
88
— Permanecer o réu em silêncio, quando podia e devia falar, indício é claro de que
concordou com a imputação. Daí o escólio do preclaro Vicente de Azevedo:
“Interpreta-se o silêncio. Mesmo em direito, tem valor, tem significação o
silêncio, a inatividade, a inércia. O provérbio popular: quem cala, consente tem
sentido jurídico: Qui tacet, consentire videtur. O brocardo completo é o
seguinte: Qui tacet, cum loqui potuit et debuit, consentire videtur. Isto é: quem
cala, quando pode e deve falar, entende-se que consentiu” (Curso de Direito
Judiciário Penal, 1958, vol. I, p. 73).
— As palavras da vítima bastam a firmar a certeza da autoria do roubo:
personagem principal do evento delituoso, foi quem esteve em contacto direto
com o rapinador, e somente incriminará aquele de quem puder reaver suas coisas
roubadas.
— Para caracterizar a qualificadora do art. 157, § 2o, no I, do Cód. Penal, irrelevante
é a apreensão da arma utilizada pelo agente; basta que testemunhos idôneos lhe
comprovem a existência.
— O regime fechado, no início, é o que unicamente se aproposita ao autor de roubo
(crime da última graveza e abjeção), que argúi em quem o pratica entranhada
rebeldia à disciplina social.
— Nos casos de roubo, a palavra da vítima tem extraordinário valor e peso, pois
manteve contacto direto com seu autor, cuja punição unicamente lhe interessa,
não a de pessoa inocente.
— Há tentativa de roubo se o agente, logo perseguido e preso, não teve a posse
tranqüila da coisa subtraída, recuperada afinal pela vítima.
— Acerca do critério de redução da pena da tentativa escreveu o douto Damásio E.
de Jesus: “Quanto mais o sujeito se aproxima da consumação, menor deve ser a
diminuição da pena (um terço)” (Direito Penal Anotado, 18a. ed., p. 55).
— O regime prisional fechado é, em linha de princípio, o que verdadeiramente
convém ao autor de roubo, sobretudo se manifesta sua propensão à vida de
crimes.
89
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos
da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para
o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos
da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os
requisitos da lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para
o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
91
Voto nº 11.028 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº
990.08.092550-4
Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 33 da Lei nº 11.343/06.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód.
Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas
penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a
Juízo para mentir.
— Com respeito aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples
condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita” (HC nº
51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 187).
— A desclassificação do crime do art. 33 da Lei nº 11.343/06 para o tipo do art. 28
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo considerável quantidade de
substância entorpecente acondicionada em pacotes, apreendidos pela Polícia, pois
tais circunstâncias revelam que o tóxico se destinava ao comércio ilícito, e não
ao uso próprio.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007, atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou
3/5, se reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz
jus ao benefício (art. 2º, § 2º).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— Achado na posse de coisa alheia, sem que o saiba justificar, dá a conhecer o réu
que a houvera por meio criminoso, pois o detentor legítimo nenhuma dificuldade
encontra para explicar a origem de tudo que lhe vem às mãos.
— Nisto de crimes contra o patrimônio, não contraria o Direito Penal — a quem só
importam as infrações de relevância econômica — nem ofende as leis da Justiça
o Magistrado que, à luz do “princípio da insignificância”, absolve e manda em
paz autor de furto de material de ínfimo valor, que lhe não foi de proveito algum,
porque afinal recuperado pela vítima.
— Mesmo quando conspirem os elementos constitutivos do crime, sempre se
reconheceu ao Juiz discrição para, firme no princípio da insignificância do bem
jurídico protegido e da mínima reprovabilidade social do fato, absolver o réu, por
atipicidade de conduta (art. 386, nº III, do Cód. Proc. Penal).
— Ao Juiz a Lei determina — e não apenas assegura — que, no aplicá-la, atenda
“aos fins sociais” e “às exigências do bem comum” (art. 5º da Lei de
Introdução ao Código Civil). Casos haverá em que lhe será força repelir, com
retidão e sabedoria, o libelo no qual se compraziam já nossos maiores:
“regimentos não se executam senão nos pobres; leis e prisões não se guardam,
senão contra os desamparados” (Diogo do Couto, Diálogo do Soldado Prático,
1790, p. 19).
— Está acima de crítica a decisão que condena por furto o sujeito que, réu confesso,
foi detido na posse do produto do crime (art. 155, ns. I e IV, do Cód. Penal).
— É argumento lógico irrefragável que a posse de coisa alheia sem justificativa
satisfatória induz à certeza de sua origem ilícita.
— Que melhor prova da culpabilidade do agente, do que haver admitido, sem
rebuços, a autoria do fato criminoso?!
— Se conforme com os mais elementos de convicção dos autos, pode a confissão
lastrear sentença condenatória, pois “continua sendo considerada como a prova
por excelência” (Vicente de Azevedo, Curso de Direito Judiciário Penal, 1958,
vol. II, pp. 61-62).
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa; não lhe é
lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a lei define e pune como
crime (art. 307 do Cód. Penal).
96
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121 do Cód. Penal, não comprovou
possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício (art. 408, § 2º,
do Cód. Proc. Penal).
—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da
prisão por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).
—“Não há maior tormento no mundo que o esperar” (Vieira, Sermões, 1959, t. V,
p. 210).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
44 da Lei nº 11.343/06).
103
— Não cai sob a rubrica das nulidades nem viola direito das partes o despacho que
indefere a realização de diligência que não é cabal ou imprescindível à decisão
da causa.
— A confissão, máxime se feita perante o Magistrado, tem o caráter de prova
ilustríssima; segundo o famoso Ulpiano, equipara-se não menos que à coisa
julgada: “Confessio habet vim rei judicatae”.
—“A confissão judicial tem valor absoluto e, ainda que seja o único elemento de
prova, serve como base à condenação” (Rev. Tribs., vol. 744, p. 573).
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
— Fator de esclarecida e humana individualização da pena, será bem reduzi-la ao
réu condenado por infração do art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), que
satisfaça aos requisitos de seu § 4º.
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
a
Voto nº 11.057 — PELAçÃO RIMINAL Nº c
990.08.081624-1
Arts. 33, § 2º, alínea b, 59, 157, “caput” e 307, do Cód. Penal.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
108
— Contra o parecer de notáveis juristas, que sustentam não ser o “habeas corpus”
meio apropriado a impugnar decisão de que caiba recurso ordinário, mostra-se de
bom exemplo conhecer da impetração, porque, em tese, passa pelo remédio
jurídico-processual mais célere e eficaz para conjurar abusos e ilegalidades
contra o direito à liberdade de locomoção do indivíduo (art. 5º, nº LXVIII, da
Const. Fed.).
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.