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Universidade Estadual de Santa Cruz

Mestrado em Cultura e Turismo

RESUMO :
Este trabalho pretende fazer uma análise das imagens divulgadas via internet de duas fazendas
que oferecem turismo rural organizado formalmente: A Fazenda Yrerê e a Fazenda
Primavera, ambas na Rodovia Jorge Amado, BA 415, comparando-as com imagens
produzidas em visitas in loco. As fotografias serão produzidas nas duas fazendas em estudo e
também em duas outras fazendas de cacau não utilizadas como pólos de turismo rural. Essa
análise pretende identificar a imagem que a região cacaueira tem no universo externo a ela,
comparando-a ainda com a realidade das fazendas de cacau não-turísticas, levando em conta o
imaginário criado pela literatura Amadiana. Com esse estudo imagético, objetiva ainda
ratificar a importância da fotografia como dado social e objeto de pesquisa no turismo.
Pretende também estudar o turismo rural como um agregador de valor ao agronegócio do
cacau, e a renda adicional gerada por ele, uma vez que essas fazendas continuam tendo a
produção de cacau como principal fonte de renda. Ao final do projeto, espera-se sugerir
possibilidades de dar mais visibilidade à atividade turística nas fazendas, numa abordagem de
marketing, valendo-se das novas tecnologias de comunicação

Palavras-chave: Ilhéus, Turismo rural, Cacau, Fotografia.

1. INTRODUÇÃO
A crise da lavoura cacaueira, iniciada na década de 80 e que perdura até os dias atuais
fez o Brasil cair de segundo para quinto lugar na produção mundial de cacau em 2008,
segundo dados da CEPLAC. A partir de então, foi desaparecendo a figura do grande
fazendeiro, Coronel do Cacau, tanto pela “pulverização” das propriedades – divididas entre os
herdeiros, e muitos não assumindo o lugar de seus pais – como também pela diversificação de
atividades dentro das fazendas: cultura de outras frutas, criação de peixes e camarões,
pecuária e o nascimento de uma atividade completamente nova: o Turismo Rural.
Tulik (2003) trata a expressão “Turismo Rural” como uma expressão empregada
geralmente de modo extensivo a qualquer atividade turística no espaço rural. Identifica-se
com Turismo no Espaço Rural e Turismo em Áreas Rurais, ambos utilizados como
sinônimos.
Desta forma, o turismo rural objetiva proporcionar aos visitantes a oportunidade de
participar das atividades do meio rural, como: andar a cavalo, ordenhar vacas, passear de
carroça, tomar banho de rio ou cachoeira, caminhar pelos campos, além de conhecer as
técnicas de cultivo e produção de produtos agrícolas ou criação de animais, entre outros.
“A Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) chegou ao seguinte conceito de
Turismo Rural: um segmento turístico que proporciona conhecer, vivenciar e
usufruir as práticas sociais, econômicas e culturais próprias do meio rural de cada
região de forma sustentável.” (JAPPE, 2005:26)
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Definido no Portal Brasil Turismo como “Conjunto de atividades turísticas


desenvolvidas no meio rural, comprometido com a produção agropecuária, agregando valor a
produtos e serviços, resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural da
comunidade,” o Turismo Rural valoriza diversos aspectos do ambiente do interior, como
culinária, manifestações folclóricas, modos de vida em geral, e não apenas a natureza, como
pode parecer à primeira vista.
As atividades associadas ao Turismo Rural podem ser consideradas uma estratégia de
diversificação produtiva das propriedades rurais, com atividades não-agrícolas
complementares à renda agropecuária. Entre elas estão o pesque-pague, a fazenda-hotel
(distinta de hotel-fazenda), o restaurante típico, as vendas “direto do produtor”, o artesanato, a
industrialização caseira e outras atividades associadas ao estilo de vida do homem do campo.
“O importante é que se constituem em atividades internas à propriedade – on farm – , que
geram ocupações complementares às atividades agrícolas, as quais continuam a fazer parte do
cotidiano da propriedade em maior ou menor intensidade” (SILVA, VILARINHO e DALE,
2000).
É considerado um modelo turístico definido como brando, artesanal, de baixa
intensidade, com predomínio de pequenos negócios com base local e familiar, atraindo uma
menor quantidade de turistas, geralmente em pequenos grupos. Consome um menor espaço,
aproveitando alojamentos já existentes ou funcionando apenas durante o dia. Também requer
menos infra-estrutura, integrando-se aos meios social e natural sem provocar conflitos.
O Ministério do Turismo, em suas Diretrizes para o Desenvolvimento do Turismo
Rural no Brasil apresenta alguns benefícios trazidos por essa atividade, como: diversificação
da economia regional, pelo estabelecimento de micro e pequenos negócios, melhoria das
condições de vida das famílias rurais, interiorização do turismo, difusão de conhecimentos e
técnicas das ciências agrárias, diversificação da oferta turística, diminuição do êxodo
rural,promoção de intercâmbio cultural, conservação dos recursos naturais, reencontro dos
cidadãos com suas origens rurais e com a natureza, geração de novas oportunidades de
trabalho, criação de receitas alternativas que valorizam as atividades rurais, melhoria dos
equipamentos e dos bens imóveis, integração do campo com a cidade, agregação de valor ao
produto primário por meio da verticalização da produção, promoção da imagem e
revigoramento do interior, integração das propriedades rurais e comunidade,valorização das
práticas rurais, tanto sociais quanto de trabalho e resgate da auto-estima do homem do campo.
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Os exemplos que serão estudados nesta oportunidade são as Fazendas Primavera, de


propriedade do Sr. Virgílio Amorim e Yrerê, do Sr. Gerson Marques que oferecem visitas
guiadas onde dão informações sobre as técnicas de cultivo, a exportação, a crise financeira
(que deu origem ao aproveitamento da polpa do cacau para suco e não apenas da amêndoa
para fabricação do chocolate), o processo da clonagem dos cacaueiros para se tornarem
resistentes à praga da vassoura de bruxa e permitem degustação de suco de cacau e chocolate
caseiro. Na Primavera, além de mostrar o passo-a-passo do cultivo do cacau, o proprietário
mantém um museu particular, com documentos e objetos dos seus antepassados, que
desbravaram as terras e plantaram as primeiras mudas de cacau.
Estas atividades oferecidas integram o que Fucks (2002) chama de Turismo Cultural
Rural, e define como “o movimento de volta ao passado que emerge na atualidade,
despertando o interesse pela cultura rural, não deixando de ser uma reconciliação com a
própria história, numa tentativa de resgatar as raízes culturais e a identidade brasileira”
(FUCKS apud CAIRO, 2003:22).
O caso das fazendas escolhidas, que não oferecem alojamento de qualquer espécie,
mas apenas visitas programadas com duração de até quatro horas, foge à exatidão do termo
“turismo”, que segundo a OMT, está vinculado ao pernoite, mas na literatura revista continua-
se a usar a nomenclatura Turismo Rural para esse tipo de atividade.
Para Ruschmann (1991) o produto turístico é um bem abstrato, e não pode ser avaliado
a não ser por descrições e representações. O valor se apresenta nas promessas de satisfação. A
maneira como o produto é apresentado ou a promessa retratada nas ações publicitárias é
fundamental para a decisão de compra por parte do turista (RUSCHMANN apud ALMEIDA
e BLÓS, 2000). É aí que aparecem, têm seu lugar e valor as fotografias do ambiente turístico.
Essas imagens representativas do produto turístico, para cumprir sua finalidade de
“bem vender”, deveriam atender o propósito apontado por Flusser (1985) na sua Filosofia da
Caixa Preta:
“As imagens técnicas (e em primeiro lugar a fotografia) deviam constituir
denominador comum entre conhecimento científico, experiência artística e vivência
política de todos os dias. Toda imagem técnica devia ser, simultaneamente,
conhecimento (verdade), vivência (beleza) e modelo de comportamento (bondade).”
(FLUSSER, 1985:24)
Durante a pesquisa serão coletadas imagens disponibilizadas livremente na internet,
em álbuns online, blogs e fotologs, identificadas como sendo das fazendas Yrerê e Primavera
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e analisadas à luz das Teorias da Imagem e dos Estudos Culturais. Na continuidade do estudo,
serão produzidas, com uma câmera Nikon D40, fotografias das duas fazendas turísticas e de
outras duas fazendas, não preparadas para a atividade de turismo rural. Também serão
recolhidas, catalogadas e digitalizadas fotografias do acervo particular dos proprietários das
fazendas estudadas.
Dentro dos resultados esperados, planeja-se sugerir uma melhor exposição das
imagens, que possibilite resultados mais consistentes no que se refere à visitação das fazendas
pelos turistas.
A análise aqui proposta é, a princípio, essencialmente imagética, embora não deixe de
abordar o lado econômico, ao enxergar o turismo como um sistema aberto, isto é, sujeito às
influências do meio ambiente e ao mesmo tempo afetando o meio ambiente. Esse trabalho se
apresenta como alternativa, pois ao estudar as imagens das fazendas de cacau no sul da Bahia,
poderá ser utilizado como fonte para futuros pesquisadores.

2 OBJETIVO GERAL:
Estudar as imagens do turismo rural na região cacaueira disponibilizadas na internet,
comparando-as com fotografias feitas in loco nas fazendas Primavera e Yrerê, e em duas
outras fazendas não preparadas para receber turistas, com vistas a sugerir uma nova maneira
de dar melhor visibilidade aos empreendimentos, mais afinada com as novas tecnologias da
comunicação.

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:


• Relacionar a quantidade de visitantes nas duas fazendas, desde que iniciaram suas
atividades no ramo, à quantidade de turistas no município de Ilhéus em igual período.
• Identificar o percentual de aumento na renda dos fazendeiros e os novos empregos
gerados pela atividade turística.
• Levantar a motivação dos turistas em conhecer as fazendas.
• Trazer à tona as diferentes visões e opiniões sobre o turismo rural, do ponto de vista
dos visitantes, com base em suas fotografias disponibilizadas na internet e seus
comentários ao lado delas.
• Recolher, catalogar e digitalizar fotografias do acervo particular dos proprietários das
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fazendas estudadas.
• Identificar a representação da cultura cacaueira criada no imaginário coletivo extra-
regional a partir das imagens divulgadas via internet.
• Fotografar duas fazendas com atividade turísticas e duas fazendas não preparadas para
esta atividade.
• Comparar as imagens divulgadas na internet com fotografias documentais do cultivo
do cacau em situação real, obtidas nessa pesquisa no agronegócio cacaueiro.
• Ratificar a importância da fotografia como dado social e objeto de pesquisa no
turismo.
• Oferecer uma alternativa para dar visibilidade a esse tipo de empreendimento turístico.
• Realizar uma exposição fotográfica virtual com as imagens antigas das fazendas e as
produzidas no decorrer da pesquisa.
PROBLEMA
A primeira indagação diz respeito à representação da região cacaueira e do cultivo do cacau
no Brasil. Pretende-se questionar se a representação cultural hoje veiculada pela internet, na
forma de fotografias e filmes, desde o cultivo do cacau à produção do chocolate, objetiva
corroborar o imaginário gerado pela produção cultural de escritores como Jorge Amado e
Adonias Filho durante o século XX, quando a descrição literária era mais acessível do que a
representação imagética.
A segunda diz respeito à relação que essas imagens tem, ou não tem, com a realidade
cotidiana de uma fazenda que sobrevive apenas do agronegócio do cacau.

JUSTIFICATIVA
Estudar o turismo rural como um agregador de valor ao agronegócio do cacau, e a
renda adicional gerada por ele, é uma importante forma de apontar alternativas de renda e
emprego, sobretudo pela possibilidade de aliar o negócio turístico à cultura regional.
As fazendas escolhidas buscam sua divulgação na internet através de agências de
turismo e sites de dicas de viagens e passeios. Além disso, a Yrerê mantém o seu próprio blog
onde disponibiliza muitas fotografias. A divulgação, porém, tem maior força quando é feita
por “testemunhais” nos blogs e fotologs dos turistas que por elas passam trazendo suas
inseparáveis câmeras fotográficas. Esses novos instrumentos de visualidade desempenham o
papel antes reservado aos cartões postais, que propiciavam viagens imaginárias a qualquer
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parte do mundo sem sequer sair de casa.


A internet tornou o homem contemporâneo não mais limitado ao espaço. Ela o
convida a ser espectador de sua própria cultura, da sua própria cidade e de outras, antes até de
visitá-las, ou mesmo que nunca as visite, acessando virtualmente seus simulacros na rede. “A
interatividade da internet desterritorializa” (CANCLINI, 2008:52).
A região cacaueira teve como grande canal de divulgação durante o século XX a obra
literária de Jorge Amado, que construiu no imaginário coletivo a cena da fazenda de cacau,
tendo como pano de fundo as rixas eternas entre os coronéis pela posse das terras e o domínio
político. Esta cena foi reproduzida em imagens dinâmicas em novelas como Gabriela, Terras
do Sem Fim e mesmo no filme Gabriela. Com o advento da fotografia digital e a
popularização dos equipamentos e do acesso à internet, esta imagem literária, antes descritiva,
foi se tornando plenamente visual. Sites de agências de turismo, homepages de pousadas e
hotéis da região, blogs pessoais que contam como foram as férias e sites com dicas de
passeios e viagens se encarregam de tornar os locais que o turista ainda não conhece e
gostaria de conhecer acessíveis a partir de uma simples pesquisa em mecanismos de busca
Este relativamente novo meio midiático produz uma imensa quantidade de
informação, disponibilizada livremente a cada segundo. O marketing turístico produzido na
rede tem como vantagens imediatas o baixo custo, a rapidez de veiculação e o fato de ser não-
invasivo, isto é, visita o site aquele que se interessa por ele, aquele que o procura. Além disso,
pode ser dinâmico e interativo, permitindo comentários e opiniões pessoais, possibilitando ao
internauta um caminho não-linear por entre as informações disponíveis.

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